UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - MESTRADO
MARINA SOUZA ROCHA
COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (IN VITRO) DE
FRUTOS DO CERRADO PIAUIENSE
Teresina
2011
MARINA SOUZA ROCHA
COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (IN VITRO) DE
FRUTOS DO CERRADO PIAUIENSE
Orientadora:
Profª. Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo (UFPI)
Colaboradores:
Profº. Dr. Raimundo Wilane de Figueiredo (UFC)
MSc. Marcos Antônio da Mota Araújo (Estatístico)
Dr. Valdomiro Aurélio Barbosa de Sousa “In memoriam” (EMBRAPA - MEIO
NORTE)
Teresina
2011
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Alimentos e
Nutrição da Universidade Federal do
Piauí-UFPI, como requisito para
obtenção do título de Mestre em
Alimentos e Nutrição.
MARINA SOUZA ROCHA
COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (IN VITRO) DE
FRUTOS DO CERRADO PIAUIENSE
BANCA EXAMINDADORA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição da Universidade Federal do Piauí-UFPI, como requisito para obtenção do título de Mestre. Data da aprovação: 11/03/2011
DEDICATÓRIA
Dedico esta vitória a Deus e Nossa Senhora, por serem meus guias na minha caminhada e renovarem minha fé a cada dia.
A minha Família (Mãe; Pai; Irmãos; sobrinhos e Allas), prova concreta, na minha vida, que sem amor não somos nada.
AGRADECIMENTOS
À Deus pela positividade infinita que irradia em minha vida, me iluminando e guiando no caminho do amor e da fé.
À Universidade Federal do Piauí – UFPI e ao Programa de Mestrado em
Alimentos e Nutrição – pela acolhida e por ter me proporcionado mais aprendizado e crescimento profissional, possibilitando assim, minha titulação.
Ao CNPq pelo financiamento concedido por meio do Edital Universal,
processo nº 481.333/2007- Edital MCT/CNPq 15/2007. À CAPES pela bolsa de mestrado concedida. À minha orientadora, Profª. Pós-Drª Regilda Saraiva dos Reis Moreira
Araújo, pela orientação, ensinamentos e confiança depositada por toda trajetória da minha vida acadêmica. “Professora, nunca me esqueci de quando me deixou “sozinha” pela primeira fez no laboratório, após vários momentos de acompanhamento, e disse para que eu terminasse as análises que havíamos iniciado juntas, que eu saberia fazer sozinha; então, questionei que não conseguiria fazer sozinha e que a senhora teria que me acompanhar... a senhora sorriu e fechou a porta... nunca me esqueço da confiança que me depositou. Com a senhora aprendi a ver as coisas de forma mais direta e sem rodeios, pois como a senhora mesmo diz “temos que tomar decisões que nem sempre são boas para todos, mas estas decisões têm que ser tomadas”. Em todo este período de formação acadêmica, ao seu lado, tenho aprendido muito, te agradeço, em especial, por tudo. E nunca se esqueça, me orgulho muito em ser sua eterna orientanda.
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Alimentos pelo apoio, ensino e incentivo. Ao Professor Wilane, Leônia, Socorro Rufino, Denise, Suelane, David,
Alessandra, Dona Ilda e estagiários do Laboratório de Frutos Tropicais da Universidade Federal do Ceará (UFC), pela acolhida, apoio, ensinamentos passados e amizade.
Ao estatístico Marcos Antonio Mota Araújo, pela positividade, palavras de
incentivo e apoio. Aos professores integrantes da banca examinadora de qualificação,
pelas sugestões e considerações na qualificação deste trabalho. Aos funcionários e bolsistas do Departamento de Nutrição da UFPI, em
especial Sr. Osvaldo, Sr. Lima, D. Maisa, Jéssica, Laina, Solange e Francisco, pela disponibilidade em sempre nos ajudar com alegria e paciência.
A Seu Zé, pela disponibilidade, ajuda e amizade. Muito obrigado por tudo!
A minha tão amada família, pelo apoio e incentivo. Minha Mãe, por sempre acreditar em meu potencial; meu Pai, pela alegria de ter mais um mestre em casa; minha irmã Karina, pelo apoio pedagógico e companhia; minha irmã Detinha, pela torcida; meu irmão Lincoln, por ser meu exemplo e conselheiro para assuntos acadêmicos; meus sobrinhos, pelo carinho e amor; minha cunhada Polly, pelas palavras de incentivo e amizade; Allas pela paciência, amor e compreensão durante mais esta etapa na minha vida; e sua família, pelo carinho e apoio sempre.
Minhas amigas, de infância, de vida acadêmica e profissional, pela
compreensão e amizade incondicional nesta fase tão agoniada de minha vida. Aos meus “bracinhos”, Nívi e Natércia que tanto colaboraram para a
conclusão do projeto, como pelo apoio, incentivo, carinho e amizade construída.
Aos meus colegas da turma de Mestrado, pelos laços fortes e energia positiva construída e irradiada durante toda nossa trajetória. Em especial a Rosinha, Ana Lina e Celsa, pela paciência, carinho, companheirismo, palavras de incentivo e amizade.
E a todos que, por ventura, esqueci de citar.
Muito obrigada!!!
RESUMO
ROCHA, M. S.. Compostos bioativos e atividade antioxidante (in vitro) de frutos do cerrado piauiense. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI, 2011. As fruteiras nativas ocupam lugar de destaque no ecossistema do Cerrado e seus frutos já são comercializados em feiras, com grande aceitação popular. Esses frutos apresentam sabores sui generis e seu consumo, há milênios, consagrado pelos índios, foi de suma importância para a sobrevivência dos primeiros desbravadores e colonizadores da região. Este trabalho teve por objetivo determinar o teor de compostos bioativos e atividade antioxidante dos frutos nativos do cerrado, em especial da região do Cerrado piauiense. Os frutos analisados foram colhidos na EMBRAPA – MEIO NORTE – PI, localizada no Município de Teresina-PI e na Cidade de Corrente-PI. A seleção dos frutos foi realizada mediante seu estado de conservação, obedecendo o período de safra dos mesmos. Os frutos analisados foram: bureré (Brosimum gaudichaudii), cagaita (Eugenia dysenterica Dc), cajuí (Anacardium humile St. Hil), chichá (Sterculia striata Naud.), jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.), macaúca (Acrocomia aculeata Mart.), mangaba (Hancornia spp.), maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.), marmelada-de-cachorro (Alibertia sessilis Schum.), puçá-preto (Mouriri pusa) e tuturubá (Pouteria oblanceolata). Analisaram-se as características físicas (peso, comprimento e diâmetro), físico-químicas (pH, acidez total titulável e sólidos solúveis totais), químicas (umidade, cinzas, lipídeos, proteínas, carboidratos), valor energético total (VET), conteúdo de compostos fenólicos totais, flavonoides, antocianinas, β-caroteno, licopeno, vitamina C e atividade antioxidante dos frutos pelo método DPPH. Para análise dos dados foi elaborado um banco de dados utilizando-se o programa estatístico EPI INFO, versão 6.04b; e aplicado o teste de Tukey. Comparando os dados obtidos na literatura com os resultados verificados no presente estudo, observou-se que se utilizando toda a parte comestível do fruto (casca e polpa) para a análise, o teor de nutrientes foi mais elevado, oferecendo um aporte calórico maior, do que se analisando apenas a polpa da fruta. Os resultados demonstraram que os frutos apresentaram quantidades estatisticamente significativas de vitamina C quando comparados com a recomendação diária preconizada. Quanto aos compostos fenólicos, tanto totais como frações, flavonoides e antocianinas, apresentaram teores relevantes. Os frutos que mostraram maior capacidade antioxidante em meio alcoólico foram a cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), mangaba (Hancornia spp.) e tuturubá (Pouteria oblanceolata) e em meio aquoso foram cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), puçá-preto (Mouriri pusa) e tururubá (Pouteria oblanceolata), expressos na capacidade de reduzir em 50% a atividade do radical livre (EC50mg/L). Concluiu-se, portanto, que os frutos pesquisados apresentaram bom valor nutritivo, presença de compostos bioativos e demonstraram atividade antioxidante. Palavras-chave: cerrado; frutos nativos; fenólicos; antioxidantes.
ABSTRACT
ROCHA, M. S.. Bioactive compounds and antioxidant activity (in vitro) of fruits from Cerrado Piauiense. Thesis (Masters) - Masters Program in Food and Nutrition, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI, 2011.
The native fruits have a prominent place in the Cerrado ecosystem and its fruits are
now sold in fairs and with great popular acceptance. These fruit have sui generis
flavors and its consumption, for millennia, laid down by the Indians, was of
paramount importance for the survival of the early explorers and settlers in the
region. This study aimed to determine the content of bioactive compounds and
antioxidant activity of the native fruits of the Cerrado, especially in the Cerrado
Piauiense. The fruits were harvested at EMBRAPA - NORTH MIDDLE - PI, located in
Teresina-PI and Corrente-PI. The selection of fruits was carried through its state of
preservation obeying the same period of crops. The examined fruits were: bureré
(Brosimum gaudichaudii), cagaita (Eugenia dysenterica Dc), Cajuí (Anacardium
humile St. Hil), chichá (Sterculia striata Naud.), jatobá-do-cerrado (Hymenaea
stigonocarpa Mart.), Macaúca (Acrocomia aculeata Mart.), Mangaba (Hancornia
spp.), maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.), marmelada-de-cachorro
(Alibertia sessilis Schum.), Puçá-preto (Mouriri pusa) e Tuturubá (Pouteria
oblanceolata). We analyzed the physical characteristics (weight, length and
diameter), physical chemistry (pH, total acidity and total soluble solids in ° Brix),
chemical (moisture, ash, lipids, proteins, carbohydrates), total energy value (TEV),
content of total phenolic compounds, flavonoids, anthocyanins, β-carotene, lycopene
and vitamin C and antioxidant activity of fruits by the DPPH method. For data
analysis, we designed a database, using the statistical program EPI INFO, version
6.04b, and applied the Tukey test. Comparing the data from the literature with the
results obtained in this study, we found that using all the edible portion of fruit for
analysis the nutrient content was higher, offering a higher caloric intake when we
analyzed only fruit pulp. The results showed that all the fruits showed statistically
significant amounts of vitamin C when compared with the recommended daily
recommendation. Phenolic compounds, both full, such as fractions, flavonoids and
anthocyanins, present relevant contents. The fruits showed higher antioxidant
capacity in alcoholic solution were cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), mangaba
(Hancornia spp.) e tuturubá (Pouteria oblanceolata) and in aqueous solution was
cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), puçá-preto (Mouriri pusa) e tururubá (Pouteria
oblanceolata), expressed in the ability to reduce by 50% to free radical activity
(EC50mg / L). It was concluded therefore that the fruits studied showed good
nutritional value, bioactive compounds and have demonstrated antioxidant activity.
Key words: cerrado; native fruits; phenolic; antioxidants.
LISTA DE TABELAS
1 - Frutos do cerrado e nomenclatura científica ........................................................ 20
2 - Classes dos compostos fenólicos de acordo com o esqueleto básico ................. 22
3 - Grupo de flavonoides, seus componentes bioativos e fontes alimentares ........... 24
4 - Teor de compostos bioativos pesquisados, obtidos por diferentes autores ......... 31
5 - Frutos pesquisados, Nomenclatura Científica e Família ...................................... 36
6 - Parte do fruto utilizada para realizar as análises .................................................. 37
7 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do bureré (Brosimum gaudichaudii).
Teresina, Março/2011. .............................................................................................. 55
8 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da cagaita (Eugenia dysenterica Dc.).
Teresina, Março/2011. .............................................................................................. 57
9 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do chichá (Sterculia striata
Naud.).Teresina, Março/2011. ................................................................................... 58
10 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do cajuí (Anacardium humile St. Hil.).
Teresina, Março/2011. .............................................................................................. 60
11 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do jatobá (Hymenaea stigonocarpa
Mart.). Teresina, Março/2011. ................................................................................... 62
12 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da macaúba (Acrocomia aculeata
Mart.). Teresina, Março/2011. ................................................................................... 63
13 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do maracujá-do-cerrado (Passiflora
cincinnata Mart.). Teresina, Março/2011. .................................................................. 65
14 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da mangaba (Hancornia spp.).
Teresina, Março/2011. .............................................................................................. 67
15 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da marmelada-de-cachorro (Alibertia
sessillis Schum.). Teresina, Março/2011. .................................................................. 68
16 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da puçá-preto (Mouriri pusa). Teresina,
Março/2011. .............................................................................................................. 70
17 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade
antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do tuturubá (Pouteria oblanceolata).
Teresina, Março/2011. .............................................................................................. 71
18 - Compostos bioativos em frutos do cerrado Piauiense. Teresina, Março/2011... 72
LISTA DE FIGURAS
1 - Distribuição espacial de áreas com cobertura vegetal natural e antrópicas no
Estado do Piauí. ........ ............................................................................................... 17
2 - Estrutura básica dos Flavonoides. ....................................................................... 23
3 - Estrutura básica da Antocianina. .......................................................................... 25
4 - Estrutura do Licopeno. ......................................................................................... 27
5 - Estrutura do β-caroteno ....................................................................................... 28
6 - Fórmula estrutural do ácido L-ascórbico .............................................................. 29
7 - Fórmula estrutural do ácido L-desidroascórbico .................................................. 29
8 - Estrutura química da redução do DCFI pelo ácido ascórbico. ............................. 30
9 - Fluxograma de preparo e obtenção dos extratos ................................................. 43
10 - Curva padrão de ácido gálico. ............................................................................ 45
11 - Bureré (Brosimum gaudichaudii) ........................................................................ 55
13 - Chichá (Sterculia striata Naud.) ......................................................................... 58
14 - Cajuí (Anacardium humile St. Hil.) ..................................................................... 60
15 - Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) ........................................... 61
16 - Macaúba (Acrocomia aculeata Mart.) ................................................................ 63
17 - Maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.) ............................................. 64
18 - Mangaba (Hancornia spp.) ................................................................................. 66
19 - Marmelada-de-cachorro (Alibertia sessillis Schum.) .......................................... 68
20 - Puçá-preto (Mouriri pusa) ................................................................................... 70
21 - Tuturubá (Pouteria oblanceolata) ...................................................................... 71
22 - Compostos fenólicos totais, do extrato alcoólico e aquoso, (mgGAE/100g) de
frutos do Cerrado piauiense. Teresina, Março/2011. ................................................ 73
23 - Atividade antioxidante expressos em EC50, do extrato alcoólico e aquoso, de
frutos do Cerrado piauiense. Teresina, Março/2011. ................................................ 74
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 16
2.1 Cerrado piauiense ............................................................................................ 16
2.2 Frutos do cerrado ............................................................................................. 18
2.3 Compostos bioativos ........................................................................................ 20
2.3.1 Compostos Fenólicos Flavonoides Antocianinas .............................. 20
2.3.2 Carotenoides (β-Caroteno e Licopeno) ...................................................... 26
2.3.3 Vitamina C (Ácido Ascórbico) .................................................................... 28
2.4 Atividade antioxidante ...................................................................................... 31
Tabela 4 - Teor de compostos bioativos pesquisados, obtidos por diferentes
autores ................................................................................................................ 31
3 OBJETIVO .............................................................................................................. 35
3.1 Geral ................................................................................................................ 35
3.2 Específicos ....................................................................................................... 35
4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 36
4.1 Protocolo experimental .................................................................................... 36
Tabela 5 - Frutos pesquisados, Nomenclatura Científica e Família .................... 36
4.2 Análise das amostras ....................................................................................... 37
4.2.1 Preparo das amostras ................................................................................ 37
Tabela 6 - Parte do fruto utilizada para realizar as análises ............................... 37
4.3 Caracterização física dos frutos ....................................................................... 38
4.3.1 Peso médio (Instituto Adolfo Lutz - IAL, 2005) ........................................... 38
4.3.2 Comprimento (diâmetro maior) e largura (diâmetro menor), segundo IAL
(2005) ................................................................................................................. 38
4.4 Análises físico-químicas ................................................................................... 38
4.4.1 pH e acidez total titulável (IAL, 2005) ........................................................ 38
4.4.2 Sólidos Solúveis Totais (ºBrix) (IAL, 2005) ................................................ 39
4.5 Caracterização Química e Valor Energético Total (VET) ................................. 39
4.5.1 Umidade .................................................................................................... 39
4.5.2 Resíduo Mineral Fixo (Cinzas) ................................................................... 40
4.5.3 Lipídios ou extrato etéreo .......................................................................... 40
4.5.4 Proteínas (método de micro Kjeldahl), segundo AOAC, 1998 ................... 41
4.5.5 Carboidratos .............................................................................................. 42
4.5.6 Valor Energético Total (VET) ..................................................................... 42
4.6 Compostos bioativos ........................................................................................ 42
4.6.1 Obtenção e preparo dos extratos, segundo (Jardine e Mancini Filho (2007),
adaptado por Lima (2008) ................................................................................... 42
4.6.2 Quantificação de sólidos solúveis (peso seco) do extrato obtido ............... 44
4.6.3 Curva padrão de ácido gálico .................................................................... 45
4.6.4 Compostos Fenólicos Totais, segundo Swain (1959), adaptada por Lima
(2008) ................................................................................................................. 45
4.6.5 Flavonóides e antocianinas, segundo Francis (1982) ................................ 46
4.6.6 Carotenoides, segundo Nagata e Yamashita (1992) adaptado ................. 47
4.6.7 Vitamina C ................................................................................................. 48
4.7 Determinação da Atividade Antioxidante pelo método de captura de radicais
DPPH, segundo Lima (2008), desenvolvida por Blois (1958), adaptado por Brand-
Williams (1995) ...................................................................................................... 48
4.7.1 Atividade antioxidante ................................................................................ 49
5 Análise estatística ............................................................................................... 50
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 51
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 75
8 PESQUISAS FUTURAS ......................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77
APÊNDICE A - % de Redução do DPPH, frente as diferentes Concentrações dos
Frutos dos Cerrado Piauiense Analisados ................................................................ 88
14
1 INTRODUÇÃO
Alguns dados relativos ao consumo de alimentos e estado nutricional
da população brasileira identificam situações complexas. Os dados da
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2002-2003 (IBGE, 2004), que analisa a
disponibilidade domiciliar de alimentos adquiridos pelas famílias brasileiras,
confirmam que as mudanças de padrão alimentar no país têm sido, de modo
geral, favoráveis do ponto de vista dos problemas associados à subnutrição
(aumento na disponibilidade de calorias per capita e aumento da participação
de alimentos de origem animal na alimentação) e desfavoráveis no que se
refere às doenças carenciais como anemia e hipovitaminose A, à obesidade e
às demais Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT); aumento da
participação na alimentação de gorduras em geral, gorduras de origem animal
e açúcar e diminuição com relação a cereais, leguminosas e frutas, verduras e
legumes (BRASIL, 2005).
Em relação ao grupo específico de frutas, legumes e verduras,
considerando um consumo calórico médio de 1800 calorias (IBGE, 2004), a
participação relativa deste grupo é de 3,37%, com uma participação absoluta
em torno de 60 calorias e 132 gramas. Considerando a recomendação da
Organização Mundial de Saúde (OMS) de consumir pelo menos 400 gramas de
frutas, legumes e verduras ao dia, para prevenir doenças crônicas não
transmissíveis, é necessário que, em uma dieta de 2000 calorias, 9% das
calorias totais (183 calorias) sejam provenientes de frutas, verduras e legumes
(5 porções – 2 de frutas e 3 de verduras e legumes). Nesta análise, os dados
indicam uma necessidade de triplicar o consumo de frutas, legumes e verduras
no Brasil (132 → 400 gramas/dia) (BRASIL, 2005).
O consumo de frutas e vegetais tem sido associado a uma menor
incidência e mortalidade por diversas doenças crônicas não transmissíveis. A
proteção que esses alimentos oferecem contra as enfermidades degenerativas,
como câncer, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares está associada
ao seu alto conteúdo de constituintes químicos com propriedades importantes,
como as de antioxidantes (vitamina C, E, carotenoides e polifenóis)
(HINNEBURG et al., 2006).
15
Informações a respeito das características químicas e do valor
nutricional dos frutos do cerrado são ferramentas básicas para avaliação do
consumo e formulação de novos produtos. No entanto, poucos dados estão
disponíveis na literatura especializada com relação à composição química
destes frutos e sua aplicação tecnológica, ressaltando a necessidade de
pesquisas científicas sobre o assunto (SILVA et al., 2008). É importante
salientar que os frutos nativos do cerrado atualmente são utilizados apenas
pelas populações regionais e apresentam pouco ou nenhum valor comercial.
Em função da baixa valorização econômica desses recursos naturais o bioma
cerrado vem sendo rapidamente devastado para criação de áreas de
pastagens ou plantio de oleaginosas como a soja (ROESLER et al., 2007).
Nos últimos anos, o acelerado processo de desenvolvimento agrícola
da região tem prejudicado a sustentabilidade desse ecossistema, causando
desequilíbrio ecológico como erosão do solo, poluição ambiental e redução dos
mananciais de água. Ao longo do tempo, a ação direta e constante das
queimadas e do desmatamento vem exercendo uma enorme pressão sobre a
fauna e a flora, contribuindo de forma significativa para a extinção de muitas
espécies animais e vegetais, incluindo as fruteiras nativas, base de
sustentação da vida silvestre e fonte de alimentos de fundamental importância
na dieta alimentar dos índios e das populações rurais (SILVA et al., 2001).
Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo determinar o teor de
compostos bioativos e atividade antioxidante de frutos nativos do cerrado, em
especial da região do Cerrado piauiense.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cerrado piauiense
O Brasil possui cerca de trinta por cento das espécies de plantas e de
animais conhecidas no mundo, que estão distribuídas em seus diferentes
ecossistemas. É o país detentor da maior diversidade biológica do planeta. A
região dos cerrados – segundo maior ecossistema Brasileiro, superado apenas
pela Amazônia – com seus 204 milhões de hectares – aproximadamente 25%
do território nacional – apresentam grande diversificação faunística e florística
em suas diferentes fisionomias vegetais, distribuídos principalmente por todo
planalto central do Brasil, nos estados de Goiás, Tocantins e no Distrito
Federal, parte dos Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo. Faz fronteira com a Floresta
Amazônica, a Mata Atlântica, o Planalto e a Caatinga. (SILVA et al., 2001;
AVIDOS e FERREIRA, 2005; AQUINO e AGUIAR, 2007; GOEDERT et al.,
2008).
Até três décadas atrás, a economia da região do cerrado era baseada
na pecuária extensiva (bovinos) e na agricultura de subsistência (arroz,
mandioca etc). Concomitantemente com a mudança da capital para o Distrito
Federal, políticas e programas de desenvolvimento foram estabelecidos e
implantados com o objetivo de viabilizar a incorporação desta região ao
processo produtivo intensivo (GOEDERT et al., 2008). Quanto aos impactos da
continuada expansão de frentes agropecuárias sobre parcelas ainda não
antropizadas do espaço potencial da fronteira agropecuária do Cerrado, estes
são bastante preocupantes. A conversão de sistemas naturais para uso
agrícola deve continuar, e em face dos surtos agrícolas, como os recentes,
pode-se esperar aceleração da abertura de áreas (MUELLER e JÚNIOR,
2008).
O Estado do Piauí, com uma área de 251.529,186 Km2 ocupa 16,20%
da região Nordeste e 2,95% do território nacional. É o terceiro maior estado do
Nordeste, sendo menor que a Bahia e o Maranhão (OLIMPIO e MONTEIRO,
2005; CEPRO, 2007).
17
O Estado do Piauí é um dos que apresenta maior cobertura vegetal
natural: 92%; porém, deve-se ressaltar sua extensão em área do Cerrado
relativamente baixa, pois ocupa apenas 37% de todo o território estadual
(Figura 1). Nessas áreas naturais predomina a fisionomia savânica, o que
corresponde a 66% de toda a cobertura vegetal do Estado coberto pelo
Cerrado. Essa tendência de elevada porcentagem de cobertura natural tende a
ser gradativamente modificada, a partir da porção sul do Estado, mais
especificamente no Vale do Gurguéia, onde já se notam produções extensas
de soja para exportação. A instalação de armazéns por parte de grandes
multinacionais e a construção da ferrovia transnordestina também são fatores
que devem acelerar o processo de ocupação no sul do Piauí (BRASIL, 2007).
Figura 1 - Distribuição espacial de áreas com cobertura vegetal natural e antrópicas no Estado do Piauí. Fonte: Brasil, 2007.
Legenda:
18
O Estado do Piauí tem vivenciado uma ocupação acelerada do
Cerrado. Entre as décadas de 1970 e 1980, a mesma ocorreu com a
implantação de megaprojetos agropecuários (pecuária e cajucultura)
incentivados por várias linhas de créditos. Já na década de 1990, nessa região,
considerada uma das últimas fronteiras agrícolas do Brasil, esse processo
intensificou-se por meio da implementação de grandes projetos para a
produção de grãos, tendo como carro chefe a soja, voltada para a exportação
(AQUIAR e MONTEIRO, 2005).
O Cerrado destaca-se pela riqueza de sua biodiversidade, que pode
ser interpretada pela vasta extensão territorial, pela posição geográfica
privilegiada, pela heterogeneidade vegetal, e por ser cortado pelas três maiores
bacias hidrográficas da América do Sul. Os frutos das espécies nativas do
cerrado oferecem um elevado valor nutricional, além de atrativos sensoriais
como cor, sabor e aroma peculiares e intensos, ainda pouco explorados
comercialmente (AGOSTINI-COSTA e VIEIRA, 2004).
Dentre as possibilidades atuais de utilização das fruteiras do cerrado
destacam-se: o plantio em áreas de proteção ambiental; o enriquecimento da
flora das áreas mais pobres; a recuperação de áreas desmatadas ou
degradadas; a formação de pomares domésticos e comerciais; e o plantio em
áreas de reflorestamento, parques e jardins, e em áreas acidentadas. Nesse
sentido, muitos agricultores e chacareiros já estão implantando pomares de
frutas nativas dos cerrados e os viveiristas estão intensificando a produção de
mudas (AVIDOS e FERREIRA, 2005).
2.2 Frutos do cerrado
As fruteiras nativas ocupam lugar de destaque no ecossistema do
cerrado e seus frutos já são comercializados em feiras, com grande aceitação
popular. Esses frutos apresentam sabores sui generis, elevados teores de
açúcares, proteínas, vitaminas e sais minerais, e podem ser consumidos in
natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes, geleias etc. O consumo das
frutas nativas dos cerrados há milênios consagrado pelos índios foi de suma
19
importância para a sobrevivência dos primeiros desbravadores e colonizadores
da região (SILVA et al., 2001; AVIDOS e FERREIRA, 2005).
O interesse industrial pelas frutas nativas (Tabela 1) dos cerrados foi
intensificado após os anos 40. A mangaba (Hancornia speciosa), por exemplo,
foi intensivamente explorada durante a Segunda Guerra Mundial, para
exploração de látex. O babaçu (Orbygnia cf. phalerata) e a macaúba
(Acrocomia aculeata) foram bastante estudados na década de 70, em
decorrência da crise de petróleo, e mostraram grandes possibilidades para
utilização em motores de combustão, em substituição ao óleo diesel. O pequi
(Caryocar brasiliense) já foi industrializado, sendo o seu óleo enlatado e
comercializado. A polpa e o óleo da macaúba (Acrocomia aculeata) são
utilizados na fabricação de sabão de coco. O palmito da guariroba
(Compomanesia cambessedeana) de sabor amargo, começou a ser
comercializado em conserva recentemente, à semelhança do palmito doce. Os
sorvetes de cagaita (Eugenia dysenterica), araticum (Annona classiflora), pequi
(Caryocar brasiliense) e mangaba (Hancornia speciosa) continuam fazendo
sucesso nas sorveterias do Distrito Federal e de Belo Horizonte (SILVA et al.,
2001; SILVA et al., 2004; AVIDOS e FERREIRA, 2005).
Silva et al. (2001) listaram 58 espécies de fruteiras nativas do Cerrado,
com potencial de aproveitamento alimentar e agroindustrial, sendo que muitas
dessas frutas são altamente nutritivas, pois além do valor energético são
também ricas em vitaminas, sais minerais e apresentam propriedades
medicinais.
O extrativismo vegetal se constitui em importante alternativa de
emprego e renda na medida em que a demanda por frutas nativas expande-se
tanto em nível nacional como internacional. Trata-se de atividade que faz parte
dos hábitos do povo piauiense e que tem provocado, ao longo do tempo,
efeitos antrópicos à flora e à fauna. A inserção do Piauí como produtor de
frutas nativas, cujo potencial hídrico é a bacia do Rio Parnaíba, ainda não foi
capaz de desenvolver aspectos produtivos que inserissem parcela da
população na atividade (LEAL; SOUZA e GOMES, 2006).
20
A comercialização dos frutos vem sendo realizada em feiras livres,
mercados, frutarias e às margens das estradas da região do Cerrado, com
grande aceitação popular.
Tabela 1 - Frutos do cerrado e nomenclatura científica
FRUTOS NOMENCLATURA CIENTÍFICA
Ananás Ananas ananassoides Araçá Psidium firmum Araticum Annona classiflora Babaçu Orbygnia cf. phalerata Baru Dpyteryx alata
Bureré Brosimum gaudichaudii Buruti Mauritia vinifera Cagaita Eugenia dysenterica Cajazinho-do-Cerrado Spondia cf. lútea L. Cajuzinho-do-Cerrado Anacardium humile Chichá Sterculia striata Coquinho-do-Cerrado Syagrus flexuosa Gabiroba Compomanesia cambessedeana Ingá-do-Cerrado Inga laurina Jatobá-do-Cerrado Hymenaea stigonocarpa Jenipapo Genipa americana Lobeira Solanum lycocarpum Macaúba Acrocomia aculeata Mangaba Hancornia speciosa Maracujá-do-Cerrado Passiflora cincinnata Marmelada-de-Cachorro Alibertia sessilis Murici Byrsonima verbascifolia Pequi Caryocar brasiliense Pitomba-do-Cerrado Talisia esculenta Puçá Mouriri pusa
Tuturubá Pouteria oblanceolata Fonte: Silva et al., 2004.
2.3 Compostos bioativos
2.3.1 Compostos Fenólicos Flavonoides Antocianinas
Os compostos fenólicos são uma das maiores classes de metabólitos
secundários de plantas. Quimicamente podem ser definidos como substâncias
que possuem um anel aromático contendo um ou mais grupos hidroxila. Estão
amplamente distribuídos no reino vegetal e nos micro-organismos, fazendo
21
também parte do metabolismo animal. No entanto, os animais, em princípio,
são incapazes de sintetizar o anel aromático e os compostos fenólicos
produzidos em pequena quantidade pelos mesmos, utilizam o anel benzênico
de substâncias presentes na dieta alimentar. Por outro lado, os vegetais e a
maioria dos micro-organismos têm a capacidade de sintetizar o anel benzênico,
e, a partir dele, principalmente, compostos fenólicos (CARVALHO et al., 2001;
SOARES, 2002; PIMENTEL et al., 2005).
Estes compostos metabólitos secundários de plantas são geralmente
envolvidos na defesa contra a radiação ultravioleta ou agressão por patógenos.
Vários milhares de compostos fenólicos que têm sido descritos em plantas e
alimentos podem ser agrupados em diferentes classes, de acordo com a sua
estrutura química básica (tais como o tipo e o número de anéis fenóis), e em
diferentes subclasses, de acordo com substituições específicas na estrutura
básica, a associação com carboidratos e formas de polimerização (MANACH et
al., 2004).
Podem ser classificados segundo o tipo de esqueleto principal:
conforme representado na Tabela 2, em que C6 corresponde ao anel
benzênico e CX à cadeia substituinte com X átomos de carbono; e de acordo
com sua ocorrência no reino vegetal, podendo ser dividido em: compostos
fenólicos amplamente distribuídos na natureza; pouco distribuído e polímeros.
No grupo dos poucos distribuídos na natureza estão os fenóis simples, o
pirocatecol, a hidroquinona, resorcinol e os aldeídos derivados dos ácidos
benzoicos; no grupo dos amplamente distribuídos na natureza estão os
flavonoides e derivados, os ácidos fenólicos (ácidos benzoico, cinâmico e seus
derivados) e cumarinas; e como polímeros: formados por derivados de
polimerização, que são os taninos e ligninas (MARTÍNEZ-VALVERDE et al.,
2000; CARVALHO et al., 2001; SOARES, 2002; FARAH e DONANGELO,
2006).
Os ácidos fenólicos são algumas das substâncias que constituem o
grupo dos compostos fenólicos, caracterizam-se por terem um anel benzênico,
um grupamento carboxílico e um ou mais grupamentos de hidroxila e/ou
metoxila na molécula, conferindo propriedades antioxidantes tanto para os
alimentos como para o organismo sendo, por isso, indicados para o tratamento
22
e prevenção do câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças (ABE et
al., 2007).
Os flavonoides representam um dos grupos mais importantes e
diversificados entre os produtos de origem vegetal e são amplamente distri-
buídos no reino vegetal. Em 1930, uma nova substância química foi isolada de
laranjas e acreditava tratar-se de mais um novo membro da família das
vitaminas e essa substância foi designada como vitamina P, verificando-se
mais tarde tratar-se de um flavonoide. A distribuição dos flavonoides nos
vegetais depende de diversos fatores, de acordo com o filo/ordem/família do
vegetal, bem como da variação das espécies. Geralmente, flavonoides
encontrados nas folhas podem ser diferentes daqueles presentes nas flores,
nos galhos, raízes e frutos. O mesmo composto ainda pode apresentar
diferentes concentrações, dependendo do órgão vegetal em que se encontra
(MACHADO et al, 2008).
Tabela 2 - Classes dos compostos fenólicos de acordo com o
esqueleto básico
Esqueleto
básico
Classe de Compostos Fenólicos
C6 C6-C1 C6-C2 C6-C3 C6-C4 C6-C1-C6 C6-C2-C6 C6-C3-C6 (C6-C3-C6)2
(C6-C3)2
(C6)N
(C6-C3)N
(C6-C1)N
(C6-C3-C6)N
Fenóis simples, benzoquinonas Ácidos fenólicos Acetofenonas e ácidos fenilacéticos
Fenilpropanoides, ácido cinâmicos e compostos análogos,
fenilpropenos, cumarinas, isocumarinas e cromonas
Naftoquinonas
Xantonas
Estilbenos, antraquinonas
Flavonóides e isoflavonoides
Lignanas
Diflavonoides
Melaninas vegetais
Ligninas
Taninos hidrolisáveis
Taninos condensados
Fonte: Carvalho et al., 2001
23
Flavonoides e isoflavonoides compreendem uma classe de fitoquímicos
que não podem ser sintetizados por humanos, ocorrendo somente através da
ingestão dietética. O preparo dos alimentos para consumo pode, algumas
vezes, resultar em perdas destes compostos, em maior ou menor grau,
variando de acordo com o tipo de alimento e o tipo de preparo empregado.
Todavia, os flavonoides são compostos relativamente estáveis, pois resistem à
oxidação, altas temperaturas e moderadas variações de acidez (ROSS e
KASUME, 2002; MACHADO et al., 2008).
Mais de 6000 diferentes flavonoides foram descritos (YANG et al.,
2001). A estrutura básica dos flavonoides consiste de 15 carbonos distribuídos
em dois anéis aromáticos, A e B (Figura 2) interligados via carbono
heterocíclico do pirano (MARTINEZ-FLÓREZ et al., 2002; VOLP et al., 2008).
Figura 2 - Estrutura básica dos flavonoides Fonte: Martinez-Flórez et al., 2002
Conforme o estado de oxidação da cadeia heterocíclica do pirano tem-
se diferentes classes dos Flavanoides: flavonóis, flavonas, flavanonas,
catequinas, antocianinas, isoflavonas, diidroflavonóis e chalconas (HARBORNE
e WILLIAMS, 2000; ROSS e KASUME, 2002). Os quatro maiores grupos e
seus componentes e fontes alimentares estão descritos na Tabela 3.
Quimicamente, os flavonoides e isoflavonoides são doadores de
elétrons. Eles apresentam estruturas químicas conjugadas em anel, ricas em
grupos hidroxilas, que têm potenciais ações antioxidantes por reagirem e
inativarem ânions superóxido, oxigênio singleto, radicais peróxido de lipídios
e/ou estabilizando radicais livres envolvidos no processo oxidativo através da
24
hidrogenação ou complexação com espécies oxidantes (MACHADO et al.,
2008; JIMÉNEZ et al., 2009).
A ação antioxidante dos flavonoides é desempenhada de acordo com
as equações abaixo (NIJVELDT et al., 2001; MACHADO et al., 2008):
Flavonoides (OH) + R• > flavonoides (O•) + RH
Flavonoides (OCH3) + R• > flavonoides (O•) + RCH3
Tabela 3 - Grupo de flavonoides, seus componentes bioativos e
fontes alimentares
GRUPOS COMPONENTES FONTE ALIMENTAR
Flavonas
Apigenina Chrisina
Kaempferol Luteolina Miricetina
Rufina Sibelina
Quercetina
Cascas de maçãs Cerejas Brócolis
Peles de frutas Cranberries
Uvas Alface Oliva Alho
Flavanonas
Fisetina Hesperetina
Narigina Naringenina Taxifolina
Frutas cítricas
Peles de frutas cítricas
Catequinas Catequina Epicatequina
Epigalocatequina galate
Vinho tinto Chá
Antocianinas
Cianidina Delfinidina Malvidina
Pelargonidina Peonidina Petunidina
Cerejas Uvas
Raspberries Uvas vermelhas
Morangos Chá
Peles de frutas com pigmentos escuros
Fonte: Nijveldt et al., 2001; Beecher, 2003.
Diversas funções são atribuídas aos flavonoides nas plantas. Entre
elas, pode-se citar a proteção contra a incidência de raios ultravioleta, proteção
contra micro-organismos patogênicos, ação antioxidante, ação alelopática e
inibição enzimática (HARBORNE e WILLIAMS, 2000). Os flavonoides têm sido
de interesse devido aos seus efeitos biológicos observados in vitro
tais como limpeza de radicais livres, modulação da atividade enzimática e
25
inibição de proliferação celular, bem como sua utilidade potencial como
antibióticos, antialérgicos, agentes antidiarreicos, antiúlcera e anti-inflamatória
(ROSS e KASUME, 2002).
Antocianinas (anthos, em grego, significa flor; e kyanos, meio azul) são
os pigmentos mais importantes nas plantas visíveis ao olho humano. Elas
pertencem à classe generalizada de compostos fenólicos em nomeado bloco
dos flavonoides. Elas são glicosídeos derivados de poliidróxi e polimetoxi de 2-
fenilbenzopirílium (cátion) ou sais de flavílium (Figura 3) e que apresentam em
sua estrutura química um resíduo de açúcar na posição 3, facilmente
hidrolizado por aquecimento com HCl 2N, como produtos desta hidrólise
obtém-se o componente glicídico e a aglicona, denominadas antocianidina. A
distribuição das seis antocianidinas mais comuns nas partes comestíveis das
plantas é cianidina (50%), pelargonidina (12%), peonidina (12%), delfinidina
(12%), petunidina (7%) e malvidina (7%) (KONG et al., 2003; DEGÁSPARI e
WASZCZYNSKYJ, 2004; CARVALHO et al., 2010).
Figura 3 - Estrutura básica da Antocianina Fonte: Bobbio & Bobbio, 1992.
As antocianinas são responsáveis pela cor de um grande número de
flores e frutas vermelhas, apresentando grande concentração nas cascas de
uvas escuras. Estes compostos são de interesse para a indústria de alimentos
porque eles podem ter algumas aplicações como corantes naturais em
alimentos (KONG et al., 2003; CARVALHO et al., 2010).
Vários efeitos benéficos à saúde têm sido atribuídos aos compostos
fenólicos presentes nas frutas, vegetais, chás e vinhos. Estudos
26
epidemiológicos, clínicos e in vitro mostram múltiplos efeitos biológicos
relacionados aos compostos fenólicos da dieta, tais como: atividades
antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica (ABE et al.,
2007).
A quantificação e identificação dos componentes fenólicos da dieta têm
atraído grande interesse devido à sua importância nutricional, cada dia mais
dados podem ser encontrados na literatura científica sobre o perfil fenólico de
alimentos. Além disso, a grande diversidade de compostos fenólicos dispersos
nos tecidos vegetais e suas diferentes estruturas químicas trouxe a
necessidade de desenvolver um grande número de técnicas analíticas para
identificação e quantificação. As primeiras técnicas desenvolvidas foram as
espectrofotométricas, que têm interesse do ponto de vista do controle de
qualidade, mas não fornecem informações suficientes a partir de um ponto de
vista nutricional; tem sido necessário recorrer a técnicas mais precisas, tais
como cromatográficas, para permitir a identificação de cada um dos polifenóis
de interesse (MARTÍNEZ- VALVERDE; PERIAGO e ROS, 2000)
2.3.2 Carotenoides (β-Caroteno e Licopeno)
Os carotenoides são os pigmentos responsáveis pela maior parte das
cores amarelo e laranja das frutas vermelhas e vegetais, devido à presença em
sua molécula de um cromóforo constituído exclusivamente ou principalmente
de uma cadeia de ligações duplas conjugadas. Eles estão presentes em todos
os tecidos fotossintéticos, juntamente com a clorofila, bem como tecidos
vegetais não fotossintéticos como componentes de cromoplastos, que podem
ser considerados como degenerados cloroplastos. São biossintetizados por
plantas, algas, fungos, leveduras e bactérias. Devido à capacidade das plantas
sintetizarem esses compostos de novo, os alimentos de origem vegetal
contém, além dos carotenoides principais, pequenas quantidades de
precursores e derivados, proporcionando uma composição complexa e
variável. Já os alimentos de origem animal não possuem a mesma riqueza, são
incapazes de biossintetizar carotenoides e, portanto, dependem da alimentação
para sua obtenção (RODRIGUES-AMAYA, 1999; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ;
27
VICARIO e HEREDIA, 2004; RODRIGUES-AMAYA, KIMURA, AMAYA-
FARFAN, 2008).
Quimicamente, os carotenoides são tetraterpenoides C40 formados pela
união cauda-cabeça de oito unidades isoprenoides C5, exceto na posição
central, onde a junção ocorre no sentido cauda-cauda, invertendo assim a
ordem e resultado numa molécula simétrica. Ciclização, hidrogenação,
desidrogenação, migração de duplas ligações, encurtamento ou alongamento
da cadeia, rearranjo, isomerização, introdução de funções com oxigênio ou a
combinação destes processos resultam na diversidade de estruturas dos
carotenoides. A cadeia poliênica pode ter de 3 a 15 duplas ligações conjugadas
e o comprimento do cromóforo determina o espectro de absorção e a cor da
molécula. Todas são baseadas em 7 diferentes grupos terminais, dos quais
somente 4 (β, ε, κ e ψ) são encontradas em carotenoides de vegetais
superiores (MELÉNDEZ-MARTÍNEZ; VICARIO e HEREDIA et al., 2004;
UENOJO, JUNIOR e PASTORE, 2007; RODRIGUES-AMAYA, KIMURA e
AMAYA-FARFAN, 2008).
Em carotenoides naturais apresentam apenas três elementos: C, H e
O. O oxigênio pode estar presente como grupo hidroxila, metóxi, epóxi,
carboxila ou carbonila. Entre os carotenoides, podemos distinguir dois grupos:
os carotenos, que são hidrocarbonetos e xantofilas, que têm oxigênio em sua
molécula. Os carotenoides hidrocarbonetos, denominados simplesmente de
carotenos tem como exemplo o β-caroteno e licopeno, onde o licopeno possui
sua cadeia acíclica e o β-caroteno a cadeia bicíclica (Figuras 4 e 5).
(MELÉNDEZ-MARTÍNEZ; VICARIO e HEREDIA et al., 2004; RODRIGUES-
AMAIA, KIMURA e AMAYA-FARFAN, 2008).
Figura 4 - Estrutura do Licopeno
28
Figura 5 - Estrutura do β-caroteno
Testes in vitro e in vivo sugerem que os carotenoides são excelentes
antioxidantes, sequestrando e inativando os radicais livres. A ação
sequestrante de radicais é proporcional ao número de ligações duplas
conjugadas, presentes nas moléculas dos carotenoides. O mecanismo pelo
qual os carotenoides protegem os sistemas biológicos dos radicais depende da
transferência de energia do oxigênio excitado para a molécula do carotenoide,
em que a energia é dissipada por meio de rotações e vibrações do carotenoide
no meio solvente. Os carotenoides reagem com os radicais livres, notadamente
com os radicais peróxidos e com o oxigênio molecular, sendo a base de sua
ação antioxidante. Carotenoides como o beta-caroteno, licopeno, zeaxantina e
luteína exercem funções antioxidantes em fases lipídicas, bloqueando os
radicais livres que danificam as membranas lipoproteicas (SHAMI e MOREIRA,
2004; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ; VICARIO e HEREDIA et al., 2004; UENOJO;
JUNIOR e PASTORE, 2007).
Os carotenoides têm alegação de possuírem um importante papel em
relação à prevenção do câncer e existem evidências de que sejam importantes
no tratamento dessa doença. Em vários tipos de cânceres seu poder
antiproliferativo é observado em estudos em cultura de células neoplásicas, em
modelos animais de carcinogênese induzida e em estudos clínicos (MAIO,
2010).
2.3.3 Vitamina C (Ácido Ascórbico)
O ácido Ascórbico ocorre naturalmente em alimentos sob duas formas:
a forma reduzida (geralmente designada como ácido ascórbico) e a forma
oxidada (ácido desidroascórbico) (Figuras 6 e 7). Ambos são fisiologicamente
29
ativos e encontrados nos tecidos orgânicos. Uma nova oxidação do ácido
desidroascórbico para o ácido dicetogulônico produz uma inativação
irreversível da vitamina. A vitamina C funciona no interior do corpo humano,
encaixando-se em ambos os lados da reação de óxido-redução, que
acrescenta ou retira átomos de hidrogênio de uma molécula. Quando se oxida
forma o ácido desidroascórbico pela retirada, por agentes oxidantes, de dois
átomos de hidrogênio. Reduz-se pelo acréscimo de dois átomos de hidrogênio,
formando novamente o ácido ascórbico, segundo Anderson et al. (1988);
Pauling (1988, apud ARANHA et al., 2000).
Figura 6 - Fórmula estrutural do ácido L-ascórbico Fonte: Bobbio & Bobbio, 1992.
Figura 7 - Fórmula estrutural do ácido L-desidroascórbico Fonte: Bobbio & Bobbio, 1992.
O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os
compostos que apresentam atividade biológica do ácido ascórbico. Dentre eles,
o ácido ascórbico é o mais largamente encontrado nos alimentos e possui
maior poder antioxidante. A vitamina C é um nutriente essencial que protege
contra o câncer por vários mecanismos, incluindo o seu papel na promoção da
30
formação de colágeno no corpo e em inibir a formação de compostos N-
nitrosos no estômago. Em plantas, também desempenha um papel protetor
contra espécies reativas de oxigênio que são formadas a partir da fase
fotossintética e processos respiratórios. O ácido ascórbico está ligado ao
crescimento celular, estando envolvido no ciclo celular e outros mecanismos de
crescimento da célula vegetal e divisão, bem como atuando como co-fator para
muitas enzimas. Talvez, a vitamina C seja o mais abundante antioxidante
solúvel em água no corpo (BYERS & PERRY, 1992; SILVA & NAVES, 2001;
BARATA-SOARES et al, 2004).
Devido ao uso difundido de vitamina C, muitos métodos foram
desenvolvidos para quantificá-la: titulométricos, eletroquímicos, luminescentes,
cinéticos, fluorométricos e cromatográficos. Algumas técnicas consistem na
adaptação de métodos volumétricos com detecção espectrofotométrica,
visando aumentar a velocidade de análise e baixar o consumo de reagentes. O
2,6-diclorofenol indofenol (DCFI), conhecido como reativo de Tillmans é o
reagente mais popular para titulação direta de vitamina C. O DCFI é um
indicador colorido que é reduzido pelo ácido ascórbico (Figura 8) (AA).
Figura 8 - Estrutura química da redução do DCFI pelo ácido
ascórbico
A aplicabilidade destes métodos é restrita a amostras de frutas cítricas
e tabletes de multivitamina que não contêm minerais. Materiais coloridos
dificultam a visualização do ponto final (LIMA et al., 2007).
31
2.4 Atividade antioxidante
Na atualidade os grupos de compostos fitoquímicos apresentam um
grande interesse nutricional por sua contribuição na manutenção da saúde
humana. Estudos científicos têm sido realizados por diferentes autores,
demonstrando o conteúdo de compostos bioativos existentes em frutos nativos
(Tabela 04).
Tabela 4 - Teor de compostos bioativos pesquisados, obtidos por
diferentes autores
FRUTOS PESQUISADOS
RESULTADOS VERIFICADOS REFERÊNCIA
Cagaita
(Eugenia dysenterica Dc.)
150mg/100g de fenólicos totais Genovese et al., 2010
18,38gGAE.kg-1ms de fenólicos totais (extrato etanólico) e
16,23gGAE.kg-1ms de fenólicos totais (extrato aguoso)
Roesler et al., 2007
9,8mg/100g de vitamina C Genovese et al., 2010
Cajuí
(Anacardium humile St. Hil)
81,76mg/100g de fenólicos totais (extrato alcoólico) e
39,40mg/100g de fenólicos totais (extrato aquoso)
Moreira-Araújo et al., 2010
Cajuí (Anacardium microcarpum
Ducke)
200mg/100g a 340mg/100g de vitamina C
Almeida, 2009
Mangaba (Hancornia spp.)
15mg/100g de flavonoides 0,4mg/100g de antocianinas
190mg/100 de vitamina C 0,3mg/100g de carotenoides totais
Rufino et al., 2010
Puçá
(Mouriri pusa)
28,9mg/100g de vitamina C Rufino et al., 2010
Pequi (Caryocar brasilliense,
Camb.)
209,0mg/100g na polpa de fenólicos totais
7,25mg/100g de carotenoides
Lima et al., 2007
Maracujá 20,0mg/100g de fenólicos totais Kuskoski et al., 2005
32
Muitas das propriedades benéficas descritas nos alimentos de origem
vegetal, associadas principalmente a atividade antioxidante e as propriedades
antinutricionais destes compostos estão relacionadas com a presença e
conteúdo de compostos (MARTINEZ-VALVERDE; PERIAGO e ROS, 2000).
Antioxidantes são compostos que atuam inibindo e/ou diminuindo os
efeitos desencadeados pelos radicais livres e compostos oxidantes. São
importantes no combate aos processos oxidativos, como menores danos ao
DNA e às macromoléculas, amenizando assim os danos cumulativos que
podem desencadear doenças como o câncer, cardiopatias e cataratas
(SANTOS et al., 2008).
Os radicais livres são produzidos em células normais e patológicas no
metabolismo, considerando que a oxidação é indispensável para o organismo
na produção de energia para alimentar os processos biológicos. As moléculas
orgânicas e inorgânicas e os átomos que contêm um ou mais elétrons não
pareados, com existência independente, podem ser classificados como radicais
livres. Algumas espécies de radicais livres: 1O2 oxigênio singlete; O2-
radical superóxido; OH. radical hidroxila; NO· óxido nítrico; ONOO-
peroxinitrito; Q· radical semiquinona. Oxigênio central, radicais livres e
outras espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ROS/RNS) têm sido
associados com o início de muitas doenças e processos degenerativos do
envelhecimento. Quase todos os organismos são bem protegidos contra os
danos causados pelos radicais livres por enzimas oxidativas como a
superóxido dismutase e catalase ou compostos químicos como o α-tocoferol,
ácido ascórbico, carotenoides, compostos polifenóis e glutationa (BIANCHI e
ANTUNES, 1999; CERQUEIRA, MEDEIROS e AUGUSTO, 2007; OKTAVA et
al., 2003; SOARES et al., 2009).
Contudo, estes sistemas são frequentemente insuficientes para impedir
totalmente os danos, resultando em doenças e envelhecimento acelerado.
Produtos Naturais com atividade antioxidante podem ser usados para ajudar o
corpo humano a reduzir o dano oxidativo. Muitas frutas, legumes, ervas,
cereais, brotos, sementes e cogumelos comestíveis têm sido investigados
por suas atividades antioxidantes (SOARES et al., 2009).
33
Auto-oxidação é um processo lento, produz radicais por meio de uma
reação em cadeia, incluindo a indução, propagação e as etapas de terminação.
Durante o período de indução os radicais alquila são formados e sofrem reação
com moléculas de oxigênio para formar hidroperóxidos e radicais peróxidos
durante a fase de propagação. O processo de terminação se dá através da
associação de dois radicais livres para formar um “radical” estável (não radical).
A maioria dos testes são realizados pelo encurtamento do período de indução
da reação em cadeia, usando alta temperatura ou um aumento da oferta de
oxigênio. A partir desses ensaios a atividade antioxidante de uma série de
compostos puros e extratos de plantas tem sido determinada por medição do
consumo de oxigênio ou a produção de hidroperóxidos ou outros produtos de
degradação (BRAND-WILLIAMS et al., 1995).
A oxidação lipídica é retardada por substâncias antioxidantes,
presentes naturalmente em vegetais ou introduzidas na dieta. A seleção de
variedades de vegetais ricas em antioxidantes é, portanto, a chave para a
qualidade do produto (SCALZO et al., 2005). A eficácia da ação antioxidante
dos componentes bioativos depende de sua estrutura química e da
concentração destes fitoquímicos no alimento, cujo teor é amplamente
influenciado por fatores genéticos, condições ambientais, grau de maturação,
variedade da planta, entre outros. Além disso, o processamento dos alimentos
pode afetar o teor, a atividade e a biodisponibilidade destes compostos, uma
vez que podem ser degradados ou lixiviados para a água de cocção (MELLO et
al., 2009).
Diversas técnicas têm sido utilizadas para determinar a atividade
antioxidante in vitro, de forma a permitir uma rápida seleção de substâncias
e/ou misturas potencialmente interessantes, na prevenção de doenças crônico-
degenerativas. Dentre estes métodos destacam-se os métodos de sequestro
de radicais livres, como DPPH• - (2,2-difenil-1-picrilhidrazila). O método de
sequestro de radicais livres está baseado no descoramento de uma solução
composta por radicais estáveis DPPH• de cor violeta, quando da adição de
substâncias que podem ceder um átomo de hidrogênio. Baseia-se na
transferência de elétrons de um composto antioxidante para um oxidante
34
(BRAND-WILLIAMS et al., 1995; KIM et al., 2002; MOLYNEUX, 2004;
DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).
Diante da gama de frutos que o Cerrado piauiense possui, da
importância de estudá-los quanto aos teores de compostos bioativos, tendo-se
em vista a atividade antioxidante que podem apresentar, devido aos benefícios
que tal atividade possui na saúde humana, a presente pesquisa foi
desenvolvida.
35
3 OBJETIVO
3.1 Geral
Determinar o teor de compostos bioativos e a atividade antioxidante “in
vitro” de frutos do Cerrado piauiense.
3.2 Específicos
Analisar as características físicas, físico-químicas e químicas de
frutos do cerrado.
Determinar o conteúdo de compostos fenólicos totais,
flavonoides, antocianinas, β-caroteno, licopeno e vitamina C nos
frutos do cerrado.
Verificar a atividade antioxidante de frutos do cerrado pelo
método DPPH.
36
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Protocolo experimental
Os frutos analisados (Tabela 5) foram colhidos na Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) – MEIO NORTE – PI, localizada no
Município de Teresina, capital do Estado do Piauí, que se encontra em Latitude
05°05’21’’ e Longitude 42°48’07’’; e na Cidade de Corrente-PI, localizada no
extremo sul Piauiense, Latitude 10°26’36’’e Longitude 45°09’34’’. A seleção dos
frutos foi realizada mediante seu estado de conservação, obedecendo ao
período de safra dos mesmos.
Tabela 5 - Frutos pesquisados, Nomenclatura Científica e Família
Fonte: Silva et al., 2001.
Fruto Nomenclatura Científica Família
Bureré Brosimum gaudichaudii Moraceae
Cagaita Eugenia dysenterica Dc. Myrtaceae
Cajuí (Cajuzinho-do-
cerrado)
Anacardium humile St. Hil Anacardiaceae
Chichá Sterculia striata Naud. Sterculiaceae
Jatobá-do-cerrado Hymenaea stigonocarpa Mart. Leguminoseae
Macaúba Acrocomia aculeata Mart. Palmae
Mangaba Hancornia spp. Apocynaceae
Maracujá-do-cerrado Passiflora cincinnata Mart. Passifloraceae
Marmelada-de-
cachorro
Alibertia sessilis Schum. Rubiaceae
Puçá-preto Mouriri pusa Melastomataceae
Tuturubá Pouteria oblanceolata Sapotaceae
37
4.2 Análise das amostras
4.2.1 Preparo das amostras
Os procedimentos metodológicos foram realizados no Laboratório de
Bromatologia e Bioquímica de Alimentos do Departamento de Nutrição / UFPI,
e Laboratório de Frutos Tropicais do Departamento de Tecnologia de Alimentos
/ UFC no período de Novembro/2009 a Julho/2010.
Para as análises foram utilizados os frutos que se encontravam
morfologicamente perfeitos e maduros.
Os frutos, equipamentos e utensílios foram lavados com água de boa
qualidade, sanitizados com solução clorada (100ppm de cloro ativo) e
enxaguados em água corrente. O descasque, quando necessário, foi manual e
higiênico, separando a polpa da casca e semente utilizando-se peneira de
plástico. Os frutos inteiros e/ou processados foram armazenados em freezer
doméstico a -18°C. Utilizou-se, para análise, as partes comestíveis dos frutos
(Tabela 6).
Tabela 6 - Parte do fruto utilizada para realizar as análises
FRUTO PARTE DO FRUTO
Bureré CASCA + POLPA
Cagaita CASCA + POLPA
Cajuzinho-do-cerrado CASCA +POLPA
Chichá POLPA
Jatobá-do-cerrado POLPA
Macaúba POLPA
Mangaba CASCA + POLPA
Maracujá-do-cerrado POLPA
Marmelada-de-cachorro POLPA
Puçá-preto CASCA + POLPA
Tuturubá CASCA + POLPA
38
4.3 Caracterização física dos frutos
4.3.1 Peso médio (Instituto Adolfo Lutz - IAL, 2005)
Foi determinado utilizando-se o peso de 10 frutos, para caracterização
da amostra, e em seguida calculou-se o peso médio pela fórmula: Peso médio
= soma de peso dos 10 frutos/ nº de frutos pesados.
4.3.2 Comprimento (diâmetro maior) e largura (diâmetro menor),
segundo IAL (2005)
Foi utilizado o Paquímetro Modelo 530-101 para a obtenção das
medidas de comprimento e largura.
4.4 Análises físico-químicas
4.4.1 pH e acidez total titulável (IAL, 2005)
O potencial hidrogeniônico ou concentração hidrogeniônica das
amostras líquidas foi determinado por medida direta de pH, utilizando um
potenciômetro, calibrado com soluções tampão de pH 4 e 7 marca Vetec. Para
as amostras sólidas foi utilizada a determinação eletrométrica do pH, para tal,
foram pesados 10g da amostra e adicionado a 100mL de água destilada a
25°C e submetido a agitação durante 30 minutos. Após repouso de 10 minutos
para decantação, foi realizada a leitura do pH no sobrenadante.
A acidez total titulável foi determinada por titulação. Pesaram-se 7g da
amostra, diluindo em 100mL de água destilada e adicionando 0,3ml de solução
de fenolftaleína e titulou-se com solução de Hidróxido de Sódio 0,1M (NaOH)
sob agitação constante, até coloração rósea persistente por 30 segundos.
A acidez total titulável foi obtida pela fórmula:
V x f x M x 100/p = acidez em ml de solução %
Onde,
V = nº de mL da solução de NaOH que foi gasta na titulação
39
f = fator de correção da solução
p = massa da amostra
M = Molaridade da solução de NaOH
4.4.2 Sólidos Solúveis Totais (ºBrix) (IAL, 2005)
O teor total de sólidos solúveis totais (ºBrix) foi determinado a 20ºC por
meio do índice de refração, utilizando refratômetro de bancada (Abbé, modelo 2
WAJ). Este foi calibrado com água destilada a 20ºC. Em seguida, foram
adicionadas duas gotas de cada amostra no prisma do aparelho e realizada a
leitura. Para o preparo das amostras utilizou-se os sucos das frutas “in natura”,
e as frutas das quais se conseguiu extrair o suco fez-se uma diluição de 2g em
10mL de água destilada. No final de cada repetição, o prisma do refratômetro
foi lavado com água destilada e secado com papel suave.
4.5 Caracterização Química e Valor Energético Total (VET)
4.5.1 Umidade
A umidade foi determinada por gravimetria, de acordo com o método
recomendado pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2005).
Foram pesados 5g da amostra triturada e homogeneizada, em
triplicata, em uma cápsula de porcelana previamente tarada. Colocou-se a
cápsula mais amostra em estufa a 105ºC por 3 horas, em seguida retirou-se da
estufa, resfriou-se em dessecador por 30min e pesou-se. A operação de
aquecimento e resfriamento foi repetida até peso constante.
O teor de umidade (%) foi obtido pela fórmula:
100 x N / P, em que:
N = n° de gramas de umidade
P = n° de gramas de amostra
40
4.5.2 Resíduo Mineral Fixo (Cinzas)
Foi determinado por gravimetria em mufla a 550°C até peso constante,
segundo Instituto Adolfo Lutz (2005).
Foi pesado 3g da amostra úmida, em triplicata, em cadinho
previamente tarado. Os cadinhos com as amostras foram colocados na mufla a
250°C por 4hs, para carbonização da amostra e após esse tempo a
temperatura da mufla foi elevando a 550 ºC, gradativamente, até incineração
completa da amostra. Ao final, os cadinhos com amostra incinerada foram
colocados em dessecador, para esfriar, por 40min e em seguida pesados.
O teor de cinzas (%) foi obtido pela fórmula:
100 x N/ P, em que:
N = n° de gramas de cinzas
P = n° de gramas de amostra
4.5.3 Lipídios ou extrato etéreo
A fração extrato etéreo foi determinada em extrator intermitente de
Soxhlet, utilizando-se Hexano P. A. como solvente (AOAC, 1998).
Foram pesados 3g de amostra, em triplicata, e colocada em um
reboiler, e este em um aparelho extrator de Soxhlet, marca MARCONI, modelo
MA 491. O extrator foi acoplado a um balão previamente tarado a 105°C e
pesado. Em seguida foram adicionados 150 mL de Hexano. A chapa elétrica
foi mantida sob aquecimento e realizada extração contínua por quatro horas e
meia com temperatura em torno de 60°C. Após o término da extração
recuperou-se o solvente e o balão com o resíduo extraído foi transferido para a
estufa a 105°C, durante uma hora, e em seguida o mesmo foi resfriado em
dessecador por 30mim, até a temperatura ambiente, e pesado.
O teor de lipídeos (%) foi obtido pela fórmula:
100 x N/ P, em que:
N = n° de gramas de lipídeos
P = n° de gramas de amostra
41
4.5.4 Proteínas (método de micro Kjeldahl), segundo AOAC, 1998
Foram determinadas pelo método de Kjeldahl (micro), o qual se baseia
na destruição da matéria orgânica seguida de destilação, sendo o nitrogênio
dosado por volumetria. O fator foi utilizado para converter o teor de nitrogênio
total em proteína.
Foi pesado 0,5mg da amostra, colocada em papel manteiga, e
adicionada ao tubo de Kjeldahl juntamente com 5mL de ácido sulfúrico
concentrado e 2g da mistura catalítica (4% de sulfato de cobre e 96% de
sulfato de potássio). Para obter o branco excluiu-se apenas a amostra do
experimento.
- Digestão: O tubo de Kjeldahl foi acoplado ao sistema do digestor de
micro kjeldahl, no qual a temperatura foi ajustada elevando-a gradualmente de
50 em 50ºC, até 350ºC por 4:30h e/ou até viragem completa da amostra para
coloração esverdeada límpida, em sequência foi resfriada e destilada.
- Destilação: A amostra digerida presente no tubo digestor foi
adicionada algumas gotas de fenolftaleína a 1%, em seguida acoplada ao
destilador e por meio de um funil, do próprio aparelho, adicionado à amostra
uma solução de 30% de hidróxido de sódio (NaOH) para neutralização do meio
ácido (até aparecimento de uma solução de coloração avermelhada).
Foram transferidos 20mL de ácido sulfúrico 0,05M para um erlenmeyer
de 500mL, acrescentado 3 gotas do indicador (vermelho de metila a 0,2%),
este erlenmeyer foi acoplado ao destilador para recuperar o nitrogênio
destilado até obter um volume de 2/3 do volume inicial.
- Titulação: O excesso de ácido sulfúrico (solução do item “destilação”)
foi titulado com solução de NaOH 0,1M com indicador vermelho de metila. O
volume de NaOH utilizado foi anotado e utilizado para se realizar os cálculos.
O teor de proteínas foi obtido pela fórmula:
V x 0,14 x f / p; onde;
V = volume de ácido sulfúrico utilizado menos volume de hidróxido de
sódio utilizado na titulação;
42
f = fator de correção = 5,75 (fator de correção para proteína vegetal,
segundo BRASIL, 2003)
p = peso da amostra
Obs.: Procedeu-se a correção das soluções com seus respectivos
fatores.
4.5.5 Carboidratos
O teor de Carboidratos foi determinado por diferença, subtraindo de
100% do valor de proteínas, lipídios, cinzas e umidade, segundo Instituto
Adolfo Lutz (2005).
4.5.6 Valor Energético Total (VET)
O VET foi calculado pela soma das calorias (kcal) fornecidas por
carboidratos, lipídios e proteínas, multiplicando-se seus valores em gramas
pelos fatores de Atwater 4 Kcal, 9 Kcal e 4 Kcal, respectivamente (IAL, 2005).
4.6 Compostos bioativos
4.6.1 Obtenção e preparo dos extratos, segundo (Jardine & Mancini
Filho (2007), adaptado por Lima (2008)
Os extratos foram preparados de forma sequencial, extrato etéreo,
alcoólico e aquoso, onde se pesaram de 15 a 60g de amostra in natura (Figura
9).
43
15 a 60g de amostra + 100mL de éter etílico
+ 1h de agitação filtração (usando filtro
Whatman nº 4
Sobrenadante (extrato etéreo) Resíduo
+ Etanol (100mL) + 1h de agitação
+ filtração
Resíduo
+ água (100mL) + 1h de agitação
+ filtração
Resíduo
Sobrenadante
(extrato alcoólico)
Sobrenadante
(extrato aquoso)
Descarte
Figura 9 - Fluxograma de preparo e obtenção dos extratos
Extração do extrato etéreo
Foi colocado em um erlemeyer de 200mL, de 15 a 60g da amostra e
100mL de éter etílico e submetido a agitação por 1h em agitador automático
sem aquecimento. Após a agitação a solução foi filtrada, e, quando necessário,
centrifugada a 4000rpm por 10min, para separar o líquido do sólido, sendo o
líquido preservado (extrato etéreo) em um recipiente fechado ao abrigo da luz e
44
o resíduo restante foi submetido a secagem para ser utilizado na extração do
extrato alcoólico.
Extração do extrato alcoólico
Foi colocado o resíduo seco, após obter o extrato etéreo da amostra,
em um elermeyer de 200mL e acrescido 100mL de álcool etílico, sendo
submetido a agitação por 1h em agitador automático sem aquecimento. Após a
agitação a solução foi filtrada e, quando necessário, centrifugada a 4000rpm
por 10min, para separar o líquido do sólido, e em seguida o líquido foi
preservado em um recipiente fechado e o sólido foi submetido a secagem para
ser utilizado na extração do extrato aquoso.
Extração do extrato aquoso
O resíduo seco, após obter o extrato alcoólico da amostra, foi colocado
em um elermeyer de 200mL com 100mL de água. A solução foi agitada por 1h
em agitador automático sem aquecimento. Após a agitação a solução foi
filtrada e, quando necessário, centrifugada a 4000rpm por 10min, para separar
o líquido do sólido e em seguida foi preservado o líquido em um recipiente
fechado e o sólido (resíduo) descartado.
4.6.2 Quantificação de sólidos solúveis (peso seco) do extrato obtido
Foi colocado 1mL, em triplicata, de cada extrato obtido em cápsulas,
previamente taradas, e em seguida o material foi levado à estufa à 105°C por 1
h. Após secagem as amostras foram resfriadas em dessecador por 30 min e
pesadas para se realizar o cálculo da concentração do extrato.
O teor de sólidos solúveis (%) foi obtido pela fórmula:
100 x N/P, onde:
N = n° de gramas de sólidos do extrato
P = n° de mL de amostra
45
4.6.3 Curva padrão de ácido gálico
A partir da solução padrão de ácido gálico foram preparadas em balões
volumétricos de 10mL, soluções de ácido gálico variando a concentração de 0
a 0,35 mg/mL, que foram utilizadas para construir a curva padrão, em que se
plotou a leitura da absorbância, a 720nm, na ordenada e as concentrações de
ácido gálico utilizada, na abscissa (Figura 10).
Figura 10 - Curva padrão de ácido gálico
4.6.4 Compostos Fenólicos Totais, segundo Swain (1959), adaptada
por Lima (2008)
4.6.4.1 Teor de compostos Fenólicos Totais
Foi adicionado em um balão volumétrico de 10mL, 0,5mL de amostra,
em triplicata, do extrato alcoólico e aquoso (item 4.6.1), a 8mL de água
destilada e 0,5mL do reagente Folin Denis. Em seguida, a solução, foi
homogeneizada e deixou-se em repouso por 3min Após este tempo
acrescentou-se 1mL de solução saturada de carbonato de sódio anidro. A
solução ficou em repouso por 1h e logo após foram realizadas as leituras das
absorbâncias em espectrofotômetro a 720 nm.
46
Foi realizada a mesma leitura com um branco contendo os mesmos
reagentes menos a amostra.
Para o cálculo da quantidade de compostos fenólicos totais foi utilizada
a equação da reta da curva padrão construída com o ácido gálico (Figura 10):
y = 1,994x – 0,001 (R2 = 0,9997), onde:
y = absorbância
x = mgGAE de fenólicos em 0,5mL de amostra usada, como o resultado
obtido, fez-se a correspondência para 100mL de amostra e em seguida para a
quantidade de amostra utilizada para fazer o extrato.
4.6.5 Flavonóides e antocianinas, segundo Francis (1982)
Pesou-se 0,5g da amostra em um Becker envolto com papel alumínio,
colocando em seguida 10mL da solução de etanol 95% + HCL 1,5N
previamente preparada (85:15). Homogeneizou-se e logo após transferiu-se o
conteúdo para um balão volumétrico de 25 mL (sem filtrar) e aferiu-se o volume
com etanol 95% + HCL 1,5N (85:15). Depois, se transferiu para um frasco de
vidro, envolto em papel de alumínio, e deixou-se descansando por uma noite
sob refrigeração. Filtrou-se o material para um bécker de 50 mL sempre envolto
em papel alumínio, lendo-se logo em seguida em espectrofotômetro digital,
marca Shimadzu 02900, Serial No A 114547 / UV- 1.800, em um comprimento
de onda de 535nm. O “branco” é composto apenas da solução de etanol 95% +
HCL 1,5N (85:15) (v/v).
O cálculo do teor antocianinas totais foi feito por meio da
fórmula:
Absorbância x fator de diluição/98,2.
Fator de diluição:
O fator de diluição foi obtido utilizando a gramatura da amostra (0,5)
dividida pelo volume de diluição (25mL). O resultado foi correlacionado para
1mL (quantidade de g que tem em 1mL da solução) e determinou-se a
quantidade de mL em 100g:
47
Ex.: 0,5g/25mL = 0,02g
0,02g-----------1mL
100g-----------x
X=100/0,02
X= 5000
Resultado expresso em mg/100g
Obs.: Procedimento ao abrigo da luz.
Para análise de flavonoides realizou-se o mesmo procedimento e a
mesma fórmula para cálculo, sendo que se fez a leitura a 374nm.
4.6.6 Carotenoides, segundo Nagata e Yamashita (1992) adaptado
Pesaram-se 2g da amostra em erlenmeyer, colocou-se 20mL da
mistura acetona-hexano na proporção (4:6), agitou-se por 10min em agitador
magnético e em seguida filtrou-se em um Becker protegido com papel alumínio
utilizando funil e papel filtro.
Fez-se a leitura em espectrofotômetro digital, marca Shimadzu 02900,
Serial No A 114547 / UV- 1.800, nos seguintes comprimentos de onda: 453nm,
505nm, 645nm e 663nm.
Os resultados foram anotados para posterior cálculo. Para calibrar o
aparelho, foi realizada leitura com o Branco (acetona-hexano)
Para analisar os resultados expressos em β-Caroteno:
β- caroteno (mg/100mL)=
0,216 x A663 - 1,22 x A645 – 0,304 x A505 + 0,452 x A453
Onde,
A = Absorbância das leituras
Os demais números são constantes inerentes a fórmula.
Os resultados foram multiplicados por 1000 e expressos em µg/100g
de amostra fresca.
Para analisar os resultados expressos em Licopeno:
Licopeno (mg/100mL)=
0,0458 x A663 + 0,204 x A645 + 0,372 x A505 – 0,0806 x A453
48
Os resultados foram multiplicados por 1000 e expressos em µg/100g
de amostra fresca.
A = Absorbância das leituras
Os demais números são constantes inerentes a fórmula.
Obs.: Procedimento ao abrigo da luz.
4.6.7 Vitamina C
Ácido Ascórbico (Vitamina C) foi analisado pelo Método de Tillmans,
que se baseia na redução do 2,6-diclofenol indofenol-sódio (DCFI) pelo ácido
ascórbico (Instituto Adolfo Lutz, 2005).
Inicialmente foi realizada a análise da solução padrão de ácido
ascórbico pipetando 10mL em um Erlenmeyer contendo 50mL de solução de
ácido oxálico, em seguida a solução final foi titulada com a solução de DCFI até
coloração rosada persistente durante 15 segundos. Posteriormente, foi
realizado o mesmo procedimento, substituindo a solução de ácido ascórbico
pela amostra a ser analisada.
Para se obter a quantidade de ácido ascórbico utilizou-se o seguinte
cálculo:
mg de ác. Ascórbico/100ml de amostra =
5 x A x 100/ P x mL de amostra, onde:
5 = mg de ácido ascórbico padrão titulado
A = volume da solução DCFI utilizada para titular a amostra
P = volume da solução DCFI utilizada para titular o padrão.
4.7 Determinação da Atividade Antioxidante pelo método de captura de
radicais DPPH, segundo Lima (2008), desenvolvida por Blois (1958),
adaptado por Brand-Williams (1995)
Este método se baseia na redução do radical [2,2 difenil-1-pricril-
hidrazil (DPPH.)], que ao fixar um H. (removido do antioxidante em estudo),
leva a uma diminuição da absorbância, permitindo calcular, após o
49
estabelecimento do equilíbrio da reação, a quantidade de antioxidante gasta
para reduzir 50% do radical DPPH..
4.7.1 Atividade antioxidante
Foi preparada uma solução metanólica de DPPH a 6x10-5M (2,4mg de
DPPH dissolvido em álcool etílico em um balão volumétrico de 100mL). O
padrão foi obtido realizando-se a leitura da absorbância da solução de DPPH
sem amostra do extrato (antioxidante) em espectrofotômetro a 517 nm.
A Atividade Antioxidante dos extratos alcoólico e aquoso foi realizada
em triplicata, acrescentando-se, 1,5mL de DPPH e 0,5 mL de amostra, para
cada extrato e realizando-se a leitura da absorbância em espectrofotômetro a
517 nm, após 30 mim do início da reação. Foi realizado este procedimento de
leitura com quatro diluições/concentração diferentes, para cada extrato, obtidas
a partir da concentração do extrato inicial (item 4.6.2); deve-se testar as
concentrações até se obter a concentração ideal para realizar a leitura. O
álcool etílico foi utilizado para calibrar o espectrofotômetro.
A queda na leitura da densidade ótica das amostras foi correlacionada
com o controle, estabelecendo-se a porcentagem de descoloração do radical
DPPH conforme a fórmula abaixo:
% de proteção = (Abscontrole – Absamostra) x 100/Abscontrole
Após o cálculo do percentual de proteção plotou-se os resultados
(Apêndice A) contendo os valores das concentrações (mg/L) utilizadas no eixo
X e os percentuais de proteção encontrados no eixo Y e foi determinada a
equação da reta que foi utilizada para encontrar o valor do EC50 (quantidade de
amostra necessária para reduzir em 50% a concentração inicial do radical
DPPH).
Cálculo do EC50:
Equação da reta y = ax ± b, onde:
y = 50% (quantidade em percentual de proteção)
x = EC50 (mg/L)
50
5 Análise estatística
Para análise dos dados foi elaborado um banco de dados utilizando-se o
programa estatístico EPI INFO, versão 6.04b (DEAN, et al 1994) para cálculo
de médias e desvio-padrão e aplicado o teste de Tukey. As curvas para
verificação do teor de fenólicos e poder antioxidante foram construídas para
obtenção de equações, correlações e regressões, no programa EXCEL. O nível
de significância adotado foi de 5% (p<0,05).
51
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os frutos analisados apresentaram variações referentes ao peso,
comprimento e largura (Tabela 7 a 17). Segundo Silva et al. (2001) os frutos
de maior peso ou tamanho serão preferidos para industrialização, por
apresentarem maior peso de polpa e casca, consequentemente, maior
rendimento no processamento. O rendimento industrial é dado pelo índice
tecnológico que considera as características físicas e químicas do fruto.
O conhecimento das características físicas dos frutos é de grande
importância, tanto para se saber a diversidade de tamanho e peso em cada
espécie, bem como para se viabilizar a confecção de embalagens para
armazenamento e comercialização, de modo que não ocorram danos na sua
estrutura física e promova uma melhor visualização frente ao consumidor
(CORRÊA et al., 2008).
O pH baixo e acidez elevada é uma característica desejável para a
industrialização. O pH baixo dispensa a etapa de acidificação durante o
processamento. Além disso, o alto teor de acidez contribui para o sabor
acentuado da polpa. Esta característica promove um fator de diluição elevado
na formulação de sucos, e consequentemente, maior rendimento industrial
(ANDRADE, ARAGÃO e FERREIRA, 1993).
O teor dos sólidos solúveis (°Brix) nos frutos é muito importante, pois
quanto maior a quantidade de sólidos solúveis existentes, menor será a
quantidade de açúcar a ser adicionada aos frutos, quando processados pela
indústria. Diminuindo, assim, o custo de produção, aumentando a qualidade do
produto, menor tempo de evaporação da água, menor gasto de energia e maior
rendimento do produto, resultando em maior economia no processamento
(SILVA et al., 2002; COSTA et al., 2004).
A composição química dos frutos nativos das regiões brasileiras há
tempos vem sendo pesquisada e ainda não se conseguiu analisar todos os
frutos que estão disponíveis, restando ainda uma grande variedade de frutos
nativos para serem estudados. Hiane et al. (1992) já alertavam, desde 1992,
que pesquisas vinham demonstrando que as regiões tropicais e sub-tropicias
necessitavam de programas urgentes para estabelecer e processar fontes
52
nativas de nutrientes e que essas medidas seriam satisfatórias para melhorar a
dieta da população.
Tabelas e softwares de composição de alimentos são as ferramentas
básicas e de rápido acesso para o desenvolvimento do trabalho do
nutricionista, oferecendo informações referentes ao conteúdo nutricional dos
alimentos. Entretanto, deve-se ter cautela durante sua utilização porque, como
observado, existem diferenças estatisticamente e nutricionalmente
significativas entre os resultados calculados pelas Tabelas de Composição de
Alimentos e softwares e os analisados em laboratório. Por sua vez, a análise
laboratorial é a forma mais precisa de se obter dados sobre composição
centesimal de alimentos (RIBEIRO et al., 2003; GIUNTINI, LAJOLO e
MENEZES, 2006).
As análises realizadas com os frutos in natura (forma que os frutos são
ingeridos), diferente dos demais estudos que trabalharam os frutos
processados (secos), promovem uma superfície de contato menor para
extração dos compostos existentes, mesmo assim, a extração foi efetiva, na
qual se pôde observar que todos os frutos tiveram poder de redução do radical
livre positivo, variando assim somente na capacidade, maior ou menor, de
possuir atividade antioxidante. O potencial antioxidante de frutos já tem sido
estudado por muitos pesquisadores devido ao fato dos frutos possuírem
compostos bioativos, como vitamina C, flavonoides, antocianinas, carotenoides
(licopeno e β-caroteno), que tem alegação de possuírem atividade de proteção
contra as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio.
Observou-se que em se utilizando toda a parte comestível do fruto para
a análise, o teor de nutrientes é maior, oferecendo um aporte calórico mais
significativo que quando se analisou apenas a polpa da fruta. Tendo em vista
que os frutos são nativos e consumidos por populações, na sua maioria,
carentes, incentivar o plantio de pomares, consumo e comercialização em
feiras destes frutos poderá melhorar o valor nutritivo da dieta destas
populações.
Dos resultados obtidos para os compostos bioativos estudados,
verificou-se que todos os frutos apresentaram quantidades estatisticamente
significativas de vitamina C, visto que a recomendação diária é de 60mg
53
(BRASIL, 2003). Os compostos fenólicos, tanto totais como frações,
flavonóides e antocianinas foram extraídos em teores relevantes, ressaltando
que estes compostos agregam valor ao fruto por possuírem alegações de
apresentarem atividade antioxidante, ajudando o nosso organismo a se
proteger contra as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que provocam
agressões nas células; e carotenoides (β-caroteno e licopeno) que, segundo
Rodrigues-Amaya, Kimura e Amaya-Farfan (2008), os frutos de mesma cultivar,
quando produzidos nos estados do Nordeste apresentaram teores de
carotenoides expressivamente mais elevados do que aqueles produzidos no
clima temperado do estado de São Paulo, e relataram que isso comprovaria a
estimulação da biossíntese de carotenoides com exposição ao sol, no entanto,
podem promover também a fotodegradação.
Observou-se, também, que para análise de compostos fenólicos, os
frutos que não obtiveram êxito na extração alcoólica, melhoraram o teor na
extração aquosa e vice-versa, exceto para o cagaita (Eugenia dysenterica Dc.),
maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.) e puçá-preto (Mouriri pusa)
que mantiveram resultados similares nas duas extrações. Os solventes etanol e
água foram escolhidos levando em conta a toxidade e o custo. Verificando,
então, que os compostos fenólicos extraídos por solventes de diferentes
polaridades refletem resultados de teores diferentes, de modo que se encontre
a melhor alternativa para a aplicação em alimentos, e quando se obtém uma
extração com teores positivos, com a água, remete-se a um dado animador por
ser a água o solvente universal, que está envolvido nos processos culinários e
é utilizado como fonte direta de consumo.
Os resultados verificados para capacidade antioxidante (Figura 23),
expressos em capacidade de reduzir em 50% a atividade do radical (EC50mg/L)
de frutos do cerrado, extraído nos extratos alcoólico e aquoso, apontam um alto
poder antioxidante para os frutos, os quais obtiveram capacidade de redução
em 50% do radical livre DPPH, com a menor concentração possível. Cada fruto
teve um comportamento diferenciado no que diz respeito ao tipo de extrato,
mostrando precisar de maior ou menor concentração para reduzir em 50% a
atividade do radical livre (DPPH).
54
Os resultados expressos, por fruto, estão descritos a seguir nas
respectivas Tabelas 07 a 17.
O bureré (Brosimum gaudichaudii) (Tabela 7 e Figura 11) se destacou
por ter baixo teor lipídico (0,3g/100g), teor médio de proteínas (2,2g/100g) e
baixo valor calórico (106,9kcal). Dos frutos analisados foi o que apresentou um
teor elevado de β-caroteno (361,91µg/100g), que é um carotenoide precursor
da vitamina A e menor de vitamina C (86,5mg/100g). Os teores de flavonoides
e antocianinas foram de 18,79 e 1,12mg/100g, respectivamente. Na extração
de compostos fenólicos totais, o extrato que teve maior poder de extração foi o
aquoso com 40,79mgGAE/100g, comparando-se com o extrato alcoólico que
obteve 20,73mgGAE/100g.
Necessitou-se de uma concentração de 4.286,83mg/L do extrato
alcoólico para reduzir 50% do radical livre DPPH e 2.721,46mg/L do extrato
aquoso.
A cagaita (Eugenia dysenterica Dc.) (Tabela 8 e Figura 12) mostrou
elevado teor de umidade (90,9g/100g), proteínas (2,5g/100g – fator de
conversão de 5,75) e baixo valor calórico (36,6kcal). Almeida, Silva & Ribeiro
(1987) relataram valores de 5,04g/100g e 0,50g/100g de glicídios e proteínas,
respectivamente, para a polpa. Silva et al. (2008) também, analisando a polpa
da cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), obtiveram valores em g/100g de 3,08
para carboidratos, 0,44 para lipídeos, 0,82 para proteínas utilizando o fator de
conversão de 6,25 e VET de 20,01kcal. O conteúdo de vitamina C foi de
126,3mg/100g, o qual apresentou-se elevado quando comparado com os
dados relatados na literatura consultada (72,0mg/100g) (ENDEF, 1999).
Em estudo realizado por Genovese et al. (2010), analisando frutos
exóticos e polpa de frutas comerciais, não se obteve valores de antocianinas
para polpa da fruta de cagaita (Eugenia dysenterica Dc.); já no presente estudo
foi verificado um valor de 0,38mg/100g para antocianinas.
Todos os frutos pesquisados, com exceção do chichá (Sterculia striata
Naud.), apresentaram valores de β-caroteno (µg/100g) do fruto, com o teor
obtido para cagaita (Eugenia dysenterica Dc.) (201,23µg/100g ±25,1),
destacando-se dentre os frutos estudados.
55
Figura 11 - Bureré (Brosimum gaudichaudii)
Tabela 7 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e
atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do bureré (Brosimum gaudichaudii). Teresina, Março/2011.
Características físicas e físico-químicas Média ±DP*
Peso 8,6±1,9 Comprimento (mm) 22,1±4,5 Largura (mm) 26,1±3,4 pH 5,7±0,6 Acidez Total Titulável (ATT) 7,1±1,4 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 6,0±0,0**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 72,3 4,5 Cinzas (g/100g) 1,3 0,2 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,1 Proteínas (g/100g) 2,2 0,1 Carboidratos (por diferença) 23,8 5,2 VET (kcal) Vitamina C (mg/100g) Flavonoides (mg/100g) Antocianinas (mg/100g) Licopeno (µg/100g) β-Caroteno (µg/100g)
106,9 12,9
86,5 11,8
18,79 1,2
1,12 0,3 nd***
361,91 19,4
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 20,73 0,00a**** 40,79 5,59b Atividade Antioxidante EC50 mg/L 4.286,83ª 2.721,46b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **com diluição de 2g/10mL, ***Não detectado. ****Mesma letra não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
Para compostos fenólicos totais a cagaita (Eugenia dysenterica Dc.)
apresentou uma quantidade de 25,17mgGAE/100g na extração alcoólica e
27,42mgGAE/100g para extração aquosa, com leitura realizada em 720nm. A
literatura consultada reporta dados de compostos fenólicos totais expressos em
equivalente de ácido gálico para a cagaita (Eugenia dysenterica Dc.), com dois
56
tipos de extração (alcoólica e aquosa) e leitura em 760nm, com teor de
18,38±0,817 para extrato alcoólico (casca e polpa) e 16,23±1,363 para o
extrato aquoso (casca e polpa) (KUSKOSKI et al., 2005). Analisando frutos
exóticos e polpa de frutas comerciais, Genovese et al. (2010) obtiveram valor
de 150±1,1mg/100g para polpa de fruta da cagaita (Eugenia dysenterica Dc.),
realizando leitura a 750nm, de um extrato único dos solventes
metanol/água/ácido acético. Estes dados se mostraram superiores aos obtidos
no presente estudo, enfatizando-se que tanto os métodos de extração como as
leituras foram diferentes nos três estudos.
Com relação à atividade antioxidante, a cagaita (Eugenia dysenterica
Dc.) foi um dos frutos analisados que necessitou de menor concentração para
reduzir o DPPH em 50%, 430,92mg/L para extrato alcoólico e 970,27mg/L para
extrato aquoso, mostrando ter um boa capacidade antioxidante.
Roesler et al. (2007) analisando extrato seco de casca e polpa (leitura
em 760nm), obtiveram um valor de EC50 de 387,47µg/mL para extrato etanólico
e 879,33 µg/mL para extrato aquoso. Comparando com os resultados
analisados com o fruto fresco e em leitura de 517nm, a cagaita (Eugenia
dysenterica Dc.) teve um EC50 de 430,92 para extrato alcoólico e de 970,27
para extrato aquoso, visto que o estado úmido é a forma mais comum de
ingestão deste fruto.
O chichá (Sterculia striata Naud.) (Tabela 9 e Figura 13) caracterizou-
se por ser um fruto leve e de tamanho pequeno, com acidez total de 11,6% e
pH de 6,7. Obteve em g/100g, baixo teor de umidade (8,4), elevado teor de
lipídeos (23,7), proteínas (13,8 - fator de conversão de 5,75), cinzas (3,1) e teor
calórico (472,1kcal). Moreira-Araújo et al. (2010), em pesquisa sobre frutos do
cerrado obtiveram valores similares: 19,84g/100g de lipídeos; 16,87g/100g de
proteínas e 1,95g/100g de cinzas, sendo discordante apenas no teor de
umidade que foi de 48,86g/100g. Silva et al. (2008) verificaram valores
semelhantes de umidade (6,95g/100g), proteínas (19g/100g – fator de
conversão de 6,25) e valor calórico (421,07).
57
Figura 12 - Cagaita (Eugenia dysenterica Dc.)
Tabela 8 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e
atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da cagaita (Eugenia dysenterica Dc.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 9,3±2,8 Comprimento (mm) 23,1±5,2 Largura (mm) 271±5,8 pH 3,7±0,6 Acidez Total Titulável (ATT) 3,3±0,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 6,7±0,0** Composição química, VET e compostos
bioativos Média ±DP*
Umidade (g/100g) 90,9 8,4 Cinzas (g/100g) 0,3 0,1 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,1 Proteínas (g/100g) 2,5 0,2 Carboidratos (por diferença) 5,9 1,7 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g) Flavonoides (mg/100g) Antocianinas (mg/100g) Licopeno (µg/100g) β-Caroteno (µg/100g)
36,6 7,2
126,3 45,8
9,51 0,4
0,38 0,8 nd**
201,23 25,1
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico
Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 25,19 2,13a*** 27,42 0,00a
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 430,92a 970,27b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. ** Sem diluição. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O chichá apresentou, entre os frutos analisados, o menor teor de
vitamina C (89,3mg/100g). Referente aos valores de licopeno o chichá obteve
119,78µg/100g. Para compostos fenólicos, o extrato aquoso não foi obtido
leitura e para extrato alcoólico foi verificado um conteúdo de
58
85,37mgGAE/100g, dado superior ao reportado por Moreira-Araújo et al.
(2010), que foi de 23,33mg/100g. Apresentou capacidade antioxidante com
uma concentração de 4.973,47mg/L para reduzir 50% do radical, para o extrato
alcoólico, e 1.956,79mg/L para o extrato aquoso.
Figura 13 - Chichá (Sterculia striata Naud.)
Tabela 9 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do chichá (Sterculia striata
Naud.).Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 1,7±0,1 Comprimento (mm) 18,67±1,8 Largura (mm) 12,5±3,8 pH 6,7±1,1 Acidez Total Titulável (ATT) 11,6±2,4 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 5,0±0,1**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 8,4 1,5 Cinzas (g/100g) 3,1 0,2 Lipídeos (g/100g) 23,7 3,8 Proteínas (g/100g) 13,8 3,1 Carboidratos (por diferença) 50,9 9,8 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
472,1 22,9
89,3 9,8 Flavonoides (mg/100g) 2,81 0,6 Antocianinas (mg/100g) 0,88 0,4 Licopeno (µg/100g) 119,78±9,78 β-Caroteno (µg/100g) nd***
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g
85,37 7,77**** nd**
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 4.973,47a 1.956,79b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **com diluição de 2g/10mL, ***Não detectado. ****Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
59
O cajuí (Anacardium humile St. Hil) (Tabela 10 e Figura 14)
apresentou ser um fruto pequeno com pH baixo (3,7), com acidez titulável total
de 13,4% e SST (12ºBRIX) elevado, características favoráveis para a
industrialização. Obteve um elevado teor de umidade (82,6g/100g), baixo teor
lipídico (0,3g/100g) e valor calórico de 69,9g/100g. Silva et al. (2008) obtiveram
valores semelhantes para umidade (86,57g/100g), lipídeos (0,63g/100g) e valor
discordante para o VET (38,27kcal). Dado este, que pode ser justificado devido
a diferença de local de colheita, solo, clima e época de frutificação.
Tal fruto demonstrou ser uma excelente fonte de vitamina C, devido
seu elevado teor (500mg/100g). Almeida (2009), analisando pedúnculos de
genótipos diferentes de cajuí (Anacardium microcarpum Ducke), observou que
o teor de vitamina C foi elevado para a maioria dos genótipos avaliados,
apresentando valores acima de 200mg/100g, chegando a 340mg/100g. Valores
compatíveis com o determinado nas análises de cajuí realizadas (500mg/100g)
neste estudo (Anacardium humile St. Hil).
O cajuí apresentou valores de 3,12 e 0,22 mg/100g de flavonoides e
antocianinas, respectivamente. Analisando-se frações de carotenoides, não foi
detectado valor para licopeno e apresentou um valor expressivo para β-
caroteno 136,13µg/100g. Para compostos fenólicos teve melhor extração com
o álcool etílico, 51,15mgGAE/100g e menor com água 11,81mgGAE/100g.
Moreira-Araújo et al. (2010) obtiveram valores de 81,76mg/100g para extrato
alcoólico e 39,40mg/100g para extrato aquoso. Apresentou um EC50 de
881,70mg/100g para o extrato alcoólico e 1.050,17mg/100g para extrato
aquoso, demonstrando que o fruto possui um bom poder de reduzir o radical
DPPH. Moreira-Araújo et al. (2010) verificaram uma concentração com valores
do EC50 de 121,48 (extrato alcoólico) e EC50 1.008,61 (extrato aquoso) para
atividade antioxidante no sistema DPPH.
60
Figura 14 - Cajuí (Anacardium humile St. Hil.)
Tabela 10 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e
atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do cajuí (Anacardium humile St. Hil.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 7,9±1,3 Comprimento (mm) 34,2±7,9 Largura (mm) 21,8±4,2 pH 3,7±0,8 Acidez Total Titulável (ATT) 13,4±2,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 12±0,1
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 82,6 9,7 Cinzas (g/100g) 0,3 0,0 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,0 Proteínas (g/100g) 1,1 0,1 Carboidratos (por diferença) 15,7 4,9 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
69,9 9,8
500,0 89,7 Flavonoides (mg/100g) 3,12 0,7 Antocianinas (mg/100g) 0,22 0,7 Licopeno (µg/100g) nd** β-Caroteno (µg/100g) 136,13 18,3
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 51,15 0,00a*** 11,81 2,67b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 881,70a 1.050,17b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **Sem diluição. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) (Tabela 11 e
Figura 15) analisado, apresentou um peso médio de 57,5g, com o pH ácido e
acidez elevada. Obteve-se, dos frutos estudados, o maior teor de cinzas
(5,0g/100g), demonstrando ser um fruto com elevado teor de minerais, um
baixo teor de umidade (12,0g/100g) e ficou em segundo lugar no teor de
61
calorias totais (337,87kcal), por possuir um elevado teor de carboidratos
(79,8g/100g). Para a farinha do jatobá, Silva et al. (2001) obtiveram valores em
g/100g de carboidratos (30,90); proteínas (7,60); lipídeos (3,0) e cinzas (4,6).
Enquanto, segundo ENDEF (1999), o teor de umidade foi de 68,2g/100g,
cinzas de 0,7g/100g, lipídeos de 0,7g/100g, proteínas de 1,0g/100g,
carboidratos de 29,4g/100g e Valor Energético Total de 115kcal. Os dados
disponíveis na literatura consultada corroboram com os analisados no tocante
ao teor de proteínas e cinzas, enquanto que o teor de umidade, segundo o
ENDEF (1999) foi bem superior, visto que o jatobá-do-cerrado (Hymenaea
stigonocarpa Mart.) é um fruto em que a polpa é seca (farinácea) e o seu teor
de umidade consequentemente é baixo.
O teor de vitamina C foi 330,4mg/100g, dado discordante com o
ENDEF (1999), cujo valor obtido foi de 33mg/100g. O conteúdo de β-caroteno
foi de 110,68µg/100g e de licopeno foi 9,96 µg/100g. Com relação aos
compostos fenólicos, obteve uma maior extração com o extrato alcoólico
(34,10mgGAE/100g) que o aquoso (25,19mgGAE/100g). E para atividade
antioxidante obteve-se um EC50 de 1.059,05mg/L para o extrato alcoólico e
1.554,49mg/L para o extrato aquoso.
A macaúba (Acrocomia aculeata Mart.) (Tabela 12 e Figura 16) é um
fruto pequeno, não ácido, com um teor de cinzas (2,3g/100g), carboidratos
(36,4g/100g) e calorias totais (296,9kcal) elevados, ficando em terceiro lugar
dentre os frutos analisados. Obteve, também, elevado teor de lipídeos
(16,6g/100g). Comparando-se com os dados verificados por Silva et al.(2008)
observou-se valores equivalentes de cinzas (1,78g/100g), lipídeos
(14,93g/100g), carboidratos (35,06g/100g) e calorias totais (285,65kcal).
Figura 15 - Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.)
62
Tabela 11 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e
atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do jatobá (Hymenaea stigonocarpa Mart.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 57,5±6,7 Comprimento (mm) 94,25±9,5 Largura (mm) 37,2±3,4 pH 5,6±1,1 Acidez Total Titulável (ATT) 31,0±6,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 2,5±0,2**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 12,0 2,1 Cinzas (g/100g) 5,0 0,8 Lipídeos (g/100g) 1,36 0,2 Proteínas (g/100g) 1,7 0,3 Carboidratos (por diferença) 79,8 17,3 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
337,87 6,4
330,4 61,5 Flavanoides (mg/100g) 19,64 1,5 Antocianinas (mg/100g) 2,12 0,7 Licopeno (µg/100g) 9,96±1,23 β-Caroteno (µg/100g) 110,68 11,9
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 34,10 2,13a*** 25,19 1,98b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 1.059,05a 1.554,49b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **com diluição de 2g/10mL. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O quantidade de teor de vitamina C foi 185,1mg/100g, comparando-se
com o valor da TACO (2006), que apresenta um valor de 13,4mg/100g,
observou-se que foi superior. Com referência aos demais compostos bioativos,
a macaúba (Acrocomia aculeata Mart.) destacou-se pelo conteúdo de β-
caroteno, apresentando um valor igual a 132,65 µg/100g. E para os resultados
da extração de compostos fenólicos, o extrato alcoólico extraíu
60,85mgGAE/100g e possibilitou uma atividade antioxidante, EC50 de
3.582,54mg/L, resultados estes melhores que a extração com água.
63
Figura 16 - Macaúba (Acrocomia aculeata Mart.)
Tabela 12 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e
atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da macaúba (Acrocomia aculeata Mart.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 21,5±2,8 Comprimento (mm) 35,2±8,5 Largura (mm) 34,1±4,1 pH 6,6±0,3 Acidez Total Titulável (ATT) 2,8±0,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 2,9±0,0**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 44,1 6,9 Cinzas (g/100g) 2,3 0,2 Lipídeos (g/100g) 16,6 3,2 Proteínas (g/100g) 0,6 0,1 Carboidratos (por diferença) 36,4 5,2 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
296,9 12,9
185,1 14,8 Flavanoides (mg/100g) 4,56 0,3 Antocianinas (mg/100g) 0,57 0,9 Licopeno (µg/100g) nd*** β-Caroteno (µg/100g) 132,65 17,2
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico
Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 60,85 11,15a**** 20,73 0,00b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 3.582,54a 3.783,81a
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. ** com
diluição de 2g/10mL, ***Não detectado. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.) (Tabela 13 e
Figura 17) é um fruto que apresentou um peso médio de 74g, uma acidez
elevada e pH baixo com alto teor de umidade (85,5g/100g), SST elevado
(12,67 ºBRIX) e o menor valor calórico (54,4kcal) dos frutos analisados.
64
Comparando-se com os resultados expressos na literatura para maracujá
(Passiflora edulis Sims.), segundo o ENDEF (1992) o teor de umidade foi maior
(75,5g) e apresentou menor valor calórico (90kcal).
Os resultados de vitamina C para maracujá, obtido na literatura,
mostram que a variedade roxa apresenta um teor de 29,80mg/100 mL de suco
em média, possuindo maior teor de vitamina C que a variedade amarela com
20,0mg/100 mL de suco. De acordo com Sepúlveda et al. (1996, citado por
ZERAIK, 2010). Para o presente estudo observou-se que o maracujá-do-
cerrado (Passiflora cincinnata Mart.) obteve um valor de 93,6mg/100g,
verificando-se um teor elevado de vitamina C, quando comparado com os
dados relatados de outras espécies de maracujá.
O maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.) apresentou valores
baixos, comparando-se com os demais frutos analisados, para compostos
bioativos. Para β-caroteno o resultado foi de 12,85µg/100g da polpa do fruto, e
mesmo as análises sendo realizadas por métodos diferentes, os resultados
corroboram com a análise cromatográfica que permitiu a identificação de 13
tipos de carotenoides presentes na polpa de frutos de maracujás-do-cerrado
(Passiflora cincinnata Mart.) das espécies estudadas por Wondracek, Faleiro &
Costa (2008), nas quais o β-caroteno foi o carotenoide que teve maior
contribuição no índice de diversidade genética, 75,7%, ficando com pico do
espectro de absorbância média 170,12, com mínimo de 0,37 e máximo de
777,17.
Os valores dos compostos fenólicos extraídos não diferiram
estatisticamente para extração alcoólica e aquosa, sendo 16,27mgGA/100g e
14,04mgGAE/100g, respectivamente. A melhor atividade antioxidante foi para o
extrato aquoso com um EC50 de 1.892,62mg/L.
Figura 17 - Maracujá-do-cerrado (Passiflora cincinnata Mart.)
65
Tabela 13 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do maracujá-do-cerrado
(Passiflora cincinnata Mart.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 74,7±9,6 Comprimento (mm) 52,9±7,5 Largura (mm) 53,8±6,4 pH 3,3±0,1 Acidez Total Titulável (ATT) 75,7±3,8 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 12,67±0,1)**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 85,5 8,5 Cinzas (g/100g) 1,3 0,1 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,1 Proteínas (g/100g) 2,1 0,2 Carboidratos (por diferença) 10,8 2,2 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
54,4 9,3
93,6 16,9 Flavanoides (mg/100g) 10,12 0,9 Antocianinas (mg/100g) 0,44 0,5 Licopeno (µg/100g) nd** β-Caroteno (µg/100g) 12,85 1,9
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 16,27 3,55a*** 14,04 0,00a
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 3.571,43a 1.892,62b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **Sem diluição. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
A mangaba (Hancornia spp.) (Tabela 14 e Figura 18) é um fruto
pequeno, ácido, com um pH baixo e SST elevado (14,20 ºBRIX), com
característica para ser utilizado pela indústria alimentícia. Apresentou valores
significativos de calorias (71,4kcal), proteínas (1,4g/100g), baixo teor de
lipídeos (1,3g/100g) e alto teor de umidade (82,8±8,5). Comparando-se com
dados do ENDEF (1999) foram obtidos valores concordantes para umidade
(87,9g/100g) e carboidratos (10,5g/100g); contudo, os teores de lipídeos
(0,3g/100g), proteínas (0,7g/100g), cinzas (0,6g/100g) e o VET (43kcal) foram
inferiores aos verificados no presente estudo, o que pode ser justificado devido
ao fato que para obtenção dos dados da tabela do ENDEF (1999) foi utilizado
para as análises apenas a polpa do fruto.
Para vitamina C o conteúdo obtido foi de 474,1mg/100g, resultado
superior ao da tabela do ENDEF (1999) que foi de 33mg/100g. Nos demais
66
compostos bioativos o que apresentou melhor valor foi o β-caroteno,
43,64µg/100g. Para flavonoides um teor de 9,31mg/100g e antocianinas de
0,43mg/100g, próximo aos resultados de Rufino et al. (2010), 15mg/100g e
0,4mg/100g para flavonoides e antocianinas, respectivamente, visto que
existem variações do tipo de região da colheita, tipo de solo e clima das
amostras analisadas.
O conteúdo dos compostos fenólicos extraídos pelo álcool etílico foi de
40,79mgGAE/100g (com leitura a 720nm), superior ao do extrato aquoso.
Segundo Rufino et al. (2010), realizando extração com metanol/acetona/água,
formando assim um único extrato e leitura de 700nm, obteve-se um teor de
169mgGAE/100g. Para a atividade antioxidantee a mangaba apresentou no
extrato alcoólico um EC50 de 100mg/L, sendo o melhor, entre todos os frutos,
demonstrando ser este fruto do cerrado com conteúdo de compostos de maior
capacidade antioxidante total no estudo “in vitro” realizado. Rufino et al. (2010)
realizando extração com metanol/acetona/água e leitura a 515nm verificaram
um valor de 3.385± 349g/g DPPH para a capacidade de redução de 50% de
DPPH.
Figura 18 - Mangaba (Hancornia spp.)
67
Tabela 14 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da mangaba (Hancornia
spp.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 30,5±5,4 Comprimento (mm) 40,9±7,8 Largura (mm) 38,2±4,5 pH 3,6±0,4 Acidez Total Titulável (ATT) 22,7±4,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 14,20±0,2
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 82,8 7,7 Cinzas (g/100g) 1,0 0,1 Lipídeos (g/100g) 1,3 0,3 Proteínas (g/100g) 1,4 0,2 Carboidratos (por diferença) 13,4 2,8 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
71,4 18,5
474,1 78,3 Flavanoides (mg/100g) 9,31 0,3 Antocianinas (mg/100g) 0,43 0,4 Licopeno (µg/100g) nd** β-Caroteno (µg/100g) 43,64 8,2
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/100g 40,79 0,00a*** 18,50 2,88b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 100a 11.864,33b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **Sem diluição. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
A marmelada-de-cachorro (Alibertia sessillis Schum.) (Tabela 15 e
Figura 19), um fruto pequeno com alto teor de polpa, pH ácido e acidez baixa,
destacou-se por apresentar um reduzido teor lipídico (0,3g) e um conteúdo de
carboidratos (27,2g) e calorias totais (115,2kcal) significativos em 100g do
fruto.
Dos compostos bioativos analisados a marmelada-de-cachorro
(Alibertia sessillis Schum.) destacou-se por apresentar teores mais elevados,
dentre os frutos pesquisados, de flavonoides (27,18µg/100g) e antocianinas
(4,30µg/100g); destacou-se também nas extrações de compostos fenólicos
totais, extrato alcoólico e aquoso, respectivamente, 36,33mgGAE/100g e
25,19mgGAE/100g. A atividade antioxidante foi baixa, tanto para extrato
alcoólico, como para aquoso, pois necessitou de uma concentração alta para
reduzir o Radical Livre em 50%, que foi de 4.757,93mg/100g do extrato
68
alcoólico e 2.100,06mg/100g do extrato aquoso, destacando-se o aquoso com
melhor atividade antioxidante, com diferença estatisticamente significativa.
Figura 19 - Marmelada-de-cachorro (Alibertia sessillis Schum.)
Tabela 15 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da marmelada-de-cachorro
(Alibertia sessillis Schum.). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 16,7±2,9 Comprimento (mm) 27,2±8,5 Largura (mm) 30,6±4,5 pH 5,2±0,7 Acidez Total Titulável (ATT) 3,8±0,2 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 4,0±0,1**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 70,9 7,5 Cinzas (g/100g) 0,7 0,1 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,1 Proteínas (g/100g) 0,8 0,1 Carboidratos (por diferença) 27,2 6,1 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
115,2 18,1
119,4 45,8 Flavanoides (mg/100g) 27,18 4,2 Antocianinas (mg/100g) 4,30 0,12 Licopeno (µg/100g) 1,31±0,01 β-Caroteno (µg/100g) 22,83 5,8
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/L 36,33 4,79a*** 25,19 1,50b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 4.757,93a 2.100,06b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **com diluição de 2g/10mL ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O puçá-preto (Mouriri pusa) (Tabela 16 e Figura 20), fruto pequeno, de
acidez baixa, apresentou um teor protéico de 2,3g/100g (fator de conversão
5,7), baixo teor lipídico (0,3g/100g), teor de carboidratos de 19,3g/100g e valor
69
energético total (89,4kcal). Dados concordantes com Silva et al. (2008) com
referência aos valores de proteínas 1,02g/100g (fator de conversão de 6,25) e
lipídeos (0,31g/100g), e discordantes com o teor de carboidratos (6,64g/100g) e
valor energético total (34,15kcal), que foram inferiores aos resultados
verificados no presente estudo. Dados que podem ser explicados pela
diferença que no estudo atual analisou-se a parte comestível (casca e polpa) e
no estudo referenciado foi analisada somente a polpa.
O puçá-preto (Mouriri pusa) apresentou um teor de vitamina C de
205,9mg/100g do fruto, resultado superior ao determinado por Rufino et al.
(2010) de (28,9mg/100g). Obteve-se um valor para flavonoides de
11,57mg/100g e antocianinas de 0,61mg/100g, resultados inferiores aos dados
obtidos por Rufino et al. (2010), que verificou um teor, no puçá-preto (Mouriri
pusa), de flavonoides com 143mg/100g e de antocianinas com 103mg/100g.
Os resultados para carotenoides (frações) mostraram-se nulos para licopeno e
um conteúdo de 138,76 µg/100g para β-caroteno.
Para compostos fenólicos totais, o presente estudo obteve
40,79mgGAE/100g, para extrato alcoólico e 45,25mgGAE/100g para extrato
aquoso, com leitura em 720nm. Dados relatados na literatura, expressaram
valores de 868mgGAE/100g, com leitura em 700nm (RUFINO et al., 2010).
Ressalta-se que tanto o método de extração (metanol/acetona/água) como o
comprimento de onda da leitura realizada foram diferentes entre os estudos.
Rufino et al. (2010), realizando extração com metanol/acetona/água e
leituras a 515nm, de puçá-preto (Mouriri pusa), encontraram um EC50 414±
14,4g/gDPPH, que significa dizer que é necessário 414g de fruto para reduzir
1g de DPPH. Comparando com os resultados obtidos para extrato alcoólico e
aquoso, respectivamente, verificou-se um EC50 de 1.455,19mg/L e 713,53mg/L
para reduzir 50% do radical livre (DPPH), destacando-se que é necessária uma
concentração menor que 1000mg/L para o extrato aquoso reduzir 50% do
radical livre.
70
Figura 20 - Puçá-preto (Mouriri pusa)
Tabela 16 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) da puçá-preto (Mouriri
pusa). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 12,8±3,4 Comprimento (mm) 21,5±5,3 Largura (mm) 30,9±3,2 pH 4,9±0,2 Acidez Total Titulável (ATT) 7,3±1,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 2,0±0,1**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 77,4 5,9 Cinzas (g/100g) 0,7 0,1 Lipídeos (g/100g) 0,3 0,1 Proteínas (g/100g) 2,3 0,4 Carboidratos (por diferença) 19,3 3,8 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
89,4 9,1
205,9 58,7 Flavanoides (mg/100g) 11,57 0,5 Antocianinas (mg/100g) 0,61 0,4 Licopeno (µg/100g) nd*** β-Caroteno (µg/100g) 138,76 8,8
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/L 40,79 0,00a*** 45,25 4,87a
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 1.455,19a 713,53b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **com diluição de 2g/10mL. ***Não detectado. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
O tuturubá (Pouteria oblanceolata) (Tabela 17 e Figura 21)
caracteriza-se por ser um fruto polpudo com peso médio de 26g, um pH
levemente ácido e acidez baixa, apresentou um teor reduzido de lipídeos
(0,9g/100g) e elevado de carboidratos (33,9g/100g), destacando-se por ser um
fruto com elevado valor calórico total (146,5kcal), quando comparado com os
demais frutos analisados.
71
Analisando os compostos bioativos existentes no tuturubá (Pouteria
oblanceolata), destaca-se o teor de vitamina C (558,8mg/100g) e de β-caroteno
(161,46µg/100g). Apresenta um teor de compostos fenólicos em extrato aquoso
(47,48mgGAE/100g) com diferença estatisticamente significativa do extrato
alcoólico (25,19mgGAE/100g), sendo ambos elevados. Demonstrou um poder
antioxidante elevado tanto para o extrato alcoólico como o aquoso,
necessitando de uma concentração de 221,81mg/L e 733,36mg/L,
respectivamente, para reduzir o DPPH em 50%.
Figura 21 - Tuturubá (Pouteria oblanceolata)
Tabela 17 - Caracterização física, físico-química, química, compostos bioativos e atividade antioxidante pelo método DPPH (EC50 mg/L) do tuturubá (Pouteria
oblanceolata). Teresina, Março/2011.
Parâmetros físico-químicos Média ±DP*
Peso 26,0±5,3 Comprimento (mm) 31,1±7,8 Largura (mm) 38,4±5,1 pH 6,1±0,5 Acidez Total Titulável (ATT) 7,3±1,1 Sólidos solúveis Totais (ºBRIX) 4,0±0,0**
Composição química, VET e compostos bioativos
Média ±DP*
Umidade (g/100g) 63,6 9,1 Cinzas (g/100g) 1,0 0,1 Lipídeos (g/100g) 0,9 0,1 Proteínas (g/100g) 0,5 0,1 Carboidratos (por diferença) 33,9 6,9 VET (Kcal) Vitamina C (mg/100g)
146,5 23,4
558,8 98,5 Flavanoides (mg/100g) 7,21 0,6 Antocianinas (mg/100g) 1,37 0,5 Licopeno (µg/100g) nd*** β-Caroteno (µg/100g) 161,46 18,1
Compostos fenólicos totais e Atividade antioxidante
Extrato alcoólico Extrato aquoso
Compostos Fenólicos Totais mgGAE/L 25,19 4,11a 47,48 3,77b
Atividade Antioxidante EC50 mg/L 221,81a 733,36b
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **diluição de 2g/10mL. ***Não detectado. ***Letras iguais não possuem diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
72
Os frutos dos cerrado analisados demonstraram possuir teores
significativos de compostos bioativos. Destacando-se os frutos que tiveram
maior expressão nos resultados, segundo Tabela 18: para vitamina C, tuturubá
(Pouteria oblanceolata), cajuí (Anacardium humile St. Hil) e mangaba
(Hancornia spp.); flavonoides, bureré (Brosimum gaudichaudii), jatobá-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) e marmelada-de-cachorro (Alibertia
sessillis Schum.); antocianinas, marmela-de-cachorro (Alibertia sessillis
Schum.), jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) e tuturubá
(Pouteria oblanceolata); licopeno, apenas no chichá (Sterculia striata Naud.),
jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) e marmelada-de-cachorro
(Alibertia sessillis Schum.) foram detectados valores; e para β-caroteno
destacaram-se o bureré (Brosimum gaudichaudii), a cagaita (Eugenia
dysenterica Dc.) e Tuturubá (Pouteria oblanceolata).
Tabela 18 - Compostos bioativos em frutos do cerrado Piauiense. Teresina, Março/2011.
FRUTOS
VITAMINA C*
mg/100g
FLAVONOIDES
mg/100g
ANTOCIANINAS
mg/100g
LICOPENO
µg/100g
β-CAROTENO
µg/100g
Bureré
Cagaita
Chichá
Cajuí
Jatobá
Macaúba
Maracujá-do-
Cerrado
Mangaba
Marmelda-de-
cachorro
Puça-preto
Tuturubá
86,5 11,8
126,3 45,8
89,3 9,8
500,0 89,7
330,4 61,5
185,1 14,8
93,6 16,9
474,1 78,3
119,4 45,8
205,9 58,7
558,8 98,5
18,79 1,2
9,51 0,4
2,81 0,6
3,12 0,7
19,64 1,5
4,56 0,3
10,12 0,9
9,31 0,3
27,18 4,2
11,57 0,5
7,21 0,6
1,12 0.3
0,38 0,8
0,88 0,4
0,22 0,7
2,12 0,7
0,57 0,9
0,44 0,5
0,43 0,4
4,30 0,12
0,61 0,4
1,37 0,5
nd**
nd**
119,78±9,78
nd**
9,96±1,23
nd**
nd**
nd**
1,31±0,01
nd**
nd**
361,91 19,4
201,23 25,1
nd**
136,13 18,3
110,68 11,9
132,65 17,2
12,85 1,9
43,64 8,2
22,83 5,8
138,76 8,8
161,46 18,1
*Valores apresentados em Média e Desvio padrão: três repetições/amostra. **Não detectado.
Com relação aos resultados da extração de compostos fenólicos totais,
no extrato alcoólico e aquoso, observa-se na Figura 22 que os frutos de maior
73
destaque para extrato alcoólico foram chichá (Sterculia striata Naud.), macaúba
(Acrocomia aculeata Mart.), cajuí (Anacardium humile St. Hil), mangaba
(Hancornia spp.) e puçá-preto (Mouriri pusa). Para o extrato aquoso, os frutos
que apresentaram maior destaque foram o bureré (Brosimum gaudichaudii),
puçá-preto (Mouriri pusa) e tuturubá (Pouteria oblanceolata).
Dos resultados para atividade antioxidante expressos em EC50 (mg/L),
os frutos que apresentaram maior capacidade de reduzir o radical DPPH em
50%, com menor concentração para extrato alcoólico foram a cagaita (Eugenia
dysenterica Dc.), mangaba (Hancornia spp.) e tuturubá (Pouteria oblanceolata);
e para o extrato aquoso, destacaram-se a cagaita (Eugenia dysenterica Dc.),
puçá-preto (Mouriri pusa) e tururubá (Pouteria oblanceolata). Todos os frutos,
exceto a macaúba (Acrocomia aculeata Mart.), demonstraram diferença
estatisticamente significativa entre os resultados de atividade antioxidante
apresentados para os dois tipos de extração (Figura 23).
Figura 22 - Compostos fenólicos Totais, do extrato alcoólico e aquoso, (mgGAE/100g) de frutos do Cerrado piauiense. Teresina, Março/2011.
74
Figura 23 - Atividade antioxidante expressos em EC50, do extrato alcoólico e aquoso, pelo método DPPH, de frutos do Cerrado piauiense. Teresina, Março/2011.
75
7 CONCLUSÕES
Nas condições de realização desta pesquisa, de acordo com os
resultados obtidos, concluiu-se que:
Os frutos do Cerrado analisados demonstraram possuir características
físicas, físico-químicas e químicas que possibilitam sua utilização na
indústria de alimentos.
Os frutos que se destacaram pelo conteúdo de fenólicos totais, para o
extrato alcoólico, foram o chicha, macaúba e cajuí e para o extrato
aguoso, foram o bureré, puçá-preto e tuturubá; de flavonoides, bureré,
jatobá-do-cerrado e marmelada-de-cachorro; e de antocianinas, jatobá-
do-cerrado, marmelada-de-cachorro e tuturubá;
Os frutos que apresentaram maior teor de β-caroteno foram bureré,
cagaita e tuturubá; para licopeno, chicha, jatobá-do-cerrado, marmelada-
de-cachorro; e para vitamina C cajuí, mangaba e tuturubá;
A cagaita e o tuturubá foram os frutos que demonstraram maior poder
antioxidante “in vitro”, tanto no extrato aquoso quanto no alcoólico.
76
8 PESQUISAS FUTURAS
A realização de novos estudos, aplicando-se outros métodos para
determinação do poder antioxidante, com o objetivo de futuras comparações de
resultados.
Correlacionar os teores dos compostos bioativos dos frutos que
apresentaram maior conteúdo destes compostos para determinar quais os de
maior atividade antioxidante.
Realização de testes “in vivo” para avaliação de potencial antioxidante,
antiproliferativo, anti-icrobiano destes frutos.
Identificação de Flavonoides e perfil ácidos graxos.
Avaliação do conteúdo mineral dos frutos.
77
REFERÊNCIAS
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87
APÊNDICE
88
APÊNDICE A - % de Redução do DPPH, frente as diferentes Concentrações
dos Frutos dos Cerrado Piauiense Analisados
Figura 01 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Alcoólico de
Bureré. Teresina, Março/2011.
Figura 04 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Aquoso de
Cagaita. Teresina, Março/2011.
Figura 03 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Alcoólico de
Cagaita. Teresina, Março/2011.
Figura 02 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Aquoso de
Bureré. Teresina, Março/2011.
89
Figura 05 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Alcoólico do
Chicha. Teresina, Março/2011.
Figura 06 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Aquoso do
Chichá. Teresina, Março/2011.
Figura 07 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico de Cajuzinho-do-
cerrado. Teresina, Março/2011.
Figura 08 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Aquoso de
Cajuzinho-do-cerrado. Teresina, Março/2011.
90
Figura 10 - % de Redução do DPPH frente a
diferentes concentrações do Extrato Aquoso do
Jatobá. Teresina, Março/2011.
Figura 09 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico do Jatobá. Teresina,
Março/2011.
Figura 11 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico da Macaúba.
Teresina, Março/2011.
Figura 12 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Aquoso da Macaúba
Teresina, Março/2011.
91
Figura 14 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Aquoso do Maracujá-do-
cerrado. Teresina, Março/2011.
Figura 13 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico do Maracujá-do-
cerrado. Teresina, Março/2011.
Figura 15 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico da Mangaba.
Teresina, Março/2011.
Figura 16 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Aquoso da Mangaba.
Teresina, Março/2011.
92
Figura 17 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico da Marmelada-de-
cachorro. Teresina, Março/2011.
Figura 18 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico da Marmelada-de-
cachorro. Teresina, Março/2011.
Figura 19 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico de Puçá-preto.
Teresina, Março/2011.
Figura 20 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Aquoso de Puçá-preto.
Teresina Março/2011.
93
Figura 21 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Alcoólico do Tuturubá. Teresina,
Março/2011.
Figura 22 - % de Redução do DPPH frente a diferentes
concentrações do Extrato Aquoso do Tuturubá.
Teresina, Março/2011.
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