c l a u d i a r e g i n a
i l u s t r a s : s i l t a k a z a k i
DIC
AS
DE
FO
TO
GR
AF
IA
Rio de JaneiroClaudia Regina
2015
1ª edição
C LA U D I A R E G I N A e S I L TA K A Z A K I
D I C A S D E
FOTOGRAFIA
SUMÁRIO
prefácio .......................................................................................................5
capítulo 1
o equipamento digital .................................................................. 11
capítulo 2
a técnica .................................................................................................. 47
capítulo 3
como criar fotos incríveis ........................................................... 97
capítulo 4
luz ...............................................................................................................193
capítulo 5
edição ......................................................................................................231
capítulo 6
fotografia como profissão ........................................................263
por quê não fotografei a tapioquinha? ..........................289
configurações das fotos ...............................................................296
apêndices ..............................................................................301
5
Prefácio à primeira ediçãoEstava pertinho do meu aniversário, em março de 2013,
quando recebi uma ligação. Era um convite para escrever um
livro básico de fotografia. Me perguntei o que você talvez
tenha se perguntado também: “mais um livro de fotografia
básico?”
Durante esses mais de dois anos, percebi que a principal
razão que me fez aceitar essa ideia foi a oportunidade de
trazer um jeito brasileiro de falar sobre fotografia. Os livros
básicos mais conhecidos da área são todos traduzidos
de versões estadounidenses, e tenho que admitir: não
aguentava mais ter que ver fotos de lugares que não
conheço e de gente jogando futebol americano para
aprender a fotografar!
É claro que este incômodo é pequeno, comparado ao meu
incômodo com a forma de ver o mundo que nos é passada
através dos livros, filmes, e toda cultura de consumo e
desenvolvimento promovida pelos Estados Unidos. É por
este motivo, também, que tentei me desafiar a fazer deste
livro de fotografia uma pequena ponte para uma cultura
da nossa terra. Uma cultura de simplicidade e flexibilidade
(jeitinho) que, resistente, ainda existe no campo, nos povos
originários e em comunidades por todo o nosso país.
Este é um livro de fotografia, e não um livro sobre a crise do
mundo industrial em que vivemos. Então, não se preocupe:
você não vai encontrar essa visão no conteúdo, e sim na
forma de passá-lo. Uma simples diferença entre: “você
precisa comprar este produto para ser feliz, vai lá, compre
agora!” e “esta ferramenta pode te ajudar, mas se você não
tiver ela à mão pode usar outra coisa, fazer uma adaptação
ou viver sem ela.”
6 Foi um livro que deu trabalho. Para mim, que escrevi e
reescrevi muita coisa, e para minha querida amiga Silmara,
que fez a diagramação e as ilustrações de uma forma incrível,
didática e cheia de sutilezas necessárias.
E por que distribuir de graça na internet um livro que deu
tanto trabalho?
O plano inicial era ter um livro impresso, de verdade, desses
que vendem na livraria. A editora que me convidou para
produzi-lo estava responsável por esta parte. Infelizmente,
tivemos algumas discordâncias sobre pontos do livro e
não foi possível chegarmos a um acordo. Por isso, preferi
distribuí-lo de graça.
E, no fim das contas, essa pendenga toda se mostrou positiva.
Foi graças a ela que criei a força necessária para colocar
este livro no mundo dentro de um contexto coerente com as
minhas próprias demandas.
Como pagamento, quero que você faça da sua fotografia uma
forma de reconhecer o mundo. Que a sua fotografia vá além
das suas necessidades de crescimento e felicidade pessoais, e
seja uma ferramenta de mudança sustentável. Não é possível
mudar tudo, mas podemos mudar a comunidade que nos
cerca e preparar o terreno para quem vem depois.
(Eu e a Sil ainda temos vínculos financeiros. Então você
também pode nos recompensar financeiramente, doando
um valor à sua escolha, caso esse seja seu desejo e
possibilidade.)
Um abraço bem apertado e boa leitura.
Claudia Regina
Rio de Janeiro, 1º de julho de 2015
7
Como ler este livro
Para que algo seja simples, é preciso suprimir algumas
informações. Fiz de tudo para ser precisa em todas as
explicações, mas muitas delas estão simplificadas para
o melhor entendimento da leitora iniciante. Se você já
entende de fotografia pode achar que algumas partes
estão muito óbvias ou que não citei todas as exceções.
Mas vamos deixar o avançado para os livros avançados,
não é mesmo?
Em alguns poucos momentos achei interessante
aprofundar assuntos específicos. Fiz isso em apêndices,
que estão no fim do livro. São detalhes um pouquinho
mais técnicos ou mais avançados que podem ser
interessantes para quem já tem algum conhecimento.
Se é a primeira vez que você lê sobre fotografia sugiro
deixar os apêndices para a segunda leitura, depois de
praticar bastante o conteúdo regular. Digo isso pois
esse tipo de conteúdo pode confundir se não houver
conhecimento prévio.
Talvez você note que falarei bastante sobre as leitoras,
as fotógrafas, e por aí vai. Meninos, não se sintam
excluídos: este livro não é só para mulheres. Sigo
a tendência de pessoas acadêmicas da atualidade
que buscam escrever usando a linguagem de forma
não sexista ou binária. Nos momentos em que não
consegui excluir marcações de gênero por completo,
usei o feminino como gênero neutro. Este livro é para
todos que gostam de fotografia, não importa se você é
menino, menina, ou nenhuma das duas.
8 O que é uma boa foto?
Imagino que, ao ler um livro de fotografia, um dos seus
objetivos seja fazer fotos boas. Não é por acaso que
o tipo de mensagem que mais recebo de quem está
começando é assim:
– Olha as minhas fotos e me diz se estão boas?
Meu companheiro, o escritor Alex Castro, recebe este
mesmo tipo de pergunta de iniciantes que gostariam
de ingressar na literatura. Tudo que ele fala sobre
textos pode ser extrapolado, sem tirar nem pôr, para
fotografias:
“Um texto [...] só pode ser bom em função do que
ele se propõe. Nada existe no vácuo.
O texto que é excelente para fazer rir pode ser
péssimo em causar terror. O texto que é excelente
para informar sobre química orgânica é péssimo em
ensinar inglês.
Se o autor não sabe para que o texto serve, se não
sabe para que escreveu aquele texto, então o texto
não tem chance de ser bom. Ou melhor, pode até
ser bom, mas por acidente e à revelia, do mesmo
modo que um relógio parado estará certo uma vez
a cada doze horas – e errado praticamente o tempo
todo.
Um martelo é bom se eu tenho um prego para
enfiar em uma parede. Se eu quero fritar um ovo ou
trocar uma lâmpada, o martelo não me serve pra
nada.”
Por isso, se você me perguntar “esta minha foto está
boa?”, não saberei responder.
9
Uma foto desfocada pode ser adequada para uma
exposição de arte. Uma foto desfocada pode ser
inadequada para um catálogo de produtos do
supermercado. Colocar uma chamada dizendo “parcele
em 12x sem juros” no seu site pode ser perfeito
caso seu público-alvo seja de baixa renda, mas pode
também afugentar potenciais clientes arrogantes e de
alto poder aquisitivo.
A boa foto é aquela que teve mais compartilhamentos
na rede social do momento? A que foi vendida por um
preço mais alto no leilão? É a que fez clientes chorarem
de emoção? A que ganhou um Pulitzer? A resposta
depende da pergunta principal: por que você fez essa
foto?
O contexto histórico e autoral também é muito
importante para qualquer obra: a Mona Lisa, se pintada
hoje, não é revolucionária. Uma foto do Sebastião
Salgado, se tivesse sido tirada por mim, não seria
considerada genial. A história contada pela foto,
independente da técnica utilizada, pode ser crucial para
sua relevância.
Eu não sei a receita da foto revolucionária ou genial,
mas a partir do capítulo três vou falar mais sobre as
regras para fotos esteticamente adequadas. Regras
que seguem as mesmas premissas das outras artes
visuais (como a pintura e o design.) Vamos falar sobre
composição, sobre cores e sobre algumas técnicas
consideradas ideais para determinados tipos de fotos.
Sempre que falo alguma dessas regras, vem alguém
retrucar: “Ah, mas eu vi uma foto premiada de uma
pessoa incrível e famosa que não segue essa regra! O
que você tem a dizer sobre isso?”
10 O que eu tenho a dizer é simples: é preciso ler e
escutar de forma crítica quando colegas dão suas
dicas e impressões. Regras servem como ferramenta
para chegar no seu objetivo. E quebrá-las pode ser o
caminho para chegar nele tanto quanto seguí-las.
Sempre que você escutar alguém dizendo que para
conseguir fazer fotos bonitas você deve fazer isso e não
deve fazer aquilo, escute, aprenda, e depois considere
fazer o contrário. Lembre de ler este livro – e outros
– com isso em mente.
o equipamento digital
1
12 Qual câmera comprar?
Essa inocente perguntinha me persegue entre as
mensagens que mais recebo de quem está começando
na fotografia. Minha resposta, embora pareça radical, é
simples: compre qualquer uma.
Muita gente fica indignada quando digo uma coisa dessas e afirma que a câmera
tem sim influência na qualidade de uma foto. Não posso discordar: uma câmera de
celular oferece menos controle e menor qualidade final do que um equipamento
especializado.
Porém, quando estamos começando, ainda não sabemos tudo que uma câmera faz.
Por um bom tempo é inevitável subutilizar todo o potencial da bichinha.
Gosto de comparar a fotografia à profissão de cozinheira: quem é cozinheira
profissional consegue fazer um bom prato mesmo em um fogão caseiro, mas para
trabalhar com isso e montar um restaurante será necessário ter um fogão que
permita mais controle sobre o resultado, além de ele precisar ser mais robusto e
forte para resistir ao uso constante.
A pessoa que está começando a cozinhar pode até comprar um fogão incrível, mas
isso não vai ajudá-la em nada, já que estará aprendendo como cortar uma cebola. As
50 combinações de temperatura, umidade e ventilação do forno não farão diferença
alguma nessa fase inicial.
Se você está começando a fotografar não vai fazer diferença a câmera que está
usando. De início, o objetivo será aprender o básico: picar cebola! Ou, voltando pra
fotografia, medir a luz, focar e compor. E isso dá para fazer com qualquer câmera que
tenha controles manuais.
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Por isso, para quem quer começar a entender os conceitos da fotografia, sempre
sugiro começar com qualquer câmera que permita controles manuais. A experiência
me mostrou que o melhor custo/benefício está em comprar modelos mais básicos e
já usados.
É claro que se você tem dinheiro sobrando dá pra comprar sim o fogão mais caro
logo de saída: o que não dá pra fazer é achar que ele vai ser de alguma serventia na
hora de picar cebola!
Antes de conhecer as câmeras é interessante você saber os nomes que
damos para algumas de suas partes:
Tipos de câmeras: suas vantagens e desvantagens
Sei muito bem que “qualquer uma” não respondeu a sua
pergunta, então vamos analisar os tipos de câmeras que
encontramos hoje no mercado, olhando alguns pontos
importantes: a qualidade de imagem, a possibilidade de
usar diferentes lentes, o controle das configurações e a
portabilidade.
botão
disparador visor
tela LCD
sensor (lá dentro)
lente corpomap
a da
câm
era
14 Cameraphones
Lembra quando os celulares começaram a vir com
câmera? Pois bem, essas câmeras melhoraram e alguns
celulares entram hoje na categoria cameraphones: a
qualidade anda tão boa que são consideradas câmeras
com celular, e não o contrário.
A maior vantagem desse tipo de câmera é que você
provavelmente já a leva para todo lugar, facilitando
a prática diária da fotografia. A desvantagem é que,
mesmo melhorando muito de uns tempos pra cá, a
qualidade ainda não é tão alta em grandes impressões
ou em momentos de pouca luz.
Qualidade: Inferior (é quase inútil em situações de
pouca luz.)
Troca as lentes? Não, mas existem acessórios para
encaixar no celular e fazer brincadeiras.
Controle das configurações? Não, mas dá para fazer
algumas gambiarras com aplicativos.
Portabilidade: Super portátil.
Dica
Use seu celular para
praticar composição
todos os dias. A limitação
técnica te obrigará a usar a
criatividade para conseguir
fotos atraentes.
De bolso
Essas câmeras normalmente contam com uma
qualidade melhor de imagem e de controle se
comparadas às cameraphones. Elas também são
portáteis, mas com uma qualidade um pouco superior e
mais opções de configurações do que cameraphones. O
flash dessas câmeras costuma ser potente o suficiente
para retratos e são uma ótima opção para encontros
pessoais. Um dos seus maiores defeitos é o intervalo
entre o clique e a foto: perdemos momentos exatos
pois ela não faz a foto na hora que apertamos o botão.
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Dica
Prefira câmeras de bolso
com zoom óptico, pois o
zoom digital faz a imagem
perder muita qualidade.
Abuse também dos modos
que ela oferece, escolhendo
a opção adequada para
fotos de retratos, paisagens,
e noturnas, por exemplo.
Qualidade: Média (não se comporta muito bem com
pouca luz e demora a fazer a foto.)
Troca as lentes? Não.
Controle das configurações? Não muito, mas é possível
usar predefinições dependendo do tipo de foto.
Portabilidade: Super portátil.
Bridge
Também vendidas como superzoom, as bridge são
câmeras consideradas como um meio termo entre as de
bolso e as profissionais.
Sua maior vantagem é possuir mais configurações
personalizáveis garantindo bastante controle. Porém,
não permite a troca de lentes e seus sensores têm uma
qualidade inferior em situações mais críticas, como
pouca luz.
Qualidade: Média (não se comporta muito bem com
pouca luz.)
Troca as lentes? Não, mas possui uma só lente bem
versátil com bastante zoom.
Controle das configurações? Sim.
Portabilidade: Não é muito portátil.
DSLR
As câmeras digital single lens reflex são câmeras que
permitem controle totalmente manual. Dentre elas,
existem desde opções de entrada (mais baratas e
menores) até opções full frame (que têm sensores
16 maiores e com mais qualidade.) Vou falar mais sobre
sensores e suas diferenças nos próximos tópicos.
São as câmeras mais usadas por profissionais, pelo
menos até a popularização das mirrorless, por permitir
total controle de configurações, boa usabilidade do
equipamento e várias opções de lentes intercambiáveis.
Sua principal desvantagem é o tamanho e o peso,
principalmente quando temos um kit com várias lentes
para carregar nas costas.
Qualidade: Superior.
Troca as lentes? Sim.
Controle das configurações? Sim.
Portabilidade: A câmera e as lentes são pesadas e
volumosas.
Mirrorless
As mirrorless são câmeras do tamanho de compactas,
mas com qualidade superior. Ao contrário das câmeras
DSLR, elas não possuem um dispositivo ótico (com
espelho e prisma), por isso são tão pequenas.
Embora seja uma tecnologia nova, muitas pessoas já as
utilizam profissionalmente. Sua maior vantagem é ter
uma qualidade comparável à das câmeras maiores, mas
em um tamanho reduzido. Isso pode ser um problema
para quem se acostumou à forma de segurar as
câmeras maiores e também para quem gosta do visor
ótico.
Qualidade: Superior.
Troca as lentes? Sim.
Controle das configurações? Sim.
Portabilidade: Super portátil.
Dica
As DSLR são câmeras
rápidas e de corpo robusto.
O atraso entre o clique e a
foto é quase imperceptível;
é possível tirar várias fotos
sequenciais; e aguentam
mais chuva e pancadas do
que câmeras mais leves
– essencial para quem
fotografa diariamente ou
em situações de risco.
Dica
Profissionais gostam
muito das mirrorless
para fotos em que uma
câmera muito grande pode
chamar atenção ou inibir
as pessoas, como fotos
urbanas e retratos.
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Médio formato
São câmeras que usam sensores muito grandes,
oferecendo qualidade superior de imagem. Seus preços
são a partir dos milhares de dólares. Se você está
começando na fotografia e pensando em qual câmera
comprar, provavelmente essa opção é muita areia pro
seu caminhãozinho.
prisma
sensor
DSLR
Diferença entre DSLR e Mirrorless
DSLR
mirrorless
na hora do clique o espelho sobe...
...e o sensor
registra a foto.
espelho
18 Para começar a fotografar com mais controle
Dentre todas essas opções, sugiro que você comece com qualquer uma que permita
controle das configurações (bridge, DSLR ou mirrorless).
Se escolher uma câmera que permite a troca de lentes, procure começar usando
somente a lente que veio com a câmera. Depois de alguns meses fotografando, você
vai aprendendo o que mais gosta de fotografar, e saberá escolher melhor qual lente
usar em seguida. Acredita em mim: é inútil ter várias lentes. Uma ou duas dão conta.
Termos utilizados
Neste livro e em outros materiais sobre fotografia, você vai encontrar alguns termos
sendo utilizados o tempo todo. Para compreender as lições, vou contar quais utilizo e
seus significados:
Lente ou objetiva?
Objetiva é o termo mais preciso para designar o conjunto de lentes que fica
em frente ao corpo da câmera. Mas o nome lente é utilizado mais frequente e
coloquialmente entre nós, aqui no Brasil, e será o termo que vou usar neste livro.
Digital ou filme?
Ao contrário do método químico, a fotografia digital utiliza um sensor ao invés de
um filme. O método digital é atualmente o mais usado e, portanto, para não deixar
as frases muito compridas, não vou usar termos como filme ou revelação. Sempre
que eu falar em “expor o sensor” considere que isso vale também para “expor o filme”.
Idem para todos os termos exclusivamente digitais utilizados ao longo do livro.
Pós-produção, edição ou manipulação?
O ato de transformar um filme em uma fotografia se chama revelação. Mas a
fotografia digital trouxe novos termos para tudo que fazemos entre o bater a foto e
a fotografia pronta. Pode ser edição, pode ser manipulação, pode ser até photoshopar.
Roubei o termo pós-produção da área de filmagem pois ele engloba tudo que
acontece depois da produção da imagem em si, e parece o termo mais democrático.
Assim, dividimos a criação de uma fotografia em três etapas: pré produção, produção
e pós-produção.
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A pré produção de um retrato pode envolver a escolha da locação e a organização
das luzes. A produção deste retrato envolve desde a medição da luz na hora do
clique até a direção da pessoa. A pós-produção é tudo que vem depois: seja baixar
no computador e enviar direto pra cliente ou passar dias manipulando a imagem em
programas de edição.
Assunto
Pode-se fotografar um objeto, uma pessoa, um animal, um prato de comida. Para
simplificar, chamo tudo que podemos fotografar de “assunto”. É só uma palavra mais
curta para “a coisa que está na frente da câmera”.
Marcas
Ao citar algumas configurações epecíficas, mostrarei exemplos usando as duas
marcas mais usadas de câmeras: Canon e Nikon. É claro que você pode usar qualquer
outra marca. É tudo bastante parecido, na prática, mas é bom ter o seu manual ao
lado para checar se houver dúvidas.
O que são pixels e resolução?
Na fotografia digital, as fotos são formadas por pixels.
E os pixels, por sua vez, são os pontinhos que formam
as imagens no nosso computador. Cada pixel tem cor
e luminosidade próprias. Juntando milhares de pixels
bem pequenininhos, um ao lado do outro, uma foto é
formada.
1 pixel.
20 A resolução é a quantidade de pixels existentes em
uma foto. Uma foto com baixa resolução é uma foto
com poucos pixels e uma foto com alta resolução é
uma foto com mais pixels.
Imagens que são mostradas em uma tela têm uma
resolução menor do que imagens impressas no papel,
pois os pontinhos que formam cada pixel no monitor
ocupam mais espaço do que os pontinhos que formam
uma imagem impressa. Se você chegar bem pertinho
do seu monitor conseguirá ver cada pontinho de luz,
mas se tentar fazer o mesmo em uma foto impressa,
será impossível. Por isso, uma foto para a internet
não precisa de tanta resolução quanto uma foto para
impressão. O padrão é considerar que uma tela tem 72
pixels por polegada, enquanto o papel tem 300 pixels
por polegada.
Ou seja: se você coloca 72 pixels por polegada em uma impressão no papel, a foto
vai ficar com pouca qualidade, pois os pontinhos ficarão visíveis.
aqui no papel impresso
tem 300 pixels.aqui no monitor
tem 72 pixels.
Dica
Ao comprar uma câmera,
encontramos a quantidade
de megapixels (MP) nas
suas especificações. Esta é
a quantidade de pontinhos
que uma foto tirada por
esta câmera tem. Um MP é
formado por um milhão de
pixels, então uma câmera
de 15MP cria imagens com
15 milhões de pontinhos,
um ao lado do outro!
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21
O mito dos megapixels
Sempre que fotografo em algum local com muita gente,
alguém olha para minha câmera enorme e pergunta,
com os olhinhos brilhando: “Uau, que câmera, hein?
Quantos megapixels ela tem?
Acho que quem pergunta isso espera que eu diga algo
incrível como "ahhh, tem um trilhão de megapixels!"
Olhinhos param de brilhar quando eu respondo que a
minha câmera tem tantos megapixels quanto muitas
câmeras amadoras por aí.
A confusão acontece pois os megapixels foram a
medida escolhida pela indústria das câmeras amadoras
como um ponto importante de venda. Fica implícito que
quanto mais megapixels, melhor a qualidade da foto!
essas duas fotos têm a mesma quantidade de pixels, mas a foto da direita, feita com um sensor pior, tem menor definição e qualidade.
Dica
Acredite: muitas
profissionais nem lembram
quantos megapixels suas
câmeras possuem, de
tão irrelevante que essa
informação é na prática.
22
Para quem está começando a fotografar a sério, a
escolha normalmente vai ficar entre o sensor full frame
e o APS-C.
A verdade é que esse número não faz tanta diferença
assim. Os megapixels são, somente, o tamanho da foto.
O que realmente faz diferença na qualidade de
imagem de uma câmera é o sensor – aquela plaquinha
eletrônica que substituiu o filme. Sensores maiores e
melhores criam fotos que reproduzem a realidade com
mais nitidez e qualidade.
Uma câmera que tenha 40 megapixels e um sensor
ruim vai resultar em arquivos enormes, mas com baixa
qualidade. Uma câmera com 8 megapixels e sensor
bom vai resultar em arquivos menores, mas com
qualidade superior.
Sensor: suas características e tamanhos
Existem diversos tipos de sensores usados na indústria da fotografia, mas a
informação que mais interessa para quem está começando é saber seu tamanho. As
câmeras mirrorless e DSLR são divididas comumente entre câmeras com sensores
full frame ou APS-C.
Full frame é o nome dado aos sensores que têm um tamanho próximo ao do filme
35mm, ou seja, por volta de 35x24mm.
APS-C é o nome dado aos sensores que são um pouco menores, e embora o tamanho
exato mude de acordo com o fabricante, normalmente fica próximo de 23x15mm.
Dica
Outros fatores que
contribuem para a
qualidade de uma foto são
a lente utilizada e o uso da
luz (falaremos sobre elas
mais tarde).
Existem também tamanhos maiores do que o filme
35mm (como o médio formato, de 50x39mm), ou
menores (como os usados em câmeras compactas e
celulares.)
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23
médio formato
full frame = filme 35mm
APS-C
compactas
tamanhos de sensores
Qual sensor escolher?
Agora que sabemos da importância do sensor, é
possível supor que o sensor full frame é melhor.
Porém, um sensor APS-C tem algumas vantagens
que compensam a qualidade ligeiramente inferior:
a primeira é o preço. Não só as câmeras full frame
são muito mais caras, mas seus acessórios também.
Além disso, sensores maiores costumam vir em corpos
maiores e mais pesados. Até mesmo profissionais usam
as APS-C pelo seu custo/benefício. Se você não vai
fotografar em situações muito críticas de luminosidade
ou não precisa ampliar suas fotos em tamanhos
enormes, as APS-C com certeza oferecem qualidade
suficiente.
Qual lente escolher?
Depois de escolher a sua câmera, será a hora de escolher a sua lente. Ao fazer
uma pesquisa rápida você vai se deparar com nomes compridos e cheios de siglas.
Apavorante!
E aí, será que vou de EF-S 18-55mm f/3.5-5.6 IS STM ou a AF-S DX 16-85mm VR
f/3.5-5.6G IF-ED?
Não se preocupe: rapidamente você saberá decodificar cada sigla!
24
Distância focal: os milímetros
Sempre que você encontrar uma medida em milímetros
(como 50mm), essa será a distância focal da lente.
A distância focal nos diz o ângulo que a lente consegue
nos mostrar. Quando o número é menor, como 10mm, a
lente conseguirá nos mostrar um ângulo bem grande.
Quando o número é maior, como 200mm, a lente
mostrará um ângulo mais fechado.
10mm 50mm 200mm
Compatibilidade de lentes
Em relação ao tamanho do sensor, podemos dividir as
lentes em dois tipos: aquelas que funcionam em todas
as câmeras, e aquelas que só funcionam nas câmeras
APS-C1.
Esse é outro ponto importante na hora de escolher
o tamanho do seu sensor: lentes específicas para
sensores APS-C costumam ser mais baratas que lentes
tradicionais (apêndice 1: fator de corte).
Dica
As lentes feitas
especialmente para
sensores menores
(APS-C) possuem uma
nomenclatura própria: para
Canon são as lentes EF-S,
e para Nikon são as lentes
DX.
1 A compatibilidade de lentes e câmeras pode também depender de outros fatores. Leia o manual da sua câmera para saber exatamente quais lentes são compatíveis.
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25
Veja no exemplo ao
lado cinco fotos em que
eu estava exatamente
na mesma posição,
mas usando lentes
com distâncias focais
diferentes.
A lente que possui
um ângulo de visão
considerado normal
é a 50mm. Lentes
com distâncias focais
menores do que 50mm
são chamadas de
grande-angulares e
lentes com distâncias
maiores são chamadas de
teleobjetivas.
Ao olhar pelo visor
usando uma lente 50mm,
você verá mais ou menos
a mesma coisa que está
vendo a olho nu. As
lentes grande-angulares
encaixam mais coisas no
quadro: ao olhar através
da câmera tudo parecerá
um pouco menor do
que pareceria só com
seus olhos. As lentes
teleobjetivas aproximam
tudo: as coisas ficam
aparentemente maior do
que você estaria vendo
normalmente.
10mm
50mm
70mm
100mm
200mm
26 Se você está começando a fotografar agora, sugiro usar uma lente de distância focal
normal, como a 50mm, para se adaptar ao novo equipamento. Depois, poderá investir
em outras lentes mais adequadas às suas novas necessidades.
Abertura: o valor f
Iremos falar mais sobre a abertura no capítulo 2, dedicado à técnica básica. Por
enquanto, é interessante você saber que o número que vem depois de f/ representa
o máximo de luz que a lente deixa entrar. Números menores (como 1.8) pertencem a
lentes que permitem mais entrada de luz. Números maiores (como 5.6) pertencem a
lentes que permitem menos entrada de luz.
18 22 35 55
ON
OFF
18-55mm
18 24 35 55
ON
OFF
18-55mm
anel de zoom
Fixa vs zoom
Às vezes, você encontrará lentes com uma só distância focal, como a 50mm, e às
vezes encontrará lentes com duas, como a 18-55mm. A 50mm é uma lente fixa, e a
18-55mm é uma lente zoom.
As lentes zoom possuem um intervalo inteiro de distâncias focais. Ao usar a 18-
55mm, você tem ao mesmo tempo uma lente 18mm, 19mm, 20mm, etc, até chegar
em 55mm. É só girar o anel de zoom na lente e você conseguirá ângulos diferentes
sem precisar mudar de lugar.
Já as lentes fixas possuem somente uma distância focal. Se você quer dar zoom
usando uma 50mm, terá que dar um passinho pra frente!
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27
Além dessa abertura máxima, as lentes também
possuem uma abertura mínima. Este número não
aparece no nome, mas em lentes tradicionais para
DSLR ele normalmente fica entre f/22 e f/32.
abertura grande f/2.abertura média f/8.
abertura pequena f/22.
Estabilizador: IS ou VR
Algumas lentes possuem um mecanismo que ajuda a estabilizar pequenos tremores
da câmera durante as fotos. Esse mecanismo é o estabilizador de imagem: uma das
partes óticas móveis da lente fica se movendo dentro dela, compensando assim os
pequenos movimentos que fazemos ao segurar câmera e lentes mais pesadas. O
estabilizador ajuda a evitar fotos borradas por causa do balanço das nossas mãos.
Porém, um erro comum é achar que o estabilizador ajuda a fotografar assuntos em
movimento. Não é bem assim: o estabilizador ajuda a neutralizar o movimento da
pessoa que está segurando a câmera, não da que está sendo fotografada.
A sigla da Canon é IS e a da Nikon é VR. Se a sigla não aparece no nome da lente, é
porque ela não possui esta tecnologia.
Dica
As lentes que permitem
mais entrada de luz são
chamadas carinhosamente
de lentes claras, e seus
preços são os mais
salgadinhos. Elas são bem
úteis em situações de
pouca luz.
Em lentes zoom, você pode encontrar dois valores para
f. Por exemplo: 18-55mm f/3.5-5.6. Isso quer dizer que
a abertura muda de acordo com a distância focal. Em
18mm, a lente tem abertura máxima de 3.5. Em 55mm,
ela tem abertura máxima de 5.6.
28 Outras siglas comuns
Lentes feitas para câmeras com sensores APS-C possuem siglas correspondentes (EF-
S para Canon, DX para Nikon.) Lentes da série luxo da Canon, de qualidade superior,
possuem a letra L. As características e tecnologias usadas nas lentes também
possuem siglas próprias (como USM para foco ultrasônico da Canon, ou AF-S para
as lentes com motor de foco embutido da Nikon.) Você também vai encontrar lentes
denominadas Macro ou Micro, que são aquelas que permitem fotos de objetos bem
próximos.
Essas siglas são diferentes de acordo com os fabricantes, e encontram-se
especificadas nas descrições das lentes. Ou seja: você não precisa conhecer todas
de antemão. De início, as informações mais importantes são a distância focal e a
abertura. O restante você pode analisar caso a caso.
Qualidade das lentes
Suas lentes serão suas amigas por muito mais tempo do que seu computador, sua
câmera ou seu aplicativo de edição. Elas são o melhor investimento que se pode
fazer. A qualidade da lente é vista nos materiais utilizados na sua montagem e na sua
precisão ao reproduzir a luz refletida. Lentes melhores fazem fotos mais nítidas, com
cores mais reais e com menos aberrações.
Muitas vezes, as melhores lentes são mais caras que nossas câmeras! Mas, sendo
bem cuidadas, podem durar a vida inteira.
aberrações de cores são comuns em lentes de menor qualidade.
o eq
uip
amen
to d
igit
al
29
Lentes adequadas para cada tipo de foto
É possível fotografar todo tipo de assunto com todo tipo de lente. Mas, para quem
está começando, é interessante conhecer as sugestões mais tradicionais:
70mm
10mm
lentes grande-angulares
distorcem as bordas da
imagem e não são muito
adequadas para retratos
tradicionais.
Retratos
Lentes normais ou
teleobjetivas (entre
50mm e 100mm) são
consideradas as mais
adequadas para retratos
tradicionais, pois
garantem que não iremos
distorcer o rosto ou o
corpo de quem estamos
fotografando.
30
o fundo desfocado dá
toda a atenção para o que
interessa na foto: a pessoa!
Além disso, lentes com aberturas maiores (como f/1.4
ou f/1.8) também são indicadas pois desfocam bem o
fundo.
1. aline
o eq
uip
amen
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igit
al
31
Paisagens e ambientes internos
Fotos de arquitetura, paisagens e ambientes internos são algumas das situações que
pedem lentes grande-angulares. Essas lentes permitem incluir vários elementos na
cena.
Dentro das grande-
angulares existe uma
subcategoria chamada
olho de peixe. Lentes
olho de peixe oferecem
um ângulo ainda maior
de visão, mas com uma
distorção bem grande.
Essa distorção deve ser
usada com cuidado para
que o efeito não vire
defeito ou lugar comum.
a lente olho de peixe
cria uma grand
e
distorção na imagem.
2. li
ma,
peru
3. m
anau
s/AM
32
uma foto da lua com uma 50mm
não mostra muita coisa...
Astronomia, esportes e animais selvagens
Lentes super teleobjetivas (acima de 200mm) são bastante indicadas para tudo
que está bem longe. Essas são aquelas lentes que parecem uma bazuca, usadas por
fotógrafas no campo de futebol. Para fotografar a lua, esportes, pássaros e leões, o
ideal é apostar em uma dessas.
enquanto usando uma 300mm já é possível ver mais detalhes.4.
foto
da
lua
com
um
a 50
mm
5. fo
to d
a lu
a co
m u
ma
300
mm
o eq
uip
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to d
igit
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33
Coisas pequenininhas
Ao contrário da lente anterior, indicada para fotografar
o que está longe, as lentes macro são usadas para
fotografar bem de pertinho. Essas são as lentes usadas
para criar imagens de insetos, flores e outras miudezas.
lentes macro ou micro permitem fotos bem de pertinho.
Eventos
O tipo de lente usada para eventos depende do nosso
estilo. Tem gente que gosta da versatilidade das lentes
zoom, tem gente que gosta de trabalhar com grande-
angulares e outras que preferem ficar nas lentes
normais.
34
dentro de um
a igreja, a
luz normalmente é
bem
limitada. ajuda
ter uma
lente que con
siga captar
bastante luz.
Formatos de arquivo
Existem vários formatos de arquivo digital para nossas imagens. Você provavelmente
conhece o JPG, que é o padrão na maioria das câmeras e celulares. Porém, além
dele, você vai gostar de conhecer também um formato que permite mais qualidade
e controle sobre sua foto. Este formato é chamado de arquivo RAW. Ao usar uma
câmera mais avançada, você normalmente terá a opção de escolher entre os dois.
Uma coisa é certa: para
eventos, ajuda muito
ter uma lente com um
valor f baixo (f/1.4, f/1.8,
f/2.8), para conseguir
captar melhor a luz.
Eventos muitas vezes têm
iluminação imprevisível
ou discreta, para criar um
clima gostoso.
6. casamento
o eq
uip
amen
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igit
al
35
QUALIDADE
RAW
JPG
Para fazer uma foto, a
imagem registrada no
sensor é interpretada por
um pequeno computador
que fica dentro da
câmera. Depois de
interpretar a imagem, esse
computadorzinho grava as
informações no cartão de
memória.
A diferença entre o formato RAW e o formato JPG é que o formato RAW grava tudo
que a câmera viu, enquanto o JPG tem uma outra etapa: antes de gravar no cartão
de memória, a câmera interpreta as informações e comprime tudo em um arquivo
menor.
Logo, o arquivo RAW
nos permite a liberdade
de processarmos e
interpretarmos a imagem
nós mesmas, enquanto
o arquivo JPG já sai
processado e interpretado
pela câmera.
Uma analogia interessante é considerar que o arquivo RAW é como o filme e o
arquivo JPG é como a ampliação. Ou seja: o arquivo RAW ainda não é uma foto
pronta! Você não poderá postar uma foto em RAW no seu blog: antes será preciso
revelar a foto usando um aplicativo no seu computador, como o Photoshop ou o
Lightroom.
Usamos o formato RAW para manter todas as informações da imagem que foram
capturadas pela câmera. Assim conseguimos, por exemplo, editá-la no Photoshop ou
no Lightroom tendo mais controle sobre a qualidade e recuperando informações que,
no arquivo JPG, teriam sido jogadas fora para economizar espaço.
36 A desvantagem do arquivo RAW é que, além de ocupar bem mais espaço no nosso
computador (os arquivos podem ter 3x o tamanho de um arquivo JPG), ele precisa
ser processado. Como não é uma foto pronta, você precisará abrir o arquivo em um
aplicativo de pós-produção e, para imprimir ou postar na internet, será necessário
salvar uma cópia em um formato mais amigável (como o próprio JPG.)
Acessórios
Bons cartões de memória, baterias e acessórios para limpeza do equipamento estão
sempre presentes na mala de equipamentos de quem fotografa.
impressãoblogetc.
impressãoblogetc.
Quando comprei minha
primeira câmera digital,
perguntei para um
fotógrafo que admiro
muito o que eu poderia
fazer para conseguir fotos
melhores tendo uma
câmera que não era top
de linha. Ele me disse:
fotografe em RAW. Sua
câmera pode não ser a
melhor, mas fotografando
em RAW você terá o
melhor que ela pode te
oferecer.
Dica
Use um leitor de cartão
de memória para baixar
as fotos. Ligar a câmera
direto no seu computador
com um cabo USB é um
péssimo método: se a
bateria acabar no meio da
transferência, os arquivos
podem ser corrompidos.
Cartões de memória
Existem vários tipos de cartão de memória, e você deve
checar com cuidado qual o tipo que sua câmera utiliza
antes de comprar um novo. Hoje, a maioria das câmeras
modernas utiliza os cartões CF (Compact Flash) ou SD
(Secure Digital).
o eq
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37
Lembre-se que suas fotos ficarão guardadas neste
cartão. Por isso, compre cartões de qualidade. Esses
cartões podem custar um pouco caro, mas valem o
investimento (a dica de comprar usados vale aqui
também). Fazer lindas fotos e depois ter os dados do
cartão de memória corrompidos não é nada legal!
A capacidade do seu cartão é o que define a quantidade
de fotos que cabem nele. Um cartão de 64GB, por
exemplo, pode armazenar mais de mil fotos RAW de
uma câmera de 16MP.2
Se você quer fazer várias fotos sequenciais ou gravar
vídeo, é interessante checar a velocidade de gravação
do seu cartão. A velocidade do cartão é identificada
em megabytes por segundo (como 50MB/s) ou em um
múltiplo de 150kB/s (como 300x, que seriam quase os
mesmos 50MB/s do exemplo anterior.) Ou seja: usando
um cartão de velocidade 50MB/s ou 300x sua foto
levará meio segundo para ser gravada e, mesmo que
sua câmera fotografe 5 fotos por segundo, o cartão não
conseguirá aguentar o tranco.
Dica
Para evitar perder fotos
importantes, muitas
pessoas gostam de
ter vários cartões de
capacidade menor, ao invés
de ter um só cartão de
muita capacidade. Assim,
você espalha fotos por
vários cartões ao invés de
depender de somente um,
que você pode perder em
um acidente ou por azar
mesmo. Ao invés de ter
um só cartão de 32Gb, é
possível espalhar as fotos
em 4 cartões de 8Gb.
2 A quantidade de fotos que cabem no seu cartão depende do formato escolhido (RAW ou JPG) e da resolução da sua câmera. Faça o cálculo checando o tamanho médio dos seus arquivos e dividindo o tamanho do cartão por este valor.
Baterias
Dependemos de uma fonte de energia para fotografar
digitalmente. Por isso:
Tenha mais de uma bateria: Além da bateria que
veio com a câmera, tenha pelo menos uma extra.
Dependendo do tipo de trabalho que você faz, é bom
ter várias!
38 Use originais: Pague mais caro nas baterias originais da sua marca. As genéricas não
valem o desconto. Lembre-se que você depende totalmente da bateria. Se ela te
deixar na mão, não há o que fazer.
Carregue a bateria somente quando for usá-la: Mesmo guardada, a bateria
descarrega. O ideal é carregá-la somente no dia do uso para aproveitar ao máximo
sua capacidade.
Guarde-a fora da câmera: Mesmo com a câmera desligada, a bateria solta energia. Só
coloque a bateria na hora de usar.
Acessórios de limpeza
Para evitar manchas nas suas fotos, é importante
manter seus equipamentos limpos. A limpeza pode
ser feita com acessórios especializados. Para limpar
lentes, use um pincel para tirar os resíduos (deixe a
lente de cabeça para baixo) e uma flanelinha para
tirar manchas de gordura, como quando colocamos
o dedão na lente. O sensor também precisa estar
limpo, e muitas impurezas podem grudar nele
quando você troca de lentes. Embora existam
acessórios para isso, é melhor levar em uma
assistência técnica caso não tenha experiência em
manuseá-lo.
Filtros
Filtros são acessórios óticos colocados em frente à lente para correção ou criação
de efeitos. Existem dois tipos de filtros: os circulares e os quadrados. Os circulares
funcionam rosqueando o filtro diretamente na lente. Os quadrados são encaixados
em um suporte rosqueado na lente.
filtro quadrado filtro circular
o eq
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39
Hoje em dia, os filtros que criam efeitos (como colorir uma parte da foto) estão sendo
aposentados, pois muitas vezes é mais prático recriar este efeito na pós-produção
sem perder nenhuma qualidade.
Os filtros que ainda continuam sendo úteis são aqueles que fazem o que não dá pra
fazer depois, como lidar com a iluminação.
Três desses filtros são muito conhecidos: o filtro polarizador, o filtro de densidade neutra e o filtro graduado de densidade neutra.
O filtro polarizador é o queridinho da maioria das
fotógrafas de paisagens. Sua principal função é filtrar
a luz polarizada do céu: isso quer dizer que usando
este filtro você consegue um céu mais azul e com mais
contraste em relação às nuvens. Esse filtro também
elimina reflexos em superfícies não metálicas, como
água e vidro.sem o filtro, n
ossas
pedras ficam cheias
de reflexo e o céu
menos azul.7. rio de janeiro/RJ
40
O filtro de densidade neutra
só faz uma coisa: deixa passar
menos luz para a câmera! Parece
estranho, ainda mais depois
que aprendemos que as lentes
que deixam passar mais luz
são consideradas melhores. Se
pagamos tão caro para conseguir
o máximo de luz, por que usar um
filtro que deixa passar menos luz?
Este filtro é usado em situações
bem específicas, principalmente
nas fotos de paisagens, em que
as configurações pedem menos
luz. No capítulo 4, sobre fotos de
paisagens, vamos falar mais sobre
essas situações.
O filtro graduado de densidade neutra também
deixa passar menos luz para a lente, mas somente
em uma metade do quadro. Esse filtro é útil quando
estamos fazendo uma foto em que uma parte da cena
está muito mais clara do que a outra. Isso acontece
bastante quando estamos fazendo uma foto que
possui um céu claro.
filtros podem ter borda suave, dura (mais claros ou mais escuros) e podem até mesmo ser coloridos.
às vezes
precisamos de
menos luz para
fazer uma foto
como essa.
8. keukenhof, holanda
o eq
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41
na foto sem o filtro graduado de densidade
neutra, o céu fica muito claro.
Se configurarmos a câmera para mostrar direitinho o céu, pode acontecer da
paisagem ficar muito escura. Se configurarmos a câmera para mostrar direitinho
o paisagem, o céu pode ficar muito claro. Esse filtro resolve este problema,
equilibrando as duas partes:
quando colocamos o filtro, o céu volta a aparecer.
9. ri
o de
jane
iro/R
J
42 Seu laboratório
Hoje, para felicidade de pais, mães, e cônjuges, não
precisamos mais dedicar o banheiro da nossa casa para
montar um laboratório fotográfico!
Mas ainda é necessário pós-processar nossas fotos,
assim como fazia-se antigamente. Mesmo que você
não goste de manipular suas fotos até que fiquem
irreconhecíveis, vai ser necessário prepará-las de forma
adequada para publicar no seu blog ou para mandar
para a impressão.
A primeira coisa que você vai precisar é de um computador. As configurações ideais
mudam a cada dia, e em seis meses tudo que eu indicar hoje já estará ultrapassado.
Mas não se preocupe: qualquer computador pessoal servirá para começar a treinar.
HD’s externos
monitor IPS
Dica
PC ou Mac? A marca e o
sistema operacional do seu
computador são totalmente
irrelevantes. Como sempre,
minha dica principal é:
independente se você vai
de PC ou Mac, compre um
computador usado e o
custo/benefício será muito
maior.
Talvez mais importante que um bom computador é um
bom monitor. Hoje, os monitores LCD de painel IPS são
os mais indicados por possuírem melhor reprodução de
cores e contraste. Confira a tecnologia utilizada no seu
antes de comprar (apêndice 3: tipos de monitores).
Em seu computador será necessário um aplicativo para
gerenciar e editar suas fotos. Dentre os aplicativos
amadores, estão o Photos (para Mac), o Picasa (com
download grátis, para Mac e Windows) e o Shotwell
(com download grátis, para Linux.)
Os aplicativos mais utilizados por profissionais são o
Photoshop e o Lightroom, da Adobe. Eles são usados
para editar fotos e prepará-las para imprimir ou
publicar na internet. O Lightroom também permite
gerenciar e organizar os arquivos.
Procure por tutoriais na internet e você conseguirá
aprender a mexer no seu aplicativo de escolha
rapidamente.
o eq
uip
amen
to d
igit
al
43
Outro acessório que mais cedo ou mais tarde você
pode precisar é um ou mais discos rígidos externos.
Se você pretende tirar muitas fotos é preciso se
preparar para armazenar muitos e muitos bytes. Se o
orçamento permitir use uma tecnologia de transmissão
de dados rápida, para poder gerenciar e editar as fotos
diretamente do HD externo, como USB 3.0, Firewire ou
Thunderbolt.
Backup: não deixe para amanhã
Fotos digitais são muito fáceis de perder: é só acontecer uma pane no seu
computador e você não conseguirá recuperá-las. E uma pane no computador não
é uma possibilidade remota: todas essas tecnologias nas quais depositamos toda
nossa vida e confiança vão nos deixar na mão mais cedo ou mais tarde. É impossível
dizer se seu computador vai falhar hoje ou em dez anos, mas acredite em mim: um
dia, vai acontecer! E, além das panes tecnológicas, ainda podemos sofrer outros
tipos de intempéries como assaltos, incêndios ou crianças que colocam coisas no
microondas.
Faça cópias das suas imagens o quanto antes. Fotos não podem ser repetidas. Perder
fotos pessoais pode ser muito triste, mas perder as fotos daquele casamento que
você fotografou é uma maldade e falta de respeito por quem te contratou.
Os melhores métodos de backup
Existem duas formas de guardar suas fotos: localmente e remotamente. Um exemplo
de backup local é o HD externo que você conecta no seu computador e fica na sua
casa ou escritório. Um exemplo de backup remoto são os sites especializados que
permitem backup pela internet: neste caso, seus arquivos ficam não só na sua casa
ou escritório, mas também nos servidores destes sites.
O ideal é você usar ao menos dois métodos de backup: um local e um remoto. Assim,
em caso de roubo ou incêndio, por exemplo, seus arquivos ainda estarão a salvo em
outro espaço físico.
44
HD’s externos CD’s, DVD’s,pendrives
nuvem(servidores online)
Backups locais
HDs externos são ótimas opções para fazer cópias dos seus arquivos. Se você quiser
segurança reforçada, procure por sistemas RAID. Esses sistemas possuem mais de
um HD externo no mesmo conjunto, e guardam os arquivos de forma redundante (ou
seja, se um dos HDs do conjunto falhar, você ainda tem uma cópia em outro.)
Outras formas de backup local são mídias óticas (como CDs ou DVDs), pendrives e o
Time Capsule, da Apple.
Backups remotos
Você pode fazer backup das suas fotos e levar o HD para a casa da sua mãe, mas
isso talvez não seja tão prático. Uma boa opção para backups remotos é enviar
seus arquivos para a nuvem. Alguns serviços como o Backblaze e o Crashplan são
conhecidos por permitirem um backup online contínuo dos seus arquivos (inclusive
aqueles que estão em HDs externos) e por terem um bom custo/benefício.
O método infalível
Em cinquenta anos as únicas fotos que irão ter sobrado de hoje, provavelmente,
serão as que estão no bom e velho papel. Quer usar um método infalível de
backup? Imprima suas fotos e guarde com carinho. Esse é o único método que
comprovadamente funciona desde que a fotografia foi inventada.
o eq
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igit
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45
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a técnica2
48 Técnica básica
A busca pela foto bem exposta
Neste capítulo dedicado à técnica, vou falar sobre luz, botões, configurações e
números. Prometo que será menos chato do que parece!
Ao falar sobre luz, usarei bastante o termo foto bem exposta. Mas o que é isso?
Um foto bem exposta quer dizer, simplesmente, uma foto com a
luz adequada. Sabe quando você olha uma foto e ela está muito
escura? É um problema de exposição. Sabe quando você olha uma
foto e ela está muito clara? De novo, um problema de exposição.
Chamamos uma foto que ficou mais clara do que deveria de
superexposta, e uma foto que ficou mais escura do que deveria de
subexposta.
foto bem exposta.
10. p
aque
tá/R
J
49
a té
cnic
a
foto
superexposta.
foto
subexposta.
50
Tecnicamente, buscamos
fazer uma foto com
exposição adequada:
a exposição que deixa
a foto do jeito que
planejamos.
Uma foto escura pode estar bem exposta? Pode. O problema é se ela está escura
quando não deveria estar! Subexposta não quer dizer escura, e sim com menos luz
do que queríamos. Superexposta não quer dizer clara, e sim com mais luz do que
queríamos.
esta foto tem uma
luminosidade média. ela é
considerada bem exposta.
esta foto está clara, mas esse era o objetivo. ela é considerada bem exposta.
esta foto está escura, m
as
esse era o objetivo. ela é
considerada bem exposta.
11. s
il12
. fer
nand
a13
. par
aty/
RJ
51
a té
cnic
a
Leia a @#$%& do manual
Este livro pretende ser um guia para quem está
começando a se aventurar na fotografia com câmeras
que possuem mais funções e permitem mais controle.
As configurações normalmente possuem os mesmos
nomes, mas a localização dos botões e dos menus
muda de modelo para modelo, de fabricante para
fabricante, e de época para época. É essencial que
você entenda o seu próprio equipamento e saiba quais
botões fazem o quê.
Para isso, é indispensável ler o manual. Inteirinho.
Várias vezes. Leia sobre cada função e pratique uma a
uma. Só volte aqui depois de ler tudo!
Sugiro um
exercício: por
padrão, sempre
que você tira uma
foto a câmera
mostra o resultado
no LCD. Procure
no seu manual
como desligar
essa visualização
automática.
Os modos da câmera
Neste livro, vamos fotografar usando o modo manual. Neste modo, todas as
configurações são definidas por nós. Ele é representado usando a letra M.
Existem também modos semiautomáticos (em que você decide algumas
configurações e a câmera decide outras) e modos totalmente automáticos (em que a
câmera decide tudo.)
É muito importante conhecermos cada configuração e sabermos lidar com as
câmeras manualmente antes de conhecermos atalhos. E é por isso que iremos usar o
modo M.
52 Porém, na vida real, nem sempre é o modo que utilizamos. Não acredite quando
alguém falar que fotógrafas de verdade só usam o modo manual. Isso é besteira.
Primeiro, quem decide quem é fotógrafa de verdade? É quem ganha dinheiro com
fotografia? É quem tem exposições em museus? É quem ganha mais curtidas e
compartilhamentos? Não existe fotógrafa de verdade, existe aquela que consegue
registrar uma foto do jeito que gostaria, usando as ferramentas disponíveis.
A sua câmera consegue fazer bastante coisa sozinha. E, muitas vezes, ela faz isso
mais rápido e de forma mais precisa que você. Usando o modo manual ou não, o
importante é ter controle sobre o resultado.
A luz e a fotografia
Nosso olho e nossa câmera trabalham de forma parecida: absorvendo a luz que
reflete nos objetos e transformando em imagens.
Vamos relembrar como funciona nosso olho? De forma bem simplificada podemos
dizer que os raios de luz refletidos nos objetos passam pela córnea e pelo cristalino,
que focaliza esses raios na retina. A córnea tem um formato convexo, fazendo com
que os raios de luz se concentrem na retina. A retina, por sua vez, é um conjunto de
células que são sensíveis à luz. Ela transforma essa luz em informação e envia uma
reprodução da imagem que está na nossa frente para o cérebro.
A fotografia usa este mesmo conceito: ao invés de uma pessoa, estamos falando de
uma câmera. Ao invés da córnea e do cristalino, temos lentes. Ao invés da retina,
temos um sensor. Ao invés do cérebro, temos um processador de dados e um cartão
de memória!
pupila
retina
cristalinocórnea
sensor
lentes
diafragma
olho humano câmera
53
a té
cnic
a
Nossas câmeras fotográficas se comportam assim como
nossos olhos. Quando usamos uma câmera totalmente
automática, como a câmera do celular, ela tenta formar
uma imagem nítida sozinha. Ao usar uma câmera
manual, temos controle sobre cada etapa, definindo
como a luz chegará no sensor.
Para criar uma foto bem exposta, medimos a luz e
depois definimos as configurações ideais para usar na
câmera.
Como medir a luz?
Fotometria é a medição da luz. Quando digo que estou
fotometrando, isso quer dizer que estou medindo a luz.
Mas o que é medir luz? Como vou fazer isso? Preciso
saber alguma unidade de luz? Vou precisar fazer
cálculos matemáticos pra fotografar?
São perguntas importantes, mas não se preocupe. Medir
a luz para uma fotografia é muito fácil. Não é preciso
fazer muitos cálculos: existe um amigo chamado
fotômetro que vai medir a luz e nos contar se a foto
está bem exposta!
Mas antes de aprender mais sobre o fotômetro, você
precisa saber como controlar a luz.
Como controlar a luz
Embora nossas câmeras tenham muitos botões, somente três configurações
determinam a exposição de uma foto: a abertura, o tempo de exposição e o ISO.
Se mesmo mexendo nessas três configurações você não conseguir uma foto bem
exposta, o jeito será alterar os fatores externos (o horário do dia, a posição da
modelo, o uso de iluminação artificial ou o tipo de lente utilizada.)
54
A abertura do diafragma é medida em um valor chamado “f”. Quanto menor o valor f,
mais aberto estará o diafragma (isso pode confundir um pouco a princípio, mas logo
você se acostuma.) Ou seja: a abertura f/2.8 deixa entrar mais luz do que a abertura
f/11.
Além de definir a quantidade de luz que chega no sensor, a abertura do diafragma
define a profundidade de campo, conhecida como DOF (do inglês, depth of field.) O
DOF define o quanto os objetos próximos do foco principal na foto estarão focados
também.
Dica
Cada modelo de lente
tem aberturas máximas
e mínimas diferentes. As
lentes com valores f mais
baixos (como f/1.4 e f/2.8)
permitem maior entrada
de luz, sendo uma ótima
escolha em situações de
pouca iluminação. Estas
são as lentes claras. Já as
lentes que apresentam
valores f maiores (acima de
f/5.6) deixam passar menos
luz, e são chamadas de
lentes escuras.
abertura 1.8, menos DOF abertura 11, mais DOF
1. Abertura do diafragma
A primeira configuração que vamos conhecer para
controlar a exposição é a abertura do diafragma.
O diafragma fica dentro da sua lente e se parece com
isso:
A luz vai passar por este buraquinho na hora da foto.
Quanto maior ele ficar, mais luz entra. Quanto menor
ele ficar, menos luz entra. Ele funciona como a pupila
do nosso olho: fica maior para absorver mais luz
quando necessário e menor quando está mais claro.
55
a té
cnic
a
Um DOF maior significa que mais coisas atrás e à frente do seu foco principal ficarão
definidas. Um DOF menor significa que tudo que estiver atrás ou à frente do seu foco
principal ficará com menor definição.
fotos iguais
com aberturas
diferentes.
retrato usando abertura f/1.4
A abertura ajuda a definir isso: uma abertura maior
garante que menos coisas à frente e atrás do assunto
fiquem em foco, enquanto uma abertura menor garante
que mais coisas fiquem em foco.
Você já deve ter visto retratos em que o fundo está
totalmente embaçado: isso é resultado do uso de uma
abertura bem grande.
f/1.4 f/2.8 f/5.6 f/16
14. ivone
56
foto de paisagem usando
abertura f/20: tudo fica
em foco.
Fotos de paisagem, por sua vez, costumam ter bastante
coisa em foco. É o resultado do uso de uma abertura
menor.
2. Tempo de exposição
Na frente do sensor das nossas câmeras, existe uma
pequena cortina, responsável por definir por quanto
tempo o sensor será exposto à luz.
Dica
A cortina e o diafragma
são coisas diferentes!
Quando apertamos o botão
disparador, a cortina na
frente do sensor se abre e o
diafragma fica do tamanho
que definimos, tudo isso
bem rapidinho. A abertura
irá definir o tamanho do
buraquinho do diafragma, e
a cortina definirá o tempo
de exposição.
cortina fechada.
sensor
a cortina se abre para expor o sensor.
15. rio de janeiro/RJ
57
a té
cnic
a
Quanto mais tempo a cortina ficar aberta, mais luz vai entrar e chegar no sensor.
Menos tempo, menos luz. Além de definir quanta luz entra, é com o tempo de
exposição que criamos efeitos que mostram ou congelam os assuntos que se
movimentam, como no exemplo abaixo.
Dica
O visor da sua câmera normalmente vai mostrar somente o número de baixo da fração. Quando
ela mostra o número “200”, o tempo “1/200” está selecionado. Para tempos mais longos ela usa
aspas para representar segundos: quando ela mostra 2”, o tempo “2 segundos” está selecionado.
Veja como sua câmera mostra alguns tempos de exposição:
200: 1/200 segundos | 10: 1/10 segundos | 0”6: 0.6 segundos | 2”: 2 segundos
exemplo de foto que tem um tempo
de exposição de 1/250 segundo e
congela o movimento.
exemplo de foto que tem um tempo de exposição de 1 segundo e mostra o movimento.
16. curitiba/PR
58 Ao fazer uma exposição bem rápida, é possível congelar o momento que está à nossa
frente. Ao fazer uma exposição mais longa, tudo que se move irá ficar embaçado.
Você pode usar isso ao seu favor para dar a sensação de movimento.
Usar um tempo de exposição lento aumenta as chances de você tremer a foto com
o próprio movimento das mãos! Nessas situações, o ideal é utilizar um tripé. Para
saber qual é o tempo de exposição mínimo necessário para fazer fotos sem tripé,
você pode usar como base a distância focal: em uma lente de 50mm, use ao menos
1/50 segundos. Em uma lente 200mm, ao menos 1/200 segundos. Este é um cálculo
aproximado e não é exato: faça testes para descobrir o tempo mínimo que consegue
usar sem tremer.
O balde de água
Para entender melhor o uso da abertura e do tempo de
exposição, considere a analogia do balde de água. Você
tem duas opções para encher um balde:
1. Deixar a torneira gotejando, e encher o balde em mais
tempo.
2. Abrir totalmente a torneira, e encher o balde em menos
tempo.
As duas opções enchem o balde da mesma maneira! É
assim que iremos usar a abertura e o tempo de exposição:
ao invés de água, estamos deixando passar a luz.
3. ISO
O sensor precisa de uma quantidade ideal de luz para
formar uma foto. Controlamos essa luz com a abertura
do diafragma e com o tempo de exposição. Mas se
a configuração desses dois itens não for o suficiente
para conseguir a luz necessária, podemos forçar o
sensor a trabalhar com menos luz do que ele gostaria,
aumentando a sua sensibilidade. Essa sensibilidade é
definida pelo valor ISO.
Dica
ISO não é um acrônimo que
representa sensibilidade.
Esta sigla remete à
organização que define
padrões diversos, desde
o famoso ISO 9001 para
empresas, até o padrão de
sensibilidade de filmes e
sensores.
59
a té
cnic
a
Quanto maior o ISO, mais sensível ficará o sensor. Quando temos uma situação de
bastante luz, deixamos o ISO mais baixo para que a foto não fique superexposta.
Quanto temos pouca luz, deixamos o ISO mais alto para que a foto não fique
subexposta.
Os valores mínimos e máximos de ISO variam de acordo com modelos de câmeras.
Normalmente você vai encontrar valores de 80 a 6400, podendo também encontrar
valores menores e maiores.
Aumentar a sensibilidade do sensor pode parecer
a solução milagrosa para a exposição de qualquer
foto, certo? Mas infelizmente aumentar o ISO tem
uma consequência: a qualidade e a nitidez da foto
diminuem. Quanto mais alto o valor ISO, mais ruído
(aberrações em forma de grão) teremos na foto final.
esta foto usando ISO
5000 possui bastante
ruído digital.
17. rio de janeiro/RJ
60 Usando essas três configurações (a abertura, o tempo de exposição e o ISO)
conseguimos fotometrar uma cena. E agora voltamos ao nosso amigo fotômetro, que
nos ajudará na tarefa.
Fotometria
Nossa câmera possui um fotômetro embutido. Ele está lá para nos dizer como está
a luz de cada cena. Definiremos a abertura, o tempo de exposição e o ISO de acordo
com o que o fotômetro nos diz.
Sempre que você aponta a câmera para uma cena e aperta o botão disparador até
a metade (sem bater a foto), o fotômetro vai medir a luz e te dizer o que acha. Você
vai ver este fotômetro olhando pelo visor (ver mapa da câmera na página 13). Ele se
parece com isso (mas pode ser um pouco diferente dependendo do modelo da sua
câmera):
fotometro canon.fotometro nikon.
Se o fotômetro achar que a foto está muito escura, o indicador irá em direção ao
símbolo de menos, assim:
Nesse caso, para absorver mais luz, podemos aumentar a abertura, aumentar o tempo
de exposição, aumentar o ISO, ou fazer uma mistura dos três.
Se o fotômetro achar que a foto está muito clara, o indicador irá em direção ao
símbolo de mais, assim:
61
a té
cnic
a
Sugestão de exercício:
Escolha um assunto com
iluminação neutra, como
dentro de casa, e faça três
fotos com o fotômetro na
posição -2, +2 e 0.
-2
+2
0
Nesse caso, para absorver menos luz, podemos diminuir a abertura, diminuir o tempo
de exposição, diminuir o ISO, ou fazer uma mistura dos três.
Se o fotômetro achar que a exposição está adequada, ele vai ficar centralizado:
Normalmente, procuramos mexer nas configurações até o fotômetro ficar
centralizado. Chamamos isso de zerar o fotômetro. Quando ele está assim, é como se
nos dissesse: “Ok, a foto está bem exposta, pode clicar!”
62 Pontos de exposição
Um ponto de exposição é uma medida relativa à quantidade de luz que entra no
sensor. Colocar um ponto a mais na exposição significa dobrar a quantidade de luz
que chega nele. Tirar um ponto na exposição significa cortar a luz pela metade.
Cada configuração (abertura, tempo de exposição e ISO) é medida por pontos de
exposição:
abertura: a abertura usa
valores padrões fixados. A
abertura f/8 deixa entrar o
dobro de luz da abertura f/11,
mesmo que o número 8 não
seja a metade de 11.
Quando medimos uma cena e o fotômetro aponta “-1”, quer dizer que a cena está
subexposta em um ponto. Para zerar o fotômetro, precisaremos deixar entrar o dobro
de luz. Faremos isso usando o dobro da abertura, o dobro do tempo de exposição, ou
o dobro do ISO.
Tempo de exposição rápidoMenos luz
1 ponto
1/12
5
1/60
1/30
1/15 1/
8
1/4
1/2 1 2 4
Tempo de exposição lentoMais luz
ISO baixoMenos luz
1 ponto
50
100
200
400
800
1600
3200
ISO alto Mais luz
Abertura pequenaMenos luz
1 ponto
f/22
f/16
f/11 f/8
f/5.6 f/4
f/2.8 f/2
f/1.4 f/1
Abertura grande Mais luz
tempo de exposição: o
tempo de exposição de
1/30 deixa entrar o dobro
de luz de 1/60.
ISO: o ISO 400 absorve o dobro de luz do ISO 200.
1 ponto
63
a té
cnic
a
Usando a mão para fotometrar
O fotômetro sempre busca a luminosidade média que
ele considera perfeita. Isso pode ser um problema
quando estamos fotografando algo que é escuro ou que
é claro. Faça o teste: escolha um objeto preto (como
uma camiseta) e tente fazer uma foto bem próxima.
Se você zerar o fotômetro, a foto vai sair muito clara.
O mesmo acontecerá se fizer isso com uma camiseta
branca: ao zerar o fotômetro, a foto ficará escura.
Isso acontece porque o fotômetro sempre vai zerar na
exposição que não seja nem muito clara, nem muito
escura (apêndice 2: fotometria avançada).
Uma técnica interessante é fazer a medição de
luz na palma da sua mão. Nossas palmas têm uma
luminosidade mais ou menos parecida com o padrão
que nossas câmeras procuram.
a camiseta branca,
acima, fica
cinza. a camiseta p
reta, abaixo,
fica cinza tam
bém!!
Vamos tentar fazer as fotos das camisetas de novo? Desta vez, primeiro você deve
colocar sua mão próxima da camiseta, chegar bem perto com a câmera, apertar o
botão disparador até a metade, zerar o fotômetro, tirar a mão, e bater a foto.
Veja cada etapa de forma detalhada:
1. Vamos usar nossa mão como ponto de partida para
o fotômetro medir a luz. É importante que ela esteja
próxima do objeto para que a mão seja iluminada
exatamente da mesma forma que o objeto que
queremos fotografar.
64 2. Chegamos bem perto com a câmera para preencher
o quadro com a mão, e evitar que o fotômetro se
confunda com o que está atrás.
3. Ao apertar o botão disparador até a metade, você
diz para a câmera começar a medir a luz. Você pode
soltar o botão enquanto mexe na abertura, tempo
de exposição e ISO.
4. Assim que zerar o fotômetro apontando para a sua
mão, você pode tirá-la do lugar. Na hora de bater a
foto do objeto, você vai apertar o botão disparador
até a metade para fazer o foco, e o fotômetro vai
dizer que a foto está errada. Nesta hora, ignore o
que ele está dizendo e não mexa na abertura, tempo
de exposição ou ISO! Você já definiu a exposição
correta com a sua mão. Pode bater a foto sem se
preocupar com novas medições.
5. Veja que, ao usar essa técnica, a camiseta branca fica
branca, e a camiseta preta fica preta!
ignore o fotômetro! agora sim
65
a té
cnic
a
Modos de medição
Escolhemos modos de
medição para dizer à
câmera o quanto da
cena queremos que ela
considere na hora de fazer
a fotometria.
Veja no manual da sua
câmera quais são as
opções que ela oferece.
No modo pontual, a câmera considera somente uma pequena área no centro do
quadro. Por exemplo: se você está fotografando alguém em um fundo branco, a
câmera só vai medir a luz no centro, ignorando todo o restante do quadro.
Em quase todas existem ao menos dois modos principais: o modo matricial e o modo
pontual.
No modo matricial, a câmera considera o quadro inteiro para medir a luz: soma cada
um dos pixels e faz uma média que fique com uma exposição correta.
modo matricial: a câmera pega todos os
pixels e faz uma média.
modo pontual: a câmera pega só os
pixels do centro.
18. j
oão
pess
oa/P
B
66
Para facilitar a fotometria
feita na palma da mão,
podemos usar o modo
pontual. Assim, não
precisamos chegar tão
perto. Coloque a mão no
centro do quadro e sua
câmera irá medir somente
a luminosidade dela.
Balanço de Branco
Lembra que no começo contei que a luz bate em tudo que está por aí e reflete nos
nossos olhos e na câmera? O balanço de branco existe porque existem vários tipos
de luz e, dependendo da luz que bate na nossa cena, as cores podem ficar diferentes.
Isso acontece porque cada tipo de luz tem uma temperatura diferente.
Dica
Esta diferença entre uma
luz e outra se chama
temperatura de cor e é
medida em Kelvins.
Vamos por partes: às vezes, fotografamos com a luz do
sol. As vezes, fotografamos com uma luz artificial como
o flash ou uma lâmpada. Nosso olho é muito esperto,
então conseguimos ver as cores corretamente em
qualquer situação! Mas as câmeras nem sempre são tão
espertas, e precisamos contar para ela qual luz estamos
usando para que ela interprete da forma correta. Assim,
o vermelho vai continuar vermelho, o azul vai continuar
azul e – como não poderia deixar de ser – o branco
continuará branco!
Todo mundo já tirou uma foto iluminada por lâmpada
incandescente que ficou amarelada, não é? Isso
acontece porque a câmera não estava preparada para a
temperatura de cor desta fonte de luz.
medição
pontual.
67
a té
cnic
a
o balanço de
branco correto
para esta foto
está no meio.
a foto de cima está
muito azulada, e a
de baixo está muito
amarelada.
19. j
eric
oaco
ara/
CE
68 Procure no seu manual a forma de mudar o balanço
de branco (também chamada de temperatura de cor) na sua câmera: normalmente você encontra todas
as opções que precisa como luz do sol, sombra,
tungstênio, luz de flash e outros.
O balanço de branco ideal vai depender do tipo de
foto que você está fazendo: às vezes deixar a foto
mais quente ou mais fria do que deveria cria uma
sensação adequada.
É possível mudar
a temperatura
manualmente, mas você
pode começar vendo a
diferença das opções pré-
definidas.
no caso desta foto,
prefiro
o resultado de um balanço
de branco mais quente,
mesmo ele sendo incorret
o.
Sugestão de exercício:
Faça a mesma foto
usando vários balanços de
branco diferentes e veja a
diferença.
WHITE BALANCE
AUTO
INCANDESCENT
FLUORESCENT
DIR SUNLIGHT
FLASH
A
20. l
os ro
ques
, ven
ezue
la
69
a té
cnic
a
Foco
Como conseguir fotos nítidas
Em algumas áreas, fotos bem focadas são necessidade básica (como na fotografia
publicitária) e em outras, nem tanto (como em fotos artísticas ou no fotojornalismo.)
Conseguir fotos nítidas é importante em vários momentos, mas mais importante que
isso é você ter controle sobre o que está acontecendo.
o que vai est
ar em foco e
o
que não vai e
star em foco
na sua foto?
Esta decisão é
importante: o qu
e está em
foco é o que
fica com mais
destaque.
foto focada. foto fora de foco.
Ou seja: para fazer uma foto bem focada decidimos primeiro onde, e depois como.
O primeiro passo é decidir onde será o foco. Quero uma
pessoa focada e um fundo desfocado? Quero foco na
primeira ou na segunda flor? Depois, é só decidir como
fazer isso. Será que faço o foco manualmente ou no
automático? Quais são as melhores opções?
70 Onde?
O maior erro aqui é deixar a câmera decidir onde o foco vai ficar. Gosto de deixar
a câmera decidir algumas coisas, principalmente quando se trata de cálculos
matemáticos, mas ela é uma ferramenta fria e calculista! Ela não sabe o que é mais
importante na foto, por mais tecnológica que seja. Se você quer fazer o foco no
terceiro cílio do olho esquerdo da sua modelo, como sua câmera vai saber disso?
Existem muitas regras que dizem exatamente onde o foco deve estar em
determinados tipos de fotos. Em retratos, o foco deve sempre ficar nos olhos da
pessoa. Em fotografias de paisagens, costumamos deixar tudo em foco.
Mas não precisamos decorar essas e mais centenas de
regras. Para decidir onde o foco deve estar podemos,
simplesmente, olhar a cena e definir o que é mais
importante. Qualquer coisa que não soma nada à história
que queremos transmitir não precisa estar em foco.
Se pensarmos nos retratos isso fica claro: quando
estamos conversando com alguém dificilmente ficamos
olhando para suas orelhas ou seu nariz! Os olhos
normalmente são a parte mais expressiva do rosto de
uma pessoa e é deste conceito que a regra nasceu.
21. andy
71
a té
cnic
a
No caso de paisagens podemos fazer a mesma avaliação: quando estamos no
mirante do Machu Picchu é a soma de toda a paisagem que tem o papel de nos
deslumbrar.
tudo em foco, para tentar reproduzir a sensação de estar lá.
Lembre-se: o que define o quanto da cena está em
foco é a profundidade de campo, como explicado na
página 54.
É natural que ambas as regras tenham exceções, mas
só vamos notá-las se entendermos os conceitos que as
criaram.
Diante de uma cena, a primeira coisa que fazemos é nos
perguntar: o que é mais importante?
22. m
achu
pic
chu,
per
u
72 Como?
Não existe método perfeito de focagem: cada pessoa deve usar a técnica que acha
mais prática e confortável.
Vamos conhecer alguns dos métodos? Depois de testá-los por algum tempo você
poderá escolher o seu preferido para cada situação.
Foco manual (MF) e Foco automático (AF)
Ao lado da sua lente, ou em local similar, existe um botão de modo
de foco. Você pode deixá-lo na opção MF (manual focus), para o
foco manual, ou AF (auto focus), para o foco automático.
Usando o foco manual você irá girar o anel de foco
da lente e observar no visor ou na tela LCD até que
o assunto desejado fique em foco. A localização e o
funcionamento deste anel muda de lente para lente,
leia o manual da sua para saber usá-la corretamente
(apêndice 6: sinalização de foco adquirido no foco
manual).
Usando o foco automático você irá contar para a
câmera onde quer o foco, e ela mandará a lente focar
naquele local sozinha.
AF MF
botão de modo de foco.
73
a té
cnic
a
Duas formas de usar o foco automático
Podemos contar para nossa câmera onde queremos
o foco de vários jeitos diferentes. Vamos fazer isso
apertando o botão disparador³ pela a metade até
que um sinal da câmera diga que o foco está feito.
Este sinal é um sinal sonoro (um bip) e/ou um sinal
luminoso no visor (normalmente uma bolinha.)4
3 Você também pode usar outro botão para fazer o foco, veja como fazer isso no manual da sua câmera.
4 Essa bolinha e este bip são o sinalizador de foco adquirido. Ele também funciona se você aperta o botão até a metade enquanto faz o foco no manual.
Contaremos para a câmera onde queremos o foco usando os pontos de foco. Eles são
aqueles pontinhos espalhados quando olhamos para o visor.
74 Os pontos de foco da sua câmera podem ser diferentes dos ilustrados aqui: existem
variações enormes em formato, quantidade de pontos e funcionalidades de acordo
com cada modelo de câmera, e cada dia inventam algo novo para esses pontinhos!
Mas eles sempre fazem a mesma coisa: nos ajudam a contar para a câmera
onde queremos o foco. Vamos selecionar um desses pontinhos e vamos deixá-lo
exatamente em cima do que queremos focar.
Cada modelo de câmera tem seus pontinhos e suas funcionalidades, é preciso ler
o manual e praticar para conhecer as opções que sua câmera oferece. Aqui vou
apresentar duas técnicas utilizadas por bastante gente, independente de seus
equipamentos.
Dica
É preciso tomar cuidado com a opção de selecionar todos
os pontinhos. Isso não quer dizer que a câmera irá focar em tudo: só quer dizer que ela vai escolher um dos pontinhos sozinha. E ela normalmente vai escolher o ponto mais fácil.
Lembre-se quando falei sobre ter controle sobre o que está
acontecendo: deixar todos os pontinhos selecionados é o
mesmo que deixar a câmera decidir por você onde o foco deve
ficar.
Método 1: Escolher o pontinho do meio, focar e recompor
Algumas vezes já me perguntaram: por que a cada foto você aponta para um lado,
e depois aponta para o outro, e aí faz a foto? Você também já deve ter visto uma
fotógrafa como eu fazendo isso. Este método é conhecido como focar e recompor.
Para usar esta técnica é só fazer o seguinte: primeiro, defina onde será o foco.
Digamos que você quer focar no olho da modelo em um retrato. Com o ponto de
foco central selecionado você o coloca em cima do olho da modelo. Aí você aperta
o botão disparador somente até a metade e, mantendo-o pressionado, refaz a
composição. Ao chegar na composição desejada, aperte o botão até o final para fazer
a foto.
75
a té
cnic
a
coloque o ponto central
no local onde quer focar e
mantenha o botão disparador
pressionado até a metade. refaça a composição e aperte o botão até o final.
Dica
Para não perder o foco,
evite usar esta técnica
se estiver usando uma
abertura muito grande ou
se estiver muito próxima do
assunto fotografado,
Esse método é bem conhecido e utilizado pois pode ser
feito bem rapidamente. Porém, dependendo da situação,
ele pode causar um erro na focagem, que se perde
justamente entre o momento do foco e o momento de
recompor (apêndice 4: o plano de foco).
76 Método 2: Compor, escolher o pontinho equivalente e focar
Outra forma bastante conhecida de focar é compor,
selecionar o pontinho mais próximo de onde você quer
o foco, apertar o botão até a metade até sua câmera
indicar sucesso, e clicar até o final.
Este método é legal pois evita a grande mudança de
posição do método anterior, garantindo mais precisão.
Para usá-lo, primeiro você precisa descobrir como
mudar a localização do ponto selecionado na sua
câmera: encontre essa informação no seu manual.
Normalmente, existe um botão ou uma combinação de
botões que fazem exatamente isso.
Ainda usando o exemplo do retrato, para usar esta
técnica é só compor, selecionar o ponto que fica em
cima do olho, clicar até a metade até o foco ser obtido
e aí clicar até o final. (apêndice 5: botão disparador)
procure em sua câm
era
o botão que muda o
ponto de foco.
77
a té
cnic
a
Minha lente não consegue focar, o que faço?
Nossas lentes têm dificuldade para focar em situações
de pouco contraste. Este pouco contraste acontece em
situações de pouca luz, em situações de contra-luz ou
quando tentamos focar em algo sem muitos detalhes
(como uma parede de uma cor só).
Nesses casos você deve procurar um ponto com mais
contraste ou passar para o modo manual.
Vamos analisar o caso de uma silhueta na contra-
luz: ao invés de tentar focar no meio do objeto ou da
pessoa, foque na beirada entre o assunto e o fundo,
onde existe mais contraste:
Quando sua lente estiver com dificuldade em focar, procure apontar para áreas com
mais contraste.
aqui funciona
aqui não funciona
23. samanta
78 Como segurar uma câmera grande?
Segurar a câmera pode parecer um tópico muito
básico, mas não vá embora ainda! Segurar a
câmera de forma mais efetiva pode fazer uma
enorme diferença na nitidez das suas imagens.
Quando passamos das câmeras compactas para
as maiores, mantemos algumas manias, como
segurá-la com as duas mãos nas laterais. Dá pra
ganhar um bônus se levantarmos os dedinhos!
Porém, ao usar uma câmera com lentes maiores é importante equilibrarmos o peso
de todo o conjunto. A mão que segura a câmera é a direita. Pois é, eu também sou
canhota mas infelizmente não fabricam câmeras às avessas para nós. Todas têm uma
empunhadura – um local especialmente feito para você agarrar bem firme. Logo ali
em cima da empunhadura é onde também fica o botão disparador.
Com a mão direita ocupada com nada mais nada menos do que segurar a câmera e
tirar as fotos, o que fazer com a esquerda? Segure a lente! Às vezes a lente pesa mais
do que a própria câmera, e segurá-la firme é essencial para manter a estabilidade.
Além disso, a mão esquerda também ficará responsável em controlar o anel de zoom
ou de foco (caso esteja usando uma lente zoom ou o foco manual.)
Olhar pelo visor, ao invés de usar o LCD, também garante mais estabilidade – afinal
seu rosto vira um terceiro ponto de apoio. Prender a respiração durante o clique e
apoiar a câmera no seu ombro esquerdo (embora exija um pouco de contorcionismo)
podem garantir fotos nítidas com tempos de exposição que você nunca imaginou.
câmera pequena.
câmera grande.
câmera grande.
79
a té
cnic
a
Não estou conseguindo acertar o foco, o que pode ser?
Se você está tendo dificuldade em fazer fotos bem focadas, provavelmente é por
algum ou vários desses motivos:
Problema: você não está segurando a câmera firme o suficiente.
Solução: teste as técnicas anteriores para melhorar a estabilidade.
Problema: ao usar o foco automático, sua lente está sempre focando um pouco
à frente ou um pouco atrás de onde deveria. Este problema é conhecido como
backfocusing ou frontfocusing.
Solução: antes veja se o problema não é você (usar o método de focar e recompor é o
principal motivo para erros de foco deste tipo). Se o problema for na lente você pode
procurar no seu manual da câmera opções de micro focusing adjustments ou micro
ajustes de foco.
Problema: às vezes consigo o foco perfeito, às vezes não.
Solução: nem sempre o melhor método de focagem é bom para todas as situações. Se
você está tendo dificuldade somente em um tipo de foto teste novos métodos. Aberturas
e distâncias focais diferentes pedem métodos diferentes. Além disso, ninguém consegue
fotos perfeitamente focadas todo o tempo, é normal errarmos de vez em quando.
Problema: já tentei tudo e ainda assim minhas fotos saem fora de foco.
Solução: no caso de lentes mais baratas, a nitidez pode ser limitada e é possível que este
é o melhor que ela pode te oferecer. Se o problema acontece com uma boa lente leve seu
equipamento para uma assistência técnica para checar se o problema não é na própria
lente ou na câmera.
80 Os segredinhos para fotos ainda
mais nítidas
Estes segredos são perfeitos para serem usados
isoladamente ou em conjunto para conseguir fotos
supernítidas!
Tripé
O tripé não funciona em todo tipo de situação: não
tente fotografar uma criança no parque com ele! Mas
em situações mais controláveis, como na fotografia
de paisagens e de produtos, ele é um grande amigo.
Com um bom tripé garantimos que a câmera vai ficar
completamente parada.
Disparador remoto
O disparador remoto é um dispositivo para bater a foto
sem precisar tocar na câmera. Existem disparadores
com ou sem fio e eles não são muito caros. Assim
como o tripé, o disparador permite que a câmera fique
estática durante o clique, pois evita o tremor que nosso
dedo causa ao apertar o botão disparador. E mais:
muitas câmeras hoje em dia podem ser controladas
também pelo celular.
Temporizador
Caso você não tenha um disparador remoto é possível
evitar o tremor do clique usando o temporizador da
sua câmera: selecione o temporizador, aperte o botão
disparador e espere alguns segundos até a foto ser
tirada. Assim a câmera tem tempo de se estabilizar. Viu
só? O temporizador não serve somente para você sair
correndo e aparecer também na foto com os amigos!
81
a té
cnic
a
Mirror lockup
Em câmeras DSLR existe um espelho que se move
dentro da câmera toda vez que fazemos um clique
(ver página 17). É por ele que olhamos pelo visor, e
por causa disso ele precisa subir sempre que vamos
bater a foto para não ficar na frente do sensor. Este
subir e descer do espelho causa pequenas vibrações
que podem diminuir a nitidez da imagem em algumas
situações. Ao usar teleobjetivas ou lentes macro entre
1/30 e 1/4, primeiro levante o espelho e depois faça a
foto. Será preciso clicar duas vezes (uma para subir o
espelho, e outra para bater a foto.) Veja se sua câmera
possui esta opção e como ativá-la lendo o manual.
Abertura mais nítida
Cada lente tem um ponto de abertura onde a foto tem máxima nitidez. Normalmente
é um ou dois pontos depois da abertura máxima (em uma lente de abertura máxima
f/2.8 a provável melhor abertura é f/5.6).
Mas cada lente tem sua personalidade, então o melhor é testar. Com lentes zoom é
possível que cada distância focal tenha uma abertura de melhor nitidez equivalente.
Teste suas lentes e descubra: coloque a câmera em um tripé, selecione um foco
manualmente e faça várias fotos exatamente iguais, mudando somente a abertura e
o tempo de exposição. Depois, compare-as no computador com ampliação máxima.
f/2.8 f/5.6 f/11 f/22
82 Mantenha tudo limpo
Pessoas caprichosas
mantém seus
equipamentos
impecavelmente limpos.
Pontos de gordura nas
lentes ou pó podem ser
retirados com panos
que não soltem fibras,
ou mesmo com alguns
produtos especializados.
O sensor também é vítima
da sujeira! Ao trocarmos
de lentes, partículas
entram e grudam nas
partes internas da
câmera. Tome muito
cuidado com o sensor:
se não tem experiência
e conhecimento para
limpá-lo prefira levar seu
equipamento para uma
assistência técnica.
sujeiras no
sensor (veja
que não fui
caprichosa!)
Lentes de qualidade
A maior diferença entre lentes ruins e lentes boas é a nitidez. Se a nitidez é um
ponto importante para você considere investir em lentes de qualidade superior.
Devo ter uma lente com estabilizador de imagem?
É só fazer a primeira pesquisa para comprar de lentes e percebemos a enorme
diferença entre os preços de lentes com e sem estabilizador. Analise bem suas
necessidades na hora de definir se vale a pena fazer esse investimento. Se pergunte:
“vou fotografar em situações extremas de luz a ponto do estabilizador fazer
diferença?”
83
a té
cnic
a
O estabilizador pode vir a calhar para quem fotografa casamentos, fotojornalismo e
natureza usando lentes teleobjetivas.
Já para quem faz fotos com luz abundante, como em estúdio, o investimento pode
não fazer tanta diferença. A quantidade de luz dessas situações permite o uso de
tempos de exposição rápidos e que não tremem a foto.
Técnica na prátca
A ordem dos fatores é importante
Eu falei primeiro de fotometria e depois de foco por um motivo: embora a gente use
o mesmo botão para medir a luz e para fazer o foco, essas duas coisas normalmente
não serão feitas ao mesmo tempo!
Se fizermos a fotometria no lugar errado, a foto sairá com a iluminação errada.
Se fizermos o foco e depois ficarmos mexendo nossa câmera pra lá e pra cá,
provavelmente o foco se perderá.
Um passo-a-passo básico de toda a parte técnica seria o seguinte:
1. Encontre o objeto de iluminação média que vai usar para fazer a medição (como
a palma da sua mão);
2. Aponte para ele, aperte o botão disparador até a metade, e mexa nas
configurações (abertura, tempo de exposição e ISO) até zerar o fotômetro;
3. Pode soltar o botão disparador;
4. Faça a composição que gostaria de fazer. Lembre-se, o fotômetro pode ir pra lá
e pra cá, mas você já mediu corretamente a cena e não precisa mais mexer nas
configurações;
5. Aperte o botão disparador até a metade para fazer o foco onde quiser e
mantenha-o pressionado até bater a foto;
6. Bata a foto.
Se, na hora de fazer a próxima foto, o ambiente tiver as mesmas condições de luz
da primeira, você pode pular os primeiros passos e ir direto para o 5, sem mexer nas
configurações de abertura, tempo de exposição ou ISO.
84 Como fotografar na contraluz
e fazer silhuetas
Ao fotografar uma pessoa na
contraluz a câmera pode achar
que está tudo muito claro e acabar
deixando a foto mais escura do que
deveria. Você pode usar a técnica
da mão para fazer uma fotometria
correta.
Em situações de contraluz também
podemos querer fazer uma silhueta.
Para conseguir uma boa silhueta
você pode apontar para o céu, fazer
a fotometria, e depois voltar para a
composição desejada.
24. lisie
85
a té
cnic
a
A situação de contraluz
também nos permite usá-
la como luz de contorno.
Nesta foto, por exemplo,
a luz cria um contorno
dourado em volta da
Adrielly.
Para conseguir esse efeito
podemos também usar a
técnica da mão, da mesma
forma que fizemos no
primeiro exemplo. Porém,
o contorno só será visível
se atrás da pessoa houver
um fundo que também
está projetando sombra
em si mesmo. Veja no
esquema:25. adrielly
86 Como fazer fotos com o fundo desfocado
O efeito do fundo desfocado é muito admirado e muita
gente acredita que uma foto parece mais profissional
por causa dele. Este é um dos efeitos impossíveis de se
reproduzir na pós-produção, e não fica natural se feito
no computador.
O fundo desfocado depende dos seguintes fatores:
Distância focal
Quanto maior a distância focal, maior será o desfoque.
Se estiver usando uma lente 18-55mm, faça a foto em
55mm.
Distância entre assunto e lente
Quanto mais próxima você estiver do assunto, mais
próximo da lente será o foco, e mais o fundo ficará
desfocado. Chegue perto!
26. andy
87
a té
cnic
a
Abertura
A abertura é a principal responsável pela profundidade de campo (releia o item
"como controlar a luz”, página 53). Use a maior abertura que sua lente permitir para
conseguir mais desfoque. Uma abertura f/5.6 vai desfocar mais o fundo do que uma
abertura f/11.
Distância entre o assunto e o fundo
Quanto mais distante o
fundo estiver do ponto
de foco, mais desfocado
ele ficará. Ao tentar fazer
um retrato com fundo
desfocado é melhor deixar
a pessoa longe do fundo
do que encostada nele.
Nem sempre é possível
juntar todos esses fatores
em uma só foto, mas
tentando colocar alguns
em prática com certeza
você conseguirá bons
resultados, usando o
equipamento que possui
hoje.
Como fotografar com pouca luz e à noite
Fotos noturnas são um pesadelo: é difícil focar, é difícil medir a luz e na maior parte
das vezes acabamos com fotos escuras, tremidas ou com um montão de ruído. Mas
não desanime: fotos noturnas podem ser muito divertidas de fazer e depois que a
gente pega o jeito, dá vontade de trocar o dia pela noite.
88
o ruído nem sempre é um problema, não deixe de fazer a foto por causa dele.
Dica
Câmeras compactas
possuem modos específicos
para fotografar à noite.
Use-os para conseguir
fotos nítidas e com boa
iluminação. Esses modos
podem ser chamados de
noturno, noturno com
flash, retrato noturno,
paisagem noturna, ISO, alta
sensibilidade, entre outros.
Veja no seu manual.
Um tripé ou um ISO alto.
Fotos noturnas normalmente exigem estabilidade
para fazermos longas exposições. Falei sobre tripés
na página 80 e também dou uma dica de tripés mais
compactos na página 168.
Se você não tiver um tripé, também dá para subir o ISO
sem medo! O ruído resultante pode ser suavizado na
pós-produção ou pode ser incorporado na foto.
27. rio de janeiro/RJ
89
a té
cnic
a
Use o (subsestimado) nivelador da sua câmera
É muito fácil fazer fotos noturnas tortas, pois temos
menos referências. Nessa situação o ideal é usar o
nivelador embutido da sua câmera para ter horizontes
retos. Procure no seu manual: se sua câmera não possui
nivelador, use o nivelador de bolha do tripé.
Choveu? Fique feliz!
Chuva costuma ser uma péssima notícia, mas para fotos
noturnas ela é bem vinda. Já notou que na maioria das
cenas noturnas dos filmes as calçadas estão molhadas?
É que a água reflete a luz, logo a chuva nos ajuda a
deixar a cena mais bem iluminada e interessante.
Na próxima vez que chover você já sabe: ao invés de se
encolher na cama, bota uma capa de chuva e saia pra
fotografar!
desnivelada.
nivelada.
28. veneza, itália
90 Aberturas bem fechadinhas
Aberturas mais fechadas (como f/22) permitem exposições mais longas e,
consequentemente, conseguimos registrar movimentos de forma interessante.
o movimento traz mais interesse para esta foto.
Em fotos noturnas a abertura menor também permite que os pontinhos de luz se
pareçam com estrelas. Pode parecer um detalhe bastante pequeno, mas em uma foto
maioritariamente escura isso faz bastante diferença.
tudo que é ponto de luz vira estrela.
29. v
enez
a, itá
lia30
. ven
eza,
itália
91
a té
cnic
a
Por fim… as configurações
Sei que uma das grandes dificuldades da fotografia noturna é a parte mais técnica.
Embora cada situação seja única (pra variar!), algumas dicas são válidas:
Para focar: use o liveview (tela LCD) da câmera e dê zoom (na visualização) para focar
manualmente. Normalmente é mais fácil focar em pontos de luz do que em outras
áreas. Eu não costumo confiar no foco automático nesses casos.
Para a foto não ficar com muito ruído: aposte na longa exposição ao invés do ISO alto.
Mas, pessoalmente, não acho que o ruído é algo tão do mal assim.
Para a foto não ficar tremida: o tripé é seu amigo, mas se não tiver um disponível,
apoie a câmera em um banco, no chão, no muro, em qualquer lugar. Só não vale achar
que vai ser possível segurar a câmera na mão por 2 segundos sem tremer.
Para a foto não ficar escura: a fotometria de uma cena noturna é diferente da cena
diurna. Dificilmente seu fotômetro ficará zerado. Embora, repito, situações diferentes
peçam soluções diferentes, lembre-se que a tendência é que o fotômetro fique um
ou dois pontos no negativo. Na dúvida, teste e refaça.
Procure métodos alternativos de iluminação
Luminárias, velas, lanternas e até um tablet podem
servir como fonte de iluminação. Essas fontes não são
muito potentes, mas colocando-as bem pertinho do
assunto você conseguirá resultados perfeitos.
esse tomilho foi iluminado usando uma vela
92
Para dominarmos esse tipo de efeito é preciso prática. Tente fazer isso em várias
fotos. Teste com diferentes velocidades e acompanhando diferentes objetos.
O passo-a-passo:
1. Selecione um tempo de exposição longo. Assim você conseguirá o efeito de
movimento. Um segundo já é o suficiente pra fazer o efeito;
2. Aponte para o seu assunto, que está se movendo, e mova a câmera junto com
ele;
3. Clique e comece a tirar a foto. Continue seguindo o seu assunto com a câmera;
4. A exposição irá terminar e, se você conseguiu seguir a velocidade do assunto
com sua câmera ele deverá estar nítido enquanto o fundo ficou desfocado.
Como fazer panning
Panning é o efeito que mostra o movimento da cena,
borrando uma parte da foto. Este movimento é captado
movendo a câmera enquanto tiramos a foto.
31. n
aard
en, h
olan
da
93
a té
cnic
a
Como fotografar no nascer e no pôr do sol
O céu fica lindo quando o sol está nascendo ou se
pondo. Mesmo acontecendo diariamente não nos
cansamos da beleza de suas cores. Registrar esta
belezura toda não é complicado.
Para conseguir manter as cores e o contraste é preciso
subexpor a foto um pouquinho.
Se você está usando o modo de medição matricial
pode fazer isso deixando o fotômetro em um número
negativo (como -1 ou -2).
32. a
lter
do
chão
/PA
94 Se você está usando o modo de medição pontual, pode apontar para uma parte
próxima ao horizonte, um pouco acima da parte mais iluminada e do próprio sol. Se
você fotometrar onde está o sol ou na parte mais clara, as chances são grandes de
subexpor a foto mais do que o necessário.
Dica
Muitas câmeras compactas
oferecem a opção de
compensar a exposição
para cima ou para baixo.
Você encontra essa
configuração em um ícone
EV. Ao fazer fotos do pôr do
sol você pode compensar
a exposição em um valor
negativo e conseguirá
melhor profundidade de
cores e detalhes.
faça a fotometria aqui
não faça a fotometria aqui (vai ficar muito
claro)
não faça a fotometria aqui (vai ficar muito
escuro) ícone EV
33. r
io d
e ja
neiro
/RJ
95
a té
cnic
a
está gostando do livro?
então considere fazer uma contribuição do valor que
estiver ao seu alcance :-)
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3
98 Olhar, analisar, compor
A composição não depende quase nada do seu
equipamento e não pode ser arrumada no computador
depois.
Ela é a base do que chamamos de uma fotografia
bonita. Decidir quais botões apertar fica fácil e rápido
depois de um tempo praticando. A partir daí, dedicamos
a maior parte dos nossos esforços à composição.
Entender a parte técnica é importante. Saber pós-processar suas imagens em um
mundo digital também. Mas a composição é um dos principais fatores para sua foto
se destacar na multidão.
34. alter do chão/PA
99
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Antes de apontar sua câmera para a cena que pretende fotografar, é preciso parar e
observar. Olhe em volta e responda às seguintes perguntas:
• Por que decidi fotografar isso?
• O que chamou a minha atenção nesta situação?
• Quais são as coisas mais importantes desta cena?
• O que não é importante?
Depois de responder essas perguntas, você terá um ponto de partida para iniciar a
composição. Analise:
• Qual vai ser o resultado usando diferentes lentes?
• E se eu chegar mais perto ou for mais longe? E se eu me abaixar?
• Se eu andar em volta da cena, qual ângulo ficará mais interessante?
Depois de olhar e analisar, vem o momento de compor. Vou te contar alguns
princípios que usamos para chegar em composições interessantes, mas lembre-
se que não existe certo ou errado. A composição escolhida deve ajudar a contar a
história por trás daquela imagem. Os caminhos para chegar neste resultado devem
ser escolhidos por você!
Estes princípios não são exclusivos da fotografia: eles existem e funcionam
igualzinho para toda arte visual (pintura, ilustração, escultura e design, por exemplo.)
São dois grupos de informações que usamos ao criar e ao analisar a composição
em uma foto: os elementos formais (os elementos que compõem uma imagem) e os
princípios das artes visuais (a organização desses elementos dentro de um quadro).
Os elementos formais
São sete os principais elementos formais das artes
visuais. Eles nos auxiliam a entender a estrutura de
uma fotografia. Para que uma imagem seja formada,
pelo menos alguns desses elementos estarão sempre
presentes. Os elementos, em si, são como as letras do
alfabeto: não têm significado próprio. É a forma de usá-
los que nos ajuda a passar uma mensagem.
100
linhas delimitam os
objetos da imagem.
1. Linha
A linha é normalmente o primeiro elemento formal
citado em qualquer aula de arte. Fica fácil saber
o motivo: linhas são a base para todo tipo de
representação visual.
Uma foto mostra o mundo em duas dimensões. Nela, linhas que não existem na vida
real (como as linhas de uma escultura) passam a existir. Dá pra dizer que não existe
fotografia sem linha, pois é ela que delimita tudo que está no quadro.
Para entender melhor o que é a linha, imagine-se desenhando uma foto. Por onde
você começa? Normalmente, pelas linhas!
35. o
slo,
nor
uega
101
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
linhas nao
aparentes.
Além de delimitações literais, as linhas podem ser
também somente sugeridas. No exemplo abaixo, as
linhas que formam as parreiras são complexas, mas
a organização delas no quadro sugere duas linhas
simples convergentes:
O uso de linhas retas traz uma sensação de
modernidade e ordem. Já o uso de linhas curvadas e
irregulares traz uma sensação mais orgânica e natural.
Linhas horizontais são mais confortáveis aos nossos
olhos do que verticais, pois na vida real temos como
base um horizonte; linhas diagonais trazem mais
dinamismo.
36. h
eilb
ronn
, ale
man
ha
102 Linhas normalmente não existem de forma pura em
fotografias. Sua influência no resultado final é mais
discreta do que outros elementos, e normalmente
trabalhamos muito mais com linhas sugeridas do que
linhas literais.
linhas (sugeridas)
retas que trazem a
sensação de ordem.
linhas (sugeridas) curvadas que trazem a sensação orgânica da natureza.
37. keukenhof, holanda
38. svartifoss, islândia
103
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
2. Textura
Ao tocar em objetos à nossa volta, conseguimos sentir
sua textura. É possível sentir a diferença entre uma
casca de maracujá (com rugas e saliências) e a casca de
um ovo (lisa e suave).
Em uma imagem de duas dimensões não temos uma
textura real, mas é possível simular essa textura usando
outros elementos (como cor e luz.)
em uma foto como
essa, o objetivo é
evidenciar a textura
do píer velho.
a pele do bebê é delicada, e usando uma luz suave evidenciamosesta característica.
Por exemplo: Usando
uma iluminação lateral
e dura, evidenciamos
a textura dos objetos.
Usando uma iluminação
suave, evidenciamos
assuntos delicados.
39. g
iova
nni
104 3. Cor vermelho vermelholaranja
laranjaam
arelo laranja
amarelo
amarelo
verde
verdeazul
verde
azul
azul
violet
avio
leta
vermelho
violetaTodo mundo aprendeu
um pouquinho sobre
cores na pré-escola. Para
a fotografia, no entanto,
precisamos saber um
pouquinho mais do que
aprendemos com a tinta
guache. Começamos
observando o círculo
cromático:
A cor é um dos elementos mais poderosos e versáteis que existem. Podemos dar
destaque a algum elemento usando somente uma cor. Podemos também criar
equilíbrio usando uma combinação de cores.
Vejamos a temperatura da cor: cores mais quentes (amarelo e laranja) trazem uma
sensação de aconchego e calor. Cores mais frias (azul e roxo) trazem uma sensação
fria e estéril.
cores quentes
cores frias
foto amarelada,
trazendo aconchego.
40. naarden, holanda
105
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
cores análogas.
foto azulada, representando o frio.
Podemos criar significado usando uma combinação
de cores. A mensagem passada pela cor só funciona
quando usamos poucas cores. Ao usar mais de três
cores, esse elemento deixa de ser tão evidente.
Duas combinações interessantes são as de cores
análogas e cores complementares.
Cores análogas são
aquelas que ficam
próximas no círculo
cromático. Usando cores
análogas criamos uma
unidade harmônica dos
elementos da foto.
o azul e o lilás são
cores
análogas, e criam uma
unidade na imagem.
41. t
rom
so, n
orue
ga
42. aquário de londres, inglaterra
106
cores
complementares.
Cores complementares são aquelas localizadas
de forma oposta no
círculo cromático. Usando
cores complementares
criamos um constraste de
cores harmônico.
o vermelho e o verde são
um exemplo de cores que
criam contraste.
4. Luz e Sombra
Este elemento é bem fácil de entender: é simplesmente o jogo de claro e escuro na
imagem.
Eu gosto de comparar o uso da luz e da sombra com
escutar música: ver uma foto mais escura é como
ouvir um fado, ficamos pensativos, imaginando o que
está oculto naquelas sombras. Ver uma foto mais
clara é como ouvir um sambinha, uma explosão de
informações. Podemos usar luz e sombra com diferentes
proporções e contrastes.
107
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
foto com uso de luz e sombra.
Uma foto escura pode ser misteriosa.
As fotos em preto e branco dependem totalmente deste
elemento, já que não possuem cor.
44. maíra
45. naarden, holanda
108
5. Volume
O volume é a representação de um objeto 3D. Assim
como a textura, na fotografia a terceira dimensão de um
objeto pode apenas ser simulada. Essa simulação é feita
usando sombras e perspectiva (nosso cérebro interpreta
o que é menor como estando mais longe).
uso de perspectiva para mostrar a profundidade da cena.
46. inhotim/MG
109
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Podemos evidenciar ou
diminuir o volume de um
objeto. Por exemplo: se
você fotografa uma bola
com uma luz totalmente
regular é possível que ela
mais pareça um círculo do
que uma bola. uma bola iluminada de
forma regular pode
parecer um círculo.
6. Forma
Ao contrário do volume, a forma tem duas dimensões. Reconhecemos a forma de uma
pessoa mesmo sem notar o volume, desde que seja possível reconhecer uma cabeça
e um corpo.
mesmo não vendo os
detalhes, é possível
reconhecer uma pessoa
por sua forma.
É fácil notar as formas ao
analisar fotos de silhuetas,
mas ela está lá mesmo
quando não é tão óbvia.
A forma pode ser definida
com linhas, cores, luzes e
sombras.
47. s
alva
dor/
BA
110 A forma é muito importante, pois é ela que nos faz
reconhecer o assunto da foto. Dependendo do ângulo
que escolhemos, uma forma pode ficar irreconhecível.
Também é possível evidenciar a forma usando
desfoque, luz e cores.
a forma das montanhas
é evidenciada com o uso
de sombras e luzes em
relação ao fundo.
7. Espaços
Costumamos separar a foto em dois espaços: o espaço
positivo e o espaço negativo. O espaço positivo é o
assunto principal, enquanto o espaço negativo nos
ajuda a conduzir o olhar para este assunto.
48. black sand beach, islândia
111
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
o espaço negativo envolve
o assunto fotografado.
espaço positivo. espaço negativo.
O espaço negativo é como o ar: ele envolve o assunto
principal, sem chamar atenção para si. Ele é neutro e
serve para dar mais atenção ao assunto. Ao navegar o
olhar pela imagem, procuramos os espaços positivos.
Dica
Na fotografia e no design
usamos este espaço
negativo para dar destaque
ao assunto principal. O
maior erro de quem está
começando é ter medo
de deixar espaços vazios.
Mas lembre-se que quanto
mais espaço vazio, mais
destaque você dá para o
assunto principal, e não o
contrário!
não tenha
medo do vazio.
49. tromso, noruega
50. rio de janeiro/RJ
112 Como juntar os elementos no quadro
Depois de conhecermos os elementos, é hora de colocarmos eles dentro de um
quadro e formar nossa foto. 7 princípios nos ajudam a decidir como fazer isso.
1. Equilíbrio
Ao olhar uma foto equilibrada nosso olhar viaja dentro da imagem. Ao olhar uma
foto desequilibrada nosso olhar procura o que está faltando. Para conseguir o
equilíbrio, distribuímos os elementos no quadro de forma que eles se complementem
ou façam sentido.
nesta foto, a pedra no canto inferior esquerdo se equilibra com a montanha grande no canto superior direito. o lago, cortando a foto na diagonal, divide os dois elementos.
uma foto parecida, feita
de outro ângulo, não
inclui a pedra. veja como
o vazio faz a foto ficar
desequilibrada.
51. kvaløya, noruega
113
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
nesta foto, a modelo está
olhando para o canto superior esquerdo. criar um
espaço negativo para onde
ela possa olhar faz a foto
ficar mais equilibrada.
números ímpares costumam
criar um equilíbrio mais
agradável do que pares. nesta
foto, três ciclistas (número
ímpar) se equilibram com uma
(número ímpar) última pessoa
no fim do quadro.
52. m
ari
53. r
io d
e ja
neiro
/RJ
114 2. Contraste
O contraste é o uso de
iluminação ou cores para
definir o caminho do olhar
de quem observa. Para
garantir a separação de
assunto e fundo, usamos
cores complementares ou
luz e sombra.
nosso olhar
costuma ir
primeiro para as
partes
mais iluminadas
de uma
foto. neste e
xemplo,
embora a modelo
ocupe
pouco espaço no
quadro,
ela fica em evidê
ncia por
ser o assunt
o mais claro.
3. Repetição
O uso de elementos parecidos em cor ou formato cria
um padrão que pode ser abstrato ou enfatizar um
assunto sem dar atenção para cada elemento.
a repetição mostra que
o assunto da foto é
“desenhos rupestres”,
mas não notamos, de
partida, cada desenho
individualmente.
54. carol
55. m
useu
de
arqu
eolo
gia
do x
ingó
/AL
115
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
5. Ritmo
O ritmo é o que define a
forma como o observador
viaja o olhar pela imagem.
Usamos linhas, formas e
desfoques para criar um
ritmo de movimento ou
de leveza.
as bandeiras tanto em primeiro plano quanto lá no fundo criam profundidade e fazem o olhar viajar pela foto.
4. Ênfase
É o destaque dado para o assunto principal da foto.
Quase sempre existe algum assunto principal, e
procuramos dar toda a ênfase a ele. Podemos fazer isso
usando luz/sombra, cores e desfoques.
a modelo está em ênfase pois é o elemento com mais nitidez e iluminação do quadro.
57. m
anife
staç
ão e
duca
fro/
RJ
56. s
hirl
ley
116 6. Proporção
A proporção é o que
distribui os elementos
no quadro de acordo
com a sua importância e
tamanho.
7. Unidade
Tudo que está no quadro
tem que ter alguma
função na composição. O
maior erro encontrado nas
fotografias de iniciantes
é este: muitos elementos
não dizem nada ou não
adicionam nada à foto,
deixando a imagem sem
unidade.
a montanha, a árvore
e as pessoas parecem
insignificantes pois o céu
toma a maior parte da
imagem.
tudo que está na foto deve ter sua função. na dúvida é melhor ter elementos de menos do que elementos demais.
58. o
berh
ofen
am
thun
erse
e, s
uíca
59. b
arra
da
guar
atib
a/RJ
117
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Regras de composição
Seguir algumas regras de composição já consagradas garante imagens bem
equilibradas. Você pode quebrar essas regras quando houver um bom motivo para
isso, mas segui-las é um bom começo para criar fotos mais bonitas.
Regra dos terços
Pegue o seu quadro e desenhe mentalmente um jogo
da velha em cima dele. Os pontos importantes da sua
foto devem ficar em alguma das quatro convergências
dessas linhas.
Cada foto tem suas características próprias e nem
sempre é fácil definir o que vai nas bolinhas. Antes de
bater a foto olhe para a cena e defina o que tem mais
importância e deve estar em evidência.
coloque aquilo que é mais importante nas áreas marcadas.
nesta foto o barco é o ponto de destaque, e ele se encontra na convergência inferior esquerda: o restante da cena é espaço negativo e dá contexto.
60. c
ânio
n do
xin
gó/A
L
118
em retratos buscamos manter os olhos no terço superior.
nesta imagem existem
dois pontos de intere
sse:
a escada e a c
achoeira.
elas se equilibram, cada
uma localizada em
uma
interseção do jo
go da velha.
Depois de aprender a regra dos terços ou estudar um pouquinho de fotografia
ficamos tentados a nunca mais fazer uma foto centralizada na vida! Não centralizar
nada no quadro é, aliás, o conselho que você mais vai escutar quando se trata de
composição.
61. m
onic
a62
. sel
jala
ndsf
oss,
isla
ndia
119
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Pratique bastante esta
regra para ver como
os resultados podem
ficar bonitos, mas não
tenha medo de quebrá-
la quando quiser criar
tensão na imagem: o
uso de outros elementos
pode fazer uma foto
centralizada ficar muito
bonita também.
Mantenha os horizontes na horizontal, por favor!
Se tem uma coisa que
estraga muitas fotos por
aí é fazê-las tortas. Não:
não é artístico, não é
diferentoso, não é estiloso.
É simplesmente feio.
Acredite em mim.
pessoas tranquilas
passeando de barco pelo
mar... não, a foto torta
não é legal.
Parece radical, mas o motivo é simples: entortar a foto é um ótimo método para fazê-
la remeter a movimento e caos, criando tensão. O problema é que a maioria das fotos
tortas que vejo por aí são de pessoas paradas, objetos inanimados, paisagens imóveis
ou momentos tranquilos!
63. i
lha
do m
el/P
R
64. s
alva
dor/
BA
120
O único bom motivo para fazer uma foto torta é para
acompanhar e evidenciar movimento ou criar tensão.
No cinema, esta técnica é chamada de dutch tilt.
o horizonte torto nesta foto só funciona pois evidencia o movimento e o caos.
Se você está deixando sua foto torta porque não consegue alinhar o horizonte,
porque quer encaixar alguma coisa melhor na composição, ou porque quer que ela
fique mais estilosa, melhor parar por aí!
Algumas câmeras possuem um nivelador embutido, é só apertar um botão (veja
no manual se a sua oferece esta opção.) Você também pode usar um nivelador à
parte, que se encaixe no topo da câmera (onde ficaria o flash). Alguns tripés também
possuem o clássico nivelador de bolha.
Caso nada dê certo e não exista outra opção, alinhe a imagem na pós-produção. O
chato dessa alternativa é que você acaba perdendo parte da sua foto.
Se quer encaixar mais coisas na foto, mude seu posicionamento. Se quer uma
foto mais criativa, use a composição e a luz. Mas, por favor, deixe seu horizonte na
horizontal!
65. o
slo,
nor
uega
121
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Uso de molduras
Colocar um elemento neutro e discreto em volta do assunto principal pode ser uma
boa opção para conseguir evidenciar o que é importante.
esta foto usa a janelinha do avião como moldura.
esta foto usa a
caverna como
moldura.
Qualquer coisa pode virar
uma moldura. Ela pode ser
óbvia, como uma janela.
Ela também pode ser
somente induzida, usando
elementos desfocados e
naturais.
A moldura está lá
somente como figurante,
e o ideal é que ela não
chame muita atenção.
Podemos esconder seus
detalhes usando sombras
ou desfoques.
66. n
iteró
i/RJ
67. i
lha
do m
el/P
R
122 Além de apontar para
o assunto principal da
imagem, a moldura
também ajuda a dar um
contexto contando parte
da história.
Na foto abaixo existem
vários níveis de moldura:
tente encontrá-las e
entender como elas
ajudam a criar interesse
na imagem.
uma moldura também adiciona contexto à foto.
68. luar
123
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Simplicidade na composição: mostre só o que é importante
Um dos segredos para conseguir fotos mais bonitas é mostrar somente elementos
que são importantes e relevantes. Uma foto poluída não é necessariamente uma foto
com muitos elementos, e sim com muitos elementos que não adicionam nenhuma
informação importante na imagem ou que aparecem na foto de forma desorganizada.
em uma foto poluída fica difícil ver o que é importante, pois são muitos elementos brigando por atenção.
quando focamos somente
no que interessa a
foto fica muito mais
interessante.
69. ilha grande/RJ
124 Definir o seu
posicionamento é o
primeiro passo. Antes de
levantar a câmera, passeie
e veja a diferença de cada
ângulo na cena. Veja onde
a luz está batendo e o que
ela está evidenciando.
Escolhido o ângulo,
aponte a câmera e veja o
que ela está mostrando
no quadro.
Muitas vezes um passinho
é o suficiente para
mostrar ou esconder
elementos em uma cena.
Observe como mudar
meu posicionamento
em poucos centímetros
fez a diferença na foto
ao lado. O telhado que
aparecia na primeira foto
foi escondido por uma
folhagem incluída na
composição.
Veja a diferença que faz
dar um passo para os
lados ou se abaixar. Veja a
diferença que faz chegar
mais perto ou mais longe
do seu assunto.
70. o
berh
ofen
am
thun
erse
e, s
uíça
125
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
foto na hora mágica.
A melhor hora para fotografar
Adoro usar o sol como fonte de luz: ele está lá disponível para todo mundo, é de
graça, e não é preciso trocar suas pilhas.
Uma das dicas de fotografia mais tradicionais quando usamos a luz natural é:
fotografe sempre na hora mágica. A hora mágica é aquele momento em torno do
nascer e do pôr do sol. Neste momento, a luz está suave e dourada e o céu está com
cores lindas. Seguindo esta linha de pensamento, também se diz por aí para nunca
fotografar ao meio dia, pois neste horário a luz está muito forte, criando sombras
feias e duras.
Porém, vivendo a fotografia no dia a dia, descobri que
não é tão simples assim.
A melhor hora para fotografar depende de muita coisa:
o tipo de foto, a logística necessária, a disponibilidade
e conforto de clientes, o lugar do mundo onde você
está... Por esses motivos, não existe uma só resposta. É
necessário analisar qual é o melhor horário para você!
71. rio de janeiro/RJ
126
Qual é o seu melhor horário?
O primeiro ponto a considerar é sua
localização. A hora mágica pode durar
cinco minutos em Belém, uma hora
em Porto Alegre, e o dia inteiro na
Noruega. Além disso, sabemos que
o ângulo em que o sol viaja no céu
também depende da estação do
ano.
No Brasil, além da variedade
enorme de iluminação,
dependemos de outros fatores
metereológicos.
Quando eu morava em Curitiba, era
impossível marcar ensaios para a hora
mágica durante o inverno, pois ficava muito frio.
Eu acabava fotografando durante o temido meio dia
para minhas clientes ficarem confortáveis.
Dica
No norte, existem épocas
em que a chuva tem hora
marcada. Independente do
que os livros de fotografia
disserem, é inviável marcar
um ensaio no parque bem
na hora do toró. Norte,
sul, nordeste, sudeste ou
centro-oeste têm também
suas necessidades únicas,
que só você conhece!
Dependemos também da disponibilidade das outras
pessoas envolvidas. O mundo não gira ao redor do
nosso umbigo fotográfico e nem sempre quem vai
participar também está disponível no horário perfeito.
Quem fotografa paisagens profissionalmente encara
problemas semelhantes: imagine que você chegou
em Xangai hoje, seu vôo demorou, o trânsito atrasou,
o tempo fechou... Mas a foto precisa ser entregue
amanhã! É preciso fazer uma foto bonita, pois prazos
são prazos. Mesmo que você não seja profissional, as
férias também têm hora marcada para acabar e nem
sempre a condição ideal estará te esperando em Paris.
127
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
choveu. e aí?
o que fazer?
acordei às 4 da manhã, fui pra locação... E o tempo estava fechado. nesta foto, usei uma lente teleobjetiva para focar a composição no reflexo dos barcos, e não na paisagem tradicional.
Como trabalhar com situações não-tão-perfeitas de luz?
É preciso ser realista: se não é viável fotografar na hora
perfeita, quais são as alternativas e como trabalhar com
elas?
Se a foto de paisagem não vai ficar legal porque
o tempo está nublado, que tal focar em outros
elementos? É possível chegar mais perto, usar o preto e
branco ou criar efeitos que façam a iluminação ser sua
amiga, não inimiga.
72. r
io d
e ja
neiro
/RJ
73. fl
ores
ta n
egra
, ale
man
ha
128 Se foi imprescindível
marcar um retrato
durante um horário em
que o sol está a pino,
você pode aproveitá-
lo para trabalhar fotos
mais contrastadas e
dramáticas. Só tome
cuidado com expressões
desconfortáveis: a
tendência é que a gente
aperte os olhos quando
o sol está na nossa cara.
Em retratos tradicionais,
onde a pessoa está
olhando diretamente
para a câmera, talvez seja
necessário procurar uma
sombra.
esta foto com iluminação
dramática foi feita com o
sol forte.
mesmo quando o sol está a pino é possível buscar ou criar uma sombra.
O mais importante para se trabalhar com a luz natural é entender que é ela quem
manda. Se você planejou uma foto específica e o tempo virou, não dá pra insistir: seja
flexível e trabalhe com a luz que a natureza te deu.
74. michele
75. c
ristia
ne
129
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
A fotografia preto e branco
A imagem em P&B era originalmente uma limitação. A
fotografia foi inventada oficialmente em 1839 mas foi
só cerca de 100 anos depois que a fotografia colorida
ficou viável. Era o fim da restrição e todas poderiam
fotografar o mundo como ele sempre foi: colorido!
Mas por que, mesmo depois da descoberta e
popularização da fotografia colorida, continuamos a
fazer fotos em preto e branco?
O primeiro motivo para que a foto em P&B não morresse foi a reação de
profissionais da época. Assim como ainda hoje é possível escutar gente negando
a validade da fotografia digital em relação ao filme, na década de 40 fotógrafas
negavam a novidade da fotografia colorida. Essa modinha estaria depreciando
a fotografia de verdade. É comum isso acontecer a cada mudança de estilo ou
tecnologia: até mesmo Monet era visto como alguém que estava depreciando a arte
de verdade pela crítica da época, que negava o impressionismo.
76. r
io d
e ja
neiro
/RJ
130 Mesmo com o choque inicial, a fotografia colorida desde
então cresceu e se tornou a mais utilizada. Atualmente,
ela é unanimidade na mídia: é muito raro encontrarmos
um filme, um outdoor ou um editorial de moda sem
cores.
As cores nos permitem registrar o mundo com mais
precisão, mas as fotos preto e branco ainda vivem. Pode
ser por causa de uma nostalgia crônica presente em
todas as gerações. Entretanto, a maioria das pessoas
concordam com um simples motivo: as cores podem
nos distrair do que realmente interessa em uma foto. A
emoção, as formas e as texturas aparecem muito mais
em um registro sem esta distração.
um dia nublado já não tem cores mesmo…
77. ilha grande/RJ
131
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
78. a
ngel
ica
e le
andr
oRetratos
132
a direção afetiva busca sensações que vão além da foto.
79. j
osi e
and
ré
Introdução à Direção Afetiva
O que falar quando vamos fotografar uma pessoa? Como deixá-la à vontade e evitar
a trava que acontece quando apontamos uma câmera? De onde vem aquele sorriso
verdadeiro e aquele olhar de cumplicidade que nos encontra do outro lado da foto?
133
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
80. c
assi
o e
julia
no
Direção é um desses assuntos ignorados em livros de fotografia
gringos. A maioria dos livros que chegam pra nós vêm dos
Estados Unidos e são feitos por pessoas estadounidenses e
para pessoas estadounidenses. É fácil entender o motivo desse
assunto não ser falado nesses materiais: a direção tem uma
ligação direta com nossa forma de se relacionar.
No Brasil e no restante da América Latina nosso jeito de se
relacionar é pessoal e acolhedor, mesmo com algumas variações
entre campo e cidade. A gente se encosta, convida prum café e
abre a geladeira na casa dos outros. Essa atitude acolhedora só
deixa de existir naquelas classes que tentam imitar o jeito frio
de quem está há centenas de anos nos explorando.
As dicas de direção gringas, normalmente baseadas em “coloque
a mão da pessoa pra cima” e “mexa a cabeça dela pra tal
posição”, são mecânicas e objetificantes. Talvez até funcionem
quando lidamos com modelos profissionais, mas reproduzir esse
passo-a-passo com a maioria das pessoas é garantia de criar
uma situação incômoda. Mas tem como fazer diferente?
134
81. tathiana
Durante todo o ano de 2014 levei uma oficina de
Direção Afetiva para todos os estados do Brasil. De
janeiro a dezembro, de região em região. Eu e as
pessoas que participaram desta oficina desenvolvemos
– em conjunto – uma direção mais lúdica, mais
empática e mais política.
Esses três pilares são assunto suficiente para outro
livro, admito! Mas tentarei trazer aqui uma introdução
que possa te ajudar a lidar melhor com as situações
que aparecem quando você vai fotografar pessoas.
“O que eu faço?”
Aponte uma câmera para alguém e espere alguns
segundos. Logo, a pergunta virá. “O que eu faço?”
Pode ser que a pergunta não venha verbalizada. Pode
ser que ela venha somente com uma carinha de dúvida.
Pode ser que ela venha em formato de pose-e-sorriso-
de-festa. Pode ser que venha através de um olhar
desviado ou de um olhar ensaiado. Mas ela virá.
135
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
E ela vem porque toda vez que alguém aponta uma câmera pra gente, gostando ou
não, nós de repente sentimos uma autoconsciência em relação ao nosso corpo e
nossa presença. É como se estivéssemos vivendo a vida tranquilamente e, ao ter uma
câmera apontada para nós, lembrássemos que nosso corpo está ali. E é por isso que
nessa hora não sabemos muito bem o que fazer com ele. E perguntamos, com a boca
ou com o corpo, o que fazer.
O primeiro passo para uma direção, afetiva ou não, é responder a essa pergunta. A
cada dois segundos. Toda vez que você estiver apontando uma câmera para alguém.
(Depois disso, a pergunta “E agora?” virá. Responda essa também e repita o processo.)
Esse primeiro passo já é difícil o suficiente de seguir. Principalmente porque quando
gostamos de fotografia temos uma certa mania de ficar acariciando os botões da
câmera e pensando na luz, na composição e nas configurações ao invés de olhar para
o ser vivo que está ali parado na nossa frente. Se você mora numa cidade grande,
vá para um parque no sábado à tarde e observe os ensaios acontecendo: você verá
uma pessoa desconfortável posando e uma pessoa continuamente olhando para uma
telinha para ver se suas fotos estão ficando boas.
81a. alcinda e manoel
136
82. r
ita e
ped
ro
Praticar a direção afetiva é parar de se preocupar tanto em como está ficando a foto
e passar a se preocupar em como está ficando a pessoa fotografada.
(Na verdade, o primeiro passo se resume em deixar de ser narcisista. Se você nasceu
no Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial, boa sorte com esta tarefa!)
E o segundo passo é ter uma resposta para a pergunta “O que eu faço?”
Por algum motivo existem algumas respostas que
saem automaticamente da nossa boca. Todas elas são
terríveis e devem ser evitadas a todo custo – a não ser
que você fale tudo como se estivesse cantando uma
linda poesia envolvente, como é o caso de uma querida
soteropolitana que encontrei nessas andanças.
As respostas proibidonas são:
• Pode agir naturalmente
• Faça o que quiser!
• Finja que eu não estou aqui!
• Agora dá um sorriso!
137
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foto
s in
crív
eis
A primeira é um dos pedidos mais danados que podemos fazer pra alguém para
quem estamos apontando uma câmera (muitas vezes enorme.) Agir naturalmente
nessas situações é travar e se sentir desconfortável.
Pedir para a pessoa fazer o que ela quiser é a mesma coisa que falar: “Sabe as
trocentas milhões e infinitas possibilidades de coisas que podem ser feitas no
mundo? Então, escolhe uma aí você, porque eu estou ocupada.” Fotógrafa: tome essa
responsabilidade de volta, pois ela te pertence!
Fazer fotos sem que a pessoa perceba é um jeito de conseguir fotos espontâneas,
mas não é sempre esse o caso. Não adianta pedir pra ela fingir que você não existe:
se ela já te viu, será impossível desver.
Já os dentes demais (crianças) ou dentes de menos (adultos) que aparecem quando
pedimos um sorriso deveriam ser motivo suficiente para nunca mais fazermos isso.
Todas as pessoas ficam radiantes quando estão sorrindo, com ou sem dentes, mas só
quando estão realmente sorrindo. Isso vale para outras expressões também: já tentei
pedir para um casal olhar entre si com um olhar apaixonado, já tentei pedir para uma
pessoa ficar assim, mais introspectiva, sabe? Mas não dá. Só modelos profissionais
sabem imitar um sorriso, um olhar ou uma expressão pra vender margarina. Gente
como a gente só sabe expressar sentindo.
83. josi
138
84. a
ndre
ssa
e m
arin
a
As poses
Quando conseguimos
evitar esses pedidos,
acabamos caindo na
opção gringa de direção:
responder à pergunta “O
que eu faço” pedindo uma
pose. Só que poses são
tudo que há de ruim da
fotografia de pessoas. Se
você já tentou posar para
uma série de fotos, com
certeza tem um motivo
para não gostar de poses.
Vou contar três dos meus.
Motivo número um: poses nos deixam desconfortáveis
Imagina a situação. Estou fotografando uma pessoa, e resolvo colocar ela numa
pose. Pode ser uma pose que eu inventei na hora ou uma que eu vi em um desses
horripilantes guias de poses que se encontram por aí. Começo a pedir:
– Então, senta ali. Isso. Agora, hmmmm, estica um pouco a perna. Não, a outra perna.
Agora, coloca a mão assim encostada no ombro. Agora vai virando a cabeça na minha
direção. Devagar! Não, volta um pouquinho. Isso! Perfeito! Agora dá aquele sorriso.
*CLICK*
139
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foto
s in
crív
eis
85. paula
Por que essa situação é tão incômoda para quem está
posando? É porque provavelmente não é uma posição
em que a pessoa costuma colocar seu corpo no dia
a dia e, principalmente, porque posar é baseada em
correções.
A cada frase do tipo “Coloca a perna ali, coloca o
braço mais pra cá, vira a cabeça assim mais pra acolá”,
estamos na verdade dizendo: “Você está fazendo errado.
Você está fazendo errado. Você está fazendo errado”.
E essa mensagem não é muito acolhedora, né?
Motivo número dois: poses nos transformam em outra pessoa
Não interessa quantos livros ou guias de
pose você decorar. Mil poses nunca serão
o suficiente para representar a infinita
variedade e combinações de movimentos
que existe em cada um de nós. Por mais
que a foto fique boa.
140 Um moço me contou, certa vez, que durante as fotos do seu casamento o fotógrafo
pediu que ele fizesse muitas poses. Uma delas era em um piano de cauda que existia
no espaço. Ele deveria fingir que estava tocando enquanto sua noiva deitava em
cima do piano de forma glamurosa. Diz ele que a foto ficou um espetáculo. Mas
ele e a esposa morriam de vergonha dela, pois não tinha nada a ver com eles. Eles
eram super casuais e despojados, e naquela foto quadrada eles foram somente
bonequinhos para o prazer do fotógrafo.
O mesmo vale para produções, maquiagens e outros acessórios, pois esses artifícios
foram feitos justamente para transformar aquela pessoa em outra.
Motivo número três: poses não nos representam
As poses nos livros e nos guias são sempre limitadas na representação de pessoas.
Um guia de poses de mulheres sempre vai ter mulheres de um certo biotipo (aposto
que não preciso te explicar qual.) E aí, quando você for fotografar uma mulher como
eu, que não tem cabelo, aquela pose de mexer e esvoaçar as madeixas não vai ajudar
em nada. O mesmo vale para quando você for fotografar uma pessoa gorda (as
dos guias são sempre magras), o mesmo vale para quando você for fotografar uma
pessoa cadeirante (as dos guias nunca têm deficiência), o mesmo vale para quando
você for fotografar um casal homosexual (os casais dos guias são sempre homem e
mulher, magros, brancos, ele mais alto que ela.) E por aí vai.
86. cecília
141
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Na melhor das hipóteses, tentar encaixar as pessoas em poses cria desconforto. Na
pior, constrangimento.
Embora desconforto e constrangimento não nos impeçam de fazer fotos bonitas,
o nosso objetivo aqui não é só fazer fotos bonitas, e sim evitar desconforto e
constrangimento. Este já é um objetivo por si só.
Mas, se não é pra pedir as proibidonas ou as poses, o que digo então?
87. vivien e lorraine
Um movimento de distração
Sabemos que apontar a câmera causa autoconsciência,
então uma das formas de evitar que essa
autoconsciência traga também desconforto é pedir para
a pessoa fazer algo com esse corpo e mente que foram
(re)descobertos.
142
88. andrea
Conseguimos fazer isso pedindo para que a pessoa use
seu corpo – considerando as possibilidades motoras
de cada uma – e sua imaginação de forma lúdica,
interessante, inesperada ou desafiadora.
Todo tipo de movimento serve para esse propósito. Os
conjuntos de pessoas e situações é que vão ditar as
ideias. Mas vou dar alguns exemplos para sairmos do
abstrato.
Se estou fotografando uma pessoa no parque e ela tem
um jeito sapeca, posso fazer um pedido singelo como
“sobe naquela árvore ali!” É um pedido simples, mas
que é desafiador, e desde a reação ao pedido já saberei
se é algo que deixa a pessoa mais ou menos à vontade.
A ideia não é fazer uma foto de pessoa subindo
em árvore. Este é somente o recurso utilizado para
conseguir trazer as expressões verdadeiras da pessoa.
143
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
O mesmo vale para movimentos da imaginação.
Posso pedir para uma pessoa fechar os olhos e
sentir o sol batendo na sua pele, escutar o canto dos
passarinhos e imaginar que está flutuando em uma
pequena nuvem no céu enquanto toma um picolé de
abacaxi que acabou de comprar na Rua XV.
Um movimento pode ser grande ou pequeno, pode
ser pedir pra pessoa subir numa árvore ou fazer
carinho no próprio cotovelo, pode ser uma interação
com o próprio corpo, com outra pessoa ou com o
ambiente, pode envolver o corpo, a imaginação, ou os
dois ao mesmo tempo. O essencial é pedir de forma
objetiva. Pedir pra “ir ali e fazer alguma coisa” não é o
suficiente. É preciso especificar e trazer detalhes.
Sugerir esses movimentos simples e diretos já é o
suficiente para criarmos situações espontâneas e
expressivas, e é o primeiro passo para começarmos
a fazer uma direção afetiva. Depois disso podemos
ir além e explorar outras ações e imaginações que
trabalhem memórias, desejos e autoconhecimento.
Dê um feedback constante
Não tem certeza se tudo que falei até agora faz
sentido? Está com o pé atrás e não sabe se vai querer
aplicar essas ideias malucas? Tudo bem. Mas eu
tenho uma dica final que deve servir até para você.
Sempre que alguém está tirando uma foto nossa,
ficamos em dúvida se está ficando bom. Quando
alguém pede pra gente subir numa árvore, não temos
certeza se era assim mesmo que era pra fazer. Quem
está com a câmera tem o controle nas mãos pois
decide quando clicar e sabe como está ficando. Quem
está do outro lado não tem nenhum controle. Só
dúvidas.
Dica
Cuidado para não acabar
corrigindo movimentos
assim como fazemos com
as poses. Se você acha que
aquela dança entre o casal
vai ficar mais bonita se ela
colocar o braço mais pra lá,
pedir pra ela fazer isso vai
ter o mesmo resultado de
corrigir uma pose.
144
90. juliana
89. l
aris
sa
Resolver isso é muito simples. Diga que está tudo certo.
As frases mágicas são: “É isso mesmo!”, “Perfeito!”, “Está
ficando ótimo”, “Nossa, que linda ficou essa foto!” Repita
essas frases o máximo que puder. Mesmo que seja
mentira. Mesmo que você tenha esquecido de tirar a
tampinha da lente. “Ficou perfeita”.
145
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Um aconchego e um ouvido
A fotografia de pessoas tem uma peculiaridade: a relação entre quem está do lado de
cá e de lá da câmera faz a diferença.
Para facilitar isso, é legal que exista um aconchego nesta relação. Normalmente, uma
conexão acontece antes mesmo do primeiro encontro. Numa situação profissional,
por exemplo: uma cliente vê meu portfolio, lê o que e como escrevo e já leva suas
impressões e afinidades para o nosso encontro. É essencial deixar claro que você é
um ser humano antes de tudo. É mais importante ainda deixar claro qual ser humano
você é.
Conhecer e ouvir são a segunda parte dessa relação. Saber se esse é o tipo de
pessoa que sobe em árvore, que gosta de picolé de abacaxi ou que tem uma
história especial que aconteceu na Rua XV é parte importante da afetividade na
direção. É se importar. Dependendo da pessoa, as mesmas brincadeiras e sugestões
podem ser perfeitas ou bastante inadequadas. Falar “feche os olhos e agora pense
que um homem lindo está cheirando seu cabelo!” pode funcionar com uma moça
heterossexual, mas não com uma lésbica ou com uma que não tenha interesse em
relacionamentos afetivos. Evite momentos chatos e não se baseie em estereótipos.
90. juliana
146 Quem trabalha ou quer trabalhar com fotografia pode tentar fazer isso formalmente.
Eu enviava algumas perguntinhas bem gostosas de responder para todas as clientes
que eu ia fotografar. Mas, na verdade, o conhecer acontece mesmo no momento das
fotos. Todo mundo tem histórias pra contar. É só perguntar e ouvir. As fotos podem
ficar para os intervalos.
No fim, essa empatia é o mais importante. Mais importante, diga-se de passagem, do
que fotos bonitas.
Mas, mas, mas… É o que a pessoa quer!
De todos os “mas” que surgiram nas dezenas de oficinas pelo Brasil, esse sempre foi o
mais presente:
“É tudo muito bonito o que você está falando mas… E quando não é o que a pessoa
quer? As pessoas querem parecer diferentes. As pessoas querem poses que as façam
mais glamurosas ou parecidas com modelos de margarina. As pessoas querem
esconder o que elas realmente são pois elas não se gostam! E aí?”
Sim, é verdade. Tem pessoas que querem exatamente isso mas… Você concorda?
Se concorda, vá em frente. Se não, faça de outro jeito. Você escolhe ser parte do
problema ou da solução.
147
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Técnicas para retratos
Os olhos e o rosto
No capítulo sobre foco já contei que a regra mais importante de foco em retratos é:
foque sempre no olho!
Os olhos costumam ser a parte mais expressiva do rosto. Se a pessoa estiver olhando
diretamente para a câmera é ainda mais importante que eles estejam em foco.
O ideal é que os dois olhos fiquem em foco, mas se a
pessoa estiver em um ângulo que só permita focar em
um deles, prefira focar naquele que está mais próximo
da câmera, pois ele está mais em evidência.
Lentes indicadas
Teleobjetivas (como a 85mm)
com abertura grande (como
f/1.2, f/1.4, f/1.8 e f/2.8).
Configurações
use aberturas maiores para
desfocar o fundo e deixar a
pessoa em evidência.
91. p
risci
la
148
faça o foco no olho que está
mais próximo da câmera.
92. fi
ona
149
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
O ângulo do olhar pode
fazer muita diferença
na naturalidade de
um retrato. Evite fazer
a pessoa virar o olho
de forma que não seja
natural para ela. Para isso
o ideal é que a pessoa
esteja olhando mais ou
menos na mesma direção
para a qual o rosto está
virado.
olhos voltados para onde
costumam estar voltados
significam resultad
os
naturais e agradáveis.
É legal oferecer um espaço no quadro para onde a pessoa possa se virar. A
composição dos retratos tradicionais sugere que a pessoa esteja sempre inclinada
para dentro da foto, não para fora.
ofereça espaço na direção para onde o rosto e o olhar estiverem virados.
93. b
arba
ra
94. l
etíc
ia
150 Os olhos estão bem no centro da nossa cabeça. Abaixo
deles, temos todas as outras feições e o restante
do corpo. Acima deles, temos somente a testa. Se
centralizarmos a linha dos olhos verticalmente, teremos
um vazio que desequilibra a composição no topo do
quadro.
nesta foto a linha dos olhos está no terço superior do quadro, tudo bem cortar um pedaço da cabeça!
Neste caso, a sugestão para fotos de rosto é colocar os
olhos na linha superior da regra dos terços. Às vezes,
pode ser necessário cortar o topo da cabeça. Mas não
se preocupe, na composição ele não faz tanta falta!
95. lilyan
151
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
cuidado onde sua foto corta as pessoas.
Enquadramento...
Ao fazer fotos de rosto,
evite fazer o corte nas
bordas (exatamente no
queixo ou no topo da
cabeça). Se é pra fazer
um corte próximo, chegue
bem pertinho. Se é pra
fazer um corte mais
afastado, mostre um
pouco de pescoço;
Se mostrou cotovelos,
mostre mãos. Se mostrou
joelhos, mostre pés;
Evite cortar a pessoa
em partes do corpo
que dobram (tornozelo,
joelhos, cintura, cotovelos,
pescoço, pulsos).
se quiser fazer um retrato “sem cabeça”,
ao invés de cortar exatamente no pescoço,
inclua uma parte do rosto.
96. f
abio
la
152
97. taysa
Retratos contextualizados
Nos retratos nada deve chamar mais atenção do que a pessoa. Fundos e roupas
neutras garantem que isso aconteça, mas usar somente elementos neutros pode
resultar em fotos banais e simplórias.
É possível incluir elementos em retratos que façam parte da composição ou que
ajudem a contar a história da pessoa fotografada, desde que o fundo não brigue pela
atenção do olhar.
esta é a foto
original.
um corte exatamente
na borda do queixo
faz a composição ficar
esquisita.
decida se vai mostrar um pouco de pescoço...
ou se vai
cortar
bastante.
153
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
a paisagem faz parte
integrante da foto,
dando contexto ao
momento retratado.
o fundo dá o contexo para
os dançarinos, mostrando
que estão na rua, gra
ças
ao quiosque, e mostrando
também a reação dos
amigos que assistem.
98. m
aira
e b
ryce
99. r
io d
e ja
neiro
/RJ
154
Você pode usar esta luz lateralmente, dando volume e profundidade ao rosto. Você
pode usar esta luz de fundo, criando uma silhueta. Também dá pra usá-la de fundo
deixando a janela superexposta, criando um banho de luz.
foto usando
a luz da
janela latera
lmente.
A luz da janela
A luz da janela é adorada por muita gente! Ela não é
exatamente uma fonte de luz: o que ela faz é moldar a
luz que vem lá de fora.
Coloque uma pessoa ao lado de uma janela onde não
esteja batendo luz do sol direta (ou que tenha uma
cortina deixando a luz mais suave) e você conseguirá
fazer um lindo retrato.
100.
fabí
ola
155
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
foto usando a janela como luz de fundo, bem superexposta. silhueta com a luz da janela.
101.
fabí
ola
102.
julia
156
Estúdio ou locação externa?
Vantagens do estúdio:
Clima (pode estar chovendo lá fora e dá para continuar fotografando);
Dá pra criar todos os efeitos de luz que você imaginar, pois a luz está sob seu
total controle;
O tempo é todo aproveitado fazendo fotos (não é preciso ir conhecer a
locação, ficar andando de um lado pro outro).
Vantagens da locação externa:
O ambiente é mais natural e não intimida pessoas que não são modelos;
Dá pra fazer lindas fotos com a luz do sol nas suas diversas formas, que além
de tudo é de graça e nasce para todas;
É possível incluir outros elementos na composição, dando contexto e criando
interesse;
Lugares diferentes permitem exercitar a criatividade e conseguir resultados
únicos a cada ensaio.
uma textura criadapor janelas e persianaspode deixar a luzinteressante
103. erika
Quando o sol está
batendo na janela
diretamente é
possível criar efeitos
mais dramáticos,
principalmente se você
usar grades, persianas
e outros elementos que
criem texturas.
157
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Fotos de crianças
O mais difícil de fotografar crianças é controlar as
pessoas adultas em volta! Precisamos implorar para as
pessoas grandes brincarem e ficarem à vontade, mas
crianças fazem isso naturalmente. O maior desafio é
impedir pais e mães de podarem a criançada e dizer
“olha lá pra tia! dá um sorriso pra tia!”
Transforme o ensaio em uma brincadeira. Brinque com
a criança. Deixe-a brincar.
Se o seu objetivo é trabalhar com ensaios infantis
profissionalmente, lembre-se que hoje muita gente
gosta de fotografia, e pais e mães às vezes têm o
mesmo equipamento que você! O papel de profissionais
é registrar aquilo que a família não consegue: a
relação. Fotos da criança sozinha são importantes, mas
o carinho de toda a família é o que faz esse tipo de
ensaio especial.
104. olivia
158 fotos da família interagindo com a criança são as mais especiais.
Dica
Para conseguir fotos
bonitas em que as crianças
olham para a câmera
naturalmente, você pode
usar um baffle. Um baffle
é um acessório que se
encaixa na lente e pode
ter formato de bichinhos
e personagens. Você
pode comprá-lo pronto
em algumas lojas e pode
também fazer em casa, de
EVA ou crochê.
Dicas técnicas
Crianças correm e não param para a foto! Por isso, corra
junto e use um tempo de exposição rápido o suficiente
para que todas as imagens não saiam borradas. Uma
boa lente com autofoco rápido também pode ajudar
bastante.
105. raphael
159
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
ao invés de impedir a criança de correr, corra junto e seja rápida no gatilho!
locações externas dão mais
liberdade para a criança e
para você. só tome cuidado
com dias muito quentes ou
muito frios.
As lentes mais indicadas
para fotos infantis são
aquelas versáteis, que
nos permitem captar a
foto mesmo se a criança
estiver escondida em um
cantinho ou correndo
no parque: lentes zoom,
como a 24-70mm, são um
bom exemplo.106. lucas
107. bella
160
Gosta de fotografar bebês? Existem muitas vertentes,
desde as fotos posadas de recém nascidos até as fotos
que mostram mais do dia a dia da família.
Independente do estilo que mais te interessa, lembre-
se que, assim como nas fotos de crianças maiores, a
interação de papais e mamães com seus bebês é o que
faz falta nas fotos pessoais.
todo mundo gosta dos pequenos detalhes de bebês.
Embora seja possível fazer ensaios infantis em estúdio,
a limitação física pode ser um problema para a parte
da brincadeira. Fotos com luz natural e em espaços
mais amplos permitem mais liberdade tanto para você
quanto para a criança.
108. laura
161
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Fotografia de paisagens e viagens 10
9. h
avan
a, cu
ba
162
O maior desafio das fotos durante passeios pelo mundo
é que a fotografia faça parte da viagem sem atrapalhar!
Quem viaja com você?
O nosso problema número um é com quem viajamos. Já
viajei sozinha, com colegas e com a família. É inevitável:
quem quer fotografar vai andar um pouco mais devagar,
parar mais vezes e querer esperar “só mais alguns
minutinhos” até a luz ficar perfeita.
Se você está viajando com alguém é preciso achar o equilíbrio combinando um
cronograma um pouco mais folgado do que normalmente seria. Com mais tempo
entre cada atividade é possível fotografar tranquilamente sem ninguém ficar
impaciente com você.
Se a pessoa com quem você costuma viajar não tem nenhuma paciência para
seus devaneios fotográficos, é melhor escolher outra companhia na próxima
oportunidade!
110. ilha grande/RJ
163
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Viaje por mais tempo
Várias pessoas têm a oportunidade de tirar 30 dias de
férias por ano. Que tal viajar esses 30 dias ao invés
de vender parte das férias pra chefe? Ficar por várias
semanas em um destino faz você entender muito melhor
o local e seus costumes. Nos primeiros dias no Rio de
Janeiro você já mata as atividades obrigatórias, como ir
no Cristo Redentor, onde dificilmente você vai tirar fotos
diferentes de outras milhões de turistas, e sobra tempo
para as fotos realmente especiais.
Só depois de um tempo é possível entender a energia de
um lugar. E é isso que faz a maior diferença nas imagens
que criamos e na própria vivência de viagem.
Sei que viajar por bastante tempo não é fácil (e nem barato, dependendo como e pra
onde você vai). Mas se não for possível ficar um mês inteiro viajando, considere ficar
o tempo todo em um só lugar. Evite viagens do tipo “conheça 20 países da Europa
em 15 dias”. Fotos interessantes de viagem contam histórias e a gente só conhece
histórias com tempo. Fotos de paisagem precisam ser planejadas, o que também
demanda tempo. Ou seja: tempo é essencial. E não só suas fotos ficarão mais bonitas
assim, mas também suas experiências.
111. naarden, holanda
164 Crie um dia da fotografia
Se seu objetivo da viagem definitivamente não é fotografar, ou quem viaja contigo
não curte muito a ideia de mudar o cronograma por causa disso, planeje e negocie
um dia da fotografia. Ali pela metade final da viagem, separe um dia dedicado às
fotos. No nascer do sol, volte a algum lugar que você achou interessante; caminhe
sem rumo para fotografar detalhes durante o dia; e vá para outro local bonito no pôr
do sol.
No dia da fotografia você
pode se preocupar só com
as imagens que quer criar.
Sem passeios apertados,
e atividades turísticas
corridas.
O legal é que fotografar
pode ser um jeito de ver
as coisas com muito mais
atenção e cuidado aos
detalhes. Quem sabe você
volta com uma história
especial no fim do dia?
112.
círc
ulos
de
mor
ay, p
eru
165
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Fotografar ou descansar?
Durante suas férias, evite levar junto a pressão da fotografia perfeita. Você não
precisa voltar das suas viagens com as fotos mais lindas já feitas no universo. Se esta
não é a sua profissão, aproveite as férias para realmente limpar a mente e deixá-la
novinha em folha para novas ideias quando voltar pra casa.
Deixe que as fotos bonitas
sejam uma consequência
de boas experiências, não
uma obrigação.
113.
con
gonh
as/M
G
166 A sua foto da Torre Eiffel é igual a todas as outras?
Em inglês existe uma palavra da fotografia chamada
snapshot. Uma snapshot é a foto que a turista faz
quando desce do ônibus, aponta para um lugar incrível,
tira uma foto, volta pro ônibus e vai pro próximo lugar
incrível.
Fotos assim são aquelas sem nenhum cuidado com
a composição e normalmente resultam em algo sem
graça e batido. Quer um exemplo? Que tal a famosa
foto da Torre Eiffel?
nem dá pra dizer que a foto é minha, porque todo mundo já fez uma igual.
Antes de fazer uma foto, gosto de me perguntar:
• Estou fazendo essa foto só para provar para os outros que estive em um lugar
bonito?
• Se eu fizer uma busca na internet vou encontrar centenas de fotos iguais à que
estou prestes a fazer?
• Estou fotografando só porque é o que se espera de alguém com uma câmera
enorme?
167
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
gosto mais de uma foto menos óbvia.
pense em projetos
que te façam sair
para fotografar
na
sua cidade!
Se a resposta para
qualquer uma dessas
perguntas for sim, acho
melhor guardar a câmera
e deixar pra lá.
Hoje procuro fotografar
somente quando estou
fazendo isso pelo prazer
de criar uma imagem
bonita e criativa.
Fotografe a sua cidade
Lembra que eu disse que precisamos de tempo para
conhecer bem os lugares e assim fotografá-los melhor?
Pois bem: passamos a maior parte do nosso tempo na
nossa própria cidade!
114. paris, frança
115. rio de janeiro/RJ
168 Você pode fotografá-la com as vantagens que todas
as turistas que a visitam não possuem: você conhece
suas histórias e segredos como ninguém, está presente
todos os dias, e se a luz não ficar muito boa hoje você
pode voltar no dia seguinte. Não se acomode em casa,
seu olhar sobre a sua própria cidade é especialmente
incomparável.
Técnicas para fotos de paisagens e viagens
O que levar?
Viajar pode ser cansativo: é comum bater mais perna do que faríamos em casa, para
aproveitar a viagem ao máximo. Para não ficar com um torcicolo no final do dia,
procure levar poucos equipamentos. A câmera, uma ou duas lentes e os cartões de
memória são o suficiente.
Tripés são grandes e
precisam ser despachados
em aeroportos. Se quiser
algo mais compacto
invista em um estilo
gorillapad: ele é um
pequeno tripé com pernas
flexíveis, que pode ser
usado tanto no chão
quanto agarrado em
objetos (como grades e
postes).
Lentes indicadas
Grande angulares permitem
mostrar toda a paisagem,
e lentes zoom possuem
versatilidade para não
carregarmos muito peso
durante as viagens.
Configurações
Use aberturas mais fechadas
para conseguir manter toda a
paisagem em foco (como f/11).
E não esqueça o tripé!
169
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Dica
Fotos interessantes contam
histórias. É assim que
decidimos o que vamos
fotografar: quais histórias
você quer contar? É uma
história de beleza, de
cultura, de gente? Antes de
apontar e clicar, pense qual
história você quer contar.
Em busca da luz ideal
Embora a gente precise considerar todos os fatores na
hora de usar a luz natural (falei sobre isso na página
125), para aquelas fotos de paisagens canônicas é
inevitável buscar a hora mágica. Dizem as fofocas que
revistas de fotografia nem consideram uma foto que
não tenha sido feita neste horário!
na hora mágica é possível registrar lindas cores em fotos de paisagens.
É preciso se planejar de acordo com o nascer e com o
pôr do sol para conseguir fotos deste estilo. E o mais
interessante de fotografar nos horários mais bonitos
é que a maioria das pessoas que saem só para turistar
estarão no hotel.
116. oberhofen am thunersee, suíca
170 Quando fui para Paris não acreditei no que vi: durante o dia a frente do Louvre
estava sempre lotada. Uma multidão fazendo as fotos clássicas. Mas foi só chegar o
final do dia e todo mundo sumiu. O museu mais visitado do mundo estava deserto
enquanto o céu dava um espetáculo de cores.
louvre na hora mágica. acorde cedo, ouça
os passarinhos e
faça fotos bonitas.
Acordar cedo e chegar no
local da foto pelo menos
uma hora antes do sol
nascer é outra forma de
conseguir fotos bonitas e
sem turistas. Não tenha
preguiça: desde que seja
seguro, a experiência
de passear antes de
todo mundo acordar é
especialmente gostosa!
É como se o mundo fosse
só seu. E você pensa que
em megalópoles como
Londres não dá mais pra
ouvir os passarinhos? Se
você pegar o primeiro
trem às 5 da manhã
garanto que dá.
117. paris, frança
118. londres, inglaterra
171
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foto
s in
crív
eis
Como a hora mágica pode durar bem pouco (às vezes a luz mais linda dura somente
alguns minutos) é muito importante você ir durante o dia para o local escolhido
e já planejar os ângulos e a composição. Algo que ajuda bastante também no
planejamento é usar um aplicativo no computador ou no celular para saber
exatamente onde o sol irá nascer/se pôr e os horários exatos. Tente ir para o local
escolhido já sabendo a foto que pretende fazer.
Como fazer fotos de longa exposição
Fotos com uma cachoeira toda aveludada ou um mar
todo esfumaçado geram um interesse enorme. quem não gosta de uma cachoeira aveludada?
Esse efeito é resultado de
uma técnica bem simples
chamada longa exposição.
É fácil realizar esse tipo
de foto. É só colocar a
câmera no tripé e usar
exposições longas (que
podem ter de 1 segundo
a vários minutos.) Usando
uma exposição longa tudo
que se mexe na cena irá
ficar embaçado.
Para fazer fotos assim
você começa deixando
o ISO no mínimo
(normalmente é o ISO 100
ou 200) e a abertura mais
fechada que sua câmera
permitir (normalmente
fica entre f/22 e f/29).
119. skogafoss, islândia
172
Para chegar na fotometria
adequada, precisamos
então compensar a pouca
entrada de luz causada
pelo ISO baixo e pela
menor abertura com o
tempo de exposição bem
longo.
Isso é fácil de fazer à
noite, por exemplo, mas
bem mais complicado
quando existe luz demais
(como durante o dia ou
mesmo no amanhecer ou
anoitecer.)
Às vezes, mesmo
deixando o ISO lá em
baixo e o diafragma bem
fechadinho, ainda tem luz demais. Aí o tempo de exposição não é longo o suficiente
para conseguir o efeito bonito que procuramos.
A solução ideal para situações assim é usar um filtro de densidade neutra (ND). Tudo
que este filtro faz é deixar passar menos luz para a câmera, permitindo que você use
exposições mais longas sem mudar outras características da foto.
Se você não tem um filtro ND ainda sobram duas opções: usar outros filtros que
também deixam passar menos luz (como o filtro polarizador) ou fotografar em RAW
superexpondo a foto para arrumar depois na pós-produção. É trapaça, mas o negativo
digital consegue manter muitas informações então pode ser uma alternativa pra
quando não temos outra escapatória.
120.
ver
anóp
olis
/RS
173
com
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foto
s in
crív
eis
foto original. depois de corrigir a exposição usando o Lightroom.
121.
sko
gafo
ss, i
slân
dia
174 E se eu não levar o tripé?
É quase impossível fazer longuíssimas exposições sem tripé, mas às vezes dá pra
dar um jeito. Tripé é assim: quando você fica com aquela preguicinha de carregar o
danado é exatamente quando vai aparecer a oportunidade para usá-lo!
Como não gosto de carregar muitos trambolhos isso acontece bastante comigo.
Nesse caso, costumo fazer o seguinte: primeiro apoio a câmera em um lugar sólido
e firme (na falta de algo assim na locação você pode sentar no chão e usar o joelho
como apoio.) Depois, na hora de clicar, prendo a respiração e aperto o disparador sem
soltá-lo até o fim da foto.
no caso desta foto
coloquei a câmera em
cima de uma das pedras.
a primeira saiu tremida,
mas no fim consegui uma
foto com exposição de 1.6
segundos que, sem tripé,
é teoricamente impossível.
Não é sempre que
funciona, mas depois de
uma ou duas tentativas é
possível que você tenha
sucesso!
122.
ver
anóp
olis
/RS
175
com
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foto
s in
crív
eis
A foto sai tremida mesmo com tripé!
Ao apertar o botão disparador você pode fazer a câmera
tremer. O ideal, neste caso, é ter um disparador remoto.
Ele permite que você aperte um botão longe da câmera,
evitando que ela se mexa. Se você não possui um
disparador remoto também dá para ligar o temporizador
da câmera, dando um tempo para ela se estabilizar do seu
apertão no disparador antes de começar a exposição.
Também é importante desligar o estabilizador da lente
(página 27) sempre que você estiver usando o tripé, pois
em muitas lentes o mecanismo usado para estabilizar a
imagem serve para estabilizar a câmera em movimento.
Quando usamos o tripé a câmera já está perfeitamente
parada e o estabilizador pode gerar o efeito contrário:
gerar tremor!
O segredo das fotos com grande-angular
Uma das lentes preferidas entre profissionais para
fazer fotos de paisagens é a grande-angular. Com ela,
você consegue incluir vários elementos na imagem,
mostrando a grandiosidade das paisagens.123. foz do iguaçu/PR
176 Ao usar esta lente lembre-se de incluir elementos
de vários planos na composição, e assim garantir o
efeito de grandiosidade. Tente chegar perto de pedras,
pessoas e outros objetos de interesse e incluí-los na
composição.
Fotos de paisagem grandiosas mostram desde coisas
que estão longe até coisas que estão próximas.
foto com elementos próximos.
A técnica do cartão preto
A técnica do cartão preto é utilizada para conseguir
fotos bem expostas em situações onde um pedaço da
foto está muito mais claro que o outro. Usamos essa
técnica principalmente em momentos como no nascer
do sol ou pôr do sol, quando a exposição do céu fica
muito diferente da exposição da paisagem. Usar o
cartão preto é uma forma fácil de já ter uma foto bem
exposta sem precisar contar com a pós-produção.
124. floresta negra, alemanha
177
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foto
s in
crív
eis
Vamos ver um exemplo?
As fotos ao lado foram
feitas um pouco antes do
nascer do sol.
Quando eu queria que o
céu tivesse detalhes, ela
ficou assim:
Para conseguir os detalhes
da paisagem, no entanto,
tive que aumentar o
tempo de exposição.
Consegui os detalhes do
banco... Mas perdi o céu:
Usando a técnica do
cartão preto, no entanto,
consigo uma foto que
tem a exposição correta
tanto no céu quanto na
paisagem:
125.
naa
rden
, hol
anda
178 A técnica é muito simples: com a câmera em um tripé, você segura um objeto preto
na frente da lente, cobrindo a metade mais clara da foto. No final da exposição, é só
tirar o cartão e deixar a parte mais clara ter sua exposição correta.
Vamos para um passo-a-passo mais detalhado:
1. Faça a medição da fotometria apontando para a parte clara e para a parte escura
da cena, mudando somente o tempo de exposição. No exemplo da foto acima,
usando ISO 100 e f/8, tive uma exposição de 30 segundos para a paisagem e de
3 segundos para o céu.
2. Escolha a exposição mais longa (neste caso, 30 segundos) e coloque o cartão
preto na frente da lente, cobrindo somente a parte mais clara do quadro. Olhe
pelo visor ou use o LCD para checar se o cartão está cobrindo de fato a parte
que você quer cobrir.
3. Aperte o botão do obturador para começar a fazer a foto. Conte os segundos
que se passaram e, quando faltarem os segundos da exposição mais curta, tire
o cartão de frente da lente! Contar de cabeça pode ser um pouco complicado,
então use um cronômetro (como o do celular.) No caso da foto de exemplo, tirei
o cartão quando meu cronômetro chegou em 27 segundos (30 segundos da
exposição da paisagem menos 3 segundos da exposição do céu.)
4. Pronto. Sua foto foi feita usando duas exposições diferentes e ficou linda!
179
com
o cr
iar
foto
s in
crív
eis
Essa técnica só funciona com exposições longas, pois
é humanamente impossível tirar o cartão no meio de
uma exposição de meio segundo!
O nome é cartão preto mas você pode usar qualquer
coisa que bloqueie a exposição do sensor da câmera: só
precisa ser um objeto plano, preto e fosco. Eu uso um
caderninho de anotações com capa preta que sempre
carrego comigo.
Se você tem um disparador remoto é uma boa ideia
utilizá-lo: você pode selecionar a opção bulb e contar o
tempo direto no cronômetro.
Enquanto está segurando o cartão na frente da
lente, tente fazer pequenos (bem pequenos mesmo)
movimentos circulares para que a foto não saia com
uma linha muito definida da diferença de exposição.
Existem filtros que fazem algo muito parecido com esta técnica: são os filtros
graduados de densidade neutra (ou, simplesmente, ND-grad.) Eles também
compensam a exposição de uma metade do quadro. A vantagem do filtro é a
facilidade de uso. As desvantagens são limite de pontos (normalmente só até 3
pontos) e localização do gradiente (dá pra colocar o cartão mais pra cima e mais pra
baixo, ao contrário do filtro, caso ele seja circular.)
Inclua pessoas nas suas fotos de viagem
Um dia, ao visitar a Islândia, parei em uma praia muito
peculiar chamada Black Sand Beach e por um momento
decidi fazer fotos de longa exposição das ondas
branquinhas contrastando com a areia preta.
180 Depois de trocar a lente
com um vento forte,
montar o tripé na posição
correta em cima daquela
areia esquisita, definir a
exposição, fazer o foco
bem direitinho e chegar
na composição final,
comecei a fotografar.
a foto ficou bem
menos ordinária
com as crianças!
126.
bla
ck s
and
beac
h, is
lând
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181
com
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foto
s in
crív
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Estava conseguindo os resultados que queria quando olhei para o lado e notei
algumas crianças correndo em direção à minha cena! Por um momento achei que
elas iriam estragar minha foto e falei uns palavrões dentro da cabeça. Mas logo notei
que uma foto com as crianças ficaria muito mais interessante. Como elas estavam
bem longe, nem perceberam que estariam na minha composição. Continuaram
brincando de fugir das ondas enquanto eu fazia as fotos que, realmente, ficaram
muito melhores do que a primeira.
Muitas vezes queremos uma foto impecável, só com aquela paisagem bonita e nada
mais. Mas figuras humanas trazem perspectiva e contexto para uma imagem, e elas
podem ser a diferença entre uma foto de paisagem bonita, mas sem graça, para uma
foto que chama a atenção.
Sei que muitas vezes não queremos turistas chatas
na foto. Mas, ocasionalmente, ao invés de esperar as
pessoas saírem da sua foto, espere elas entrarem!
127. rio de janeiro/RJ
182 Fotografia de flores 128
183
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foto
s in
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. . . Procurar um ângulo diferente é
essencial. Chegar perto da flor e fazer
uma foto de cima pra baixo traz os
resultados mais bobos. Se abaixe,
chegue mais perto, procure um ângulo
menos previsível.
. . . O fundo faz muita diferença.
Desfocar o fundo e deixá-lo
imperceptível dá destaque para
detalhes delicados.
... Uma luz suave resulta em uma
foto suave. Flores são delicadas e a
luz suave (na sombra ou em um dia
nublado) evidencia esta delicadeza.
Quando a gente começa a levar a fotografia a sério nos empolgamos com vários
assuntos que depois percebemos serem bastante batidos. É o caso de fotos de
bichinhos de estimação, autorretratos no espelho segurando a câmera e… florzinhas.
Mas não deixe de fotografar flores por causa disso: elas nos permitem praticar muita
coisa importante de composição e iluminação, e tentar fazer uma foto de flor que
não pareça banal é um ótimo exercício. Aprendemos com elas que...
Equipamentos indicados para fotos de flores
Para conseguir fotos bem próximas o ideal é usar uma lente macro. Mas se você
ainda não possui uma, pode conseguir resultados legais com filtros close-up, que
transformam lentes normais em lentes macro. A qualidade ótica não fica a mesma,
mas é uma opção mais barata para quem está começando ou só se aventurando.
129
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184
Fotografia de comida
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o cr
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foto
s in
crív
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Sanduíches de fast-food são muito mais bonitos nas fotos do que na vida real. Embora seja motivo para indignação, este é o princípio da fotografia de comida! Na vida real você tem o cheiro, a textura e o sabor. Na foto, o único sentido que podemos usar é a visão, e imagens bonitas compensam pelos outros sentidos.
uma foto de ov
os caipiras
com aparência mais
colorida e co
m contexto,
usando luz
natural later
al.
A decisão do estilo de produção depende do local onde a foto será usada. As fotos são para um catálogo? O fundo branco e a produção limpa costumam ser mais adequadas. As fotos são para um site? Combine a produção das fotos com a aparência do site.
Equipamentos indicados para fotos de comida
Um tripé ajuda muito a ter controle enquanto você faz fotos de comida, e uma lente
clara vai garantir bastante desfoque. Uma lente 50mm f/1.8 é ótima para começar a
fazer fotos lindas. Para conseguir uma luz agradável você pode usar a luz natural, que
entra pela janela.
Produção
Antes de começar a clicar devemos nos preocupar com a produção da cena. Você quer uma aparência mais minimalista? Pode trabalhar com um fundo branco e louças discretas. Quer uma aparência mais caseira? Pode usar uma mesa de madeira, pratos com detalhes e guardanapos coloridos. Você pode usar a luz da janela de forma lateral, direta ou de fundo.
O resultado final da fotografia de comida depende muito mais dessa produção do que do seu equipamento.
uma foto de ovo
caipira com aparência
minimalista, usando a luz
da janela vindo de trás.
a luz da janela garante um resultado de qualidade, sem que seja preciso comprar novos equipamentos.
133.
(pro
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o: le
tícia
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sula
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413
5. (p
rodu
ção:
adr
iana
pita
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186
Fotografia da lua (foto usando
uma 200mm)
136
187
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esta é a foto da lua que a maioria das câmeras automáticas faz.
A primeira coisa que a gente pensa ao fotografar a lua é que está bastante escuro. Então será como fazer outras fotos noturnas, certo? Errado! A lua é muito brilhante. Ela está refletindo a luz do sol, e por isso fotografá-la vai ser como fotografar de dia.
É por isso também que usar uma câmera automática vai resultar em uma foto
Para conseguir detalhes será necessário usar o modo de medição pontual, explicando para a câmera que o que te interessa é exatamente aquele pontinho branco. Coloque a lua exatamente no centro do quadro, e faça a fotometria de acordo com esta medição.
Para conseguir uma foto em foco a melhor técnica é ligar o visor LCD, aproximar a lua com o zoom, e fazer o foco manual. Se a sua câmera não faz isso, aposte no foco automático.
Dizem que a lua fica maior quando está mais próxima do horizonte, mas isso é pura ilusão de ótica (pois no horizonte conseguimos compará-la à paisagem, e mais tarde ela está perdida em um céu amplo). Como nossas lentes não se iludem como nossos olhos, o posicionamento da lua não faz diferença alguma para seu tamanho na fotografia.
Equipamentos indicados para fotografar a lua
Use a lente de maior distância focal que você tiver. Profissionais usam lentes de mais de 400mm, mas esse tipo de lente normalmente não existe no kit de quem está começando! Você conseguirá fazer fotos da lua usando lentes de 200mm ou 300mm (mas vai ser necessário cortar a foto na pós-produção).
horrível: a câmera vai ver toda aquela escuridão e só um pequeno pontinho claro... e vai fotometrar tentando achar o meio termo. O resultado: o céu continuará escuro e a lua vai virar uma machinha branca no meio daquela escuridão toda.
188 Fotografia de interiores 137
189
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Fotos de arquitetura, decoração ou institucionais podem ser legais de fazer. Como
os objetos não cansam ou piscam podemos preparar a foto com calma e fazer um
registro perfeito em um só clique!
O objetivo dessas fotos
é colocar a pessoa
observadora dentro da
foto, como se ela estivesse
ali. Antes de clicar, ande
pelo ambiente e veja
qual é o melhor ângulo:
o objetivo é mostrar todo
o ambiente mantendo
uma composição
agradável. Preste atenção
nos detalhes: não tem
nenhum fio aparecendo?
As cortinas estão bem
arrumadas? Os móveis
bem alinhados?
Coloque a câmera em
um tripé e ligue o LCD:
será possível ver tudo
que tem na foto, checar
se é melhor mudar algum
objeto de lugar (ou se
tem algum fio no meio do
caminho) e fazer o foco
manualmente.
nesta foto, movi alguns objetos que ficavam no caminho,
retirei fios, e virei as tampas das lixeiras para o mesmo
lado. mexer nesses pequenos detalhes ajuda a tirar
distrações de uma foto que já tem muitos elementos.
138
139
190 Equipamentos indicados para fotos de interiores
Nesta área uma lente grande-angular é essencial. Com ela podemos mostrar todo
o ambiente de uma só vez e com amplitude. Para evitar distorções não incline a
câmera para baixo ou para cima: a mantenha sempre nivelada com o chão.
centro do objeto.
paralelo ao objeto.
com a câmera paralela evitamos a distorção.
não paralel
o
ao objeto.
não perpendicu
lar
ao centro do
objeto.
com a câmera
inclinada
a foto fica
distorcida.
191
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crív
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luz4
194 Luz é luz
Tem gente que adora a luz do sol, e tem quem gosta
de usar flashes. Tem quem fotografe com a luz que
entra da janela e quem crie a luz do zero dentro de um
estúdio.
Mas não acredite quando alguém falar que gosta de certa luz porque ela é mais
bonita. Pois não interessa de onde está vindo a sua luz: ela é sempre o mesmo
acontecimento físico. Toda luz se comporta igual, seja do sol ou da lanterna. Quando
aprendemos como a luz funciona, conseguimos usar qualquer uma com total
controle.
Tudo que aprendemos sobre luz nas aulas de física da escola é o suficiente para
conseguir fotografar melhor. Se, assim como eu, você não estava prestando tanta
atenção naquela época, vamos relembrar alguns pontos.
Não é essencial aprender
física avançada para
saber como usar a luz na
fotografia. Vou explicar
aqui o mínimo necessário
para entendermos como
o comportamento da luz
afeta nossas decisões. Se
você quiser saber mais,
sugiro começar pelo livro
Luz, ciência e magia.
A luz que usamos para ver o mundo e para fotografar
é formada por várias bolinhas de luz que viajam pelo
espaço.
Essas bolinhas não tem massa e são super pequenininhas. Elas são chamadas de
fótons e são feitas de energia eletromagnética.
São muitos os fótons que viajam pelo espaço. Alguns são invisíveis, como o
infravermelho. Outros, são visíveis, como a luz que sai do nosso abajur.
A luz visível é somente um pequeno espectro de toda a frequência eletromagnética
que chamamos de luz. Ela é composta por todas as cores que conhecemos, viajando
juntas.
195
luz
raio-
gam
a
raio-
x
ultra
violet
a
infra
verm
elho
rada
r
FM TV Onda
s cu
rtas
AM
luz visível
luz invisível luz invisível
Na fotografia, trabalhamos com este espectro de luz visível. Repito: não interessa
de onde a luz vem. O que nos interessa é como os objetos se comportam ao serem
iluminados.
O que acontece com os fótons de luz quando eles encontram um objeto? O objeto
pode transmitir, absorver ou refletir os fótons que vieram ao seu encontro.
este objeto transmite a luz.
este objeto absorve a luz.
este objeto reflete a luz.
O ar transmite toda a luz que passa por ele e, por isso, não conseguimos vê-lo.
Objetos transparentes (como água ou vidro) transmitem a luz também. O que impede
que esses objetos sejam invisíveis, então? É a refração. A luz que vem de algum
ângulo muda de direção ao encontrar um objeto como esses, criando um desvio e
nos dando a dica de que existe algo transparente ali.
196
o raio de luz muda de direção, e depois volta ao caminho no mesmo ângulo original.
objetos translúcidos
transmitem a luz de
forma aleatória.
a refração é facilmente vista na água. sabemos que existe água nesta jarra porque aprendemos a ver a refração desde crianças! ao notar que os lápis e canetas atrás da jarra parecem distorcidos, sabemos que ali dentro tem água.
Quando o raio de luz passa por um objeto, muda de posição, e sai no mesmo ângulo,
chamamos de transmissão direta.
Objetos chamados de translúcidos (como um tecido fino branco ou uma folha sulfite
comum) são aqueles que transmitem a luz em ângulos aleatórios. Quando os raios
de luz são transmitidos por um objeto saindo em ângulos aleatórios chamamos de
transmissão difusa.
197
luz
objetos brancos, pretos
e vermelhos.
uma luz difusa é aquela que cria uma sombra com pouca
definição. uma luz dura é aquela que
cria uma sombra com bordas bem
definidas.
Objetos opacos (como você e um livro) refletem e absorvem a luz. Quando a luz bate
em um objeto opaco, ela cria uma sombra do outro lado. A luz absorvida some e gera
calor. A luz refletida define a cor dos objetos. Um objeto que absorve todas as cores
é preto. Um objeto que reflete a luz vermelha e absorve as outras é vermelho. Um
objeto que reflete todas as cores é branco.
Agora é hora de descobrir como a luz transmitida, absorvida ou refletida faz
diferença nas nossas fotos.
Luz dura e luz difusa
Luz gera sombra, e muitas vezes, para entender melhor a luz, vamos analisar a
sombra que ela criou! É assim que definimos uma das características de iluminação
mais importantes da fotografia: a luz dura e a luz difusa.
luz dura. luz difusa.
198 A diferença entre uma luz dura e uma luz difusa depende só de uma coisa: o
tamanho aparente da fonte de luz.
Quanto maior a fonte de luz, mais difusa vai ser a sombra, pois os raios de luz virão
de várias direções diferentes. Quanto menor a fonte de luz, mais dura vai ser a
sombra, pois os raios virão todos da mesma direção.
o sol é uma fonte de luz
bem pequena, pois não
interessa o tamanho real
da fonte de luz e sim o
tamanho aparente. a tela de
um celular pode ser enorme
se estivermos iluminando
uma formiga.
A palavra aparente é muito importante! Em um dia sem nuvens, o sol é considerado
uma fonte de luz bem pequena. Mesmo sabendo que o sol é bem grande, ele parece
pequenininho quando olhamos aqui da terra. A tela de um celular é bem pequena em
relação à uma pessoa, mas é bem grande em relação à uma formiga.
Podemos nos colocar no lugar do assunto para descobrir o tamanho da luz. Se você
vai fotografar uma pessoa no parque é bem fácil: do ponto de vista de um humano
na terra, o sol parece bem pequeno. Se você vai fotografar uma pequena formiga,
imagine-se no lugar dela: a tela do celular parecerá enorme! Nestes exemplos, o sol
irá criar uma luz dura, e a tela do celular irá criar uma luz difusa.
Lembre-se: o tamanho
real da fonte de luz não
faz nenhuma diferença no
resultado final. O que faz
diferença é o tamanho da
luz aparente em relação ao
assunto.
luz dura luz difusa
fonte de luz aparentemente
pequena(dura).
fonte de luz aparentemente
grande(suave).
199
luz
Modificadores de luz
É fácil achar uma fonte de luz maior do que uma
formiga, mas como encontrar uma fonte de luz tão
grande quanto uma pessoa?
Ao invés de tentar encontrar um flash gigante, podemos
pegar nossas fontes de luz pequenas e modificá-las.
A forma mais fácil de transformar uma fonte de luz
pequena em grande é usar um difusor. O difusor,
como o nome já explica, serve para transformar uma
luz dura em uma luz difusa. Aprendemos que objetos
translúcidos transmitem a luz de forma difusa, lembra?
Apontar uma fonte de luz pequena para um objeto
difusor irá espalhar os raios de luz e fazer deste objeto
uma grande fonte de luz.
Tecidos brancos, nuvens e difusores profissionais são
muito úteis para transformar uma fonte de luz pequena
em uma fonte de luz grande.
200 Outro jeito de criar uma fonte de luz grande é usando um rebatedor. O rebatedor
funciona de forma parecida com o difusor, mas ao invés de transmitir a luz, ele irá
refletí-la. Se você aponta uma pequena luz para uma parede branca, a parede inteira
irá virar a fonte de luz.
uma parede branca é ótima para rebater os raios de uma fonte de luz pequena e transformá-la em uma fonte de luz grande.
Sombrinhas são acessórios que existem nos dois formatos: temos sombrinhas
difusoras e sombrinhas rebatedoras. Ambas nos ajudam a deixar a luz mais suave.
sombrinha rebatedora.
sombrinha difusora.
Podemos querer também diminuir uma fonte de luz. Isso é possível usando
acessórios que absorvem toda a luz.
201
luz
o snoot é um tubo preto que se acopla na frente da fonte de luz para deixá-la menor e mais dura.
veja esta foto de
um limão, tirada
com o flash da
câmera. como tudo
está iluminado, a
luz não evidencia
o volume da cena
e afoto fica feia e
boba.
A direção da luz
Usamos luz e sombra para revelar o volume de um objeto. Dependendo da direção
de onde vem essa luz, criamos diferentes sensações.
O flash que vem embutido em cima das nossas câmeras ilumina nosso assunto
exatamente do ângulo que estamos fotografando. Iluminar um assunto de frente cria
uma imagem com poucas sombras e, consequentemente, com pouco volume.
202 Uma pequena mudança na direção da luz pode fazer
muita diferença na sensação que a foto passa. Você pode
fazer um teste simples hoje mesmo: coloque a sua câmera
em um tripé e use uma lanterna (mesmo a do celular
serve) para iluminar um pequeno objeto de diferentes
direções. Faça isso de noite, com as luzes apagadas, para
que a luz do ambiente não interfira no resultado.
limão iluminado de diferentes direções. veja só a diferença entre cada foto e, principalmente, a diferença para a foto anterior, iluminada pelo flash embutido.
Luz em retratos
A luz mais tradicional para retratos é difusa e lateral, criando um pequeno triângulo
de luz em uma das bochechas. Ela é conhecida como luz rembrandt. Coloque sua
fonte de luz (flash, janela, lanterna ou qualquer outra opção) a 45º da pessoa e
chegará neste resultado.
ilustração de esquema desta luz.
203
luz
retrato de rembrandt.
exemplo de
foto com luz
rembrandt.
Rembrandt van Rijn (1606–1669), Amsterdam. Portrait of a man (1632). Oil on wood. 75.6 x 52.1 cm. New York, The Metropolitam Museum of Art.
140
204
essa luz vai contra as regras, mas fica bonita!
aqui a luz lateral evidencia o clima íntimo
da imagem
Já falei sobre a luz da janela no capítulo 3, ao contar
algumas dicas para fotografar pessoas. Agora, você já
sabe porque a luz da janela é tão interessante: se o sol
não está batendo diretamente na janela, ela se torna
uma enorme fonte de luz difusa e lateral!
Mas não se limite à luz suave a 45º. Use a luz forte do
meio dia, a luz lateral de uma luminária, a luz que passa
pelas folhas de uma árvore... Todas essas opções, e
muitas outras, podem criar fotos bonitas.
141. sil
141a. ale
205
luz
A luz disponível
Toda luz que está no ambiente sem que a gente tenha
colocado é chamada de luz disponível. Essa pode ser a
luz do sol, a luz no teto da casa, a luz que vem de um
abajur ou uma mistura de várias fontes de luz.
Nem sempre podemos mudar de lugar a luz disponível,
e nem sempre conseguimos modificá-la. Para conseguir
diferentes resultados, precisamos mudar o nosso
próprio posicionamento ou o posicionamento do
assunto fotografado.foto usando a luz disponível da tocha.
142. mari
206
uma foto feita dentro de casa, com várias luzes no teto e um pouco de luz natural, fica com cores e sombras descontroladas.
mudei o assunto para perto da janela, usando somente uma fonte de luz, e a foto já ficou mais bonita..
O único perigo é quando
temos muitas fontes de
luz diferentes. Diferentes
luzes podem resultar em
uma foto com sombras
e cores bagunçadas, que
não geram interesse.
Ao fotografar usando a luz
disponível, tome cuidado
com isso! Procure estar
ciente de todas as luzes
que estão iluminando seu
assunto, e tente posicionar
câmera e assunto de
forma a aproveitá-las
melhor.
Quando a luz disponível
não é suficiente ou não
nos dá o controle que
procuramos, podemos usar
luzes artificiais.
207
luz
foto com flash.
A luz artificial
Toda luz que criamos especialmente para fotografar é
uma luz artificial. Trabalhar com luzes artificiais é legal
pois conseguimos controlar seu posicionamento, definir
sua potência e usar modificadores.
Infelizmente, para lidar com luzes próprias, também
precisamos aprender a mexer em mais equipamentos,
saber a função de mais botões e ler mais manuais.
Antes de começar a usar luzes artificiais é importante
dominar a sua câmera usando a luz disponível. Leia
e releia o capítulo 2 e pratique bastante antes de
começar a brincar com luzes artificiais.
143.
julia
na
208 As luzes artificiais são divididas em dois grandes grupos: luz contínua e flash.
Luz contínua
O nome dá a dica: estas luzes ficam ligadas o tempo todo, e iluminam seu assunto
mesmo quando a foto não está sendo tirada. São ótimas para conseguir ver a luz
antes de bater a foto.
Fresnel e quartz: São bastante potentes e usam
lâmpadas halógenas. Precisam ser ligadas na tomada
ou em geradores, por isso não são muito práticas para
trabalhos em locação. Bastante usadas em estúdio e
para filmagem.
Luz LED: Esta tecnologia permite o uso de luz contínua
de forma mais portátil, pois gasta menos energia e usa
baterias menores. Tem menor potência que as lâmpadas
halógenas.
Flashes
Também conhecidos como strobes, estes equipamentos
soltam um rápido disparo de luz na hora da exposição.
Tochas: Equipamentos bastante encontrados em
estúdio, também usam lâmpadas halógenas e têm
bastante potência. Precisam estar ligadas na tomada ou
em geradores.
Flashes speedlight: Speedlights são bastante portáteis
e não usam muita energia, consumindo pilhas ou
pequenas baterias. Usam lâmpadas de xenônio e têm
potências variadas de acordo com o modelo.
Fresnel
LED
Existem vários outros tipos de equipamentos de iluminação contínua e flashes, e
você pode encontrá-los em todas as lojas de equipamentos fotográficos.
tocha
speedlight
209
luz
O flash speedlight é o que costuma possuir o melhor
custo/benefício para quem está começando, e é a escolha
de muita gente para fotografar profissionalmente. A partir
de agora falarei mais sobre ele.
Usando o flash em cima da câmera
O flash que vem embutido na nossa câmera oferece uma luz frontal, criando
resultados que geram pouco interesse. Usar um flash externo e em cima da câmera
permite um pouco mais de controle, pois ele pode ser girado para outras direções.
flashes externos permitem que você gire a fonte de luz para resultados diferentes.
apontando o
flash para
seu assunto.
Alguns modos de usar o flash em cima da câmera:
1. Direto
Apontar a luz diretamente para seu assunto
normalmente cria uma iluminação frontal desagradável.
Mas em algumas situações, como fotos de festas
noturnas, pode ser a única opção.
210
rebatendo
o flash no
teto.
2. Rebatendo no teto
Tetos brancos estão presentes em muitas situações.
Aponte o flash para cima e o teto inteiro se transforma
em uma fonte de luz. Isso garante uma luz mais suave
do que o flash direto.
Dica
Alguns flashes contam com um pequeno cartão rebatedor embutido. Ele existe para ser usado
em situações em que você está rebatendo a luz no teto, e serve para devolver um pouco de
luz frontal para o assunto. Assim, pequenas sombras, como aquelas abaixo dos olhos, são
prevenidas. Observe que as sombras da foto abaixo são uma mistura das duas fotos anteriores.
rebatedor
embutido
no flash.
teto branco.
teto branco.
211
luz
3. Rebatendo lateralmente
Se você tiver uma parede branca ao lado do seu assunto, pode usá-la para simular
uma luz lateral. Essa luz irá evidenciar melhor o volume e pode ser mais interessante
do que a luz frontal.
Alguns erros comuns
Rebater o flash... ao ar livre
Usar o flash rebatido ao ar livre pode ser legal, mas é preciso apontá-lo para algo
que reflita luz. Vejo muita gente apontando o flash para o céu ou para o lado, sem
que a luz possa encontrar um caminho de volta!
Usar o rebatedor embutido do flash... sem um teto branco
O rebatedor embutido do flash serve para jogar alguns raios de luz de volta para
o assunto, de forma frontal. Se você está ao ar livre ou em um espaço sem um teto
branco, somente essa pequena luz frontal irá chegar no assunto: ou seja, seria mais
efetivo apontar o flash frontalmente de uma vez por todas.
Apontar o flash para superfícies coloridas ou pouco refletivas
Se você apontar a luz para uma parede vermelha, ela vai refletir luz vermelha. Nem
sempre este é o objetivo. Apontar o flash para superfícies muito escuras (como um
teto de madeira) é gastar pilha à toa: cores escuras absorvem muito mais luz do que
refletem.
rebatendo o flash em uma parede lateral.
parede branca.
212 Quando uso flash aparece uma mancha preta na foto
Se a mancha preta é uma faixa, é porque você está usando um tempo de exposição
muito rápido. Descubra no manual da sua câmera qual é a velocidade de sincronismo
do flash: normalmente é 1/250. Usar um tempo de exposição mais rápido que isso
(1/300, 1/400, etc) irá resultar na faixa preta (não deu tempo do flash iluminar
aquela parte.)
Se a mancha preta é arredondada, na base da foto, é porque o flash está registrando
a sombra da lente. Isso acontece ao usarmos o flash embutido usando distâncias
focais menores. As melhores soluções são dar um zoom (usando uma distância focal
mais longa da lente), usar um lente com distância focal maior ou usar um flash
externo ao invés do flash embutido.
uma faixa: use uma
velocidade de sincronismo
adequada para sua
câmera (normalmente
1/250)!
uma mancha arredondada: dê zoom, use uma lente menos grande-angular ou um flash externo.
213
luz
Flash TTL ou manual?
A potência da luz criada pelo flash pode ser definida usando dois modos: TTL ou
manual. A maioria dos flashes modernos oferece as duas opções.
TTL
TTL significa through the lens, ou através da lente. Ele é um modo automático: cada
vez que você bate uma foto, a câmera e o flash conversam. A câmera diz pro flash “ó,
amigo, preciso de mais dois pontinhos de exposição por aqui.” O flash, por sua vez, dá
a quantidade de luz que a câmera pediu.
Esse modo é chamado de através da lente pois essa medição acontece no momento
que você aperta o botão disparador. Sim, é bem rápido! Entre o momento que você
aperta o botão e o momento que a foto é tirada, o flash dispara um pré-flash e mede
quanta luz entrou na lente. Assim, define a potência necessária para iluminar sua
cena corretamente.
O flash, assim como a câmera, sempre procura uma iluminação neutra da cena. Se
você está fotografando objetos muito escuros ou muito claros, é possível que seja
necessário compensar a exposição do flash. Se, ao bater a foto, você achar que o flash
não jogou luz suficiente, você pode compensar a exposição para cima (+1, +2, etc.) Se,
ao bater a foto você achar que o flash jogou luz demais, pode compensar a exposição
para baixo (-1, -2, etc.) Leia no manual do seu flash quais botões apertar para fazer
isso, pois cada modelo tem um passo-a-passo diferente.
Manual
No modo manual nós é que definimos a potência do
flash. Essa potência é definida em frações (1/1, 1/2, 1/4,
1/8, 1/16, 1/128, etc.)
Para usar o flash no modo manual, fazemos o seguinte:
• Colocamos as configurações desejadas na câmera (ISO, abertura e tempo
de exposição);
• Selecionamos a potência desejada no visor do flash;
• Apertamos o botão disparador até a metade, apontando para o objeto que
queremos iluminar;
214 Ao fazer isso, o visor do flash irá mostrar um valor em metros. Esta é a distância que
o flash precisa estar do objeto para que ele seja iluminado corretamente, usando a
potência selecionada. Se você não quiser ou puder se mover, pode mudar a potência
para conseguir definir a distância correta.
flash
externo.
sapata
do flash.
flash
encaixado
na câmera.
flash embutido
(já vem na
câmera). A ligação entre câmera e flash
Para que seja possível usar o flash longe da câmera
você precisará encontrar uma forma para que eles
conversem.
Infravermelho
O infravermelho é uma opção interessante e pode ser
usado de três formas: com dois flashes (um fica em
cima da câmera e controla o que está longe), com um
transmissor infravermelho (um aparelhinho encaixado
na sapata), ou com a funcionalidade de transmissão
de infravermelho embutida da câmera (presente na
maioria das câmeras atuais). Vamos por partes:
Um passo além... Usando o flash fora da câmera
O flash em cima da câmera cria uma iluminação
frontal que possui poucos atrativos e não nos dá
muito controle. Mudar o posicionamento da luz e das
sombras é essencial para criarmos fotos com diferentes
sensações.
Usar o flash fora da câmera não é difícil. Atualmente,
a maioria das câmeras consegue conversar com os
flashes da mesma marca mesmo que eles não estejam
acoplados nela. Chamamos esta técnica de flash remoto.
215
luz
• Se você já tem dois flashes, é possível usar um em cima da câmera para controlar
aquele que está longe. O flash que controla é chamado de master, e o flash que
é controlado é chamado de slave. Alguns modelos só podem ser usados como
slaves, preste atenção na hora de adquirir o seu.
• Transmissores infravermelho são pequenos e não muito caros.
• Muitas câmeras possuem um transmissor infravermelho embutido. Leia as
especificações da sua para descobrir se ela tem essa funcionalidade.
Desvantagens do Infravermelho
É preciso que o flash esteja
visível para a câmera, e quando
fotografamos ao ar livre e com
muita luz, o alcance do sistema
é comprometido.
Vantagens do Infravermelho
Você pode usar o TTL e
controlar o flash slave de
dentro do menu da sua
câmera.
Rádio
Outra forma bastante conhecida de disparar um flash
remoto é usando um sistema de rádio. Esta ligação é
feita acoplando um transmissor na sapata do flash e
um receptor no flash.
Existem várias marcas de sistemas à rádio. A maior
diferença entre as opções é a capacidade de usar o TTL.
Opções de rádio mais baratas só nos permitem usar o
flash no manual.tran
smissor.
receptor.
Desvantagens do rádio
As opções que transmitem
em TTL são bastante caras, e
se você usar as opções mais
baratas, com o flash no manual,
será necessário ir até ele para
mudar configurações.
Vantagens do rádio
O alcance é muito maior
e não é necessário que o
transmissor e o receptor se
vejam.
216 Como usar o flash remoto?
Ao usar um flash remoto podemos balancear a luz disponível com a luz do flash ou
podemos eliminar a luz disponível e usar somente o flash.
Balanceando o flash com a luz disponível
Uma situação em que procuramos balancear as duas luzes é em retatos ao pôr do
sol. Ao fotografar com uma exposição adequada para o céu, a pessoa não aparece. Ao
fotografar com uma exposição adequada para a pessoa, o céu fica muito claro.
se quisermos uma
foto do pôr do sol,
é fácil. mas nem
dá pra ver que
tem uma pessoa
nesta foto!
ao medir a luz na área de sombra, vemos a Giulia mas perdemos os detalhes do céu – para conseguir fotografá-la usei um tempo de exposição muito longo e, além de mal iluminada, a foto ficou tremida.
usando o flash
conseguimos ver
os detalhes do céu
e a nossa modelo.
144.
giu
lia
145.
giu
lia
146.
giu
lia
217
luz
Podemos resolver esta situação usando o flash.
Usando o modo manual, primeiro descobrimos qual é a
exposição adequada para mostrar o céu corretamente
(página 60).
Depois, ligamos o flash e usando o TTL fazemos uma
foto de teste. Se a pessoa sair muito clara ou muito
escura, podemos compensar a exposição do flash para
mais ou para menos.
um dia nublado resulta
em um céu triste.
usando um gel verde no
flash, deixamos o céu
mais colorido.
Dica
Como a temperatura de cor do pôr do sol e do flash são
diferentes, podemos usar um filtro corretor. Esse tipo de filtro,
chamado de gel de correção, é acoplado na frente do flash para
mudar sua cor. Também podemos usar esses filtros para criar
efeitos.
gel de
correção.
Usar um gel verde no
flash é um dos efeitos
mais clássicos para deixar
um anoitecer nublado um
pouco mais interessante.
É fácil: primeiro você
coloca o gel verde
no flash. Depois, você
ajusta sua câmera para
a temperatura de cor luz
fluorescente. Isso fará com
que a pessoa que você
está fotografando fique
com cores naturais, mas o
céu fique mais rosado.
147.
sôni
a e
oliv
er
218 Eliminando a luz disponível
Quando a luz disponível não nos interessa muito
podemos eliminá-la completamente e usar somente o
flash como fonte de luz.
nesta foto a luz ambiente foi eliminada e a sala de estar virou um estúdio.
É fácil chegar neste resultado: tudo que precisamos fazer é medir a luz disponível e
fotometrar subexpondo a cena. Você pode testar a subexposição em -2 ou -3 pontos.
Lembre-se de manter o tempo de exposição dentro da janela de sincronismo (1/250).
Depois, usamos o flash para criar a luz do zero.
148.
pat
ricia
219
luz
Como fazer fotos high key e low key
Uma foto high key tem muitos tons claros e quase nada de sombras. Não podemos
confundir esse efeito com o erro de exposição, em que uma foto fica clara demais
sem essa intenção! A foto high key é clara porque a iluminação é bem distribuída,
não existem muitas sombras e os elementos da foto também são de tons claros.
high key.
Como fazer uma foto High key?
Utilize um fundo claro, de
preferência branco;
Evite sombras,
principalmente sombras
muito duras;
Use poucos detalhes
mais escuros para dar
contraste;
Usar luz natural ou
flash para preencher a
luz em todo o assunto
fotografado;
Tome cuidado para não
estourar e perder os
detalhes da imagem.
149.
fern
anda
220
low key.
Já a low key é uma imagem composta principalmente
de sombras. Nela poucos detalhes são claros, somente
para sugerir o assunto fotografado.
Como fazer uma foto Low key?
Utilize um fundo escuro
ou com pouca luz;
Use uma luz bem
contrastada;
Ao usar flash concentre-o
em poucas partes do
assunto;
Ao usar luz natural
coloque o assunto onde
tem mais luz e deixe o
resto na sombra;
Tome cuidado para não
ficar tudo na sombra e
ficar difícil de notar do
que se trata.
150.
sam
anta
221
luz
Como iluminar objetos como vidro e metal
Alguns objetos refletem a luz de forma diferente, o que faz iluminá-los um desafio
maior. Todas as superfícies que lembram espelhos (ou seja, onde você consegue ver
reflexos, mesmo que não perfeitamente) refletem a luz de forma direta: ao olhar uma
luz por um espelho, ela tem a mesma intensidade da luz original.
ângulo onde
dá
para ver o re
flexo.
luz fora da zona de reflexo.
Conseguimos fotografar
esses objetos posicionando
a luz em um local em que
ela não seja refletida ou
usando o reflexo ao nosso
favor, usando uma luz grande
o suficiente para preencher
toda a área reflexiva do
objeto. Veja alguns exemplos
em seguida:
222
luz dentro da zona
de reflexo.
usando um rebatedor do tamanho da zona
do reflexo.
223
luz
Taças e garrafas de vidro são bons
exemplos de assuntos bem difíceis de
iluminar. Por serem circulares esses
objetos irão refletir tudo que está à
nossa volta.
Conseguimos fotos mais atraentes
controlando os reflexos. Os dois esquemas
mais comuns são: fundo branco com
reflexos pretos e fundo preto com reflexos
brancos.
flash
apontado
para trás
objeto fotografado
fundo branco
com reflexos
pretos
papel
preto dos
dois lados
parede branca
aprontar a câmera e clicar normalmente não é o suficiente para fazer uma foto interessante de objetos de vidro, veja como fica feia!
224
Ruído: como lidar
O ruído é uma característica da fotografia digital que deixa muita gente frustrada.
Vamos entendê-lo melhor?
Por que fotos digitais têm ruído?
O sensor da nossa câmera precisa de uma certa quantidade de luz para que possa
registrar uma fotografia. Digamos, de forma ilustrativa, que meu sensor precisa de
10 bolinhas de luz para registrar uma foto. Se eu mostrar somente 5 bolinhas de luz
a minha foto vai ficar escura, e se eu mostrar 15 bolinhas, minha foto vai ficar clara.
Este é o conceito básico de exposição, afinal. E o que ele tem a ver com o ruído?
Meu sensor sempre vai precisar de 10 bolinhas de luz. Se estou em uma situação
bem iluminada, conseguir essa quantidade será fácil. Se estou em uma situação
com pouca luz, no entanto, precisarei deixar meu diafragma mais aberto, e por mais
tempo, pois as bolinhas de luz vão entrar bem aos pouquinhos. De uma forma ou de
outra o importante é conseguir chegar nas 10 bolinhas.
flash
apontado
para trás
objeto fotografado
fundo preto
com reflexos brancos
papel
preto
atrás
parede branca
225
luz
Mas e se eu não posso deixar meu diafragma mais aberto? Ou se não posso deixar
ele aberto por mais tempo?
Entra em ação a nossa terceira opção: o ISO!
Meu sensor trabalha de forma ótima no ISO 1005. Usar este valor me garante a
melhor nitidez e qualidade da câmera. Mas quando chega uma situação crítica eu
posso aumentar o valor de ISO e obrigar a minha câmera a trabalhar com menos luz.
Porém, aumentar o valor de ISO não vai fazer a minha câmera precisar só de 5
bolinhas de luz, como se fosse mágica! Aumentar o valor de ISO só vai fazer com o
que o meu sensor tente dar um jeito de fazer a foto com 5 bolinhas de luz, sendo que
ele precisaria normalmente de 10.
O sensor é elétrico e está sempre sujeito à interferências no seu circuito ali dentro
da câmera. Quando usamos luz suficiente, essas interferências são insignificantes.
Mas quando o sensor tenta aproveitar ao máximo a luz insuficiente, ele também
aumenta a interferência. Quando o sensor estica as 5 bolinhas para fazem o papel de
10 bolinhas, ele estica também a interferência nos pixels, e essa interferência resulta
em pixels errados. E é aí que surge o ruído.
5 Este é o valor para câmeras Canon. Em outras marcas o valor mínimo é outro.
a câmera precisa deste tanto de luz.
usando o ISO mínimo, precisamos dar o tanto de luz necessário. Cada “bolinha de luz” tem um pouco de interferência.
usar um ISO mais alto faz o sensor se contentar com menos luz. A interferência passa a ser maior e mais significativa.
interferência
interferência
maior
226 O resultado dessa interferência é que os pixels deixam
de ter a cor e a luminsidade corretas. Vários pixels
ficam errados, e você pode ver o resultado dos pixels
maluquinhos facilmente ao ver a imagem de pertinho:
O ruído aparece mais nas áreas de sombra (onde a luz
foi mais insuficiente.)
foto com ISO 100.
foto com
ISO 4000.
227
luz
Quem tem medo do ISO alto?
Durante minha primeira aula prática de fotometria, pedi para alunos e alunas
fotometrarem uma cena de pouca luz. A maioria virou para mim e falou: “vish, mas o
tempo de exposição tá muito longo, vai ficar tremida! Vamos colocar flash!” Perguntei
qual era o ISO que estava sendo usado e, batata: estava todo mundo com medo de
subir o ISO. Na segunda aula, aconteceu o mesmo. Na terceira, e nas seguintes, a
história se repetiu.
E minha resposta sempre foi a mesma: “Sobe esse ISO!”
Quando falo isso, recebo protestos. E a qualidade da foto? E o ruído? E o flash? E o
ruído? E minha câmera que é ruim? E o ruído?
Vejamos cada um dos argumentos:
“Eu não uso ISO alto porque quero melhor qualidade na minha foto”
Este é o maior equívoco sobre o ISO alto. Sim, todo livro de fotografia ensina que
aumentar o ISO faz a foto perder definição. Mas é muito importante saber a diferença
entre foto com definição e foto boa.
As vezes deixamos de fazer uma foto incrível com ISO alto para fazer uma foto
medíocre com definição perfeita.
“Eu não uso ISO alto porque não gosto de ruído”
Todo mundo tem direito de não gostar de ruído. Mas quem disse que toda foto
usando um ISO alto tem ruído? O ruído só aparece em áreas de sombra. Se sua foto
está bem iluminada o ruído será imperceptível. Faça uma foto com ISO alto de um
céu azul e verá que quase não há diferença do ISO ótimo da sua câmera, seja ela
qual for.
O ruído só vai aparecer demais se você estiver fotografando com pouquíssima luz.
“Eu não uso ISO alto porque minha câmera é ruim/de entrada”
Se você é o tipo de pessoa que diz isso, garanto que você pode usar pelo menos o
dobro do ISO máximo que está usando atualmente. Experimente!
228 “Eu só uso ISO alto quando a luz tá realmente ruim, para evitar de usar flash”
Quando a luz de uma cena está muito ruim a melhor opção é… melhorar a luz! Usar
o ISO alto em uma situação de luz muito precária é justamente o único momento em
que esta é a pior opção.
A não ser que esta seja a única saída, considere melhorar a luz (seja escolhendo
outros horários, locações ou usando luz artificial) além de subir o ISO.
“Quando tem pouca luz, prefiro usar o flash com ISO baixo”
Temos a tendência de criar o time ISO alto e o time flash e colocá-los para brigar! A
verdade é que um não elimina o outro. O ISO alto pode e deve ser usado com todos
os métodos de iluminação que você souber usar (seja a luz da janela, do flash ou da
lanterna.)
Repito: em uma foto bem iluminada o ruído não é problema.
“Mas, mas, mas… o ruído…”
O que eu acho mais interessante daqueles que têm um medo crônico do ruído é que
poucos fazem fotos onde é possível ver o ruído tanto assim.
Se você faz fotos para colocar na internet ou em álbuns diagramados com várias
fotos na mesma página, nem será possível ver o ruído! Só da pra ver o ruído em
ampliações bem grandes.
“Mas então, quando devo me preocupar com o ISO?”
Existem algumas situações em que o ISO deve mesmo ser usado no mínimo. Capas
de revistas e catálogos de produtos precisam de fotos 100% lisinhas. Mas se você faz
o tipo de foto que precisa de ISO baixo, provavelmente já sabe disso. Normalmente,
quem me diz que evita subir o ISO não costuma fazer o tipo de foto que justifique
este medo.
229
luzestá gostando do
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edição5
232 Pós-produção
É preciso editar minhas fotos?
Se engana quem pensa que alterar as características de
uma foto é privilégio da fotografia digital. Desde que a
fotografia se entende por gente encontramos jeitos de
mexer nela de modo a passar melhor uma mensagem
ou criar um estilo próprio.
Existem muitas formas de alterar uma imagem. A maioria das opções de
processamento existentes no nosso computador se basearam em técnicas nascidas
na sala escura, onde o filme era revelado.
“Atrás de um grande
fotógrafo, sempre havia um
bom laboratorista”
- Josias Santos, ex-laboratorista
brasileiro
Na fotografia química é possível definir estilos e efeitos com a escolha do filme, dos
filtros na hora da foto ou de diferentes processos de revelação e ampliação.
O processo de ampliação é especialmente responsável
pelo resultado final da fotografia. É nesse momento
que a exposição final da foto é definida. É também
quando é possível adicionar contraste, clarear ou
escurecer partes da imagem, deixar peles irreais,
corpos impossíveis e até mesmo remover inteiramente
elementos indesejados.
233
ediç
ão
as fotos de Stalin com “traidores” removidos são famosas.
O trabalho no laboratório é um ofício à parte. É difícil de aprender, demorado e
complexo. As pessoas responsáveis por este processo viravam o braço direito de
profissionais, tendo grande responsabilidade sobre suas fotos.
Henri Cartier-Bresson, um dos fotojornalistas mais famosos da história, não tinha
o conhecimento (nem a paciência) para processar seus negativos. Voja Mitrovic,
que foi um dos principais laboratoristas de Cartier-Bresson por muito tempo, mal é
lembrado.
Hoje, é mais comum editarmos nossas próprias fotos. Dentro do computador fazemos
todo o processo de revelação e ampliação, além de muitas coisas que antigamente
eram feitas na hora do clique – como a decisão de usar um filme preto e branco.
Muitas vezes o processo acaba aí, e nossas fotos são exibidas somente nas telas do
computador, do tablet ou do celular. Se decidirmos imprimir estas fotos, contamos
com profissionais que nos ajudam na tarefa de escolher o melhor método e papel.
Antes da popularização
da fotografia digital
profissionais até sabiam
revelar suas próprias fotos,
mas era bastante comum
que esse trabalho fosse
delegado para outras
pessoas.
234
Ou seja: a solução mais simples normalmente é a
melhor! É mais rápido mudar um vaso de lugar do que
tentar tirá-lo depois da foto pronta, na edição. É mais
rápido adicionar um efeito de cor na edição do que
carregar e usar uma série de filtros para chegar no
exato mesmo efeito.
A pós-produção serve para duas coisas: evidenciar o
que já está bom e adicionar o nosso estilo pessoal.
Pós-produção não serve para transformar fotos feias
em fotos bonitas, nem para arrumar erros causados por
preguiça.
Não tenha medo da manipulação. Não existe nem
nunca existiu uma fotografia pura. Desde o momento
em que escolhemos a composição e o ângulo, a lente
e o momento do clique, estamos manipulando a
realidade. Depois, durante a pós-produção, continuamos
esta manipulação até chegar no resultado desejado.
Vou te apresentar alguns conceitos de pós-produção
e suas aplicações. Todos esses conceitos podem ser
aplicados na fotografia digital, na fotografia de filme, e
usando qualquer aplicativo. Se você usar a criatividade
verá que eles podem ser usados em qualquer meio de
contar histórias, fotográfico ou não.
Não vou detalhar o passo-
a-passo para aplicar cada
conceito em cada situação.
Se quiser saber mais
como usar ferramentas
específicas, invista em
livros especializados
e atualizados, ou faça
buscas específicas na
web. Por exemplo: para
saber como criar o efeito
de processo cruzado no
Photoshop, procure na
web por “processo cruzado
photoshop X” (onde X é a
versão do seu Photoshop.)
“Não faz sentido fazer com
mais o que pode ser feito
com menos.”
- William de Occam
Isso não quer dizer que podemos fotografar sem nos
preocuparmos com erros, já que “dá pra arrumar depois”.
O ideal é lembrarmos do princípio da lógica conhecido
como navalha de occam.
Seja no processo químico ou digital, o momento do pós-processamento é
considerado parte integrante da fotografia final. Editar uma imagem não é
necessariamente mudar suas características e sim finalizá-la.
Na fotografia digital, nossas fotos saem muito mais homogêneas de dentro da
câmera. Isso acontece pois nossos sensores são todos iguais e é mais fácil adicionar
muitos dos efeitos depois. A pós-produção, nessa situação, é também parte
importante da definição do nosso estilo.
235
ediç
ão
Cortar e alinhar
Podemos achar que alguns elementos podem ser cortados de uma foto pronta. O
único problema de fazer isso é que, se cortarmos muito, perdemos resolução (ver
página 19).
Às vezes não é possível mudar de lente ou de posicionamento na hora da foto. Cortá-
la na pós-produção vira uma opção viável. Ao olhar a foto pronta, podemos também
simplesmente mudar de ideia em relação ao enquadramento inicial. Muitas fotos
famosas foram cortadas e este é um artifício comum.
a foto icônica de Che Guevara,
feita por Alberto Korda,
foi cortada para dar total
destaque ao revolucionário.
236 Já falei na página 119 da importância de um horizonte alinhado. Se não foi possível
conseguir o alinhamento perfeito na hora do clique, dá pra sacrificar as bordas da
imagem alinhando durante o corte.
exemplo de corte para alinhar o horizonte.15
1. m
anau
s/AM
237
ediç
ão
correção de
perspectiva de
uma foto de
prédio, feita em
aplicativo de
edição.
Fotos feitas com grande-angulares ou com inclinação da câmera podem ficar com a
perspectiva inadequada (ver página 190). Dá pra notar isso ao fazer uma foto de um
prédio de baixo para cima. A correção dessa perspectiva pode ser feita em alguns
aplicativos atuais de edição ou usando lentes especializadas, chamadas de tilt shift. A
correção posterior, assim como o alinhamento do horizonte, também sacrifica partes
da imagem.
152.
bel
o ho
rizon
te/M
G
238 O corte serve, por fim, para adequar uma foto a uma certa proporção. A proporção
padrão da maioria das câmeras atuais é de 2x3, mas também podemos querer uma
foto 1x1 (quadrada) ou 16x9 (widescreen), entre outras inifinitas possibilidades.
A escolha da proporção pode ser por
estilo pessoal ou por uma necessidade da
mídia onde a foto será exibida. Fotos para
o seu site, para um álbum ou para uma
capa de revista precisam ter diferentes
proporções.
1 x 1
2 x 3
16 x 9
1x1
2x3
16x915
3. m
anau
s/AM
239
ediç
ão
O histograma
Antes de alterar algumas propriedades da imagem é legal conhecer o histograma.
O histograma é um gráfico que nos mostra precisamente as informações de
luminosidade de uma foto. Com base nele sabemos quantos pixels da foto são
formados por sombras, luzes e tons médios.
0 255
eixo x
eixo
y
0 255
6 Considerando uma foto de 8 bits.
Como esse gráfico é criado, exatamente?
Para preencher este gráfico, um computadorzinho vai pegar cada pixel de uma
imagem e medir sua luminosidade. Ao medir todos os pixels, vamos terminar com o
histograma completo:
Como assim, um gráfico?
O histograma é um
gráfico cartesiano. No
eixo X (horizontal), ele
considera todos os tons de
luminosidade, do branco
puro ao preto puro. Em
uma foto encontramos normalmente 256 níveis de luminosidade6, ou seja: o gráfico
vai do zero (preto puro) ao 255 (branco puro). No eixo Y, ele considera a quantidade
de pixels da foto que têm cada luminosidade.
sombras tons médiosluzes
240 Lembre-se: o histograma não está nem aí para as cores7. Ele mede somente a
luminosidade (um pixel vermelho que possui luminosidade 19 vai estar na mesma
coluna do eixo X do que um verde que possui luminosidade 19.)
para o histograma, esses dois quadrados têm a mesma luminosidade.
foto escura e seu
respectivo histograma.
Para entender melhor, vamos analisar algumas fotos e seus respectivos histogramas.
Em uma foto predominantemente escura teremos muitos pixels amontoadinhos no
lado esquerdo do histograma.
7 Embora exista também
um histograma dos canais
de cores vamos focar
aqui no histograma de
luminosidade.
154.
vila
vel
ha/E
S
241
ediç
ão
foto clara e seu
respectivo histograma.
Em uma foto
predominantemente clara
teremos muitos pixels
amontoadinhos no lado
direito do histograma.
155.
hav
ana,
cuba
242
foto com tons médios
e seu respectivo
histograma.
Fotos que possuem vários tons médios ficam com um
histograma que parece com uma pequena montanha:
243
ediç
ão
Quando temos áreas
muito subexpostas na
imagem, os pixels vão
formar uma linha no
lado esquerdo. Se a
sua imagem tem um
histograma assim, quer
dizer que as áreas mais
escuras da foto não
possuem detalhes ou
informações: são formadas
por preto puro.
O contrário também acontece. Um histograma com um pico encostado do lado
direito indica que as áreas mais claras da sua foto não possuem detalhes: são
formadas por branco puro.
Entender o histograma
garante controle sobre
a edição e aparência da
sua foto. Com um pouco
mais de experiência você
também pode acessar o
histograma na sua câmera
durante a realização das
fotos. Ele é muito mais
confiável do que o LCD
para checar a exposição e
notar se houve perda de
detalhes nas sombras e
nas luzes.
em vermelho você vê
as partes da foto onde
o preto é puro, sem
detalhes.
244 Alcance dinâmico
Digamos que você está na praia, vendo um lindo pôr do sol. Seus olhos usam uma
tecnologia muito avançada: é possível ver o céu, o mar, a areia e os barquinhos.
Nossas câmeras não são tão avançadas. Se tentarmos fazer uma foto deste mesmo
pôr do sol, a câmera só vai conseguir registrar os detalhes de uma parte da cena. Se
escolhermos uma exposição adequada para o céu, o restante ficará na sombra. Se
escolhermos uma exposição adequada para o que está na sombra, o céu ficará muito
claro.
aqui, perdemos os detalhes na sombra.
aqui perdemos os detalhes nas luzes.
156.
ara
caju
/SE
245
ediç
ão
Esse limite de registro dos sensores é chamado de alcance dinâmico. Em situações
com uma variação muito grande de luz precisamos decidir onde vale a pena perder
detalhes, pois a câmera não consegue registrar tudo. Câmeras mais modernas
possuem um alcance dinâmico cada vez maior, mas ainda não chegam perto dos
nossos olhos.
Para evitar a perda de detalhes precisamos usar uma iluminação com menor variação
de intensidade ou utilizar técnicas como a edição HDR8.
8 Veja como fazer uma
foto HDR no link: http://
www.dicasdefotografia.com.
br/o-guia-definitivo-da-
fotografia-hdr
Controles básicos: exposição, contraste, burn e dodge
foto com exposição alterada na pós.
Exposição
Embora a exposição
seja definida durante o
clique, é possível alterá-
la ou refiná-la durante o
processamento.
157.
los
roqu
es, v
enez
uela
246
Dica
Fotografar em RAW é um
bom jeito de conseguir
recuperar mais detalhes
nas sombras e nas
luzes. Arquivos JPG, para
economizar espaço, não
guardam esses detalhes.
Veja abaixo: a mesma foto,
se tirada em RAW, guarda
mais informações.
Uma foto que ficou
exageradamente
subexposta ou
superexposta não pode
ser milagrosamente
recuperada. Principalmente
se houverem pixels
empilhados em um dos
lados do histograma:
esses pixels são preto ou
branco puro e não guardam
detalhes.
não é possível recuperar grandes erros de exposição pois detalhes são perdidos nas luzes ou nas sombras.
247
ediç
ão
Contraste
Podemos controlar o contraste de uma foto no momento do clique com a iluminação.
Luzes mais duras, por exemplo, criam fotos mais contrastadas. É possível também
ajustar ou evidenciar este contraste no seu aplicativo de edição.
Aumentar o contraste é
intensificar as áreas claras
e as áreas escuras da
imagem: o que é escuro
fica mais escuro e o que é
claro fica mais claro.
Uma foto pouco
contrastada possui pixels
bem distribuídos em uma
pequena montanha do
histograma:
158. inhotim
248
Se analisamos o histograma de uma foto bastante
constrastada, encontramos um vale. Os meios-tons
existem em menor quantidade do que sombras e luzes.
Uma foto constrastada
tende a ser mais
dramática e viva,
enquanto uma foto pouco
contrastada traz mais
leveza. A escolha entre
uma ou outra depende da
mensagem que você quer
passar e também do seu
estilo pessoal.
249
ediç
ão
nesta foto, usei o Lightroom
para aumentar o contraste,
escurecer algumas partes
e deixar a modelo em
evidência. Em vermelho,
você vê as áreas onde a
exposição foi diminuída.
Em amarelo, a área onde a
exposição foi aumentada.
Burn e Dodge
As vezes queremos alterar a exposição em áreas específicas da imagem. Para isso
usamos as técnicas de burn ou dodge. De forma bem simplificada, burn é “escurecer”
e dodge é “clarear”. Na fotografia com filme, isso era feito controlando o tempo de
exposição do papel fotográfico em determinadas áreas para deixá-las mais claras ou
mais escuras.
neste famoso retrato de James Dean, feito pelo fotógrafo Dennis Stock, vemos as marcações do laboratorista Pablo Inirio em uma ampliação de teste, mostrando as partes que serão clareadas ou escurecidas para chegar no resultado final.
Nos aplicativos atuais de edição é possível fazer o mesmo usando diversas
ferramentas.159. fabíola
250
nesta foto, usei a ferramenta gradiente no Lightroom para diminuir a exposição do céu. em vermelho você vê onde o gradiente está.
160.
alt
er d
o ch
ão/P
A
251
ediç
ão
Efeitos: processo cruzado, vinheta, grão
Processo cruzado
Ao revelar um filme, é preciso banhá-lo em uma série de químicos. Cada tipo de filme
precisa de um químico equivalente, e usar o químico errado pode ser uma técnica
criativa. Ao trabalhar digitalmente, não existem filmes ou químicos, mas é possível
imitar o resultado dessa técnica usando aplicativos atuais.
esta foto teve suas cores alte
radas
para imitar o processo cruzado
realizado com filme, usando a curva
tonal do Lightroom.
161. serra da capivara/PI
252
vinheta exagerada.
Vinheta
A vinheta é um
escurecimento das bordas
da imagem causado
pela ótica da lente. Esse
defeito pode ser usado
como efeito, evidenciando
o centro do quadro e
levando nosso olhar para
o assunto principal. Tome
cuidado para não exagerar
ou a vinheta volta a ser
defeito!
vinheta discreta.
162. joão pessoa/PB
253
ediç
ão
Grão
O grão é originalmente um defeito, assim como
a vinheta. O ISO causa ruído na foto digital e
grão na fotografia de filme. Nossa nostalgia faz
o grão parecer mais interessante que o ruído,
então podemos adicioná-lo na pós-produção,
criando a aparência de foto de filme.
exemplo de grão
adicionado digitalmente.
163. porto velho/RO
254
se simplesmente tirarmos a saturação desta foto o resultado terá pouco contraste. Se escurecermos somente a cor amarela, criamos uma foto muito mais interessante.
Fotos em preto e branco
Fotografando digitalmente temos muito
controle sobre a conversão de fotos para o
preto e branco. Embora seja possível fotografar
em preto e branco com a maioria das câmeras
atuais (é só selecionar esta opção nos menus) é
mais prático fazer isso no pós-processamento.
Desta forma conseguimos controlar como cada
cor vai se comportar ao ser tranformada em
cinza, mantendo a qualidade do arquivo.
164
255
ediç
ão
Transformar uma foto em preto e
branco não é simplesmente transformar
tudo em cinza. Usamos as ferramentas
disponíveis em cada aplicativo para
equilibrar cinzas mais claros e mais
escuros de acordo com a cor original.
o mesmo acontece nesta paisagem: se só tiramos a saturação o céu perde os detalhes e a foto fica sem graça. escurecer um pouco o azul do céu e adicionar contraste à imagem fica mais legal.
A opção de preto e branco só existe se você estiver fotografando em JPG. Na fotografia em
RAW a câmera sempre guardará a foto original, colorida.
165.
ilha
gra
nde/
RJ
256 3 coisas para fugir na hora da edição
A edição serve para evidenciar nossos objetivos com a foto, mas tome cuidado para
não cometer alguns pecados tradicionais:
Seguir modas
Tome muito cuidado com modinhas: elas são
passageiras por definição. A gente nunca sabe quando
a coloração seletiva, os efeitos vintage ou as fotos HDR
vão ficar datados (para muita gente, já estão). Todo tipo
de efeito pode ser usado com moderação, ou você corre
o risco de fazer com que o efeito vire mais atrativo do
que a foto em si.
hm… talvez esteja vintage demais?
257
ediç
ão
Editar peles de barbie
Ninguém tem a pele da barbie. Não importa se você é
fera na manipulação, uma pele de plástico sempre parece
irreal. Para deixar modelos mais atraentes você pode usar a
iluminação, a profundidade de campo e diferentes ângulos:
todos geram resultados muito mais naturais. Você também
pode abraçar todas as belezas que vão além da pele lisinha,
e registrar as pessoas como elas são de verdade.
as pessoas são
muito mais lindas
naturalmente.
166.
cla
udia
258
essa paisagem
precisa ter tanta
saturação e efeitos
de cor?
Exagerar em qualquer efeito
A não ser que você tenha ótimos motivos evite exagerar
nos efeitos e edições. Se o efeito chama mais atenção
do que a foto, sem ser esse o objetivo, é hora de pegar
mais leve.
Organização de arquivos
Confie em mim: se você começar a organizar sua
biblioteca de fotos neste momento, será muito mais
fácil de se encontrar no futuro!
Tudo começa no momento de baixar as fotos para
o computador. A primeira coisa que você precisa
providenciar é uma estrutura de pastas que fique
organizada cronologicamente.
259
ediç
ão
Dica
Existem pessoas que não
gostam muito de organizar
suas fotos por data, pois
acham que a data não diz
muito sobre o conteúdo da
pasta. Embora a escolha
final seja sua, saiba que a
organização cronológica é
a melhor opção para uma
quantidade grande de
arquivos e mesmo que você
não tenha muitas fotos
agora, no futuro poderá ter.
2014
2015
20150121
20150203
20150624
RAW
15 X 21
Portfolio
20130121 - Paris
20130203 - Aniversário da mamãe
20130624 - Parque Potycabana
ano mês dia
Estr
utur
a de
pas
tas
Para que a organização cronológica fique na ordem correta, a ordem deve ser ano-
mês-dia. Depois desta data, você pode usar uma descrição que facilite lembrar o que
foi fotografado nesta data:
Dentro da pasta cronológica você pode organizar suas fotos dentro de outras pastas
de acordo com o fim que você vai dar para elas: os arquivos originais, os arquivos de
impressão, de uso na web, etc.
Procure usar a data no nome dos arquivos também, seguido de um número
sequencial, para que assim fique mais fácil encontrar as fotos usando o mecanismo
de busca do seu computador:
20150217 - Itália
20150217_001
20150217_002
20150217_003
260 A organização cronológica é perfeita para catalogação dos arquivos. Para a
visualização humana pode não ser tão perfeita assim. Se fiquei 7 dias em Paris,
minhas fotos ficarão todas espalhadas em 7 pastas diferentes! O que fazer?
Os aplicativos especializados em pós-processamento de fotos oferecem muitas
opções para que seja fácil organizar suas fotos de formas mais amigáveis. O bom
desses aplicativos é que eles mantém suas fotos dentro de suas pastas cronológicas
criando grupos invisíveis de acordo com o seu gosto. Desta forma é possível filtrar a
visualização das suas fotos por outros parâmetros:
Posso, por exemplo, adicionar todas as fotos da viagem à Paris nas coleções
“Viagens” e “Paris”. Ao clicar na coleção “Paris”, verei todas as fotos que fiz da cidade
independente das pastas onde elas se encontram.
Posso também usar a classificação por estrelas existente na maioria dos aplicativos.
Elas servem para classificar minhas fotos preferidas. Fotos com 5 estrelas são as que
mais gosto.
Desta forma, posso ver as fotos de Paris, posso ver as fotos preferidas de Paris, ou
posso ver as fotos preferidas de viagens. As combinações de visualização são infinitas
e super amigáveis!
Leia o manual do seu aplicativo e veja quais são as possibilidades de organização e
classificação que ele permite.
Filtro:
Viagens
Paris
Retratos
Flores
261
ediç
ão
está gostando do livro?
então considere fazer uma contribuição do valor que
estiver ao seu alcance :-)
ou você pode continuar lendo de graça! →
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fotografia como profissão6
264
fotografando
fazendo propaganda e se autopromovendo
participando de eventos e fazendo networking
gerenciando dinheiro
respondendo a clientes e fazendo reuniões
Quer trabalhar com fotografia? Comece aqui.
Decidiu que quer trabalhar com fotografia pois não aguenta mais ficar das 8h às 18h
na frente do computador? Talvez seja a hora de eu contar a verdade: é quase isso que
a maioria das profissionais fazem!
Decidiu escolher a fotografia como primeira profissão? Talvez seja a hora de
conhecer a parte que não tem tanto glamour: a parte das responsabilidades e prazos.
Quem escolheu criar sua marca e gerir o próprio negócio (ao invés de trabalhar para
os outros) percebe rapidamente que a fotografia como profissão não envolve só
fotografar.
O que profissionais da fotografia estão fazendo durante o trabalho:
O gráfico é ilustrativo, e foi livremente adaptado da pesquisa feita pela International Society of Professional Photograhers.
265
foto
graf
ia c
omo
pro
fiss
ão
Quando fazemos o que gostamos as partes chatas podem valer a pena. O maior erro
é achar que fazer o que gostamos não tem partes chatas.
Trabalho ou passatempo?
É bem possível gostar do que se faz sendo dentista ou fotógrafa. Mas, normalmente,
dentistas têm uma vantagem: conseguem separar melhor o que é trabalho e o que é
diversão. Afinal, o trabalho dela não é passatempo de quase ninguém.
Quem inventou a frase “escolha um trabalho que goste e nunca mais trabalhará um
dia na sua vida” não podia estar falando uma besteira maior! Trabalho é trabalho.
Trabalhar com o que gostamos é bacana, mas quando não separamos as coisas
corremos o risco de deixar de gostar.
Sim, garanto que nosso trabalho pode ser prazeroso, mas ainda sim não é um
passatempo. Trabalho tem contrato, tem expectativas, tem dinheiro, tem horários e
prazos a cumprir. Uma fotógrafa de casamento pode amar muito seu trabalho, mas se
ela acordar no sábado com preguicinha não dá pra simplesmente deixar tudo pra lá
e ficar dormindo o dia inteiro. Se fosse passatempo, poderia. Essa é a diferença.
Não compreendo quem quer milhões de clientes e muito trabalho. Não compreendo
quem acha bonito dizer que está com a agenda cheia. Se a questão é financeira e
você precisa da agenda lotada para conseguir pagar as contas no fim do mês… então
é hora de rever seus preços ou rever a organização do seu negócio.
Eu, por exemplo, não gosto dessa ideia de trocar coisas
por dinheiro. Para conseguir trabalhar pouco e não
cobrar preços altos, a única opção que considero ética
é ter um custo de vida menor. Abro mão de muita coisa
para poder trabalhar do jeito (e na quantidade) que
quero. Tudo para poder trabalhar menos cobrando um
valor justo ou, melhor ainda, sem cobrar nada.
266 Tenho uma amiga que trabalha meio período e recebe
pressão de todos os lados, da família e da sociedade,
para pegar um segundo trabalho e ganhar mais. Se
ela trabalha só à tarde e tem a manhã livre, parece
o caminho lógico. Por que ficar em casa, lendo e
brincando com seus cachorros, se dá pra ir pra rua
ganhar mais números na conta bancária? Acho tudo
isso maluquice: vejo muito mais sentido em ganhar
menos e ficar metade do dia brincando com cachorros.
Ela vê sentido no que faz, e faz questão de não fazer
muito para continuar vendo.
Se você está pensando em fazer a transição do
trabalho-típico para o trabalho-passatempo, coisa que
muita gente está conseguindo fazer graças à internet,
pense nisso. Amar o que se faz para pagar as contas
é maravilhoso, mas trabalhar muito compromete não
só a qualidade final do seu trabalho, mas também sua
qualidade de vida.
Melhor uma dentista tranquila na mão do que duas
fotógrafas estressadas voando.
Bertrand Russel, no seu
livro O Elogio ao ócio,
fala sobre a solução
para uma sociedade com
mais ócio criativo. Uma
sociedade onde todo
mundo possa trabalhar
pouco e onde tarefas como
a criação das crianças são
compartilhadas. Tudo isso
para criar tempo livre: seja
para pensar no sentido da
vida, seja para ir tomar
sol na praia. É nesse
momento que a mágica
acontece. A ideia parece
utópica para nossa grande
comunidade industrial,
mas muitas comunidades
menores vivem assim pelo
mundo inteiro. Algumas,
como povos originários da
américa, há muito tempo.
Como planejar sua nova profissão
Decidindo seu público alvo e seus serviços
Decidir o público alvo do seu negócio é decidir o perfil de clientes que você quer
atingir. Seu público alvo é a base de todas as decisões relativas ao seu negócio.
O design do seu site não é definido pelo seu gosto, e sim pelo gosto de quem
vai te contratar. O método de marketing que você vai usar não é definido pela
sua preferência, e sim pela preferência de quem vai te contratar. O seu preço (e
consequentemente sua estrutura) não é definido pelo quanto você quer ganhar, e sim
pelo quanto seu público está disposto a pagar.
267
foto
graf
ia c
omo
pro
fiss
ão
E como decidir quem você quer atingir?
É só analisar qual público, na sua área, está carente de algum serviço. Este também é
o caminho para decidir quais serão os serviços oferecidos.
O passo-a-passo para começar qualquer novo negócio é:
1. Encontrar um público que está carente de algum serviço;
2. Criar o serviço que faz este público feliz e resolve suas necessidades;
3. Oferecer um serviço consistente que atraia mais pessoas deste público.
Além da fotografia, eu trabalhei também com design. Há alguns anos, mantive uma
empresa que criava blogs personalizados. Ela só teve sucesso porque resolvia o
problema de um certo público.
1. Ao participar de um evento para blogueiras e blogueiros, percebi que muita
gente estava ganhando dinheiro com seus blogs, mas sem o lucro de grandes
empresas. Essas pessoas não conseguiriam pagar uma agência para criar um
blog com layout e programação profissionais mas adorariam parar de usar
layouts padronizados.
2. Criei minha empresa para que fosse possível oferecer serviços profissionais
com preços mais acessíveis para pessoas físicas e seus blogs. A estrutura era
pequena, resultando em poucos custos, e o serviço era bem específico.
3. Ter uma estrutura pequena e com poucos clientes possibilitou manter a
consistência do serviço.
Qualquer área onde existam potenciais clientes carentes de algum serviço ou
produto é chamada de nicho de mercado.
Para quem gosta de fotografar, pode parecer difícil encontrar um nicho. Olhando
rapidamente, a gente acha que todo mundo já oferece de tudo. Além disso você
provavelmente vai querer fazer algo que gosta, não simplesmente algo que dá
dinheiro.
268 Neste caso, você pode fazer um caminho um pouco
diferente:
1. Definir o que você gosta de fazer e faz bem;
2. Encontrar, dentro desta área, o que você pode
oferecer de diferente que atenda seu público
melhor, com mais rapidez, ou com menos custo;
3. Oferecer um serviço consistente que atraia mais
pessoas deste público.
Encontrar seu nicho, ou criar um nicho baseado em diferenciais, depende da análise
do mercado e de concorrentes. Sua análise não precisa ser complexa: antes de trocar
seu emprego regular ou a ajuda dos pais pela fotografia profissional, veja que tipo
de fotografia clientes da sua área estão consumindo e o que concorrentes estão
oferecendo. Faça testes: comece de um jeito e se adapte ao que funcionar. Não tenha
pressa.
O mais importante é que seu serviço deve deixar algum público feliz e satisfeito.
O perfil do meu público
Depois de encontrar seu nicho, crie um perfil para o seu público. Alguns itens
interessantes de considerar neste perfil são:
• Gênero
• Idade
• Classe social (no caso da classe média, que divide o orçamento de acordo com
a preferência nos diferentes produtos e serviços, considere se seu público
busca custo baixo, custo/benefício ou se o custo é indiferente ao contratar
serviços de fotografia)
• Bens de consumo que costuma adquirir
• Onde costuma ir? Quais são seus hábitos?
• Referências culturais e escolaridade
269
foto
graf
ia c
omo
pro
fiss
ão
Pesquise as preferências do perfil que criou e defina a sua marca de acordo com o
que irá agradar e atrair este tipo de perfil.
Note que até agora não falei em momento algum da qualidade do trabalho. É
essencial entender que fazer fotos bonitas não é nem garantia nem pré-requisito
para o sucesso do seu negócio.
Com o público alvo escolhido, você notará que a qualidade não só é subjetiva, mas
também é secundária. Um público de classe baixa procura a melhor oferta, mesmo
que o produto não tenha tanta qualidade, pois é o que pode consumir para não
atrapalhar suas finanças. Um público de classe alta muitas vezes procura status e
tradição, dando preferência para profissionais de renome, que já atenderam colegas
do golfe e que têm o preço mais alto. A qualidade nos dois casos é totalmente
irrelevante.
Buscar fotos bonitas é uma das características que pode ou não existir no seu
público. E, mesmo se existir, o conceito de fotos bonitas do seu público deve coincidir
com o seu.
Quanto mais específico o seu público, mais fácil vai ser conseguir convencê-lo a te
contratar. Mas, em algumas situações, não é possível definir o público de forma tão
detalhada: quem mora em cidades pequenas sabe muito bem que é preciso fazer
um pouco de tudo. Não ter um público muito específico só é um problema em uma
amostra muito grande de potenciais clientes e mercados.
Como encontrar seu público
Depois de definir quais serviços você irá oferecer e
qual será o seu público alvo, é hora de juntar os dois.
Providencie duas coisas:
1. Um portfolio que mostre o serviço oferecido;
2. Um meio de divulgação que encontre o seu
público.
270 O portfolio você consegue fotografando gratuitamente.
Sua família e seu círculo de amizades estão aí pra isso!
O meio de divulgação depende (adivinha!) do seu
público alvo. Hoje é importante ter ao menos um site
onde você possa colocar o seu portfolio e através do
qual potenciais clientes possam entrar em contato.
Se o seu público é de gestantes que compram em
lojas físicas, dá para deixar um folheto de divulgação
nessas lojas. Se são gestantes que compram tudo pela
internet, o ideal é comprar um anúncio nos sites que
elas visitam.
Dica
Lembre-se que para
fazer qualquer coisa
profissionalmente é preciso
consistência! Se você não
consegue criar um trabalho
com a mesma qualidade
repetidamente, é porque
ainda não está pronta para
trabalhar com isso. Fazer
um bom trabalho quando
tudo está a seu favor é
fácil: a diferença entre
profissionais e iniciantes
é fazer um bom trabalho
quando tudo dá errado.
Um logotipo é um conjunto
gráfico que representa
sua marca. Pode conter
somente um símbolo, um
texto, ou uma soma dos
dois.
Sua identidade visual
A identidade visual é a soma de vários elementos: logotipo, cores e estilos.
este é o logotipo do dicas
de fotografia, e possui
um símbolo e um texto.
Sua identidade visual, assim como seu trabalho, deve
ter consistência em todos os seus materiais. Assim
sua marca é facilmente lembrada e reconhecida.
Uma lata de refrigerante vermelha só nos lembra
uma certa marca pois essa marca utilizou essa cor
consistentemente durante toda sua existência.
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Contrate profissionais
Como decidir quais cores usar no seu site? Como decidir qual fonte é melhor para o
seu logotipo?
Esse tipo de decisão faz parte do trabalho de designers profissionais. Se você não
entende de design e não sabe lidar com tipografia e semântica é melhor contratar
alguém experiente para criar sua identidade visual.
Ao lidar com profissionais de design lembre-se que a aparência de todos os seus
materiais não deve agradar o seu gosto e sim o gosto do seu público alvo. Embora a
palavra design remeta muitas vezes à desenho na realidade ela tem mais a ver com
projeto. Designers não criam materiais para que fiquem somente bonitos e sim para
que façam a união entre forma e função.
Seu site
O objetivo do seu site (ou blog) é mostrar suas fotos. Suas fotos devem ser sempre
o centro das atenções. Aposte na simplicidade e não use firulas. A dica anterior vale
aqui também: se não sabe fazer por conta própria contrate alguém que saiba. As
tecnologias para criação de sites mudam todos os dias e é muito importante ter
pessoas experientes lidando com isso.
Por fim, selecione bem as fotos que vão te representar. Coloque no seu portfolio
somente o melhor do seu trabalho. Só conseguimos ver centenas de fotos em
museus e livros: no seu site é o suficiente publicar a menor quantidade de fotos
possível.
Quanto cobrar?
Já sabemos que o preço a cobrar depende do seu público alvo. Este preço será uma
soma dos seus custos e do seu lucro. Para chegar em um valor inicial, portanto, você
precisa calcular esses custos.
O maior erro de quem está começando em qualquer área que envolve serviços é
achar que tudo que ganhamos é lucro. Isso é normal, pois serviços não são palpáveis.
Os custos de um serviço não são tão óbvios quanto os custos de um produto.
272 Quem cobra mil reais para ir fotografar um casamento
pode ter a impressão de estar tendo mil reais de lucro,
mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Por
causa dos custos invisíveis, podemos estar até pagando
para trabalhar.
Seus custos de vida (moradia, transporte, alimentação),
de trabalho (impostos, cursos, 13º) e depreciação de
equipamentos (câmeras, computadores e tudo que
precise ser trocado regularmente) devem ser somados
para saber o mínimo a se ganhar para conseguir sobreviver.
Seus custos de lazer (viagens, diversão, etc) devem
ser somados para saber o mínimo a se ganhar para
conseguir superviver.
Uma vez que você saiba exatamente quanto precisa
ganhar por mês, é mais fácil descobrir seu valor por
hora ou por trabalho. Se o objetivo é fotografar três
casamentos por mês o seu salário deve ser dividido por
três (ou por dois). E aí, é só correr atrás da clientela!
Dica
No meu blog, disponibilizo
uma tabela gratuitamente
para calcular seus custos
e descobrir quanto deve
ganhar por mês para não
pagar para trabalhar.
Acesse:
http://www.
dicasdefotografia.com.br/
fotografia-quanto-cobrar
Quando trabalhar de graça?
Fazer um trabalho de graça não é necessariamente desvalorizar o seu trabalho.
Você pode escolher não cobrar para: conseguir portfolio, criar coisas novas sem
expectativa, para ajudar uma causa ou simplesmente porque não acredita que tudo
deva ser trocado por dinheiro.
Você está começando
Este cenário todo mundo já conhece: estamos
começando e, além da falta de experiência, nos falta
portfolio. Não temos uma quantidade de trabalhos
suficiente para conseguir outros. A solução? Trabalhar
de graça.
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Procure potenciais cobaias no seu círculo de amizades. Outra boa ideia é procurar
colegas de profissão que possam te acolher e te levar em um evento, viagem, ensaio.
Ninguém vai sair perdendo: clientes e colegas saberão que você está começando e,
por isso, não poderão colocar nenhuma expectativa no seu trabalho, mas terão fotos
ou mão de obra gratuitos. Você poderá usar as fotos para o seu portfolio e, de quebra,
terá experiência para atender melhor suas próprias clientes!
Quando você não está começando
O mais difícil é deixar de cobrar quando você não está começando. Vem o orgulho e
vem a preguiça. “Se não preciso, por que trabalhar de graça?”
Mas trabalhar de graça pode ser uma oportunidade para inventar coisas novas e
botar em prática ideias mais mirabolantes, sem a pressão de entregar exatamente
aquilo que está proposto. A ideia é justamente ter liberdade para criar algo que ainda
não existe.
Em situações assim, todo mundo sai ganhando: modelos ganham fotos legais e quem
fotografa ganha uma oportunidade para fotografar sem a expectativa de um trabalho
pago.
Quando o trabalho é para uma organização sem fins lucrativos
Em último lugar, mas não menos importante: quando clientes que representam
causas que você apoia não têm dinheiro para investir em fotografia, você pode
demonstrar seu apoio doando seu tempo de trabalho.
Nesse caso, nem você nem a cliente têm como o objetivo o lucro, e você colabora
fazendo o que mais sabe fazer.
Se tiver tempo (ou melhor, se puder reservar um tempo) para projetos pró-bono, vai
perceber que os benefícios são muito maiores do que portfolio ou dinheiro.
274
lista. Mas ninguém lia. Depois de receber um orçamento de fotos em locação externa,
em que a pergunta “e se chover no dia?” estava devidamente respondida, as pessoas
enviavam emails perguntando... “e se chover no dia?”
Pois é, as pessoas não lêem perguntas frequentes. Este título, em especial, não ajuda
muito: nos achamos muito especiais para estar fazendo uma pergunta que outras já
fizeram. Na nossa cabeça, nossa dúvida é sempre única.
Decidi mudar a abordagem. Ao invés de uma lista de perguntas e respostas coloquei
fotos grandes e chamativas com as perguntas e respostas destacadas em cima.
Coloquei uma foto de um cachorrinho fofo e, junto dela, a pergunta: “posso levar
meu pet para o ensaio?” Nunca mais recebi perguntas que estavam respondidas no
orçamento.
Este é um caso bastante específico, e provavelmente você não vai lidar com
uma situação igual à minha. Mas esta história ilustra muito bem a característica
mais importante que devemos cultivar para sermos bom profissionais: nos
responsabilizarmos.
Eu poderia ficar por anos reclamando cada vez que alguém repetisse uma pergunta.
Eu poderia me indignar pra sempre e xingar, na minha cabeça, todo mundo que
não lê a porra das perguntas frequentes. Mas isso não ia fazer diferença. As pessoas
continuariam sem ler.
O que fiz? Me responsabilizei. Se as pessoas não estavam lendo, é porque eu não
estava apresentando as informações de forma interessante. Eu não posso mudar as
pessoas, mas posso mudar meu orçamento.
O problema é com você
Durante uma certa época da minha jornada eu trabalhei
com ensaios ao ar livre. Nessa época eu respondia
pedidos de orçamento não só com as informações de
preço mas também com respostas para as dúvidas mais
frequentes. No início eu adicionava essas perguntas e
respostas em uma página do orçamento em forma de
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Alguém não entendeu sua mensagem direito? Você
precisa explicar melhor.
O trânsito te atrasou? Você precisa sair mais cedo.
A gráfica fez um álbum mal acabado estourando seu
prazo? Você precisa procurar outra.
Se responsabilizar é diferente de se culpar. O trânsito
pode não ser culpa sua, mas a responsabilidade de sair
mais cedo é. Se a gráfica fez um trabalho mal feito a
culpa é dela, mas sua responsabilidade é escolher outra.
Tomar a responsabilidade do problema nos faz ter
controle sobre a situação. Profissionais são aqueles que
solucionam problemas, não aqueles que apontam quem
tem a culpa.
Contratos de serviços fotográficos
Não trabalhe sem contrato. O contrato serve para proteger profissional e cliente,
e trabalhar sem ele pode gerar muita dor de cabeça e desentendimentos. O seu
contrato não precisa ser rebuscado ou estar escrito em advoguês: você pode escrever
seu próprio contrato e colocar tudo que for necessário para proteger as duas partes.
Modelo de contrato
Cada área da fotografia tem suas particularidades, assim como cada profissional.
Não é possível encontrar, prontinho, um contrato que satisfaça todas as suas
necessidades. Use essas informações como base para montar o seu:
Dica
O que faz mais diferença
entre sermos profissionais
ou profissionais
medíocres é o quanto nos
responsabilizamos pelo que
acontece à nossa volta.
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Emails são válidos?
Tudo que foi combinado por email é válido judicialmente. Você pode, inclusive, enviar
o contrato completo por email. Mas lembre-se que a pessoa precisa fazer um aceite
por escrito: ao enviá-lo como anexo, por exemplo, você pode pedir para que ela envie
um email dizendo que concorda.
Preciso de testemunhas ou reconhecimento de firma?
Não. Testemunhas podem agilizar o processo judicial, mas não são essenciais. Em
nenhuma situação é obrigatório o reconhecimento de firma.
Licença de uso
No caso de fotos para uso comercial você deve especificar ao máximo este uso.
Por exemplo: para uma foto a ser usada em uma propaganda de revista devem ser
Dados pessoais de ambas as partes (nome, documentos,
endereço)
Especificação de serviços e produtos (ensaio, cobertura de
evento, álbuns, fotos em alta resolução, etc) com datas e
horários
Especificação de uso das fotos (uso pessoal, uso
comercial, tipos de uso comercial, etc)
Valor e formas de pagamento
Prazos (seus prazos para entregas de fotos e tempo de
backup e, para clientes, prazos para seleção de fotos)
Multas e informações sobre rescisão do contrato (de
acordo com ambas as partes)
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especificados o nome e edição da revista, a tiragem e o tamanho da foto. Se sua foto
vai ser usada em um site, devem ser especificados o endereço do site e o tempo
limite de uso.
Direito de imagem
Para publicar uma foto em que aparece uma pessoa
você precisa de uma autorização de uso de imagem.
Você pode pedir esta autorização dentro do contrato
ou fazer uma autorização à parte. Caso a pessoa não
tenha te autorizado a divulgar a imagem dela você
poderá sofrer um processo. Tome cuidado também com
fotos de crianças: pais e mães precisam ter autorizado
explicitamente a divulgação das fotos de pimpolhos,
sempre por escrito.
Faça o contrato com antecedência
Muitos contratos consideram multas para atrasos ou rescisão. Faça o contrato assim
que finalizar a negociação e marcar a data e evite de alguém rescindir o contrato
antes mesmo de assiná-lo!
Nos casos em que você verá a cliente somente no dia das fotos, não deixe de mandar
o contrato e ter um aceite por email.
Da venda à pós venda
Não dê muitas opções
Uma das dicas mais tradicionais de vendas é não oferecer muitas opções. Quando
chegamos em um restaurante e vemos um cardápio com 20 páginas, ficamos
frustradas por não saber o que escolher. Depois de escolher, ficamos frustradas por
não ter escolhido uma das outras. Você não quer que sua cliente fique frustrada
tantas vezes, não é?
Dica
No caso de fotos para uso
comercial você também
precisa de uma autorização
de modelos com a
especificação do uso.
278 Dar mais opções não deixa clientes mais felizes. Dar
muitas opções não facilita a sua vida. Na realidade,
oferecer muitas opções de serviços ou produtos deixa
clientes frustradas e dificulta a sua organização e a sua
logística.
Um mundo como o nosso, que dá mais opções do que
jamais nossas avós imaginariam existir, só faz criar mais
insatisfação pelo que já temos. Simplifique.
Só mostre aquilo que quer vender
Quando comecei a fotografar profissionalmente percebi um certo padrão: clientes
sempre escolhiam aquelas fotos que menos gostei. As minhas favoritas ficavam de
lado, e eu ficava triste e decepcionada.
Dica
Por exemplo: ao invés
de oferecer 12 tamanhos
diferentes de álbum,
escolha poucas opções que
têm bom custo/benefício
para o seu público e que
melhor representam seu
estilo.
Até que, de repente, uma amiga me abriu os olhos: não
quer que a pessoa escolha uma foto? Não mostre.
Passei a mostrar somente as minhas favoritas. Passei a
excluir sem dó aquelas que não me agradaram. Passei a
mostrar pouquíssimas fotos, e somente aquelas que me
dão orgulho de verdade e que eu assinaria sem medo.
Mas aí, você me pergunta: “E se a cliente pedir uma foto
específica e você não achar a ideia legal? Não vai fazer?
Não vai mostrar? Ela não vai perguntar depois onde
está a foto?” Por muito tempo fotografei gestantes,
e colegas me perguntavam como eu lidava com os
pedidos de fotos bregas (como a tradicional mão em
forma de coraçãozinho em cima da barriga.)
Eu não tenho resposta para estas perguntas porque
essa situação não acontecia comigo. Sabe por quê?
Porque só mostrava, no meu portfolio, aquilo que queria
vender. Não tenho medo de perder clientes deixando
meu estilo exposto.
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Clientes que não gostam do meu estilo se afastam e
procuram profissionais que lhe atendam.
Clientes que viram meu portfolio, gostaram do meu
trabalho e me contrataram, esperam exatamente aquilo
que ofereço. Se alguém lhe pedir um coraçãozinho na
barriga, veja onde você demonstra ser o tipo de pessoa
que faz isso e passe a demonstrar ser o tipo de pessoa
que não faz.
Dica
Por exemplo: ao invés
de ter no orçamento um
pacote com ensaio de
fotos e álbum, apresente
cada um desses itens
separadamente.
Separe serviços e produtos
Digamos que sou uma fotógrafa de casamentos. Nesta
área, ofereço serviços e produtos.
Os serviços incluem fazer uma reunião com o casal,
passar o dia fotografando e editar as fotos que
foram feitas. Os produtos incluem álbuns, pôsteres e
impressões avulsas.
Preços ficam muito mais transparentes e fáceis de
entender se, no meu orçamento, eu separar o que é
serviço e o que é produto.
Pacotes fechados diminuem a possibilidade de
negociação e fazem clientes dar mais valor para
os produtos do que para o serviço. Além disso, ao
apresentar preços separadamente, demonstramos mais
flexibilidade: clientes percebem ter mais controle sobre
o preço final.
Faça um follow up
Digamos que várias pessoas entraram em contato com
você, interessadas no seu trabalho. Depois de enviar o
orçamento, essas pessoas não deram mais sinal de vida.
O que fazer?
280 Você pode entrar em contato depois de alguns dias
perguntando se houve alguma dúvida não respondida
ou se querem aproveitar as datas disponíveis deste
mês. Isso é chamado de follow up, e serve para
analisar tanto seus métodos de divulgação quanto seu
atendimento inicial.
Se as pessoas não te contrataram porque não fazem
parte do seu público alvo, é hora de rever seus métodos
de divulgação. Quando você atinge o público errado seu
preço ou estilo de trabalho afastam no primeiro contato
direto. Logo no momento em que a pessoa parou para
analisar se vale a pena te contratar.
Se houveram muitas dúvidas não respondidas ou se
essas pessoas não entenderam como funciona o seu
serviço, é hora de rever seu orçamento e as informações
que envia no primeiro contato. Sua cliente vai fazer
o desempate em relação à concorrência escolhendo
a profissional que deu informações mais claras e que
possui um processo mais fácil de compra.
Ofereça preços de referência
No varejo é muito comum encontrarmos preços de
referência: são as famosas promoções. Ao colocar
a frase “de R$ 599 por R$ 299” na etiqueta, cria-
se a impressão de que o valor é mais baixo do que
realmente é. R$ 299 não pareceria tão barato se não
existisse uma base para a comparação.
Ao apresentar nossos preços, podemos fazer o mesmo,
oferecendo produtos que servirão como referência.
Digamos que o álbum que você mais gostaria de vender
custa R$ 500. Você pode oferecer também uma opção
mais simples/com menos fotos por R$ 200, e uma
opção mais exclusiva/com mais fotos por R$ 1000.
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Ao olhar os três preços, nossa mente tende a eliminar o mais barato e o mais caro,
para chegar no melhor custo benefício. Não queremos a opção mais simples, mas
também não precisamos pagar o dobro por um produto mais ou menos parecido! O
produto ou serviço de valor central normalmente é o que faz mais sucesso.
Pós-venda
Depois que você fez as fotos, chegou a hora de entregá-
las. Esse momento é essencial para criar clientes felizes
e fiéis. Se a escolha das fotos é difícil, prazos não são
seguidos ou o produto tem pouca qualidade, as chances
são grandes da pessoa esquecer tudo de bom que
aconteceu antes.
Invista tempo na pós-venda. Sua cliente ficará muito
mais feliz se você possuir uma página no seu site onde
é fácil escolher as fotos e ver o preço final, ao invés de
precisar anotar o número dos arquivos em um papel e
fazer as contas manualmente. Sua cliente ficará muito
mais feliz de receber um álbum bem embalado e com
uma cartinha de agradecimento do que de recebê-lo
em uma sacola feia e embalada sem nenhum cuidado.
Comunicação
Sempre que contratamos um serviço ficamos ansiosas. Um pouco antes da data
combinada para as fotos, envie um aviso dizendo que está tudo confirmado. Depois
de realizar as fotos, envie uma delas antes do prazo combinado para que a cliente
não tenha que esperar muito para matar a curiosidade. Quando estiver lidando com
produtos, como álbuns, lembre-se de avisar sempre que sua produção mudar de
etapa: quando iniciou a diagramação, quando foi enviado para a gráfica, quando foi
postado nos correios.
Uma comunicação clara, marcando todas as etapas, garante que tudo está sob
controle e mostra que você se importa com cada cliente.
282 O direito autoral e de uso
A fotografia é obra intelectual protegida pela lei. Está
escrito no art. 7., inc. VII, da Lei 9610/98:
ou seja: créditos devem ser dados sempre.
São obras intelectuais protegidas as criações do
espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido
ou que se invente no futuro, tais como:
VII – as obras fotográficas e as produzidas por
qualquer processo análogo ao da fotografia;
Isso quer dizer que uma foto tirada por você é protegida por essa lei, simplesmente
por ser uma fotografia. Qualquer fotografia, feita a qualquer tempo, em negativo ou
cartão de memória, em celular ou DSLR… todas elas são, a princípio, protegidas por
essa lei.
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da
obra;
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal
convencional indicado ou anunciado, como sendo o do
autor, na utilização de sua obra;
III – o de conservar a obra inédita;
Quais direitos eu possuo?
Os direitos inalienáveis do autor são chamados de
direitos morais. De acordo com o Art. 24 da Lei dos
Direitos Autorais, o autor tem os seguintes direitos:
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IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se
a quaisquer modificações ou à prática de atos que,
de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo,
como autor, em sua reputação ou honra;
V – o de modificar a obra, antes ou depois de
utilizada;
VI – o de retirar de circulação a obra ou de suspender
qualquer forma de utilização já autorizada, quando
a circulação ou utilização implicarem afronta à sua
reputação e imagem;
VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da
obra, quando se encontre legitimamente em poder
de outrem, para o fim de, por meio de processo
fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual,
preservar sua memória, de forma que cause o menor
inconveniente possível a seu detentor, que, em todo
caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo
que lhe seja causado.
§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus
sucessores os direitos a que se referem os incisos I a
IV.
§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e
autoria da obra caída em domínio público.
§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as
prévias indenizações a terceiros, quando couberem.
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e
irrenunciáveis.
ninguém pode
mexer na sua fot
o
no Photoshop e
sair divulgando
ela
por aí!
Ou seja: direitos morais não podem ser vendidos ou repassados! Esses são os direitos
seus e de mais ninguém, nem que você não queira.
não adianta querer escapar, se você fez a foto ela é tua e ponto final, nem se você quiser esses direitos passam a ser de outra pessoa!
284
Quais direitos eu posso vender?
Para que a foto seja usada por outras pessoas ou empresas, você vai ceder o direito
de uso, chamado oficialmente de direito patrimonial. É o direito de quem vai usar,
modificar ou divulgar a sua obra para qualquer fim.
Lembre-se: qualquer tipo de uso tem que ser previamente permitido pelo autor,
com tudo acertado em contrato. Abaixo alguns exemplos de usos que devem ter a
aprovação prévia do fotógrafo, no Art. 29:
Não vendemos fotos,
vendemos os direitos de
uso dessas fotos!
I – a reprodução parcial ou integral;
II – a edição;
VI – a distribuição, quando não intrínseca ao
contrato firmado pelo autor com terceiros para
uso ou exploração da obra;
VII – a distribuição para oferta de obras ou
produções mediante cabo, fibra ótica, satélite,
ondas ou qualquer outro sistema que permita
ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para percebê-la em um tempo e lugar
previamente determinados por quem formula a
demanda, e nos casos em que o acesso às obras
ou produções se faça por qualquer sistema que
importe em pagamento pelo usuário;
X – quaisquer outras modalidades de utilização
existentes ou que venham a ser inventadas.
Como pode ver, quaisquer outras modalidades de uso que existem ou que venham a
ser inventadas estão nesta lista. Ou seja: todo uso deve ter a autorização do autor da
obra.
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E se temos pessoas ou objetos nas fotos?
No caso de fotos onde aparecem pessoas, é preciso que elas façam um contrato
cedendo ou vendendo o direito de uso de sua imagem.
Se você quer colocar a foto de uma cliente no seu site, é preciso que ela assine o
contrato de direito de imagem permitindo este uso.
Se você fez fotos para uma marca de roupas, a modelo precisa assinar um contrato
de direito de imagem permitindo este uso (sempre especificando onde a foto vai ser
usada e por quanto tempo.)
Isso também vale para objetos particulares: é preciso a autorização da dona.
E mais: esse uso deve ser muito bem especificado no
seu contrato, contendo o meio (onde vai ser usada
sua foto? Internet? Revista? Outdoor?) e o tempo (por
quanto tempo a foto poderá ser usada? 1 ano? 10 anos?
20 anos?)
E pessoas que estão andando pela rua?
Se você fez uma foto de um local público onde
aparecem pessoas (como uma praça), não será
necessário pedir autorização para divulgar esta
imagem, exceto em caso de uso comercial. Ou seja: você
pode colocar a foto como essa no seu site, mas não em
uma propaganda de revista.
É por isso que fotos de celebridades são possíveis.
Quando elas estão passeando na praia ou comprando
pão na padaria, nada impede que paparazzi façam fotos
e as divulguem.
286 Mas existe um porém: se as fotos ferirem a integridade ou honra desta pessoa, você
poderá ser responsável por danos morais e pode sofrer um processo judicial.
Não espere pela ideia extraordinária
Mais importante do que ter várias ideias
extraordinárias, é colocar a mão na massa e colocar
uma ideia (qualquer uma) em prática. Ela precisa ser a
sua ideia, e você precisa acreditar nela.
Se não funcionar (e isso vai acontecer bastante) você
parte para a próxima. Sacadas geniais só são geniais
em retrospecto.
Preste atenção naquilo que resolveu fazer e faça super
bem. A sua assinatura de email tem seu telefone? As
informações no seu orçamento estão bem dispostas
e organizadas? Seu site está bonito e funcional? Você
está respondendo pedidos de orçamento rapidamente?
Acreditar que só é possível começar a trabalhar de
verdade quando você tiver as condições materiais
ideais também é outro erro que artistas de todas as
áreas encontram. Não é o loft de pé direito alto em
Nova York e a câmera de última geração que farão
suas fotos ficarem boas. Artistas, seja quem trabalha
com fotografia ou desenho ou música, só precisam de
uma coisa para chegar em um bom trabalho: prática.
Desligue o computador e a rede social e vá praticar.
“A perfeição não
consiste em fazer coisas
extraordinárias, e sim em
fazer coisas ordinárias
extraordinariamente bem.”
Marie Angélique Arnauld
287
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ão
está gostando do livro?
então considere fazer uma contribuição do valor que
estiver ao seu alcance :-)
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289
Por que não fotografei a tapioquinha?
estou em belém. esta manhã, depois de ir ao banco, vejo uma senhora vendendo
tapioquinha. hum, adoro! quero uma. ela disse: “senta ali na sombra, moça, que tá sol!”
sentei. da sombra, observei a tapioquinha tomando forma.
lá foi ela. coloca a massa de tapioca na frigideira, em pequenas colheradas. com a
mesma colher, vai espalhando tudo para formar a panquequinha. espera um pouquinho.
sacode a frigideira e, num pulo, a tapioca já tinha virado pro outro lado. espera mais um
pouquinho. abre espaço num pano de prato e coloca a tapioca esticadinha por cima. pega
um pote de manteiga e, com uma faca, vai aos poucos besuntando a tapioca. primeiro, nas
bordas do círculo. depois, no centro. a faca é colocada de lado. fecha o pote de manteiga
e pega o pote de queijo. “o queijo está bem molinho, tá calor!” com uma colherzinha
vai pegando um pouquinho de queijo e espalhando na tapioca. coloca um pouquinho
aqui, outro pouquinho acolá. espalha, espalha, espalha. bota a tapioca, devidamente
amanteigada e aqueijoada, na frigideira novamente. aquece um pouquinho e, com a
colher, vai enrolando, enrolando (aqui no pará se come tapioca enroladinha, diferente
de alguns outros locais do país onde se faz um pastelzinho.) tapioquinha devidamente
enrolada, volta pro pano de prato. “é pra comer agora?” opa, com certeza. abre um pote,
pega um guardanapo. dobra no meio, levanta a tapioca, coloca ela em cima. parece que
está colocando a fralda num bebê, de tanta delicadeza. repete com outro guardanapo,
desta vez fazendo uma trouxinha.
3 reais por uma deliciosa tapioquinha feita por uma senhora com um leve toc e muito
carinho.
Publiquei o texto acima numa rede social. Em pouco
tempo surgiram pessoas comentando: “cadê foto?”,
“queremos fotos!”, “devia ter tirado uma foto!”, “por que
não fotografou?”
Acredito que muita gente espera que eu esteja sempre
com a câmera na mão só porque sou fotógrafa. Sei
que não parece uma expectiva infundada, mas pra
falar a verdade vejo muitos mais motivos para não
fotografar do que para fotografar. A situação da tapioca
exemplifica bem alguns deles:
290 1. Não somos neutros com uma câmera na mão
Não tem como apontar a câmera para alguém e achar
que essa é uma atitude neutra. Se eu fizesse isso nesta
situação a tapioqueira ia, na hora, perceber. Não sei o que
ia acontecer. Talvez ela ficaria vaidosa e contente. Talvez se
sentiria invadida. Talvez ficaria com vergonha. Talvez desse
uma ajeitada na coluna. Existem várias possibilidades, mas
todas elas pressupõem uma só: ela com certeza ficaria auto-
consciente do seu corpo e de seus movimentos mudando
completamente o rumo daquele momento.
Alterar o momento de rumo muitas vezes quebra algo que
estava legal. Aquele momento sublime de uma senhora
fazendo tapioca não merecia ser estragado por causa de uma
foto.
Sou um pouco radical neste ponto: não só acho que não
somos neutros com uma câmera na mão, como acho que
fotografar outras pessoas é um ato violento por si só. As
palavras que usamos para o ato de fotografar mostram muito
bem o que estamos fazendo. Tirar uma foto. Capturar uma
foto. Não só as câmeras profissionais são enormes e parecidas
com armas, a gente ainda usa esta arma para capturar as
pessoas! A responsabilidade é enorme. Nós é que decidimos o
ângulo, o momento, como e quando apertar o botão. A pessoa
fotografada está à mercê da nossa generosidade (ou falta
dela.)
Se o nosso único objetivo com um retrato é fazer uma foto
bonitinha, talvez seja melhor não fazer nada. Uma foto
bonita não é um motivo bom o suficiente para cometer essa
violência. Acredito que retratos podem ser lindas ferramentas
para fazer algo pelas pessoas fotografadas e procuro focar
meus esforços somente nestas possibilidades.
291
2. A fotografia não é o melhor meio
Acho bobagem o ditado que diz que “uma imagem
vale mais do que mil palavras”. Nem sempre! No caso
da tapioqueira, nenhuma foto ou série de fotos que eu
fizesse passaria a história da forma que o texto passou. A
fotografia é uma ferramenta e não tem nada de melhor
que as outras. Às vezes, o que cumpre o objetivo é um
texto, um vídeo, uma voz, uma mistura de tudo.
O que mais me incomoda de quem usa a fotografia como
arte é esta crença de que a fotografia pode passar uma
mensagem mais rápido ou pode causar um efeito na
pessoa observadora de forma mais real. Às vezes, não.
Há um tempo atrás visitei uma exposição fotográfica que
possuía imagens de pessoas indígenas. Uma das fotos
mostrava uma mulher com pinturas no rosto, argolas e
outros acessórios nas orelhas e lábios. Fiquei observando
a própria exposição: várias mulheres passavam por esta
foto e comentavam algo como “olha que engraçada essa
pintura no rosto!”, “que exótica essa moça!”, “gente, como
ela tem coragem de colocar isso, deve doer!”
Não é preciso uma fotografia para que as pessoas não-
indígenas pensem que as pessoas indígenas são estranhas
ou exóticas. Essa foto estava somente reforçando isso.
Quem sabe, se esta foto não estivesse sozinha, ela
poderia gerar uma reflexão além do estereótipo. Quem
sabe, explicando através de outros meios, as pessoas
não-indígenas daquela exposição perceberiam que fazer
tatuagem, colocar implante nas mamas, usar maquiagem
ou se depilar com cera mensalmente também são atitudes
bastante engraçadas, exóticas e que dóem. Talvez elas
respeitassem mais a pessoa retratada como alguém que,
assim como elas próprias, toma decisões com base no que
sua tribo espera.
292 3. A fotografia nos toma experiências
Se eu tivesse sacado uma câmera para fotografar
a história da tapioca, em poucos segundos deixaria
de perceber cada um dos movimentos da senhora
e passaria a me preocupar com o foco e com a
composição da foto. Eu deixaria de estar lá.
Ao contrário da ilustração ou da poesia, a fotografia
está no dia a dia de muita gente. Susan Sontag, no seu
livro “On photography”, disse que “todo mundo está
usando a fotografia como diversão, quase tanto quanto
sexo.” Isso foi na década de 70. Hoje tenho certeza que
fotografamos muito, mas muito mais do que transamos!
Nos parece normal que, tendo poder aquisitivo pra isso,
passemos tanto tempo da nossa vida olhando o mundo
e a sociedade através de retângulos luminosos.
Morando no Rio de Janeiro comecei a notar que viajar
sem tirar fotos parece inimáginável. Ando pela orla de
Copacabana e ali está um moço fazendo uma foto do
seu milho meio-comido com o pôr do sol ao fundo, ali
está um grupo de amigas fazendo diversos selfies na
praia, ali estão pais fotografando cada passo de um
bebê. Durante minhas próprias viagens e passeios já
cansei de ver guias na maior empolgação contando
histórias e causos, e todo mundo só prestando atenção
nas suas câmeras.
Viagens potencializam nossa atitude registradora, mas
no dia a dia fazemos o mesmo. Sempre tem alguém
insistindo para parar tudo para uma foto durante
um encontro de família ou para registrar a janta que
acabou de chegar no restaurante. Sempre tem alguém
para parar seja lá o que estava acontencendo com a
frase “vamos fazer uma foto?”
E eu me pergunto: por quê estamos fazendo isso?
293
Muitas vezes, vamos admitir, é para impressionar os
outros. Dentro de uma sociedade que tem definições
muito claras de sucesso faz todo sentido divulgar
na internet a viagem que acabamos de fazer ou
o restaurante que gostamos de frequentar. O pior
é que muitas vezes as fotos são só a ponta do
iceberg: quantas vezes não agimos para os outros e
fotografamos para provar? Sim, muita gente fotografa o
casamento para registrar a festa caríssima que fez, mas
neste caso a festa já foi feita para se encaixar numa
demanda por si só. Se achamos que “se ninguém ficar
sabendo é como se não tivesse acontecido”, é hora de
repensar esta luta que já começou perdida: os outros
sempre vão parecer mais próximos do tal sucesso.
Mas nem sempre é o caso. A maioria das pessoas que
conheço e que gostam de fotografia dizem, de forma
unânime, que a fotografia serve para relembrar um
momento bom. Mas será que precisamos tanto disso?
Será que precisamos voltar de Paris com mil fotos,
para relembrar de Paris mais tarde, se quando de fato
estávamos em Paris perdemos mil momentos vivendo
Paris através de um retângulo luminoso? E se, ao invés
disso, vivêssemos Paris com todos os nossos sentidos?
Será que precisamos passar a infância inteira das
nossas crianças fotografando sem parar? Muita gente
me conta que já tem milhares de fotos do bebê de um
mês de idade. São milhares de momentos vendo o bebê
através de uma tela, ao invés de viver o crescimento do
bebê com todos os nossos sentidos.
Fazemos isso porque temos medo. A viagem à Paris
acaba em poucos dias e bebês crescem muito rápido.
Temos medo do passageiro, porque ele passa. Sim, o
momento vai passar: mas esse é o melhor motivo para
fotografar menos e aproveitar mais.
294 No futuro, é bem possível que lembremos de coisas
boas do passado. Se estes momentos foram tão bons
assim, é bem provável que a gente não precise de fotos
para relembrá-los. Mas nossa memória não é infalível
e com certeza vários momentos ficarão lá no passado.
Mas qual é o problema? Por que precisamos relembrar?
Porque não podemos viver o momento naquele
momento e nos desapegarmos dele depois?
Podemos usar a fotografia para ganhar nosso dinheiro.
Podemos usar a fotografia como uma ferramenta do
nosso próprio ego: provando aos outros que temos
sucesso ou relembrando nossos próprios momentos
bons. Mas também podemos deixá-la de lado e, com
isso, parar para olhar para dentro e para fora. Olhar
pra dentro nos ajuda a entender os nossos próprios
porquês e de onde eles vêm. Olhar para fora nos ajuda
a perceber o mundo que estamos dividindo com outros
animais (inclusive os mais difíceis de entender: esses
da nossa própria espécie) e como os nossos porquês
afetam o que está à nossa volta. Quem sabe, depois de
olhar tudo isso, podemos usar a fotografia como uma
ferramenta de mudança, de ajuda e de celebração.
E é por esses motivos que não fotografei a tapioquinha.
295
gostou do livro?
você pode nos agradecer contribuindo com qualquer
valor que achar que valeu a sua leitura. ficaremos
felizes com qualquer contribuição :-)
mas ainda tem algumas coisinhas... →
clique aqui para doar
296
fotos do livro e suas configuraçõesA maioria dos livros de fotografia básica mostram as configurações usadas nas fotos
de forma bem destacada. Como pode ver, não foi o caso aqui. Coloquei somente as
configurações relevantes para aquela lição.
É que eu acho que essas informações são bobas e inúteis! A última coisa que me
interessa em como foi feita uma fotografia é o ISO utilizado. A história daquela foto,
a motivação de quem fotografou para clicar e quem é a pessoa retratada são muito
mais interessantes.
Mas sei que nossa curiosidade às vezes é grande! Então você pode encontrar as
configurações exatas das fotos do livro abaixo:
n. pág. ISO, dist. focal, abertura, tempo de exposição
1 30 aline ISO 800, 148mm, f/2.8, 1/500.
2 31 lima, peru ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/20.
3 31 manaus/AM ISO 200, 10mm (olho de peixe), f/6.3, 1/60.
4 32 foto da lua / 50mm ISO 500, 22mm, f/4.5, 1/250.
5 32 foto da lua / 300 mm ISO 800, 300mm, f/5.6, 1/250.
6 34 casamento ISO 1600, 10mm, f/10, 1/50.
7 39 rio de janeiro/RJ ISO 100, 10mm, f/10, 1/80 (a única diferença das duas fotos é o filtro.)
8 40 keukenhof, holanda ISO 100, 15mm, f/25, 1.6”.
9 41 rio de janeiro/RJ ISO 100, 11mm, f/10, 1/160 (a única diferença das duas fotos é o filtro.)
10 48 paquetá/RJ ISO 100, 14mm, f/5, 1/1250 (foto bem exposta.)
11 50 sil ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/100.
12 50 fernanda ISO 100, 10mm, f/3.5, 1/50.
13 50 paraty/RJ ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/250.
14 55 ivone ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/500.
15 56 rio de janeiro/RJ ISO 100, 22mm, f/20, 1/400.
16 57 curitiba/PR ISO 500, 22mm, f/4.5, 1/250 (foto congelada) ISO 100, 22mm, f/29, 1” (foto com movimento)
17 59 rio de janeiro/RJ ISO 5000, 22mm, f/4.5, 1/400.
18 65 joão pessoa/PB ISO 100, 22mm, f/25, 1/50.
19 67 jericoacoara/CE ISO 200, 24mm, f/6.4, 1/1000.
297
20 68 los roques, venezuela ISO 100, 22mm, f/16, 1/250.
21 70 andy ISO 100, 150mm, f/2.8, 1/320.
22 71 machu picchu, peru ISO 125, 10mm, f/8, 1/200.
23 77 samanta ISO 100, 10mm, f/13, 1/160.
24 84 lisie ISO 100, 70mm, f/5, 1/160.
25 85 adrielly ISO 125, 125mm, f/3.5, 1/200.
26 86 andy ISO 100, 155mm, f/2.8, 1/320.
27 88 rio de janeiro/RJ ISO 3200, 200mm, f/2.8, 1/15.
28 89 veneza, itália ISO 200, 10mm, f/10, 30”.
29 90 veneza, itália ISO 800, 35mm, f/22, 30”.
30 90 veneza, itália ISO 100, 10mm, f/22, 30”.
31 92 naarden, holanda ISO 100, 24mm, f/5.6, 1/30.
32 93 alter do chão/PA ISO 500, 10mm, f/3.5, 1/2500.
33 94 rio de janeiro/RJ ISO 100, 35mm, f/3.5, 1/500.
34 98 alter do chão/PA ISO 100, 10mm, f/16, 2.5”.
35 100 oslo, noruega ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/1250.
36 101 heilbronn, alemanha ISO 250, 70mm, f/2.8, 1/160.
37 102 keukenhof, holanda ISO 100, 73mm, f/3.5, 1/1000.
38 102 svartifoss, islândia ISO 100, 22mm, f/29, 2.5”.
39 103 giovanni ISO 200, 148mm, f/3.2, 1/125.
40 104 naarden, holanda ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/160.
41 105 tromso, noruega ISO 100, 10mm, f/6.3, 25”.
42 105 aquário de londres, inglaterra ISO 800, 150mm, f/2.8, 1/60.
43 102 lisie ISO 100, 140mm, f/2.8, 1/125.
44 107 maíra ISO 100, 11mm, f/3.5, 1/1250.
45 107 naarden, holanda ISO 100, 22mm, f/4.5, 6”.
46 108 inhotim/MG ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/5000.
47 109 salvador/BA ISO 100, 50mm, f/4.5, 1/320.
48 110 black sand beach, islândia ISO 100, 10mm, f/22, 1/4.
49 111 tromso, noruega ISO 100, 190mm, f/2.8, 1/500.
50 111 rio de janeiro/RJ ISO 100, 165mm, f/11, 1/160.
51 112 kvaløya, noruega ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/30.
52 113 mari ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/30.
53 113 rio de janeiro/RJ ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/200.
54 114 carol ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/640.
55 114 museu de arqueologia do xingó/AL ISO 800, 10mm, f/4.5, 1/60.
56 115 shirlley ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/640.
298 57 115 manifestação educafro/RJ ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/125.
58 116 oberhofen am thunersee, suíca ISO 100, 22mm, f/6.3, 1/1000.
59 116 barra da guaratiba/RJ ISO 800, 22mm, f/4.5, 1/160.
60 117 cânion do xingó/AL ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/60.
61 118 monica ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/320.
62 118 seljalandsfoss, islandia ISO 100, 10mm, f/22, 0.6”.
63 119 ilha do mel/PR ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/2500.
64 119 salvador/BA ISO 100, 10mm, f/3.5, 1/40.
65 120 oslo, noruega ISO 100, 10mm, f/10, 6”.
66 121 niterói/RJ ISO 100, 10mm, f/4, 1/1600.
67 121 ilha do mel/PR ISO 100, 50mm, f/2.2, 1/2000.
68 122 luar ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/60.
69 123 ilha grande/RJ ISO 100, 10mm, f/7.1, 1/320.
70 124 oberhofen am thunersee, suíça ISO 100, 10mm, f/8, 1/60.
71 125 rio de janeiro/RJ ISO 1600, 10mm, f/3.5, 1/30.
72 127 rio de janeiro/RJ ISO 400, 70mm, f/2.8, 1/250.
73 127 floresta negra, alemanha ISO 100, 200mm, f/32, 2.5”.
74 128 michele ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/1000.
75 128 cristiane ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/640.
76 129 rio de janeiro/RJ ISO 3200, 200mm, f/2.8, 1/30.
77 130 ilha grande/RJ ISO 800, 10mm, f/4.5.
78 131 angelica e leandro ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/1000.
79 132 josi e andré ISO 200, 70mm, f/2.8, 1/160.
80 133 cassio e juliano ISO 100, 52mm, f/2.8, 1/100.
81 134 tathiana ISO 200, 35mm, f/2, 1/250.
81a 135 alcinda e manoel ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/400.
82 136 rita e pedro ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/250.
83 137 josi ISO 800, 35mm, f/1.4, 1/640.
84 138 michele ISO 100, 110mm, f/5, 1/1000.
85 139 paula ISO 200, 50mm, f/1.4, 1/500.
86 140 cecilia ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/60.
87 141 vivien e lorraine ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/180.
88 142 andrea ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/320.
89 144 larissa ISO 250, 50mm, f/1.8, 1/60.
90 145 juliana ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/125.
91 147 priscila ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/60.
92 148 fiona ISO 800, 70mm, f/4, 1/1600.
299
93 149 barbara ISO 3200, 56mm, f/2.8, 1/80.
94 149 letícia ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/800.
95 150 lilyan ISO 500, 35mm, f/1.4, 1/250.
96 151 fabiola ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/200.
97 152 taysa ISO 100, 50mm, f/7.1, 1/100.
98 153 maira e bryce ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/25.
99 153 rio de janeiro/RJ ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/15.
100 154 fabíola ISO 160, 35mm, f/1.4, 1/2500.
101 155 fabíola ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/125.
102 155 julia ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/320.
103 156 erika ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/8000.
104 157 olivia ISO 100, 200mm, f/2.8, 1/250.
105 158 raphael ISO 800, 56mm, f/2.8, 1/100.
106 159 lucas ISO 100, 145mm, f/5.5, 1/320.
107 159 bella ISO 320, 70mm, f/2.8, 1/160.
108 160 laura ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/125.
109 161 havana, cuba ISO 100, 35mm, f/11, 1/160.
110 162 ilha grande/RJ ISO 1250, 22mm, f/4.5, 1/30.
111 163 naarden, holanda ISO 125, 200mm, f/3.5, 1/800.
112 164 círculos de moray, peru ISO 160, 18mm, f/10, 1/50.
113 165 congonhas/MG ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/800.
114 167 paris, frança ISO 800, 70mm, f/5, 1/400.
115 167 rio de janeiro/RJ ISO 100, 8mm (olho de peixe), f/22, 1”.
116 169 oberhofen am thunersee, suíca ISO 100, 22mm, f/29, 4”.
117 170 paris, frança ISO 100, 16mm, f/6.3, 1/125.
118 170 londres, inglaterra ISO 100, 10mm, f/22, 15”.
119 171 skogafoss, islândia ISO 100, 21mm, f/29, 0.3”.
120 172 veranópolis/RS ISO 100, 22mm, f/29, 1.6”.
121 173 skogafoss, islândia ISO 100, 10mm, f/22, 0.4”.
122 174 veranópolis/RS ISO 100, 21mm, f/29, 1.6”.
123 175 foz do iguaçu/PR ISO 100, 10mm, f/10, 1/125.
124 176 floresta negra, alemanha ISO 100, 10mm, f/22, 10”.
125 177 naarden, holanda ISO 100, 10mm, f/8, 30”.
126 180 black sand beach, islândia ISO 100, 200mm, f/32, 0.4”.
127 181 rio de janeiro/RJ ISO 100, 14mm, f/4.5, 1/160.
128 182 (flor no pôr do sol) ISO 100, 120mm, f/5.6, 1/1600.
129 183 (flor de ângulo baixo) ISO 100, 10mm, f/7.1, 1/125.
300
130 183 (flor com fundo azul) ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/200.
131 183 (flor na contra luz) ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/1600.
132 184 (comida) ISO 400, 50mm, f/1.8, 1/800.
133 185 (prod. por letícia massula) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/100.
134 185 (ovo solitário) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/320.
135 185 (produção por adriana pita) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/30.
136 186 (lua) ISO 800, 200mm, f/2.8, 1/50.
137 188 (interiores) ISO 640, 35mm, f/1.4, 1/320.
138 189 ISO 1000, 10mm, f/3.5, 1/60.
139 189 ISO 200, 10mm, f/11, 2”.
140 203 (luz rembrandt) ISO 100, 35mm, f/7.1, 1/10.
141 204 sil ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/500.
141a 204 ale ISO 100, 22mm, f/4.5, 1/200.
142 205 mari ISO 6400, 10mm, f/3.5, 1/40.
143 207 juliana ISO 100, 27mm, f/10, 1/80.
144 216 giulia ISO 800, 10mm, f/10, 1/15.
145 216 giulia ISO 2500, 10mm, f/3.5, 1/20.
146 216 giulia ISO 800, 10mm, f/10, 1/40.
147 217 sônia e oliver ISO 500, 10mm, f/8, 1/6. (a única diferença das duas fotos é o filtro.)
148 218 patricia ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/250.
149 219 fernanda ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/200.
150 220 samanta ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/1600.
151 236 manaus/AM ISO 500, 10mm, f/3.5, 1/2500.
152 237 belo horizonte/MG ISO 100, 10mm, f/5.6, 1/200.
153 238 manaus/AM ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/400.
154 240 vila velha/ES ISO 1000, 14mm, f/4.5, 1/100.
155 241 havana, cuba ISO 100, 35mm, f/6.3, 1/200.
156 244 aracaju/SE ISO 100, f/5.6, 1/400, 1/100 e 1/25 (HDR)
157 245 los roques, venezuela ISO 100, 20mm, f/4.5, 1/3200.
158 247 inhotim ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/3200.
159 249 fabíola ISO 160, 10mm, f/3.5, 1/20.
160 250 alter do chão/PA ISO 500, 200mm, f/2.8, 1/1600.
161 251 serra da capivara/PI ISO 200, 10mm, f/10, 1/250.
162 252 joão pessoa/PB ISO 500, 10mm, f/4, 1/15.
163 253 porto velho/RO ISO 100, 17mm, f/4, 1/250.
164 254 (cadeiras) ISO 500, 10mm, f/5, 1/25.
165 255 ilha grande/RJ ISO 100, 22mm, f/4.5, 1/800.
166 257 claudia ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/250.
301
1. Fator de corte
A expressão fator de corte tem a ver com a diferença entre o sensor full frame e o
sensor APS-C.
Seja lá com qual câmera você estiver fotografando a objetiva sempre vai reproduzir
o mundo do mesmo jeito. Ou seja, ela vai enviar para o sensor uma imagem circular
refletida nas lentes.
A diferença é que um sensor full frame vai captar boa parte desta imagem, enquanto
um sensor APS-C vai captar um pedaço, adivinha, menor!
Abaixo um exemplo ilustrado. Vamos considerar duas câmeras imaginárias que são
completamente iguais, tendo somente tamanhos diferentes de sensor. Digamos que
as duas câmeras gravam imagens de 21 megapixels (5616 x 3744) e estão usando
uma lente 50mm.
apêndices
sensor full frame (36x24). sensor aps-c (22x15).
302 Como pode ver o tamanho do sensor não interfere em
nada nas características da imagem. Ela fica igualzinha.
Com o mesmo tamanho (resolução), com a mesma
profundidade de campo e com as mesmas distorções da
lente. A única diferença é que o sensor menor corta as
bordas que apareceriam no sensor full frame.
Ao cortar um pedaço da imagem podemos supor que ao
usar um sensor menor, a distância focal das lentes fica
maior.
É com base nessa suposta mudança de distância focal
que nos baseamos para chegar em um fator de corte.
A segunda câmera do exemplo, com um sensor de
22 x 15mm, vai fazer com que uma lente 31mm faça
uma foto que mostra a mesma coisa que uma 50mm
mostraria em uma full frame. Dividindo 50mm por
31mm chegamos em um valor aproximado de 1.6. É
esse o fator de corte deste sensor.
Usamos este número para fazer o cálculo contrário,
quando chega a hora de escolher uma lente para nossa
câmera APS-C. Uma lente 50mm, quando usada em
uma câmera com fator de corte de 1.6, vai mostrar o
equivalente a uma lente 80mm (50 x 1.6).
É bom lembrar: todas as características de uma lente
se mantém mesmo com o fator de corte, por isso é
impreciso afirmar que uma lente 50mm se transforma
magicamente em uma 80mm quando usada em
uma câ’era APS-C. Sim, a lente vai cortar as bordas e
mostrar o equivalente de uma 80mm, mas ainda sim
vai se comportar como uma 50mm, com as mesmas
aberrações, distorções e profundidade de campo!
303
2. Um pouco mais sobre fotometria
Quando eu digo que o fotômetro acha que a foto está
muito escura ou muito clara, não estou sendo precisa:
o fotômetro não acha nada! Ele trabalha de forma
matemática.
Apontar, zerar o fotômetro e clicar é somente o primeiro
passo para aprender a fazer uma foto bem exposta. Na
realidade é exatamente isso que a câmera faz, sozinha,
nos modos automáticos. Para ter mais controle sobre a
exposição é preciso entender melhor como o fotômetro
analisa a cena.
A primeira coisa pra entender bem o fotômetro é
entender que ele não vê cor: ele só vê luminosidade.
É como se, para o fotômetro, o mundo fosse preto e
branco!
Além disso, ele trabalha com luz refletida. Ou seja: ele
não está, de fato, medindo a luz existente. Ele está,
na verdade, medindo a luz que está batendo no seu
assunto e voltando pra lente.
Ao medir a luz do seu assunto, o fotômetro compara
a luminosidade que encontrou com um padrão de
luminosidade que ele considera correto. Esse padrão
é conhecido como cinza médio ou cinza 18%. Lembre-
se: não estamos falando da cor cinza, e sim da
luminosidade cinza.
Se, ao apontar para o seu assunto, o fotômetro registrar
um cinza mais escuro ou mais claro que o cinza médio,
ele vai te dizer que a foto está mais escura ou mais
clara do que deveria.
Como é de se imaginar, nem tudo no mundo é cinza
médio. Se você apontar sua câmera para uma parede
304 preta, por exemplo, o fotômetro vai dar uma medição
equivocada: ele vai falar que a foto está muito escura
quando, na realidade, o assunto é de fato mais escuro
do que o cinza médio.
Para conseguir conversar melhor com o fotômetro,
então, teremos que mostrar para ele algo que seja cinza
médio e aí sim, zerar o fotômetro.
No mundo real existem algumas coisas que são
próximas do cinza médio: a palma da nossa mão, a
grama e o céu claro (sem nuvens) são algumas delas.
Lembre-se: não estamos falando de cor e sim de
luminosidade.
Você também pode usar um cartão de cinza médio,
fácil de encontrar em qualquer lojinha de bugigangas
fotográficas.
3. Tipos de monitor
Um monitor de qualidade é bem importante para a
qualidade das nossas fotos. É no nosso computador
que processamos as fotos e finalizamos elas para
mandar pro portfolio, pra impressão ou pra rede social.
É o equivalente do quarto escuro onde filmes eram
revelados e ampliados.
Mesmo quem não costuma manipular suas fotos ou
usar aplicativos mais profissionais (como o Lightroom),
precisa olhar para as fotos na tela do computador e
ver se estão ok para passar adiante. No fim, é preciso
ao menos salvar os arquivos no tamanho certo para
impressão ou mesmo colocar uma marca d’água na foto
que vai pra rede social. Ou seja: seu monitor precisa
mostrar a realidade.
305
Tipos de monitor
CRT: lembra daquelas telas gordas que usávamos faz
alguns anos e chamávamos de “tubo”? São do tipo CRT
e quase não encontramos mais deles por aí.
LCD: é o tipo magrinho que mais usamos atualmente.
LED: também é magrinho, mas tem uma economia
incrível de energia e em breve será a maioria.
Os monitores CRT já estão aposentados, e hoje ficamos
com a escolha entre os de tipo LCD e LED.
Tipos de painel
A tecnologia usada no painel do seu monitor é o que
vai determinar boa parte da qualidade de reprodução
de imagens nele. Temos dois tipos principais*:
TN: é o mais barato e mais utilizado hoje em dia em
todo o tipo de tela. É uma tecnologia que permite
tempos de reciclagem rápidos, e é bom pra ver filmes
ou jogar games. Mas sua representação das cores não é
legal e, por isso, não é muito bom para edição de fotos.
É o que está presente na maioria dos notebooks (exceto
aqueles da Apple com retina display).
IPS (e equivalentes): é o tipo de monitor ideal para
edição de fotos, pois tem uma reprodução de cores boa
e consegue manter a qualidade mesmo em ângulos
diferentes de visão (ou seja, se você olha um pouco
lateralmente, consegue ver o mesmo no monitor,
garantindo mais precisão na imagem.) Os iMacs de
linha superior, assim como outros produtos com retina
display, da Apple usam esse tipo de painel.
306 Qual é o melhor monitor para editar fotos?
Ao fazer uma pesquisa por monitores, veja nas
especificações dos modelos se ele é um monitor de
painel IPS ou de tecnologia similar. Procure também
resenhas de pessoas que usam o monitor para edição
de imagem, para saber mais informações sobre a
fidelidade de cores. Monitores de qualidade custam
milhares de reais, mas você consegue encontrar opções
de bom custo benefício se pesquisar direitinho.
O ideal mesmo é evitar monitores baratinhos e de
notebook, que têm uma reprodução de cores infiel e
você nunca sabe se está olhando do ângulo certo. Sem
esta precisão fica difícil saber se a foto está ok ou se é
o monitor que está te enganando!
E por fim, mas bastante importante: depois de comprar
um bom monitor, é bom deixá-lo calibrado para ver
exatamente o que ele deveria estar mostrando! Você
pode usar os aplicativos próprios para isso (eles já vem
com o sistema operacional ou com o monitor), ou pode
usar acessórios especialmente para este fim.
* Existem outras opções de painel além dessas, mas o
TN e o IPS são as mais comuns atualmente.
307
4. O plano de foco e os problemas de focar e recompor
Imagine que quero fotografar uma pessoa de corpo
inteiro. Se estou com a câmera totalmente paralela
à minha modelo, conseguirei que tanto sua cabeça,
quanto sua barriga, quanto seus pés, fiquem em foco.
No entanto, se eu medir a distância entre minha câmera
e sua cabeça, sua barriga, e seus pés, não terei a mesma
distância.
Isso acontece porque nossas câmeras não tem pontos
de foco em uma determinada distância, e sim em um
determinado plano focal (e, este sim, tem uma distância
do ponto central da lente.)
É por isso que se, na mesma situação, eu me abaixar e
fazer uma foto usando um ângulo diferente, meu plano
focal vai mudar e o foco será mais limitado.
onde você fez o foco.
onde o foco ficou depois de recompor..
308
A profundidade de campo existe de acordo com este plano focal, não de acordo
com a distância entre a lente e os elementos da cena. Por isso é sempre importante
lembrar-se deste plano quando estamos fotografando: o ângulo usado pode colocar
mais ou menos elementos dentro da área de foco, de acordo com o seu objetivo.
É por isso também que usar o método de focar e recompor em algumas situações
pode trazer problemas de nitidez: ao mudar o ângulo da lente você muda a
localização do plano focal, e aí é bem possível que aconteça frontfocusing ou
backfocusing.
5. Sobre o uso do botão disparador como trava de foco
Praticamente todos os botões das câmeras DSLR podem ter suas atribuições
alteradas. Aqui sempre digo que para travar o foco é preciso clicar com o botão
disparador até a metade, pois esse é o padrão de fábrica, mas você pode usar outro
botão para essa função. Leia o manual da sua câmera para descobrir as alterações
que pode fazer nas atribuições de botões da sua câmera.
6. Sinalização do foco adquirido no foco manual
Na verdade mesmo no foco manual este sinalizador de foco pode aparecer. Para
ouvir o bip e/ou ver a bolinha luminosa ao usar o foco manual é preciso apertar o
botão disparador até a metade enquanto gira o anel de foco. Os pontos selecionados
vão se comportar exatamente como se estivessem no modo automático. Isso
acontece porque, para a câmera, não interessa como você está chegando neste foco
(se a lente está fazendo isso sozinha ou se é você que está girando o anel.) Ou seja:
com o botão de trava de foco acionado, a câmera sempre vai te avisar se aquilo que
está atrás do ponto de foco seleiconado está devidamente focado, independente se
você está usando o modo manual ou automático da lente.
309
Claudia Regina começou a
fotografar e achou difícil. Eram
cálculos e nomes e números. Ela é
da área de ciências humanas, e não
entendeu bulhufas. Resolveu criar
o blog Dicas de fotografia para
explicar tudo que ia aprendendo
de forma mais descomplicada.
Sempre tentou usar a fotografia
pra conversar e transformar. Nas
horas vagas gosta de tomar sopa e
queimar sutiãs.
Sil Takazaki entrou neste projeto
feliz da vida, porque adora
fotografia, vive rabiscando e
respeita demais o trabalho
delicioso e coerente da Claudia.
Sua profissão é ensinar, e ela ama
rir dos próprios desenhos – como
gatinhas vesgas com um olho
maior que outro.
Nas horas vagas, vagueia.
Sobre as autoras
310 Aviso legal
Este livro é distribuído gratuitamente através do site Dicas de Fotografia (www.
dicasdefotografia.com.br) e todo o seu conteúdo, exceto fotos contendo pessoas, está
sob a licença Creative Commons.
Você pode distribuir o link de download ou mesmo este PDF para todo mundo
que você quiser, você pode imprimir e usar para estudar, você pode distribuir no
seu próprio site, você pode indicar para suas alunas e seus alunos caso dê aula de
fotografia e ache que o livro pode ser útil.
Mas peço, por favor, que não venda este livro. Peço, por favor, que não retire as fotos
de pessoas que estão presentes nesse livro e use em qualquer outro contexto. Vamos
dar continuidade ao conteúdo livre sem desrespeito.
Todas as fotos são de autoria de Claudia Regina, exceto quando sinalizado o
contrário. Todas as ilustrações são de autoria de Sil Takazaki.
Fotos de pessoas: Copyright © Claudia Regina 2015
Restante do conteúdo: Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-
Compartilhamento pela mesma Licença 2015
Dicas de fotografiaRio de Janeiro, 2015
primeira edição (v1.2 revisão 6/08/15)ISBN 978-85-919397-0-1
www.dicasdefotografia.com.br
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