FÁBIO CHITTERO BOLDRINI
DIATERMIA POR ONDAS CURTAS NO MOMENTO MÁXIMO DE
FORÇA DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL COM
CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA E ELETRICAMENTE INDUZIDA EM
INDIVÍDUOS ASSINTOMÁTICOS
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2010
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FÁBIO CHITTERO BOLDRINI
DIATERMIA POR ONDAS CURTAS NO MOMENTO MÁXIMO DE
FORÇA DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL COM
CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA E ELETRICAMENTE INDUZIDA EM
INDIVÍDUOS ASSINTOMÁTICOS
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2010
Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre em Fisioterapia, na Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Richard Eloin Liebano.
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COMISSÃO JULGADORA
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Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família (meu pai Wilton, minha mãe Sandra e
meu irmão Caio) que de várias formas contribuíram para que eu conseguisse
realizar este mestrado, sabendo que seria um grande diferencial em minha
carreira profissional. Também dedico a minha esposa Karisa por todo apoio
durante esses anos, me aconselhando para que continuasse lutando para
finalizar esta etapa tão difícil, mas ao mesmo tempo tão recompensadora.
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Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por me proporcionar saúde, proteção e
discernimento durante todos estes anos.
Agradeço minha família pelo apoio moral e financeiro a fim que meu sonho
pudesse ser realizado. À minha amada esposa Karisa pelas noites em claro me
auxiliando na execução deste trabalho, por ser paciente, amorosa e sempre me
incentivar nos momentos em que tive dúvida se valeria a pena todo este
trabalho e esforço.
Também agradeço aos amigos Ricardo Ambrosio e Luiz Afini pelo auxílio nos
testes práticos.
Não poderia deixar de agradecer a meu orientador, Prof. Dr. Richard Eloin
Liebano, pela paciência e empenho em me ajudar em todos os momentos que
necessitei. Sinto-me honrado por ser orientado por este profissional tão
competente, e quero seguir os seus passos pois é um exemplo em todos os
sentidos.
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Sumário
Resumo ............................................................................................................ 8
Abstract ........................................................................................................... 9
1. Introdução ................................................................................................. 10
2. Objetivo ..................................................................................................... 13
3. Materiais e Métodos .................................................................................. 14
3.1 Voluntários/Casuística ........................................................................... 14
3.2 Instrumentos .......................................................................................... 14 3.2.1 Dinamômetro Isocinético ............................................................................... 14 3.2.2 Ondas Curtas ................................................................................................ 15 3.2.3 Estimulador Elétrico ...................................................................................... 15 3.2.5 Escala Analógica Visual ................................................................................ 17
3.3 Procedimento ........................................................................................ 18 3.3.1 Teste 1 - CIVM .............................................................................................. 20 3.3.2 Teste 2 – OC + CIVM .................................................................................... 20 3.3.3 Teste 3 – CR ................................................................................................. 21 3.3.4 Teste 4 – OC + CR ........................................................................................ 22
3.4 Análise dos dados ................................................................................. 22
4. Resultados ................................................................................................. 23
4.1 Análise utilizando a mediana ................................................................. 23 4.1.1 Comparação entre os gêneros utilizando o maior valor das variáveis ........ 23 4.1.2 Comparação entre os gêneros utilizando a média dos 3 valores das variáveis .................................................................................................................. 24 4.1.3 Comparação entre a presença ou não de calor ........................................... 25 4.1.4 Comparação entre a presença ou não de calor no gênero masculino ....... 27 4.1.5 Comparação entre a presença ou não de calor no gênero feminino ........... 27
4.2 Análise utilizando o percentual da CIVM................................................ 28 4.2.1 Comparação em percentual da CIVM entre os gêneros .............................. 29 4.2.2 Comparação em percentual da CIVM segundo a presença ou não do calor ................................................................................................................................ 29 4.2.3 Comparação em percentual da CIVM no gênero masculino ....................... 30 4.2.4 Comparação em percentual da CIVM no gênero feminino .......................... 30
5. Discussão .................................................................................................. 31
6. Conclusão .................................................................................................. 36
7. Referências Bibliográficas ....................................................................... 37
ANEXO ........................................................................................................... 42
Anexo 1 - Termo de Consentimento ............................................................ 42
Anexo 2 – Protocolo Comitê de Ética .......................................................... 44
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Resumo
Introdução: o calor profundo e a estimulação elétrica são técnicas comumente
utilizadas na prática clínica da fisioterapia e que promovem benefícios
importantes em um programa reabilitação, porém a utilização destes dois
agentes associados é um tema pouco explorado. Objetivo: o presente estudo
tem como objetivo analisar o efeito da diatermia por Ondas Curtas no momento
máximo de força (MMF) do músculo quadríceps femoral com contração
voluntária e eletricamente induzida em indivíduos assintomáticos, além de
avaliar o desconforto gerado pela corrente elétrica. Método: participaram do
estudo 26 voluntários, sendo 13 do gênero masculino e 13 do gênero feminino.
Foi avaliada a capacidade de produção de torque em um dinamômetro
isocinético computadorizado, através da realização de contrações isométricas
voluntárias máximas (CIVM) do quadríceps femoral a 60º de flexão do joelho, e
eletricamente induzida. Os voluntários foram submetidos aleatoriamente a
quatro momentos, mensuração do MMF através de contração voluntária,
mensuração do MMF através de contração voluntária após aplicação do calor,
mensuração do MMF através eletricamente induzido e mensuração do MMF
eletricamente induzido após aplicação do calor. Para mensuração do
desconforto gerado pela corrente elétrica foi utilizada a escala visual analógica
(EVA). Resultados: Como esperado o gênero masculino apresentou um MMF
significantemente maior que o gênero feminino. Além disso, no gênero
masculino o MMF foi maior quando submetido à aplicação da corrente elétrica
associado ao calor. Conclusão: os achados do presente estudo sugerem que
o momento máximo de força não é influenciado pelo calor, porém no gênero
masculino há um aumento no MMF eletricamente induzido quando se associa
ao calor (p=0,033). Em relação ao desconforto causado pela corrente elétrica
foi observado aumento apenas no gênero feminino e quando associado ao
calor.
Palavras chave: torque, estimulação elétrica, diatermia, calor.
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Abstract
Introduction: the deep heat and electrical stimulation techniques are commonly
used in physical therapy clinical practice and promoting important benefits in a
rehabilitation program, but the use of these two agents is associated with a
relatively unexplored subject. Objective: This study aims to analyze the effect
of short-wave diathermy at the time of maximum force (MMF) of the quadriceps
femoris muscle with voluntary contraction and electrically induced in healthy
individuals, and to evaluate the discomfort caused by electrical current.
Method: the study involved 26 volunteers, 13 males and 13 females. We
evaluated the capacity of torque in an isokinetic computerized by performing
voluntary isometric contractions (MVIC) of the quadriceps at 60 ° of knee
flexion, and electrically induced. The volunteers were randomly assigned to four
times, measuring the MMF by voluntary contraction, MMF by measurement of
voluntary contraction after application of heat, measurement of electrically
induced by MMF and MMF measurement of electrically induced after
application of heat. To measure the discomfort caused by the electric current
was used to visual analogue scale (VAS). Results: As expected the boys
performed a MMF significantly larger than the females. Moreover, in males the
MMF was higher when subjected to the application of electric current
associated with the heat. Conclusion: The findings of this study suggest that
the maximum moment of force is not influenced by heat, but in males there is
an increase in MMF electrically induced when combining heat (p = 0.033). In
relation to the discomfort caused by the electric current increase was observed
only in females and when combined with the heat.
Key-words: torque, electric stimulation, diathermy, heat.
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1. Introdução
O calor é um agente físico estudado há muitos séculos que apresenta
uma quantidade abundante de efeitos físicos, químicos e fisiológicos. A
aplicação terapêutica do calor é chamada de termoterapia e é utilizada no
controle da dor, na melhora da extensibilidade de tecidos, melhora circulatória
e aceleração da cicatrização (Cameron, 2003; Kitchen 2003; Solomon et al,
2003).
De acordo com Chastain (1978) a variação da temperatura no músculo
tem mostrado efeito em propriedades que contribuem na determinação da força
muscular como fluxo sanguíneo, aporte de oxigênio, aumento na velocidade de
condução nervosa, liberação de cálcio e acetilcolina e atividade metabólica.
O aquecimento provoca aumento do fluxo sanguíneo e creatina fosfato,
da taxa metabólica, e velocidade de condução nervosa (Abramson et al, 1966;
Currier e Nelson, 1969; Edwards, 1972). Alguns autores sugerem que essas
alterações fisiológicas poderiam potencializar a função muscular (Edwards,
1972; Barnes e Larson, 1984).
Por outro lado, no sistema muscular, o aumento da temperatura
promove diminuição na taxa de disparo das fibras aferentes do tipo II e gama
eferentes (Fischer, 1965; Solomon, 2003) e aumento na taxa de disparo das
fibras Ib do órgão tendinoso de golgi (Cameron, 2003; Mense, 1978).
Essas alterações poderiam levar a uma redução na capacidade de gerar
tensão muscular, contrariando a hipótese sugerida pelos pesquisadores citados
anteriormente.
Na utilização do turbilhão com água aquecida em membros inferiores de
atletas de variados esportes como natação, basquetebol e ginastas, houve
redução de força muscular, com recuperação da capacidade contrátil após
duas horas seguintes à aplicação (Wickstrom e Polk, 1961; Edwards, 1972). Já
em ciclistas submetidos à imersão em água quente, foi observado aumento
imediato de 11% no pico de torque (Sargeant, 1987). Com esta mesma forma
de aplicação de calor, porém no músculo tríceps sural, foi relatado melhora da
performance dinâmica em ciclistas e saltadores (Davies e Young, 1983).
11
Resultados semelhantes, como aumento de força, foram observados
quando utilizado a diatermia por ondas curtas no músculo quadríceps femoral,
sendo que após duas horas do término da aplicação a força muscular
aumentava permanecendo acima do nível anterior à aplicação (Chaistain,
1978).
Já em condições normais de temperatura estudos mostram que existe
diferença na produção de força entre os gêneros, sendo que o gênero
masculino é capaz de gerar mais força em relação ao gênero feminino devido
às enzimas musculares ou mesmo alterações estruturais que existem entre os
mesmos (Bell, 1986; Komi, 1971;).
Modalidades físicas como o calor e a estimulação elétrica vêm sendo
muito utilizadas no tratamento fisioterapêutico para fins analgésicos, sendo
observados benefícios na utilização associadas quando comparada com
alguma modalidade individualmente (Solomon, 2003).
A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é utilizada comumente na
reabilitação pelos fisioterapeutas com o objetivo analgésico e também de
melhorar as propriedades musculares relacionadas ao treino como a produção
de torque ou momento máximo de força do músculo quadríceps, fluxo
sanguíneo intramuscular e também de forma preventiva (Lyons, 2005; Bax,
2005; Ward 2004).
Uma das técnicas mais utilizadas para o auxílio do ganho de força
muscular é a estimulação elétrica. A corrente mais popularmente conhecida é a
chamada corrente russa, que se trata de uma corrente alternada de média
freqüência de 2500 Hz modulada em 50 Hz com ciclo de trabalho de 50%,
descrita por Yakov Kots na década de 70, relatando ganho de força em
músculos saudáveis de atletas de elite (Ward, 1998, 2002).
Teoricamente a produção de calor local no músculo poderiam ter efeitos
benéficos à EENM devido às alterações hemodinâmicas e neuromusculares
como aumento do fluxo sanguíneo, melhor aporte de oxigênio, provimento de
ATP, otimização da velocidade de condução nervosa e dos componentes
contráteis, produzindo assim melhores condições para o uso da estimulação
elétrica e consequentemente melhora da performance muscular. Além disso, o
efeito analgésico produzido pelo aquecimento (Cetin, 2008) poderia reduzir o
12
desconforto causado pela estimulação elétrica, fazendo com que ela seja
melhor aceita pelos pacientes.
De acordo com os trabalhos vistos anteriormente os efeitos isolados do
calor em relação à força muscular são escassos e apresentam resultados
contraditórios (Wickstrom e Polk, 1961; Edwards, 1972; Sargeant, 1987; Davies
e Young, 1983; Chaistain, 1978). No entanto, não foram encontrados estudos
associando a estimulação elétrica neuromuscular com agentes térmicos para a
produção de força.
Desta forma estudos sobre a influência do aquecimento na capacidade
de geração de força, bem como a associação do calor com a estimulação
elétrica neuromuscular são de grande importância, pois poderiam contribuir
para a otimização dos programas de ganho de força utilizados na prática clínica
tanto em pacientes com hipotrofia devido ao tempo prolongado de imobilização,
após intervenção cirúrgica e até mesmo de forma preventiva.
13
2. Objetivo
Analisar o efeito da diatermia por ondas curtas no momento máximo de
força (MMF) do músculo quadríceps femoral gerado pela contração voluntária e
eletricamente induzida em indivíduos assintomáticos do gênero masculino e
feminino, e avaliar o desconforto gerado pela corrente elétrica.
14
3. Materiais e Métodos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Cidade de São Paulo sob o protocolo n°. 13323922.
3.1 Voluntários/Casuística
Foram selecionados 28 voluntários saudáveis, (13 do gênero masculino
e 15 do gênero feminino), com idades variando entre 18 e 25 anos, sem
história de intervenção cirúrgica, lesões ou doenças musculoesqueléticas e
neuromusculares no membro inferior dominante a ser analisado, com índice de
massa corpórea (IMC) entre 19 e 25 kg/m². Porém 2 voluntários do gênero
feminino foram excluídos do trabalho por relatarem desconforto quando
aplicado a corrente elétrica, impedindo desta forma a realização dos testes.
Sendo assim participaram do estudo 13 voluntários do gênero masculino e 13
voluntárias do gênero feminino.
Anteriormente à realização do teste, todos os voluntários foram
esclarecidos sobre os procedimentos a serem realizados, e assinaram um
termo de consentimento (Anexo 1), aceitando a participação e utilização dos
resultados obtidos no trabalho.
Todo o procedimento foi realizado na Clínica de Fisioterapia da
Universidade Cidade de São Paulo – Brasil.
3.2 Instrumentos
3.2.1 Dinamômetro Isocinético
Para obtenção do torque foi utilizado um dinamômetro isocinético
computadorizado da marca Cybex®, do modelo Cybex Norm 6000, situado na
Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) (Figura 1).
15
Figura 1. Dinamômetro Isocinético Cybex®, modelo Cybex Norm 6000.
3.2.2 Ondas Curtas
Para aplicação do calor profundo, foi utilizado o aparelho de Ondas
Curtas Diatermax 350P (KLD® Biosistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda)
(Figura 2).
Figura 2. Ondas Curtas, modelo Diatermax 350P (KLD® Biosistemas Equipamentos
Eletrônicos Ltda).
3.2.3 Estimulador Elétrico
Para realização da estimulação elétrica neuromuscular, foi utilizado o
aparelho Endophasys (KLD® Biosistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda)
(Figura 3) com os seguintes parâmetros e materiais:
Tipo de corrente: alternada retangular
Freqüência da corrente portadora: 2500 Hz
Freqüência de modulação: 50 Hz
16
Amplitude: 0 a 150 mA (o máximo tolerável)
Duração da fase: 200 μs
Ciclo de trabalho: 20%
Duração da contração: 9 segundos (rampa de subida de 3 segundos)
Eletrodos auto-adesivos de 7,5 x 13 cm (2 unidades) da marca Axel
Gaard® (Valutrode)
Figura 3. Estimulador elétrico Endophasys (KLD Biosistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda)
3.2.4 Gerador universal de correntes
Para o posicionamento dos eletrodos foi utilizada a técnica de
localização do ponto motor através de uma corrente pulsada monofásica
retangular de baixa freqüência com o aparelho Nemesys941P (Quark®) (Figura
4).
Figura 4. Nemesys941P (Quark®).
17
Figura 5. Eletrodo dispersivo posicionado na região anterior da coxa e eletrodo ativo em forma
de caneta posicionado perpendicularmente ao músculo quadríceps femoral.
Figura 6. Eletrodo dispersivo posicionado na região anterior da coxa e eletrodo ativo em forma
de caneta posicionado perpendicularmente ao músculo vasto medial.
3.2.5 Escala Analógica Visual
Foi utilizada uma escala analógica visual (VAS) para registro do
desconforto sensorial (Figura 7). Essa escala mede 10 cm horizontalmente,
sendo que o valor de 0 foi considerado como “nenhum desconforto” e o 10
como “máximo desconforto”.
Figura 7. Escala Visual Analógica.
Nenhum desconforto Máximo desconforto
18
3.3 Procedimento
Todos os indivíduos foram analisados em 4 momentos, alocados de
forma aleatória através de um sorteio de envelope fechado, em dias diferentes
da semana respeitando um intervalo de 2 a 7 dias entre os testes, sempre
realizado entre as 13 e 18 horas (Figura 8).
Te
Figura 8. Esquematização dos grupos e seus respectivos procedimentos.
Para a determinação do MMF os voluntários foram posicionados na
cadeira do dinamômetro isocinético, previamente calibrado.
As técnicas de posicionamento do voluntário fornecidas pelo fabricante
foram rigorosamente seguidas. Os quadris dos sujeitos foram imobilizados com
um cinto, a 85° de flexão, e a perna não-dominante foi imobilizada com uma
dupla almofada no terço distal da tíbia, 3 cm próximo da articulação do
tornozelo. O tronco também foi estabilizado por meio de cintas, para evitar
possíveis compensações musculares.
O Cybex Norm 6000 foi programado a uma velocidade angular de 0° por
segundo (modo isométrico), e a articulação do joelho da perna dominante foi
Teste 1 CIVM
Teste 2 OC + CIVM
Teste 3 CR
Teste 4 OC + CR
26 voluntários
Teste 1 - CIVM: determinação do MMF (momento máximo de força) através da
contração isométrica voluntária máxima.
Teste 2 - OC + CIVM: determinação do MMF (momento máximo de força) através da
contração isométrica voluntária máxima após aplicação do Ondas Curtas.
Teste 3 - CR: determinação do MMF (momento máximo de força) através de
estimulação elétrica com corrente russa.
Teste 4 - OC + CR: determinação do MMF (momento máximo de força) através de
estimulação elétrica com corrente russa após aplicação do Ondas Curtas.
19
posicionada a 60º de flexão, sendo que o apoio do braço do dinamômetro foi
fixado na região distal da perna do voluntário (permitindo um arco completo de
dorsiflexão). A coxa do sujeito foi também fixada na cadeira através de cintas.
O eixo de rotação do dinamômetro foi alinhado com o eixo de rotação do joelho
avaliado (Figura 9).
Os membros superiores foram apoiados no suporte lateral da cadeira do
dinamômetro.
Figura 9. Posicionamento no dinamômetro isocinético.
Anteriormente ao início dos testes foi determinado que os indivíduos
permanecessem parados e relaxados no dinamômetro isocinético por um
período de 3 (três) minutos, tempo necessário para que fosse posicionado
corretamente.
Durante os testes 1 e 2 os voluntários foram incentivados verbalmente
pelo examinador para que fosse realizada a maior força possível, de modo que
o maior valor dos 3 observados do (MMF) registrado no monitor do
dinamômetro fosse considerado como o melhor valor do MMF.
Para a realização dos testes 3 e 4 foram realizados 5 provas de valores
onde a amplitude da corrente elétrica era aumentada gradualmente até a
máxima suportada pelo indivíduo, de modo que o maior valor foi determinado,
mantido e utilizado em todas as mensurações que utilizaram a estimulação
elétrica neuromuscular, sendo que neste caso o voluntário permaneceu parado
e relaxado para as mensurações.
20
Para todas as repetições (Teste 1,Teste 2,Teste 3 e Teste 4) foi
determinado como melhor valor do MMF o maior observado entre as 3
mensurações, sendo assim também utilizado em percentual da contração
isométrica voluntária máxima (CIVM). Em todos os testes, antes da
mensuração e nos intervalos entre uma mensuração e outra foi determinado
um tempo de 3 minutos que era o necessário para o posicionamento dos
indivíduos e o suficiente para descansar entre uma repetição e outra. Nos
intervalos entre as contrações eletricamente induzidas era mostrada aos
voluntários a escala visual analógica (VAS) para que este identificasse o
desconforto gerado pela corrente elétrica, desta forma foram analisadas 3
medidas em cada teste que era composto por 3 repetições cada.
3.3.1 Teste 1 - CIVM
Anteriormente ao início do teste foi informado ao voluntário que quando
solicitado fosse feita a maior força possível para a determinação do MMF do
músculo quadríceps através da contração isométrica voluntária máxima
(CIVM), realizado 3 vezes, com 9 segundos de contração cada, com intervalo
de 3 minutos de uma mensuração para outra onde o indivíduo permanecia
relaxado, todas no mesmo dia, sendo incentivado verbalmente pelo
examinador durante a realização dos testes.
3.3.2 Teste 2 – OC + CIVM
Anteriormente à avaliação do CIVM o indivíduo foi submetido à aplicação
da diatermia por ondas curtas no modo contínuo, através da técnica coplanar e
dose moderada (dose III) durante um período de 20 minutos com um dos
eletrodos de placas dispostos 3 cm abaixo da espinha ilíaca ântero-superior e o
outro 3 cm acima da base da patela (Figura 10).
Os voluntários foram instruídos a informar ao pesquisador quando a
sensação térmica gerada pelo aparelho de Ondas Curtas fosse um calor
moderado ou caso estivesse muito quente para que fosse diminuída a dose.
21
Figura 10. Posicionamento para aplicação de Ondas Curtas.
Após este procedimento, o indivíduo foi posicionado e informado que
quando solicitado fosse feita a maior força possível para a determinação do
MMF do músculo quadríceps através da contração isométrica voluntária
máxima (CIVM), realizado 3 vezes, com 9 segundos de contração cada, com
intervalo de 3 minutos, todas no mesmo dia, sendo incentivado verbalmente
pelo examinador durante a realização dos testes.
3.3.3 Teste 3 – CR
Anteriormente ao início do teste o indivíduo foi posicionado no
dinamômetro isocinético e para a mensuração foi solicitado ao voluntário que
mantivesse o membro avaliado relaxado com intuito de evitar contrações
voluntárias durante a estimulação elétrica até que fossem completados os 3
minutos de intervalo pré-teste. Os eletrodos do estimulador elétrico foram
posicionados no ponto motor do músculo vasto medial oblíquo e no ponto
motor do nervo femoral. Para a localização destes pontos motores foi utilizado
um gerador universal de correntes (Nemesys941P) sendo que o eletrodo
dispersivo de metal medindo 5,0 x 10 cm foi colocado na região anterior da
coxa, fixado com fita adesiva, utilizando-se uma esponja umedecida para a
condução elétrica e o eletrodo ativo em forma de caneta, foi envolvido por um
chumaço de algodão umedecido em sua extremidade metálica. O eletrodo ativo
foi posicionado perpendicularmente ao músculo quadríceps femoral (Figura 5)
e posteriormente ao músculo vasto medial (Figura 6) com leve pressão
22
utilizando o peso da caneta. Para este procedimento foram utilizados os
seguintes parâmetros:
Duração da fase: 200 ms
Intervalo inter-pulso: 500 ms
Frequência: 1,43 Hz
Amplitude: nível motor
Após determinação dos pontos motores os indivíduos estavam
preparados para iniciar os testes. Cada contração eletricamente induzida teve
duração de nove segundos, com 3 minutos de intervalo, sendo a amplitude
(intensidade) aumentada até o valor previamente determinado.
3.3.4 Teste 4 – OC + CR
Anteriormente ao início do teste o indivíduo foi submetido à aplicação da
diatermia por ondas curtas durante um período de 20 minutos com um dos
eletrodos de placas dispostos 3 cm abaixo da espinha ilíaca ntero-superior e
o outro 3 cm acima da base da patela, da mesma forma já informada no teste
2.
Posteriormente à aplicação do ondas curtas o indivíduo foi posicionado
no dinamômetro isocinético e instruído a manter o membro avaliado relaxado
com intuito de evitar contrações voluntárias durante a estimulação elétrica. Os
eletrodos do estimulador elétrico foram posicionados no ponto motor do
músculo vasto medial oblíquo e no ponto motor do nervo femoral, como já
descrita anteriormente no teste 3. Cada contração eletricamente induzida teve
duração de nove segundos, com 3 minutos de intervalo, sendo a intensidade
aumentada até o valor determinado anteriormente.
3.4 Análise dos dados
A análise dos dados foi feita com o pacote estatístico SPSS (Statistical
Package for Social Sciences) for Windows versão 12 e R: A language and
environment for statistical computing. Todos os testes foram realizados
considerando hipóteses bilaterais e assumindo um nível de significância α=5%.
23
4. Resultados
4.1 Análise utilizando a mediana
Inicialmente foi utilizada a estatística descritiva para avaliar a freqüência,
mediana e intervalo inter-quartílico das variáveis de interesse. Os dados
quantitativos foram apresentados na forma de mediana e intervalo inter-
quartílico. E os dados qualitativos foram representados por meio de
freqüências.
As comparações das medianas das variáveis Maior CIVM, Maior CIVM +
Calor, Maior CR, Maior CR + Calor, Maior desconforto CR, Maior desconforto
CR + calor, Média CIVM, Média CIVM + Calor, Média CR, Média CR + Calor,
Média desconforto CR e Média desconforto CR + calor segundo gênero foram
realizadas por meio do teste de Mann-Whitney. Já as comparações das
medianas das variáveis Maior CIVM, Maior CR, Maior desconforto CR, Média
CIVM, Média CR e Média desconforto segundo a presença ou ausência do
calor foram realizadas por meio do teste dos postos assinalados de Wilcoxon.
Foi utilizado um teste não paramétrico, pois as variáveis em questão não
possuíam distribuição normal, sendo que a normalidade dos dados foi testada
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.
4.1.1 Comparação entre os gêneros utilizando o maior valor das variáveis
A Tabela 01 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença
das medianas das variáveis Maior CIVM, Maior CIVM + Calor, Maior CR, Maior
CR + Calor, Maior desconforto CR e Maior desconforto CR + calor.
24
Tabela 01: Mediana, intervalo inter-quartílico e p-valor da comparação das
medianas das variáveis de interesse entre os gêneros.
Variáveis
Masculino Feminino
p-valor* Mediana
(IIQ)
Mediana
(IIQ)
Maior CIVM 290,0
(256,5 – 333,5)
148,0
(142,5 – 163,5) <0,001
Maior CIVM + Calor 284,0
(250,5 – 328,5)
161,0
(115,5 – 192,0) <0,001
Maior CR 69,0
(31,0 – 80,0)
40,0
(24,5 – 73,5) 0,243
Maior CR + Calor 73,0
(51,0 – 103,0)
58,0
(21,0 – 107,5) 0,287
Maior desconforto CR 6,2
(4,6 – 7,4)
6,3
(3,9 – 7,7) 0,687
Maior desconforto CR +
Calor
6,3
(2,6 – 7,0)
7,6
(4,1 – 9,2) 0,044
*Teste de Mann-Whitney; IIQ: Intervalo inter-quartílico (1° Quartil – 3° Quartil)
Somente as variáveis “Maior CIVM” (p=0,001), “Maior CIVM + Calor”
(p=0,001) e “Maior Desconforto CR + Calor” (p=0,044) apresentaram diferença
estatisticamente significante na comparação entre os gêneros e utilizando o
maior valor das mensurações. Em ambos os gêneros o valor da variável “Maior
Desconforto CR + Calor” é superior em relação à variável “Maior Desconforto
CR”, porém existe apenas diferença estatística entre os gêneros quando
associado ao calor, sendo que neste caso as mulheres apresentam maior
desconforto em relação aos homens (p=0,044).
4.1.2 Comparação entre os gêneros utilizando a média dos 3 valores das variáveis
A Tabela 02 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença
das medianas das variáveis Média CIVM, Média CIVM + Calor, Média CR,
Maior CR + Calor, Média desconforto CR e Média desconforto CR + calor.
25
Tabela 02: Mediana, intervalo inter-quartílico e p-valor da comparação das
medianas das variáveis de interesse entre os gêneros.
Variáveis
Masculino Feminino
p-valor* Mediana
(IIQ)
Mediana
(IIQ)
Média CIVM 282,3
(248,2 – 324,7)
139,0
(134,8 – 159,6) <0,001
Média CIVM + Calor 273,0
(246,2 – 322,6)
154,0
(112,6 – 184,5) <0,001
Média CR 61,6
(25,3 – 75,7)
31,0
(18,7 – 46,8) 0,081
Média CR + Calor 61,3
(40,5 – 73,5)
34,0
(15,6 – 70,5) 0,153
Média desconforto CR 5,2
(3,9 – 6,0)
4,9
(2,6 – 6,6) 1,000
Média desconforto CR +
Calor
4,8
(2,1 – 6,3)
6,5
(3,3 – 7,5) 0,091
*Teste de Mann-Whitney; IIQ: Intervalo inter-quartílico (1° Quartil – 3° Quartil)
Veja que apenas as variáveis “Média CIVM” (p=0,001) e “Média CIVM +
Calor” (p=0,001) apresentaram diferença estatisticamente significante na
comparação entre os gêneros e utilizando a médias dos valores das
mensurações.
As variáveis “Média CIVM” e “Média CIVM + Calor” tiveram diferença
estatisticamente significante tanto na análise com o maior valor das
mensurações quanto com a média, porém a variável “Desconforto + Calor”
apresentou diferença estatística apenas quando utilizado o maior valor das
mensurações.
4.1.3 Comparação entre a presença ou não de calor
A Tabela 03 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença
das medianas segundo a presença ou não de calor.
26
Tabela 03: Mediana, intervalo inter-quartílico e p-valor da comparação das
medianas das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor.
Variáveis
Sem Calor Com Calor
p-valor* Mediana
(IIQ)
Mediana
(IIQ)
Maior CIVM 198,5
(147,7 – 292,5)
212,0
(152,0 – 290,5) 0,594
Maior CR 60,0
(26,5 – 74,0)
59,5
(40,3 – 102,2) 0,063
Maior desconforto CR 6,2
(4,5 – 7,3)
6,7
(3,8 – 7,6) 0,893
Média CIVM 191,8
(139,0 – 283,4)
206,1
(148,6 –278,5) 0,770
Média CR 42,1
(22,1 – 67,5)
48,9
(28,3 – 69,3) 0,218
Média desconforto CR 5,1
(3,5 – 6,1)
5,7
(2,9 – 7,1) 0,869
*Teste dos postos assinalados de Wilcoxon; IIQ: Intervalo inter-quartílico (1°
Quartil – 3° Quartil)
Note que não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas
nos testes quando avaliados na presença ou na ausência do calor.
27
4.1.4 Comparação entre a presença ou não de calor no gênero masculino
Tabela 04: Mediana, intervalo inter-quartílico e p-valor da comparação das medianas das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor para o sexo masculino.
Variáveis
Sem Calor Com Calor
p-valor* Mediana (IIQ)
Mediana (IIQ)
Maior CIVM 290,0
(256,5 – 333,5) 284,0
(250,5 – 328,5) 0,382
Maior CR 69,0
(31,0 – 80,0) 73,0
(51,0 – 103,0) 0,033
Maior desconforto CR 6,2
(4,6 – 7,5) 6,3
(2,6 – 7,1) 0,124
Média CIVM 282,3
(248,1 – 324,6) 273,3
(246,1 –322,6) 0,600
Média CR 61,6
(25,3 – 75,6) 61,3
(40,5 – 73,5) 0,221
Média desconforto CR 5,2
(3,8 – 5,9) 4,8
(2,0 – 6,3) 0,173
A tabela acima mostra no gênero masculino que a variável “CR”
(p=0,033) utilizando o maior valor das mensurações apresenta diferença
estatisticamente significante, apontando um valor maior para a estimulação
elétrica associada ao calor.
Veja que a mediana do maior valor da “CR” sem calor é menor que a
mediana do maior valor da “CR” com calor.
4.1.5 Comparação entre a presença ou não de calor no gênero feminino
A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos para o teste de
diferença das medianas segundo a presença ou não de calor para o sexo
feminino, evidenciando nenhuma diferença estatisticamente significante.
28
Tabela 05: Mediana, intervalo inter-quartílico e p-valor da comparação das
medianas das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor para
o sexo feminino.
Variáveis
Sem Calor Com Calor
p-valor* Mediana
(IIQ)
Mediana
(IIQ)
Maior CIVM 148,0
(142,5 – 163,5)
161,0
(115,5 – 192,0) 0,944
Maior CR 40,0
(24,5 – 73,5)
58,0
(21,0 – 107,5) 0,695
Maior desconforto CR 6,3
(3,9 – 7,7)
7,6
(4,1 – 9,2) 0,117
Média CIVM 139,3
(134,8 – 159,6)
154,0
(112,6 –184,5) 0,944
Média CR 31,0
(18,6 – 46,8)
34,0
(15,6 – 70,6) 0,552
Média desconforto CR 4,9
(2,5 – 6,5)
6,5
(3,3 – 7,5) 0,087
*Teste dos postos assinalados de Wilcoxon; IIQ: Intervalo inter-quartílico (1°
Quartil – 3° Quartil)
4.2 Análise utilizando o percentual da CIVM
As comparações das médias das variáveis proporção do Maior
CR/CIVM, proporção do Maior CR + Calor/CIVM + Calor, proporção da Média
CR/CIVM, proporção da Média CR + Calor/CIVM + Calor foram realizadas por
meio do teste t-student. A normalidade dos dados foi testada pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov.
29
4.2.1 Comparação em percentual da CIVM entre os gêneros
A Tabela 06 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença
das médias das variáveis proporção do Maior CR/CIVM, proporção do Maior
CR + Calor/CIVM + Calor, proporção da Média CR/CIVM, proporção da Média
CR + Calor/CIVM + Calo.
Tabela 06: Média, desvio padrão e p-valor da comparação das médias das variáveis de interesse entre os gêneros.
Variáveis
Masculino Feminino
p-valor* Média (d.p.)
Média (d.p)
Proporção do Maior CR/CIVM
23,54 (11,93)
33,87 (22,29)
0,154
Proporção do Maior CR + Calor/CIVM + Calor
32,66 (20,34)
40,87 (30,59)
0,428
Proporção da Média CR/CIVM
20,32 (10,44)
25,63 (18,88)
0,384
Proporção da Média CR + Calor/CIVM + Calor
25,77 (16,72)
32,09 (29,05)
0,503
*Teste t-student
A Tabela 06 indica que não existe diferença estatisticamente significante entre as médias dos dois grupos para todas as variáveis analisadas.
4.2.2 Comparação em percentual da CIVM segundo a presença ou não do calor
A Tabela 07 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença
das médias das variáveis proporção do Maior CR/CIVM e proporção da Média
CR/CIVM segundo a presença ou não de calor.
Tabela 07: Média, desvio padrão e p-valor da comparação das médias das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor.
Variáveis
Calor
p-valor* Não Sim
Média (d.p.)
Média (d.p)
Proporção do Maior CR/CIVM
28,70 (18,29)
36,76 (25,80)
0,059
Proporção da Média CR/CIVM
22,97 (15,19)
28,93 (23,45)
0,187
*Teste t-student pareado
30
4.2.3 Comparação em percentual da CIVM no gênero masculino
Tabela 08: Média, desvio padrão e p-valor da comparação das médias das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor para o sexo masculino.
Variáveis
Calor
p-valor* Não Sim
Média (d.p.)
Média (d.p)
Proporção do Maior CR/CIVM
23,54 (11,93)
32,66 (20,34)
0,030
Proporção da Média CR/CIVM
20,32 (10,44)
25,77 (16,72)
0,107
*Teste t-student pareado
4.2.4 Comparação em percentual da CIVM no gênero feminino
Tabela 09: Média, desvio padrão e p-valor da comparação das médias das variáveis de interesse segundo a presença ou não de calor para o sexo feminino.
Variáveis
Calor
p-valor* Não Sim
Média (d.p.)
Média (d.p)
Proporção do Maior CR/CIVM
33,87 (22,29)
40,87 (30,59)
0,365
Proporção da Média CR/CIVM
25,63 (18,88)
32,09 (29,05)
0,457
*Teste t-student pareado
Veja que avaliando as variáveis segundo a presença de calor
considerando toda a amostra não foi encontrado diferença estatisticamente
significante, porém foi observado diferença para o gênero masculino utilizando
o maior valor quando submetido ao calor (p=0,030).
31
5. Discussão
Em programas de reabilitação é comum a utilização de recursos como
calor profundo em processos álgicos e para melhora de rigidez articular, e de
estimulação elétrica principalmente em algias e ganho de força muscular.
Em diversos estudos é relatado que o calor promove aumento de fluxo
sanguíneo local, na velocidade de condução nervosa e um maior recrutamento
de fibras musculares, desta forma a utilização de correntes elétricas no sistema
muscular associado ao calor, poderia influenciar positivamente na produção do
torque.
A partir dos relatos de trabalhos disponíveis na literatura (Billeter, 1996;
Barbosa, 2005), foi estabelecido um tempo de contração de 9 segundos e
intervalo de 3 minutos para cada teste realizado, já que estudos mostram a
existência de adenosina-trifosfato (ATP), bem como a possibilidade de
regenerar suficientemente o suprimento dessa molécula, no músculo em CIVM
com 30 segundos de duração.
O posicionamento dos voluntários foi realizado de acordo com os
trabalhos de Mendler (1976), sendo que em seu estudo onde foi testado a força
máxima de extensão isométrica do joelho com diferentes métodos de
estabilização e encontrou que a maior força produzida foi possível quando as
costas estavam bem posicionadas no encosto do equipamento e as mãos
firmemente apoiadas no assento. Assim, uma adequada estabilização dos
sujeitos de pesquisa no equipamento é necessária para proporcionar uma
máxima produção de torque com o mínimo de interferência (Magnusson, 1993).
Em um trabalho realizado por Arnold (1993) foi realizada uma análise
envolvendo o quadríceps femoral, da relação da velocidade de torque ângulo-
específico (avaliação isocinética), com os valores de 30°, 60° e 75° de flexão
do joelho. Foi encontrado que não houve diferença significante entre os valores
de 60° e 75°, sugerindo que estes seriam os melhores posicionamentos.
O ângulo de flexão do joelho foi estabelecido como sendo 60°, já que a
maioria das pesquisas desenvolveu seus protocolos utilizando este parâmetro
de flexão (Brasileiro e col, 2000; Snyder-Mackler, 1989; Mcloda, 2000; Lyons,
2005; Grimby, 1989).
32
Como não há consenso na literatura quanto à realização da análise dos
dados utilizando a média (Laufer, 2001; Chastain, 1978) ou o maior valor
(Thornley, 2003; Stewart, 2003) das três mensurações, no presente estudo foi
estabelecida análise das duas formas.
A colocação dos eletrodos também é muito importante para se obter os
melhores resultados. É mais fácil ativar o músculo pelo estímulo no seu ponto
motor, que é o local onde o músculo pode ser estimulado e contraído
utilizando-se da menor quantidade de energia (Kitchen, 1998). Desta forma, no
presente estudo os eletrodos foram posicionados no ponto motor do músculo
reto femoral e vasto medial, com o auxílio do gerador universal de pulsos
Nemesys 941 da marca Quark.
Em relação ao uso do calor na contração isométrica voluntária máxima
existem poucos estudos disponíveis na literatura, porém quando se associa a
aplicação do calor com a estimulação elétrica para observar a influencia na
força não se encontra na literatura.
Em estudo publicado por Thornley (2003), submeteram indivíduos do
gênero masculino à aplicação de 30 minutos de calor com um pacote de gel à
55°C na região anterior da coxa, sendo que foi mensurado o momento máximo
de força anteriormente e após aplicação de calor.
Estes resultados corroboram com o presente estudo no que diz respeito
à não alteração da contração isométrica voluntária máxima, já que não foi
observado diferença estatística, porém utilizou-se de um recurso de calor e
tempo de aplicação diferente do proposto neste estudo.
Outro estudo que obteve resultados semelhantes, mas também não
utilizou a diatermia por ondas curtas, foi desenvolvido por Wickstrom e Polk
(1961), porém utilizando um turbilhão em membros inferiores de atletas com
temperaturas de 40°C e 43,3°C para avaliar a diferença de força e resistência
comparando as duas temperaturas já citadas. Após utilização de 20 minutos
deste recurso de calor foi realizada a mensuração e relatado que após
aplicação a força diminuiu, sendo que após 2 horas de aplicação é que se
observa uma performance similar ou ligeiramente melhor comparado com o
valor mensurado inicialmente, ou seja, antes da aplicação do calor.
Utilizando um músculo diferente do apresentado neste estudo,
entretanto com resultado similar da pesquisa em questão, Davies e Young
33
(1983) também não observaram benefício muscular, e especificamente no que
diz respeito ao torque muscular de tríceps sural quando submeteu indivíduos à
aplicação de calor ajustado em 46°C, com imersão total do membro inferior na
água aquecida.
Com uma instrumentação idêntica ao presente estudo, Chastain (1978)
utilizou o mesmo recurso de calor, tempo de aplicação e forma de mensuração
de força da mesma forma. Em seu estudo com adultos jovens foi analisado o
pico de torque após aplicação da diatermia por ondas curtas no músculo
quadríceps femoral durante 20 minutos e foi observado que imediatamente
após o termino da aplicação o torque diminui, sendo que 50 minutos depois da
aplicação os níveis de força aumentam e após 2 horas atingiram um valor
maior do que o mensurado inicialmente, antes da aplicação do recurso de
calor.
Desta forma os trabalhos já citados são semelhantes no que diz respeito
a não alteração na contração isométrica voluntária máxima quando submetidos
à aplicação de calor, porém existem diferenças evidentes quanto a técnica de
calor utilizada, tempo de aplicação, gêneros estudados, e metodologia de
forma geral podendo dificultar uma comparação real com a pesquisa em
questão.
No presente estudo foi avaliado o efeito do calor na contração voluntária
e eletricamente induzida, além do desconforto gerado pela corrente elétrica. A
análise foi realizada utilizando os valores em média ou o maior das 3
mensurações, sendo que apenas no gênero masculino foi observado diferença
estatística na geração de torque com a utilização da corrente russa associada
ao calor tendo benefício em relação a não aplicação de calor. Além disso, no
que diz respeito ao desconforto gerado pela corrente elétrica foi evidenciado
diferença estatística utilizando o maior valor apenas no gênero feminino
quando submetidos à aplicação de calor, porém utilizando a média não foi
observado o mesmo.
É conhecido que o torque voluntário produzido pelo homem em geral é
maior que o torque produzido pela mulher, sendo o mesmo observado no
presente estudo. Porém no que diz respeito à contração eletricamente induzida
não foi observada diferença estatística na comparação entre os gêneros
34
quando utilizado o percentual da contração isométrica voluntária máxima
(CIVM).
O ondas curtas capacitivo promove aumento de fluxo sanguíneo na
gordura e tecido cutâneo, sendo que o gênero feminino apresenta uma maior
quantidade de tecido adiposo em relação ao gênero masculino (Petrofsky,
2008).
Além disso, estudos mostram que o acúmulo do tecido adiposo no
gênero feminino ocorre principalmente na região gluteofemoral enquanto que
no gênero masculino o acúmulo está na região abdominal (Navarro, 2001), e o
desconforto gerado pela corrente elétrica é maior no gênero feminino
(Maffiuletti, 2008).
Uma hipótese para o torque no gênero feminino não ter sofrido
interferência durante os testes com corrente elétrica no músculo quadríceps
femoral é que os homens são considerados mais excitáveis eletricamente,
justamente por geralmente apresentarem uma maior quantidade de massa
muscular e menor quantidade de tecido adiposo na região gluteofemoral em
relação às mulheres. Desta forma a corrente elétrica no gênero feminino teria
maior dificuldade de penetração interferindo na passagem e estimulação
elétrica, sabendo-se que o desconforto gerado pela corrente em maior
proporção no gênero feminino é mais um fator considerável para o não
aumento do torque quando associado ao calor (Morrissey, 1988; Lee et al,
2004).
Desta forma o calor aplicado teoricamente teria uma pior penetração, já
que o tecido adiposo dificulta também a dissipação calor, interferindo desta
forma a possível melhora metabólica e neuromuscular local que favoreceria o
aumento do torque eletricamente induzido.
Em contrapartida, uma possível explicação do benefício do torque no
gênero masculino, tanto na análise com mediana quanto em percentual da
CIVM quando submetido ao calor e à aplicação da corrente elétrica pode ser
pelo aumento de metabolismo local, já que mesmo sendo o quadríceps femoral
um músculo fásico e preferencialmente as fibras do tipo II serem ativadas
durante a estimulação elétrica neuromuscular, o estímulo torna-se mais intenso
comparado com a contração voluntária, sendo assim necessária e importante a
maior presença de aporte sanguíneo e creatina fosfato, além do aumento na
35
velocidade de condução nervosa, que não seria necessário para uma
contração voluntária.
A diminuição da eferência teoricamente não interfere na produção de
força quando submetido à aplicação da corrente elétrica, pois o estímulo é
localizado e externo, diferentemente da contração voluntária que depende de
uma ativação central e que é imprescindível a aferência e eferência sem
alterações para que a contração ocorra de forma adequada.
A não alteração do torque durante a contração isométrica voluntária
máxima e associada ao calor pode ser devido à não necessidade de uma
aporte maior de sangue, nutrientes, ATP e oxigênio, já que se trata de uma
contração fásica de forma voluntária em que o intervalo proposto é suficiente
para recuperação total das reservas energéticas (Billeter, 1996; Barbosa 2005).
Uma possível explicação para os achados é que após aquecimento local
existe uma gradual redução da ativação da unidade motora (Morrison, 2004), o
que impediria uma geração de torque voluntário maior em relação a não
aplicação de calor.
De acordo com Mense (1978) o calor também diminui a aferência, isso
teoricamente também explica os achados já que com uma aferência diminuída
por consequência a eferência fica prejudicada, impedindo assim alteração na
geração de torque voluntário.
Os achados do presente estudo, ou seja, a não alteração da geração do
torque voluntário após aplicação do calor, corroboram com as pesquisas
previamente realizadas mesmo sendo de metodologias diferentes (Thornley,
2003; Wickstrom e Polk, 1961; Davies e Young, 1983).
36
6. Conclusão
A diatermia por ondas curtas não influenciou o máximo momento de
força do músculo quadríceps femoral na contração voluntária, porém utilizando
o valor maior das mensurações foi detectado aumento do torque na contração
eletricamente induzida associado ao calor profundo em indivíduos do gênero
masculino. Também foi observado que o calor influenciou no desconforto
gerado pela corrente apenas no gênero feminino.
37
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using medium frequency alternating current. Arch Phys Med Rehabil.
1998;79:1399-1404.
39. Ward RA, Robertson JV, Ioannou H. The effect of duty cycle and
frequency on muscle torque production using kilohertz frequency range
alternating current. Med Eng Phys. 2004;26:569-579.
40. Ward RA, Shkuratova N. Russian electrical stimulation: The early
experiments. Phys Ther. 2002;82:1019-1030.
41. Wickstrom R, Polk C. Effect of whirlpool on the strength and endurance
of the quadriceps muscle in trained mal adolescents. Am J Phys
Med.1961;40:91-95.
42
ANEXO
Anexo 1 - Termo de Consentimento
Diatermia por Ondas Curtas no Momento Máximo de Força do músculo
quadríceps femoral com contração voluntária e eletricamente induzida em
indivíduos assintomáticos
As informações que seguem estão sendo fornecidas para a sua
participação voluntária nesta pesquisa, cujo objetivo principal é analisar o efeito
do calor profundo no máximo momento de força (MMF) do músculo quadríceps
femoral através da contração eletricamente induzida em indivíduos
assintomáticos.
O presente estudo é orientado pelo Profº Dr. Richard Eloin Liebano, e
realizado pelo aluno de Mestrado em Fisioterapia Fábio Chittero Boldrini.
A metodologia para obtenção de dados nesta pesquisa consiste em
utilizar formulários, cujas respostas serão indicadores que levarão os
pesquisadores ao cumprimento do objetivo principal do estudo em questão.
Os participantes da pesquisa serão selecionados de acordo com os
seguintes critérios: indivíduos do sexo masculino, ter idade compreendida entre
18 e 25 anos, voluntários, com Índice de Massa Corporal (IMC) normal, entre
19 e 25 e sem história de intervenção cirúrgica, lesões ou doenças
musculoesqueléticas e neuromusculares no membro inferior dominante a ser
analisado.
Os pesquisadores garantem que não há riscos de qualquer natureza
para os participantes desta e pretendem beneficiar.
Você também tem a garantia de que, em qualquer etapa do estudo, terá
acesso aos pesquisadores responsáveis para esclarecimento de eventuais
dúvidas. Se desejar, pode entrar em contato com o orientador da pesquisa,
Profº. Dr. Richard Eloin Liebano, que pode ser encontrado no endereço: Rua
Cesário Galeno, 448/475 CEP 03071-000, Fone 2178-1212. É garantida a
liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e de deixar de
participar do estudo. As informações obtidas serão analisadas em conjunto
com as dos demais participantes, não sendo divulgada a identificação dos
43
mesmos. Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do
estudo. Também não há compensação financeira relacionada a sua
participação. Os pesquisadores se comprometem a utilizar os dados coletados
somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações
que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros para
mim quais são os propósitos do estudo, seus desconfortos e riscos, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimentos. Concordo
voluntariamente em participar desta pesquisa e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante a mesma, sem
penalidades ou prejuízo.
---------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do Participante (ou representante legal) da Pesquisa e Data
-----------------------------------------------------------------------------------
Assinatura da Testemunha e Data
(Somente para o responsável do projeto)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste
estudo.
-----------------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do responsável pelo estudo e Data
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