7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
1/21
DESENVOLVIMENTO MORAL: DE PIAGET A
KOHLBERG
Lucila Diehl Tola in e F in i
INTRODUCO:
A socializao ocorre ao longo do desenvolvimento hu
mano e
const i tui
um processo gradua l e cumulativo.
problema
fundamental para
ser
pesquisado em
lizao no campo do
desenvolvimento
humano procurar
compreender
como
os
indivduos chegam a assumir
os valores que
orientam seu
comportamento, como
ocorre o
desenvolvimento moral. problema
ganha perspectiva
e
se
apresenta como
de importncia
no
presente,
para
professores
e
orientadores educacionais,
no
contexto da
dade contempornea,
em
relao
ao
que se
convencionou
chamar de
crise de valores,
bem como
quando se
analisa
quo s ignificativas
sao as consideraes morais como elementos do comportamento huma
no.
A moralidade de crianas e
jovens
uma preocupa
o marcante dos
adultos
em
geral.
Os pais , em especial, preocu
pam-se
com
seus
fi lhos , desejando que evitem
violar
regras
e l s
e que apresentem
comportamentos
considerados adequados, mesmo dis
tante de
suas vistas
e
evitem
complicaes de qualquer espcie.
No
presente pode-se
constatar
um acentuado interesse
pelo desenvolvimento
moral
de crianas e jovens, em especial
po r
parte de
psiclogos, educadores e pesquisadores dos dois campos.
Departamento
de Psicologia da FaCUldade de Educao,UNICAMP.
8 Perspectiva;
r .
CE>
, Floriaropolis, 9 16 :58-78, Jan/Dez.
99
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2/21
m area
t o
ampla e
complexa
como a do
desenvolvimen
to moral, que
abrange
inmeras ramificaes, pode-se perceber no
campo
de
Psicologia um interesse crescente
pelo desenvolvimento
moral
e
pelo
estudo do
julgamento
moral,
em especial depois da
publicao dos
trabalhos de
Piaget
1932
e
Kohlberg 1958,
1966,
1968 .
Kohlberg, pesquisador norte-americano, interessou-se
pelo estudo do desenvolvimento
moral
a ind a du ra nt e s eu
curso de
graduao, estudando
a
teoria psicanal t ica
quanto
formao
do
super ego, em compar< o com o
trabalho de
Piaget.
Insat isfei to
com o enfoque
de
t eo ri a p s icana l t i ca e
das teorias de aprendizagem social
para
explicar
a
socializao
e considerando a aplicabilidade do
enfoque cognitivo, Kohlberg
de
dicou-se ao estudo do
desenvolvimento
moral, redefinindo
os
est
gios de julgamento moral p ropo st os por Piaget 1932 .
Piaget e o Desenvolvimento Moral
Estudando
o
desenvolvimento moral, Piaget preocu-
pou-se com
o aspecto
especfico
do
julgamento
moral e
com os
pro
cessos cognit ivos subjacentes a ele . Estudou o
desenvolvimento
mo-
r l e definiu
estgios
atravs de
entrevis tas
e observao de
crianas
em
jogos de
regras.
s pesquisas
de
Piage t lhe
permitiram concluir que
existem diferenas quanto
ao respeito
s
regras em
crianas de
ida
des
diferentes, distingUindo-se as fases de anomia,
heteronomia
e
autonomia
moral.
Na
fase
de heteronomia moral
a
criana percebe as
59
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r egr as
cOmo a b s o l u t a s , imutveis ,
i n t a n g v e i s . As
r egr as t m
um
carter mstico podendo
s e r consideradas
como de origem
d i v i n a . N e s
sa fa se a c ri an a j ul ga a ao como boa ou n o com
base
na s
conse-
qUncias do s
atas
sem
uma a n lis e
mais
ampla
e sem considerar as
intenes do
a u t o r
da
ao .
Considera qu e
se um indivduo
f o i puni
do
p or uma
d e te r m in a da a o,
e s ta
ao errada.
A
criana
tende a
considerar
qu e
sempre
que algum
punido es s e
.algum deve te r
fei to algo de
errado, assumindo uma
conexo
abs oluta
e n t r e
a
punio
e o
e r r o .
Para uma
criana de
s e i s
anos,
se
um menino deixar
se u doce cai r em um lago
e le
culpado po r
s e r
bobo e n o
deve
ga -
nhar outr o doce.
A criana de
s e is
anos dir
provavelmente
qu e um me-
nino qu e quebrou cinco copos
enquanto
ajudava a me mais
culpado
do qu e aquele qu e
quebrou um
copo
e n qu a nt o r o ub a va g e l i a .
Piaget percebeu qu e a
criana
pequena tem
d i f i c u l d a -
de s par a l e v a r em c o n t a
as
c i r c u n s t n c i a s
atenuantes
enquanto
um
adoles cente j
fa z
julgamentos
com base
na
eqUidade,
sendo capaz
de
p e n sa r
em termos de p o s s i b i l i d a d e s e de um numero
maior
de a l-
ternativas
Na f as e da a u to n om i a m o ra l entr e 8 e
2
anos) o
psito e c o ns e qU nc ia s d as r egr as s o
consideradas pela
criana e
a obrigao
baseada
na r e c i p r o c i d a d e . A criana s e
c a r a c t e r i z a
pe-
l a
moral da igualdade ou de
reciprocidade;
percebe as r egr as como
e s t a b e l e c i d a s
e mantidas pelo consenso social
Piaget
cons tatou
que po r
v o l t a
de anos a criana passa a per ceber a regra como
o resultado
de l ivre
deciso, podendo
s e r mo d i fi c a d a ,
e como digna
de
r e s p e i t o ,
desde
q ue m ut ua m en te
cons entido.
6
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Kohlberg e a Pesquisa sobre
Julgamento Moral
Tentando compreender
o desenvolvimento
KOhlberg
realizou uma
sr ie
de pesquisas com
crianas
e jovens
dos
Estados
Unidos
da Amrica ,
do Mxico,
da China
Taiwan),
da Turquia
e
da
Malsia Atayal) .
A fonte original da definio dos estgios de desen
volvimento moral fo i o levantamento de dados realizado por KOhlberg
junto
a
rapazes,
de
classe
mdia,
da zona
urbana
de
Chicago,
divididos em t rs
grupos etrios
de
10 ,
3 e 6 anos. Nesse
estu
do ,
seguindo o desenvolvimento em
intervalos
de 3 em 3 anos, ut i -
l izando o mtodo de entrevistas inspirado em Piaget, o pesquisa
do r apresentou aos sujei tos dilemas morais hipott icos, para
rem analisados um de
cada
vez. Cada sujeito
era solici tado
a ju l -
ga r
os
dilemas e apresentar just i f ic t iv s
da s
respostas apresen
tadas. Nesse processo, o
entrevistador
tinha o cuidado de procurar
deixar o
sujeito
vontade para
responder
livremente e
de
fazer
perguntas,
procurando
respostas
adic ionais , para
maior
esclareci
mento
quanto
s jus t i f ic t iv s tentando, assim, esquadrinhar
to
dos
os raciocnios
subjacentes
resposta.
Esse estudo
permitiu
a concluso de
que
h tendn-
cias etrias quanto
ao
uso
de
t ipos
de
raciocnio moral
exibido
nas
respostas e verif ic r
um conjunto
de aspectos do
julgamento
moral.
A
p r t i r
da anlise das respostas e dos raciocnios
apresentados pe los sujei tos
Kohlberg definiu
estgios de
desenvol
vimento
moral Quadro I) e
vinte
e
cinco
aspectos de julgamento
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moral. Os estgios foram definidos com base no modo como as crian-
as respondiam
s questes
sobre os dilemas
em relao
aos aspec-
tos
de julgamento
moral. e acordo
com as
afirmaes apresentadas
cada sujeito
analisado
enquadrado
em
um estgio de desenvolvimen
to
moral.
Kohlberg
estudou
tambm crianas e jovens de
classe
mdia e
de
zona urbana do xico e Taiwan anad e
Gr Bretanha
comparando
os resultados
com
aqueles obtidos entre crianas
de
zona
urbana
dos
Estados
Unidos
da A mrica
e
ainda
com
os
resulta-
dos
obtidos em
a ld e ia s i so la d as na
Turquia
e no Yucatan. o
o n u ~
to de
pesquisas
realizadas foram entrevistados sujei tos
em
diferen
tes
pases sujei tos
da zona
urbana e da
zona rural catlicos
judeus protestantes budistas e
ateus.
Kohlberg
apresentava
aos
sujeitos
da
pesquisa uma
seqUncia de his trias
ou
dilemas
morais hipot t icos
destinados
a
colocar
o indivduo diante
de um conflito
entre a
conformidade
habitual a
regras
ou
autoridade em oposio
a
uma resposta ut l
t r ou de
bem maior.
Os dilemas apresentam conflitos
entre
pa-
dres
simultaneamente aceitos
po r grande parte
da comunidade.
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QU RO
I NfvEIS E
ESTGIOS
E DESENVOLVIMENTO
MORAL
SEGUNDO
KOHLBERG
1969.
N VEL Pr-convencional
O valor IOOral localiza-se nos acontecimentos externos quase s
cos
em atos maus ou em necessidades quase fsicas
mais do que
em pessoas ou
padres.
Estgio
1
orientao
para a obedincia e castigo.
Deferncia
ego-
cntrica sem questionamento para o
poder
ou prestgio superior ou tendncia
para
evitar aborrecimentos.
Estgio 2 orientao
ingenuamente
egosta. A
ao
correta
a que
satisfaz
instnmentalmente
s
prprias necessidades
e
eventualmente s
de
outrem. Conscincia relativislOO do valor relativo das
necessidades
e
tivas de cada
l
19ualitarislOO ingnw e orientao para
troca
e reciprocida
de .
N VEL
II
Convencional
O
valor IOOral localiza-se
no desempenho
correto
de papis
na
manu-
teno
da ordem comrencional e em atender
s
expectativas dos outros.
Estgio
3 orientao do
o
menino e boa menina. Orientao para
obteno de aprovao e
para agradar
aos outros. Confonnidade
com
imagens
este
reotipadas
ou
papis
naturais e julgamento
em
funo de intenes.
Estgio
4
orientao
de manuteno
da
autoridade
e ordem
social.
Orientao
para
cllllprir
o
dever
e demonstrar respeito para
com
a autoridade e
para a manuteno da ordem social como l i l i fim em s
meslOO.
Considerao
pelas
expectativas
merecidas dos outros.
N VEL
III
Ps comrencional autIlOllJJ ou
nvel
de princpios
O
valor
IOOral localiza-se na confonnidade para consigo
meslOO com
padres direitos e deveres que
so
ou podem se r compartilhados.
Estgio
5 orientao contratual legalista. Reconhecimento de
um
elemento
ou
ponto de partida
arbitrrio
nas
regras
no interesse
do acordo. O
dever
definido
em termos
de
contrato ou
de evitar
de forma geral a viola
o dos direitas dos outros e da vontade e
bem-estar da maioria .
Estgio
6 orientao de conscincia ou princpios. Orientao no
apenas
para regras
sociais
realmente
prescritas
mas
para princpios
de
escolha
que envolvem
apelo universalidade
lgica e
consistncia. Orientao para ~
cincia COllD
agente
dirigente e segundo respeito e
confiana
mtua.
63
7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
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Observe-se
que
um
dilema difere da s estrias que
se
contam as crianas, onde: o bem e o mal se
contrapem;
o
bom
sem-
pr e
aparece
como
vencedor; onde a criana recebe a resposta pronta
do adulto ou o
adulto
apresenta a soluo correta.
Utilizando
o mtodo
clnico, como
Piaget, o pesquis
do r
apresentava
a cada
sujeito um
dilema
de
cada
vez,
solici tando
-lhe
que
o julgasse e
apresentasse
just i f i t iv s para as escolhas
ou
solues.
Dentre
os
dilemas
uti l izados
po r
Kohlberg,
o
mais
amplamente
divulgado
o seguinte:
A
esposa de um homem estava
morrendo. Havia um remdio que a salvaria mas era muito caro e o
farmacutico que o inventara no vendia
p or pr eo
mais baixo. O
homem deveria roub-lo para salvar
a esposa?
O caso
de Tommy
um exemplo,
apresentado por
Kohlberg, de estgios de desenvolvimento de julgamento moral,
to ao Valor da Vida Humana O pesquisador apresentava o
seguin
te
dilema:-
mais importante
salvar
a vida de uma pessoa impor
tante
ou
de
um
numero
grande
de
pessoas
que
no
so
importantes? .
Apresentado a
Tommy
quando
ele tin ha
10 anos, f oi o bti da a s u i ~
t e r es po st a: -
De todos que
no so importantes
porque
uma pessoa
tem apenas uma
casa
e
pode
te r tambm mveis mas um nmero grande
de pessoas ter uma quantidade grande de mveis e pode te r bastan
te dinheiro . No caso, Tommy
no
estgio 1,
confunde
o valor da
vida
humana
com
o
valor
dos bens que possui.
64
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Aos
13
anos diante
do dilema: De
um mdico pra t i -
ca r a
eutansia deixar
morrer
uma
mulher doente que
no
tem cura
para l iv r la de s ua dor? Tommy
respondeu:
poderia ser bom al i -
viar su a do r mas o marido no i r ia querer no como o caso de um
animal. Se
um
bicho
de
estimao
mor re voc pode continuar
sem ele
no algo
que voc realmente
necessita .
A resposta do estgio 2 sendo o valor da vida
re la tivo ao valor in st rumenta l pa ra se u
marido
o qual no poderia
substi tu la
t o facilmente
quanto
a
um
animal
de
estimao.
outro estudo verificou que com a idade de 13
anos
Ricardo
dizia
sobre a morte ou eutansia: Se o
indivduo
pede i s to se ele est
em
t e r ve l
sofrimento
deve se r
atendido.
E
o mesmo
caso
de quando
as
pessoas aliviam o
sofrimento
de n m s ~
Ricardo
demonstra aqui uma combinao
de estgio
2 e
estgio
3
quanto ao
valor da
vida.
Aos anos ele diz: No sei . Por um lado assassi
nato
no
direi to
ou
privi lgio
do
homem decidir
quem
deve mor
rer ou
viver.
Deus coloca vida em algum e
voc
estar ia destruindo
algo sagrado; em algum sentido
voc
est destruindo uma parte
de
Deus. H algo de
Deus
em cada
pessoa .
Aqui pode-se
assinalar
o
estgio
4. O conceito de
vida em
termos
de sagrado e em termos de uma ordem moral ou re l i -
giosa. O valor
da
vida humana universal mas ainda dependente de
algo
mais
do respeito autoridade de Deus Pode-se imaginar que
se
Deus ordenasse a
Ricardo matar como
ordenou a
Abraho ele
o
faria .
65
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Aos
24
anos Ricardo diz:
O
ser
humano tem precedn
cia
sobre qualquer valor legal ou
moral. A
vida
humana
tem um va
lo r inerente
a
ela ,
seja
ou
no va lo r izado pelo i n i v u o ~
Ricardo
mostra um julgamento do tipo do
estgio
6.
Em
out ro e studo, Kohlberg
pedia a
um
menino
que
jul-
gava
a
seguinte
estria : A me
de
uma
criana
(Pedrinho)pediu-lhe
que
tomasse
conta
do
irmo
menor enquanto
ia
ao armazm A
criana
tomou
conta
do irmo mas quando a me vol tou bat eu em Pedrinho .
menino
de
anos
julga
o
comportamento da
criana
como mau
j que
ela h av ia s id o
punida.
Entrevistados
de
5 ou 6
anos
tentavam inventar
razes para a punio, t is como: se
fo i
punido
fo i
porque
fe z
algo errado . Crianas entre 7 e 8 anos j no
miam
logo de
inc io que o
fato de te r sido punido signif icasse que
o indivduo
t ivesse
mau
comportamento.
Os
resultados
das pesquisas permitiram a
Kohlberg
concluir
que , a pe sa r de possveis diferenas quanto idade em que
as crianas alcanam cada estgio, h uma seqUncia universal de
estgios.
Quanto ao
caso
de
raciocnio moral,
no se
detectam dife
renas
de
cultura para
cultura
ou entre catlicos ,
protestantes,
j udeu s, bud is ta s e
ateus.
Depois da primeira elaborao terica e definio do
esquema
de desenvolvimento
moral, a
teoria
e a ocorrncia dos
est
gios
de desenvolvimento
moral
t l
como definido por Kohlberg, vem
sendo e st udada por ele e po r outros pesquisadores nos Estados Uni
dos
em pases
diferentes
(Canad, Gr-Bretanha, Estados
Unidos
da
Amrica,
Turquia,
lxico,
:Ials
i incluindo o
Bras
i
1) desde
se u
primeiro trabalho
at
os dias de hoje.
66
7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
10/21
Estgios
de
Desenvolvimento Moral e
Critrios de
Teoria Cognitiva Evolutiva
1971,
Kohlberg
conclui
que os estgios po r e le
definidos atendem aos ri tr ios gerais de estgios de teoria ' cogn
t iv
evolutiva como se segue:
estgios
constituem estruturas de conjunto
ou s is
temas organizados de respostas
que implicam
em diferenas qualita
tivas nos modos de pensamento. s estgios de ju lgamento moral im
plicam
em
estruturas de
conjunto
e no
em respostas aprendidas
quanto a situaes'
especf icas.
Trata-se
de formas ou
padres
de
respostas, que
independem do contedo. O indivduo pode
inc lus ive
ut i l iz r o mesmo padro
para
sustentar um escolha, de acordo com
um
alternat iva
ou com
ou tr a d ia nt e de um
dilema.
Exemplo:
por qu
roubar ou po r qu
no
roubar usando
o
mesmo padro
de resposta
de
um
mesmo
estgio?
O desenvolvimento moral nesse sentido no
implica
no
conhecimento
das
regras da
cultura dos valores. O que
importa
que o
julgamento
muda
em sua
forma
cognitiva
no
padro
do racioc
nio apresen tado.
Estgios implicam em um
seqUncia
invarivel ,
em
ordem
constante. Isto
no
quer dizer que todo indivduo alcana
determinado estgio com a mesma
idade.
A ordem no implica em cro
no log ia cons tan te
ou que todos alcancem cada estgio na mesm id a
de, m s
que no ocorrem
saltos .
O
indivduo
no chega ao estgio
sem passar pelo estgio 2.
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s
estgios tm um carter de
integrao
hierrqu
ca formando ordem de estruturas
crescentemente
diferenciadas e in
tegradas. Isto
quer dizer que as estruturas
de um
es tg io dete rmi
nado tornam-se parte
integrante
de estruturas dos estgios
seguin
tes . s
indivduos
compreendem os raciocnios de estgios anterio
res
queles
em
que
esto
mas
preferem
os do estgio mais
elevado.
Desenvolvimento
Moral e
Desenvolvimento
Intelectual
s
resultados de pesquisa
demonstraram
que
existe
correlao entre o
nvel
de desenvolvimento cognitivo e de desen
volv imento moral o que no s ignifica a
exigncia
de conhecimentos
de
qualquer
espcie.
A dimenso cognitiva do julgamento
moral
im
plica
que
h mudanas na forma cognitiva do
raciocnio
ao longo
do desenvolvimento o que independe do contedo do
problema
moral
analisado.
s
pesquisas tm mostrado que o indivduo precisa
ser
capaz
de
fazer
proposies lgicas
class i f icar e
considerar
pos
sibi l idades e
hipteses
bem como de deduzir implicaes para que
possa elaborar julgamentos morais de nveis mais elevados. prec
so que o ind ivduo tenha alcanado o estgio de op er a es formais
do desenvolvimento
cogni ti vo par a
que
possa
elaborar julgamentos
ao nvel
3 dos
princpios Quadro
I .
O indivduo que atinge o v ~ do pensamento formal
no que se refere ao desenvolvimento cognitivo tem capacidade de
contemplar o
possvel destacando-se
do
concreto de admi ti r supos
es de coordenar pontos de
vista
argumentar expressar-se po r
proposies e t rabalhar com
proposies.
Nesse nvel preocupa-se
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com problemas nao a tua is com
variedade
de
sistemas soci is anali
sa os fatos no conjunto dos possveis no aceita afirmaes sem
comprovao e no atribui significado a um f at o i so la do do conjun
to .
e o desenvolvimento
o ~ n i t i v o
condio necessria
para o desenvolvimento moral no consti tui no
entanto
condio
nica e
sufic iente .
s o fatores de desenvo lv imen to moral : a o nvel de
desenvolvimento
cognitivo;
b
o
amb ient e; c
as
interaes
sociais
e d as oportunidades de desempenho do papel.
Julgamento Moral e
Interao
Social
e acordo com estudos desenvolv idos por
Piaget
e
Kohlberg o desenvolvimento
no
julgamento moral
estimulado pela
interao
social nos g rupo s d e iguais e nas famlias.
s pesquisas mostram
que
naquelas famlias onde a
criana
ouvida e considerada onde
os
problemas comuns e
assun
to s em
geral so debatidos onde
se
permite que a criana
p r t ic i -
pe nas
discusses e
nas
quais as concluses
so
acompanhadas de
argumentao h uma
facil i tao
do desenvolvimento moral.
nvel de desenvolvimento moral
afetado
pela
sio
do
indivduo
a
diferentes
nveis de raciocnio
moral.
1968
u
aluno de Kohlberg Blatt desenvolveu
um
programa
de debates em uma escola dominical e atravs dele ver i f i -
cou o seguinte: quando
expostos
a raciocnio a um nvel acima dos
seus os indivduos
tendem a passar para o
n vel s eguint e
de
desen-
7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
13/21
v ol vi m en to m o r al .
Fo i
cons tatado n e s ta
e
em
outras
p esquisas
qu e
os encontros
e n tr e
crianas na s a l a de aula ou no
r e c r e io
foram
as crianas a perceberem motivos e sentimentos de
ou tras pessoas
e estimula o
d e sen v ol v ime n to mo ra l.
Desempenho de
Papel
e Julgamento Moral
m
outro
f a t o r de desenvolvimento mor al pos tulado
.por Kohlberg
o desempenho
de p a p e l
processo
de
colocar-se
no
lugar do outro e de
t i r r
in f e r n c ia s sobre as opinies morais do s
o u tr o s . S LM N 1971 analisou o n v e l da s operaes
cognitivas
empregadas p ara f az er t is
in f e r n c ia s .
m outro aspecto no e n ta n to qu e m e re c er ia a te n o
a extenso com
qu e
o indivduo pode ident i f i r
d i f e r e n t e s
t i v a s
s o c i a i s assumidas d ia n te de
um
d et er m in ad o d i le m a.
Diante
de
um
q u e s tio n r io sobre
r a c io c n io
moral os indivduos
s o
capazes
de responder como
e le s
p r p r io s r a ci o ci n ar i am como
um f i l s o f o
r a c i o c i n a r i a como um pol i i l mdio r a c i o c i n a r i a apontando e s t e
retipos s o c i a i s
de
j ul ga m en to m o ra l .
Comportamento Moral e Julgamento Moral
Assim como
Pia g e t Kohlberg
estudou o
julgamento
mo-
r lou o r a c io c n iq e no a ao ou a conduta
moral.
o e n ta n to
suas pes quis as indicaram qu e e x i s t e uma
correlao
e n tr e os n v e is
de julgamento moral e o comportamento moral.
Indivduos
qu e
se
s i-
tuam nos
n v e is
mais a l t o s tendem a apresentar
melhor
comportamen-
7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
14/21
to moral do que os de nveis mais baixos. Os
resultados
de pesqui
sa
permitiram concluir
que o
julgamento moral
maduro ou de nvel
mais elevado seria uma condio necessria mas
no
sufic iente
para
a melhor conduta
moral.
Pode-se raciocinar em termos morais sem
apresentar
conduta moral ou sem seguir os princpios morais.
Porm, os inaivduos do nvel de princpios tendem a
roubar
menos do
que
os do nvel
convencional.
Essa pesquisa r u n ~
no incio, grupo de 7S sujeitos que
tinham,
no inc io do estu
do ,
entre
10 e
6
anos e ao
final
entre
e
8
anos.
Cabe
obser
var
que ainda
no presente,
Kohlberg
acompanha o
desenvolvimento mo
r l
destes mesmos
sujei tos) .
Kohlberg e a Educao Moral
A
proposta de Kohlberg para
Educao Moral baseia
-se, como er a de se
esperar
na
sua
teoria,
em
dados de pesquisa
sobre
Desenvolvimento Moral e
em especial, em
pesquisas que
veri f
caram
aspectos mais diretamente ligados
a
esse
problema
Bltt ,
1969), Kohlberg, 1973 e Hichey,
1974),
Kohlberg Selman,1972 .
As
proposies
bsicas de Kohlbe rg so: de que exis
te uma seqUncia
cultura lmente universa l de estgios
de desenvolv
mento moral e de que possvel
estimular
o desenvolv imento moral
nas escolas.
Prope como
alvo
para a Educao Moral, a estimula
o do movimento
para
os
estgios mais elevados
da
seqUncia
e
ar
gumenta que a estimulao do desenvolvimento do julgamento moral
do indivduo
uma
alternativa para educao moral em
oposio
a
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15/21
programas
de im posio de modelos exteriores
virtudes
pr defini-
d as p elo s. professores e outros adultos.
1968 como
aluno de
Kohlberg Blatt
desenvolveu
um
programa de debates
em um Escola Dominical
Judia.
O projeto piloto de
Blatt fo i desenvolvido em
encon
tr os en tre alunos e um professor
vrias
vezes
na s emana
em
clas-
se s
pequenas compostas po r a 13
alunos
de diferentes estgios de
desenvolvimento moral. O professor
apresentava
classe um dilema
moral de cada
vez
lido em voz lt aps o que solic itava que
os
alunos
discutissem
as provveis
solues. Cabia
ao
professor
alm
de
introduzir
o
dilema coordenar
a
discusso.
Essa
coordenao
incluia um exame minucioso de opinies dos
raciocnios
subjacen-
tes s escolhas a ateno aos nveis de desenvolvimento de cada
aluno e aos nveis
correspondentes
dos raciocnios
apresentados.
ainda
ao
professor
apresentar o raciocnio
de
um nvel acima
daquele do aluno de
nvel
de desenvolvimento mais e le va do da
elas
se.
Cada
dilema
e ra d isc utid o a t que os
alunos
e
em
especial
o
professor
considerassem
o
assunto
esgotado
aps
o que
outro dilema era apresentado.
Analisando
esse
programa a apresentao do
dilema
aps dilema pode redundar
em
monotonia.
Pode se
ut i l iz r
outras
estratgias como apresentao
de
fi lmes estrias ou
document-
rios his tricos
em
como
jogos
estimulantes ou
dramatizao
sobre
dilemas.
Kohlberg prope que
o
professor que
nao
pretende ser
doutrinrio
deve definir objetivos
para
s ua a tu a o baseado no en
7/24/2019 Desenvolvimento Moral de Piaget a Kholberg
16/21
foque cogn i tivo evolu tivo do julgamento moral e p r ~ o c u p r s e com o
nvel
de desenvolvimento de
se u aluno em lugar de preocupar-se em
impor regras
segundo
as convenincias administrativas ou valores
definidos
pelo
estado.
A
nfase
maior de Koh lberg no sentido de que o
cador fique cnscio
de que
sua a tu ao sempre
implica
em
questes
de
valor e
que
se preocupe em no transmitir aos alunos apenas va
lores competitivos da
sociedade
e comportamento
conformista
a
pa
dres
administrativos.
A atuao do
educador deve
ser considerada no ape
nas em relao a
aulas
de educa o moral
mas
a outros
aspectos
do
curr culo. Nesse conjunto o professor deve estimular o
desenvolvi
mento do
julgamento moral
da criana e no a conformidade.
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20/21
R SUMO
o
artigo versa sobre estudos realizados po r Kohlbepg
pesquisador
norte-americano
respeito do desenvolvimento moral .
Insatisfeito com o enfoque da t eor i a p s ic anal ti c a e
da s
teorias de
aprendizagem
social para explicar
scializao
dedicou-se ana
l s r
questo
p r t r
do enfoque cognitivo
redefinindo
os est
gios de julgamento
moral
propostos po r Piaget.
ps uma rpida passagem pelas
fases
propostas
po r
Piaget o art igo discorre sobre as
pesquisas
de Kohlberg os
nveis
e estgios de desenvolvimento
moral
propostos pela su a teoria e
l -
guns resultados e concluses para ao pedaggica.
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21/21
R SUM N
Este
artculo
t r t
de
e stu dio s r ea li za do s
po r
Kohlberg envest igador norte-americano
en relacin
aI
deselvol
vimien to mora l . Insatisfecho con e l enfoque de la teoria
psico
anals tica
on la s teorias
de I
aprendiz ge
social
para explicar
l a soc ia l iz acin
est
autor s e d ed ic
analizar e l asunto par
tiendo
de I
enfoque
cognotivo
redefiniendo la s etapas
de I
juic io
moral propuestos
po r
Piaget.
Despus de
una
rpida d iscusin de
la s
etapas
pro
puestas por
Piaget
e l
art culo
d is cu te l as investigaciones de
Kohlberg enfocando lo s grados la s etapas de desenvolvimiento
mo
r propuestos en su teoria .
mbin
son discutidos algunos
de
lo s
resultados algunas
de
su s conclusiones en relacin
la
accin pedaggica.
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