Desemprego e População Qualificada
1
Carolina Branco
Desemprego e População Qualificada
Coimbra, 2013
Título:
Desemprego e população qualificada
Autora:
Carolina Branco
2013135598
Coimbra, 2013
Imagem da capa: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gera%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_Rasca_Precarious_
Generation_Demonstration_in_Porto_(12.3.2011)_(5522963068).jpg?uselang=pt do autor IsmailKupeli.
Faculdade de Economia da Faculdade de Coimbra
Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica sob orientação de Paula Abreu e Paulo Peixoto (Ano Letivo 2013-2014).
Índice
1. Introdução .................................................................................................................... 1
2.Desenvolvimento ........................................................................................................... 3
2.1. Estado das Artes..................................................................................................... 3
2.1.1. Desemprego e população qualificada ............................................................. 3
2.1.2. Desemprego – definição de conceitos ............................................................ 3
2.1.3. Desemprego em Portugal ................................................................................ 3
2.1.4. A evolução do desemprego em Portugal ........................................................ 4
2.1.5. Emigração ........................................................................................................ 7
2.1.6. Consequências Pessoais do Desemprego ..................................................... 10
2.1.7. Pobreza .......................................................................................................... 11
2.1.8. O Desemprego em Coimbra .......................................................................... 12
2.1.9. Falta de profissionais ..................................................................................... 13
2.1.10. De desemprego a empreendedorismo ....................................................... 14
3. Avaliação da Página da Internet ................................................................................. 15
4.Descrição Detalhada da Pesquisa ................................................................................ 17
5.Ficha de Leitura ........................................................................................................... 18
6. Conclusão .................................................................................................................... 27
7. Referências Bibliográficas ........................................................................................... 28
ANEXO A
Sítio da Internet Avaliado
ANEXO B
Texto de suporte da Ficha de Leitura.
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1. Introdução Nos dias de hoje, um dos conceitos que as pessoas mais ouvem falar é o
desemprego. Este fenómeno tem vindo a atingir pontos e consequências nunca antes
imagináveis, principalmente quando um dos setores mais afetados por este é o setor
jovem.
Mas será que todos sabemos como este se tem vindo a desenvolver? E quais as
consequências a nível pessoal e social que este traz?
Hoje este é um dos principais problemas não só enfrentados pela nossa
sociedade mas em sim por toda a Europa.
O desemprego é quando uma pessoa se sente privada de puder exercer um
trabalho, mesmo encontrando-se com todas as capacidades e com vontade para o
realizar. Contudo, o desemprego é um fenómeno que traz consigo muitas consequências
e algumas delas muito graves, como por exemplo, a pobreza, a emigração e as
consequências pessoais que ele acarreta.
Muitas vezes este problema social era entendido como uma consequência um
pouco banalizada. Contudo, hoje em dia, as pessoas já começam a olhar para ele como
um problema, um dos problemas mais graves que a nossa sociedade vem a enfrentar.
“Desemprego e População Qualificada” foi o tema que eu escolhi para realizar
um trabalho ao longo do primeiro semestre na unidade curricular de Fontes de
Informação Sociológica, na Licenciatura de Sociologia. Decidi escolher este tema,
porque, como já disse, é um dos principais problemas da nossa sociedade, e como tal é
um tema do meu interesse, principalmente sendo eu também uma jovem, no qual eu
apresento principalmente as suas consequências a nível pessoal, e também porque este
ano alcançou níveis nunca antes alcançados, principalmente no grupo dos jovens,
inclusive nos jovens qualificados.
Este trabalho tem como principais objetivos: mostrar o papel mais pessoal do
desemprego, falar do desemprego em Portugal, e a sua evolução ao longo dos anos,
mostrar as suas principais consequências, e dar também a conhecer alguns dos cursos
que são digamos que um “passaporte” para o desemprego e quais os que podem vir a
dar 100% de emprego.
Este trabalho é constituído por diversas partes: Em primeiro lugar apresento o
Estado das Artes, onde eu debato mais detalhadamente este tema, e onde respondo as
questões mais importantes para mim, é digamos que o desenvolvimento. Em segundo
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lugar apresento a Descrição da Pesquisa Detalhada, onde eu mostro como fiz a minha
pesquisa, como selecionei a informação e os recursos por mim mais utilizados para a
construção do Estado das Artes. Em terceiro, a Ficha de Leitura por mim realizada sobre
o capítulo “A “Fuga de Cérebros”: um discurso multidimensional” dos autores Filipe
Ferreira e Emília Araújo, do livro, “Debate sobre a mobilidade e Fuga de Cérebros”, dos
autores Emília Araújo, Margarida Fontes e Sofia Bento. Em último lugar, apresento a
Avaliação da Página da Internet, PORDATA, por mim escolhida, visto ter sido uma das
minhas principais fontes para os dados deste trabalho.
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2.Desenvolvimento
2.1. Estado das Artes
2.1.1. Desemprego e população qualificada
“O desemprego (…) é um dos principais problemas económicos da atualidade
devido à sua importância na sociedade, sobretudo em situações em que a sua
inexistência ou precariedade representa a insegurança e instabilidade sendo, por isso,
objeto de estudo.” (Rajado, 2013:3).
2.1.2. Desemprego – definição de conceitos
Cada vez mais, nos dias de hoje, temos vindo a ver o desemprego a aumentar
principalmente pela crise que nos tem vindo a afetar ao longo dos anos. Nos últimos
tempos este vem-se a tornar cada vez mais presente, não escolhendo sexos nem idades,
nem mesmo nível de qualificação.
Desemprego designa-se pela privação de trabalho de uma pessoa quando esta se
encontra apta para trabalhar.
Nos dias de hoje este é um dos principais problemas que a nossa sociedade
enfrenta, provocando instabilidade e insegurança no seio de uma família, ou incerteza e
descrença no futuro na vida de um jovem.
O emprego torna-se um fator tão importante na nossa economia, porque é este
que a rege, devido a ser ele a única forma de rendimento possível, e de sobrevivência.
2.1.3. Desemprego em Portugal
Como já disse anteriormente, o aumento da taxa de desemprego tem vindo a
alcançar números nunca antes alcançados, como diz Paulo Rajado (2012:11), esta
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alteração na economia colidiu com o final dos grandes setores tradicionais da economia
portuguesa. Contudo, também no setor da construção civil, setor antes gerador de
grande parte dos postos de trabalho, esta crise fez-se notar, houve uma grande redução a
nível de novas obras, o que obrigou as empresas a despedirem muitos dos seus
funcionários. Uma outra razão para a evolução deste fenómeno é o facto de o mercado a
nível mundial se encontrar cada vez mais competitivo, tendo por exemplo como
referência os países do Oriente, temos como referência a China, onde a mão-de-obra
encontrada é muito mais barata, e não é qualificada, o que fez com que muitas empresas
desistissem de trabalhar no nosso país e começassem a deslocar-se para países onde os
custos de produção são muito mais baixos.
No entanto, a população desempregada encontra-se muito mais frágil a nível
económico e mesmo social relativamente à população que se encontra ativa, por
consequência dessa fragilidade, o risco de pobreza torna-se cada vez maior. Contudo,
esta fragilidade também depende de país para país, em consequência das diferenças que
existem entre os diversos países.
2.1.4. A evolução do desemprego em Portugal
Anteriormente ao período do 25 de Abril, o desemprego em Portugal fazia-se
sentir de forma muito diminuta, principalmente em consequência das políticas pelo qual
era regido, da grande vaga de emigração que se fazia sentir e também devido à guerra
colonial. A partir do 25 de Abril, o nosso desemprego começou a aumentar.
Atualmente, o desemprego em Portugal tem vindo sempre a aumentar desde 2001,
tirando uma ligeira diminuição em 2008
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Gráfico 1
Taxa de desemprego: total e por sexo (%) - Portugal
Taxa - %
Fonte/Entidade: PORDATA (2013a)
Contudo, uma nova dificuldade tem vindo a surgir nos dias de hoje, não só agora
as pessoas com poucas qualificações estão à procura de emprego, mas também a
maioria os nossos jovens qualificados se encontram em busca dele, atingindo a taxa de
desemprego mais alta de sempre, e vendo-se assim obrigados a pensar em novas formas
para resolver esta questão, uma das hipóteses é a emigração.
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Gráfico 2
Taxa de desemprego: total e por nível de escolaridade completo (%) - Portugal
Taxa - %
Fonte/Entidade: PORDATA (2013b)
Podemos ver através do Gráfico 3 que o grupo etário mais afetado pelo
desemprego é o grupo dos jovens-adultos, mais especificamente indivíduos com idades
compreendidas entre os 25-54 anos. Segundo a notícia de Rita Paz (2013), no jornal
económico, o desemprego jovem atingiu o nível de 42%.
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Gráfico 3
População desempregada: total e por grupo etário - Portugal
Indivíduo - Milhares
Fontes/Entidade: PORDATA (2013c)
2.1.5. Emigração
A emigração designa-se pela saída voluntária de população do seu país de origem.
Muitas vezes esta emigração tem como principal objetivo a procura e o desejo de
melhores condições de vida, e mais respostas para um futuro melhor. Contudo, nos
últimos anos a emigração tem subido muito rapidamente, principalmente entre os
jovens, devido ao seu país não oferecer as condições desejadas pela população. As
emigrações são uma forma de conseguir equilibrar a economia, através da oferta e da
procura de um país quando este se encontra numa situação pouco favorável.
Contudo, este fenómeno não tem só fatores positivos a envolvê-lo, um fator
muito complicado que se faz sentir em muitos países é o racismo. Este faz com que as
pessoas não se consigam integrar, e criar uma nova vida como até então tinham
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pensado. Pode afetar a nível do trabalho, a nível social, das relações pessoais, entre
outros (Albuquerque, 2013).
Um outro fator prende-se com o conceito “fuga de cérebros”. A “ fuga de cérebros”
é a saída de pessoas de pessoas qualificadas para outros países, devido ao país de
origem não responder aos seus objetivos, prende-se com a saída de profissionais
qualificados para outros países, mas estes com um nível de desenvolvimento inferior
(Araújo e Ferreira, 2013).
Gráfico 4 Emigrantes: total e por tipo e sexo - Portugal
Indivíduo
Fonte/Entidade: PORDATA (2013d)
Todavia, como relata uma notícia no Público (Pinheiro, 2013), o facto de “milhares
de jovens portugueses qualificados” estarem “a sair do país”, traduz-se “numa perda de
investimento público superior a 46 mil euros”. E ao lermos notícias em jornais
encontramos declarações do seguinte género:
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“ Quero ir para um sítio onde consiga encontrar oportunidades, o dinheiro
não é o mais relevante”, defende Vítor Monteiro, de 22 anos, estudante de
Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP). “Na minha área é completamente impossível encontrar alguma
coisa em Portugal.” (Pinheiro, 2013)
“As nações que recebem os estudantes portugueses, embora não invistam
na sua educação, tiram proveito dos seus conhecimentos. Rita Ventura
Viana, de 21 anos, aluna do Mestrado em Estudos Estratégicos e de
Segurança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da
Universidade Nova de Lisboa, prepara-se para ir estudar para a
Dinamarca já no próximo mês de Agosto: “O facto de não ter que pagar
propinas acaba por ser algo a ter em conta. Por outro lado, tenho a
possibilidade de fazer um estágio em Ciências Sociais nesta universidade, o
que seria impossível em Portugal”. (Pinheiro, 2013)
“Pretendo um dia voltar a Portugal, mas nos próximos 20 anos isso não está nos
meus horizontes”. (Pinheiro, 2013)
João Sentieiro, na entrevista feita ao jornal Económico (Duarte apud Sentieiro,
2012) defende que: “Para Portugal, é fundamental continuar a investir na qualificação
dos seus recursos humanos, que são a nossa principal riqueza...”. E quando a jornalista
lhe pergunta se acha que a fuga de cérebros não está neste momento a acontecer,
Sentieiro responde que:
“… não garanto que, neste momento, seja essa a situação. Aliás, suspeito
que não seja. Quando há promessas de empobrecimento e estes apelos a
que as pessoas emigrem, elas terão a tendência de ir à procura de
oportunidade. Provavelmente, é preciso mudar o discurso e introduzir
factores de esperança. Senão, essa fuga será dramática, também pelo
investimento feito nos últimos anos na formação de pessoas e na
capacitação das instituições, que foi resultado de um esforço enorme dos
portugueses, será um desperdício enorme.”. (Duarte apud Sentieiro, 2012).
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2.1.6. Consequências Pessoais do Desemprego
A forma como os indivíduos encaram o desemprego difere de pessoa para pessoa,
tal como as suas experiências. Estas têm vários tipos de consequências.
Um tipo de consequência é aquela que resulta mais rapidamente como por
exemplo a perda de rendimentos. Esta perda leva à diminuição das condições de vida do
indivíduo, pois os desempregados estão frequentemente a ser confrontados com
dificuldades financeiras, que levam então a um baixo nível de vida.
“Estou a passar uma situação muito má. Tenho 390€ [de Subsídio de
Desemprego]. Despesas de casa, […]. 450€ de renda, de 2 em 2 meses
despesas de água e luz, alimentação, (...) gasta-se mais 150€ sem nos
chatearmos muito […] É triste, estamos bem e, de repente, ficamos sem
nada (Rodrigo, solteiro, a receber subsídio de desemprego).” (Caleiras,
2011)
Ainda assim, este exemplo mostra-nos que ainda tem alguma fonte de rendimento,
embora esta sendo baixa. Todavia, na nossa sociedade encontramos muita gente que
nem a este pequeno rendimento têm direito, passando assim ainda por mais
dificuldades, e vendo-se assim obrigado a pedir ajuda aos seus familiares, e a algumas
associações de ajuda (País, 1953). O que os leva a ter uma visão muito mais revoltada
face a esta situação, pois muitos deles sentem-se rebaixados, e perdem a sua própria
dignidade.
Outro género de consequências são aquelas mais ligadas ao ato pessoal e intimista
das coisas. Mesmo entre os mais jovens, a ideia de ter um emprego é muito valorizada,
principalmente um trabalho que siga a suas expectativas, pois um trabalho que não seja
de longa duração, ou um trabalho que não seja bem remunerado, faz com que o
indivíduo não consiga dar início à sua própria vida, ficando assim privado de ter um
pouco a sua liberdade e individualidade
No entanto, o desemprego nunca deixa ninguém insensível, visto que este traz
consigo vários fatores negativos para a vida pessoal de uma pessoa, ficando mesmo esta
desanimada e angustiada, levando-a a desvalorizar-se, e trazendo alguns pensamentos
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de inutilidade e muitas vezes de revolta. Por vezes, com o assimilar de todos estes
fatores, o indivíduo acaba por desenvolver fatores críticos para a sua saúde mental,
como por exemplo pode vir a desenvolver depressões ou até mesmo esgotamentos,
podendo originar vários tipos de atos como o suicídio.
É importante também frisar o papel das famílias nestes casos. Muitas vezes esta
situação traz casos bastante complicados, como por exemplo o controlo da família tanto
a nível financeiro, como a nível de descrença face ao futuro. Temos ainda outra
consequência do desemprego que é o risco social, ou seja, o agravamento do tempo de
desemprego, pode levar a que a pessoa não consiga pagar as suas contas, e com que esta
venha a perder os seus bens, como por exemplo perder a sua casa, isto torna-se uma
situação de drama social.
“Sinto-me profundamente infeliz porque me sinto uma inútil, não me sinto
útil à sociedade […]. Sinto uma grande revolta, uma grande frustração! Já
tive momentos de grave depressão! (Carolina, 27 anos, licenciada, solteira,
sem subsídio de desemprego). (Caleiras, 2011)
2.1.7. Pobreza
Analisando a maioria esmagadora dos desempregados, a grande parte das
situações são consideradas como negativas, ou até mesmo muito negativas, no entanto
raros são os casos de pessoas que se consideram dentro do limite de pobreza.
“Pobre, pobre, não! Mas como é que eu lhe vou explicar?! Ou como é que
eu me vou explicar?! Pobre, pobre, não, porque graças a Deus, não passo
fome […], mas também não estou assim numa situação em que possa dar
largas […]. Dá-me para o essencial […]. Não, não me considero pobre,
porque eu considero uma pessoa pobre uma pessoa que passa realmente
necessidades, que não tem para o essencial. Por isso, nessa medida, acho
que não sou (Júlia, desempregada, com subsídio, casada, 28 anos).”.
(Caleiras, 2011)
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Segundo Caleiras (2011), um dos fatores que explica esta situação é o facto de a
população só considerar pobres as pessoas que não têm casa, comida, alguns terrenos,
ou quem não pode trabalhar devido à sua condição de saúde, ou seja as pessoas que já se
encontram em situações extremas de vida. Uma outra explicação é em virtude de a
maioria das pessoas fazer sempre uma comparação entre si e o outro, que por norma se
encontra ou numa situação igual à sua, ou pior.
2.1.8. O Desemprego em Coimbra
Coimbra também não foge à regra e como tal, também neste distrito o problema
o desemprego e a perda de rendimentos das pessoas, também é um dos principais pontos
de problemas sociais, como relata o jornal As Beiras (Alves, 2013), onde foram também
detetadas alguma insuficiência de instalações, como lares e habitações sociais que
dessem para satisfazer todas as necessidades das pessoas que se encontram em situações
complicadas.
Como é uma cidade bastante conhecida pela sua Universidade, vários estudos
realizados pela Universidade de Coimbra mostram que, ao analisarem os últimos três
anos, é necessária uma rápida alteração nas políticas de resposta as pessoas que se
encontram no desemprego. Algumas das propostas que estão a surgir para dar a volta a
esta situação, é, visto que o Sistema Social está a falhar, aconselha-se às pessoas em
criar o seu próprio emprego, onde cabe ao Estado ajudar nesta nova iniciativa, contudo,
um enclave que leva a que os cidadãos não invistam no empreendedorismo, é a
burocracia que este acarreta.
Segundo uma notícia do jornal Sol (Sol, 2012), existem cursos que são “o
passaporte” para o desemprego. Porém, cursos como Literatura Alemã da Universidade
de Coimbra, ou Línguas e Literaturas Modernas da Universidade de Lisboa atingiram
um total nível de emprego. Uma outra variante que nos é transmitida é que a maioria
dos cursos com menor nível de emprego são também aqueles que menos licenciados
têm, temos o exemplo de Línguas e Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Évora,
que só produziu um licenciado e que se encontrava em 2012 desempregado.
Dados da DGES mostram-nos também que cursos tirados em diferentes
instituições de ensino alcançam níveis de emprego e desemprego diferentes. Temos por
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exemplo o Curso de Direito tirado “na Universidade Nova de Lisboa, o mestrado
produziu dois desempregados em 66, enquanto em Coimbra são sete desempregados em
234.” (Sol, 2012).
Uma opção que o estado tem, e pôs em prática este ano foi a redução de vagas
por curso.
Como é de esperar, é o curso de Medicina que mostra maior nível de
empregabilidade, e o curso de Engenharia Civil, um dos cursos que tem vindo a
aumentar abruptamente a sua taxa de desemprego.
2.1.9. Falta de profissionais
Em consequência do aumento de desempregados, vem associado a falta de
profissionalismo nos diversos serviços públicos, o que provoca vários problemas no
seio da nossa sociedade. Um dos ramos mais influenciados, e que sente mais esta
problemática é o caso dos enfermeiros. Referências do Sindicato dos Enfermeiros
Portugueses, mostram que para corrigir a falta de profissionais nos hospitais e centros
de saúde, os enfermeiros de Bragança estão a trabalhar a “mais de 150%”, ou seja, estão
a trabalhar mais do que o seu devido trabalho (Diário Digital, 2013).
Germano Couto, bastonário dos enfermeiros alega que em Bragança estão
disponível cerca de 4,6 enfermeiros por mil habitantes, enquanto no resto da Europa
apresenta cerca de quase nove enfermeiros para mil utentes.
Um outro ramo também ligado à saúde onde esta realidade também é bem
visível, é o ramo da medicina. A falta de médicos em Portugal está a levar a que seja
impossível cumprir o prazo das consultas médicas. Esta falta de profissionais centra-se
mais em áreas como a oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia, pneumologia,
gastrenterologia, urologia, reumatologia e cardiologia. Para agravar ainda esta situação
foram encontrados casos em que médicos com cirurgia geral e medicina interna,
realizaram consultas de outros ramos para tentar atenuar este caso (Campos, 2013).
Para finalizar temos ainda o caso dos professores, que mais do que nunca este
ano sentiram o seu número de empregos bastante reduzido (Jornal de Notícias, 2011).
Contudo, temos casos como a agricultura, onde o estado defende que não existe
desemprego nesta área, faltam sim é profissionais que nela trabalhem, defendendo que
as pessoas têm de deixar de pensar que este setor é um setor com grandes obstáculos, e
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olhar para ele como um ramo no qual podem investir. (Diário de Notícias Economia,
2012).
2.1.10. De desemprego a empreendedorismo
Uma das alternativas para tentar dar uma resposta ao desemprego prende-se com
o empreendedorismo, uma hipótese bastante defendida pelo governo, no entanto por
consequência da sua burocracia, muitas vezes as pessoas acabam por desistir desta ideia.
Esta ideia de empreendedorismo é um dos principais motores de crescimento das
economias modernas (Faria, Cuestas e Mourelle apud Almeida, 2012). Alguns autores
defendem que o desemprego está associado à criação de novos negócios, contudo
também se desenvolve quando o indivíduo se sente um pouco explorado no seu
emprego, por exemplo com um baixo salário, este prefere criar o seu próprio emprego.
Esta opção é uma mais-valia para estes novos empreendedores, pois assim além
de tentarem dar uma resposta à sua situação, criando uma nova empresa estes podem
gerir os seus lucros e as suas despesas, orientando assim melhor as suas escolhas.
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3. Avaliação da Página da Internet
Decidi escolher a página da internet PORDATA, devido a ter sido uma das
fontes que eu mais utilizei para complementar o meu trabalho do estado das artes,
através dos seus gráficos. Este é um site bastante fácil de consultar por todo o público,
pois encontra-se descrito de forma muito simples para rápidas pesquisas, e a sua
linguagem encontra-se adequada para todo o tipo de pessoas, tendo além de uma versão
em português, uma versão deste, opcional em Inglês, para assim conseguir abranger
ainda um maior número de pessoas, este também é bastante amplo, pois nele
conseguimos encontrar conteúdo e dados de variados assuntos desde a qualidade de
vida da população até ao nível da evolução da tecnologia em Portugal, nos seus
Municípios, e também a nível da Europa.
Esta página encontra-se disponível durante bastante tempo e mostra-nos também
dados referentes não só à atualidade, mas também a anos já passados, o que nos permite
tirar diversas conclusões. Contudo, este vai sofrendo ligeiras alterações conforme os
dados que chegam à sua base de dados para este se encontrar assim o mais atual
possível.
Quanto à qualidade da página, esta adequa-se para vários tipos de equipamentos
tecnológicos. Para mim, esta página como referência de dados, encontra-se muito bem
estruturada, pois é clara no seu assunto e imparcial, mostrando dados concretos, e
apresentando-nos também como base fontes fidedignas como por exemplo o INE.
Quanto à qualidade gráfica este tem cores bastante neutras, fazendo com que não
se torne repulsivo a nível visual.
Quanto à profundidade, esta página encontra-se bastante alargada em questão de
dado concretos, como estatísticas e percentagens, contudo quanto a nível textual este já
não se encontra muito focado neste aspeto.
Para facilitar ainda mais a sua pesquisa, esta página tem ainda um quadro com as
informações mais pesquisadas nos últimos tempos, um conversor de escudos para euros,
incluindo o valor que este alcançava em determinado ano.
No final do site, encontramos informação relativa sobre para que se destina a
PORDATA, e ainda sobre a Fundação Francisco Manuel dos Santos
Para o meu trabalho esta página foi muito importante, pois disponibilizou-me
formas de eu conseguir interpretar o meu tema e abordá-lo de forma muito mais crítica,
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principalmente no assunto do desemprego a nível etário, de sexo e de qualificação, e
também quanto ao tema da emigração. É também um sitio da internet que não tem
qualquer tipo de pagamento a nível monetário, nem necessita de um determinado
equipamento para o aceder, o que mostra mais uma vez como ele está ao alcance de
todas as pessoas que precisem de o consultar.
Este site encontra-se disponível no seguinte endereço:
http://www.pordata.pt/Home.
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4.Descrição Detalhada da Pesquisa
No fim de escolher o tema para o meu trabalho, como já tinha algumas ideias
sobre este, comecei por me interrogar sobre algumas das questões que queria abordar, e
comecei então a realizar a minha pesquisa. Este foi talvez a parte mais complicada, pois
há bastante informação em causa sobre esta vertente, mas nem toda era aquela que eu
desejava para a realização do trabalho, e então comecei por fazer a seleção da
informação. Como formas de pesquisa utilizei a via eletrónica e principalmente o
catalogo on-line da FEUC, no qual encontrei vários livros sobre o assunto, mas também
várias teses, que foram as que mais curiosidade me suscitou, e até as que mais utilizei
para a realização deste. Foi muito importante selecionar os documentos com bastante
atenção, pois era fundamental uma boa recolha, filtrando toda a informação recolhida
numa primeira fase.
Para realizar o trabalho utilizei a via escrita e eletrónica. Para a via escrita
utilizei principalmente as teses que vou referir na lista das referências bibliográficas, na
via eletrónica tentei utilizar fontes fidedignas como jornais, e excertos da revista do
Centro de Estudos Sociais, uma instituição bastante certificada, tendo atenção às
pessoas que eram abordadas nas reportagens, e aos autores e a sua especialização. Para
encontrar a informação recorri à ao motor de busca Google, ao Google Académico, ao
Catalogo Online da FEUC, e como fonte de dados concretos, utilizei a página
PORDATA. Deste modo, utilizei todas as fontes que estavam ao meu alcance para a
pesquisa deste tema.
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5.Ficha de Leitura
Título da Publicação: Debate sobre a mobilidade e Fuga de Cérebros
Autores: Emília Araújo, Margarida Fontes e Sofia Bento
Capítulo: A “Fuga de Cérebros”: um discurso multidimensional (Emília Araújo e Filipe Ferreira)
Local: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&ved=0CDgQFj
AB&url=http%3A%2F%2Fwww.lasics.uminho.pt%2Fojs%2Findex.php%2Fcecs_ebooks%2Farticl
e%2Fdownload%2F1575%2F1489&ei=YexqUuXFHILwhQfcqoDYAg&usg=AFQjCNHSvEuNVrLC6s
pLcQQvKG9WEviLLw&sig2=WuRa7TLANi_vxlqQQ-Q4WA&bvm=bv.55123115,d.ZG4
Data da Publicação: Janeiro 2013
Local e Editora: CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade Universidade do Minho Braga, Portugal
Número de Páginas: 58-82
Data da Leitura: Outubro de 2013
Assunto: A emigração de profissionais qualificados
Área Científica: Ciências Sociais
Palavras – Chave: “fuga de cérebros”, emigrantes, mobilidade, desemprego, qualificação, países desenvolvidos, países em desenvolvimento, media.
Resumo:
Na obra a que me propus analisar, o principal assunto abordado é a “fuga de cérebros” e a mobilidade, apresentando as diferenças entre eles. A obra encontra-se dividida em vários pontos, tendo cada um deles uma análise crítica sobre um determinado assunto.
Ao longo do texto são apresentadas também as causas que levam a população, principalmente a população qualificada, a deixar os seus países de origem quer através
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do fenómeno mobilidade, quer através da “fuga de cérebros”. Uma outra temática também aqui abordada é o papel dos media tanto estrangeiros como nacionais.
Introdução:
Para a realização da ficha de leitura, optei por o tema “Fuga de Cérebros”: um
discurso multidimensional, que pertence à obra, Para um debate sobre a mobilidade e a
fuga de cérebros, devido a este ser um assunto bastante presente na nossa actualidade,
em virtude da vaga de emigração que tem existido principalmente de jovens
profissionais qualificados.
Emília Araújo, professora auxiliar no departamento de Sociologia de
Universidade do Minho, investigadora no CECS – Centro de Estudos de Comunicação e
Sociedade, tem como seu principal interesse de estudo a sociologia da cultura, tendo já
feito várias publicações; e Filipe Ferreira, aluno do mestrado em Sociologia na
Sociedade do Minho, pretendem neste capítulo relacionar as várias conceções sobre a
“fuga de cérebros” e a mobilidade, analisando discursos nacionais e internacionais que
apresentam o seu caráter crítico sobre o assunto em questão.
Desenvolvimento:
O tema em questão pretende demonstrar as duas vertentes representadas, através da
política interna e da imagem de Portugal nos outros países.
Deste modo, a matéria induz-nos a interligar a migração de profissionais
qualificados com a ideia do nosso país no estrangeiro.
Os autores citam Moreira e Araújo (2012), na página 58, dizendo que desde a
década de sessenta que inúmeros debates se focam no desenvolvimento de políticas
públicas e ao mesmo tempo de competitividade e crescimento. Logo, mediante estes,
como a emigração já por si recebe alguma importância política, a emigração destes
profissionais torna-se ainda mais importante, citando assim Breinbauer (2007) e Peixoto
(2001) na página 58.
Este acontecimento é motivado principalmente pelas seguintes razões: primeiro,
devido ao governo demonstrar incapacidade; segundo, pela influência que os outros
países fazem sobre os nossos jovens que têm grandes objetivos profissionais, contudo,
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esta também se realiza em virtude da imagem que o nosso país representa face à
formação destes profissionais.
De acordo com Emília Araújo e Filipe Ferreira, a “fuga de cérebros” está ligada à
ideia de que a população saía dos países em desenvolvimento para países mais
desenvolvidos, influenciada pela crença de que estes não viriam a regredir. Contudo,
nos dias de hoje, defende-se uma nova perspetiva que consiste na saída de profissionais
entre países desenvolvidos da mesma categoria, a este fenómeno os autores denominam
de “mobilidade”, que é ajudada pela fácil circulação das pessoas, citando assim Brandi
(2001;2004; 2009) na página 59.
Os autores mencionam Fontes (2007) na página 59, dizendo que mesmo que alguns
estudos realizados na década de 90 tenham mostrado a dificuldade que existe na atração
de profissionais portugueses com conhecimento estrangeiro, é visível a forma como os
estudos mostraram o forte investimento que existe por parte dos governos em Portugal
de criar protocolos com universidades prestigiadas no estrangeiro, no sentido de
alimentar a ideia de “mobilidade”citando assim Delicado (2007;2008) na página 59.
Numa primeira fase, os “cérebros” referem-se a pessoas credenciadas em todos os
níveis: profissional, de formação, de qualificação e de mercado. Estas boas referências
conduzem a inúmeras ofertas de trabalho caracterizadas por várias recompensas, entre
elas económicas.
Seguindo as ideias dos autores, estes profissionais decidem mudar de país para obter
melhores condições de vida ou então porque recebem propostas de emprego de certas
empresas do mesmo grupo económico bastante ambiciosas. Na verdade estes não são
seduzidos pelas empresas, mas são deslocados entre grupos empresariais dos mesmos
conjuntos.
A partir de 2008, os autores defendem que com a indiferença do estado português
relativamente à “fuga de cérebros”, a mobilidade que já existia continua a ser a principal
escolha, tornando-se mais notória a sua saída do seu país para procurar emprego e a
melhores condições de vida. Em 2010, a afirmação de um membro do governo
brasileiro acerca da realidade sociológica demonstrou um aumento de licenciados a
desejar emigrar para outros países da Europa, EUA e Canadá. Em 2008 – 2009 surge
uma discussão entre necessidade de emigrar e o direito de não emigrar. São as
diferenças que existem entre os discursos nacionais e internacionais que formam a
imagem de Portugal entre 2010 e 2012. Em suma, este texto é composto por cinco
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pontos: o primeiro ponto concentra-se essencialmente no contexto histórico e
conceptual do problema em questão (emigrações e mobilidades); o segundo ponto diz
respeito aos estudos feitos sobre os fluxos da mobilidade; no terceiro ponto põe-se a
questão de tentar perceber o retrato que é feito nos debates públicos; o quarto ponto
aborda a ligação entre os media estrangeiros e portugueses sobre a mobilidade da
população portuguesa; por fim, o quinto e último ponto demonstra o debate final sobre o
discurso multidimensional, relativamente à mobilidade do quadro profissional
português.
1. A “Fuga de Cérebros” como problema global
Neste primeiro ponto o autor defende que as realidades económicas e sociais se
mostram como desigualdades transversais que afetam o desenvolvimento humano e
social no mundo em geral. Contudo, é o fator da mobilidade que dá acesso a mais e
melhores condições de vida.
As razões que levam à saída de pessoas dos seus países acontece porque estas
necessitam de ir à procura de novas oportunidades que as ajudem a fugir das suas
dificuldades. Os autores fazem referência a Brandi (2001;2004) dizendo que entre a
década de 60 e a década de 80, estudos documentados por este, mostravam que
progressivamente a mobilidade deixava de ser uma “perda” e passava a ser uma
conquista pelo facto de desenvolver o curriculum.
Concluindo, a “fuga de cérebros” divide-se em três perspetivas: em primeiro lugar,
pode ver-se que a mudança das pessoas de um país para o outro, mostra que este não
cobria as necessidades dos seus cidadãos; em segundo temos o paradigma dos países
que oferecem mais emprego e mais hipóteses de carreira, não serem aqueles que
oferecem as melhores condições de vida; por último, o terceiro ponto avalia as suas
consequências em duas vertentes, primeiro, a grande movimentação de profissionais
credenciados para os seus países de origem, em segundo, alguns pesquisadores do
assunto acerca das componentes intrínsecas à “fuga de cérebros” defendem que as
consequências são políticas e socioeconómicas na medida em que o país não tem
capacidade para “pescar” profissionais em iguais proporções.
Para finalizar, a estes três pontos, está subjacente um outro que nos fala em criar
medidas de fixação de qualificados com o objetivo de investir na mobilidade num futuro
próximo.
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2. Atualidade da “Fuga de Cérebros”
Este ponto mostra um estudo realizado pela OCDE (Dumont, Spielvogel,
Wildmaier, 2010), tendo por base alguns dados de 2000, e apresenta os países que têm
sofrido mais com a emigração e para quais esta está mais destacada. Em 2000, em
Portugal, já se verificou este fenómeno de mobilidade. Um estudo feito por Franzoni,
Scellato e Stephan mostra que os Estados Unidos continuam a ser o principal destino
destes fluxos, principalmente de países de língua oficial inglesa. Já na Europa, os fluxos
são mais equilibrados distribuindo-se por vários países como, França, Alemanha,
Holanda e Espanha. Segundo este estudo, as principais razões destas deslocações, são a
procura de melhores fundos para a sua carreira, uma vez que os governos desses países
oferecem excelentes condições de acolhimento.
No entendimento de Peixoto (1999), para relacionar Portugal com a “fuga de
cérebros” é necessário compreender fenómenos mais estruturais ligados a mudanças ao
nível da globalização económica. Assim, esta internacionalização económica leva à
deslocação de profissionais portugueses para cargos superiores das suas empresas, o que
implica um maior ganho para Portugal.
Já no caso dos Estados Unidos, os autores citam Peixoto (1999) na página 65
dizendo que este fora durante anos o principal destino de quadros superiores,
perspetivando-se que estes seriam lugares de alta qualidade.
Contudo, a “fuga de cérebros” não é uma preocupação académica, mas demonstra as
dificuldades que os países têm em conseguir manter as suas populações.
As mobilidades fazem também com que haja uma deslocação de hábitos e costumes,
citando Salt (2011) na página 66.
3. Algumas questões de identidade e os palcos discursivos
Ao longo do tempo a migração qualificada tem vindo a ganhar cada vez mais
importância, o que é uma mais-valia para os países recetores. Na economia estão cada
vez mais visíveis os portugueses, que têm como seu historial a emigração ou a
mobilidade prolongada. Da mesma forma que a emigração não qualificada, esta
contribui para a formação que uma outra imagem do país e dos portugueses, uma visão
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muito mais ilustre do que a que já existe sobre a ideia do trabalhador migrante não
qualificado.
Contudo, o papel das mobilidades e a construção da identidade de uma população é
muito contraditória, pois por um lado temos a rapidez com que a informação circula
através da internet e outros aparelhos eletrónicos, por outro a imagem que é feita do país
no exterior, tanto como valorização do esforço que é feito individualmente e coletivo,
como também pela consideração da saída de profissionais qualificados do seu país de
origem. No entanto, a saída de profissionais que são posteriormente reconhecidos
noutros países levanta questões sobre as identidades nacionais relativamente à maneira
como o prestígio é interiorizado na imagem nacional.
Sobre a mobilidade de profissionais, há argumentos utilizados em vários estudos
e teses: a mobilidade induz uma reflexão estrutural que representa a parte negativa da
“fuga de cérebros”, por outro lado, a emigração de profissionais conta como uma perda
de presente e futuro do país em vários campos.
4. Nota Metodológica
Neste ponto, surgem os principais resultados de uma investigação sobre a imagem
que os media estrangeiros e portugueses elaboram da mobilidade qualificada
portuguesa, tentando ao mesmo tempo inseri-los no contexto global de problematização
da fuga de cérebros. Durante os últimos anos foram realizadas algumas pesquisas de
fontes de informação tendo por base um estudo anteriormente feito. Após várias
pesquisas concluiu-se que se deveria excluir as notícias anteriores a 2010. No entanto,
outras estratégias foram adotadas com mais vantagens e mais adequadas, que permitem
fazer uma interpretação sobre o fenómeno nos vários tipos de comunicação social, tendo
em conta a influência e poder que os media têm nos dias de hoje na sociedade.
5. Os media e os profissionais altamente qualificados: cruzamentos
discursivos
A temática da emigração é um assunto bastante presente nos dias de hoje, e como tal
tem vários estudos que se debruçam principalmente na discriminação dos emigrantes,
com uma certa particularidade para os não qualificados, citando assim Carvalho (2007),
Cádima e Figueiredo (2003), na página 68. Um estudo realizado em Portugal verifica
que o crime e outras realidades nomeadamente a prostituição e a violência, são dos
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principais problemas associados aos emigrantes. Contudo, quanto à população
portuguesa residente noutros países, não existem estudos que mostrem qual a sua
dificuldade em construir a sua identidade a nível da sociedade como a nível individual,
citando Ferin (2003) e Ferin e Dantos (2006), na página 68. No entanto, é de realçar a
diferença que existe nos diversos media, os jornais de grande triagem centram o seu
assunto em realidades pessoais, enquanto que os media sociais tendem a fazer um
discurso onde são debatidos assuntos de ordem pública como por exemplo sobre a
dificuldade que Portugal tem em fixar no seus país os cidadãos portugueses que se vêm
a destacar no estrangeiro.
A maioria dos assuntos tratados pelos media sobre Portugal tem um caráter
desvalorizador, contudo, quando estes se referem aos profissionais qualificados
formados neste país, este passa a ser valorizado pela boa preparação que os seus
cidadãos apresentam.
6. Panorama: Media Estrangeiros
Os media estrangeiros interessam-se principalmente com as políticas de austeridade
desemprego e emigração; e a “emergência” e pontos de atração de novas gerações para
os PALOP.
Várias reportagens estão dirigidas à mobilidade e para as políticas de austeridade
presentes em Portugal, políticas austeras que por vezes deixam os jovens qualificados
sem ambições para a sua vida futura, tanto a nível de emprego, como a nível de vida.
Constata-se, no programa “a mobilidade dos quadros qualificados”, estes
denominam-na de “êxodo” de cérebros, pois cerca de 20% dos licenciados portugueses
trabalha no estrangeiro, tendo como seu principal destino os PALOP e o Brasil. Dizem
ainda que a saída destes se mostra uma grande perda para o país, dizendo que este setor
não irá estar interessado em voltar ao seu país na próxima década. Afirma-se ainda que
a principal razão da saída destes profissionais se deve as medidas de austeridade que são
adotadas e ao aumento progressivo do desemprego.
7. Panorama: Media portugueses
Os media portugueses, têm defendido ao longo dos últimos anos uma tese relativa às
vantagens da mobilidade internacional, em relação à existência da “fuga de cérebros”.
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Em comparação com os media estrangeiros, que valorizam os portugueses
entrevistados, os media nacionais baseiam-se na posição de pessoas ligadas à política.
Ao mesmo tempo que são conhecidas notícias e reportagens feitas por todo o
mundo, sobre a emigração de profissionais portugueses, os media com as suas defesas
atribuem um caráter negativo à “fuga de cérebros”.
8. Discussão de ideias principais
Analisando a história portuguesa e as várias tentativas de aproximação aos países
mais, é notório que a mobilidade seja entendida como uma circulação de cérebros e não
uma “fuga de cérebros”, uma vez que é inevitável esta mobilidade para o crescimento à
escala mundial. De uma forma simplista ao longo do séc. XX a emigração portuguesa
foi muito acentuada para os países da América do Norte e América Latina. É notório
que o século XX em Portugal é marcado por uma população pobre analfabeta e não
qualificada devido à Guerra Colonial e à 2ª Guerra Mundial. Assim que acontece a
Globalização económica, social e a internacionalização dos mercados, a migração de
pessoal qualificado ganha ênfase.
Neste ponto, voltam a afirmar-se grande parte dos assuntos anteriormente
referenciados, complementando-os.
Pontos fortes e fracos do documento:
Os pontos fracos desta obra são: o facto de a obra ser bastante extensa, tornando-se
por vezes repetitiva; o uso frequente de excertos de jornais; e também devido a utilizar
uma linguagem por vezes um pouco complexa.
Por sua vez, os pontos fortes são: a capacidade cativante do texto, pois o seu assunto
é bastante atual e muito interessante; e também a sua capacidade de nos fazer interrogar
sobre algumas das medidas que estão a ser tomadas pelo governo dos nossos dias que
nos “empurra” por vezes para fora do nosso país.
Conclusão:
O tema do texto é muito atual, apresentando um assunto comum em vários
países da Europa, afetando sobretudo profissionais qualificados. Como cada vez mais a
economia está a entrar em declínio, este problema tem tendência a aumentar. Apesar de
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existirem soluções, estas continuam a ser ignoradas pelos governos destes países.
Estudos feitos por várias organizações, fontes bibliográficas, os próprios media,
etc comprovam estes problemas e as suas respetivas soluções.
Este texto é bastante útil, pois com ele podemos observar a realidade que se
passa também ao nível dos outros países, e faz-nos interrogar se não haverá soluções
que nos possam ajudar a mudar esta nossa realidade.
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6. Conclusão
A construção deste trabalho proporcionou-me novas visões sobre este tema,
indicando assim variadíssimas formas de como se pode encarar a vida perante este
problema e que consequências graves ele acarreta consigo.
Muitas vezes temos a ideia de que não há volta a dar a este fenómeno do
desemprego, contudo, ao estudar este assunto, apercebi-me que há sempre maneira de
tentar ir mais além, e de tentar dar um novo rumo à nossa vida, mesmo quando esta não
está a correr da maneira mais indicada.
Contudo, ao realizar este trabalho consegui ver que o desemprego pode trazer
outros problemas consigo como por exemplo a emigração, onde os números estão a
aumentar muito rapidamente, o que faz com que cada vez mais a população mais jovem
decida sair do seu país, tornando-se este um país envelhecido, e apostar numa nova
vida, o que faz com que este deixe de arriscar nos seu jovens qualificados, e também
origina um outro problema que é a pobreza, nos dias de hoje é cada vez mais comum
assistirmos a jovens que como consequência de não ter emprego, não se conseguem
auto sustentar e vêem-se então obrigados a ter de voltar para casa dos seus pais, e
quando esta não é opção começam por procurar ajuda em algumas associações.
O desemprego faz ainda com que comecem a surgir muitos problemas a nível
psicológico com as pessoas que o enfrentam, causando por vezes graves consequências
como o suicídio.
Assim, podemos perceber e ter uma outra visão sobre este assunto, um dos mais
debatidos na nossa atualidade e tentar tomar um rumo para conseguir dar a volta e
inverter esta preocupante situação.
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Anexo A
Sítio da Internet avaliado
Anexo B
Texto de Suporte da Ficha de Leitura:
Araújo, Emília e Ferreira Filipe (2013), "A «fuga de cérebros»: um discurso
multidimensional" in E. Araújo; M. Fontes e S. Bento, Para um debate sobre a
mobilidade e Fuga de cérebros. Braga, Centro de estudos de Comunicação e Sociedade,
58-82.
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