DESCRIÇÃO DA PERCEPÇÃO SOBRE O SANEAMENTO BÁSICO DOS SERVIDORES E ESTUDANTES DO INSTITUTO FEDERAL DE
MINAS GERAIS, CAMPUS GOVERNADOR VALADARES (IFMG – G V)
Lucilane Pereira Viana - Aluna do 5º período do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares. [email protected]
Luiz Fernando da Rocha Penna - Professor Mestre do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do
IFMG, campus Governador Valadares.
RESUMO
As melhorias pretendidas para os serviços de saneamento básico estão vinculadas às particularidades socioeconômicas e culturais da parcela da população que se pretende favorecer sendo necessárias diversas pesquisas para averiguar como a sociedade receberá esses benefícios. Assim sendo, os profissionais da área de saneamento básico terão que identificar qual a percepção de saneamento da população para elaborar políticas públicas que se adequem da melhor forma à esse povo. O presente trabalho teve por objetivo conhecer qual a percepção que os estudantes, professores e trabalhadores técnicos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG – campus de Governador Valadares, sobre o tema saneamento básico. O estudo é qualiquantitavo exploratório e descritivo e as perguntas foram feitas aos três grupos anteriormente citados. Como pôde-se ser observado mais adiante, mesmo em um ambiente com alto grau de cultura, a percepção de saneamento básico do brasileiro é insuficiente e incompleta. Além disso, ela não apresenta grandes variações no escopo pretendido.
PALAVRA-CHAVE: saneamento básico, percepção e meio ambiente
ABSTRACT
Required improvements to sanitation services are linked to the socioeconomic and cultural characteristics of the population that it seeks to promote various researches are needed to determine how society will receive these benefits . Thus , professionals in the area of sanitation will have to identify the perception of sanitation of the population to develop public policies that suit the best for these people . This study aims to understand the perception that students , teachers and technical workers at the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG - campus of Governador Valadares , has the theme sanitation . The study is exploratory and descriptive qualitative-quantitative and asked questions to the aforementioned three groups. How could to be noted later, even in an environment with a high degree of culture, the perception of the Brazilian sanitation is inadequate and incomplete. Moreover, it does not present large variations in the intended scope.
KEY-WORD: sanitation, perception and environment
1 INTRODUÇÃO
Segundo Philippi Junior (2005), a água durante muito tempo foi considerada um bem
público de quantidade infinita à disposição do homem, por se tratar de um recurso natural
autossustentável e pela sua capacidade de se recuperar através de processos químicos
naturais que degradam a matéria orgânica presente nas descargas de poluentes. Porém, o
crescimento desordenado das cidades aumentou de tal forma a quantidade de esgotos
lançados nos córregos, rios, represas e lagos próximos às aglomerações, que a capacidade
de autodepuração (recuperação) desses corpos receptores foi superada pela carga
poluidora de efluentes
Nuvolari (2011) afirma que desde os tempos mais remotos, quando homem começou
a se assentar em cidades, a coleta das água servidas, que hoje é conhecida por esgoto
sanitário, passavam a ser uma preocupação daquelas civilizações em 3750 a.c., onde eram
construídas galerias de esgoto em Nipur (Índia). Nas cidades brasileiras começou esforços
para dar início ao processo de saneamento básico desde de 1933, quando funcionários da
repartição de águas e esgotos de São Paulo apresentaram um estudo no qual mostrava a
intensa degradação das água do rio Tietê. Mas foi somente na década de setenta que
começou ocorrer o maior avanço na área de saneamento básico. Hoje, apesar de algumas
cidades brasileiras já contarem com estação de tratamento de esgoto, a grande maioria não
coleta e não trata seus esgotos. Fatalmente terão que fazê-lo, sob pena de ficarem sem
manancial apropriado para abastecimento público, e amargarem sérios problemas de saúde
pública. Na pesquisa do Trata Brasil (2012) 25% dos esgotos não é coletado o equivalente a
5,5 milhões de domicílios, que representam 18 milhões de habitantes sendo que 55% está
no nordeste e 40% fica com o norte/centro-oeste. Números oficiais do Ministério das cidades
mostram que menos da metade da população brasileira está realmente conectada às redes
de coleta.
A Lei 11.445/07 prevê a obrigatoriedade de elaboração de um plano de saneamento
básico para oferecer ao homem uma boa qualidade de vida. De acordo com esta Lei
saneamento básico é:
um conjunto de serviços de abastecimento público de água potável; coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários; drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos. (BRASIL, 2010, p.1)
O Conselho das Cidades editou uma Resolução Recomendada nº. 33, de 1º de março
de 2007, estabelecendo prazos e instituindo um Grupo de Trabalho integrado por
representantes do Governo Federal para o acompanhamento da elaboração do PLANSAB
(Plano Nacional do Saneamento Básico). Em dezembro de 2008 foi lançado o "Pacto pelo
Saneamento Básico: mais saúde, qualidade de vida e cidadania” documento cujo propósito
é buscar a adesão e o compromisso de toda a sociedade em relação aos eixos, estratégias
e ao processo de elaboração do PLANSAB, após essa etapa, ingressa-se na fase de
elaboração do "Panorama do Saneamento Básico no Brasil" (BRASIL, 2007).
O PLANSAB, tem como meta reduzir até 2015 a proporção de pessoas que não
contam com saneamento básico. Nuvolari (2011) afirma que para se ter um sucesso na
aplicabilidade dos serviços que compõem o saneamento básico é necessário:
Ações integradas entre governo e sociedade que são representados por: Comitê de Bacia, Consorcio Intermunicipal, Secretarias Municipais e Estaduais do Meio Ambiente, da Educação, de Recursos Hídricos Saneamento e Obras Política Florestal, Organizações Não Governamentais (ONG) e representantes das comunidades
Os planos de recursos hídricos são designados como planos diretores, também
chamados de “Plano de Bacia”, que tratam do melhor gerenciamento dos recursos hídricos.
Cada bacia hidrográfica deveria ter seu plano diretor, elaborado pela Agência de Águas e
aprovado pelos Comitês de Bacia, que será integrado ao plano diretor de recursos hídricos
do Estado e, sem seguida, ao plano nacional. Neste plano estarão estipulados os dados a
respeito da qualidade da água, usos prioritários, disponibilidade e demanda, metas de
racionalização, diretrizes para cobrança pelo uso dos recursos hídricos, propostas para
áreas de restrição de uso (BRASIL,1997).
A Bacia do Rio Doce não conta com agência reguladores estaduais e nem municipais.
Os comitês de bacia dependem da boa vontade dos representes de cada gestão, portanto
não tem continuidade nos serviços. Outra lacuna que desfavorece o avanço dos serviços é a
ausência do controle social dos serviços pela comunidade. Este controle está previsto no
artigo 47 da Lei 11.445, mas a mobilização para a constituição dos conselhos ainda não
mereceu a devida importância (ECOPLAN-LUME, 2007).
Devido à ausência desses instrumentos e da pouca importância atribuída pela
população à necessidade de exigir tais serviços com qualidade e respeito à legislação, a
bacia do rio Doce encontra-se em situação muito precária quanto aos serviços de
esgotamento sanitário e de resíduos sólidos. Em relação aos serviços de abastecimento de
água que embora disponham de índices de atendimento elevados, o cumprimento de
questões elementares de gestão fica abaixo dos padrões considerados satisfatórios, como o
controle de perdas e o cumprimento da Portaria 518/2004 dos padrões de potabilidade
(ECOPLAN-LUME, 2007)
Porém se essa água não for de qualidade, por conta do excesso de esgotos lançados
nesses mananciais, pode causar doenças infecciosas intestinais ou helmintíases (parasitas).
(TRATABRASIL, 2013)
Essas doenças não são de alta letalidade mas são de alta endemicidade,
principalmente nas regiões pobres do planeta. Uma criança menor de dois anos quando
infectada por um parasita tem seu sistema neural e suas aptidões comprometidas, sendo
isso uma determinante para seu futuro. Este fato onera o sistema de saúde pública com
despesas que poderiam ser evitadas, pois aumenta o número de internações e consultas
médicas, conforme Philippi Junior (2005):
A contribuição da disponibilização de água de boa qualidade à melhoria da saúde pública está consubstanciada na redução dessas consultas médicas, por atuar diretamente na eliminação do fator de risco a que, principalmente as crianças, estão expostas. Esses benefícios podem ser auferidos pela melhoria da qualidade de vida da população com consequente aumento da expectativa de vida, melhoria do setor produtivo e melhor aproveitamento escolar. Como consequência, ocorre um significativo alívio orçamentário nos setores de saúde e previdência, pela redução de consultas médicas, tratamento medicamentoso e internações hospitalares, no primeiro, e pela redução de pensionistas na idade economicamente ativa, no segundo.
Na bacia do Rio Doce foram registrados casos de cólera, difteria, esquistossomose,
febre tifoide, hepatite A e leptospirose doenças relacionadas com a falta de saneamento
básico. (ECOPLAN-LUME, 2007). Em Minas Gerais houve 191 casos notificados de
esquistossomose e Governador Valadares se destacou com 145 casos, Minas notificou 65
casos de leptospirose sendo nove deles na bacia do Rio Doce. (ECOPLAN-LUME, 2007)
Os Sistemas de abastecimento de água no Brasil são gerenciados de forma direta por
associações comunitárias e Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAAE), ou por meio de
autarquias, municípios assistidos pela FUNASA, empresas privadas e pelas Companhias
Estaduais de Saneamento Básico (CESB). Em Governador Valadares o responsável pelo
serviço é o SAAE-GV. (PHILIPPI JUNIOR, 2005)
O lançamento de resíduos sólidos e lixo nos córregos, a inexistência de planos
diretores urbanos, a falta de investimento, a falta de manutenção, o problemas com obras
mal executadas, falta de legislação própria, falta de fiscalização em relação a obras
irregulares, falta de informações hidrológicas, a inexistência de um órgão gestor e
coordenador específico para a área, inexistência de normas técnicas para projetos de
drenagem, invasões de áreas de risco por conta dos problemas habitacionais, ocorrência de
eventos hidrometereológicos extraordinários, tudo isso influencia e prejudica o sistema de
drenagem urbana. Esses sistemas são dinâmicos sendo sempre necessários passar por
ampliações ao longo do tempo (PHILIPPI JUNIOR, 2005).
Os planos diretores em nível municipal deveriam regular o uso correto da solo e os
cuidados com as águas da chuva, já que essas questões estão intimamente ligadas.
Entretanto, na grande maioria dos municípios, a ocupação desordenada do solo, sem
infraestrutura necessária, sem fiscalização eficiente por parte dos órgãos governamentais
impacta profundamente essa população. A repetição indiscriminada dessa prática leva ao
desaparecimento de nascentes, córregos e rios (PINTO, 2003).
Os sistemas de drenagem têm por objetivo garantir o adequado escoamento das
águas pluviais. Muito mais do que obras visando a proporcionar o transporte das águas, os
sistemas de drenagem devem ser vistos dentro de um enfoque global, que considere o
sistema hídrico de uma bacia ou sub-bacia como um todo (MOTA, 2000).
Segundo Philippi Junior (2005) as principais medidas estruturais para drenagem
urbana são: sistema de coleta da água da chuva no lote, sistema de micro drenagem, rede
de macrodrenagem, reservatórios para controle de cheias, reservatórios urbanos de
detenção ou bacias de detenção, drenagem forçadas em áreas baixas e manutenção do
sistema de drenagem. As medidas não estruturais consistem em outorga para controle de
cheias, leis de uso e ocupação do solo, fixação de critérios para projetos de drenagem,
fixação de critérios para obras de infraestrutura, medidas de controle de cheias no próprio
lote ou medidas individuais e de convivência, restabelecimento parcial da capacidade de
retenção de água do lote, outras medidas para preservação da capacidade de infiltração do
solo, seguro enchente, sistema de alerta, programas de educação ambiental e campanhas
publicitárias voltadas à participação pública no controle de cheias.
Um sistema de drenagem deve ser projetado, executado e operado em
consonâncias com os demais serviços públicos, pois ele interfere de forma direta nos
recursos hídricos e deve ser tratado no âmbitos do sistema de gestão da água. Ela deve ser
administrada em conjuntos com outras obras de infraestrutura. A gestão de drenagem
urbana no Brasil é feita, em geral, pelo poder público municipal (PHILIPPI JUNIOR, 2005).
Conforme Agência Nacional das Águas (2005), não foram obtidos dados sobre a
questão da drenagem urbana na bacia do rio Doce, mas é de se supor que seja uma
questão relevante para os municípios da bacia onde as áreas ribeirinhas dos cursos d’água,
que cruzam as suas áreas urbanas, são assoladas por frequentes inundações, provocando
interrupções de tráfego, prejuízos materiais, doenças de veiculação hídrica e até perda de
vidas humanas
Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1993) em sua
resolução n.° 5/93, artigo 1°, I, os resíduos podem resultar de atividades da comunidade de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de variação. Em
relação aos resíduos domésticos, Ribeiro (2006) afirma que os principais componentes são
restos alimentares, papel, vidro, pano, madeira, metal, osso e material ocioso (terra, por
exemplo), gerados pelas atividades cotidianas dos lares.
O lixo mal acondicionado significa poluição ambiental e risco à segurança da
população. No Brasil a geração de Resíduos Sólidos Urbanos em 2009 se intensificou, com
uma produção de aproximadamente 57 milhões de toneladas, equivalendo a um
crescimento de 7,7% em relação ao ano de 2008, que teve uma produção anual próxima
dos 53 milhões de toneladas (ABRELPE, 2009).
Para Pimenta, Ghedin & Franco (2006) a separação do lixo é uma prática de ótica
coletiva, além de individual, porque visa à preservação da qualidade do ambiente em seu
coletivo. Assim, colocar o lixo no local adequado e participar de movimentos a favor do
cuidado com o meio ambiente são ações individuais que tem efeito social. Este é um
problema de saúde pública, que envolve questões de interesse coletivo, mas profundamente
influenciado por interesses econômicos e por manifestações da sociedade, por aspectos
culturais e por conflitos políticos.
A coleta dos resíduos sólidos tem por objetivo deixar a cidade limpa e deve ser feita
com frequência adequada. Essas práticas de descarte desses resíduos sólidos jogados em
fundo de vales, às margens de ruas ou abandonados em cursos d’água podem acarretar
impactos negativos como contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes,
proliferação de vetores transmissores de doenças, tais como, ratos, baratas, moscas,
vermes. Some-se a isso a poluição visual, mau cheiro e contaminação do ambiente.
(ZVEIBIL et al, 2005).
O tratamento desses resíduos diminui os impactos sobre o ambiente e a saúde
pública. Os rejeitos, que são as partes do lixo que não podem ser tratados ou reciclados
devem ir para um aterro sanitário licenciado. Esses aterros são obras de engenharia que
acomodam os rejeitos no solo minimizando seu impacto no meio ambiente e na saúde.
Segundo a PNRS todos tem responsabilidade:
É do município a responsabilidade da coleta, o transporte, o tratamento e a destinação dos resíduos sólidos domiciliares. Todos têm responsabilidades segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos: o poder público deve apresentar planos para o manejo correto dos Resíduos Sólidos Urbanos (com adoção de processos participativos na sua elaboração e adoção de tecnologias apropriadas); às empresas compete o recolhimento dos produtos após o uso e, à sociedade cabe participar dos programas de coleta seletiva (separando e acondicionando os resíduos adequadamente e de forma diferenciada) e incorporar mudanças de hábitos para reduzir o consumo e a consequente geração (BRASIL, 2010).
A cidade é uma fonte poluidora e, na maioria das vezes, os moradores das cidades
não percebem que a falta de um de saneamento básico adequado implica em
consequências desastrosas em relação a saúde e a qualidade de vida. Logo, diante de
situações como os problemas causados pela falta de saneamento esses cidadãos não
conseguem fazer uma reflexão inter-relacionando-se esses descasos com a falta de
saneamento para perceber e refletir sobre o impacto que esses danos provocam em suas
vidas e sobre o contexto onde vivem. Isso acontece porque essas questões se tornaram
situações diárias, vivenciadas de forma repetitiva, criando uma realidade banal, mascarada
e anulando um possível julgamento perceptivo.
Nesse sentido, a percepção ambiental é necessária ao indivíduo para que ele na sua
vivencia cotidiana, observando os fatos, elaborem ideias que estimulem mudanças,
direcionando suas ações e determinando sua conduta na prática das suas ações que
interferem no ambiente em que vivem. É nesse processo dinâmico que mudamos nossos
hábitos e transformamos o ambiente ao nosso redor. Conforme diz Del Rio e Oliveira (1999),
a percepção ambiental é fundamental para compreender melhor as inter-relações entre o
homem e o meio ambiente, suas expectativas, julgamento e conduta. Muitas das ações
sobre o meio ambiente geram consequências que são ignoradas por completo e que
afetarão a qualidade de vidas de gerações futuras.
Existem poucos estudos que investigam o grau de conhecimento que a sociedade tem
sobre saneamento básico, e em menor número ainda são os estudos que fazem um paralelo
entre esse grau de conhecimento e o impacto que isso teria em termos de ações sobre o
meio ambiente, seja ele direto ou através de cobranças junto aos órgãos públicos. Nesse
sentido, Trata Brasil realizou uma pesquisa em Maio de 2012 direcionada às percepções
ambientais quanto a evolução e carências dos serviços prestados de saneamento básico a
qual abordou principalmente a visão da sociedade quanto às responsabilidades pelos
avanços do saneamento básico. Na pesquisa foram realizadas 1008 entrevistas em 26
grandes cidades brasileiras, com população acima de 300 mil habitantes a saber : Manaus
(AM), Belém (PA), Salvador (BA), Fortaleza (CE), São Luís (MA),Recife (PE), Olinda (PE),
Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (RJ), Rio de Janeiro (RJ), São
Gonçalo(RJ),Nova Iguaçu (RJ), Belford Roxo (RJ), São Paulo (SP), Guarulhos (SP), São
Bernardo do Campo (SP), Osasco (SP), Santos (SP), Diadema(SP), Franca (SP), Curitiba
(PR), Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Brasília (DF), Anápolis (GO),
Na amostra foram entrevistados homens e mulheres com idade entre 18 e 50 anos,
com grau de instrução entre superior (16%), ensino médio (31%) e ensino fundamental
(54%). Prevaleceram as entrevistas com mulheres (55%), da classe C (54%) com idade
acima dos 30 anos e com grau de instrução do ensino fundamental.
Mucelin e Bellini (2006) enfatizam que no contexto urbano as condições apresentadas
pelo ambiente são influenciadas, entre outros fatores, pela percepção de seus moradores,
que estimulam e engendram a imagem ambiental determinando a formação das crenças e
hábitos que conformam o uso.
Nesse sentido, qual a percepção dos servidores e estudantes do IFMG sobre
saneamento básico?
O objetivo geral do presente trabalho foi descrever a percepção ambiental dos
estudantes e servidores do IFMG – GV sobre saneamento básico. Os objetivos específicos
foram identificar se os servidores percebem quais os serviços que englobam o saneamento
básico e identificar se o nível de escolaridade interfere na percepção ambiental sobre
saneamento básico.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 Características da Área de estudo
Governador Valadares/MG – GV nascida às margens do caudaloso Rio Doce. Para
dar segurança aos colonos e navegantes, expandiu com a instalação da estrada de ferro
Vitória-Minas e consolidou-se como centro comercial da região quando a rodovia BR-116,
Rio-Bahia, foi construída. Essa é uma cidade de 263 mil habitantes aproximadamente.
Figura 1 – Mapa da cidade de Governador Valadares
Fonte: Google (2010)
Governador Valadares conta com boa infraestrutura no tratamento de água e coleta de
esgoto e coleta de lixo. A distribuição de água tradada atende a 97,3% da população e a
coleta de esgoto 97,1%, o que a coloca entre as 20 melhores cidades brasileiras
(TRATABRASIL, 2010). O lixo é recolhido em 80% dos domicílios valadarenses, de acordo
com a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM. O dado destoante deste número é
que 100% do esgoto gerado é lançado sem tratamento diretamente no Rio Doce.
O Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG,
campus Governador Valadares, que foi criado através a Lei nº 11.892, sancionada em 29 de
dezembro de 2008 foi a primeira escola federal implantada nessa cidade.
O campus inaugurado em 26 de Março de 2012, no bairro Ouro Verde, o IFMG
emprega com 60 servidores, sendo 39 em seu corpo docente e 21 na área administrativa.
Além disso, seu corpo discente é formado por aproximadamente 600 estudantes. A Figura 2
mostra a visão panorâmica do IFMG-GV.
Figura 2 – Fotografia panorâmica do IFMG, campus Governador Valadares
Fonte: Arquivo pessoal Prof. Luiz Penna, agosto 2012
O Campus Governador Valadares oferece os cursos superiores de Bacharelado em
Engenharia de Produção, em Tecnologia Gestão Ambiental e Cursos Técnicos Integrados
de Técnico em Meio Ambiente e Técnico em Segurança do Trabalho, além do Curso
Técnico Subsequente em Segurança do Trabalho.
2.2 Tipo de estudo
O estudo em questão é qualiquantitativo exploratório e descritivo. Nesse tipo de
estudo a investigação está preocupada com o processo e com a estrutura social.
Segundo Alvarenga (2010), o termo quantitativo exploratório se enquadra aqui por se
tratar de um problema pouco abordado na literatura; o quantitativo descritivo se baseia na
medição das variáveis, determinando como se manifestam as varáveis na situação
presente. E qualitativo porque ele dá enfoque a uma investigação social, estudando a
maneira como as pessoas percebem e experimentam seu mundo, sua vivência, como
compreendê-los e que significado isso tem para elas, tendo como objetivo compreender a
situação problemática e ajudar aos envolvidos na solução da mesma (ALVARENGA, 2010).
Em suma, busca-se uma compreensão exploratória da situação e do ambiente.
2.3 Técnicas de coleta e análise dos dados
Para descrever a percepção ambiental dos servidores e estudantes a respeito do
saneamento básico foi aplicado um questionário estruturado contendo 16 questões
referentes a saneamento básico como, coleta de lixo, coleta de esgoto, tratamento e
distribuição de água, drenagem urbana, como mostra no apêndice 1 que posteriormente foi
utilizado para confecções de gráficos para melhor interpretação dos resultados. Antes da
aplicação do questionário final aos servidores e estudantes do IFMG-GV foi realizado um
primeiro questionário para se fazer os ajustes necessários nas perguntas para uma melhor
compreensão dos entrevistados. Segundo Chagas (2010), um questionário, apesar de ser
um conjunto de perguntas feitas para se chegar aos objetivos propostos, construí-lo não é
uma tarefa fácil e é necessário aplicar tempo e esforço para confeccioná-lo. O questionário
argui sobre quais serviços são prestados pelo poder público, o nível de qualidade desses
serviços e o quanto o saneamento básico influencia na sua qualidade e vida e outros.
Foram entrevistados 60 estudantes de nível médio, 124 estudantes de nível superior e
20 estudantes do ensino técnico, 16 professores e 9 técnicos administrativos do Campus. A
porcentagem da amostra foi de 33% para os alunos do médio, 30% para os alunos do
superior junto com o técnico, 41% para os professores e 42% para os técnicos
administrativos.
Outra ferramenta de fundamental importância para a plenitude deste trabalho foi o
Software Microsoft Excel. Nele foram organizadas todas as tabelas referentes aos grupos de
entrevistados. Neste Software, também foram realizados todos os cálculos estatísticos
importantes para o trabalho, e por fim a realização dos gráficos que foram utilizados nos
resultados e discussões.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A questão de número 1 foi elaborada com o objetivo de perceber quais itens os
entrevistados incluíam dentro do contexto de saneamento básico. De acordo com a Figura
1.1, 1.2, 1.3 e 1.4 que representam estudantes do curso superior (ES), estudantes do curso
técnico (ET), professores (PF) e estudantes do ensino médio (EM), respectivamente.
Figura 1.1- Gráfico da percepção dos estudantes dos cursos superiores sobre
saneamento.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 1.2- Gráfico da percepção dos estudantes de cursos técnico sobre saneamento.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 1.3- Gráfico da percepção dos professores sobre saneamento.
19%
18%
14%16%
14%
8%10%
1% 0% Coleta de esgotos
Tratamento de água
Limpeza pública
Coleta de lixo
Limpeza de bueiro
Despoluição dos rios
Drenagem urbana
Outros
Não sabe
17%
20%
14%18%
14%
9% 8%
0% 0%
Coleta de esgotos
Tratamento de água
Limpeza pública
Coleta de lixo
Limpeza de bueiro
Despoluição dos rios
Drenagem urbana
Outros
Não sabe
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 1.4-Gráfico da percepção dos estudantes do ensino médio sobre saneamento.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
A análise das figuras identifica que todos os grupos reconhecem que coleta de esgoto,
tratamento de água, limpeza pública e coleta de lixo são os principais itens a representar o
saneamento básico. Entretanto, pouca importância foi dada à drenagem urbana. Os
professores e estudantes do curso superior reconheceram 10% deste último item, os
estudantes do técnico 8% ficando os estudantes do ensino médio com 7% apenas. Observa-
se que a maioria dos entrevistados não considerou a drenagem urbana como um
componente do saneamento básico. Dessa forma a definição de saneamento básico é muito
restrita pela maioria das pessoas entrevistadas. A drenagem urbana não é apenas um
serviço de coleta de água da chuva, ela interfere de forma direta nos recursos hídricos de
uma bacia (Silveira, 2002)
Considerando apenas os quatro primeiros itens, a saber, coleta de lixo, coleta de
esgotos, tratamento de água e limpeza pública como itens mais básicos do saneamento,
consideraram essas respostas 61% dos professores, 60% dos estudantes do ensino
superior além de 55% dos estudantes do ensino técnico. Os estudantes do ensino médio
consideraram 33% de acerto nessa resposta. Os três primeiros grupos citados responderam
20%
19%
13%14%
14%
8%10%
2% 0%Coleta de esgotos
Tratamento de água
Limpeza pública
Coleta de lixo
Limpeza de bueiro
Despoluição dos rios
Drenagem urbana
Outros
22%
23%
14%
14%
15%
5% 7%
0% 0%Coleta de esgotos
Tratamento de água
Limpeza pública
Coleta de lixo
Limpeza de bueiro
Despoluição dos rios
Drenagem urbana
Outros
em consonância com a pesquisa do IBOPE (2012), onde 81% dos entrevistados
relacionaram os quatro serviços acima citados como saneamento básico.
Quando foi pedido aos entrevistados para enumerar de 1 a 4, de acordo com o grau
de importância, os itens saúde, educação, segurança pública e saneamento básico, onde 1
era o mais importante e 4 o menos importante, conforme mostra as figuras 2.1, 2.2, 2.3 e
2.4, observa-se que a grande maioria dos entrevistados reconhecem que, entre os 4 itens
citados, saúde se enquadra como o mais importante.
Figura 2.1- Gráfico da percepção dos estudantes dos cursos superiores sobre a
importância do saneamento básico
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 2.2- Gráfico da percepção dos estudantes do curso técnico sobre a importância
do saneamento básico.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 2.3-Gráfico da percepção dos professores sobre a importância do saneamento
básico.
56%26%
10%8%
0%
Saúde
Educação
Segurança pública
Saneamento básico
Não sabe
66%
24%
5%
5%
0%
Saúde
Educação
Segurança pública
Saneamento básico
Não sabe
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 2.4-Gráfico da percepção dos estudantes do ensino médio sobre a importância
do saneamento básico.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Analisando as figuras 2.1, 2.2, 2.3, 2.4 observa-se que os estudantes do curso
superior, estudantes do curso técnico e os estudantes do ensino médio consideram o item
saúde como o mais importante, com exceção dos professores, que consideraram o
saneamento básico em terceiro lugar, acima, apenas de segurança pública. Também na
pesquisa IBOPE (2012) a grande maioria acredita ser a saúde o item principal deixando o
saneamento em último grau de importância.
Nessa questão esperava-se que todos percebessem que o saneamento básico tem
maior grau de importância já que ele interfere diretamente na saúde. Como foi dito
anteriormente, quando se investe em saneamento básico, acontece uma melhoria
substancial na saúde já que diminuem as internações e as consultas médicas pois o que
mais onera o sistema público de saúde são as internações por diarreias ou por
contaminação de parasitas causados pela falta de saneamento básico (SOUZA; LEITE
FILHO, 2008)
Quando foi perguntado qual o destino final do esgoto coletado tendo como opções
rios, estação de tratamento e não sabem, observa-se nas figuras 3, 3.1, 3.2 e 3.3. que:
28%
56%
5%11%
0%
Saúde
Educação
Segurança pública
Saneamento básico
Não sabe
49%
26%
18%5%
2%
Saúde
Educação
Segurança pública
Saneamento básico
Não sabe
Figura 3 Gráfico da percepção dos professores sobre destino do esgoto sanitário.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 3.1 Gráfico da percepção dos alunos do ensino superior sobre destino do
esgoto sanitário
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 3.2 Gráfico da percepção dos alunos do ensino médio sobre destino do esgoto
sanitário
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Figura 3.3 Gráfico da percepção dos alunos do ensino técnico sobre destino do esgoto
sanitário
57%
13%
30%
Rios
Estação de tratamento
Não sabe
61%14%
25%
Rios
Estação de tratamento
Não sabe
50%
17%
33%
Rios
Estação de tratamento
Não sabe
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
A percepção dos entrevistados em relação a essa pergunta foi que o esgoto coletado
vai direto para o rio ficando os professores com 57%, estudantes do ensino superior 61%,
estudantes do ensino médio 50% e os estudantes do curso técnico com 55%, mas em
média 30% não sabiam ou não tinham nenhuma ideia de qual seria o destino do esgoto
coletado. 13% acreditam que o destino seria para uma estação de tratamento. Nessa
questão ficou claro que grande parte dos entrevistados sabe que não existe em Governador
Valadares uma estação de tratamento de esgoto. Na pesquisa IBOPE (2012), 31%
responderam que vão direto para o rio,19% disse ir para uma estação de tratamento e 29%
não souberam responder. A porcentagem dos que não sabem é bem representativa.
De acordo Moretto e Schons (2007) a melhoria do sistema de saneamento básico de
determinada região, pode resultar em um maior padrão de desenvolvimento daquele local.
Dessa forma, foi questionado aos entrevistados quais áreas teriam mais benefícios com
investimentos feitos em saneamento básico. A Figura 4 traz os resultados.
Figura 4- Gráfico da percepção dos professores sobre investimento em saneamento
básico
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Analisando a Figura 4, observa-se de forma quase unânime, que a maioria dos
entrevistados disseram que os itens saúde e meio ambiente são os que mais se beneficiam,
55%
9%
36%
Rios
Estação de tratamento
Não sabe
22%
21%
9%8%
15%
3%
12%10%
0%
Saúde
Meio ambiente
Educação
Geração de empregos
Habitação
Segurança
Lazer
caso determinado local receba melhores investimento em saneamento básico. Essa
resposta contradiz a questão quatro em que se pediu para que eles numerassem em grau
de importância de 1 a 4 os itens saúde, educação, segurança e saneamento. Na percepção
dos entrevistados o saneamento foi o serviço de menor importância, mas quando
determinada área apresenta um bom saneamento básico eles conseguem perceber de
imediato que a saúde é beneficiada. Porém, não conseguiram perceber que saneamento
básico está diretamente ligado a saúde pública. Percebe-se então que os entrevistados não
tem suas escolhas bem fundamentadas, não apresentam possuir uma percepção ambiental
sobre saneamento básico e suas relações com outros serviços como por exemplo a saúde.
Na pesquisa Trata Brasil também não foi diferente, a saúde ficou com 73%, meio ambiente
com 37% e educação com 23%.
Outra questão muito importante ao se falar de saneamento básico é a drenagem
urbana, principalmente no leste mineiro no ano de 2014, quando houve um grande volume
pluviométrico, o que ocasionou grandes destruições nesta parte do nosso estado. A questão
de número 11 diz respeito a este item.
Figura 5- Gráfico da percepção dos estudantes e servidores sobre as melhorias em
saneamento, na cidade de Governador Valadares
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
Com exceção dos professores que acharam que houve uma considerável piora neste
item, todos os outros acham que a drenagem manteve-se a mesma na cidade de
Governador Valadares (64%). Percebe-se que a situação hoje da drenagem urbana em
Governador Valadares piorou muito, não teve um planejamento e não acompanhou o
desenvolvimento da cidade.
Um exemplo dessa situação é o loteamento Ouro Verde, ao lado do IFMG, mal
planejado que na época de chuva gera inúmeros problemas inclusive com o transporte até o
campus que fica comprometido por conta da estrada. Na pesquisa Trata Brasil 39% afirmou
que não mudaram, permaneceram iguais e 32% disseram que melhoraram pouco.
Foi questionado aos entrevistados se os mesmos costumavam realizar algum tipo de
cobrança quando se sentiam lesados em termos de condições de saneamento básico, a
0%
25%
64%
11%
Melhorou muito
Melhorou pouco
Não mudou
Pioraram muito
grande maioria dos entrevistados, em média 80%, não executam qualquer tipo de cobrança
junto ao serviço público para que haja melhoria no setor de saneamento básico. Dessa
forma, o setor fica esquecido pelo poder público que acaba dando atenção para saúde,
educação e segurança porque esses mesmos são cobrados pelos cidadãos. Além disso, as
melhorias nesses setores podem gerar maior ganho político, as obras são vistosas, não
ficam escondidas como os investimentos feitos em saneamento básico. Na pesquisa Trata
Brasil não foi diferente, 75% não fazem nenhum tipo de cobrança. Confirma-se novamente
que essas cobranças em saneamento básico não são feitas porque os entrevistados não
percebem que o saneamento básico está diretamente ligado, associado a qualidade da
saúde pública.
Se não houvesse saneamento básico de certo a população enfrentaria algum
problema negativo como mostra a figura 7.
Figura 7- Gráfico da percepção dos professores sobre as consequências da falta de
saneamento básico.
Fonte: Própria Autora, Fev.2014
De acordo com a figura 7, dos entrevistados, os professores foram os únicos em dizer
que a contaminação do solo (21%), além da saúde (25%), seria um item de forte
comprometimento, visto que os mananciais seriam gravemente atingidos na presença de um
saneamento básico comprometido. A grande maioria dos entrevistados reconhecem que tal
deficiência implicaria diretamente sobre a saúde pública, manifestando-se através de
doenças. Mais uma vez, fica claro que os entrevistados percebem que a falta de
saneamento básico afeta a saúde, mas o grau de importância dado ao saneamento básico,
na resposta de número quatro no questionário em anexo, por esses mesmo entrevistados foi
o de último lugar. A pesquisa IBOPE registrou que 70% dos problemas negativos afetam a
saúde, ficando o mau cheiro com 44% e contaminação do solo com apenas 20%. Os efeitos
25%
2%
2%
11%
5%6%6%
3%
21%
0% 19%
0%
Doenças (problemas desaúde)Desvalorização imobiliária
Mal cheiro
Enchente
Presença de ratos
Acúmulo de sujeira nas ruas
Presença de insetos (mosca)
Entupimento
Contaminação de solo
Outros
Poluição dos rios
Não sabe
negativos da falta de saneamento básico vão além dos problemas de saúde pública
podendo alterar a qualidade dos recursos hídricos, com uma drenagem inadequada, e
contaminação do solo, com o descarte inadequado dos resíduos sólidos e despejo de
esgotos in natura (TUCCI, 2002).
Quando questionado quem seria o principal responsável pelos serviços da área de
saneamento básico, 68% do ensino médio responderam ser o governo municipal, assim
como 62% dos alunos do ensino técnico e 77% do ensino superior. Também os professores,
com 73% responderam corretamente essa questão, semelhante à pesquisa do Trata Brasil
em que 55% também dizem ser das prefeituras a responsabilidade pelos serviços de
saneamento básico.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho evidencia-se que a percepção dessa comunidade acadêmica
é muito semelhante à de outras cidades no Brasil, conforme pesquisa IBOPE para o Instituto
Trata Brasil (2012). A escolaridade aqui não interferiu na percepção ambiental dos
entrevistados. Com relação a coleta, os entrevistados demostraram entender os percursos e
o destino do esgoto a partir do momento que saem de suas casas. A minoria acredita ter
uma estação de tratamento e poucos desconhecem o destino do esgoto de sua cidade.
Os entrevistados estão insatisfeitos com os serviços prestados mas não engajam para
cobrar melhorias. Eles reconhecem os quatro tipos de serviço que enquadram o
saneamento básico (tratamento de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta de lixo e
drenagem urbana), reconhecem que a prefeitura é o principal responsável, e que a
ausências desses serviços traz impactos negativos para a qualidade de vida mas ainda há
muito a ser feito para mudar a percepção ambiental dos cidadãos que ainda continuam a
priorizar a saúde, educação e segurança e não relacionam diretamente saneamento básico
com saúde pública.
Enquanto o cidadão não procurar entender sobre o assunto ou não saber cobrar do
poder público a necessidade de se ter um bom saneamento básico e que esse assunto é
mais importante que os outros serviços cobrados por eles é difícil conseguir uma melhoria
na saúde e uma melhor qualidade de vida.
A administração pública, na maioria das vezes, não toma esta área como prioritária,
desconsiderando os impactos positivos trazidos pelos investimentos em saneamento nas
cidades. É cada vez mais urgente informar a população sobre a influência que os quatro
componentes do saneamento básico exercem sobre sua saúde. Do mesmo modo é
necessário informar às autoridades, principalmente os políticos, de modo que o saneamento
básico venha a ser um serviço tão prioritário quantos outros serviços públicos.
Por conseguinte, a alteração desse ambiente de desconhecimento de um tema tão
importante como saneamento básico deveria ser uma tarefa prioritária nos cursos
promovidos pelo IFMG, principalmente no curso de gestão ambiental, e se faz urgente a
adequação da grade curricular, com a inclusão de uma matéria exclusiva sobre saneamento
básico. Essa mudança serviria de base para que o corpo discente, apoiado pelos docentes,
expandissem os conhecimentos adquiridos em sala de aula, em forma de simpósio,
encontros ou seminários, com ampla participação da sociedade valadarense para uma
mudança cultural no Vale do Rio Doce.
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Apêndice 1
Questionário
Este questionário faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental, intitulado: “A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIDORES EESTUDANTES DO IFMG-
GV EM RELAÇÃO AO SANEAMENTO BÁSICO E A RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO” e tem
como principal objetivo analisar a percepção ambiental dos servidores e estudantes sobre o
saneamento básico.
Asseguramos seu anonimato e que a divulgação dos resultados não permitirá sua identificação,
tendo em vista que os mesmos serão tratados em conjunto com os demais participantes e refletirão
as características do grupo como um todo e não dos indivíduos separadamente. Reitero que os dados
obtidos serão utilizados com fins exclusivamente acadêmicos.
Desde já agradecemos sua valiosa colaboração.
Identificação *
Aluno (a) : Período/ano _____e curso ____________________
Técnico (a) Administrativo (a) em Educação
Professor (a)
Grau de instrução
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado
Sexo: ( ) F ( ) M
Condição Ambiental do bairro onde mora Qual bairro mora? ________________________
( ) ótimo ( ) bom ( ) ruim ( ) muito ruim
1. O que é SANEAMENTO BÁSICO para você? Marque quantos itens desejar.
( ) Coleta de esgoto ( ) Tratamento de agua ( ) Limpeza publica ( ) Coleta de lixo ( ) Limpeza de bueiros
( ) Despoluição de rios ( ) Drenagem Urbana ( ) Outros _____________________ ( ) Não sabe
2. O escoadouro do banheiro de sua residência é ligado à:
( ) Rede pública de esgotos
( ) Fossa séptica/fossa rudimentar,
( ) Direto no rio/direto no
córrego/vala/sumidouro,
( ) Não coletado
( ) Não sabe
3. Em sua opinião em qual destas áreas de sua cidade (ou seu bairro) está tendo maiores
problemas? Coloque 1 para primeiro lugar, 2 para segundo e 3 para terceiro (Somente 3
escolhas).
A) ( ) Saúde
B) ( ) Segurança
C) ( ) Drogas
D) ( ) Educação
E) ( ) Transporte coletivo
F) ( ) Esgoto
G) ( ) Transito
H) ( ) Calçamento e
pavimentação
I) ( ) Empregos
J) ( ) Limpeza pública
K) ( ) Abastecimento de água
L) ( ) Coleta de lixo
M) ( ) Crescimento da
população
N) ( ) Habitação
O) ( ) Iluminação pública
P) ( ) Drenagem urbana
Q) ( ) Meio ambiente
R) ( ) ocupação desordenada
S) ( ) lazer
T) ( ) Assistência social
U) ( ) Nenhuma destas
4. Para o (a) Sr(a) o serviço na área de citada abaixo é muito importante ou pouco importante?
Numere de 1 a 4 em grau de importância pra você. Sendo o 1 de maior importância e o 4 de
menor importância
A) ( ) Saúde
B) ( ) Educação
C) ( ) Segurança pública
D) ( ) Saneamento básico
E) ( ) Não sei
5. Existe esgoto a céu aberto e/ou córregos nas proximidades de sua residência, pensando em
aproximadamente um quarteirão de distância de sua casa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
6. Você sabe para onde vai o esgoto coletado da sua cidade?
( ) Rio / esgotos ( ) Estação de tratamento ( ) Não sei
7. Alguns estudos mostram que investimento em áreas específicas podem influenciar
positivamente outras áreas. Pensando nisso, quais dessas áreas o(a) sr(a) diria que podem ser
beneficiadas quando são feitos investimentos na área de saneamento básico?
( ) Saúde
( ) meio ambiente
( ) educação
( ) geração de empregos
( ) habitação
( ) Segurança
( ) Lazer
( ) Turismo
( ) Não sabe
8. Você diria que os serviços de coleta do esgoto que o seu domicilio recebe são?
( ) Totalmente adequados
( ) parcialmente adequados
( ) inadequados
( ) não sabe / não respondeu.
9. Qual a sua opinião sobre o serviço prestado no tratamento de água de sua cidade?
A. ( ) Totalmente satisfeito
B. ( ) satisfeito
C. ( ) parcialmente satisfeito
D. ( ) insatisfeito
E. ( ) outros
10. Qual a sua opinião sobre o serviço prestado de limpeza urbana (coleta, transporte, tratamento e
destino final do lixo) de sua cidade?
A.( ) Totalmente satisfeito
B.( ) satisfeito
C.( ) parcialmente satisfeito
D.( ) insatisfeito
E.( ) outros
11. Nos último anos o que você diria da drenagem urbana de sua cidade?
A. ( ) Melhorou muito
B. ( ) Melhorou pouco
C. ( ) Não mudou/ permaneceram iguais
D. ( ) Pioraram muito
12. A coleta de lixo é realizada de forma adequada no seu bairro?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
13. Pensando na administração municipal dos últimos 4 anos , o(a) sr(a) diria que os serviços na área
de saneamento ( coleta de esgoto, coleta de lixo, distribuição de água etc...) do seu bairro:
( ) Melhoraram muito ( ) Melhoraram um pouco ( ) Não mudaram /permaneceram iguais
( ) Pioraram um pouco ( ) Pioraram muito ( ) Não sabe /não respondeu.
14. O(a) sr(a) costuma fazer algum tipo de cobrança ou reivindicação para que os serviços de
saneamento básico melhorem?
( ) Sim ( ) Não
15. Aponte algum tipo de consequência negativa pra você que pode ocorrer em função da falta de
saneamento básico? Numere de 1(maior importância) a 4 (menor importância) em grau de
importância:
( ) Doenças (problemas de saúde) ( ) Desvalorização imobiliária ( ) Mal cheiro ( ) Enchente ( ) Presença de ratos
( ) Acumulo de sujeira nas ruas
( ) Presença de insetos ( moscas)
( ) Entupimento
( ) Contaminação do solo
( ) Outros
( ) Poluição dos rios
( ) Não sei
16. Você sabe, qual desses é o principal responsável pelos serviços da área de SANEAMENTO
BÁSICO?
( ) Governo federal ( ) Governo estadual/estado ( ) Governo municipal/ prefeitura ( ) Empresas privadas ( ) Não sabe/não lembra.
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