DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO NO ESPAÇO PÚBLICO: UMA ANÁLISE
DA TEORIA DE HABERMAS SOBRE O CONSELHO MUNICIPAL DE
POLÍTICA URBANA DE NITERÓI E AS CONFERÊNCIAS DAS CIDADES
Córa Hisae Monteiro da Silva Hagino∗
RESUMO O tema central deste trabalho é compreender a democracia e a participação popular nos
espaços públicos. Procuraremos demonstrar de que forma o COMPUR (Conselho
Municipal de Política Urbana de Niterói) e as Conferências das Cidades têm se tornado
um instrumento de legitimação das decisões do Poder Público nesses espaços. Para isso,
faremos uma análise da teoria de Jürgren Habermas, tais como a utilização dos
conceitos de “sistema” e “mundo da vida” para a explicação do processo de colonização
do “mundo da vida” pelo “sistema”. E, ainda, analisaremos a Escola de Frankfurt, as
razões instrumental e comunicacional e a ação comunicativa. Por fim, procuraremos
ressaltar a importância que esses mecanismos de deliberação possuem enquanto
instrumentos de gestão democrática na formulação de propostas de desenvolvimento
urbano e de mecanismos de participação popular. No entanto, para que isso ocorra, é
necessário que haja a reconquista dos espaços do “mundo da vida” que foram
dominados pelo “sistema”. A metodologia consistiu em visitas às Conferêcias das
Cidades realizadas em Niterói e Itaboraí, entrevistas com membros do COMPUR
(Conselho Municipal de Política Urbana de Niterói) e, ainda, em participação nas
reuniões mensais desse órgão.
PALAVRA-CHAVE: HABERMAS, ESPAÇO PÚBLICO, EMANCIPAÇÃO .
ABSTRACT
The main point of this work is understanding the development of the democracy and the
popular participation in the public space. We will demonstrate that the Urban Politics
∗ Professora substituta da UFRJ e Mestranda em Sociologia e Direito pelo Programa de Pós graduação em Sociologia e Direito da UFF.
2534
Council and the Cities Conferences have been become an instrument of legitimation of
the decisions of the State in the public space. For this, we will make an analysis of the
Jurgen Habermas theory, such as the use of his “system” concepts and “world of the
life” for the explanation of the process of settling of the “world of the life” for the
“system”. And, still, we will analyze the Frankfurt Scholl, the instrumental and
comunicacional reasons and the comunicative action. Finally, we will look for to stand
out the importance that these mechanisms of deliberation while instruments of
democratic management in the creation of proposals of urban development and
mechanisms of popular participation. However, so that this occurs, it is necessary that it
has reconquers it of the spaces of the world of the life that had been dominated by the
“system”. The methodology consisted in visits to the Cities Conference in Niterói and
Itaboraí, interviews with COMPUR(Urban Politic Coincil from Niterói) members and
participation in monthly meetings in this institution.
KEY-WORD: HABERMAS, PUBLIC SPACE, EMANCIPATION.
INTRODUÇÃO
O tema a ser apresentado nesse artigo surgiu em uma atividade de
extensão iniciada há três anos, que consistiu no acompanhamento das reuniões
ordinárias e extraordinárias do Conselho Municipal de Política Urbana (COMPUR) de
Niterói e das Conferências Municipais das Cidades de 2005 e 2007, Conferência
Regional do Eixo Leste Metropolitano de 2005 e Conferência Estadual das Cidades de
2005.
A escolha desses espaços se deu em razão de serem espaços públicos que
deliberam sobre o espaço urbano através de uma simetria no processo comunicativo, em
que cada indivíduo possui liberdade para se expressar, buscando o entendimento.
Foram analisadas as atas das reuniões ordinárias e extraordinárias, além da
legislação pertinente, como a Lei 2.123 de 03 de fevereiro de 2004, que criou o
Conselho Municipal de Política Urbana de Niterói (COMPUR) e o Estatuto da Cidade.
2535
E, ainda foi realizada observação etnográfica no (COMPUR) e nas Conferências das
Cidades.
Procurarei demonstrar de que forma o Conselho Municipal de Política Urbana e
as Conferências das Cidades, órgãos cujo objetivo é uma busca de maior autonomia e
democratização no processo de escolha das diretrizes urbanas, têm se tornado um
instrumento de legitimação das decisões do Poder Público.
Para isso, faremos uma análise da teoria de Jürgen Habermas, tais como a
utilização dos conceitos de sistema e mundo da vida para a explicação do processo de
colonização do mundo da vida pelo sistema. E, ainda, analisaremos a Escola de
Frankfurt, a razão instrumental, comunicacional e a ação comunicativa. Por fim,
procuraremos ressaltar a importância que esses mecanismos de deliberação possuem
enquanto instrumentos de gestão democrática na formulação de propostas de
desenvolvimento urbano e de mecanismos de participação popular. No entanto, para que
isso ocorra, é necessário que haja a reconquista dos espaços do mundo da vida que
foram dominados pelo sistema.
Sendo assim, consistem como objetivos:
1) a aplicação da teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas no funcionamento do
Conselho Municipal de Política Urbana de Niterói e nas Conferências das Cidades;
2) demonstrar através da teoria da ação comunicativa a importância dos conselhos
municipais e das Conferências da Cidade enquanto órgãos de caráter deliberativo
emancipatório.
1) ESCOLA DE FRANKFURT
Jürgen Habermas integrou a Escola de Frankfurt, movimento intelectual que
estudou o marxismo de forma não ortodoxa, o que não vinha sendo feito até então. Três
momentos históricos vão influenciar essa escola. São eles: a revolução bolchevique na
ex-URSS, país economicamente atrasado, que resultou posteriormente no Stalinismo; o
fortalecimento do nazismo na Alemanha, país com operários organizados; o
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crescimento dos EUA enquanto país capitalista, sem que haja uma repressão explícita.
Esses fatores colocaram questionamentos que a teoria marxista não podia responder.
“Que fatores são estes que fazem com que milhões de pessoas sejam dominadas
por figuras como Hitler e Stalin, ou adequem-se ao status quo sob à égide da
sociedade de consumo e da indústria cultural? Por que os trabalhadores votam em
seu algozes? O que houve com a consciência de classe preconizada por Lukács?
Por que a ideologia burguesa penetrou tão fundo na consciência de classe operária?
Haverá, no ser humano, uma incapacidade intrínseca para a liberdade?” (PINTO,
1996, p.54)
Esses questionamentos serviram como base para a formulação de uma nova
teoria através de um estudo heterodoxo com contribuições do marxismo, psicanálise, da
estética, da história, da poesia.
Os representantes da primeira geração da Escola de Frankfurt foram Adorno,
Benjamin, Horkheimer. Habermas se filia à Escola na década de 30, como assistente de
Adorno.
A Escola de Frankfurt traz como ponto central a crítica ao caráter positivo da
razão moderna. Tanto os pensadores liberais quanto os marxistas acreditavam no poder
emancipatório da razão, no entanto, para os adeptos da Escola de Frankfurt essa
emancipação é um mito da modernidade, já que a razão moderna seria uma fator de
dominação.
A partir da década de 40, Habermas rompe com o pensamento da Escola de
Frankfurt, principalmente com relação à crítica da razão instrumental e ao pessimismo
exarcebado. Ele acredita que a razão instrumental é um fator de dominação, mas que é
apenas uma faceta da razão moderna. Para esse autor, a Escola de Frankfurt teria
desvirtuado o projeto original, enfatizando apenas a crítica à razão instrumental. Jürgen
Habermas comunga com essa crítica, mas tenta mostrar que a razão moderna
compreende outra razão, a razão comunicativa, e através dessa mudança de paradigma é
que se chegaria à emancipação.
“Eu vou argumentar que uma mudança de paradigma para a teoria da comunicação
torna possível retornar ao empreendimento que foi interrompido com a crítica da
razão instrumental; e isso nos permitirá assumir novamente as tarefas desde então
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negligenciadas de uma teoria crítica da sociedade.” (HABERMAS, 1984, apud
ARAGÃO, 1997, p.13)
2) RAZÃO INSTRUMENTAL E RAZÃO COMUNICACIONAL
Jürgen Habermas acredita ser a função da filosofia pensar a razão. “O pensar
filosófico se origina na reflexão sobre a ação corporificada no conhecimento, linguagem
e ação; e a razão permanece seu tema básico.” (HABERMAS, 1984, apud ARAGÃO, 1997, p.
25)
Habermas vai se ocupar com a temática da razão, porém através da linguagem e
não do conhecimento e da ação, como faziam outros autores. Ele critica Adorno, Weber
e Horkheimer, pois para ele, esses autores trabalhariam com um conceito limitado de
ação, confundindo a razão instrumental, típica da modernização capitalista, com a razão
da ação.
Esse autor parte da pressuposição de que as sociedades modernas são sociedades
complexas, em que há excesso de opções valorativas. Nessas sociedades haveria dois
tipos de razão, a razão instrumental e a razão comunicacional, que comporiam a razão
moderna. Habermas propõe então, uma mudança de paradigma, rejeitando o paradigma
da consciência e o substituindo pelo paradigma da comunicação.
Conclui Habermas,
“eu pretendo argüir que uma mudança de paradigma para o da teoria da
comunicação tornará possível um retorno á tarefa que foi interrompida(grifo do
autor) com a crítica da razão instrumental; e isto nos permitirá retomar as tarefas,
desde então negligenciadas, de uma teoria crítica da sociedade.” (HABERMAS,
1984, apud PINTO, 1996, p.72)
Habermas vai definir a razão instrumental e subjetiva como sendo a razão
que se revela no conhecimento e na ação. Ela é instrumental visto que permite ao sujeito
controlar teoria e prática sobre a natureza. E é subjetiva, porque privilegia o sujeito que
detém o conhecimento em detrimento do objeto manipulado. Para que haja essa
subjetividade é necessário que haja a autoconsciência, que seria a relação do sujeito
cognoscente consigo mesmo.
2538
A razão instrumental ou razão prática é criticada por Habermas por ser uma
fonte de normas do agir. Esse tipo de racionalidade seria produzido e imposto pelo
sistema. É uma racionalidade que não pensa o sujeito, voltada para fins e não para o
entendimento. É a razão típica da modernidade capitalista, que tenderia à dominação
através dos sistemas.
Através da análise dos processos lingüísticos, Habermas adota a linguagem
como um novo paradigma filosófico. Nesse contexto, a razão comunicativa só é
possível em função do medium lingüístico, através do qual as interações se interligam,
possibilitando o entendimento. Esse tipo de razão teria o poder de emancipação.
“[...]A forma como esta razão será desenvolvida por Habermas difere-se,
substancialmente, da razão desenvolvida pelos pensadores do iluminismo: a razão não é
mais produzida por um sujeito(individual ou coletivo)mas encontra sua produção no
próprio processo de comunicação entre sujeitos.”(ALVIM, 2006, p.56)
A teoria da racionalidade de Habermas está ligada a uma prática da
argumentação, que é uma opção quando não há consenso, capaz de produzir
entendimento, sem apelar para o uso da força ou ação estratégica.
A argumentação constitui um importante processo de aprendizagem, pois a
racionalidade submetida à crítica pode ser melhorada, identificando-se os erros e os
corrigindo.
A racionalidade comunicativa aponta para a argumentação quando não se pode
ou não se consegue resolver uma situação através da comunicação corriqueira. Seu
objetivo é alcançar entendimento, através do consenso. Para que haja entendimento, não
pode haver coerção, somente o convencimento motivado pela razão pode ser utilizado.
“Somos assim lançados numa exigência de argumentação por parte da
racionalidade comunicativa para avaliar as pretensões de validade conectadas com
as expressões, e substituir o uso da força externa por um tipo de comunicação que
implica não-coercitividade, como é o caso da ação comunicativa que visa alcançar
o entendimento.” (ARAGÃO, 1997 p.36)
2539
3) AÇÃO COMUNICATIVA
A ação comunicativa ocorre
“...sempre que as ações dos indivíduos são coordenadas, não através de cálculos
egocêntricos de sucesso, mas através de atos de alcançar o entendimento. Na ação
comunicativa os participantes não estão orientados para o seu próprio sucesso
individual, eles buscam seus objetivos individuais respeitando a condição de que
podem harmonizar seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de
situação. Assim, a negociação da definição de situação é um elemento essencial do
complemento interpretativo requerido pela ação comunicativa.” (HABERMAS,
1984, apud PINTO, 1996, p.75)
Habermas então dispõe que a ação comunicativa é a interação de dois ou mais
sujeitos, capazes de se comunicar e agir, que estabelecem relações com a finalidade de
alcançar uma compreensão sobre a interação, coordenando suas ações por meio do
entendimento.
A ação comunicativa se contrapõe à ação estratégica. Na primeira, os sujeitos
visam um entendimento sobre uma dada situação, coordenam seus planos de ação
através de um consenso. Já na ação estratégica, um dos participantes busca realizar
intenções próprias.
No processo de ação comunicativa, os sujeitos que se comunicam, remetem-se a
pretensões de validade criticáveis quanto à sua veracidade, correção normativa e
autenticidade, cada uma delas se refere respectivamente a um mundo objetivo, social e
subjetivo. O mundo objetivo representaria a totalidade de entidades sobre as quais são
possíveis afirmações verdadeiras. O mundo social que seria a totalidade de relações
interpessoais reguladas. Por fim, o mundo subjetivo se relaciona com as experiências à
qual o falante tem um acesso privilegiado e que pode se expressar perante a um público.
A ação comunicativa possui um caráter emancipatório, pois quando os homens
se comunicam com outros, pensam ou agem de forma racional, se libertam de todo tipo
de misticismo e das formas de poder impostas pelas instituições. Ela combate a coação
interna e externa e, ainda, a dominação social, promovendo a emancipação.
2540
Segundo Habermas (2003, p.25), “o conceito do agir comunicativo atribui às
forças ilocucionárias da linguagem orientada ao entendimento a função importante de
coordenar a ação .” Para ele, a linguagem só vai ter importância sob o aspecto de uma
teoria da ação comunicativa. Ela é sempre medium, permitindo estabelecer relações
entre o sujeito e o mundo.
“A linguagem é o médium do agir orientado pelo entendimento, através do qual o
mundo da vida se reproduz e os próprios componentes do mundo da vida se
entrelaçam entre si. O mundo da vida forma uma rede de ações comunicativas.”
(HABERMAS, 2003, p.85)
4) MUNDO DA VIDA
O mundo da vida é o pano de fundo da ação comunicativa, onde "os atores
comunicativos situam e datam seus pronunciamentos em espaços sociais e tempos
históricos." (HABERMAS, 1987, p.131) Ele seria adquirido a partir de estruturas não
variáveis existentes nas sociedades, as estruturas da ação e de entendimento mútuo de
seus membros. O mundo da vida é um conjunto de pressuposições dos sujeitos capazes
de pensar, agir e falar, que resulta em um pano de fundo comum, tornando possível a
comunicação através conteúdos pré estabelecidos, que permite que os sujeitos se
entendam. É um pressuposto nos processos comunicativos, pois define sobre o que pode
haver entendimento.
Os participantes da atividade comunicativa se movem comumente no mundo da
vida, que é não questionado. Citado por Aragão (1997), Habermas (1984),
complementa:
"O mundo só ganha objetividade quando conta com um e mesmo mundo para a
comunidade de sujeitos falantes e agentes. O conceito abstrato de mundo é uma
condição necessária para que os sujeitos, agindo comunicativamente, alcancem
entendimentos entre si sobre o que acontece no mundo ou deve nele ser produzido.
Através dessa prática comunicativa, se asseguram ao mesmo tempo de suas
relações de vida comuns, de um mundo-de-vida intersubjetivamente partilhado.
2541
Este mundo está limitado pela totalidade de interpretações pressupostas pelos
membros como conhecimento de pano de fundo."
O mundo da vida se divide em três componentes: cultura, sociedade e pessoa. A
cultura seria o conhecimento acumulado do qual os sujeitos utilizam interpretações para
compreender algo no mundo. A sociedade pode ser compreendida através de ordens
legítimas utilizadas pelos agentes para regular suas relações. A pessoa seria o que faz
com que um sujeito tenha capacidade de falar e agir.
Quanto às características do mundo da vida, a primeira é o caráter não
problemático, pois é aceito sem questionamentos no senso comum. A segunda
característica é que o mundo da vida é anterior ao desacordo e não pode ser controverso
como o conhecimento intersubjetivo pode, pois o mundo da vida é comum a todos. A
terceira é que não se pode ultrapassar os limites do mundo da vida, embora ele
estabeleça limites.
A ação comunicativa e o mundo da vida estão intimamente relacionados, visto
que a ação comunicativa reproduz simbolicamente as estruturas do mundo da vida,
como a cultura, a sociedade e a pessoa. Ação comunicativa renova o saber cultural,
propicia a integração social e, ainda, serve à formação da personalidade.
"O mundo da vida é, por assim dizer, o lugar transcedental onde se encontram
falantes e ouvintes, onde podem erguer reciprocamente pretensões de que suas
asserções se adequam ao mundo (objetivo, social ou subjetivo) e onde eles podem
criticar e confirmar pretensões de validade, acertar seus desacordos e chegar a
acordos." (HABERMAS,1984 apud ARAGÃO, 1997, p.46)
5) SISTEMA
A sociedade é entendida simultaneamente como mundo da vida e sistema para
Jürgen Habermas. A sociedade é vista por esse autor como "complexos de ação
sistematicamente estabilizados de grupos socialmente integrados." (HABERMAS,
1987, p. 81)
No processo de evolução social, a racionalização do mundo da vida conquista
cada vez mais espaço, implicando na crescente demanda de mecanismos linguísticos
calcados no entendimento. No entanto, estes ficam sobrecarregados. Essa sobregarca
2542
cumulada com o aumento da diferenciação sistêmica deixou um espaço em aberto, que
foi ocupado pelos mecanismos não linguísticos, tais como o dinheiro, o poder e a
burocracia, que passaram a coordenar as ações, colocando em segundo plano os
processos comunicativos.
A ruptura entre o mundo da vida e o sistema se dá em razão do dinheiro e poder,
representados pelos subsistemas da economia e do estado, que estão fora do mundo da
vida. Esses subsistemas possibilitam a formação da ação social formalmente organizada,
abandonando os mecanismos de entendimento mútuo.
"Com essas novas organizações surgem perspectivas sistêmicas, das quais o mundo
da vida é distanciado e percebido como um elemento do meio ambiente do sistema.
As organizações ganham autonomia através de uma demarcação que as neutraliza
frente às estruturas simbólicas do mundo da vida. Tornam-se peculiarmente
indiferentes à cultura, à sociedade, e à personalidade. (HABERMAS, 1987 p. 81)"
Com a cisão entre sistema e mundo da vida, o sistema se distancia cada vez mais
do mundo da vida, que perde espaço na sociedade capitalista moderna. As ações passam
a ser reguladas por mecanismos não linguísticos, fazendo com que a interação social se
torne desnecessária para coordenar a ação. A atividade passa a ser, então, dirigida a fins.
Os fatos descritos anteriormente promovem um paradoxo, já que a o aumento da
racionalização do mundo da vida possibilita o crescimento da esfera sistêmica, que se
volta contra o mundo da vida.
O sistema é representado por mecanismos auto regulados, como o mercado ou a
burocracia. Quando esses imperativos dominam as esferas públicas e privadas, ocorre o
processo que é descrito por Habermas como colonização do mundo da vida, que gera
patologias.
Habermas, então propõe a descolonização do mundo da vida pelos sistemas,
através de uma desregulamentação e desmonetarização de suas estruturas. Nesse
contexto, o papel dos conselhos e conferências, espaços públicos autônomos, pode ser
útil no processo de descolonização, promovendo a emancipação social.
2543
6) ESFERA PÚBLICA E ESPAÇO PÚBLICO
O espaço público seria uma construção da sociedade moderna, onde indivíduos
debatem sobre a regulação do Estado em um local diferenciado de poder. O espaço
público reside na esfera pública, que segundo Habermas (2003, p.92) seria: "uma rede
adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posição e opiniões; nela os
fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem em
opiniões públicas enfeixadas em temas específicos."
A esfera pública se reproduz através do agir comunicativo, constituindo uma
estrutura comunicacional do agir orientado pelo entendimento.
No espaço público existe uma liberdade comunicativa. Mas o sucesso desse
espaço não deve ser medido pela produção generalizada de opinião, mas por critérios
racionais de formação de uma opinião pública qualificada. “O espaço público melhor se descreve como uma rede permitindo comunicar conteúdos
e tomadas de posição, e desta forma, opiniões; os fluxos de comunicação são nele
filtrados e sintetizados de maneira que se condense em opiniões públicas reagrupadas
em função de um tema específico. Tanto como o mundo da vida no seu conjunto, o
espaço público se reproduz ele também pelo meio da atividade comunicacional, o
conhecimento de uma língua natural sendo suficiente para dela participar; importa para
ele que a prática cotidiana da comunicação esteja ao alcance de todos. ”(ALVIM, 2006
p.60 e 61)
Na esfera pública se luta por influência política, que é formada nessa esfera.
Alguns atores que ocupam uma esfera pública já constituída se aproveitam dela, como
no caso de grandes grupos de interesses, organizados em sistemas de funções, que
exercem influência no sistema político através da esfera pública. Eles tentam manipular
a opinião pública conforme seus interesses, mas não podem exercer coerção ou comprar
a opinião publicamente.
A sociedade civil pode ter opiniões públicas próprias, podendo influenciar o
Estado, fazendo com que o sistema político possa ser alterado. Entretanto, na sociedade
moderna, dominada pelo poder e mídia, nem sempre isso é possível. Os movimentos
sociais, associações, sindicatos, ou seja, os agrupamentos da sociedade civil nem
sempre possuem força política e de compreensão para reorientar os processo de decisão.
2544
A seguir, passaremos a analisar o Conselho Municipal de Política Urbana de
Niterói e as Conferências das Cidades, por serem espaços onde a opinião pública da
sociedade civil pode alterar os rumos das decisões políticas.
7) CONFERÊNCIAS DAS CIDADES
O aumento da urbanização no Brasil entre 1950 e 2000 subiu de 30% para 80% 1
gerando problemas como a degradação dos meios natural e cultural, oriunda do
desenvolvimento desordenado. Ao mesmo tempo, houve um forte crescimento do
tamanho das cidades e uma excessiva concentração em aglomerados urbanos.
Nesse contexto, foi criado em 2001 o Estatuto da Cidade (Lei Federal
10.257/2001) que traz inovações quanto aos mecanismos de gestão democrática e
instrumentos a serem utilizados pelo poder público a fim de conter a especulação
imobiliária, como o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação compulsória. E, em
2003, foi criado o Ministério das Cidades, cujas atribuições incluem as políticas de
habitação, saneamento ambiental, trânsito e transporte urbano e programas necessários
ao desenvolvimento urbano.
O Ministério das Cidades convocou a primeira Conferência Nacional das
Cidades, cujo propósito seria definir uma política de desenvolvimento urbano a ser
construída pelo governo federal. Para tanto, se fez necessária uma ampla mobilização
social e o esforço conjunto do poder público e da sociedade civil no processo de debate
e na construção coletiva de políticas urbanas. Nesse movimento, o Ministério das
Cidades elegeu a escala municipal como a base dos debates e proposições da
conferência, que se desdobraria em Conferências Regionais, Estaduais e na Conferência
Nacional. Dentro desse contexto, os conselhos municipais de política urbana têm como
papel a convocação da Conferência Municipal das Cidades, além de acompanhar a
implementação das medidas aprovadas nessas conferências.
Alguns dos temas debatidos na Conferência das Cidades são: participação e
controle social, política urbana regional e metropolitana, financiamento do
desenvolvimento urbano e questão federativa.
1 Essas informações foram retiradas do sítio www.ibge.gov.br, acessado em 20 de agosto de 2007.
2545
A primeira Conferência Municipal da Cidade de Niterói ocorreu em 2003, a
segunda em 2005 e a terceira em 2007. Contudo, nosso objeto de análise será a segunda
e a terceira Conferência Municipal da Cidade de Niterói.
Na Conferência das Cidades de 2005 várias propostas foram aprovadas pelos
diversos segmentos sociais, como a construção de habitação popular ou uma maior
arborização no caminho Niemeyer. Ambas as medidas não foram implementadas, assim
como boa parte de outras medidas aprovadas, o que gerou conseqüências, como a baixa
participação popular na Conferência das Cidades de 2007, um verdadeiro esvaziamento
desse espaço. Enquanto na Conferência de 2005 houve grande disputa dentro dos
movimentos sociais e outras categorias para ser delegado2 do evento, na de 2007
sobraram vagas.
Os espaços públicos vêm sendo esvaziados progressivamente em razão da
alienação e desinteresse, típicos das sociedades contemporâneas, oriundos da
colonização do mundo da vida pela esfera dos sistemas.
Para tentar não repetir o erro das conferências anteriores, a terceira Conferência
das Cidades se pautou em dar maior efetividade às conquistas das outras conferências.
Cada proposta foi feita juntamente com as ações necessárias a serem realizadas e com
os atores sociais envolvidos no processo, com a finalidade de garantir que a proposta
seja realmente efetivada. Abaixo veremos um exemplo do que foi feito:
Proposta 1:
Destinação social das áreas públicas
Ação:
Negociação das terras públicas da União e do Estado nos termos da Lei 11481/2007
para habitação popular para famílias com renda de 0 até 3 salários mínimos e
regularização fundiária para famílias com renda até 5 salários mínimos, a partir de um
cadastro destas terras e de uma avaliação do seu uso e ocupação com vistas a verificar o
cumprimento da função social da propriedade.
Atores: 2 Há duas formas de participação. Na primeira, a pessoa é escolhida pela categoria que representa para ser delegado na Conferência das Cidades. Esse representante pode votar nas propostas e tem direito à voz, ou seja, pode debater no espaço público de discussão. Na segunda forma de participação, há apenas o direito à voz, em qualquer um pode participar do debate, Sem ter sido eleito para tal por sua categoria.
2546
Prefeitura Municipal de Niterói, Câmara Municipal, Instituto de Terras do Estado do
Rio de Janeiro, INSS, Procuradoria Geral do Estado, Ministério das Cidades.
A intenção de obter maior efetividade não gerou resultados, tendo em vista que
essa proposta e algumas outras que foram aprovadas não foram realizadas pelo
Executivo.
8) O CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICA URBANA DE NITERÓI
O Conselho Municipal de Política Urbana (COMPUR) de Niterói foi criado com
a Lei 2.123 de 3 de fevereiro de 2004, que alterou o Plano Diretor, sendo presidido pelo
secretário de urbanismo de Niterói. O COMPUR é um órgão de natureza deliberativa e
de caráter permanente, que reúne membros do poder público e da sociedade civil no
intuito de propor, assessorar e estudar diretrizes para o desenvolvimento urbano
municipal.
A própria Lei que criou o COMPUR limitou sua atuação ao estabelecer que
ficaria vinculado funcionalmente ao órgão gestor da política urbana municipal, no caso,
à secretaria de urbanismo de Niterói. Essa mesma lei dispõe que o presidente do
conselho deverá ser indicado pelo poder executivo municipal. Por essa razão, desde o
início de seu surgimento, o conselho tem como presidente o secretário de urbanismo de
Niterói, que é hierarquicamente subordinado ao prefeito. Dessa forma, o mundo da vida
tem sido colonizado pela burocracia do sistema.
Quanto ao caráter deliberativo do COMPUR, há grande polêmica dentro do
próprio conselho e na Conferência Municipal das Cidades. Isso porque, a lei de criação
do COMPUR afirma que o conselho é deliberativo em suas atribuições, o que é
interpretado pelos integrantes do poder público como se o COMPUR tivesse caráter
meramente consultivo, pois segundo eles, essas atribuições não estariam muito bem
definidas. Essa posição é adotada pelo presidente do conselho, o que retira ainda mais a
autonomia do COMPUR. No entanto, as atribuições foram claramente fixadas pela Lei
2.123.
As atribuições do COMPUR consistem em propor, debater e aprovar diretrizes
para aplicação de instrumentos de política urbana, implantação de programas
2547
relacionados à questão urbana, avaliar a execução da política urbana municipal, propor a
criação de normas municipais de direito urbanístico, emitir recomendações sobre a
efetivação do Estatuto da Cidade, debater soluções alternativas para a gestão da cidade
no âmbito urbano e ambiental, promover a cooperação entre União, Estado, Municípios
da região metropolitana e sociedade com a finalidade de formular políticas integradas de
desenvolvimento municipal e regional, convocar a Conferência Municipal das Cidades a
cada dois anos, opinar sobre os assuntos que lhe forem remetidos pela sociedade e pelo
poder público e elaborar e aprovar o regimento interno.
Apesar das competências do COMPUR estarem estabelecidas em lei, muitas
vezes o executivo municipal as ignora e decide sozinho como agir. Ou então, essas
atribuições não são exercidas de maneira plena pelos conselheiros por desconhecimento.
Entretanto, se nem todos os participantes têm uma noção do poder do conselho, ele
deixa de ter um caráter emancipador e pode vir a se transformar em instrumento de
burocratização dos setores mais articulados e organizados.
A composição do COMPUR se dá através de 18 membros titulares e 18
membros suplentes, de acordo com a proporcionalidade estabelecida pelo Conselho
Nacional das Cidades, tendo cinco representantes indicados pelo Poder Executivo e dois
representantes indicados pelo Poder Legislativo, cinco representantes de movimentos
sociais e populares, dois representantes do segmento empresarial, dois representantes
indicados pelos trabalhadores, um representante indicado pelas entidades profissionais e
acadêmicas e um representante das organizações não governamentais.
A primeira reunião ocorreu no dia 4 de maio de 2004 no auditório da prefeitura
municipal de Niterói. Desde os primeiros integrantes até os dias atuais tem se verificado
uma baixa rotatividade. Em muitos casos, os participantes alternam entre conselheiros e
suplentes.
O COMPUR é aberto a toda a população que queira participar, que possui
apenas direito de voz, ou seja, pode argumentar sobre os assuntos debatidos, enquanto
apenas os conselheiros têm direito de voto. Contudo, as pessoas que não são
conselheiros raramente participam desse processo.
Como as decisões do COMPUR são tomadas por meio do debate entre os
conselheiros, representantes de todos os segmentos sociais, são utilizados mecanismos
2548
de buscar o entendimento através da melhor argumentação, ou seja, no convencimento
motivado pela razão, que caracteriza a ação comunicativa.
“a intersubjetividade do entendimento lingüístico é de si mesma porosa e... o
consenso obtido através da linguagem não apaga, no momento do acordo, as
diferenças de perspectivas dos falantes, pressupondo-as como irrevogáveis.”
(HABERMAS, 1984, apud ARAGÃO, 1997, p.28)
Se na teoria o COMPUR é uma forma de tentar descolonizar o mundo da vida,
na prática existem grandes obstáculos para conter os constrangimentos causados pelo
sistema. Entre eles está o desengajamento, a falta de efetividade das decisões e o
controle exercido pelo Estado.
As reuniões ocorrem uma vez por mês, ou extraordinariamente quando
necessário. Uma dificuldade das reuniões é a falta de quorum, ou, ainda, este demora a
se formar, diminuindo o tempo para debates sobre os problemas da cidade.
Habermas, citado por José Marcelino de Rezende Pinto (1996, p. 114) afirma
que o desinteresse decorre "do esvaziamento burocrático dos processos de opinião
espontâneos e de formação da vontade, [o qual] abre caminha para a manipulação da
lealdade das massas"
Jürgen Habermas, citado anteriormente, atribui a consciência fragmentada como
condição para a colonização do mundo da vida, fazendo com que o indivíduo não
consiga identificar seu problema a uma causa comum, logo, ele não se engaja a
nenhuma organização.
Sem dúvida, a maior dificuldade corresponde à efetivação das decisões do
COMPUR e das Conferências das Cidades, o que retorna a um esvaziamento no número
de participantes no processo de construção de um novo modelo de cidade.
Nas reuniões ordinárias do COMPUR houve propostas de revitalização do
Centro de Niterói realizadas pelo comércio, universidade e movimentos sociais, quando
finalmente se chegou a um acordo sobre as divergentes idéias. Contudo, na mesma
semana, os jornais anunciaram que o presidente do COMPUR tinha ido aos Estados
Unidos para contratar uma empresa para fazer a consultoria, sobre as alterações no
Centro, sem qualquer participação dos segmentos sociais. Assim, nesse exemplo não
2549
houve efetivação das medidas aprovadas, em razão da colonização do mundo da vida
pelo dinheiro e poder.
Outra questão importante está relacionada com a pauta das reuniões, que só é
entregue aos conselheiros no momento da reunião, apesar de insistentes apelos para que
ela seja divulgada anteriormente para que se possa refletir sobre o assunto e levá-lo às
bases. Além disso, a pauta das reuniões se tornou monopólio do secretário de urbanismo
que leva as questões ao conselho, conforme seu interesse.
Como o Estado tem se retirado de alguns setores sociais como saúde, educação,
habitação pública, escolas, hospitais; um dos aspectos mais repetidamente discutidos
dentro do COMPUR e da Conferência Municipal das Cidades é a habitação popular
para pessoas com renda de 0 a 3 salários mínimos. O COMPUR aprovou, após dez
meses de debate, uma política de habitação popular, que ainda não saiu da burocracia
estatal, enquanto crescem diversos prédios com mais de dez andares em várias partes da
cidade, principalmente na zona sul de Niterói, sem qualquer estudo de impacto viário
como prevê o Estatuto da Cidade
Deve-se, portanto, destacar que as atuações das Conferências e COMPUR têm
servido mais à legitimação das ações do Executivo do que sua formulação conjunta de
políticas urbanas com outros setores. Sendo assim, esses mecanismos do mundo da vida
que têm o poder de emancipação social não têm conseguido atuar de forma plena essa
função libertadora que possuem, em razão da colonização do mundo da vida pelos
imperativos sistêmicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta conclusão, apresentaremos os resultados gerais sobre a relação dos
conceitos habermasianos com o Conselho Municipal de Política Urbana de Niterói e as
Conferências da Cidade, assim como buscaremos sugerir possíveis alternativas que
possam evitar que ocorra a colonização do mundo da vida pela esfera sistêmica,
auxiliando assim, a tomada de decisões desses mecanismos de gestão urbana através da
ação comunicativa.
“Pretendo mostrar, que a teoria do agir comunicativo, ao contrário do que se afirma
muitas vezes, não é cega para a realidade das instituições- nem implica anarquia.
2550
Concordo, no entanto, que qualquer potencial de liberdades comunicativas,
imprescindíveis em todo o Estado democrático de direito, disposto a garantir
efetivamente liberdades subjetivas iguais traz em seu bojo certos germes
anárquicos.” (HABERMAS, 2003, p. 11)
Durante esse estudo, foi possível demonstrar como os conceitos de sistema
(esfera regida por mecanismos auto-regulados como o mercado e o poder burocrático) e
mundo da vida (esfera regulada por procedimentos lingüísticos com a finalidade de
buscar entendimento) e, ainda, a colonização do mundo da vida pela esfera sistêmica
atuam dentro do Conselho Municipal de Política Urbana de Niterói e das Conferências
das Cidades.
O processo de colonização do mundo da vida pelo sistema gera diversas
patologias, pois os imperativos sistêmicos não são meios adequados para lidar com
questões do mundo da vida, que dependem para sua solução, de mecanismos de
comunicação que visam o entendimento. A possibilidade de por fim a essas patologias é
emancipar o mundo da vida, devolvendo-lhe os espaços que foram retirados pelo
sistema.
Os mecanismos de gestão urbana, como os conselhos e conferências, possuem
papel fundamental no processo de descolonização do mundo da vida, visto que se
contrapõe à dominação sistêmica. Eles tentam retomar esses espaços usurpados pela
esfera do sistema através da burocratização. Suas dificuldades de atuação e limitações
causadas pelo Estado e pela economia estão dentro do embate entre mundo da vida e
sistema.
A Conferência das Cidades e o COMPUR deram margem a que a sociedade civil
organizada utilizasse os mecanismos de gestão democrática para exercer pressão junto
às municipalidades. Enquanto o Poder Público pôde legitimar suas ações perante a
sociedade. Ainda assim, é necessária maior autonomia nos setores da sociedade civil
que lutam em busca de alternativas sociais coletivas para enfrentar os problemas das
cidades urbanas.
Deve haver ênfase na participação democrática e popular que garanta um direito
à cidade a todos, tanto na elaboração das decisões relacionadas à política urbana a ser
implementada quanto ao incentivo e ao fortalecimento da sociedade civil e instâncias
coletivas de proposição de políticas urbanas, como os Conselhos municipais e as
2551
Conferências das Cidades, com irrestrito direito de participação dos cidadãos. Deve
haver uma maior defesa do interesse publico construído coletivamente, elaborado
racionalmente por sindicatos, associações, movimentos sociais, universidades, forças
que unidas talvez sejam capaz de enfrentar o mercado financeiro e o poder
administrativo ou pelo menos limitá-los, evitando que a economia e a burocracia
avancem livremente sobre todas as esferas, inclusive a Cidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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da teoria para o direito do trabalho e jurisprudência. São Paulo: LTr, 2006.
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LEI 2.123 de 3 de fevereiro de 2004 (Lei de criação do COMPUR).
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HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade,volumes I e
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HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da Esfera Pública: investigações quanto a
uma categoria da sociedade burguesa. Tradução: Flávio Beno Siebeneichler. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência como “ideologia”.Lisboa, 1987.
PINTO, José Marcelino de Rezende. Administração e Liberdade: um estudo do
conselho à luz da teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas. Rio de Janeiro,
Tempo Brasileiro, 1996.
REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICA URBANA
DE NITERÓI
REVISTA CONFLUÊNCIAS - nº 2, dezembro de 2003. Niterói: Editora PPGSD.
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