UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAFEM E LICENCIATURA
DAIANA MOREIRA GOMES
METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO
APRENDIZAGEM NO CURSO EM GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
NITERÓI
2014
DAIANA MOREIRA GOMES
METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO
APRENDIZAGEM NO CURSO EM GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Curso de Graduação de Enfermagem e
Licenciatura da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel e Licenciado
em Enfermagem.
Orientadora:
Gisella de Carvalho Queluci
Niterói, RJ
2014
DEDICATÓRIA
Ao meu pai (in memorian) que foi a primeira pessoa a me incentivar nos estudos. Meu herói e
minha inspiração, o seu sonho era formar seus filhos. Durante toda minha vida me instruiu
pelos melhores caminhos da vida. Hoje e eternamente levarei comigo seus ensinamentos e
educação.
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Todo poderoso. Obrigada ter permitido meu ingresso na universidade e ter me sustentado e
guiado os meus passos. Por cuidar de mim a todo o momento.
A minha mãe,
Por me incluir sempre em suas orações e pedido a Deus pra me sustentar, me guardar e me
livrar de todo mal. Por ter investido em minha educação para que eu chegasse até aqui.
A meu irmão,
Obrigada pelo apoio, pelo carinho e por muitas vezes interceder por mim.
A Gisella Queluci,
Minha orientadora. Agradeço por acreditar em mim desde o primeiro momento quando me
disponibilizou a bolsa PIBIC, por me acompanhar e me orientado com toda sua competência
e por ser querida e amiga nas horas principais.
A Marcelo Presto,
Por me apoiar, me ofertado com seu amor e carinho, me sustentando durante toda minha
trajetória e permitido que meus dias fossem menos duros.
Aos professores,
Que deixaram um pouco de suas experiências e práticas profissionais que pude ter o prazer
de conhecer na faculdade e sei que terei o prazer de carrega-los para sempre comigo, por
demonstrarem competência em seu trabalho e amizade. Obrigada.
À disciplina de ESAI 2,
Que, através da monitoria, me instruiu hoje nas melhores práticas como enfermeira, para
minha vida. Agradeço a professora Paula Flores, Rosimere Santana, Márcia Valéria e Tallita
Delphino pelo apoio e confiança.
Aos meus amigos,
Aos amigos que conquistei na faculdade e aos amigos de toda a vida, obrigada. Agradeço a
vocês por fazerem parte de minha vida e por torcerem por cada momento da minha vida.
Vocês são os melhores!
A meus colegas de turma,
Sem vocês seria muito mais difícil ter chegado ao fim. Agradeço ao que, de fato, fez diferença
em minha vida e me ajudou na caminhada com os estudos, com os trabalhos, com as dúvidas
e muito mais. Levarei vocês sempre comigo. Obrigada Ana Cristina, Tâmara, Dani, Rossana,
Jéssica, Marcela, Natália, Aline, Thais Soares, Dayana Medeiros, Beto, Evelin, Jordana,
Thainá, Tthais Basílio, Camila Moura, Carlos, Lorena, Bruna Mafra, Bruna Rodrigues,
Ulrick, Priscila Mattos, Priscila Pereira, Bianca, Isabella, Camila Fuoco, Amanda Lou,
Bruna Cristina, Déborah, Talita.
DAIANA MOREIRA GOMES
METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO
APRENDIZAGEM NO CURSO EM GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Curso de Graduação de Enfermagem e
Licenciatura da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel e Licenciado
em Enfermagem.
Aprovação em ___________________ de 2014.
BANCA EXAMINADORA
Profª Drª Gisella de Carvalho Queluci
Orientadora
Profª Drª Miriam Marinho Chrizostimo – UFF
1ª Examinadora
Profª Drª Euzeli da Silva Brandão
2ª Examinadora
Profª Drª Simone Cruz Machado Ferreira – UFF
Suplente
Niterói
2014
RESUMO
Introdução: Na Enfermagem, é fundamental que se trabalhe a aprendizagem a partir de
situações vivenciadas na assistência. A Metodologia da Problematização é uma estratégia de
ensino-aprendizagem voltado para a formação de alunos mais críticos e reflexivos. Objetivo
Geral: Analisar os métodos de ensino utilizados durante o ensino teórico-prático da disciplina
de Fundamentos de Enfermagem II. Objetivos Específicos: Identificar junto aos alunos da
disciplina de Fundamentos de Enfermagem II, uma situação-problema relativa aos métodos de
ensino utilizados; Discutir, a partir da situação-problema identificada questões relativas ao
processo ensino-aprendizagem na disciplina de Fundamentos de Enfermagem II; Descrever os
métodos de ensino aprendizagem utilizados pelos docentes das disciplinas de Fundamentos de
Enfermagem II. Método: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Os
participantes do estudo foram os alunos inscritos na disciplina de Fundamentos de
Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAAC/UFF, no 2º
semestre de 2014, e os docentes desta mesma disciplina. Para análise dos dados foi realizada
análise de conteúdo conforme Bardin, onde se extraiu os significados das entrevistas para a
elaboração de categorias. Resultados: A partir da análise dos dados, foram elaboradas três
categorias: A formação docente e a didática aplicada no ensino superior; O Currículo do
curso de enfermagem: competências necessárias à formação profissional do futuro
enfermeiro; O uso da Metodologia da Problematização no ensino superior, para discutir sobre
o que mudar e para onde, tendo em vista as competências profissionais, a importância da
relação de ajuda e a totalidade da prática da enfermagem, através da formação de alunos mais
capacitados com pensamento critico e reflexivo. Conclusão: A metodologia da
problematização possibilitou ao estudante compreender as competências do enfermeiro e como
podem ser aplicadas na disciplina de Fundamentos II. Serviu como um método significativo
aplicado na disciplina, pois fez o aluno discutir de forma crítica e reflexiva o problema
relacionado ao ensino.
Palavras-chave: Enfermagem. Educação em enfermagem. Metodologia da problematização.
Metodologias Ativas.
ABSTRACT
Introduction: In nursing, it is essential to work learning from experienced situations in care.
The Methodology of the Curriculum is a teaching and learning strategy focused on the
formation of more critical and reflective students. General Objective: To analyze the
teaching methods used in the theoretical and practical teaching of the discipline Fundamentals
of Nursing II. Specific Objectives: To identify with the students of the discipline
Fundamentals of Nursing II, a problem situation concerning the teaching methods used; To
discuss the problem situation identified issues relating to the teaching-learning process in the
subject Nursing Fundamentals II; Describe the learning teaching methods used by teachers of
Nursing Fundamentals II disciplines. Method: This is a descriptive qualitative study. Study
participants were students enrolled in Nursing Fundamentals of discipline Aurora Nursing
Afonso Costa - EEAAC / UFF in the 2nd half of 2014, and the teachers of the same
discipline. Data analysis was performed content analysis according to Bardin, which extracted
the meanings of interviews for the development of categories. Results: From the data
analysis, three categories were developed: Teacher training and teaching applied in higher
education; The curriculum of the nursing course: skills needed for professional training of
future nurses; The use of Curriculum-Methodology in higher education, to discuss what to
change and where, in view of the professional skills, the importance of helping relationship
and the entire nursing practice through training of more qualified students with thought
critical and reflective. Conclusion: The methodology of questioning enabled the student to
understand the nursing skills and how they can be applied in the discipline Fundamentals II.
He served as a significant method applied in the discipline, as did the student discuss critically
and reflectively the problem related to education.
Keywords: Nursing. Nursing Education. Methods of Questioning. Active Methods.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Arco de Charles Maguerez em 2005, f. 13
Figura 2 – Fluxograma. Etapas da coleta de dados com os alunos, f. 28
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Pontos-chave do problema principal identificado pelo grupo, f. 22
QUADRO 2 - Conteúdo das falas dos estudantes de enfermagem e Significado, f. 23
QUADRO 3 - Significado das falas dos docentes de enfermagem, f. 29
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 11
1.1 OBJETIVO GERAL, p. 16
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 16
1.3 JUSTIFICATIVA, p. 16
1.4 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO, p. 17
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 18
2.1 METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO: PROPOSTA DE ENSINO INOVADOR,
p. 18
2.2 A ABORDAGEM DO ENSINO PROBLEMATIZADOR NA ENFERMAGEM, p. 21
3 MÉTODO, p. 25
3.1 CENÁRIO E SUJEITOS DO ESTUDO, p. 25
3.2 ASPECTOS ÉTICOS, p. 25
3.3 ETAPAS DA COLETA DE DADOS, p. 26
3.3.1 Primeiro Encontro, p. 26
3.3.2 Segundo Encontro, p. 27
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS, p. 27
3.5 SOBRE A ANÁLISE DOS DADOS, p. 28
4 RESULTADOS, p. 29
5 DISCUSSÃO, p. 37
5.1 A FORMAÇÃO DOCENTE E A DIDÁTICA APLICADA NO ENSINO SUPERIOR, p.
37
5.2 O CURRÍCULO DO CURSO DE ENFERMAGEM: COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS
À FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO FUTURO ENFERMEIRO, p. 40
5.3 O USO DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR, p.
46
6 CONCLUSÂO, p. 51
7 OBRAS CITADAS, p. 52
8 OBRAS CONSULTADAS, p. 57
9 APÊNDICES, p. 58
9.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O ALUNO, p. 58
9.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O DOCENTE , p.
60
9.3 ROTEIRO - 1º ENCONTRO PRESENCIAL, p. 62
9.4 DIÁRIO DE CAMPO, p. 63
9.5 FORMULÁRIO 1 – REGISTRO DA SÍNTESE INDIVIDUAL E AVALIAÇÃO – 2º
ENCONTRO, p. 64
9.6 ENTREVISTA PARA OS DOCENTES, p. 65
9.7 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES, p. 66
9.8 TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA DOS DOCENTES, p. 67
1 INTRODUÇÃO
O futuro é um desafio. Para alguns autores é impossível prevê-lo em detalhes, mas já se
foi o tempo em que o amanhã era mero prosseguimento do acontecer de antes ou agora
(CARVALHO, 2006). Diversos são os estudiosos que discutem acerca de uma educação para
o futuro, mas virtualmente nada sabemos a cerca de como fazer essas coisas. Só sabemos que
as novidades contínuas apelam a novos comportamentos, e a cada mudança ocorre a
necessidade de novos conhecimentos. As transformações sociais exigem sempre uma nova
forma de pensar e de agir, e cabe a nós estarmos atentos em aprender a lidar e aplicar certos
conceitos, principalmente em nosso discurso científico e prática profissional.
Existem várias formas de educar, portanto não existe uma forma única de modelo
educacional. ―A educação aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de
ensinar-e-aprender‖ (BRANDÃO, 1993). Tomando isso como ponto de partida, pode-se
observar que a educação durante décadas vem sofrendo transformações, as quais buscam uma
melhoria e/ou aperfeiçoamento de seu ensino-aprendizagem. Tais transformações têm
substituído o modelo de educação tradicional, com a intenção de nortear a conduta do aluno ao
desenvolvimento crítico, raciocínio lógico e liberdade de expressão, deixando para trás as
formas tradicionais de aprendizado, onde o aluno não pensa, só observa e sem direito de
opinar.
Essas mudanças vêm sendo acompanhadas através de implementações de algumas
metodologias de ensino, as quais têm buscado um ensino inovador que ultrapasse a abordagem
tradicional, e, como proposta desse ensino inovador, existem algumas estratégias de ensino-
aprendizagem que se apresentam como formas de metodologias ativas.
Sobre uma nova educação para a Enfermagem, mais do que uma questão a resolver, a
idéia de mudança implica um sério desafio a ser enfrentando tendo em vista as necessidades de
―novidades educacionais, ajustes curriculares e inovações pragmáticas‖ (CARVALHO, 2006,
p. 118). E isto implica em modificações nas metodologias de ensino, isto é, na aplicação e
inovação de novos métodos de ensino nos quais o professor deixa de ser apenas um
transmissor de conhecimentos, mas um sujeito que também está disposto a aprender com as
situações da prática.
No caso da Enfermagem, é fundamental que se trabalhe a aprendizagem a partir de
situações vivenciadas na assistência. A maior ênfase da aprendizagem incide sobre uma prática
viva de encontro com os clientes. Esta nova abordagem é descrita desde a implantação do
currículo novas metodologias da Escola de Enfermagem Anna Nery/ UFRJ, em 1978.
Carvalho (2006, p. 119) argumenta que,
As experiências de aprendizagem no novo currículo são bem mais adequadas à
questão do processo de enfermagem, uma vez que o estudante aprende através de
novas metodologias de resolver situações-problema no interesse da enfermagem, em
vivências de prática e de fato. Experiências estruturantes da prática assistencial e que,
de certa forma, servem ainda ao estilo de atividades de cuidar e atuar consistentes
com o exercício da arte profissional, da utilidade e da participação social (ibid, p.
119) .
De certa forma, as experiências, no caso da prática hospitalar, de ensinar a cuidar
conferem com a necessidade de selecionar os clientes hospitalizados pelas situações de
enfermagem vivenciadas. E o trabalho de enfermagem, quando voltado para a compreensão da
situação-problema do cliente, tem como objetivo principal estimular a consciência crítica do
profissional ou do estudante de enfermagem (QUELUCI; FIGUEIREDO, 2009). Assim,
pesquisadores enfatizam que a abordagem do enfermeiro ao cliente deve ser situacional, uma
vez que é a partir de cada situação única e distinta que o profissional poderá apreender os
problemas inerentes à prática assistencial, mobilizar seus saberes e adquirir competência para
agir diante das situações encontradas.
Vale destacar que, em Filosofia, ―a situação é uma das dez categorias aristotélicas,
designando - o termo categoria - o predicado fundamental de uma coisa, de um objeto, ou o
modo de ser do sujeito, por exemplo, como ele está: deitado, sentado, etc‖. Assim, ―(...) as
categorias são, além de substância (o próprio sujeito): quantidade, qualidade, relação, lugar,
tempo, posição, estado ou situação, ação e paixão. ‖ Nesse sentido, as categorias conferem
com as determinações mais diretas do objeto, correspondem às estruturas objetivas do ser -
concepção filosófica objetivista – e são formas do pensamento, determinações do pensamento
– concepção filosófica apriorística (HESSEM, 2003).
Sobre o significado de situação-problema, percebeu-se que a mesma ocorre em todas as
etapas do processo de vida e está sempre presente nos momentos em que o ser humano
necessita enfrentar obstáculos para se adaptar, tomar decisões e buscar soluções para seu
crescimento e aprendizagem. Viver é algo amplo e intenso, que envolve a existência humana,
seus espaços, cultura, costumes, acrescentando desafios diversos. De acordo com HESSEM
(2003), uma característica importante da situação-problema é desafiar-nos para uma
realização, de um lado, estruturada pelas coordenadas que lhe dão possibilidade e, de outro,
que se expressa de pronto, em termos de aqui e agora.
Contudo, segundo Carvalho (2006),
Um dos obstáculos de uma situação-problema é articular diversidade com
singularidade. Diversidade porque sua álgebra pode ser expressa de muitos modos,
ainda que cada caso seja único e demande uma compreensão que nunca se repete em
sua singularidade. (CARVALHO, 2006, p. 123).
Quando pensamos na prática assistencial de enfermagem, é interessante observar onde
ocorre tal articulação da diversidade com a singularidade. Vários clientes com o mesmo
diagnóstico médico manifestam aspectos distintos, e que, em cada caso, caracterizam uma
―situação-problema‖ particular, singularizada, que poderá estar relacionada a quaisquer
fatores, seja de ordem pessoal, emocional, institucional, ambiental, entre outros.
Ao efetuar um banho no leito, ou auxiliar em um banho de aspersão, pode significar a
distinção da função da Enfermagem frente às situações-problema. Fazer um curativo,
administrar medicamentos, conversar com um cliente, podem significar procedimentos que se
repetem, cotidianamente, em muitas situações. Mas, o que não se repete é a relação da
enfermeira com a situação-problema e a execução de um mesmo procedimento - (auxílio no
banho de aspersão ou a execução de um banho no leito) - com a necessidade particular de cada
cliente.
A explicação acerca da abordagem ao cliente através da compreensão de situações-
problema na prática de Enfermagem é imprescindível, uma vez que isto está diretamente
relacionado à Metodologia de Problematização. O método problematizador pretende preparar o
aluno como ser social, sujeito ativo, reflexivo, criativo e solidário, capaz de compreender e
modificar sua realidade (CYRINO; PEREIRA, 2004).
Cabe destacar que, o princípio básico de um curso ou disciplina/aula baseada em
problemas é que o aluno identifique claramente um problema (de pesquisa) ou uma pergunta, e
que busque ele mesmo os conhecimentos necessários para respondê-los e, depois, aplicar
aquilo que respondeu (DAHLE et al, 2009). É um método de estudo que estimula a
―criatividade e a curiosidade‖, em outras palavras, que estimule a formação do ―espírito
científico‖ na construção do conhecimento (BACHELARD, 1996).
A Metodologia da Problematização, por ser um tipo de metodologia ativa, trás uma
forma de ensino-aprendizagem voltado para a formação de alunos críticos e reflexivos. Nesse
método de ensino, os alunos partem da compreensão inicial de situações-problema a partir de
um cenário real, onde através da observação da realidade social concreta, devem refletir sobre
questões para a resolução dos problemas encontrados. Com base nessas considerações,
podemos pontuar como principais aspectos da problematização:
■ Aprendizagem significativa. Esta se estrutura, complexamente, em um movimento
de continuidade/ruptura. O processo de continuidade é aquele no qual o estudante é capaz de
relacionar o conteúdo apreendido aos conhecimentos prévios, ou seja, o conteúdo novo deve
apoiar-se em estruturas cognitivas já existentes.
■ Indissociabilidade entre teoria e prática. A profunda integração teoria-prática
estabelece se na medida em que as situações-problema são elaboradas a partir de questões
cotidianas — as quais colocam a realidade diante do estudante —, permitindo, assim, a
possibilidade de se desenvolverem múltiplas habilidades educacionais, as quais poderão ser
empregadas para equacionar e resolver problemas concretos da realidade (DAHLE et al,
2009).
■ Respeito à autonomia do estudante. Pressupõe que o estudante detém, a capacidade
de se auto-legislar (auto-governar, auto-gerir) — o termo autonomia origina-se do grego autos
= próprio; nomos = lei) —, o que é entendido em termos da autodeterminação da pessoa, em
princípio a mais qualificada para avaliar e decidir o rumo de sua vida, desde que possa ser
considerada cognitiva e moralmente competente. Na Metodologia da Problematização
estimula-se que o aprendiz se torne capaz de assumir a responsabilidade por sua formação, o
que representa uma importante preparação para a vida profissional, uma vez que este deverá se
tornar hábil em julgar a importância relativa — e ponderada — dos diferentes saberes para o
exercício de suas atividades laborais (ibid, p.175)1.
■ Trabalho em pequeno grupo. É desenvolvido no âmago do grupo tutorial,
constituído por oito a dez estudantes e mais um tutor/professor —, importante para o
desenvolvimento das habilidades de cooperação, aspecto fundamental para o trabalho em
equipe. O trabalho tutorial consta dos seguintes passos: (a) observação de um cenário real; (b)
identificação dos problemas observados, (c) Reflexão em grupo sobre as possíveis causas da
existência dos problemas encontrados, (d) Teorização, onde ocorre a investigação teórica dos
problemas discutidos, (e) Hipóteses de solução: o que precisa acontecer para que o problema
seja solucionado? O que precisa ser providenciado?, (f) Aplicação à realidade, onde as
decisões tomadas serão executadas ou encaminhadas (ibid, p.175)2.
■ Educação Permanente. A educação permanente (EP) é um dos pontos fundamentais
da Metodologia da Problematização. Tal necessidade é compreendida ao se comparar, em
1 DAHLE, ibid.
2 DAHLE, ibid.
termos cronológicos, o tempo de formação (pré e per universitária) e o tempo de atuação
profissional. A idéia, consistente, é de que o período de graduação é incapaz de fornecer todo o
conhecimento necessário ao sujeito em formação. Deste modo, torna-se mais produtivo
aprender a resolver os problemas que a prática profissional impõe — aspecto que se solidariza
ao conceito de ―aprender a aprender‖ —, capacitando-se para a resolução dos diferentes
problemas, do que adquirir uma série de conteúdos, os quais poderão estar obsoletos poucos
anos após a conclusão da graduação (ibid, p. 176)3.
Tendo em vistas tais aspectos, a utilização da problematização é de fundamental
importância quando e se aplicada na área de saúde, no ensino de enfermagem, principalmente
a Enfermagem Fundamental – disciplina responsável por inserir o aluno no ambiente
hospitalar e por iniciar a compreensão acerca dos principais cuidados básicos (Ex: banho no
leito, curativo, administração de medicamentos, entre outros) no âmbito da prática assistencial.
Todavia, ainda existem questões a serem trabalhadas sobre o método de ensino pelos docentes,
uma vez que os alunos priorizam os quantitativos de cuidados de enfermagem realizados e não
com os qualitativos do processo de cuidar.
Para Carvalho (2006),
Os estudantes de enfermagem precisam ser entendidos como parceiros no processo
ensino-aprendizagem. Precisam-se sentir com direitos aos questionamentos críticos,
aos desafios de enfrentar os próprios temores e riscos e à coragem de se manifestarem
diante de seus possíveis erros e de suas opiniões pessoais. (...) Só nas dimensões de
uma prática viva, os estudantes de enfermagem poderão aprender as estratégias de
intervenção e decisão de pertinência para a enfermagem. E para tanto, precisam-se
encontrar-se frente a frente com situações-problema, como assistidas ou investigadas,
as quais em razão de seus objetivos de estudar/trabalhar englobam certamente, os
interesses e necessidades de seus clientes. (CARVALHO, 2006, p. 125).
Desta forma, cabe aos professores, um esforço especial para favorecer a aprendizagem
da parceria e da negociação, entre todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. E
releva-se como de suma importância, o raciocínio em torno dos problemas emergentes da
prática, considerando os aspectos importantes a serem antecipados na prestação dos cuidados
de enfermagem, e que podem se tornar problemáticos, inesperados, no plano das ações
profissionais (QUELUCI; FIGUEIREDO, 2009).
Portanto, a partir do conceito do método de problematização, e da concepção sobre as
diversas situações-problema vivenciadas na prática assistencial, assim como as possibilidades
de aplicação no ensino da Enfermagem Fundamental, delimitou-se os seguintes objetivos:
3 DAHLE, ibid.
1.1 OBJETIVO GERAL
Analisar os métodos de ensino utilizados durante o ensino teórico-prático da disciplina
de Fundamentos de Enfermagem II.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Identificar junto aos alunos da disciplina de Fundamentos de Enfermagem II, uma
situação-problema relativa aos métodos de ensino utilizados;
- Discutir, a partir da situação-problema identificada questões relativas ao processo
ensino-aprendizagem na disciplina de Fundamentos de Enfermagem II;
- Descrever os métodos de ensino aprendizagem utilizados pelos docentes das
disciplinas de Fundamentos de Enfermagem II.
1.3 JUSTIFICATIVA
Baseado na necessidade de novos métodos de ensino para a formação de alunos e
futuros profissionais críticos e reflexivos, a proposta problematizadora constrói um
profissional responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem, o que requer mudanças
no ensino tradicional.
Autores, como Baden (2009), afirma que, através da problematização, os estudantes,
como futuros profissionais, seriam incentivados a tornar-se questionadores e críticos, que
analisam as inadequações da política e as deficiências da prática. Assim, estudantes tenderiam
a ver a aprendizagem e a epistemologia como entidades flexíveis, perceberiam que existem
outras maneiras válidas de ver as coisas, além das próprias perspectivas, e aceitariam que todos
os tipos de saberes podem ajudá-los a ―conhecer‖ melhor o mundo. Modalidades de
aprendizagem como essa, podem tornar-se para nós não apenas uma teoria da aprendizagem,
mas também um exercício profissional, por meio do qual valores e práticas podem ser
apresentados, explorados e contestados á luz da experiência vivida.
Cabe dizer, que é fundamental a implantação de metodologias inovadoras no ensino de
enfermagem, uma vez que se pretende formar profissionais com competência e capazes de agir
na ―urgência e na incerteza‖ (PERRENOUD, 2001), de forma que saibam identificar na prática
problemas condizentes às atividades do ―que é e o que não é enfermagem‖ (NIGHTINGALE,
1989), em situações previsíveis, imprevisíveis, mais ou menos complexas (QUELUCI;
FIGUEIREDO, 2010). Além disso, os alunos ainda sentem em elaborar problemas de pesquisa
emergentes da assistência, portanto, as discussões através de situações-problema são
favoráveis para a identificação de diagnósticos e intervenções de enfermagem específicas para
cada cliente.
Esse estudo amplia o conhecimento sobre a metodologia da problematização, avaliando
e discutindo esse método de ensino, contribuindo tanto para a área da educação e da assistência
ao aplicar esse método na enfermagem, possibilitando o uso de metodologias que despertem e
construam nos futuros profissionais estratégias de ensino-aprendizagem, que os faça aprender-
a-aprender objetivando uma assistência de qualidade e uma formação crítica, reflexiva e
criativa desses futuros profissionais.
1.4 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO
A motivação para realizar esta pesquisa surgiu a partir da obtenção da bolsa PIBIC –
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. O aprofundamento no tema tornou a
pesquisa cada vez mais desafiadora por se tratar de um tema que aborda novos métodos de
ensino na vida dos alunos e dos professores. Permitiu também perceber a importância da
mesma na formação de futuros profissionais com mais autonomia, competência e pensamento
crítico frente aos problemas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO: PROPOSTA DE ENSINO INOVADOR
A educação é um processo transformador, o qual busca formas de inserir o indivíduo na
criação de sua identidade, fazendo-o participar ativamente do aperfeiçoamento dessa educação
a cada dia em sua vida e na sociedade como um todo. Com esse processo de transformação,
surgem as metodologias ativas que enquanto metodologias de ensino modificam a educação
tradicional, que é voltada para um aprendizado linear e limitado, para um aprendizado mais
crítico e reflexivo, fazendo com que o aluno seja o próprio provedor de sua aprendizagem
(MITRE et al, 2008).
Dentre as propostas de metodologias ativas, algumas escolas tem trabalhado em seu
currículo com a Aprendizagem baseada em Problemas (ABP) e a Metodologia da
Problematização. Propostas distintas que ―trabalham intencionalmente com problemas para o
desenvolvimento dos processos de ensinar e aprender‖ (ibid, p. 2136)4.
Na ABP, os estudantes, reunidos em pequenos grupos, são incentivados a utilizarem
seus conhecimentos prévios na resolução de problemas selecionados para o estudo, visando o
desenvolvimento do raciocínio crítico, habilidades de comunicação e o entendimento da
necessidade de aprender ao longo da vida. Já na Metodologia da Problematização, os
problemas são retirados da realidade vivida pelos alunos, através da sua observação (BERBEL,
1998).
A proposta problematizadora surge com o objetivo de formar alunos cada vez mais
capacitados e com pensamento critico da realidade e dos problemas. A transformação da
realidade é objetivo principal desse método, através da observação e da elaboração de
estratégias para a intervenção na realidade. Cada tipo de grupo vai definir um tipo de atuação
possível e um grau diferente de intervenção na realidade (BERBEL, 1999). Portanto, a
realidade observada irá nortear quais os tipos de transformações ali necessárias.
Como método de ensino inovador, a Problematização, no Brasil, foi oriunda dos
estudos de Paulo Freire. Segundo Berbel (1999),
Paulo Freire defendeu sempre uma Educação problematizadora, uma Pedagogia
problematizadora, aquela que contrapondo-se à educação bancária ou à pedagogia
4 MITRE, ibid.
bancária pudesse servir para libertar o homem dos seus opressores e pudesse servir
para a emancipação do homem, para sua humanização (ibid, p.26)5.
Para Freire, a educação deve servir para a libertação do ser humano, através da
ampliação de sua consciência e conhecimento (ibid, p. 26)6. A Universidade de Londrina foi
uma das pioneiras a aplicar esse método, na área da Enfermagem (CYRINO; PEREIRA,
2004).
Nesse método de ensino, o professor é um facilitador/orientador das experiências
relacionadas ao processo de aprendizagem, o que difere da metodologia tradicional onde o
professor é o dominador do saber e o aluno um ser passivo. Há uma interação aluno-professor
através da troca de experiências e conhecimento em todo processo ensino-aprendizagem. O
aluno passa a ter um pensamento mais crítico, sendo mais participativo e ativo durante todo o
processo.
A problematização possibilita que o educando esteja sempre ativo, elaborando
propostas, expondo seus questionamentos e idéias, através da observação do seu dia a dia, ou
seja, da realidade vivida pelo educando e, que através de sua observação, ele seja motivado a
perceber e identificar os problemas, para, assim, buscar estratégias de resolução dos mesmos.
(BORDENAVE, 1993).
No Brasil, no ensino superior, temos como referência para utilização dessa
metodologia, nos trabalhos de Maguerez, Bordenave e Pereira, na década 1980 (CYRINO;
PEREIRA, 2004). O problema é extraído a partir da observação da realidade, onde baseado no
Arco de Charles Maguerez, o qual possui cinco etapas, conforme ilustrado na Figura 1, o aluno
seguirá métodos para alcançar o resultado desejado.
5 BERBEL, ibid.
6 BERBEL, ibid.
Figura1: Arco de Charles Maguerez
Fonte: BORDENAVE; PEREIRA, 2005
Na primeira etapa do Arco de Charles Maguerez, o aluno analisa que tipo de
necessidade, dificuldade está ocorrendo através da observação da realidade, buscando
identificar o verdadeiro problema a ser trabalhado para transformá-lo e resolvê-lo. A
observação é o momento em que o aluno irá problematizar a realidade, ao identificar o que está
de errado, onde precisa melhorar, ou seja, o que precisa ser extraído dessa realidade para que
haja uma mudança (DO PRADO, 2012).
Quando o problema é detectado, o aluno começa a elaborar pontos-chave que
envolvem esse problema, como por exemplo, questões que envolvem a vivência, como
questões sociais, culturais, educação e saúde. ―Nessa segunda etapa, os sujeitos realizam uma
eleição do que foi observado na realidade‖ (BORDENAVE; PEREIRA, 2004). É o momento
de extrair os principais pontos observados na realidade.
Esses pontos-chave norteiam o aluno para se aprofundar em uma investigação mais
detalhada do problema, norteiam o aluno no que será estudado e pesquisado sobre as questões
levantadas na observação. Esse é o momento em que o aluno percebe que a maioria dos
problemas, independente de qual seja, são multicausais.
A pesquisa propriamente dita é feita na teorização. A teorização, terceira etapa do
Arco de Charles Maguerez, é o momento em que os alunos passam a perceber o problema e
questionar o porquê dos acontecimentos observados nas fases anteriores (ibid, p. 7)7. Na
teorização é onde é feita a investigação através do uso de livros, revistas, artigos, internet e
outros, para a busca de informações apropriadas ao tema escolhido.
7 BORDENAVE; PEREIRA, ibid.
Para Reibnitz e Prado (2006), a quarta etapa do Arco de Charles Manguerez ―consiste
na elaboração de alternativas viáveis para solucionar os problemas identificados, de maneira
crítica e criativa, a partir do confronto entre teoria e realidade ” . Após a investigação de todo
contexto do problema, os alunos formam hipóteses de solução que é a quarta etapa do arco.
Por fim, há a aplicação à realidade.
―Na quinta etapa do Arco de Charles Maguerez, aplicação à realidade, os sujeitos
envolvidos são levados à construção de novos conhecimentos para transformar a realidade
observada, por meio das hipóteses anteriormente planejadas‖ (REIBNITZ; PRADO, 2006).
Os problemas obtidos pela observação da realidade são manifestados no ambiente de
estudo pelos alunos e professores com todas as suas contradições, expondo o caráter
fortemente político do trabalho pedagógico na problematização, evidenciando uma postura
crítica de educação. Nesse caso, educação e investigação temática aparecem como momentos
de um mesmo processo, e o conteúdo é explorado de forma dinâmica e construtiva; não é uma
realidade estática, mas em transformação, com todas as suas implicações problematizadoras
(PEREIRA, 2007).
―A problematização possibilita, através da visão crítica da realidade, a transformação
das práticas pessoal, profissional e social‖ (ANTUNES; SHIGUENO; MENEGHIN, 1999).
Para Berbel (1998), ―a metodologia pode ser utilizada sempre que seja oportuno, em situações
em que os temas estejam relacionados com a vida em sociedade‖.
Assim, a metodologia da problematização se encaixa no desenvolvimento de
estratégias de ensino em qualquer ambiente social, a partir do momento que exija do aluno
além do conhecimento, tomadas de decisões as quais venham intervir nos problemas da
realidade onde esse aluno está inserido, exigindo assim uma maior responsabilidade do
mesmo.
2.2 A ABORDAGEM DO ENSINO PROBLEMATIZADOR NA ENFERMAGEM
―A enfermagem, como disciplina social e humanística, ocupa um espaço em que os
diferentes fenômenos a ela inerentes exigem de seus profissionais ações que implicam em
promover, prevenir, diagnosticar, intervir e avaliar o processo saúde-doença‖ (CROSSETTI, et
al., 2009). ―Um dos elementos que pode auxiliar o enfermeiro nas suas decisões é a capacidade
de pensar criticamente‖ (ALFARO-LEFEVRE, 2005).
O enfermeiro exerce atividades fundamentais para o desenvolvimento da assistência
prestada ao paciente e para seu próprio conhecimento, como o cuidado, o gerenciamento, a
educação e a pesquisa. Portanto, ―as atividades do enfermeiro passam pelo entendimento da
dinâmica do cuidar gerenciando, educando e pesquisando‖ (BACKES et al, 2008).
A função do enfermeiro é de prestar assistência integral ao indivíduo sadio ou doente,
família ou comunidade no desempenho de atividades para promover, manter ou recuperar a
saúde O enfermeiro desempenha um papel preponderante na construção do sistema de
cuidados, por ser capaz de interagir amplamente com todos os profissionais da saúde. Os
profissionais de enfermagem podem produzir/reproduzir e/ou modificar a dinâmica e os
modelos de assistência do cuidado nos diferentes espaços de atuação a partir de referenciais
que contemplem uma reflexão crítica do papel profissional. (ibid, p. 320)8.
Porém, para realizar suas funções, o enfermeiro tem que estar dotado de habilidade
técnica, conhecimento científico e ao mesmo tempo interagir com o pensamento crítico e
reflexivo de forma que colabore com a assistência do paciente de maneira objetiva e resolutiva.
A importância da aplicação dos métodos de ensino inovadores na área da enfermagem
é a formação de profissionais mais autônomos e formuladores de seus próprios pensamentos e,
envolvidos com o problema apresentado na realidade do aluno, do professor e do cliente, para
que assim, esses profissionais venham participar não somente de forma clinica, mas também
de forma social, cultural e coletiva na vida do paciente.
Sendo, portanto, o professor, além do próprio aluno, o responsável, em seu papel de
educador por ter o compromisso de instruir o aluno, quando inserido principalmente na prática
fundamental, quanto à necessidade de desenvolver habilidade e competência voltada para a
atenção à saúde, assim como instruir o futuro enfermeiro às habilidades quanto ao processo de
cuidado, o qual é o instrumento primordial do enfermeiro e prioridade da saúde.
Vale ressaltar que o aluno, para aprimorar sua prática e que obter uma formação
pautada na competência desenvolva interesse e compromisso com a educação oferecida, de
forma que seja colaborador do seu processo de ensino-aprendizagem.
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem
enfatizam as competências e habilidades gerais, importantes na formação do enfermeiro,
como, por exemplo, a Atenção à saúde e a Educação Permanente. Assim, na atenção à saúde, o
profissional deve desenvolver práticas de saúde que venham suprir as necessidades da
8 BACKES, ibid.
população como a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível
individual quanto coletivo, afim de, resolver o problema de saúde desses indivíduos.
As habilidades de pensamento crítico e de raciocínio clínico para diagnosticar as
condições de saúde e de doença de indivíduos são passíveis de aprendizado e aprimoramento.
Para tanto, a aprendizagem precisa ser considerada um processo contínuo e dinâmico que
requer do enfermeiro a aquisição de novos conhecimentos, o refinamento de suas habilidades
de pensar, de resolver problemas e de fazer julgamentos tornando-se apto a fazer suposições, a
apresentar ideias e a validar suas conclusões (POTTER; PERRY, 1997).
A formação de um enfermeiro crítico deve se basear e iniciar na escola de enfermagem,
pois é daí que surge a chance de desenvolver profissionais mais críticos, reflexivos, criativos e
que terão a atitude de transformação. Porém, se faz necessário trabalhar de forma com que o
educando desenvolva habilidades e técnicas através do pensamento crítico, buscando
resultados inovadores de maneira que o ensino se torne mais dinâmico, progressivo e
tranasformador na profissão. (CROSSETTI, et al., 2009).
Sendo assim, a enfermagem fundamental, como disciplina, é a responsável por inserir o
aluno no ambiente hospitalar. Por esse motivo, é de grande relevância o contato desse aluno de
enfermagem com a realidade, fazendo com que o mesmo pense criticamente sobre a
assistência prestada em sua própria vivência para assim poder aplicá-la em sua prática
exigindo competência técnica, conhecimento e atitude. Segundo WATERKEMPER e DO
PRADO (2011) é necessário que a formação do enfermeiro o capacite para desenvolver o
pensar crítico (PC).
Para o desenvolvimento do pensamento crítico e autonomia do aluno, se faz necessário
que entre o aluno e o professor haja cumplicidade e recíproca no processo de ensino
aprendizagem, o aluno sentindo-se a vontade para expor suas idéias de forma a haver dúvidas,
questionamento e opiniões, e o professor incentivando esse aluno para que ele vença seus
próprios medos e dificuldades, agindo com sabedoria e disciplina para poder nortear a
aprendizagem. Pereira (2007) afirma que,
Dentro de uma postura sábia e crítica, o educador, no planejamento didático, deve
reunir objetivos claros e precisos, procedimentos técnicos bem definidos, estratégias
e recursos didáticos bem preparados e adequadamente utilizados, técnicas de
avaliação da aprendizagem de acordo com os objetivos propostos (PEREIRA, 2007,
p.40).
Para Pereira (2007), ―o educador deve estar apto e selecionar os recursos tecnológicos
adequados aos objetivos propostos, executando um planejamento de ensino com
responsabilidade e desenvolvendo as habilidades necessárias como educador‖. O educador
necessita estar informado e ter domínio de habilidades e técnicas, que prepare, oriente e seja
acessível ao aluno para, que assim, ele venha prestar uma assistência eficaz e adequada ao
cliente. Batista (2004) diz que,
O ensino em saúde, processo de natureza multidisciplinar, tem por objetivo a
organização de um sistema de relações nas dimensões do conhecimento, de
habilidades e de atitudes, de tal modo que favoreça, ao máximo, o processo ensino-
aprendizagem, exigindo, para seu desenvolvimento, um planejamento que concretize
objetivos em propostas viáveis. (BATISTA, 2004, p.45).
Segundo Carbogim et al (2010), profissionais de saúde qualificados são de grande
importância ofertada uma assistência com qualidade de saúde para a população. Porém, para
isso, se faz necessário que o profissional de enfermagem tenha domínio de técnicas e
habilidades na prática assistencial e assim haverá uma formação de profissionais mais
capacitados
3 MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa
combina as naturezas científica e artística da enfermagem para aumentar a compreensão da
experiência de saúde humana (MARCUS; LIEHR, 2001).
3.1 CENÁRIO E PARTICIPANTES DO ESTUDO
Os participantes do estudo foram os alunos inscritos na disciplina de Fundamentos de
Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAAC/UFF, no 2º
semestre de 2014, e os docentes desta mesma disciplina. O quantitativo de sujeitos foi
definido por uma amostragem de conveniência. No estudo qualitativo, o plano de amostragem
pode ser avaliado em termos de sua adequação e propriedade. A adequação refere-se à
suficiência e à qualidade dos dados proporcionados pela amostra. O tamanho da amostra é
definido, em grande parte, em função da finalidade da pesquisa, da qualidade dos dados e do
tipo de estratégia de amostragem utilizada.
A aplicação do método da problematização para os alunos ocorreu nos momentos de
Ensino Teórico Prático (ETP), por conta da acessibilidade a esses alunos ser maior no
momento do ETP. O professor orientador estava presente para conduzir a discussão. Os
encontros ocorreram no laboratório de Fundamentos de Enfermagem da EEAAC/UFF.
Com os professores, a coleta de dados ocorreu no departamento da disciplina de
Fundamentos de enfermagem II.
3.2 ASPECTOS ÉTICOS
Os participantes que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – (Apêndice 9.1, p. 58) para os alunos e para os
professores (Apêndice 9.2, p. 60), para atender aos aspectos éticos legais em pesquisa
envolvendo seres humanos. O TCLE contém os objetivos do estudo, fundamentados pela
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), sendo garantido sigilo e anonimato
aos participantes (BRASIL, 1996).
Este projeto está sob a CAEE 24203213.5.0000.5243 que foi submetido à apreciação e
aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina do Hospital
Universitário Antônio Pedro vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF), também
como preconizado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde qual constitui as
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos.
A participação na pesquisa é voluntária, o sujeito ficou a vontade para decidir
participar do estudo ou não participar ou até desistir da pesquisa em qualquer momento do
estudo, não havendo nenhuma punição ou prejuízo para seu aprendizado corrente.
3.3 ETAPAS DA COLETA DE DADOS
A coleta de dados ocorreu com dois grupos: Alunos e Docente. Com os alunos,
ocorreu em dois encontros realizados com todo o grupo que aceitou fazer parte da pesquisa.
Participaram 09 alunos. Esse quantitativo é o total de alunos que passaram pelo ETP junto ao
professor orientador desse estudo.
Para iniciar a pesquisa, o grupo de alunos foi convidado a se reunir com o pesquisador,
conforme a disponibilidade dos mesmos após suas atividades acadêmicas, para conhecer a
proposta do projeto, entrega do TCLE e agendamento das datas dos encontros dos que
confirmaram participar do estudo.
No grupo dos docentes, 11 professores foram convidados para realizar a entrevista
juntamente com o pesquisador. Os professores convidados fazem parte da disciplina de
fundamentos de enfermagem. Participaram também docentes que já fizeram parte da
disciplina. Porém, desses professores convidados, 01 se recusou, 01 não compareceu ao dia e
horário combinado e 02 não responderam, restando apenas 06 docentes que efetivamente
participaram do estudo.
A coleta de dados com os docentes ocorreu através da realização de entrevista
presencial ou através do envio da mesma pelo correio eletrônico, por motivo de
indisponibilidade de horário. Dos seis docentes que aceitaram participar do estudo, quatro
responderam as entrevistas no encontro com o pesquisador e dois responderam por correio
eletrônico. O TCLE foi entregue/enviado para os professores que aceitaram fazer parte do
estudo.
3.3.1 Primeiro Encontro com os alunos
O pesquisador se reuniu no laboratório com o grupo de alunos que consentiram em
participar do estudo, conduzindo o grupo com um roteiro de discussão (Apêndice 9.3, p. 62).
Os alunos foram estimulados a discutirem, a partir dos cenários de Ensino Teórico Prático
(ETP) problemas específicos vivenciados pelos mesmos. Assim os alunos, pela observação da
realidade, identificaram nos cenário de ETP, possíveis situações-problema relacionadas às
atividades teóricas ou práticas da disciplina de Fundamentos de Enfermagem II.
Nesta etapa, os alunos foram direcionados a apreciarem criticamente uma determinada
situação-problema destacada por eles próprios, de acordo com seus próprios valores,
perspectivas, crenças ou conhecimentos. O problema identificado por eles foi: o
(DES)PREPARO e estratégias docentes para o ensino teórico e prático de enfermagem.
Após a identificação do problema, os alunos foram instruídos ao processo de reflexão
e análise para a identificação dos pontos-chave do problema. Nesta etapa foram discutidas
informações necessárias a serem desenvolvidas pelos alunos.
Na metodologia da problematização, após a definição do problema, os alunos são
motivados a usar as informações/conhecimentos que já possuem e a desenvolver as
habilidades de pensamento reflexivo, analisar o problema, identificar aqueles conhecimentos
que ainda precisam ser adquiridos. No final desta etapa, as informações foram listadas como
objetivo para o aprendizado.
Após o primeiro encontro, os alunos foram conduzidos a um processo de investigação
ativa (com intervalo de sete dias) para a busca de estudos e literaturas pertinentes ao problema
definido, para realizar a fundamentação teórica dos pontos-chave e assim levantar as hipóteses
de soluções. Os alunos foram orientados a pesquisarem em livros, artigos e outras fontes de
informações pertinentes. No método de problematização, esta etapa visa o desenvolvimento
da habilidade do aluno para o aprendizado autodirecionado.
3.3.2 Segundo Encontro com os alunos
No segundo encontro os alunos apresentaram oralmente e debateram os resultados
encontrados.
Foi analisado o conhecimento do aluno e a aplicabilidade acerca das questões
relacionadas ao ensino e, particularmente, à disciplina de Fundamentos de Enfermagem II.
Os problemas discutidos e listados pelo grupo foram registrados pelo pesquisador em
um diário de campo (Apêndice 9.4, p. 63), durante a discussão em grupo.
Os alunos deram hipóteses de solução para serem aplicadas na realidade, relacionada à
situação-problema principal.
Segue abaixo fluxograma resumindo as etapas.
Figura 2: Fluxograma. Etapas da coleta de dados com os alunos
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a avaliação do método de problematização, foi aplicado no final do segundo
encontro aos estudantes, um formulário com duas questões abertas (Apêndice 9.5, p. 64).
Além disso, foi realizada uma entrevista com os professores da disciplina de Fundamentos de
Enfermagem II para a avaliação da metodologia de ensino tradicional (Apêndice 9.6, p.65).
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise dos dados coletados foi realizada uma análise de conteúdo segundo
Bardin. Em relação à organização para a análise dos dados ocorreu da seguinte forma:
Pré- Análise (Organização e escolha dos dados);
Exploração do material;
Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretações. Elaboração das categorias
1 encontro
Reunião com os alunos
Discussão para identificar uma
situação- problema
identificação de palavras-chave
Definição da questão-problema ou questão
de aprendizagem
Tema para pesquisa: (Des)preparo docente e estratégias para o ETP
INTERVALO PARA PESQUISA
2 encontro Discussão dos
Resultados
Avaliação do método com os alunos
4. RESULTADOS
Alguns pontos importantes foram extraídos através da análise dos registros do
encontro com os estudantes e da entrevista com os docentes. Esses pontos possibilitaram a
identificação de um problema principal na visão do aluno e na visão do docente.
No primeiro encontro com os estudantes de enfermagem, sugeriu-se o levantamento
de problemas vivenciados no Ensino Teórico Prático e que tivessem a ver com a Enfermagem
e a disciplina de Fundamentos de Enfermagem II. A partir daí, foram destacados alguns
pontos-chave durante a discussão. Destacamos no quadro 01 os principais pontos-chave
relacionados ao problema identificado que foi: o (DES)PREPARO e estratégias docentes para
o ensino teórico e prático de enfermagem.
Quadro 01
Pontos-chave do problema principal identificado pelo grupo
Elementos destacados
Desorganização da equipe docente
Quantitativo extenso de aulas não favorece o aprendizado
Falta de comunicação entre docente – aluno
Tempo para estudar
Quantitativo grande de alunos
Currículo não adequado ao aprendizado
De acordo com o quadro 01 observamos que os estudantes questionaram a organização
da disciplina. Além disso, o quantitativo de alunos por turma dificulta o processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que o professor não consegue dar a mesma atenção a todos os alunos.
Este problema se agrava, particularmente, nas atividades do cenário hospitalar, quando os
alunos precisam da presença do docente para realizar algum procedimento de enfermagem.
A comunicação foi um ponto destacado, também, por muitos alunos. Para eles, alguns
docentes ainda assumem, às vezes, uma postura autoritária diante de questionamentos. Tal
comportamento docente faz com que os alunos fiquem retraídos ou desconfortáveis para
questionar atitudes ou procedimentos em certas situações de enfermagem.
O tempo para a organização do estudo parece ser complicado para os estudantes, e
talvez, muitos ainda carecem de certa maturidade em adquirir competência e autonomia para
atingir os objetivos da disciplina. Na verdade, de um lado, este problema tem a ver com a
própria estratégia de estudo de cada aluno que deve aprender ao longo da vida acadêmica,
mas, por outro ângulo de visão, há um problema entorno da organização curricular que vem
sendo discutido na instituição recentemente, na qual intervenções ainda não foram
implementadas.
Na verdade, a organização curricular do Curso de Enfermagem precisa, de modo
imprescindível, de uma discussão mais ampliada conforme as competências que se espera do
perfil profissional dos enfermeiros.
Após a listagem dos problemas, os estudantes tiveram 07 dias para buscarem leituras
de artigos, etc, acerca do tema para compreender o que está por detrás desses problemas
presentes no meio acadêmico e que interferem no processo ensino-aprendizagem. A partir das
falas e registros no segundo encontro, destacamos no quadro 02, registros das falas dos
estudantes e o significado do conteúdo para prosseguirmos com a análise:
Quadro 02
Conteúdo das falas dos estudantes de enfermagem e Significado
Registros Significado
1. O problema do “descaso”
dos docentes na
graduação de
enfermagem no ensino
teórico e prático, se deve
não só por conta da
didática aplicada, como
também pelo excesso de
trabalhos cobrados que
não são corrigidos ou
discutidos com os alunos
afim de esclarecer
dúvidas. Claro que, a
colaboração da turma
também ajuda no
desenvolvimento do
professor, mas, isso não
justifica de maneira
alguma o fato dos
professores serem
eventualmente grosseiros.
Gostei muito da dinâmica
apresentada pelo projeto,
pois me esclareceu muitas
- Didática Aplicada
- Atitude docente
- Avaliação do docente por um órgão
superior.
questões e me fez
entender que os
professores também são
avaliados por um órgão
superior, mas os critérios
de avaliação do mesmo,
não torna o método
eficaz.
2. O principal problema
destacado foi o “descaso”
dos professores em
relação ao ensino teórico-
prático. Foi abordado
sobre o conhecimento das
diretrizes curriculares e
questionado se os
docentes e discentes tem
conhecimento desse
conteúdo. Ao final houve
mudança nos meu grau
de conhecimento pessoal
e vontade de pesquisar e
aprender sobre o assunto.
- Conhecimento docente e discente das
diretrizes curriculares
3. O problema apresentado
pelo grupo foi o
“descaso” por parte de
alguns docentes. Esse
“descaso” pode ser por
falta de organização e
preparação desses
professores. A
preparação não esta
ligada apenas ao âmbito
científico, mas também
na metodologia que o
professor usa para o seu
ensino. Ao final da
discussão, pude perceber
que esse problema é
agravado por falta de
uma avaliação tanto para
os alunos quanto para os
professores sobre a
disciplina, onde seriam
estabelecido os problemas
e a partir deles haveriam
soluções fazendo com que
não houvesse tanta
- Falta de preparo docente;
- Falta de avaliação.
desmotivação.
4. O problema discutido foi
os “descaso” dos
professores com os
alunos, e discutimos
sobre a didática e a
prática de ensino dos
educandos. Em relação
ao meu grau de
conhecimento, mudou,
mas, para mim não foi
muito significativo, pois
eu pensava que cada
professor tem seu método
de ensino, a didática.
Mas, eu penso também
que como os períodos vão
passando, pensaria que a
didática também
mudaria, com menos
matérias para gravar e
fazer prova, e mais
discussão sobre a matéria
e debates e uma prática
com uma didática mais
interativa, que prendesse
o aluno.
- Necessidades de Novas Metodologias
- A didática não muda.
5. O problema abordado no
encontro estava
relacionado com o corpo
docente, ou seja, o
“descaso” do professor
com nós, alunos. A partir
da dinâmica começamos
a entender os possíveis
motivos da problemática
e conseguimos avançar
além do problema,
abrangindo o currículo, o
projeto pedagógico e as
atribuições e
competências dos
enfermeiros. Em suma,
ao final do 2º encontro,
pude compreender o
porquê de tantos
problemas que citamos
no 1º encontro e com isso
- Importância do Currículo e do Projeto
Pedagógico da Instituição
- Competências do Enfermeiro
também tive mais
esclarecimento sobre o
currículo e o projeto
pedagógico, além das
competências do
enfermeiro e a
metodologia de ensino de
muitos professores.
6. A maior ênfase na
reunião foi a situação que
se encontra o 4º período.
Estamos desanimados,
exaustos e sem forças. E,
conversado, vimos que
esse comportamento gera
em torno do “descaso” de
alguns professores, a falta
de relação, o não
entendimento que temos
muitas matérias, muitas
tarefas, muito trabalho e
não temos retorno.
Conversamos sobre a
organização de nossa
grade e concluímos que
também influencia no
desenvolvimento. Após
algumas pesquisas,
observei que segundo as
diretrizes curriculares
nacionais do curso de
graduação em
enfermagem. A nossa
escola não se encontra
nesse padrão citado.
- Currículo Institucional não está
adequado conforme as Diretrizes
Curriculares;
- Desmotivação no processo ensino-
aprendizagem.
7. O “descaso” dos
professores foi o tema
principal, no entanto,
outros assuntos
interessantes foram
discutidos, como as
diretrizes do curso de
enfermagem e as formas
de ensino. Penso que
alguns professores
realmente não
demonstram interesse em
ensinar, apenas
- Necessidade de novas metodologias de
ensino;
- Falta de interesse docente;
- Didática inadequada.
comparecem às aulas
para cumprir carga
horária. Mas, a maior
parte deles não possuem
didática, não sabem como
prender a atenção do
aluno, como passar o
conteúdo da matéria e,
muitas vezes, não se
mostram tão receptivos
com os alunos. Seria
muito melhor se houvesse
uma troca entre alunos e
professores. As aulas
poderiam ser mais
dinâmicas e
participativas.
8. A questão abordada tem
várias causas, mas o que
mais se destaca é a falta
de didática de muitos
profissionais. Essa
situação leva a um
grande problema no
aprendizado dos
discentes. O “descaso”
também pode ser devido
a uma “baixa” no salário
dos docentes, fazendo
com que eles fiquem
desmotivados a docência.
Houve sim um aumento
no conhecimento, pois
além de conhecer mais
sobre esse problema que
é atual e presente,
tivemos a oportunidade
de conhecer, de uma
forma geral, a estrutura
de aprendizado através
das diretrizes.
- Didática inadequada;
- Remuneração salarial;
- Conhecimento sobre as diretrizes
curriculares.
9. O “descaso” com os
alunos (tema exposto) é
um sério problema que
vem sendo observado
entre as escolas em geral.
Este tema foi exposto
aqui, na intenção de que
- Falta de interação docente-discente.
possa haver um diálogo
para propor e analisar
soluções cabíveis.
Constatou-se que o
maior, ou um dos
maiores, causador disso é
o pequeno espaço para
retornos tanto dos
discentes quanto dos
docentes. Um outro
agravante foi a greve
extensa que prejudicou
muito o calendário
escolar e suprimiu o
conteúdo para que haja
tempo hábil para que dê
tempo de todos se
formarem no prazo
previsto. Os encontros
foram esclarecedores e
pude entender como
funciona algumas normas
na instituição. Concluo
que se faz necessário que
mais encontros sejam
realizados com outros
temas para melhor
formação nossa.
Para complementar o entendimento e, na tentativa de compreender os métodos de
ensino utilizados no ensino superior e os significados acerca do uso de metodologias ativas
pelos docentes, foi realizada a análise de conteúdo das falas dos mesmos após a entrevista.
Observaram-se semelhanças com alguns pontos destacados pelos estudantes. O quadro 03
mostra palavras-chave das falas dos docentes (Apêndice 9.8, p. 67).
Quadro 03
Palavras-chave das falas dos docentes de enfermagem
Elementos destacados
Professor não aceita desafios
Mudança na prática educativa pelos docentes
Necessidade de formar enfermeiros para cuidar e não só para a pesquisa
A importância de trabalhar situações na prática
Precariedade de recursos
Atualizar conteúdos
Docentes querem deter conhecimento
Alunos devem assumir papel ativo em sala de aula
Professor que quer mudar passa por dificuldades
Rever métodos de ensino
Há necessidade de mesclar o método de ensino tradicional e ativo
O quadro 03 destaca os principais significados das falas dos docentes, onde eles
questionam a necessidade de atualizar o conteúdo em sala de aula, assim como a prática
educativa. Um dos pontos questionados pelos docentes, também foi a atitude de outros
professores em sala de aula ao querer deter o conhecimento, não permitindo que o aluno
participe também do seu processo de ensino-aprendizagem. Para alguns professores é
importante que o aluno tenha um papel ativo em sala de aula, porém a importância do
professor é fundamental para mostrar o caminho ao aluno e instruir esse aluno durante seu
processo de formação educacional.
Os docentes falaram da importância de implantar um método ativo de ensino em sala
de aula e de mesclar os métodos de ensino, - o tradicional e o ativo -, para poder alcançar
todos os tipos de perfis de alunos. Porém, questionaram a falta de recursos materiais que eles
enfrentam ao querer elaborar uma aula mais dinâmica, por falta de suporte técnico,
disponibilidade de salas, tempo ou até mesmo a falta de interesse dos próprios alunos em
levar a nova forma de ensino a sério.
A necessidade de formar enfermeiros para cuidar também foi um ponto destacado na
fala dos docentes, pois há uma preocupação com o processo educativo desses futuros
profissionais dentro das instituições de ensino, onde alguns professores direcionam o aluno
para a parte da pesquisa, deixando um pouco de lado o principal papel do enfermeiro que é a
sua relação com o paciente no campo de prática.
A partir dos quadros citados e dos significados listados, elaboramos três categorias
para análise, que são: A formação docente e a didática aplicada no ensino superior; O
Currículo do curso de enfermagem: competências necessárias à formação profissional do
futuro enfermeiro; O uso da Metodologia da Problematização no ensino superior.
5. DISCUSSÃO
5.1 A FORMAÇÃO DOCENTE E A DIDÁTICA APLICADA NO ENSINO SUPERIOR
A forma de ensinar se dá através da didática, onde o professor irá nortear o
aprendizado desse aluno através de métodos e técnicas adequados. Entre o professor e o
aluno, a comunicação é essencial para o ensino-aprendizagem, para a troca de informações e
captação das mesmas, e essa comunicação se dá através da didática exercida por cada
professor. Se não há comunicação e didática, não há a educação e o aprendizado. Para Prado
et al (2012), a capacitação dos docentes e a elaboração de uma didática adequada e
significativa, é necessária para poder desenvolver um aluno mais crítico e reflexivo, capaz de
despertar esse aluno para novos conhecimentos.
Porém, para que haja essa comunicação e didática adequada é necessário também que
o próprio aluno se interesse pelos novos métodos apresentados pelos docentes em sala de aula,
para renovar o modelo de ensino tradicional. A grande limitação para a mudança da didática
na visão de alguns docentes, como a do docente B, é a falta de interesse do próprio aluno em
se adaptar com um novo método de ensino mais ativo e dinâmico.
A Docente B afirma que,
A principal limitação são os próprios alunos. Muitas vezes eles falam que o
professor que faz isso, não quer dar aula. Se você leva um texto pra eles estudarem,
falam que o professor não quer dar aula. (...) Alguns colegas também professores
são resistentes a esses tipos de métodos, fala também que é blá blá blá, que é bate
papo com aluno (DOCENTE B).
Por esse motivo, a falta de interesse dos alunos a se adaptarem com novas formas de
didáticas podem fazer com que o docente se limite a apresentar novos métodos de ensino e se
torne repetitivo, sendo obrigado a usar sempre uma mesma didática.
Já na visão do Aluno 4, a didática se torna repetitiva entre os professores. Ele pensa
que,
Como os períodos vão passando, pensaria que a didática também mudaria, com
menos matérias para gravar e fazer prova, mais discussão sobre a matéria, debates
e uma prática com uma didática mais interativa, que prendesse o aluno (ALUNO
4).
Para Berbel (2004), as forma tradicionais de ensino, como por exemplo, a exposição
oral, pode gerar, muitas vezes, somente a transmissão de informações de forma passiva, pois,
Como outras tantas formas de transmitir informações, colocam o professor como
centro do processo de ensino-aprendizagem. Enquanto o professor que sabe,
transmite o que sabe, o aluno que não sabe ouve e às vezes anota o que ouve,
reproduzindo as informações quando solicitado, em provas de verificação de
aprendizado (BERBEL, 2004, p. 10).
Muitos professores têm dificuldades de elaborar uma didática adequada para
desenvolver as atividades planejadas e que consiga a atenção dos alunos. Segundo Severino
(2007), a falta de didática e o (des) preparo dos professores, podem ser oriundos da própria
prática de uma educação com caráter fragmentário, na qual as atividades didáticas não se
integram como se elas não tivessem relação umas com as outras. Assim, ―as diversas
atividades e contribuições das disciplinas e do trabalho dos professores acontece apenas se
acumulando por justaposição: não se somam por integração, por convergência‖.
Para o Docente C a falta de didática também pode ser oriunda da própria falta de
abertura de alguns professores para um novo método por medo de se expor ou até mesmo por
querer deter o conhecimento.
Porque muitos dos nossos colegas pensam que na sala de aula eles detêm o
conhecimento e eles querem passar o conhecimento, pensam que vão se expor, e
não querem utilizar uma metodologia diferente (DOCENTE C).
Por outro lado, a relação aluno-professor é vista, por alguns docentes ou até mesmo
discentes, como meramente profissional, impossibilitando, portanto, uma maior abertura e
aceitação de críticas e novas idéias para aulas. O Aluno 9 relata que,
Há um “pequeno espaço para retornos tanto dos discentes quanto dos docentes
(ALUNO 9).
Assim como também, o despreparo profissional na área da educação é o que pode
levar muitos professores a não apresentarem uma didática eficaz e adequada no processo de
ensino-aprendizagem. Além disso, a falta de didática pode ser oriunda da ausência da prática
pedagógica. É importante que o professor saiba lidar com o aluno, criar uma relação entre
eles, que haja um aprendizado mútuo, para que o docente consiga, através desse
relacionamento aluno-professor, trilhar pela didática adequada e transformadora, com
métodos inovadores que formem futuros profissionais mais críticos e autônomos.
Muitas instituições se preocupam mais com a competência e titulação do profissional
na área de formação, não exigindo a formação desse profissional na área da educação. Sendo
assim, ―não são consideradas suas perspectivas e experiências como professor e não há uma
sistemática de avaliação de prática pedagógica na seleção de professores‖ (PEREIRA, 2007).
Pereira (2007) relata ainda que a educação dos professores tem que ser uma educação
continuada, na qual o professor venha vivenciar novos aprendizados relacionados ao ensino
moderno, onde este professor esteja ―também diante de uma construção de técnicas adequadas
em ensinar e aprender, com a dimensão pedagógica adequada aos tempos de hoje‖ (ibid, p.
34)9. O autor fala pontos negativos, os quais precisam ser reavaliados na prática pedagógica
da estrutura curricular tradicional, a fim de que, com essa reavaliação, o professor venha
adequar seu modo de ensinar, ao ensino atual.
Os pontos a serem reavaliados são: a - Ensino Fragmentado, onde o professor em um
momento segue o conteúdo programado e outras vezes se preocupa mais com sua atuação no
mercado, não obedecendo a esse conteúdo programado; b - Abordagem Centralizada no
Professor; o qual exerce poder sobre o aluno ao realizar um ensino autoritário, sem dá
oportunidade do aluno se expressar e pensar criticamente; c - Utilização de recursos
tecnológicos, mas sem planejamento e preparação adequada, pois mesmo havendo o uso de
materiais tecnológicos, não há criatividade do professor em como chamar a atenção do aluno
ou como interagir com esse aluno em sala de aula; d - Maior ênfase nas aulas teóricos em
relação às aulas práticas, por haver uma carga horária muito menor ou nula de aulas práticas
do que de aulas teóricas e, com isso, o aluno acaba aprendendo na teoria o que não será usado
na prática; e - Relações preferenciais entre professor e determinados alunos, o que pode
beneficiar apenas o grupo preferencial e prejudicar os outros grupos de alunos (ibid, p 44)10
.
Entretanto para que o docente possa apresentar um novo método de ensino se faz
necessário que o mesmo tenha um método para aplicar os novos métodos e isso se dá através
da inovação de sua própria didática, uma transformação da prática educativa. O
aprimoramento do papel de professor é necessário para contribuir na formação do profissional
de nível superior, principalmente se levar em consideração as rápidas mudanças da sociedade
imediatista em que vivemos (RODRIGUES, ZAGONEL, MANTOVANI, 2007, p. 314).
Vale a pena ressaltar que Perrenoud relata que a base inicial a formação do professor
segue muitas vezes uma forma prescritiva, ou seja, sem inovação. Para ele,
9 PEREIRA, ibid
10 PEREIRA, ibid
A formação não tem nenhum motivo para abordar apenas a reprodução, pois deve
antecipar as transformações. Logo, para fazer as práticas evoluírem, é importante
descrever as condições e as limitações o trabalho real dos professores. Essa é a base
de toda estratégia de inovação‖ (PERRENOUD; THURLER, 2002, p. 17).
Portanto, a formação do docente influencia diretamente no ensino-aprendizagem do
aluno, ainda mais quando esse aluno esta inserido numa educação autoritária. É da sua
formação e experiências práticas que o professor irá assimilar métodos pedagógicos
adequados, didática apropriada e principalmente o direito de atuar como professor, para que,
possa como docente, ser causador do aluno que pensa e não somente recebe os conhecimentos
transmitidos.
5.2 O CURRÍCULO DO CURSO DE ENFERMAGEM: COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS
À FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO FUTURO ENFERMEIRO
O Ensino superior no Brasil tem objetivos ligados a preparação do homem seja ele
jovem ou adulto para a vida em sociedade. ―Volta-se para a preparação profissional para a
construção e a reconstrução do saber, para o preparo do cidadão e a sua participação na
construção da sociedade justa, livre e desenvolvida‖. (BERBEL, 2004, p. 11).
As características de um bom aluno que o professor espera, é que ele seja interessado,
tenha compromisso com suas tarefas, seja inteligente, tenha atitude, iniciativa, poder de
decisão, poder de liderança e principalmente responsabilidade. Sendo assim, ―o aluno teria
que vir pronto para a universidade, repleto de virtudes e de atitudes positivas, para ser
considerado bom aluno‖. Porém são características bastante desejadas pelos docentes e que
não são formadas apenas pela universidade e sim ao longo da vida. (MACHADO11
, 1994
apud BERBEL, 2004, p. 9).
O Projeto de Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, aprovada pela
Câmara Federal em 13.05.93, estabelece como um dos objetivos da Educação Superior, a
solução dos problemas sociais, econômicos e políticos da sociedade brasileira e da região
onde se realiza essa educação, questionando, portanto, como que os futuros profissionais irão
ter esse compromisso estabelecido pela LDB se não tiverem um ―mínimo de preparo para isso
11
MACHADO, Carmen Esther Grumadas. Características do bom professor e do bom aluno do curso de
Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina, na opinião dos sujeitos envolvidos. Londrina, 1994,
84 p.
em seu tempo de formação‖, e quanto tempo mais será necessário para que esses alunos
adquiram capacidade de enfrentar problemas e alternativas viáveis de solução. Ela questiona
qual o verdadeiro compromisso da universidade frente à sociedade e a esses alunos (ibid,
p.10)12
.
A necessidade de formar futuros profissionais voltados para uma assistência com
competência e para o cuidado integral do paciente é primordial, sendo assim, se faz necessário
repensar os métodos de ensino utilizados para compor a formação do aluno. As novas
configurações do mundo globalizado e seu acelerado processo de modernização científica e
tecnológica vêm demandando novas formas de construção de conhecimento, pressionando
mudanças no processo de formação de profissionais competentes para o atendimento à saúde
da população. (SILVA et al, 2010, p. 177).
Silva e Sena13
(2006 apud, RODRIGUES, ZAGONEL E MANTOVANI 2007) fala
que:
O ensino de enfermagem é norteado, pelo Projeto Pedagógico de Curso (PPC), o
qual se estabelece como referencial para o processo de aprendizagem, sinalizando a
construção de competências e habilidades para a integralidade do cuidado em saúde
com vistas à articulação das dimensões curativa e preventiva, individual e coletiva
(SILVA; SENA, 2006, p. 314).
Dessa forma, cabe a cada escola/curso definir o perfil do profissional que deseja
formar, tendo como base as competências do enfermeiro e seguimento às determinações das
Diretrizes Curriculares buscando a articulação entre o ensino, pesquisa e extensão (ibid, p.
314)14
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9.394/96 aborda no capítulo IV,
onde trata da educação superior, que esta tem por finalidade, dentre outras, formar
diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na
sua formação contínua (BRASIL, 1996). A partir da LDB,
Concretizou-se em 7/8/2001 o Parecer 1133 do CNE/CES6 que veio reforçar a
necessidade de articulação entre Educação Superior e Saúde, objetivando a formação
12
BERBEL, ibid. 13
SILVA Kênia Lara, SENA Roseni Rosângela de. A formação do enfermeiro: construindo a integralidade do
cuidado. Rev Bras Enferm 2006 jul/ago; 59(4): 488-91 14
SILVA; SENA, ibid.
geral e específica dos egressos, com ênfase na promoção, prevenção, recuperação e
reabilitação da saúde (RODRIGUES; ZAGONEL; MANTOVANI, 2007).
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem,
enfatiza as competências e habilidades gerais, importante na formação do enfermeiro, como,
por exemplo, a Atenção à saúde e a Educação permanente. O professor precisa deixar claro
para os alunos as competências do enfermeiro, principalmente no plano de prática assistencial
e na educação continuada tanto como profissional, exercendo sua função do cuidado, quanto
como educador.
A Docente D relata que as práticas de educação utilizadas no ensino superior têm que
mudar. Ela questiona até que ponto é válido o aluno fazer fichamentos, resenhas e ler artigos
sem uma fundamentação e direcionamento para isso. Para ela,
O professor não tem que jogar um monte de artigo para o aluno ler e ir pra sala de
aula discutir artigo, pois o aluno não tem maturidade pra isso. Isso acontece em
muitas disciplinas (DOCENTE D).
Portanto,
A postura dos educadores, de um modo geral, no seu fazer pedagógico, requer uma
auto-avaliação no que se refere à ação em termos de sua propriedade e adequação
aos fins educacionais, no sentido de assumir a mediação do conhecimento de modo a
ser partilhado na relação que estabelece com o aluno. (STACCIARINI;
ESPERIDIÃO, 1999, p. 60).
De acordo com Pereira (2007), o professor pode se basear nas competências e
habilidades a ele proposta para poder desenvolver suas práticas, conhecimento, técnica e
assim estabelecer um processo continuo de educação e aperfeiçoamento para sua própria
aprendizagem, ―em prol de uma educação ativa e, principalmente, a favor de um serviço de
saúde mais digno e humanizado‖.
Duas competências, dentre as dez novas competências profissionais citadas por
Perrenoud, que o educador precisa ter para ensinar são: a necessidade de saber organizar e
dirigir situações de aprendizagem ao construir e planejar dispositivos e sequências didáticas
ou até mesmo envolvendo os alunos em atividades de pesquisa e em projetos de
conhecimento e, administrar sua própria formação contínua através da disposição de como
saber explicar suas próprias práticas e estabelecer seu próprio balanço de competências e seu
programa pessoal de formação continua. (UNIGE, 2014).
Segundo Cochineaux e Woot15
(1995 apud ALARCÃO, 2003),
A noção de competência incluí não só conhecimentos (fatos, métodos, conceitos e
princípios), mas capacidades (saber o que fazer e como), experiência (capacidades
sociais, redes de contatos, influência), valores (vontade de agir, acreditar, empenhar-
se, aceitar responsabilidades) e poder (físico e energia mental).
Ter competência é saber mobilizar os saberes, obrigando a estabelecer um problema
antes de resolvê-lo, a determinar os conhecimentos pertinentes, a reorganizá-los em função da
situação, a extrapolar ou preencher as lacunas. Então,
Se aceitarmos que competência é uma capacidade de agir eficazmente num
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles,
é preciso que alunos e professores se conscientizem das suas capacidades
individuais que melhor podem servir o processo cíclico de Aprendizagem-Ensino-
Aprendizagem. (PERRENOUD16
, 1999 apud PORTAL EDUCAÇÃO).
Sendo assim, é de fundamental importância que haja um norteamento referente a
construção de competências essenciais para o desenvolvimento das práticas educativas
vivencias pelo aluno e pelo professor afim de ambos colaborar de forma eficaz para o seu
processo de ensino aprendizagem. O professor, no seu papel de educador tem a função de
guiar o futuro profissional aos conhecimentos e aprimoramentos de suas práticas e os alunos
tem o papel de assimilar esse conhecimento colocando em prática a eficácia e competência do
aprendizado, principalmente na enfermagem onde a competência tem que estar alicerçada ao
cuidado.
A enfermagem fundamental como disciplina responsável por inserir o aluno na prática
assistencial assume a responsabilidade de instruir e nortear o aluno na construção das
competências referentes ao seu futuro como profissional. Sendo assim, a formação inicial em
enfermagem tem papel essencial na formação de competências para ação educativa do
enfermeiro (LEONELLO; OLIVEIRA, 2008).
As Diretrizes Curriculares deixa bem claro que na atenção à saúde, o profissional deve
desenvolver práticas de saúde que venham suprir as necessidades da população como a
prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto
coletivo, afim de, resolver o problema de saúde desses indivíduos. O professor em seu papel
15
Cochineaux, P., de Woot, P. Moving Towards a Learning Society. A CRE-ERT Forum Report on European
Education. 1995. 16
PERRENOUD, Philippe. Construir competências é virar as costas aos saberes? Pátio. Revista Pedagógica, nº
11. 15-19 p. Novembro, 1999.
de educador tem o compromisso de instruir o aluno, quando inserido principalmente na
prática fundamental, quanto à necessidade de desenvolver habilidade e competência voltada
para a atenção à saúde, assim como instruir também o futuro enfermeiro às habilidades quanto
ao processo de cuidado, o qual é o instrumento primordial do enfermeiro e prioridade da
saúde.
A Enfermagem, desde o seu nascimento, expressa através do cuidado, a garantia do
alívio do sofrimento e manutenção da dignidade em meio às experiências de saúde, doença,
vida e morte. O cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir, além dos clientes e
seus familiares, a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento, interdependência,
coesão e competência (WALDOW17
, 1998 apud DAMAS; MUNARI; SIQUEIRA, 2004, p.
273).
Porém, para o desenvolvimento de técnica, conhecimento, habilidade e competência
adequada e atualizada, o enfermeiro tem que assumir a responsabilidade de aprimorar seu
auto-aprendizado, e para isso, é preciso que o enfermeiro seja capaz de aprender
continuamente. Assim, as Diretrizes Curriculares atribui a Educação permanente ao
profissional de enfermagem, o qual terá o dever de praticar a educação continuada durante
todo seu processo de vida, tanto como estudante quanto como profissional. O profissional de
saúde tem o dever também de desenvolver suas habilidades na prática assistencial, para assim
exercer uma assistência adequada e com responsabilidade.
Assim, para que o futuro profissional adquira tais responsabilidades, desenvolva
pensamento crítico, tenha conhecimento e métodos inovadores que venham contribuir na sua
prática assistencial, é de extrema importância que esse aprendizado e direcionamento venham
desde seu processo de formação, através da inserção de novos métodos de ensino ou mesmo
da reestruturação curricular das instituições de ensino. Com isso, poderão formar futuros
profissionais com métodos mais atualizados e pensamentos mais críticos, para que seja um
profissional mais autônomo no seu processo ensino-aprendizado teórico e prático, capaz de
aprender a aprender continuamente.
Porém, a mudança curricular é um processo de adaptação a novos métodos, que
demanda tempo de assimilação e espera. Por isso, Klein (2005) relata que a reestruturação
curricular é um processo de mudança que ocorre gradativamente, uma vez que envolve, ―(...)
diferentes atitudes sociais, psicológicas e políticas. Além disso, a reestruturação é radical e
17
WALDOW, V. R. Cuidado Humano: o resgate necessário. Porto Alegre, Sagra, 1998.
frequentemente incorpora não apenas a crítica do estado das disciplinas que estão sendo
reestruturadas, como também incorpora a estrutura predominante do conhecimento‖.
Segundo Berbel (2004, p.12), transformar a realidade e a educação não é papel para as
pessoas fazerem isoladamente. Para ela, vai mais além. Reque,
Trabalho coletivo sempre, de grupos de alunos com um ou mais professores. Esse
aspecto porém, demanda ações administrativas, de organização do trabalho, que
acaba incidindo sobre os custos para as instituições. Diante disso, há que se buscar
elaborar projetos bem fundamentados para conquistar os espaços, as adesões e
apoios necessários (BERBEL, 2004, p. 12).
Baseado nessa necessidade de reestruturação curricular observa-se que algumas
instituições não seguem as diretrizes curriculares. Alguns autores como Rodrigues e Caldeira
(2009, p. 422) afirmam que os ―cursos não seguem as diretrizes no seu aspecto didático-
pedagógico por desenvolverem as atividades práticas concentradas no estágio curricular‖. O
aluno 6 afirma que após realizar algumas pesquisas sobre o tema discutido em sala sobre a
reestruturação curricular e diretrizes do curso, ele observou que,
Segundo as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em
enfermagem, a nossa escola não se encontra nesse padrão citado (ALUNO 6).
De contrapartida, os cursos têm procurado construir suas próprias sínteses a respeito
do que entendem que devam ser as competências do profissional enfermeiro. Ademais as
diretrizes são caminhos, nortes, não prescrições rígidas. Cada escola deve, ao longo de sua
caminhada construir sua identidade o que passa pela elaboração de seus documentos, como os
projetos políticos pedagógicos (ibid, p. 420)18
.
Com isso, Rodrigues, Zagonel e Mantovani (2007) questionam quais as práticas
pedagógicas que o professor precisa exercer para formar um profissional de enfermagem
adequado para propagar o ensino. Para eles, na formação,
A ênfase está em aprender a aprender e a aprender a pensar, habilidade esta também
exigida para aqueles que ensinam, pois para formar um novo enfermeiro é
necessário que o docente desenvolva um processo de (des)construir-se, ou seja, que
pense, duvide, questione e se disponibilize a fazer isto (RODRIGUES; ZAGONEL;
MANTOVANI, 2007, p. 316).
18
RODRIGUES; CALDEIRA ibid
Para o Docente B os métodos utilizados em sala de aula, como as aulas tradicionais, já
estão ultrapassadas e é preciso utilizar novos métodos para se ensinar através da aplicação das
metodologias ativas, pois:
O uso de metodologias ativas é uma outra maneira de fazer aula na universidade.
As formas tradicionais, ainda as mais utilizadas, não mais atendem ás expectativas
de discentes e docentes que buscam aulas mais interessantes e participativas
(DOCENTE B).
Pois, para o Aluno 7, além de muitos professores não possuírem didática eles,
Não sabem como prender a atenção do aluno, como passar o conteúdo da matéria
e, muitas vezes, não se mostram tão receptivos com os alunos. Seria muito melhor se
houvesse uma troca entre alunos e professores. As aulas poderiam ser mais
dinâmicas e participativas (ALUNO 7).
Sendo assim,
Há necessidade de realizar mudanças no ensino de Enfermagem, em que o professor
seja capaz de dialogar com seus pares e com a realidade, que seja capaz de
experimentar novas oportunidades, de agir de forma diferente, de estabelecer
relações horizontais sem autoritarismo, mas com autoridade. Realizar a conexão
entre a educação e a prática, entre as instituições formadoras e o mundo do trabalho,
com olhar e atitude investigativos, possibilitando a vivência de experiências
enriquecedoras da aprendizagem, ampliando o espaço de sala de aula pela
contextualização da prática. cooperativa (SAUPE, 19
1998 apud RODRIGUES;
ZAGONEL; MANTOVANI, 2007, p. 316).
Diante disso, é essencial que se experimente novos métodos de como trabalhar a
profissão de enfermagem articulando-a com outras disciplinas, de modo que esse processo
seja realizado tanto na prática como na teoria e reflexão.
5.3 O USO DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
Inovar é desafiador por mudar teórica e estruturalmente o que é tradicional. Na
educação a mudança pode causar desconforto, pois mobiliza saberes e questionamentos antes
inexistes e restritos a únicos detentores do saber. Para formar pensadores críticos,
protagonistas do saber e que transcendam essa educação passiva, a inserção de métodos
inovadores, como a metodologia da problematização, no ensino superior, busca a formação de
19 SAUPE, Rosita. Educação em enfermagem: da realidade construída à possibilidade em construção. Série
enfermagem – Repensul. Florianópolis(SC): Ed UFSC; 1998.
alunos mais preparados para lidar com situações que necessitam de uma visão crítica e
busquem solucionar os problemas com mais autonomia.
Entretanto, o uso dessas metodologias inovadoras necessita que o professor mude sua
didática de ensino. Isso requer esforços extras aos que já são de costume, ainda mais quando
esse professor faz uso do método tradicional de transmissão e recepção de informações. ―Esse
esforço adicional solicita do professor uma ampliação da compreensão dos fundamentos
teórico-metodológicos do ensino, que constam com explicações filosóficas, políticas,
psicológicas, históricas, etc‖ (BERBEL, 2004, p. 11).
Há necessidade, portanto, que para a aplicação da Metodologia da Problematização no
ensino superior, o professor tenha preparação para trabalhar com tal método, se aprofundando
em estudos para sua fundamentação teórica, ―já que essa não é uma metodologia que tem uma
proposta político-pedagógica bastante clara‖. É uma metodologia que não pode ser adotada de
qualquer forma, necessita de conhecimento, pois ―tem raízes históricas, princípios
fundamentais e que só podem repercutir positivamente, se utilizada de forma compatível com
uma postura docente crítica, reflexiva e politicamente compromissada com os destinos da
educação de toda a População‖ (ibid, p. 18)20
.
Porém para que esse preparo dos docentes ocorra, não depende somente deles, pois há
a necessidade de que, para que ocorra mudança, haja estrutura para sustentar essa mudança. A
Docente A aborda que as metodologias ativas é uma vantagem, porém,
O que acontece é que você precisa de espaço pra ela, para realizá-las, precisa de
uma condição de trabalhar essas metodologias ativas. Essas metodologias precisam
de tempo, de preparo, de pequenos grupos, de um ambiente apropriado. Muitas
vezes não conseguimos reproduzir esse tipo de coisa, e não temos um calendário de
aulas que permita que eu divida uma turma no meio para dar esse mesmo conteúdo.
Eu posso pensar em estratégias, mas qual o tempo que eu disponho para isso?
Então as metodologias ativas, elas tem uma demanda de preparação e condição
para exercer. Eu acho ate que nós conseguimos algumas coisas, mas poderia ser
melhor, poderia ser mais (DOCENTE A).
A proposta problematizadora surge com o objetivo de formar alunos cada vez mais
capacitados e com pensamento critico da realidade e dos problemas. Na área da saúde, há uma
necessidade desse pensamento crítico e criativo por ser uma área que lida com situações de
urgência e emergência, onde o profissional tem que buscar estratégias adequadas para prestar
a assistência e assim promover a saúde do paciente. Para Pereira (2003), a problematização é
o método ideal para a prática educativa em saúde, pois,
20
BERBEL, ibid.
Além de promover a valorização do saber do educando e instrumentalizando-o para a
transformação de sua realidade e de si mesmo, possibilita efetivação do direito da
clientela às informações de forma a estabelecer sua participação ativa nas ações de
saúde, assim como para o desenvolvimento contínuo de habilidades humanas e
técnicas no trabalhador de saúde, fazendo que este exerça um trabalho criativo
(PEREIRA, 2003, p. 1533).
A Metodologia da Problematlzação busca preparar o aluno do Ensino Superior para
atuar como profissional e cidadão em seu meio, porém para que isso seja possível, não basta
que essa metodologia seja apenas utilizada em um só momento, por um só professor, em sua
disciplina, ―É preciso sensibilizar mais professores para conhecê-la e aplicá-la, de preferência
através de projetos mais abrangentes e duradouros, garantindo-se o tempo e as condições
necessários para a sedimentação dos conhecimentos e das atitudes desenvolvidas‖ (BERBEL,
2004, p. 11).
A Docente C argumenta que,
No ensino superior eu vejo que precisamos repensar na metodologia que os
professores utilizam porque eu vejo que muitas vezes se fala em transformação do
ensino superior, mas efetivamente em sala de aula não há essa transformação.
Então eu entendo que nós professores somos co responsáveis pelo ensino, pelo
processo ensino aprendizagem e temos que transformar a nossa pratica educativa,
porque muitas vezes eu vejo colegas que falam em metodologias, mas não sabem
aplicar a metodologia ativa (DOCENTE C).
Assim como o aluno tem a capacidade de ampliar sua visão crítica, o professor
também melhora seus métodos de ensino-aprendizagem ao orientar e facilitar o aprendizado
do aluno, fazendo com que haja um conhecimento mútuo, sendo a metodologia
problematizadora a facilitadora desse processo. Sendo assim, esse tipo de metodologia ativa
incentiva, segundo Carrano et al (2011),
‗
À participação ativa dos educandos no processo dinâmico de construção do
conhecimento, avaliação e resolução de problemas da realidade, trazendo o aluno
para o papel de sujeito ativo de seu crescimento, ou seja, protagonista do processo.
Alguns professores como a professora Docente D fala que a implantação de
metodologias ativas na enfermagem é necessária. Sendo assim, ela vê,
Que a metodologia ativa procede, é um meio de conseguir manter a atenção, a
compreensão com facilidade do conteúdo programático e ai só há melhoria para o
usuário, porque se vc tem o conhecimento e se vc sabe aplicar esses conhecimentos
quem ganha é o usuário do sistema único de saúde (DOCENTE C).
A partir da utilização desse método de ensino o Aluno 3 relata que as novas didáticas
facilitam o aprendizado. Para ele a síntese do estudo se resumiu em,
Mudança no meu grau de conhecimento pessoal e vontade de pesquisar e aprender
sobre o assunto (ALUNO 3).
Berbel (1998) relata que a problematização é capaz de conduzir a prática de ensino do
educador quando ―preocupado com o desenvolvimento de seus alunos e com sua autonomia
intelectual, visando o pensamento crítico e criativo, além da preparação para uma atuação
política‖.
A utilização da metodologia da problematização no ensino de enfermagem tem o papel
de estimular o aluno a desenvolver sua própria opinião com um pensar crítico. A
problematização proporciona ao futuro enfermeiro a capacidade de buscar extrair problemas
encontrados em sua realidade, visando à resolução desse problema e consequente a
transformação social, profissional e pessoal. Assim, a aplicação do método da
problematização no ensino de alunos da enfermagem fundamental, mobiliza esses alunos a
encontrarem problemas inseridos na realidade da disciplina, expondo assim as verdadeiras
necessidades de transformação, induzindo não só esse aluno ao pensamento crítico como
também fazendo dele o protagonista da sua própria mudança e colaborador do conhecimento
desses problemas e, levando-o a buscar métodos de resolução.
Antunes, Shigueno e Meneghin (1999) diz que:
O mais importante na metodologia da problematização é desenvolver no grupo de
alunos a capacidade de observar a realidade imediata ou circundante e a realidade
global e estrutural, detectando seus problemas, condicionamentos e limitações e
buscando nos conhecimentos científicos, recursos, tecnologias e novas formas de
organização do trabalho (ANTUNES, SHIGUENO E MENEGHIN, 1999,
p.166).
A problematização poderá colaborar de forma eficaz com a mudança do ―modelo
biomédico dominante para um modelo holístico‖, pois proporciona uma visão crítica e
reflexiva do cuidado. É um método que pode ajudar a transpor o modelo hospitalocêntrico,
que fragmenta o cuidado com o indivíduo, para outra forma de pensar e agir, e que
proporcione ―o desenvolvimento da cidadania, possibilitando a compreensão do ser humano
socialmente inserido, vislumbrando-o de forma holística e humanizada, além de priorizar a
prevenção de agravos e a promoção à saúde‖. (SCHAURICH; CABRAL; ALMEIDA, 2007,
p. 322).
A aplicação da metodologia da problematização na disciplina de fundamentos de
enfermagem facilitou a ampliação do aprendizado e despertou a curiosidade da pesquisa e do
saber. Alguns alunos relatam os benefícios que a aplicação da nova metodologia causou,
como:
Houve sim um aumento no conhecimento, pois além de conhecer mais sobre esse
problema que é atual e presente, tivemos a oportunidade de conhecer, de uma forma
geral, a estrutura de aprendizado através das diretrizes (ALUNO 8).
Os encontros foram esclarecedores e pude entender como funciona algumas normas
na instituição. Concluo que se faz necessário que mais encontros sejam realizados
com outros temas para melhor formação nossa (ALUNO 9).
Em suma, ao final do 2º encontro, pude compreender o porquê de tantos problemas
que citamos no 1º encontro e com isso também tive mais esclarecimento sobre o
currículo e o projeto pedagógico, além das competências do enfermeiro e a
metodologia de ensino de muitos professores (ALUNO 5).
Sendo assim, é de fundamental importância obter a problematização como ―estratégia
pedagógica para o educar/cuidar em Enfermagem‖, pois constrói educandos que terão uma
participação criadora no processo de ensino-aprendizagem de forma a elaborar uma
articulação com o pensamento crítico e reflexivo, ―que possam construir o conhecimento em
parceria com os educadores, tendo como finalidade um olhar inovador e transformador das
situações de saúde-doença e seus respectivos cuidados que fazem parte da realidade vivida‖
(ibid, p. 322)21
.
Portanto, o método da problematização possibilita o estudante a compreender as
competências do enfermeiro e como podem ser aplicadas na sua educação formadora. A
metodologia da Problematização serviu como um método significativo para ser aplicado na
disciplina a fim do docente conseguir ampliar o conteúdo e trabalhar questões ligadas à
prática e ensino profissional, afim de, fazer esse aluno aprender a aprender e desenvolver
responsabilidade para um cuidado eficaz como um futuro enfermeiro.
21
SCHAURICH; CABRAL; ALMEIDA, ibid.
6 CONCLUSÃO
A metodologia da problematização possibilitou ao estudante compreender as
competências do enfermeiro e como podem ser aplicadas na disciplina de Fundamentos II.
Serviu como um método significativo aplicado na disciplina, pois fez o aluno discutir de forma
crítica e reflexiva o problema relacionado ao ensino.
A discussão do estudo foi ampliada pelos alunos, pois eles não conseguiram trabalhar
conteúdos específicos da disciplina, uma vez que, seus interesses estavam voltados para a
formação do enfermeiro e as respectivas questões relacionadas ao currículo de enfermagem.
O problema identificado pelos alunos foi o (DES)PREPARO e estratégias docentes
para o ensino teórico-prático de enfermagem. Os alunos questionaram que há uma falta de
didática e um despreparo profissional de alguns docentes referente em como desenvolver uma
estratégia de ensino que chame a atenção do aluno. Porém, isso pode ser reflexo de uma
estrutura curricular do curso de enfermagem má reformulada e que acarreta em uma
desestruturação didática e pedagógica, dificultando o ensino-aprendizagem do aluno e do
professor.
A implantação da problematização no ensino superior é vista como eficaz, uma vez que
alguns docentes reconhecem que trabalhar de forma mais dinâmica, participativa e que instigue
o pensamento crítico do aluno é melhor para a formação desse futuro profissional, ainda mais
que esses irão fazer parte de uma equipe de saúde e necessitarão de autonomia e atitude que
gere uma participação criadora.
Porém, grandes são os desafios a serem ultrapassados para a implantação de novos
métodos educativos no ensino superior de enfermagem, já que muitos professores ainda fazem
questão de utilizar o método tradicional, impossibilitando, portanto, a participação ativa do
aluno. Outros desafios também são a falta de preparo do profissional educador frente à nova
forma de pensar e exercer sua didática, o que requer um conhecimento de como lidar com essa
mudança.
Para alguns professores, os alunos também podem ser um grande desafio a ser
transposto, pois muitos deles veem a forma ativa de ensino como uma forma do professor não
querer passar o conteúdo e não dar aula. Porém, ao mesmo tempo que esse aluno se se impõe
de forma contraditória indiretamente a novos métodos de ensino, ele cobra uma didática eficaz
que o torne participante ativo da desenvolvimento do pensamento crítico frente a sua realidade
vivida.
7 OBRAS CITADAS
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ALFARO-LEFEVRE, Rosalinda. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do
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Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
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apud Decker, I.R.; Bouhuijs, P.A.J. Aprendizagem Baseada em Problemas e metodologia da
problematização: identificando e analisando continuidades e descontinuidades no processos
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Problemas no ensino superior. São Paulo: Summus, 2009.
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56.
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25ª ed. Rio de Janeiro: Vozes; 2004.
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dezembro de 2012. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos.
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Superior. Resolução CNE/CES nº 3 de 7/11. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Enfermagem. Brasília (DF); 2001.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196, de 10 de
outubro de 1996. Disponível em:
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Fora do ponto de vista dos residentes. Rev. APS, v. 13, n. 2, p. 245-249, Juiz de Fora, abr-dez.
2010.
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DAMAS; Keyti Cristine Alves; MUNARI; Denize Bouttelet; SIQUEIRA; Karina Machado -
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8 OBRAS CONSULTADAS
ANTUNES, Maria José Moraes; SHIGUENO, Luiza Y. Okuidara; MENEGHIN, Paolo.
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enfermeiros: revisão bibliográfica. Rev Esc Enferm USP, v. 33, n. 2, p. 165-74, 1999.
9 APÊNDICES
9.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O ALUNO
Dados de identificação
Título do Projeto: A Metodologia da Problematização – aplicabilidade no ensino de
Enfermagem Fundamental
Pesquisador Responsável: Daiana Moreira Gomes
Professor(a) Orientador(a): Gisella de Carvalho Queluci
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: EEAAC ou UFF
Telefones para contato: (21) 7901-3154
Nome do voluntário: __________________________________________________________
Idade: _____________ anos
R.G. __________________________
O(A) Sr.(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa ―A
metodologia da problematização – aplicabilidade no ensino de Enfermagem Fundamental‖, de
responsabilidade da pesquisadora Daiana Moreira Gomes.
O estudo vem a contribuir nas áreas de ensino, pesquisa e assistência, ampliando o
conhecimento sobre a metodologia da problematização (MP), avaliando e discutindo este
método pedagógico. E ainda, aplicando a MP na Enfermagem, enquanto profissão
desenvolvida no contato cliente-enfermeiro, fundamentando o uso de metodologias que
despertem e construam nos futuros profissionais e recém-formados estratégias de ensino-
aprendizado, que os faça aprender-a-aprender primando por uma assistência de qualidade,
galgando uma formação crítica, reflexiva, criativa pautada nos princípios do SUS, com
cidadãos engajados nos contextos social, econômico, político, ético e cultural da saúde
brasileira.
O objetivo geral do estudo é: Avaliar a implantação do método de problematização no
ensino teórico-prático de Fundamentos de Enfermagem. Os objetivos específicos são: Aplicar
a metodologia da problematização nos cenários de ensino teórico-prático da disciplina de
Fundamentos de Enfermagem; Descrever os métodos pedagógicos utilizados pelos docentes
da disciplina de Fundamentos de Enfermagem; Analisar as estratégias de aprendizagem dos
alunos de acordo com Metodologia da Problematização aplicada e os demais métodos de
ensino utilizados pelos docentes.
Se você concordar em participar deste estudo, serão realizados dois encontros
presenciais com os alunos, elaboração de uma síntese escrita individual e discussões orais.
O risco previsto para essa pesquisa decorre do fato de a metodologia em questão, a
problematização, transcorrer com outra dinâmica de ensino, diferente do ensino tradicional,
podendo gerar estranhamento tanto pelos alunos, quanto nos preceptores. O pesquisador
responsável deverá cuidar para que o estudo não crie este desconforto.
A metodologia da problematização enquanto um método pedagógico terá o benefício
de formar e preparar o estudante para atuar de uma maneira crítica e reflexiva promovendo
uma assistência de qualidade.
Durante todo o estudo, você será acompanhado e auxiliado pelo pesquisador, podendo
sanar a qualquer momento toda e qualquer dúvida acerca da pesquisa.
É importante que você saiba que a sua participação é completamente voluntária e que
você pode recusar-se a participar ou se retirar a qualquer momento sem penalidades ou perda
de benefícios aos quais você tem direito. Em caso de você decidir interromper sua
participação no estudo, o pesquisador deve ser comunicado e seus dados relativos ao estudo
serão imediatamente excluídos.
Além da equipe de saúde do serviço, seus relatórios e questionários poderão ser
consultados pelos Comitês de Ética do Hospital Universitário Antônio Pedro da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal Fluminense e equipe de pesquisadores envolvidos. Seu
nome não será revelado ainda que informações de seus relatórios e questionários sejam
utilizadas para propósitos educativos ou de publicação, que ocorrerão independentemente dos
resultados obtidos.
Caso você opte em não participar ou desistir do estudo em qualquer momento, suas
atividades na disciplina seguirão como anteriormente, com instrução dos professores do
serviço. Não haverá nenhuma punição ou prejuízo para seu aprendizado corrente.
Não haverá qualquer custo ou forma de pagamento para o aluno pela sua participação
no estudo. Os encontros com o pesquisador serão pré-agendados com os alunos, adequando
ao cronograma da disciplina.
Eu,________________________________________________________________________,
RG nº _____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como
voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Niterói, _____ de ____________ de _______.
9.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O DOCENTE
Dados de Identificação
Título do Projeto: A Metodologia da Problematização – aplicabilidade no ensino de
Enfermagem Fundamental
Pesquisador Responsável: Daiana Moreira Gomes
Professor(a) Orientador(a): Gisella de Carvalho Queluci
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: EEAAC ou UFF
Telefones para contato: (21) 97901-3154
Nome do voluntário:_____________________________________________________
Idade: _____________ anos
R.G. __________________________
O(A) Sr.(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa ―A
metodologia da problematização – aplicabilidade no ensino de Enfermagem Fundamental‖, de
responsabilidade da pesquisadora Daiana Moreira Gomes.
O estudo vem a contribuir nas áreas de ensino, pesquisa e assistência, ampliando o
conhecimento sobre a metodologia da problematização (MP), avaliando e discutindo este
método pedagógico. E ainda, aplicando a MP na Enfermagem, enquanto profissão
desenvolvida no contato cliente-enfermeiro, fundamentando o uso de metodologias que
despertem e construam nos futuros profissionais e recém-formados estratégias de ensino-
aprendizado, que os faça aprender-a-aprender primando por uma assistência de qualidade,
galgando uma formação crítica, reflexiva, criativa pautada nos princípios do SUS, com
cidadãos engajados nos contextos social, econômico, político, ético e cultural da saúde
brasileira.
O objetivo geral do estudo é: Avaliar a implantação do método de problematização no
ensino teórico-prático de Fundamentos de Enfermagem. Os objetivos específicos são: Aplicar
a metodologia da problematização nos cenários de ensino teórico-prático da disciplina de
Fundamentos de Enfermagem; Descrever os métodos pedagógicos utilizados pelos docentes
da disciplina de Fundamentos de Enfermagem; Analisar as estratégias de aprendizagem dos
alunos de acordo com Metodologia da Problematização aplicada e os demais métodos de
ensino utilizados pelos docentes.
Se você concordar em participar deste estudo, será realizada uma entrevista com os
docentes, que aceitarem, da disciplina de Fundamentos de Enfermagem II. Essa entrevista é
baseada em cinco perguntas que são: 1. Qual a metodologia de ensino você prefere utilizar em
suas aulas? Tradicional ou ativa? Por que? - 2. Caso já tenha utilizado metodologias ativas,
qual a que você normalmente aplica em sala de aula? - 3. Você considera necessário repensar
os métodos de ensino no ensino superior? E quanto na enfermagem? - 4. Quais as vantagens e
as limitações das metodologias ativas na sua opinião? – 5. Em relação ao atual currículo da
EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de metodologias ativas no ensino de
Fundamentos de Enfermagem?
A metodologia da problematização enquanto um método pedagógico terá o benefício
de formar e preparar o estudante para atuar de uma maneira crítica e reflexiva promovendo
uma assistência de qualidade.
É importante que você saiba que a sua participação é completamente voluntária e que
você pode recusar-se a participar ou se retirar a qualquer momento sem penalidades ou perda
de benefícios aos quais você tem direito. Em caso de você decidir interromper sua
participação no estudo, o pesquisador deve ser comunicado e seus dados relativos ao estudo
serão imediatamente excluídos.
Além da equipe de saúde do serviço, seus relatórios e questionários poderão ser
consultados pelos Comitês de Ética do Hospital Universitário Antônio Pedro da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal Fluminense e equipe de pesquisadores envolvidos. Seu
nome não será revelado ainda que informações de seus relatórios e questionários sejam
utilizadas para propósitos educativos ou de publicação, que ocorrerão independentemente dos
resultados obtidos.
Não haverá qualquer custo ou forma de pagamento pela sua participação no estudo. As
entrevistas com o pesquisador serão pré-agendados com os docentes, adequando ao seu
cronograma.
Eu,___________________________________________________________________, RG
nº _____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como
voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Niterói, _____ de ____________ de _______.
9.3 ROTEIRO - 1º ENCONTRO PRESENCIA
ETAPA
ORIENTAÇÃO
PARA OS
PARTICIPANTES
E OBJETIVOS
QUALIDADE
DO
TRABALHO
TEMPO
ESTRATÉGIA ATIVIDADE SIMULAÇÃO
DINÂMICA DE
APRESENTAÇÃO
OBJETIVO:
Apresentar grupo de
pesquisadores e
lembrar que a pesquisa
proporá a vivência de
um método de
(re)construção do
conhecimento.
Grupo 5‘ 10:30 - 10:35 -
LEVANTAMENTO
DE SITUAÇÕES
PROBLEMA
OBJETIVO: Debater e
relacionar principais
situações, questões ou
problemas que
vivenciam no cotidiano
da universidade
Grupo 25‘ 10:35 – 11:00
Registro: quadro
branco + diário
de campo
Intervalo
OBJETIVO:
Promover
confraternização
- 20‘ 11:00- 11:20 -
SELEÇÃO DA
SITUAÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVO:
Selecionar 01
situação, questão ou
problema prioritário
Grupo 10‘ 11:20 - 11:30
Registro: quadro
branco + diário
de campo +
instrumento
específico
(HIPÓTESES)
CAUSAS DA
SITUAÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVO:
Relacionar possíveis
razões para a
existência ou
manutenção do
problema selecionado
Grupo 30‘ 11:30 - 12:00
Registro: quadro
branco + diário
de campo +
instrumento
específico
ESTRATÉGIAS DE
BUSCA DE
INFORMAÇÕES
OBJETIVO:
Conhecer e registrar
estratégias apontadas
pelos participantes da
pesquisa
Grupo 30‘ 12:00 - 12:30
Registro: quadro
branco + diário
de campo +
instrumento
específico
OBJETIVO: Sugerir
estratégias de busca
para o conhecimento
sobre o problema
identificado
Grupo 30‘ 12:30 - 13:00
Registro: quadro
branco + diário
de campo +
instrumento
específico
TEMPO TOTAL 2 horas e 30
minutos 10:30 - 13:00
9.4 DIÁRIO DE CAMPO
QUADRO 1: REGISTRO DO PROBLEMA SELECIONADO – 1º ENCONTRO
*PROBLEMA
QUADRO 2: REGISTRO DAS ESTRATÉGIAS DE BUSCA PROPOSTAS PELOS
PARTICIPANTES – 1º ENCONTRO
*ESTRATÉGIAS DE BUSCA PROPOSTAS PARA AS DIMENSÕES IDENTIFICADAS
9.5 FORMULÁRIO – REGISTRO DA SÍNTESE INDIVIDUAL E AVALIAÇÃO – 2º
ENCONTRO
*SÍNTESE INDIVIDUAL (novo grau de conhecimento sobre o problema)
APÓS A APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO SOBRE AS INFORMAÇÕES OBTIDAS NA FASE DE
DISPERSÃO, REDIJA INDIVIDUALMENTE UMA SÍNTESE SOBRE O PROBLEMA E SUAS
DIMENSÕES (CAUSAS), RESSALTANDO AO FINAL SE HOUVE MUDANÇA NO SEU GRAU DE
CONHECIMENTO SOBRE O PROBLEMA (15 linhas)
*AVALIAÇÃO
APÓS A DISCUSSÃO SOBRE O MÉTODO APLICADO, REDIJA UMA SÍNTESE SOBRE SUAS
IMPRESSÕES, PERCEPÇÕES, FACILIDADES, DIFICULDADES E SUGESTÕES (10 linhas)
9.6 ENTREVISTA PARA OS DOCENTES
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
9.7 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES
PERÍODO 2013 2014
ATIVIDADE 2º SEM 1º SEM 2º SEM
Definição do tema X
Elaboração do Projeto de Pesquisa X
Levantamento Bibliográfico X X X
Abordagem Metodológica X
Encaminhamento para o CEP X
Coleta de Dados X
Análise e Discussão dos
Resultados X
Revisão do Texto Final X
Defesa Final X
9.8 TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA DOS DOCENTES
ENTREVISTAS DOCENTES
Docente A
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Eu utilizo na verdade as duas. Alguns temas a gente usa a tradicional e algumas a
gente procura trabalhar dinâmicas. Eu acho que depende do assunto que você esta lidando e o
tempo que eu disponho para ministrar esses conteúdos. Porque se é um conteúdo muito
grande com pouco tempo, com a tradicional a gente tem um maior volume de informações.
Com alguns temas que são de maior reflexão, é melhor trabalhar com dinâmicas, encenação
ou qualquer situação em que a vivência vá levar a um maior aprendizado. Eu faço em
disciplinas que não são ligadas, porque hoje eu não sou mais professora de fundamentos. Eu
faço isso na disciplina de ética, onde a gente faz encenações, a gente procura estabelecer
alguns debates. Enfim, a própria vivência do aluno, no retorno do ensino teórico-pratico,
colocar como foi a sua experiência pra socializar para o grupo.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
As dinâmicas de grupo, tipo dinâmica assim que vai ter uma vivência. Eu já
experimentei na época que eu era professora de fundamentos, o aluno experimentar um
procedimento ser realizado por um colega nele como, por exemplo, a higiene oral, em que um
escovava os dentes do outro. Essa experiência eu acho que foi muito importante para os
alunos, porque eles tiveram a percepção que o paciente tem quando alguém vai fazer um
procedimento nele. Isso implicou em reações das mais diversas como, alguns ficaram muito
constrangidos porque implicava no outro estar perto, manipular, olhar os dentes dele, sentir o
hálito. Outros davam risos nervosos e o próprio colega que ia fazer o procedimento também
sentiu um desconforto com essa invasão da privacidade. Mas, o que eu queria mostrar pra eles
é que o paciente passa por isso o tempo todo conosco. Isso eu acho que foi um aprendizado
interessante.
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
É claro que é necessário. A gente tem que repensar muitas coisas. Hoje em dia, por
exemplo a gente houve falar muito de simulações que de uma maneira diferente lembra esse
procedimento que eu fiz. Quando ouvimos falar de que as pessoas põe peso para se sentir
como velho, que põe as mamas para perceber a questão da amamentação. Então eu acho que
temos que estar sensibilizado, talvez seja uma maneira melhor de sensibilizar os profissionais
para as necessidades de saúde, para as situações que os pacientes enfrentam e também
algumas para alertar as questões de segurança do paciente, dele mesmo como profissional.
Então tem algumas coisas que eu acho que só mudando bastante e tornando realmente
o ensino o foco da formação, quer dizer aprendizagem, mudanças de comportamento. Porque
tem umas coisas só informamos e não está trazendo o aprendizado de fato. Na minha cabeça,
eu quero formar enfermeiros eu não quero formar só pré-mestrando, eu quero formar
enfermeiros que saibam atuar na profissão de enfermeiro. Quero que essas pessoas progridam,
façam pesquisas sim, mas primeiro eles tem que ser enfermeiros. Essa é a minha preocupação
porque eu acho que tem momentos que na formação que nós estamos perdendo esse foco.
Então temos que trabalhar as pessoas para serem bons enfermeiros. Eu acho que tem muita
coisa pra mudar, mas é uma discussão grande.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
A vantagem é que ela leva a uma reflexão maior, ela faz o outro perceber o que as
pessoas passam enquanto paciente durante um procedimento técnico de enfermagem. Mas o
que acontece é que você precisa de espaço pra ela, para realizá-las, precisa de uma condição
de trabalhar essas metodologias ativas. Em uma turma com mais de cinquenta alunos é difícil,
porque enquanto alguns estão numa determinada situação e que os outros têm que assistir e
debater, aquilo acaba virando um enorme tumulto porque os alunos dispersam quando você
tem turmas muito grandes.
Então, essas metodologias precisam de tempo, de preparo, de pequenos grupos, de um
ambiente apropriado. Muitas vezes não conseguimos reproduzir esse tipo de coisa, e não
temos um calendário de aulas que permita que eu divida uma turma no meio para dar esse
mesmo conteúdo. Eu posso pensar em estratégias, mas qual o tempo que eu disponho para
isso? Então as metodologias ativas, elas tem uma demanda de preparação e condição para
exercer. Eu acho ate que nós conseguimos algumas coisas, mas poderia ser melhor, poderia
ser mais.
Em alguns momentos para dar conta de um conteúdo mais denso, que dê conta
minimamente da ementa da disciplina que é uma obrigação que nós temos, a gente tem que
migrar para o ensino tradicional e despejar o conteúdo. Não é isso que gostaríamos de fazer,
mas as vezes temos que fazer. Não temos outra saída, ela demanda tempo. Pra mim, eu acho
que o pior problema é o tempo e o tamanho das turmas para as metodologias mais ativas, pra
você ser mais criativo. As vezes também a gente trabalha, quer dizer, como professora eu vou
falar do meu ponto de vista, eu tenho interesse mas as vezes eu não recebo esse retorno dos
alunos, mas eu tenho certeza que também tem alunos interessados que não recebem de alguns
professores. Mas, as vezes, a metodologia ativa vira uma grande enganação, que ninguém
aprendeu nada e ninguém ensinou nada. É só uma forma de você disfarçar uma falta de
preparo da sua aula, e os alunos percebem isso! Eu tenho medo disso também.
A metodologia ativa bem feita necessita de um preparo prévio, de um planejamento e
por as vezes os alunos passarem por situações assim, eles já não gostam. Mas eu tenho uma
experiência de uma aula que eu dou hoje na disciplina de ética que os alunos adoram, que é a
de ética social onde os alunos fazem encenações, ate hoje os alunos adoram e não esquecem
mais, porque nós trabalhamos realmente o conteúdo.
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Considero. Acho que o currículo não impede a utilização de metodologias ativas.
Talvez um outro formato pode ser um facilitador, mas o que existe atualmente não impede a
utilização, pois em muitos momentos eu consigo. Na minha visão o que impede, por exemplo,
é um número excessivo de alunos, turmas com mais de 50 alunos torna impossível, pois
facilmente perde-se o controle das falas e da atenção. Assim, quando o professor opta e busca
por essas metodologias consegue aplicar em sala de aula, que é um espaço de domínio e
autonomia do professor.
Docente B
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Eu priorizo a metodologia ativa, ou seja, aquela participativa, que possa envolver os
docentes, a turma, enfim, mas nem sempre é possível, até por uma questão mesmo
institucional de formação mesmo, muitas das vezes agente lança mão da tradicional com
apresentação de slides e comentários. Mas dentro do possível, eu busco sempre uma
participação. Mas, mais recentemente com essa ascendência das metodologias ativas, eu tenho
procurado implementar alguma coisa mais inovadora, que esteja mais perto do público dos
alunos, que são mais jovens e tem literalmente o mundo nas mãos.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
Normalmente aquela menos complexas, como trabalhos em grupos com leituras
prévias, dramatizações a gente utiliza também, também a própria consulta de enfermagem,
desenhos, colagens eu gosto bastante. Mas, mais recentemente eu tenho utilizado nas aulas de
fundamentos especificamente o uso da WebQuest que é uma metodologia ativa, participativa
e na área da informática, é uma coisa recente que eu aprendi e ainda estou aprendendo, mas
que estou já aplicando com alguns bons resultados. Inclusive já apresentamos agora um
trabalho sobre isso com a monitora Daniella, que desde o inicio está me acompanhando com a
aplicação dessas metodologias. A gente já seleciona alguns web site de confiança no caso
consultas de enfermagem com pessoas diabéticas e hipertensas, eu já seleciono previamente
junto com as minhas mestrandas e as monitoras, alguns web sites sobre esses conteúdos. Ela
inclusive já foi candidata a prêmio, com uma coisa que é muito simples, mas ao mesmo tempo
é inovadora e eu gosto de coisas assim.
Então, a gente seleciona esses web sites cerca de cinco ou seis internacionais,
nacionais e propõe para a turma no início da aula que eles façam uma busca nesses web sites.
Pedimos para que eles tragam com antecedência do dia da aula, algum aparelho móvel que
tenha contato com internet como smartfone, tablete, notebook ou algo desse tipo. Eles têm
acesso ao wifi aqui do andar e eles acessam esses web sites e, assim, com o roteiro que a
gente estabelece dizendo, por exemplo, o tipo de diabetes, tipo de hipertensão, ou seja, a
classificação, a etiologia, o tratamento, os cuidados de enfermagem, que eles sigam aqueles
passos e dividimos a turma em quatro grupos. Quando as turmas são grandes é uma coisa que
dificultam um pouco, mas mesmo assim agente tem feito, e ao final, no terço final da aula,
cada grupo apresenta o seu power point construídos pelos próprios alunos mostrando então o
produto final daquela aula que depois também vai ficar na dropbox. É muito chique né?
Dropbox, imagina!! É uma coisa muito louca, mas enfim, fica acessível para todos os outros
colegas. Eles são avaliados pelos monitores e pelos docentes presentes na aula, no caso eu e
as mestrandas também. Avaliamos o conteúdo, fazemos alguns ajustes para depois
colocarmos à disposição da turma. Isso é bem legal!
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
Acho que é urgente. Eu mesma não agüento mais as minhas aulas. Imagina vinte anos
dando aula, mesmo que agente inove né, que vocês tragam figuras, é um data show diferente
que abra os pedacinhos, outro que tenha estrelinhas, o conteúdo que você deposita realmente
isso acho que não cabe mais nos tempos atuais em nenhum tipo de curso de graduação. É
lógico que, eu acho, que não é descartar totalmente a aula tradicional porque eu penso que
existe alguns conteúdos e em algumas situações elas são imprescindíveis também. Então
também não acho que é aquela coisa de desprezar totalmente o ensino tradicional porque ele
também tem as suas vantagens. Mas que motive os alunos para que eles venham assistir a aula
e que não durmam, que não venham sair toda hora pra ir ao banheiro, que isso é uma forma
assim declarada de que a gente não está conseguindo atingir. É difícil mesmo nos tempos
atuais, a enfermagem tem que estar atrelada a todo esse processo.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
A principal limitação, no meu entendimento, são os próprios alunos. Muitas vezes eles
falam que o professor que faz isso não quer dar aula. Se você leva um texto pra eles
estudarem, fala que o professor não quer dar aula, quando pede pra todo mundo reunir em
grupo falam que ninguém conseguir se reunir porque há briga e ninguém se une. A gente não
tem essa tradição infelizmente ainda, mas eu penso que é um processo lento, mas que a gente
precisa se engajar porque hoje me dia os trabalhos em grupo, nas grandes empresas onde
vocês mesma vão trabalhar, nas grandes empresas de saúde, o trabalho em grupo é
imprescindível. Então tem que saber trabalhar com a adversidade, pois eu acho isso muito
legal. Então tem essa barreira, mas eu acho que essa barreira a gente esta conseguindo
transpor.
Alguns colegas também professores são resistentes a esses tipos de métodos, fala
também que é blá blá blá, que é bate papo com aluno, e não é essa a intenção. A gente precisa
também ter um método para utilizar as metodologias ativas. Essas mais recentes, mais
inovadoras que utiliza a internet, tem a questão mesmo da operacionalização de contar com
um bom wifi na universidade, que nem sempre a gente tem. Os próprios alunos tem que
dispor de um aparelho e nem todos tem ou tem e não podem trazer. Por exemplo, quem vem
de trem, de ônibus, trazer um notebook sabe que é um risco de roubo. A gente infelizmente
ainda não tem na universidade, aqui na escola pelo menos, um laboratório de informática que
pudéssemos ir todos. Eu já ate tentei uma vez isso, mas, no laboratório nenhuma maquina
funcionava. Então hoje em dia eu opto pelos alunos trazerem seu aparelho, o que é também
uma dificuldade. Nem sempre a rede esta disponível, ai você não tem acesso, a rede cai, isso
acontece também. Felizmente essas últimas aulas que eu tenho aplicado essa metodologia, a
webquest, tem sido satisfatória.
A gente tem conseguido iniciar e finalizar a aula no tempo previsto e tudo direitinho.
As vantagens é a participação, que eu acho que é motivar os alunos, que mesmo no inicio
ficam um pouco reticente, se espreguiçam, se entreolham, mas no final estão engajados
apresentando seu produto. Eu acho a questão de você ser sujeito daquele processo todo, de
você não receber passivamente aquele conteúdo, mas você construir o seu conhecimento, eu
acho isso o mais importante.
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Certamente. O uso de metodologias ativas é uma ―outra maneira‖ de fazer aula na
universidade. As formas tradicionais, ainda as mais utilizadas, não mais atendem ás
expectativas de discentes e docentes que buscam aulas mais interessantes e participativas.
Docente C
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Ativa, porque eu prefiro que os alunos participem junto comigo. Porque eu entendo
que o aluno é corresponsável pelo ensino dele. Então se não houver participação eu vou ficar
trabalhando com a metodologia ativa no papel e não de fato no decorrer da aula.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
A metodologia ativa que eu utilizo é a problematizadora de Paulo Freire.
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
No ensino superior eu vejo que precisamos repensar na metodologia que os
professores utilizam, porque eu vejo que muitas vezes se fala em transformação do ensino
superior, mas efetivamente em sala de aula não há essa transformação. Então eu entendo que
nós professores somos corresponsáveis pelo ensino, pelo processo ensino aprendizagem e
temos que transformar a nossa pratica educativa, porque muitas vezes eu vejo colegas que
falam em metodologias, mas não sabem aplicar a metodologia ativa a aí tem uma impressão
que está na metodologia, mas na realidade não.
O pensamento da metodologia ativa tem que estar correlacionado com o que o
professor pensa e ser parte integrante dele. Porque se não for assim eu vou querer aplicar, mas
eu não vou ter o conhecimento suficiente de trabalhar com a turma com a metodologia ativa.
Sei que ainda é complexo esse trabalho na enfermagem, porque muitos dos nossos colegas
pensam que na sala de aula eles detêm o conhecimento e eles querem passar o conhecimento,
e não querem utilizar, pensam que vão se expor, e não querem utilizar uma metodologia ativa.
Ao contrario, quem utiliza a metodologia ativa tem o conhecimento do conteúdo
programático a ponto de permitir que o aluno passe, se coloque dentro de aula. E ai com a sua
cultura, com o seu conhecimento om toda bagagem que o estudante tem, porque o estudante
não é um ser que não sabe nada, ele tem que ter um facilitador que possa permitir que ele
revele aquilo que ele sabe. Porque muitas vezes a pessoa sabe e um exercício dentro de sala
de aula, nós observamos que o aluno sabe, que o estudante sabe, mas ele não fala com medo
de errar e ele está certo!
Então é preciso quebrar paradigmas para que nós possamos ter profissionais críticos e
reflexivos, porque se nós não quebramos esse modelo educativo, se não transformarmos esse
paradigma hoje, então nós vamos ter o profissional de amanha trabalhando nas unidades de
saúde de forma igual a de agora, e aí o sistema único de saúde não se transforma ficando
sempre naquele modelo tradicional.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
Vantagem é ter o estudante critico reflexivo, sendo corresponsável pela sua educação e
um cidadão, isso para o aluno. Para o professor, a aproximação do facilitador do estudante.
Nessa aproximação o estudante conhece o professor, o facilitador e nós enquanto facilitadores
conhecemos o estudante. Então é uma troca, a qual inicia um vinculo maior do que na
metodologia tradicional. Eu percebo que, esse vinculo nasce a partir do momento que você
deu oportunidade ao outro de se mostrar e de nos conhecer, porque muitas vezes nós ficamos
nos nossos castelos e também o estudante passa por a gente no corredor só com um bom dia e
nós não permitimos que ele se chegue, como muitas vezes o aluno se fecha e não deixa que o
professor e chegue.
Principalmente nós que somos do 8º período só. Os alunos não tem muita afinidade com a
gente, porque eles não nos conhecem antes do 8º período. Fica como se fosse um professor
que nem é da casa, um professor estranho, mas na realidade ao haver esse entrosamento se
percebe que não, que não é uma pessoa tão distante, é uma pessoa mais próxima e se cria o
vinculo. Pena que é só no 8º período porque se fosse anterior poderia ser muito mais
agradável o convívio.
A desvantagem é que o professor com a metodologia ativa, alguns acham que se
expõe, que é uma exposição do facilitador, porque ele fica cara a cara, não tem data show para
lhe dar todas as informações. Então você tem que ter o conhecimento e o saber com
aplicabilidade da didática, da pedagogia, da educação. Tem que saber mais ainda!! Alguns
professores, na minha visão, quem não aplica, quem não adere à metodologia ativa, tem medo
de se expor porque o alunos muitas vezes coloca a prova o professor e o professor tem que ter
a sabedoria de sair da situação da saia curta, e tem muitos professores que não querem isso,
querem se manter na posição confortável dele. Chegou, deu aula, saiu e acabou.
Eu vejo que a metodologia ativa pra alguns professores é uma desvantagem porque ele
se coloca frete a frente sem nada e no mesmo nível do aluno. É uma roda. O estudante é
esperto, pois traz questões que ele ver que o facilitador não sabe. Por isso, o facilitador tem
que ser capaz de sair dessas situações mediante ao que o aluno traz e até dizer mesmo eu não
sei isso, eu não tenho conhecimento, vou procurar, vou pesquisar e depois eu trago, e trazer o
material pra pesquisar junto.
Se ele traz o material para pesquisar junto, e quem perguntou não pesquisa é porque
ele sabe. Então você tem que ter estratégias de perceber os estudantes que você tem na sala de
aula. Muitas vezes isso o professor não quer. Então eu vejo que para alguns professores esta é
uma desvantagem. E no meu caso eu não vejo desvantagem nenhuma, porque naturalmente eu
aceito e se eu não souber eu digo que vou procurar e aquele que souber eu vou pedir pra falar
pra turma que nós vamos aprender juntos, então no meu caso eu não vejo desvantagem
nenhuma.
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Sim, qualquer disciplina você pode aplicar metodologia ativa. Você pode escolher
como trabalhar e dentro do seu plano de aula você pode planejar e contemplar a metodologia
ativa. Muitas vezes falam que fundamentos de enfermagem é apenas a técnica, mas não é. O
fundamentos de enfermagem tem a questão conceitual, a questão do conhecimento, do saber
como aplicar esse conhecimento e nada que um bom plano de aula não dê conta.
É claro que podem dizer que a turma é grande, mas a metodologia ativa ela pode ser
aplicada em uma turma grande, é só utilizar estratégicas, a estratégia do processo ensino
aprendizagem, corretas para o número de pessoas e utilizar a vivencia, o vivido de cada
estudante dentro dessa disciplina e ai com certeza vai ampliar o conhecimento e vai ter a
compreensão do que é fundamentos e também da técnica, porque um procedimento técnico,
você utilizando metodologia ativa adequada, você vai conseguir aprender com muito mais
facilidade do que da forma tradicional tendo que decorar a bandeja contendo, como foi na
minha época que você teria que colocar em primeiro lugar a bandeja, colocar tudo que tinha e
na ordem certa, enquanto que nós sabemos que nós temos que ter o material, saber em que
hora que vamos utilizar cada material, mas não decorar qual é a ordem desse material dentro
da bandeja.
Então eu vejo que a metodologia ativa procede, é um meio de conseguir manter a
atenção, a compreensão com facilidade do conteúdo programático e ai só há melhoria para o
usuário, porque se você tem o conhecimento e se você sabe aplicar esses conhecimentos quem
ganha é o usuário do sistema único de saúde.
Docente D
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Eu sempre acreditei nas múltiplas inteligências, então eu também sempre acreditei que
eu não posso usar apenas um tipo de metodologia porque senão eu não vou atingir todos os
tipos de alunos que eu tenho. Eu sempre mesclei um pouco a minha maneira de ensinar. Então
eu sempre mesclei a maneira ativa e a tradicional de dar aula, porque tem aquele aluno que
vai gostar do slide, da aula teórica e tudo mais e tem aquele que vai gostar de ir para o
laboratório, fazer simulação de caso clínico. Tem também aquele que vai se empolgar com o
campo pratico. Então eu sempre tentei mesclar. Exemplificando um pouco isso, eu fui
coordenadora em Rio das Ostras, a disciplina funcionava segunda feira o dia inteiro de 8 da
manha as 6 da tarde, então de manha cedo eu dava aula teórica de 8 a umas 10:30 da manhã.
Depois a gente ia pra laboratório e ficava no laboratório ate 12. As 12:30 a gente parava e a
tarde íamos para o hospital ou voltava para o laboratório. Essa era uma maneira que eu tinha
de atingir a todos os tipos de alunos, e a gente sempre tentava, pelo menos umas três vezes
por semestre, fazer a simulação de caso.
Tinha um hospital que estava com uma parte desativada em Casimiro de Abreu, que
eu e mais duas professoras criávamos situações pra eles lidarem, eu era geralmente a paciente,
e eles vinham trabalhando os procedimentos, as condutas e os exames e tudo mais. Isso tanto
em ESAI quanto em Fundamentos a gente fazia. Isso era bem bacana porque a gente sempre
relacionava ao que a gente tinha ensinado tanto na sala de aula quanto no laboratório, e eles
aprendiam a aplicar.
Então eu posso dizer que eu acho que eu mesclo as coisas. Tem coisa não tem jeito,
tem que ser no tradicional, pois muitas coisas se você for tentar levar direto para a pratica o
aluno não entende, já outras se você tentar ensinar no tradicional o aluno não vai entender
nada.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
Ah dentro de sala de aula...porque ai uma coisa é assim, você utilizar o laboratório e
eu não considero o laboratório como sala de aula, eu acho que é um outro momento, eu gosto
muito de quando estar fora de sala de aula, quando posso, usar uma unidade. Pra fundamentos
principalmente podemos pegar um leito vazio e pedir para o aluno montar isso, montar aquilo,
preparar. Mas, dentro de sala de aula eu sempre carreguei muitos materiais pra aula.
Então, se eu ia dar aula de respiratório, eu dava seguimento corporal nas aulas de
fundamentos, dentro de respiratório. A gente falava de todo exame físico dentro do aparelho
respiratório e os procedimentos que advinham daquele aparelho e aí, o laboratório era perto da
sala de aula e a gente tinha um carrinho de curativos que a gente usava e enchia de material
para aspiração, nebulização, TQT... e carregava tudo para minha aula.
A minha aula teórica eu sempre mesclei assim. Tínhamos um boneco que só da parte
torácica que era bem bacana, porque quando levantava a parte do tórax dele você tinha o
pulmão. Então se você ambuzasse, você inflava o pulmão de plástico. Então eu sempre tentei
dar as minhas aulas assim com amostra de materiais, porque senão eu mesma acho um saco e
não tenho paciência de dar aula se não tiver um vídeo. Só dar a aula no cuspe eu não consigo,
porque por mais que eu venha saber o conteúdo eu acho que ninguém vai prestar atenção em
mim e vão ficar com sono.
Então eu acho que vídeo, levar o material para o aluno pegar e saber como utilizar o
material é bacana, imagens e os quiz que a gente fazia de vez em quando. Quando eu tinha
tempo eu montava um quiz pra eles, mas dá muito trabalho, porém é bacana. Você divide a
turma. Eu conseguia mais utilizar essa metodologia porque eu era a coordenadora e isso me
facilitava.
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
Repensar não, ele tem que mudar! É muito chato criticar porque casa um tem uma
maneira diferente, uma maneira de dar aula diferente e eu acho que esses métodos vão muito
de encontro ao tipo de conteúdo que você oferece. Por exemplo, eu sei que é extremamente
importante você jogar o aluno para que ele estude e que leia, porque a gente não tem tempo
hábil para falar tudo e, nem tudo que nós falamos ele aprende, ele escuta, mas não vai fixar o
que foi dito. Porém eu acho que não temos que jogar um monte de artigo para o aluno ler e
vim para a sala de aula discutir artigo, pois o aluno ainda não tem maturidade para isso. Mas
eu vejo isso acontecendo em muitas disciplinas. Eu acho isso uma perda de tempo.
Mandar o aluno fazer resenha de um monte de coisa, não faz com que o aluno aprenda
com isso, muito menos fazendo ficha de outras coisas. Ele também não aprender com isso. O
que ele vai fazer é escrever no papel ouvindo o rádio, vendo a televisão e ainda falando no
whatsApp e vai entregar o que ele fez. Então ele transcreveu e não aprendeu com tudo isso.
Então assim, essas coisas nós vemos muito na universidade. Isso é devolver para o aluno a
responsabilidade do aprendizado. Nós temos que entregar isso não do aluno, sim, porém
temos que guiar eles. Por isso que eu falo que meus alunos são meio meus filhos, porque qual
seria meu papel aqui se não fosse guiar? Eu acredito muito nas aulas que a gente dá em Esai,
por exemplo, que quando a gente dá uma aula em duas horas, agente esgota o conteúdo, mas
não tem que aprofundar tudo ou da só um conteúdo profundamente. Temos que deixar o aluno
curioso. Começar a falar, por exemplo, de um paciente que sofreu uma perfuração de tórax
com uma faca, já é uma coisa que o aluno acha um barato e quer saber o que fazer. Então
você pergunta quais os primeiros cuidados o que mais está envolvido nesse contexto e quando
chegar em casa o aluno terá a curiosidade de procurar. Você explana uma situação que vai
gerar um mar de pensamentos e isso não é explorado por muitos professores desta maneira.
Se você chega para o aluno e pede para estudar torácica, ele vai ficar perdido. Nós
temos que dar um guia falando como que ele vai estudar , mostrando como eu faço e pedindo
para ele ler e me criticar, mostrando no que eu estou errada. Tem professor que não aceita
críticas, mas eu falo para o aluno me mostrar se eu estou desatualizada, mas é porque eu quero
que ele realmente faça. Se ele me mostrar que eu estou desatualizada, ele vai me obrigar a
estudar e obriga a ele ter curiosidade, porque o enfermeiro é assim. O enfermeiro tem que
todo dia ter uma curiosidade de estudar e abrir uma coisa diferente.
Assim o aluno terá a curiosidade de chegar no artigo. Pois que maturidade um aluno
de terceiro período tem para fazer resenha de artigo. Então essas são as críticas. Eu venho de
uma universidade tradicional e já dei aula nela e essas são críticas que eu vejo que algumas
pessoas reproduzem ainda. O aluno ele tem que ser o agente do próprio estudo, mas é o meu
dever e o meu papel coordenar e orientar como ele vai fazer isso. Eu sou totalmente contra o
construtivismo puro. É assim que eu entendo. Eu acho que tem que mudar nesse aspecto.
Professores mais capacitados, que são estimulados a se reciclar, que não se sintam
diferenciados entre outros, pois os que fazem muito ou fazem pouco, no final ganha a mesma
coisa. Eu acho que a política do incentivo é importante, porque o professor que está gostando
de fazer aquilo, vai estimular o aluno, trazer uma pedagogia diferente, trazer treinamento,
palestras.
Quantas vezes, quando eu trabalho a problematização com os alunos, o que eu acho
um barato, que você lança o problema para eles desenvolverem a resposta, eu tive que ir para
São Paulo pagando do meu bolso para fazer o curso. Essas coisas desanimam também, pois
não é só o professor que tem q mudar e sim toda uma logística por traz, uma estrutura.
Se você quer fazer uma aula legal com um vídeo, você fica uma hora procurando um
parelho que funcione. Não adianta só achar que o professor tem q mudar, mas tem que ter
condições para ele mudar. Ele tem que mudar sim, deve mudar, poi tem professor que não
saber nem montar uma aula no data show. Nós temos que mudar, temos que ser tecnológico,
tem que alcançar a cabeça dos alunos, pois se eu não tiver no nível deles, eles não vão prestar
atenção em mim. Se eu não tiver facebook, você acha que eu tenho facebook porque eu acho
bonito ou acho fofo? Não. Meu facebook tem duas vertentes, a pessoal e a pública. Eu tenho
minha lista de restritos, o que eu coloco no público é porque eu quero que as pessoas vejam e
isso é até uma estratégia minha de ensino, é a maneira que eu tenho de aproximar o aluno de
mim, porque eu acredito no aluno que não tem medo de vim me perguntar. O aluno só não
terá medo se achar que eu sou sua amiga. Claro que é uma amizade com um certo limite.
Mas se você coloque um limite e mostra que você é o melhor, o super professor, o que
não permite um aproximação com aluno e na sala de aula quer colocar uma metodologia super
inovadora, não vai combinar, pois você não vai ter a credibilidade do aluno. Você nunca
brincou e de repente você brinca, o aluno vai desconfiar. Então os professores tem que
entender que não estamos em pedestal, não somos os mais inteligentes do mundo. Então não é
só a metodologia, é uma gama de coisas que influenciam.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
Vantagens são muitas porque você oferece ao aluno uma possibilidade dele entender
melhor o que ele vai vivenciar enquanto profissional e isso é fantástico. Porém você só vai
fazer isso direito se tiver recurso. A gente inventa várias coisas. Eu pego até caixa de luva e
simulo punção para eles, mas não é tão real. Então se você quer fazer de fato usar uma
metodologia ativa de ensino para quando o aluno chegar em uma situação real ele entenda
como faz aquilo, você tem que ter condições de fazer, tem que ter recursos.
Muita coisa parte da boa vontade também do professor querer fazer. As vantagens são
muitas, mas as limitações também, como recurso material, espaço físico que é terrível, pois,
as vezes, nem todos os alunos cabem em salas ou laboratórios por serem muito pequenas. É
bom, mas a universidade precisa entender que agente precisa de ajuda, pois estamos muito
defasados.
Você sai daqui para ir a Coimbra, vê o centro de simulação de lá, e você fica com
vergonha de trazer convidados para cá. mas no precisa ir longe não, é só ir a porto alegre, eu
sai de lá e falei com minha orientadora e falei pra não chamar o pessoal de lá pra virem aqui
para Niterói, pois eu tenho vergonha de mostrar o elevador quebrado , o nosso laboratório
todo pobre. Então, eu acho que recursos faltam e não é impossível. Porque será que algumas
universidades são tão de ponta? pois mudam algumas questões administrativas, mudam
algumas maneiras de pensar e conseguem investir melhor
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Sim, considero viável desde que haja investimento em sensibilização e treinamento do corpo
docente.
Docente E
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Prefiro usar a ativa, trazendo o aluno a ser elemento co-participante do seu
aprendizado e tirando do docente o papel de detentor do saber, pois o conhecimento é pra ser
compartilhado e de domínio de todos. Por outro lado, leva o aluno a sair da posição de
passividade e passa a responsabilizar-se pelo seu aprendizado.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
Como sou docente de Gerencia da assistência em rede básica, o primeiro passo é
discutir com os alunos que eles não vão ver o procedimento, a doença ou o paciente de forma
isolada. Eles ficam apreensivos no inicio, pois vem com uma visão muito fragmentada e não
tem a compreensão de como a disciplina vai se desenvolver.. Como precisam apropriar-se do
papel do gestor de uma unidade básica, o olhar agora deve ser diferenciado, devem estar
atentos ao funcionamento geral da unidade e a gerencia do cuidado. Isso significa que
precisam observar a estrutura da organização, recursos disponíveis, potencial humano,
qualidade do atendimento, serviços oferecidos, etc.
Como eles já passaram em várias unidades anteriormente em outras disciplinas, seja
em PSF ou unidade básica de saúde, buscamos trazer no inicio da disciplina o que eles
observaram e eles descrevem. Ao longo do semestre, a medida que os conteúdos são
abordados, buscamos sua percepção e discutimos os erros e acertos, as dificuldades,
discutimos a quem cabe a responsabilidade pela resolução dos problemas, os aspectos da
comunicação, do modelo gerencial, dentro do que eles já trazem em sua bagagem e o que diz
a literatura. Na verdade, nos cabe ajudar o aluno a construir sua compreensão de gerencia que
será aplicada no seu cotidiano.
A leitura é muito importante para fazer a conexão entre o que eles sabem e o que os
livros e artigos trazem. Assim não repassamos as aulas em slides. Oferecemos a bibliografia
básica (capítulo de livro) e alguns artigos complementares sobre o tema.
No ETP é bem mais fácil dialogar com o que eles observam e o que já foi discutido em
sala de aula e com o que já leram.
A fórmula seria: conhecimento do aluno + conhecimento do professor = troca de
experiência facilitadora para ambos
Algumas aulas teóricas são de maior dificuldade de compreensão. Nesses momentos é
de suma importância trazermos exemplos que se aproximem de realidade de compreensão dos
alunos. Metodologias como roda de conversa, dinâmica de grupo e dramatização são
utilizados principalmente quando a turma é relativamente menor. Mas a problematização
sempre há espaço para ser utilizada.
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
Sim. Sempre. O processo de pensar e repensar o processo de trabalho seja no ensino e
na assistência devem estar presente na consciência de todos profissionais.
Acho que tem muito a se aprender ainda, pois não é fácil sair do velho paradigma
sozinho. É preciso haver mais encontros onde se tenha como foco as metodologias ativas para
ampliar a discussão entre os enfermeiros docentes, assistenciais e alunos pois a graduação não
se basta em si. O processo de aprender é contínuo, co-participativo e de co-responsabilidade.
Estejamos no ensino ou na assistência, o enfermeiro deve ter esse entendimento e conhecer o
ganho de estar aberto a aprender a aprender.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
As vantagens são muitas quando docentes e alunos estão abertos a aprender juntos, a
trocar vivencias, a ouvir uns aos outros.
As limitações estão na dificuldade de você utilizar as metodologias quando nem todos
usam, é muito mais simples preparar um aula e dar conta de seu conteúdo.
Outro aspecto é que alunos vem do ensino fundamental e médio com a visão
tradicional e é difícil mudar essa concepção. As disciplinas do básico ainda são também muito
ministradas na metodologia tradicional, na decoreba. O aluno vem com essa visão de que o
professor ensina e ele tem a função de decorar, sem perguntar, questionar, argumentar, tirar
dúvidas. Quando você tenta discutir um tema de outra forma eles as vezes ―acham um saco‖ e
não se interessam. Se houver uma leitura complementar em sala de aula, piora ainda mais.
Falta a predisposição de ambos: alunos em discutir e professores abertos a questionamentos.
Há também a questão do espaço inadequado e recursos que auxiliam o
desenvolvimento dessa metodologia.
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Em qualquer currículo acho viável. Depende muito mais da estratégia dos professores
e da receptividade e participação da turma. Turmas muito grandes e salas pequenas
dificultam, mas não impede de trazer experiências novas ao processo de ensino aprendizagem.
Acho que acaba tendo um mix de ensino tradicional com algumas alternativas mais
inovadoras.
Em fundamentos de enfermagem, há uma grande preocupação com a técnica e com a
realização do procedimento que o aluno irá executar em campo de estágio. Nesse sentido
acredito que Fundamentos I deve anteceder a Fundamentos II pelo nível de complexidade do
conteúdo e da prática a ser realizada. No atual currículo não há essa divisão de Fundamentos I
e II em períodos diferentes.
Docente F
1) Qual metodologia de ensino você prefere utilizar em suas aulas? Tradicional ou ativa? Por
que?
Depende do perfil da turma. Geralmente procuro ver qual o nível de participação
discente e o interesse dos mesmos.
Muitas das vezes o método é o tradicional, mas tenho mais êxito com as metodologias
ativas na pós-graduação strictu e latu sensu.
2) Caso já tenha utilizado metodologias ativas, qual a que você normalmente aplica em salas
de aula?
Geralmente o tipo estudo de caso (processo do incidente). Apresento à classe uma
ocorrência ou incidente de forma resumida de fatos relacionados ao conteúdo estudado, sem
oferecer maiores detalhes. A seguir, coloco-me à disposição dos alunos para fornecer-lhes os
esclarecimentos que desejarem. Os alunos passam a estudar a situação, em busca de
explicações ou soluções.
Exemplo: Quando ministro a disciplina de Ética e Bioética em pós-graduações faço
estudos de caso com base na legislação e no próprio código de ética, onde os alunos inserem
situações cotidianas ou eu mesma levo e eles complementam e aplicam conforme as infrações
correspondentes.
3) Você considera necessário repensar os métodos de ensino no ensino superior? E quanto a
Enfermagem?
Sim. Também, mas é preciso repensar no que temos atualmente tanto de recursos
humanos, gerenciais e materiais para dar sequencia neste tipo de método. Além claro da
própria capacitação contínua do docente para lidar com esse método.
4) Quais as vantagens e as limitações das metodologias ativas, na sua opinião?
Vantagens: motivação (pertencimento, curiosidade, valores); engajamento,
desenvolvimento (evidenciando autoestima, autovalor, preferência por desafios ótimos,
criatividade); aprendizagem (melhor entendimento conceitual, processamento profundo de
informações, uso de estratégias autorreguladas); melhoria do desempenho. Mas é preciso ter
clareza e explicar aos alunos o compromisso mútuo de ambas as partes (docente e discente).
Limitações: falta de gerenciais e materiais. Sinto falta da disponibilidade de
tecnologias. Poderia ser melhor.
5) Em relação ao atual currículo da EEAAC/UFF, você considera viável a aplicação de
metodologias ativas no ensino de Fundamentos de Enfermagem?
Sim, desde que bem planejado e que vise a capacitação docente. Além disso, é preciso
clareza no projeto político pedagógico do curso para as partes envolvidas (docente e discente).
Isso pode promover o engajamento e funcionalidade do mesmo.
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