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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
NRE: Jacarezinho / Município: Jacarezinho
Professor: Wilson José Siqueira / e-mail: [email protected]
Colégio Estadual: Anésio de Almeida Leite Ensino Fundamental e Médio / Fone: (43) 3525-0290
Disciplina: Geografia / Série: 1º Ano do Ensino Médio
Conteúdo Estruturante: Dimensão Política do Espaço Geográfico
Conteúdo Específico: Segregação sócio-espacial e auto-segregação no espaço urbano.
Título: Segregação Sócio-espacial. O que é isto?
Relação Interdisciplinar 1: Literatura Brasileira
Relação Interdisciplinar 2: Biologia
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que é uma cidade? Você gosta da
cidade onde mora? Foi escolha sua viver
neste local? Onde gostaria de morar?
Por quê? Como você definiria uma cidade? Pense
em sua cidade e descreva como você a percebe?
Segregação sócio-espacial é um fenômeno urbano, portanto, relacionado a
cidades, e quando pensamos em uma cidade o que logo nos vem à mente é a forma
materializada que ela se apresenta, ou seja, aquilo que vemos: os prédios, ruas,
praças, shoppings centers, casas, carros, gente, lojas, etc. Normalmente, esses
aspectos são representações positivas do centro da cidade ou de uma área bem
cuidada, onde se destacam a beleza, o colorido e a organização desses elementos
urbanos.
Entretanto, a cidade é também o espaço onde se evidencia com maior clareza
as enormes desigualdades sócio-espaciais, principalmente, nos países do sul*.
Veja o que diz Milton Santos (1994) – um dos mais renomados geógrafos brasileiros
– a esse respeito: “... a cidade (...) é um pólo de pobreza, o lugar com mais força e
capacidade de atrair e manter gente pobre, ainda que muitas vezes em condições
sub-humanas”, ou seja, segregados da sociedade. Mas o que significa “Segregação
sócio-espacial”?
DANDO UMA DICA: A palavra “Segregação”
vem de segregar. Segundo o dicionário
Aurélio significa: pôr à margem, marginalizar,
afastar-se, isolar-se.
Agora é com você. Pare um pouco a leitura e
pense...!
O que é segregação sócio-espacial?
o
Fonte: bairro Itajubi/Ourinhos/SP/acervo pessoal
SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL. O QUE É ISTO?
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Esse contraste que envolve a cidade, ora como espaço privilegiado marcado
pela beleza e riqueza, ora caracterizado pela pobreza e exclusão social e espacial, é
agravado, principalmente, nos países cujo modelo socioeconômico é o capitalismo
em vigor na maioria dos países do mundo. O sistema sócio-econômico que vigora
no Brasil é o capitalista. O que é Sistema Capitalista? De que maneira você percebe
a existência desse sistema no seu cotidiano?
URBANIZAÇÃO E ORIGEM DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL... Entendendo
Melhor a Questão...!
O intenso processo de urbanização
verificado nas últimas décadas no Brasil
tem resultado na formação de áreas
periféricas associadas, na maioria das
vezes, ao processo de segregação sócio-
espacial. Até 1950, o Brasil era um país
essencialmente rural, com
aproximadamente 65% de sua população
vivendo no campo. Já em 1960 esse
percentual caiu para 55% e na década de
70 o país já possuía a maior parte de sua
população vivendo nas áreas urbanas. De
acordo com o Censo de 2000, a
população brasileira é agora
majoritariamente urbana (81,2%), sendo
que de cada dez habitantes do Brasil, oito
moram em cidades.
PESQUISA
Busque informações sobre o sistema capitalista: origem, desenvolvimento e
características. Explique por que as desigualdades sociais, econômicas e
espaciais estão sempre relacionadas a este sistema?
CURIOSIDADE
Segundo a ONU (Organização das
Nações Unidas), no ano de 2005 o
Brasil tinha uma taxa de urbanização de
84,2% e, de acordo com algumas
projeções, até 2050, a porcentagem da
população brasileira que vive em
centros urbanos deve pular para 93,6%.
Em termos absolutos, serão 237,751
milhões de pessoas morando nas
cidades do país na metade deste
século. Por outro lado, a população
rural terá caído de 29,462 milhões para
16,335 milhões neste mesmo período.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia
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REFLITA: Veja o gráfico abaixo e analise a evolução da
população urbano e rural desde o início do processo de
urbanização até a projeção para 2050. Quais seriam as
conseqüências desta evolução?
O aumento da população urbana no país foi
conseqüência do próprio crescimento vegetativo* das
áreas urbanas e da migração com destino urbano,
principalmente a migração do campo em direção à
cidade. O movimento migratório dos moradores do
campo foi provocado, entre outros fatores, pelo
processo de mecanização da agricultura, pela formação
de latifúndios e por novas oportunidades de empregos
urbanos, sendo que essas novas oportunidades foram
criadas pelo setor industrial e de serviços em expansão,
que exigiam pouca qualificação.
Com o avanço do sistema capitalista no meio
rural, houve a diminuição da utilização da mão-de-obra
dos trabalhadores no campo, a qual foi substituída pela
introdução de máquinas modernas e da automatização
das lavouras.
As transformações do campo tinham como
objetivo o aumento da produtividade para atender a
URBANIZAÇÃO NO MUNDO
As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque), depois vieram as cidades do Vale do Nilo, do Indo, da região Mediterrânea, Europa, da China e do Novo Mundo. Embora as primeiras cidades tenham aparecido há mais de 3.500 anos a.C., o processo de urbanização teve início somente no século XVIII, em conseqüência da Revolução Industrial, desencadeada primeiro na Europa e, a seguir, nas demais áreas de desenvolvimento do mundo atual. No caso do Terceiro Mundo, a urbanização é um fato bem recente. Hoje, quase metade da população mundial vive em cidades, e a tendência é aumentar cada vez mais. A cidade subordinou o campo e estabeleceu uma divisão de trabalho segundo a qual cabe a ele fornecer alimentos e matérias-primas a ela, recebendo em troca produtos industrializados, tecnologias, etc. Mas o fato de o campo ser subordinado à cidade não quer dizer que ele perdeu sua importância, pois não podemos deixar de levar em conta que, por não ser auto-suficiente, a sobrevivência da cidade depende do campo e que, quanto maior a urbanização maior a dependência da cidade em relação ao campo no tocante à necessidade de alimentos e matérias-primas agrícolas.
Fonte:http://www.brasilescola.com/geografia/urbanizacao-mundo.htm
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demanda do comércio internacional e, assim, garantir lucros cada vez maiores para
os proprietários rurais. Por outro lado, a falsa ilusão de melhores condições de vida
na cidade, como bons empregos nas indústrias e serviços, salários mais altos, maior
acesso à assistência médica e educação, funcionou como um atrativo para a
mudança de populações do campo para a cidade. Este fenômeno, conhecido como
êxodo rural, trouxe como conseqüência a urbanização. Mas...! O que é mesmo
urbanização?
Se no passado a urbanização ocorria somente nas grandes metrópoles, hoje
pode ser notado também nas médias e até mesmo nas pequenas cidades do interior
devido à expansão dos agrossistemas modernos* do campo. A primeira alternativa
desta população é deslocar-se para as cidades mais próximas que, via de regra, são
pequenas e estagnadas economicamente, deixando as pessoas em um extremo
grau de pobreza e sem perspectivas de melhoras nas condições de vida. Evidência
disto percebe-se através do aumento de bairros muito pobres e até mesmo o
surgimento de favelas nestas cidades.
O desemprego é uma das faces mais cruéis desta situação. A grande
quantidade de desempregados faz surgir um verdadeiro “exército de trabalhadores
de reserva”, para ocupar as vagas daqueles que estão empregados, fato este, que
pressiona o valor do salário para baixo, uma vez que, estão disponíveis para a
rotatividade da mão-de-obra. Isto explica, em parte, a segregação sócio-espacial.
Trabalhadores que recebem baixos salários e desempregados se vêem excluídos da
possibilidade de acesso à moradia decente. Para tornar este acesso um problema
ainda mais difícil, no sistema capitalista a terra é considerada uma mercadoria.
O preço do aluguel ou da compra deste imóvel é determinado pela lei de
mercado*. Tem que pagar pela terra para usufruir dela como proprietário ou
inquilino. Nas palavras de Sposito (1994, p. 73) “a possibilidade de moradia, está
subordinada ao nível salarial (...) o trabalhador que recebe o piso salarial nacional,
não consegue sequer alimentar devidamente sua família, o que dizer de ter acesso a
uma moradia, pela compra ou aluguel do imóvel”. Desta forma, a população urbana
vai crescendo descontroladamente e a cidade não consegue satisfazer as
expectativas de uma vida melhor para os migrantes que nela chegam, originando
uma grande massa de excluídos urbanos, os quais vão habitar geralmente os
bairros periféricos distantes do centro, desprovidos de infra-estruturas, de
transportes e de saneamento básico, formando as “favelas” e “cortiços”.
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Dada a importância do espaço urbano como local de vivência de maior parte
população, muitas áreas do conhecimento humano têm-se voltado para estudá-lo ou
para denunciar as desigualdades nele existente.
É o que ocorre com a literatura brasileira,
que tem retratado em várias obras a visão dos
autores sobre a forma como este espaço é
organizado.
Destaca, entre outros, o romance de
Aluísio Azevedo, O Cortiço, onde o autor
descreve: o cotidiano dos moradores, a forma de
organização do espaço e as intensas e perigosas
relações sociais.
O autor faz uma crítica à produção do
espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro, nos
finais de 1800, bem como à construção das
precárias moradias populares para locação que
promovia o enriquecimento dos proprietários
desses imóveis a partir da especulação
imobiliária*, principalmente, o imigrante
português que além de ser proprietário de
grande parte das casas comerciais da cidade
ainda exploravam os aluguéis dos miseráveis
barracos. Leia o quadro ao lado.
SUGESTÕES: Estão aí duas ótimas
leituras para aprofundar seus conhecimentos
sobre literatura Brasileira. Quais são as
características desta fase literária?
Fragmentos de O Cortiço
À proporção que alguns locatários abandonavam a estalagem, muitos pretendentes surgiam disputando os cômodos desalugados (...). O número de hóspedes crescia; os casulos subdividiam-se emcubículos do tamanho de sepulturas (...). Agora, na mesma rua, germinava outro cortiço ali perto, o “Cabeça de Gato”. Figurava como seu dono um português que também tinha venda, mas o legitimo proprietário era um abastado conselheiro, homem de gravata lavada, a quem não convinha, por decoro social, aparecer em semelhante gênero de especulações. E João Romão, estalando de raiva, viu que aquela nova república da miséria prometia ir adiante e ameaçava fazer lhe à sua, perigosa concorrência. Pôs se logo em campo, disposto à luta, e começou a perseguir o rival (...); enquanto pela sorrelfa plantava no espírito dos seus inquilinos um verdadeiro ódio de partido, que os incompatibilizava com a gente (...). (AZEVEDO, 1992, p. 131)
ATIVIDADE: de modo geral as pessoas confundem favela e cortiço. Mas,
há diferença entre estes fenômenos urbanos. Pesquise sobre eles,
descobrindo suas diferenças e suas origens.
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PERIFERIA URBANA
A partir da segunda metade do
século XX o espaço da cidade vai ser
organização segundo a capacidade
econômica de cada grupo social, ou seja,
a renda de cada grupo determinará sua
capacidade de acesso à terra urbana e ao
seu modelo de habitação.
A desigual distribuição de renda e a
especulação imobiliária foram os principais
fatores que determinaram a atual forma de organização espacial das cidades,
favorecendo os grupos de alta renda com as melhores áreas urbanas e segregando
os de renda mais baixa nas áreas de periferia desprovidas de serviços públicos e
muitas vezes insalubres, pois existe uma correlação dominante e direta entre os
preços dos imóveis e as possibilidades de pagamentos dos usuários.
De forma geral, as desigualdades provocadas pela segregação sócio-espacial
ocasionam duas situações distintas: uma delas diz respeito aos espaços urbanos
apropriados por pessoas com alto poder aquisitivo. Esses espaços formam a “cidade
legal” dotada de toda infra-estrutura.
Na outra situação, estão os espaços urbanos constituídos por pessoas de
classe baixa (pobres e/ou miseráveis), com baixíssima condição de mobilidade,
habitando as chamadas “cidades ilegais” desprovidas de equipamentos, serviços e
de infra-estruturas.
Enquanto, as classes sociais de maior poder aquisitivo – os mais ricos – vão
viver na parte mais valorizada da cidade, onde os terrenos são maiores, as ruas são
arborizadas e silenciosas e com toda infra-estrutura pronta para atendê-los, resta
para a parcela mais pobre da sociedade as áreas de periferia, onde os terrenos são
mais baratos porque são menores, as ruas estreitas, distantes do centro e das áreas
privilegiadas dos ricos, com serviço de infra-estrutura precário.
Na realidade, os investimentos em infra-estrutura nas áreas periféricas
(basicamente água encanada, luz elétrica, pavimentação asfáltica, sistema de
drenagem, etc.) podem levar cinco, dez, quinze anos, dependendo da posição do
bairro na estrutura urbana.
Fonte: bairro Itajubi/Ourinhos/SP/acervo pessoal
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A prioridade de toda cidade deveria ser com a instalação dessas infra-
estruturas para garantir qualidade de vida e bem-estar à população, mas em vez
disso, o que tem ocorrido muitas vezes, é o descaso com essa população mais
pobre, expondo-a à uma grande variedade de risco à saúde.
A falta de moradia digna, infra-estrutura dos bairros e saneamento afeta
diretamente toda população, a qual se torna vulnerável a muitas doenças que
podem levá-los à morte.
A melhoria dos bairros periféricos modifica as condições do meio ambiente,
prevenindo doenças e promovendo a saúde, porque protege a comunidade de
possíveis riscos de contaminação por doenças infecto-contagiosas, causadas,
principalmente pelos helmintos Ascaris Lumbricóides e Enterobius Vermiculares.
Os seres humanos são contaminados por esses parasitas ingerindo ovos
presentes na água e nos alimentos. Tal contaminação é muito comum nos países da
América Latina, sendo que as crianças constituem o grupo que mais comumente são
afetadas. As péssimas condições de moradia, a falta de infra-estrutura e
saneamento básico são fatores que muito contribuem para a disseminação das
doenças infecto-parasitárias.
ATIVIDADE
Identifique em seu município uma área de segregação sócio-espacial.
Descreva-a como você a vê. Observe como as casas são construídas: o tipo
de material utilizado, suas formas, o tamanho da construção, a quantidade de
quartos, quantidade de moradores, mão-de-obra utilizada, como é obtida a
água, destino do esgoto, destino da água da chuva, e outros elementos.
ATIVIDADEConvide alguns colegas e pesquise as doenças infecto-contagiosas, suas
causas e conseqüências para a vida humana. Se precisar peça ajuda a sua
professora de Biologia.
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A ARTE RETRATA A VIDA... OU A VIDA
IMITA A ARTE...?
Infelizmente, muitas dessas áreas
segregadas constituem o território do crime
organizado como o narcotráfico, tornando a
população honesta e trabalhadora desses
lugares duplamente reféns: da pobreza e da
violência. Esta situação é retratada no filme
Cidade de Deus. Leia o quadro ao lado.
Além da má distribuição da
renda e da especulação imobiliária
como fatores geradores da
segregação espacial há, ainda, a
ação do Estado, que age no sentido de promover e assegurar legalmente a
distribuição da população por áreas ou setores segundo as condições econômicas
CIDADE DE DEUS
Filme de vários prêmios no Brasil e no exterior. Conta a história da Cidade de Deus, uma das favelas mais violentas da cidade do Rio de Janeiro. Mostra come é viver em uma área de segregação sócio-espacial. Este bairro é analisado pela ótica de Buscapé (Alexandre Rodrigues), um menino negro, pobre e morador dessa favela, que tem o destino modificado pelo seu talento: torna-se fotógrafo, o que evita que entre para o mundo do crime, como tantos outros, morrendo cedo, na miséria e no anonimato. É através das lentes de sua câmera que Buscapé reflete sobre o dia-a-dia do ambiente em que vive e de seus moradores.
Fonte:HTTP://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteúdo/conteúdo.php?conteudo=137
ATIVIDADE1 - Que tal assisti-lo e depois dar um
passeio pela sua cidade para ver se
alguma cena ou paisagem retratada
no filme faz parte da vida de pessoas
reais?
2 – O crescimento urbano
desordenado é indicado no livro O
cortiço. Primeiramente, a estalagem,
a venda, a travessa até a Avenida
São Romão. Em Cidade de Deus
existe um número maior de
personagens intensos que explodem
numa violência sem fim. Seria Cidade
de Deus a evolução de O Cortiço.
Estabeleça as semelhanças e as
diferenças dessas duas obras.
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de cada grupo. Em âmbito municipal, o Estado age através de ações como a
instalação espacialmente diferenciada de infra-estruturas, regulamentação do uso do
solo, cobrança de impostos, fazendo reservas fundiárias, limitação da superfície que
cada um pode se apropriar, etc.
Este poder do Estado capitalista sobre o espaço urbano não é por acaso. Sua
ação é marcada pelos conflitos de interesses das diferentes classes sociais, sendo
assim, tende a privilegiar os interesses do segmento que possui o maior poder de
pressão sobre ele, que com raríssima exceção, é sempre a classe de maior poder
econômico e político local.
Procure saber a origem e o padrão social do(s) grupo(s) que domina(m) a
política de sua cidade. Na maior parte dos municípios brasileiros existem poucos, ou
nenhum, representantes dos bairros mais pobres na política local. Como se explica
este fato se a maior parte da população vive em bairros pobres?
DEBATE: Conheça o Plano Diretor de sua cidade. Procure informações na
Câmara de Vereadores ou na Prefeitura e discuta com seus colegas os pontos
positivos e negativos desse plano.
O que é Plano Diretor
É uma lei municipal que diz como uma cidade deve ser ocupada e o que pode e o
que não pode ser feito. Nele constam as características físicas, as atividades
predominantes, as vocações da cidade, seus problemas e suas potencialidades.
Este Plano é resultado de discussões públicas a respeito da cidade que temos
com a finalidade de desenvolver ações que levem a construção da cidade que
queremos. Desta forma, a prefeitura em conjunto com a sociedade, determina
como a cidade vai se desenvolver, tendo sempre em vista a qualidade de vida da
população e a preservação dos recursos naturais. O Plano Diretor deve,
portanto, ser discutido e aprovado pela Câmara de Vereadores e sancionado
pelo prefeito. O resultado deste processo vira Lei Municipal, a qual deve ser a
expressão máxima da vontade da sociedade.
Fonte://plano.itajai.sc.gov.br/
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AUTO-SEGREGAÇÃO
A partir da década de
1970, tem ocorrido no Brasil
outro fenômeno caracterizado
pelo isolamento de um grupo
do restante da população, mas
neste caso, trata-se de um
isolamento intencional, ou seja,
as pessoas deste grupo
decidiram espontaneamente
afastar-se para áreas distantes
do centro da cidade e da
população mais pobre, criando os chamados “condomínios fechados”. Este é um
movimento de auto-segregação.
Você já ouviu falar em Alphaville? Foi o primeiro desses condomínios
fechados isolados das cidades. Implantado próximo da cidade de São Paulo? É o
local de moradia de pessoas muito ricas. Que tal buscar mais informações sobre
este tipo de moradia? Descubra suas características básicas.
Ultimamente, este tipo de empreendimento imobiliário tem se tornado objeto
de desejo não só dos mais ricos, mas também da classe média. Importante observar
a contradição dessas pessoas.
Por um lado, fecha-se em
seus condomínios,
relacionam-se socialmente
entre eles e se excluem
deliberadamente da vida
citadina. Negam-se a conviver
com a multiplicidade e
diversidade de extrato social.
Por outro lado, usufruem dos
benefícios urbanos como,
empregos, oportunidades de
Fonte: acervo pessoal/Royal Park/Ourinhos/SP ark/Ourinhos/SP.
Fonte: acervo pessoal/condomínio fechado/Royal Park/Ourinhos/SP
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negócios, sistemas de educação e saúde, comércio e serviços inclusive públicos:
coleta de lixo, iluminação, rede de esgoto, água, etc.
Poder-se-ia dizer que eles pagam por esses serviços através de seus
impostos, mas é da arrecadação de impostos de todos os munícipes que esses
serviços são realizados. O dinheiro público muitas vezes é destinado para realizar a
infra-estrutura destes luxuosos condomínios fechados enquanto, a grande parcela
da população mais pobre, - que também paga seus impostos direta ou indiretamente
– habitam áreas em situação de total calamidade pública.
REFLITA: já pensou quanto você paga de imposto para o Estado toda vez que
compra suas roupas, comidas, eletrodomésticos, cosméticos, ou quando utiliza um
ônibus ou carro para passear ou estudar?
ATIVIDADEPeça Teatral da História da Sua Cidade. Forme um grupo de colegas e
faça uma viagem ao tempo. Volte ao início do povoamento de sua cidade.
Pesquise em biblioteca pública, site de internet, pessoas idosas,
historiadores e outras fontes. Conheça as principais personagens, os fatos
mais marcantes, a época correspondente, os tipos de vestimentas, a
maneira de falar, etc. Elabore um roteiro de falas das personagens e
desenvolva a história. Ensaie e apresente aos demais colegas da escola e à
sua comunidade.
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GLOSSÁRIO
Países do Sul: Terceiro Mundo, países do Sul, países periféricos, são expressões
muito usadas para designar os países mais pobres do mundo.
Crescimento Vegetativo: crescimento natural ou vegetativo é a diferença entre o
número de nascimentos e o de mortes em determinado período (geralmente, um
ano). É expresso pela fórmula {CV=natalidade-mortalidade}.
Agrossistemas modernos: significa “Agroindústrias”, termo utilizado para
denominar a fusão da produção primária da Agricultura e pecuária com a indústria
onde vai ocorrer o processamento ou industrialização dos produtos oriundos da
Agropecuária. São exemplos de Agroindústria: o laticínio, frigorífico, a produção do
álcool e do açúcar extraídos da cana, a produção do suco de laranja, entre outras.
Lei de Mercado: é a Lei da Oferta e da Procura de mercadorias e serviços. Oferta é
a quantidade do produto ou serviço disponível no mercado, enquanto procura é o
interesse existente em relação aos mesmos. A oferta depende, entre outras coisas,
do preço, da quantidade e da tecnologia utilizada na fabricação dos produtos ou
serviços. A procura é determinada pela preferência e necessidade do consumidor
por algum tipo de mercadoria ou serviço.
Especulação Imobiliária: é a compra de bens imóveis (casas e terras) com a
finalidade de vendê-los ou alugá-los posteriormente, com o único objetivo do lucro
fácil. Se uma pessoa ou empresa compra imóveis, em grandes áreas ou
quantidades e numa mesma região, isto diminui a oferta de imóveis no lugar, e por
conseqüência há um aumento artificial dos preços de todos os imóveis daquela
região (segundo a lei de oferta e procura). A expressão tem conotação pejorativa,
por deixar implícito que o comprador do imóvel não irá utilizá-lo para fins produtivos
ou habitacionais, e ainda retira de outras pessoas, de menor poder aquisitivo e,
portanto mais necessitadas, a possibilidade de fazê-lo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SPOSITO, Maria Encarnação B. Capitalismo e Urbanismo. São Paulo: Contexto, 1994.
AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1992.
OBRAS CONSULTADAS
CARLOS, A. F. A. A Cidade. 8 ed. São Paulo: Contexto, 2007.
CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. 4 ed. São Paulo: Ática, 2005.
RUA, J. et al. Para Ensinar Geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1994.
SANTOS, M. Metamorfose do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: Território e Sociedade no início do século XXI. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná. Curitiba, 2006.
DOCUMENTOS CONSULTADOS ON-LINE
http://www.4.fct.unesp.br/revistas/geografiaemitos/adauto.pdf. Acesso em: 12 de novembro de 2008.
http://e-revista.unioeste.br/index.php/ccsaemperspectiva/article/download/1422/1154Acessado em 12 de novembro de 2008.
http://www. xienanpur.ufba.br/221.pdf - Acessado em 17 de novembro de 2008
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