O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
DINEUSA DE LIMA LUNKES
SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – PR2009
Ficha para catálogo de Produção Didático-Pedagógica
Professor PDE/2009
Título Estímulo à leitura e escrita através de fábulas.
Autor Dineusa de Lima Lunkes
Escola de Atuação Colégio Estadual São José Ensino Fundamental. e Médio
Município da escola São José das Palmeiras
Núcleo Regional de Educação Toledo
Orientador Clarice Lottermann
Instituição de Ensino Superior Unioeste
Área do Conhecimento Língua Portuguesa
Produção Didático-Pedagógica (indicar o tipo de produção conforme Orientação disponível na página do PDE)
Unidade Didática
Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Público Alvo ( indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
5ª Série do Ensino Fundamental
Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)
Colégio Estadual São José Ensino Fundamental e MédioRua Francisco Ângelo, 1.020
Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
Um dos objetivos da leitura é fazer com que o leitor vivencie uma experiência prazerosa com o texto literário.Nas aulas de Língua Portuguesa, a leitura é trabalhada com o objetivo, dentre outros, de ampliar os conhecimentos dos alunos, levando-os a melhorar sua capacidade de pesquisa, interpretação e escrita.Considerando essa dupla faceta da leitura, este projeto
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Fábulas- Leitura e escrita.
Através do estudo das fábulas, apresentarei a vocês informações que farão
perceber que a estrutura desse gênero é recuperada pela literatura contemporânea,
bem como por filmes, vídeos, propagandas, seja nas suas características estruturais,
seja na presença da moralidade.
Escolhi, para este trabalho, o gênero fábula, pois, acredito que, por meio
delas, será possível propor situações de aprendizagem que permitam que vocês
construam o próprio saber, que se tornem cidadãos pensantes, justos, solidários,
criativos, sensíveis e ético.
Espero que a leitura das fábulas proporcione a todos a reflexão sobre o
comportamento do ser humano. Outro aspecto importante que me levou a escolher
esse gênero, foi o fato de, por meio das fábulas, permitir que vocês estabeleçam
relações com a própria vida e com acontecimentos que envolvem pessoas ou fatos
reais, notícias veiculadas em jornais, ou ainda histórias ficcionais que aparecem em
novelas e filmes.
Há uma infinidade de exemplos vivenciados no nosso dia a dia que podem ser
resgatados através das fábulas e provérbios. Por serem narrativas curtas, tornam-se
fáceis de memorizar e permitem o enriquecimento cultural do leitor que, a partir
delas, passará a compreender o significado explícito ou implícito de propagandas,
discurso publicitário sobre o meio ambiente, filmes, histórias em quadrinhos, charges,
músicas, poemas que se reportam à moralidade e estrutura típica do gênero fábula.
Enfim, o propósito de resgatar a moral inerente às fábulas é levá-los a refletir
sobre determinadas atitudes, além de despertar em vocês o gosto pela leitura e dar-
lhes oportunidades para desenvolverem a criatividade ao oportunizar a escrita a
partir de determinados modelos.
Agora apresentarei a vocês, o livro “Os Colegas”, de Ligia Bojunga e irei ler o
trecho em que são descritas as personagens.
OS COLEGAS
No princípio eram só dois. Tinham se encontrado pela primeira vez revirando a
mesma lata de lixo.
- Esse osso que tem aí é meu!
- É meu!
- Já disse que é meu!
Se zangaram. Rosnaram um pro outro.
- Larga o osso!
- De jeito nenhum!
-Tô dizendo pra largar!
E então se atracaram dispostas a uma briga feia.
Foi quando passou por ali um garoto assobiando um samba.
Os dois interromperam a briga e começaram a prestar atenção na música que
ele assobiava.
-Tá errado! – disse um deles pro garoto.
- Esse samba não é assim; é assim! – disse o outro. E começou a cantarolar
certo a melodia.
O garoto nem ligou, foi embora. Mas os dois ficaram cantando a música até o
fim. E depois um deles disse:
- Acho esse samba o máximo.
- Legal! – falou o outro.
- Sabe? Coisa que eu gosto é de fazer samba.
- Ah, é? Então somos colegas.
Esqueceram o osso e a briga. Sentaram no meio-fio e começaram a falar de
samba. Ficaram muito interessados um no outro.
- Como é que você se chama?
- Não sei. Ninguém me chama pra eu saber como é que eu me chamo. E
você?
- Vira-lata.
Quem é que chama você assim?
Chamar ninguém chamou. Mas gritam “Sai daí, seu vira-lata! Olha um vira-lata
no jardim! Acerta uma pedra nesse vira-lata!”
- Bom, isso tudo eu também to sempre ouvindo.
- Então pronto: você também se chama Vira-lata.
Se olharam melhor pra ver como é que eram: malhados, e o tamanho mais ou
menos o mesmo, mas um tinha o rabo mais curtinho, uma orelha sempre em pé e a
outra sempre caída: o outro tinha mais manchas no corpo e o cacoete de piscar o
olho esquerdo.
Continuaram a conversar. Foram vendo que gostavam das mesmas coisas:
futebol, praia, carnaval. Gostavam também de bater papo e de ficar olhando os
barcos no mar.
- Acho que a gente vai acabar ficando amigo.
- Tá parecendo.
Dividiram o osso.
- Onde é que você mora?
- Num terreno baldio lá perto da praia.
- Tem casa?
- Não, mas tem um monte de entulho bom mesmo.
- Bom pra quê?
- Pra gente cavar quando quer, se esconder atrás quando precisa, fingir de
casa quando cisma.
- Vou lá ver.
Quando chegou, gostou um bocado do lugar.
- Tá me dando uma vontade de cismar que é minha casa...
Acabou cismando. E logo descobriram que, em samba, um gostava mais de
bolar a letra, o outro, a música. Fizeram então o primeiro samba de parceria:
Vida, acho você a maior
Quanto mais penso em você
Mais eu vejo que te gosto
E que não tem coisa melhor.
Dispostos a mostrar o samba pra todo mundo, saíram pela praia cantando em
altos brados e batucando nas caixas de fósforos que tinham encontrado na areia.
Muita gente gostou. Paravam e perguntavam:
- De quem é a letra desse samba?
- Do Vira-lata.
- E a música?
- Do Vira-lata.
- Também?
- Não, é que são dois.
Viram que aquilo dava confusão, e naquele dia mesmo um resolveu se
chamar Virinha e o outro Latinha. E foi também naquele dia que se tornaram amigos
inseparáveis. (BOJUNGA, 2008, p. 09-13)
ATIVIDADES
.
Fonte: Gabriel Morete (Baseado na ilustração da capa do livro Os Colegas,da editora casa
Lygia Bojunga)
ATIVIDADE 1:
O trecho que vocês acabaram de ouvir traz quais personagens? Quais as
características destes personagens? Vocês conhecem algum tipo de texto que
tenha esses personagens?
Que fábulas vocês conhecem?
Os personagens, deste texto, tem alguma semelhança com algum
personagem que vocês conhecem?
Agora vamos ler fábulas, para ver como este tipo de texto é constituído.
Pesquise outras fábulas nos livros da biblioteca e no site
http://sitededicas.uol.com.br/conto_leitor.htm:
Agora, responda:
a) Qual a extensão dos textos desse gênero?
b) Como são compostos os títulos?
c) Como é feita a narração?
d) Quais são as personagens típicas?
e) Quais são as referências de tempo e espaço presentes nesses textos?
f) Esse tipo de texto tem uma característica bem peculiar. Aponte-a.
g) Imaginem outros títulos para as fábulas que estão lendo ou que escolheram.
h) Mostrem para os colegas e vejam se eles concordam com o título dado por
vocês, se eles julgam mais ou menos interessantes do que os títulos originais.
i) Agora vocês deverão separar os textos conforme temas semelhantes:
vaidade, orgulho, astúcia, superioridade, poder, fraqueza...
ATIVIDADE 2:
Agora que vocês já leram várias fábulas, vamos dividir a turma em duplas.
Cada dupla será constituída da seguinte forma: cada provérbio foi dividido em
duas partes e distribuído entre vocês. Você fará dupla com o colega que tiver
o complemento do provérbio que você recebeu, isto é: quem não trabalha, não
come. Os dois que receberam este provérbio, farão a dupla.
Escolham uma fábula e depois comparem com outra versão pesquisada. Caso
mais de um grupo escolher a mesma fábula, faremos um sorteio. É importante
que as fábulas sejam diferentes para vocês perceberem como é rico o mundo
das fábulas.
Produzam uma fábula, com o mesmo título e a mesma moral da fábula
escolhida.Vocês podem acrescentar outros detalhes como lugar, hora, novos
personagens, modificar o cenário. Etc. Tomem cuidado de fazer a substituição
de animais por pessoas.
Vamos apresentar a eles a fábula que vocês fizeram no palco da sala? Podem
usar sua criatividade na apresentação, usando fantoches, texto dramático, etc.
Faremos a correção dos textos e eles farão parte do acervo da biblioteca.
ATIVIDADE 3:
Você conheceu diversas fábulas e algumas versões da mesma fábula. Escolha
uma e copie-a no seu caderno.
Quais os personagens da sua fábula? Que características eles têm? Explique a
moral em poucas palavras.
É possível encontrar essas características em seres humanos? Justifique.
E na TV, vocês assistem a vídeos que tem como personagens animais? Que
vídeos vocês conhecem?
Assistam agora ao Vídeo “Os trabalhadores da floresta” disponível no
youtube.com.br e comparem o vídeo com a fábula “A cigarra e a formiga”. O que
é igual é o que é diferente?
ATIVIDADE 4
Leia agora a história em quadrinhos : “Chico Bento: a cigarra e a formiga”
(retirado de: SOUSA, Maurício de. Almanaque do Chico Bento, São Paulo:
Globo, n. 48, 1998). Há semelhança entre a história em quadrinhos, a fábula
que você leu e o vídeo?
Leia a fábula original de La Fontaine “A cigarra e a formiga”. Depois, compare-
a com as recriações de Monteiro Lobato e José Paulo Paes.
A CIGARRA E A FORMIGA
(La Fontaine)
Tendo a cigarra, em cantigas,Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalhaQue trincasse, a tagarelaFoi valer-se da formiga,Que morava perto dela.- Amiga, - diz a cigarra -Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de agosto,Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,Nunca dá; por isso, junta.
- No verão, em que lidavas?À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: - Eu cantavaNoite e dia, a toda hora.
- Oh! Bravo! - torna a formiga –Cantavas? Pois dança agora!
( Jean de La Fontaine, Fábulas de la Fontaine. Rio de Janeiro: EBAL, 1991.)
Enquanto a formiga
carrega comida
para o formigueiro,
a cigarra canta,
canta o dia inteiro.
A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai a fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga.
(José Paulo Paes. Olha o bicho. 11 ed. São Paulo: Ática, 2000.)
Sem Barra(José Paulo Paes)
A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA)
(Monteiro Lobato)
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro.
Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na
eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos,
arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes
apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu –
tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
— Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a
tossir.
— Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
— E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
— Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava
nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
— Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua
cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos
sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui
terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de
sol.
( Monteiro Lobato, Fábulas. São Paulo: melhoramentos, 1994.)
Existe algo em comum entre a fábula de La Fontaine, escrita no século XVII e
as fábulas de José Paulo Paes e de Monteiro Lobato, autores do século XX?
Como é visto o trabalho da cigarra nas três fábulas?
E quanto à moral nas três fábulas, percebe-se alguma mudança? Comente.
ATIVIDADE 5:
O livro Os colegas traz a história de Flor-de-lis, uma cachorrinha que não gostava da vida que levava e resolveu fugir. Vamos conhecê-la:
Fui comprada numa loja de cachorros. A mulher entrou e disse: “Quero uma
cachorra caríssima e de raça puríssima, pra todo mundo achar linda e ficar sabendo
quanto é que custou.” E aí ela ficou sendo minha dona e me levou pra casa.
Vivia me enchendo de perfume. Eu espirrava o dia todo e pensava: “Puxa
vida, se eu sou cachorro, por que eu não posso ter cheiro de cachorro?” Vivia me
enchendo de roupas e pulseiras, e quando chovia me botava capa de borracha,
lenço na cabeça e botas. Eu morria de vergonha de sair na rua assim, eu pensava
“puxa, isso não é jeito de cachorro andar”. Nunca me deixava solta. Nem um
minutinho. “Puxa vida, cachorro precisa correr: isso não é vida!” – eu pensava. E a
coleira era sempre tão apertada que eu sufocava. Olha aqui a marca, olha só.
Vivia me enchendo de talco e pó-de-arroz, me levava pra tomar parte em
concurso de beleza, e hoje, vê se pode, disse que ia furar minhas orelhas pra botar
brinco, e isso eu nunca vi cachorro usar. Então eu pensei: “Puxa vida, quem sabe
esse tempo todo eu tô achando que eu sou cachorro, mas eu não sou cachorro?...”
“Foi aí que eu comecei a achar que estava ficando meio birutinha e me apavorei”.
Quando ela abriu a porta pra uma visita entrar, eu fugi. Corri à beça até chegar aqui.
(BOJUNGA, 2008, p.16-18)
Leia agora a fábula: O cão e o lobo de Monteiro Lobato
Um lobo muito magro e faminto, todo pele e ossos pôs-se um dia a filosofar
sobre as tristezas da vida. E nisso estava quando lhe surge pela frente um cão – mas
um cão e tento, gordo, forte, de pêlo fino e lustroso.
Espicaçado pela fome, o lobo teve ímpeto de atirar-se a ele. A prudência,
entretanto, cochichou-lhe ao ouvido: - “Cuidado! Quem se mete a lutar com um cão
desses sai perdendo.”
O lobo aproximou-se do cão com toda a cautela e disse:
- Bravos! Palavra de honra que nunca vi um cão mais gordo nem mais forte.
Que pernas rijas, que pêlo macio! Vê-se que o amigo se trata...
- É verdade! – respondeu o cão. Confesso que tenho tratamento de fidalgo.
Mas, amigo lobo, suponho que você pode levar a mesma boa vida que levo.
- Como?
- Basta que abandone esse viver errante, esses hábitos selvagens e se
civilize, como eu.
- Explique-me lá isso por miúdo, pediu o lobo com um brilho de esperança nos
olhos.
- É fácil. Eu apresento você ao meu senhor. Ele, está claro, simpatiza-se e dá
a você o mesmo tratamento que dá a mim: bons ossos de galinha, restos de carne,
um canil com palha macia. Além disso, agrados, mimos a toda hora, palmadas
amigas, um nome.
- Aceito! – respondeu o lobo. Quem não deixará uma vida miserável como
esta por uma de regalos assim?
- Em troca disso – continuou o cão – você guardará o terreiro, não deixando
entrar ladrões nem vagabundos. Agradará ao senhor e à sua família, sacudindo a
cauda e lambendo a mão de todos.
- Fechado! – resolveu o lobo - e emparelhando-se com o cachorro partiu a
caminho da casa. Logo, porém, notou que o cachorro estava de coleira.
- Que diabo é isso que você tem no pescoço?
- É a coleira.
- E para que serve?
- Para me prenderem à corrente.
- Então não é livre, não vai para onde quer, como eu?
- Nem sempre. Passo às vezes vários dias preso, conforme a veneta do meu
senhor. Mas que tem isso, se a comida é boa e vem à hora certa?
O lobo entreparou, refletiu e disse:
- Sabe do que mais? Até logo! Prefiro viver magro e faminto, porém livre e
dono do meu focinho, a viver gordo e liso como você, mas de coleira ao pescoço.
Fique-se lá com a sua gordura de escravo que eu me contento com a minha
magreza de lobo livre.
E afundou no mato.
( Monteiro Lobato, Fábulas. São Paulo: melhoramentos, 1994.)
No primeiro texto, o que faz a cachorrinha fugir?
No segundo texto, a atitude do cão é contrária a da cachorrinha do primeiro
texto. Por que ele age assim?
E a atitude do Lobo, foi a mais correta? O que fez o Lobo mudar de idéia?
Nas duas fábulas, os personagens: (cachorrinha e Lobo) fogem de uma “boa
vida” em troca de liberdade. Na sua opinião, é a solução melhor, ou é possível
unir as duas coisas?
Você conhece alguém que mudou radicalmente a sua vida por algo diferente?
Em troca de liberdade, felicidade? Comente:
ATIVIDADE 6:
Leia a fábula abaixo:
CAUSA DA CHUVA
(Millôr Fernandes)
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram in-
quietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não
chegavam a uma conclusão. — Chove só quando a água cai do telhado do meu
galinheiro – esclareceu a galinha. — Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da
lagoa. —Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar suas gotinhas. — Como
assim? – disse a lebre. — Está visto que só chove quando as folhas das árvores
começam, a deixar cair as gotas d’água que têm dentro. Nesse momento começou a
chover. — Viram? – gritou a galinha. — O telhado do meu galinheiro está pingando.
Isso é chuva! — Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? – disse o
sapo. — Mas, como assim? – tornou a lebre. — Parecem cegos! Não vêem que a
água cai das folhas das árvores?
Moral: Todas as opiniões estão erradas.
(In: Novas Fábulas Fabulosas. Editora Desiderata, Rio de Janeiro, RJ. 2007)
Pinte com cores diferentes, identificando as falas do narrador e de todos os
personagens, criando uma legenda para o narrador e os personagens da
fábula.
Reescreva o texto, separando as falas dos personagens e colocando os
parágrafos de forma adequada.
Você sabe como se forma a chuva? Se não sabe, faça uma pesquisa e
resuma em poucas palavras.
Transforme esta fábula em uma HQ. Se quiser, pode mudar o final.
Agora é a sua vez. Pense numa história e crie situações em que você vai
explicar, por exemplo, como surgiram as listras da zebra, os espinhos do
porco espinho, por que os gambás tem aquele cheiro horrível, como
apareceram as manchas na girafa, como apareceu a tromba no elefante,
porque as vacas são malhadas, por que o bebê nasce sem dente, porque o
sol nasce...Use a sua criatividade!
ATIVIDADE 7:
Nas fábulas, um sentimento comum entre os personagens é o medo.
Leia agora um texto sobre o medo, para em seguida responder a algumas questões:
O MEDO
O medo faz parte da vida de todo ser humano e é um instinto de
sobrevivência; ele nos protege dos perigos durante a nossa vida. Tem um lado
positivo e negativo.
Ter medo é normal, mas a partir do momento que ele te impede de sair de
casa ou fazer coisas rotineiras, é sinal de que algo está errado e é preciso procurar
um profissional.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Medo
Consulte também o site de Elisabeth Salgado.
O coelho Cara-de-pau também sentiu medo quando esteve sozinho. Tudo ao seu redor lhe causava pavor.
E, sem pensar em mais nada, se mandou pro terreno baldio. Mas assim que
entrou em casa deu de cara com a noite.
“Ih!”, pensou, “não vai ser brincadeira ficar aqui sozinho com ela até amanhã de
manhã”.
O medo voltou, mas ele resolveu fingir que estava tudo bem.
- Oi, que há? – disse ele pra noite com voz assim de quem não está ligando
pra nada. E se acomodou num canto. “Vou dormir”, resolveu.
Mas não dormia coisa nenhuma: a noite começou a soprar um vento forte que
sacudia o zinco do barraco. E não satisfeita com aquele barulho todo, decidiu roncar
trovoada, anunciando tempestade.
Cara-de-pau se encolheu mais. Fechou os olhos com força e decidiu: “Vou
fingir que tô dormindo pra ver se ela me deixa em paz...
(...) O dia estava lavadinho e novo em folha.
. Cara-de-pau começou a se sentir um bocado bem. “Troço bacana que é
ganhar do medo”, pensou.
E, de medo perdido, ele começou a ter logo uma porção de idéias. “Puxa,
como é que não pensei em nada disso antes? Fechou o barraco e correu para casa
de João Carlos. (BOJUNGA, 2008, p 80-84)
Assista também ao vídeo disponível no youtube.com.br “O velho moinho””.
Explique a diferença de sentido nas expressões: “o velho moinho” e o “moinho
velho”.
Observe os animais presentes no vídeo: você conhece alguma fábula com estes
animais?
Vamos pesquisar algumas fábulas de Monteiro Lobato, e verificarmos se os
animais que você encontrou no vídeo, também estão presentes nas fábulas.
Faça uma lista destes animais e de suas com as características. Observe se
algum tem medo. Como ele venceu este sentimento?
No texto acima e no vídeo, a chuva e a noite provocaram medo no coelho. E
você, do que tem medo?
O que significa ”ganhar do medo”?
Pesquise com algum adulto (pais, avós ou outra pessoa da sua família) sobre os
medos que ele tinha na infância e os medos que ele tem hoje, como adulto.Relate
para os colegas.
Vamos fazer um painel mostrando os “medos de ontem” e os “medos de hoje”.
Registre em forma de relato, as situações de medo que você pesquisou.
Faça um levantamento entre os medos e monte um painel dos relatos feitos,
separando-os, em duas colunas, para ser anexado na sala. . .
ATIVIDADE 8:
1.desenho Nome/Moral Resumo
Fonte: Gabriel Morete (Baseado nas ilustrações do livro “fábulas encantadas”, ilustradas por Melissa P. Stamn, Edições Sabida)
ATIVIDADE 9:
Agora você vai ler uma notícia, retirada do jornal A Folha de São Paulo, para a
seguir fazer o que se pede.
Papagaio salva família de incêndio no Reino Unido
Francis Hall, 59, está pensando em recompensar seu papagaio-cinza africano
após o animal ter salvado a vida de sua família. Apavorada com o fogo que começou
dentro da casa localizada em Hampshire, a mascote gritou até acordar os
moradores.
Bob, de três anos, deve até ganhar uma companhia depois do feito, ocorrido
na manhã do último domingo (20). As chamas tomaram conta da cozinha e, ao
chegar perto do local onde o papagaio ficava, ele começou a gritar, despertando Hall
e seus dois filhos. "Com certeza ele terá alguns mimos - brinquedos novos, um
balanço, um sino e um espelho", afirmou o dono do animal ao jornal "Southern Daily
Echo". "E parece a hora certa para lhe dar uma companhia", completou Hall.
A família sofreu intoxicação por fumaça, mas Bob não se feriu. "Eu achava
Bob muito chato, com esses gritos e barulhos. Mas agora não. Ele é uma lenda.
Salvou nossas vidas", disse Sam, 8, filho de Hall. 9
(Fonte: PAPAGAIO salva família... Folha Online, São Paulo, 22 jul. 2008.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bichos/ult10006u424934.shtml
Acesso em: 24 jul. 2008).
Você já leu várias fábulas. Na sua opinião, o texto: “Papagaio salva família de incêndio no Reino Unido”, pode ser considerado uma fábula? Argumente.
Leia a fábula de Monteiro Lobato, “O Carreiro e o papagaio”, e produza uma fábula, tendo como personagens: papagaio, corvo, raposa.
O CARREIRO E O PAPAGAIO
(Monteiro Lobato)
Vinha um carreiro à frente dos bois, cantarolando pela estrada sem fim.
Estrada de lama. Em certo ponto o carro atolou. O pobre homem aguilhoa os bois, dá
pancadas, grita; nada consegue e põe-se a lamentar a sorte.
- Desgraçado que sou eu. Que fazer agora, sozinho neste deserto? Se ao
menos São Benedito tivesse dó de mim e de ajudasse.
Um papagaio escondido entre as folhas condoeu-se dele e, imitando a voz de
santo, começou a falar:
- Os céus te ouviram, amigo, e Benedito em pessoa aqui está para o ajutório
que pedes.
O carreiro, num assombro, exclama:
- Obrigado, meu santo! Mas onde estás que não te vejo?
- Ao teu lado. Não me vês porque sou invisível. Mas, vamos, faz o que mando.
Toma da enxada e cava aqui. Isso. Agora a mesma coisa do outro lado. Isso. Agora
vais cortar uns ramos e estivar o sulco aberto. Isso. Agora vais aguilhoar os bois.
O carreiro fez de tudo como o papagaio mandou e com grande alegria viu
desatolar-se o carro.
- Obrigado, meu santo! – exclamou ele de mão postas. Nunca me hei de
esquecer do grande socorro prestado, pois que sem ele eu ficaria aqui toda a vida.
O papagaio achou muita graça na ingenuidade do homem e papagueou, como
despedida, um velho rifão popular:
Moral: Ajuda-te, que o céu te ajudará.
(Monteiro Lobato, Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1960.
As fábulas, histórias milenares, nos fascinam até os dias de hoje pelo seu caráter mágico e, principalmente, pelo que elas representam e simbolizam. Através de personagens animais, fazem refletir seriamente sobre o comportamento humano. Talvez, por isso, elas tenham encantado a todos e em especial escritores que não cansam de recontá-las. Atualmente, estas verdades ditas nas entrelinhas são revisitadas de diferentes e criativas formas e linguagens.
Leia a fábula “A raposa e as uvas” de Monteiro Lobato, a história em
quadrinhos, “Magali e a uvas” e acesse o site e veja como a mesma
fábula é apresentada de forme diferente. Agora compare-as e
responda:
O que há de semelhante e diferente nesses três textos?
Leia a letra da música Curtição. Existe alguma característica de fábula?
Qual? Possuem os mesmos significados? Agora vamos ouvir a música.
CURTIÇÃO
João Bosco e Vinícius
Disponível no site vagalume.
Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de
queijo no bico quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa
logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na
cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:
- Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que
cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta
beleza! Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.
Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que
sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!". O queijo veio abaixo, claro, e
a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
- Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é
inteligência!
Moral: Cuidado com quem muito elogia.
( Fábulas de Esopo. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1994)
Reconte a história da fábula: “O corvo e a raposa”, com suas palavras.
Para finalizar, agora é a sua vez de produzir uma fábula. Use a vontade os
personagens que você já conhece, e se quiser acrescente outros, mude o
cenário, a moral, as características dos personagens, enfim, use a sua
criatividade. Essa fábula fará parte dos arquivos do site do colégio.
O CORVO E A RAPOSA
ESOPO
Referências:
1. BOJUNGA, Lygia. Os colegas. 51 ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga. 2008.
2. ESOPO. Fábulas completas. Tradução, introdução e notas de Neide Smolka. São Paulo: Moderna.
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