O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
História da África: Proposta Preliminar de Atlas
Professor PDE: Jairo de Carvalho
Orientador: José Henrique Rollo Gonçalves
Área: História
NRE: Maringá
Escola: Colégio Estadual Santa Maria Goretti
Disciplina: História
Produção Didática: Atlas Histórico
Implementação: Professores de História e outras disciplinas
MARINGÁ – PR
2010
- 1 -
ÍNDICE
INTRODUÇÃO: Uma justificativa ......................................................................... 2
HISTÓRIA DA ÁFRICA: PROPOSTA PRELIMINAR DE ATLAS ......................... 5
Egito ................................................................................................................ 6
Kush ................................................................................................................ 7
Cartago ........................................................................................................... 8
Axum ............................................................................................................... 9
Berberes ......................................................................................................... 10
Expansão do Islã ............................................................................................ 11
Império dos Almorávidas ................................................................................ 12
Gana ............................................................................................................... 13
Rotas de comércio .......................................................................................... 14
Navegações portuguesas ............................................................................... 15
Ocupação europeia antes da Conferência de Berlim ..................................... 16
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 17
- 2 -
INTRODUÇÃO: Uma justificativa
No dia 9 de janeiro de 2003, o Presidente da República sancionou a Lei 10639, de
autoria da deputada Esther Grossi, cujo teor trata da obrigatoriedade do ensino de
História da África e história e cultura afro-brasileira [nas escolas públicas]. A
aprovação dessa lei atendia a uma antiga reivindicação do movimento negro
organizado que enxergava nos conteúdos escolares uma preferência quase
exclusiva por temas europeus, desprezando o conhecimento referente às outras
vertentes que tiveram participação na formação da sociedade nacional.
Reconhecia-se assim, a importância do estudo sobre as sociedades africanas
anteriores à colonização do continente pelos europeus, como parte da estratégia de
valorização da população descendente do grande contingente de pessoas que
chegaram ao Brasil na condição de escravas. Era mais um elemento no combate à
discriminação racial, pois auxiliava na desconstrução da ideia distorcida e
preconceituosa, porém amplamente difundida, de que a África não produziu história,
já que a sua população não desenvolveu essa capacidade, por ser atrasada e
selvagem.
A implementação da Lei deveria promover uma grande mudança no trabalho dos
profissionais de educação, pois eles, assim como as demais pessoas, em geral
desconheciam os conteúdos que deveriam ministrar aos seus alunos, já que
praticamente não tiveram oportunidade de ver a História da África nos cursos
universitários que concluíram. Apesar dos esforços individuais de alguns na procura,
muitas vezes desorientada, por informações que pudessem preencher a lacuna
deixada na sua formação acadêmica e de variadas iniciativas das autoridades
educacionais, o contato com os professores tem revelado que por não saber o que
deve ser ensinado, o ensino de História da África não tem sido abordado como
estava previsto na Lei 10639.
Os professores que saíam em busca de materiais que pudessem subsidiar a
preparação de suas aulas sobre a História da África, em um primeiro momento ainda
se deparavam com outro problema: a insuficiência de material disponível para
consulta. Depois, como era de se esperar, o fato de uma lei como essa estar em
- 3 -
vigor acaba por gerar demanda e tem início a corrida pela produção de materiais que
abasteçam o mercado. Rapidamente aumentou a oferta de livros que versam sobre
a temática, bem como de vídeos e sítios na internet. Inclusive, os manuais didáticos
adotados pelas escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio foram, na
maioria, reformulados e tiveram inseridos alguns novos capítulos para se adequarem
à exigência da lei e, por consequência, à necessidade do mercado. Portanto, já é
possível, para aqueles profissionais mais interessados, ter acesso com relativa
facilidade a materiais razoáveis e dar conta de preparar suas aulas sobre a História
da África.
Essa proposta de produzir um Atlas de História da África que estamos apresentando,
acaba por se somar à relativamente abundante oferta de materiais didáticos que, por
sua natureza, pretendem facilitar a compreensão dos processos civilizatórios
africanos. Ele se compõe de uma sequência de mapas acompanhados de
explicações sucintas sobre cada uma das questões representadas nas onze páginas
dessa versão preliminar. Muitos aspectos e momentos da História do continente
africano não estão sendo abordados agora, mas podem ser acrescentados
obedecendo a esse formato. Para atender minimamente a uma explicação dos
principais fatos da História da África, ainda que sinteticamente, será necessário
apresentar o dobro da quantidade de mapas mostrados nessa versão preliminar de
atlas. Além de outros, não pode faltar em um atlas que se proponha a demonstrar os
acontecimentos mais significativos na existência desse continente, os fatos que
relaciono a seguir: A evolução da espécie humana; o Império do Mali; o Império
Songai; a expansão dos bantos; as cidades-Estado iorubas; as cidades-Estados
suaíles; o tráfico de cativos africanos; o Grande Zimbábue e o Império Monomotapa;
o reino do Congo; os reinos dos zulus; a partilha da África pelos europeus, a África
colonizada, o processo de independência e a formação dos países atuais.
Para realizar essa versão que apresentamos aqui denominada “História da África:
Proposta Preliminar de Atlas”, foi utilizado o vetor de um mapa do continente,
disponível na internet para uso livre. Com os recursos do software Corel Draw, foi
inserido primeiramente uma camada de cores que pudesse representar os grandes
ecossistemas africanos. Assim as partes amarelas de tonalidade mais clara
representam as paisagens de deserto como o Saara e o deserto da Namíbia,
- 4 -
contrastando com esses ambientes as áreas verdes representam as regiões em que
predominam as florestas tropicais. Já, as regiões de savana e as de transição entre
deserto e floresta são representadas por cores intermediárias. Sobre essa base, foi
sobreposta uma outra cor aleatória para destacar a área em que ocorreu o processo
histórico abordado.
Uma parte dos textos que acompanham os mapas teve por base um artigo que
publiquei a algum tempo atrás intitulado “Questão negra, História da África e
currículos”. Outros, assim como os mapas, resultaram da consulta a uma grande
quantidade de obras. Serviram como fonte de informação e de inspiração
especialmente os livros de Alberto da Costa e Silva, Elikia M’Bokolo, Eduardo David
de Oliveira, Leila Leite Hernandez, Jean-Marie Lambert, Kabengele Munanga e
Nilma Lino Gomes, além da coleção organizada por Joseph Ki-Zerbo. Também
tiveram grande utilidade, pelo fácil acesso, inúmeros sítios da internet, vários deles
hospedados em servidores norte-americanos, europeus e africanos.
Produzir mapas que abordem as questões mencionadas acima, e que não tratadas
aqui, é uma empreitada possível. Para que seja concluído de forma satisfatória,
bastam os mesmos recursos empregados na produção dessa Proposta Preliminar e
um pouco mais de tempo. Outra maneira de implementar a continuidade do que está
agora sendo apresentado, é conseguir a contribuição de outras pessoas.
Atualmente, com a interatividade que a internet possibilita, é provável que apareça
gente disposta a contribuir com um projeto coletivo. Para isso, basta disponibilizar o
material em um sítio da rede e fazer a divulgação junto a militantes do movimento
negro e a professores e estudantes de História, tanto do Paraná quanto de outros
estados. Depois disto, o trabalho será o de administrar as contribuições ao atlas. É
essa a Proposta Preliminar de Atlas da História da África.
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Proposta Preliminar de Atlas
Proposta Preliminar de Atlas
Proposta Preliminar de Atlas
Proposta Preliminar de Atlas
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6 666
EEggii ttoo ((33115500 aa.. CC.. –– 3300 aa.. CC.. ))
De todas as civilizações africanas, a dos egípcios é a mais conh
ecida.
O fato de seus governantes, os faraós, terem
sido respon
sáveis pela
edificação de grand
es obras arquitetônicas, as pirâmides, é a
principal referência na mentalidade das pessoas sobre o Egito
Antigo. Tam
bém é amplam
ente aceita a ideia de que o Egito
faraôn
ico contribuiu muito para a form
ação da civilização ocidental,
embora pou
cos reconheçam que esta era um
a civilização africana.
Porém, ainda é incomum
, inclusive para historiadores, reconh
ecer a
civilização dos egípcios com
o africana e constituída por pessoas
negras.
O restabelecimento do Egito com
o civilização negro-africana foi
motivo de intenso debate historiográfico na década de 1970, no
qual se destacaram
os argu
mentos de Cheick Anta Diop e Theoph
ile
Obeng
a. Utilizando procedimentos metodológ
icos rigorosam
ente
de acordo com os parâmetros históricos de referência, eles
defend
iam a tese de qu
e o Antigo Egito foi uma civilização form
ada
a partir dos influxos de civilizações do interior d
o continente e com
o tal só poderia ser uma sociedade negro-africana.
História da África
História da África
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7 777
KKuuss hh [[NNúúbbii aa]] (( 11007700 aa.. CC.. –– 335500 aa.. CC.. ))
Desde a época em que o Egito foi unificado
, os faraós queriam
explorar os recursos do território ao sul do Império. A Baixa Núb
ia
(da primeira à segun
da catarata do
Nilo), resistiu às expedições
egípcias por cerca de dois séculos até ser con
quistada e con
vertida
em fornecedora de matérias-primas e de ou
ro. Em uma das
campanh
as militares contra Kush, por volta de 1950 a.C., foram
construídas fortificações com
o objetivo de assegurar o dom
ínio que
se manteve por cerca de um
século, quand
o os núb
ios se libertaram
e transformaram
Kerma (ao sul da terceira catarata) em capital de
seu reino.
Arquitetada sob o com
ando do faraó Thutmose III, N
apata surgiu
aproximadam
ente em 1450 a.C. na margem ocidental do Rio Nilo e
tornou-se a capital. Séculos depois seus reis con
quistaram o Egito e
form
aram
a 25ª dinastia (770 a.C. – 657 a.C.). Meroe, na margem
leste do rio Nilo, foi a capital do reino entre o século VII a.C. e o
século IV da no
ssa era. Durante essa fase, os nú
bios inventaram
um
a escrita própria, chamada pelos estudiosos de “escrita
meroítica”. Esse reino teve fim em 350 d.C., quando foi invadido e
tomado pelos axum
itas.
História da África
História da África
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8 888
CCaarr ttaaggoo ((ss éécc uull oo IIXX aa.. CC –– sséécc uull oo IIII aa.. CC.. ))
Essa cidade-Estado foi originariamente uma colônia fenícia, fund
ada
no século IX a.C.. Ela se tornou uma potência com
ercial e
dissem
inou várias colônias em diferentes regiões da costa do mar
Mediterrâneo. Por con
ta disso, dispu
tou com Rom
a o controle do
comércio. Dessa dispu
ta originaram
-se as três Guerras Pún
icas
(derivado de poeni, nom
e dado pelos ro
manos aos fenícios) entre
264 e146 a.C., após as quais Cartago
foi destruída. A cidade foi
arrasada até os seus alicerces e no
chão foi espalhado
sal para qu
e nada nele crescesse. A derrota da principal rival e a anexação de
seus dom
ínios sign
ificou um
salto decisivo na efetivação da
hegemon
ia ro
mana no Mediterrâneo, o qual foi chamado de mare
nostrum (nosso mar).
História da África
História da África
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9 999
AAxxuumm ((ss éécc uull oo VV aa.. CC.. –– sséécc uull oo XXII IIII dd.. CC.. ))
O Reino
de Axum foi formado em
uma região muito fértil por o
nde
passavam
algum
as das mais importantes rotas comerciais do
mun
do, ligando a África à Arábia e à Índia. Por con
trolar essas ro
tas,
a sua capital, Aksum
, e os portos de Adu
lis e Matar no Mar
Vermelho
, acumularam
muita riqueza e influência e atraíam
imigrantes de diferentes origens. Núb
ios, egípcios, cristãos, jud
eus, e
até bu
distas con
viviam
em suas cidades. Esse estado cun
hava a sua
própria moeda e tornou-se um
império com
ercial marítimo muito
forte, cuja conseqüência foi a expansão de suas fron
teiras já no
século II. Con
quistou o no
rte da Etiópia, adq
uiriu o direito de
receber tributos de estados da Península Arábica e por volta do ano
350 conq
uistou o reino meroítico de Kush.
Os axum
itas criaram o seu próprio alfabeto no século III, cham
ado
ge'ez. Em 325, o rei Ezana con
verteu-se ao cristianism
o e Axum,
aind
a antes de Rom
a, se tornou o prim
eiro Estado cristão do
mun
do.
A sua decadência decorreu da expansão do Islã que lhe barrou o
acesso ao mar, m
as a sua influência perdurou por muito tempo na
região.
História da África
História da África
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10101010
BBeerr bbeerr eess
Durante um certo período, os povos nô
mades que viviam no no
rte
do Saara foram dom
inados pelos ro
manos. Esses foram respon
sáveis
pela introdução dos cam
elos nessa região. Esse elem
ento facilitou
o
comércio de long
a distância, permitind
o qu
e caravanas pudessem
atravessar o deserto, levando além de mercadorias, influência
cultural. Esses povos qu
e sempre se rebelaram diante das tentativas
de dom
inação estrangeiras (rom
ana, bizantina, árabe), tinham
relações com
erciais com os povos do Sud
ão ocidental. Eram
as
caravanas do
s berberes que ligavam o Sahel ao Mediterrâneo,
levand
o o ouro de Gana até a Europa em troca de sal, arm
as
ornamentais e outras mercadorias.
Quand
o a dissem
inação do islamismo alcançou os berberes
(núm
idas, getulos e mouros) do Magrebe, com
o resultado
da
atividade proselitista de mission
ários e comerciantes árabes e
principalmente das sucessivas investidas militares na época de Ali, o
quarto califa, ou sucessor de Maomé, os berberes opuseram feroz
resistência retardando a con
quista, num
prim
eiro mom
ento.
Posteriorm
ente opuseram-se ao poder central árabe, adotand
o doutrinas religiosas cism
áticas, até que a dinastia dos Almorávidas
uniu a África do
Norte sob sua autoridade.
História da África
História da África
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11111111
EExxppaannss ããoo ddoo IIss llãã
A con
versão dos povos do no
rte da África ao islamismo teve início
com as conq
uistas dos prim
eiros califas, sucessores de Maomé, ainda
na prim
eira metade do
século VII. O Egito, a Líbia e a Tripolitânia,
foram incorporados ao Império Árabe. Até o no início do século VIII,
a dinastia Omíada já havia con
quistado também o Magrebe e
convertido grand
es con
tingentes de berberes. Estes, ao chegarem
à
África Ocidental cun
haram
a expressão Bilad-es-Sud
an (Sud
ão), isto
é, país do
s negros.
A crescente con
versão ao Islã, e seu discurso de afirmação de um
a verdade ún
ica, alterou o equilíbrio do diálog
o cultural que havia
entre os povos africanos. O
s novos crentes assum
iam a ideologia da
superioridade cultural e ro
mpiam
antigas relações. Além disso, para
muitas etnias africanas a islamização era a form
a de escapar à
escravização im
posta aos infiéis que acabavam sendo levados
através do deserto para a Arábia.
Mas, nas costas do Mar Vermelho e do Oceano Índico e nos vários
outros pon
tos on
de o Islã se instalou, o seu triunfo decorreu muito
mais da atividade do
s comerciantes do que das con
quistas do
s gu
erreiros através da jihad, ou gu
erra santa. Em geral, nesses
primeiros tempos, as conversões que obteve assumiram uma feição
muito caracteristicam
ente africana ou se restringiam
a algun
s mem
bros das elites, que adotavam a nova fé com
o símbolo
superficial de status, já que inicialmente esta não am
eaçava às
religiões tradicionais com
as quais coexistia.
História da África
História da África
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12121212
II mmppéérr iioo ddooss AAll mmoorr áávvii ddaass (( 11005555 -- 11115577))
O islamismo já era a religião do
s povos do
norte da África desde o
século VII. No início do século VIII, sob a autoridade da dinastia
Omíada, um exército de árabes e berberes cruzou o estreito de
Gibraltar e derrotou as forças cristãs do
s visigo
dos estabelecend
o seu domínio também na Península Ibérica (Al-And
alus).
A dinastia seguinte não foi capaz de exercer autoridade política nem
religiosa sobre o con
junto de seus súditos e a un
idade do Im
pério se
fragmentou. Além do Em
irado
, e depois Califado de Córdoba, do
qual o Magrebe era parte, formaram
-se estados rivais com sedes em
Toledo
, Sevilha, Badajós e Granada.
A reabilitação da ortod
oxia islâmica na região era o objetivo inicial
dos berberes que con
trolavam
o Saara ocidental. A sua
cong
regação, era con
hecida com
o os almorávidas. D
epois do
Magrebe, con
segu
iram se apoderar de Sijilmasa e Aud
agost, do
is
dos mais importantes centros de com
ércio do
ouro proveniente do
Sudão. Anexaram toda a Espanha, e form
aram
um Im
pério cuja
extensão ia do rio Senegal até o rio Ebro. Porém
, em 1140 outros
berberes descontentes declararam
guerra aos almorávidas. Eram os
Almóadas, outra vertente fanática do
islamismo, que derrotou os
Almorávidas e decretou o fim
do seu Império.
História da África
História da África
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13131313
GGaannaa ((775500 –– 11007766))
Gana já existia por volta do século IV, quando povos sedentários
instituiram, a partir da tributação a um exército son
inqu
e, um Estado
centralizado com origem
na cidade de Kumbi Saleh. O
utros povos
manding
as
os maninque e os sossoe na cond
ição de vassalos
dos soninques, tam
bém participaram
da form
ação do Império de
Gana. Desde sua origem
, esse estado sud
anês negocia com
os
comerciantes berberes o transporte do ouro para além
do Saara
abastecend
o o Mediterrâneo e a Europa em
troca do sal e de
mercadorias de luxo, com
o seda e arm
as ornam
entais.
Gana teve seu apogeu entre os séculos VIII e XI e a sua decadência
se deveu em grand
e parte à rivalidade com o islâmico Império dos
Almorávidas, a partir de 1050. O
Império de Gana, que acabou por
sucumbir em, aproximadam
ente, 1076 — quand
o ocorre a queda de
Kumbi Saleh — sobreviveu aind
a até o século XIII apenas como
tributário a reinos vizinho
s e com sua extensão redu
zida. O
seu
território acabou dividido em pequenos reinos, cujos governantes
acabaram
por se converter ao islamismo, interessados na sua
integração ao comércio, com
andado pelos muçulmanos.
História da África
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14141414
RRoott aass ddee ccoomméérr ccii oo
O com
ércio foi atividade presente na existência de grande parte das
sociedades africanas. Foi determinante para a existência das
cidades-Estado
s suaílis da costa oriental com
o Sofala, Q
uiloa e
Mog
adíscio. Tam
bém teve grand
e importância nas cidades-Estados
iorubás de Benin, O
yo e Ife. O Reino
do Con
go, o Im
pério
Mon
omotapa e o Grand
e Zimbábu
e e praticam
ente todas as
estruturas estatais anteriores à penetração dos europeus no
interior
do con
tinente mantinham intensas relações com
erciais inter-
region
ais. Além das mercado
rias, as relações mercantis também
possibilitavam o intercâm
bio cultural.
O desenvolvimento do comércio foi a causa do surgimento de
importantes mercado
s em
todo o con
tinente. M
uitas cidades ao
long
o dos rios tiveram
sua origem
em feiras. Beneficiadas pela sua
posição privilegiada em
meio às ro
tas, elas controlavam parte
sign
ificativa do com
ércio que se processava entre os reinos da
região da floresta e os da savana. Era grand
e a quantidade e a
variedade de gêneros à vend
a: gado, marfim
, jóias, pimenta,
algo
dão, miçangas, perfumes, drogas medicinais, cerâm
ica, noz de
cola, sal, tecidos, frutas, sem
entes, ferram
entas e outros artigos de
ferro ou cobre.
Havia ro
tas por toda a região sub
saariana e mesmo através do
Saara, percorridas por grand
es caravanas que ligavam os
entrepostos do Sahel aos estabelecimentos do Mediterrâneo. Estas
atravessavam
o deserto levand
o produtos africanos para os árabes e
europeus, e vice-versa. As cidades-Estados da costa oriental
realizavam
negócios com árabes, chineses e indianos, através do
Mar Vermelho
e do Oceano Índico.
História da África
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15151515
NNaavveeggaaçç õõeess ppoorr ttuugguueess aass
Os portug
ueses foram os primeiros europeus a se aventurar p
elo
Oceano Atlântico, tocand
o em
algun
s pontos a costa ocidental do
continente africano. Depois da con
quista de Ceuta em 1415,
portug
ueses alcançaram
o Cabo Bo
jado
r em 1434 com Gil Eanes.
Muitas viagens se sucederam
até que em 1488 Bartolom
eu Dias
ultrapassou o que ele deno
minou Cabo das Torm
entas (cujo no
me
foi posteriorm
ente alterado para Cabo da Boa Esperança), abrindo
caminho
para Vasco da Gam
a e depois para Pedro Álvares Cabral.
Estabeleceram feitorias em
vários lugares, con
form
e realizavam
o
périplo africano. E, o fizeram movidos pelo interesse de obter
grandes lucros no comércio de produ
tos qu
e a África já fornecia à
Europa através dos berberes e suas ro
tas transaarianas. Buscavam as
fontes do ouro.
Descreveram
a região banhada pelos rios Casam
ance e Gâm
bia
como área abu
ndante em produ
tos agrícolas, com
belos cam
pos de
algo
dão e vastos arrozais e belas florestas. D
epois iriam
con
hecer
também algun
s do
s mercados dessa região e ficaram
impression
ados com
a organização político-adm
inistrativa, a
prosperidade e a riqueza dos reinos banhados por esses rios.
Quanto mais se avançam
para o sul, mais o sentimento de
superioridade advind
o da fé cristã vai cedendo lugar à ambição, no
dizer d
e Niane (1988, p. 33).
Na sua primeira viagem, Vasco da Gam
a e seus hom
ens ficaram
muito adm
irado
s com o alto nível de desenvolvimento das cidades-
Estado
s suaílis de Moçam
bique, Mom
baça e Melinde. N
essa última,
encontrou o piloto árabe que o con
duziu até Calicute, na Índia.
História da África
História da África
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16161616
OOcc uuppaa ççãã oo eeuurr ooppee iiaa aa nntt eess ddaa CCoonnff eerr êênncc iiaa ddee BBee rrll ii mm
Desde o início das grand
es navegações, os europeus já se
interessavam
pela África. A ocupação do con
tinente tem início
aind
a no
século XV
, com
a chegada dos portugu
eses aos
arquipélagos de Cabo Verde e São Tom
é e Príncipe. Log
o a segu
ir, a
ocupação alcança o litoral de Ang
ola e Moçam
bique. A instalação
de feitorias em
vários pontos da costa tem o objetivo de garantir o
comércio de escravos. A alta lucratividade auferida pelo tráfico
atraiu a con
corrência de outras nações europeias que também se
instalaram
na costa atlântica da África.
Posteriorm
ente, no século XIX, a Inglaterra ocupou partes da atual
África do Sul, do Egito, do Sudão e da Som
ália. Partes do Senegal e
da Tun
ísia foram ocupadas pela França e a Itália tomou a Eritréia.
Até 1880, o dom
ínio dos europeus na África estava restrito a
algu
mas áreas costeiras e o interior d
o continente permanecia ainda
descon
hecido para eles. Aproximadam
ente 80%
do território
africano se mantinha sob con
trole da população local. Os ún
icos
ocidentais a penetrar n
o interior d
o continente, antes da divisão em
colônias europeias, era um redu
zido núm
ero de aventureiros,
biólog
os, botânicos e mission
ários.
-17-
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http://www.4shared.com/document/-Bt1X9iC/MAP_-_Africa.htm
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