O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica 2007
Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
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FOLHAS/PDE
Autor/Professor PDE: Nádia Moreira Chagas
Orientador: Prof. Dr. Lúcio Tadeu Mota
NRE: Maringá
Escola: CEEBJA – Prof. Manoel Rodrigues da Silva
Disciplina: História Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( x )
Disciplina de Relação Interdisciplinar 1: Geografia
Disciplina de Relação Interdisciplinar 2: Sociologia
Título: A Presença de Populações Européias no Interior dosTerritórios do Guairá nos Séculos XVI e XVIIConteúdo estruturante: As Relações Culturais
Conteúdo específico: História do Paraná Colonial
Série a que se destina: 1ª, 2ª e 3ª
25/02/2008
Secretaria de Estado da Educação – SEEDSuperintendência da Educação - SUED
Políticas e Programas Educacionais – DIPOLPrograma de Desenvolvimento Educacional – PDE
Universidade Estadual de Maringá - UEM
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A PRESENÇA DE POPULAÇÕES EUROPÉIAS NO INTERIOR DOS
TERRITÓRIOS DO GUAIRÁ NOS SÉCULOS XVI E XVII
Ao analisar a história do atual Estado do Paraná, no século XVI notamos que
as grandes movimentações no território resultaram no encontro de europeus com as
populações que aqui viviam.
Entre os séculos XVI e XVII, grande parte do atual estado do Paraná era
conhecido como Província do Guairá, governada desde Assunção no Paraguai e,
portanto, pertencente aos espanhóis. Limitada a oeste pelo rio Paraná, ao norte pelo
rio Tietê, ao sul pelo rio Iguaçu, e a leste por uma linha imaginária demarcada pelo
tratado de Tordesilhas, foi nessa região que ocorreram as primeiras relações
interculturais entre os europeus (Espanhóis, Portugueses e outras nacionalidades) e
as populações indígenas.
Quando chegaram ao sul do Brasil os primeiros exploradores só pensavam
em alcançar a região oeste do território para chegar às riquezas do império Inca no
Peru. Muito provavelmente, eles tomaram conhecimento dessas riquezas nas
montanhas a poente, através dos relatos indígenas (HOLANDA, 1994). Para chegar
lá era preciso atravessar todo o território do Guairá. Mas como? Hoje (século XXI), é
fácil para qualquer um. Veja o mapa a seguir.
“(...) a sociedade é um nexo de relações causais que se desdobram em processos e
estruturas que engendram a especificidade social. (...) “Existir” socialmente significa (...),
compartilhar condições e situações, desenvolver atividades e reações, praticar ações e
relações que são interdependentes e se influenciam reciprocamente. Tais nexos de
relações configuram as condições de persistência e/ou transformação da realidade
social” (PARANÁ. Diretrizes Curriculares – Sociologia, 2006, p.15).
No dia-a-dia, que envolvimentos temos com a construção da realidade?
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Observando o mapa do atual Paraná, fica fácil perceber onde estão todas as
cidades e as estradas (rodoviárias, ferroviárias), ou caminhos que as interligam,
Além, também de ser possível o trajeto através de meios fluviais e aéreos.
Mas nem sempre foi fácil como hoje. Na época da chegada dos europeus -
1500, as terras brasileiras, e do território do atual Paraná, era quase todo recoberto
de matas. Os registros, da época, afirmavam que a região era densamente habitada,
Figura 1: Mapa rodoviário do Paraná – 2006
Fonte: http://www.pr.gov.br/derpr/maparod.html
ATIVIDADES
• Pesquise em jornais, revistas e internet quais as maneiras possíveis para se
empreender uma viagem pelo território do Paraná desde o litoral até o rio
Paraná. Incluindo como poderão ser realizadas, os meios de transportes,
tempo provável de duração, etc.
• Elabore um painel com os resultados de sua pesquisa.
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entre o Paranapanema, o Tibagi, o Ivaí e Piquiri, por grandes populações indígenas
de diversas etnias, desde épocas muito remotas.
No início do século XVI inicia-se a conquista com a chegada dos europeus –
portugueses, espanhóis e outras nacionalidades – dos territórios pertencentes às
populações indígenas que aqui viviam.
No Guairá os primeiros contatos foram feitos entre europeus e indígenas, e
as primeiras expedições organizadas com a ajuda dos guarani. Era preciso
reconhecer o território e estabelecer uma rota terrestre entre o litoral sul do Brasil
com a recém fundada cidade de Assunção no Paraguai.
Esta discussão leva em consideração um assunto muito tratado atualmente
por geógrafos, preocupados com os problemas políticos e territoriais, e que chamam
de “geopolítica”.
Esse tema trata ainda das estratégias de ação de grupos sociais, como
forma de explorar e dominar o território. As viagens realizadas pelo exploradores no
Guairá ocorreram de forma interativa com as populações indígenas, embora com
interesses distintos.
Você pode imaginar como as viagens pelo interior do territórioparanaense foram realizadas no início do século XVI?
ATIVIDADE:
• Pesquise em livros de história e na internet o que foi o “Guairá’.
• Procure identificar no mapa do atual Paraná (localizado na primeira página)
onde estava localizado o território do Guairá.
“A geopolítica engloba os interesses relativos aos territórios e às relações de poder,
econômicas e sociais que os envolvem”. (PARANÁ. Diretrizes Curriculares - Geografia,
2006, p. 31)
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Vejamos: O primeiro viajante que atravessou os territórios do Guairá, foi
Aleixo Garcia, em 1522. Foi por meio dele que se tiveram as primeiras informações
sobre a região onde se poderia encontrar prata. Os cronistas dos séculos XVI e XVII
registraram estas informações com base nos relatos indígenas. Garcia viajou por
três anos, do litoral de Santa Catarina, para o interior do Paraná, passou pelo
Paraguai e Bolívia, até próximo ao Peru. Foi morto pelos guarani na volta, em 1525,
na região da foz do Iguaçu (NOELLI e
MOTA 2000). Nessa expedição seguiram
cerca de 2000 guarani. Os estudos sobre
essa expedição dizem que ele pode ter
feito o mesmo trajeto que o adelantado
Cabeza de Vaca faria alguns anos depois,
em 1540.
Para garantir o domínio das terras
brasileiras o rei de Portugal enviou
expedições com este objetivo. Em 1530, a
expedição de Martin Afonso de Souza veio
para percorrer o litoral brasileiro e explorar
o interior na busca de metais preciosos e
organizar núcleos de povoamento, garantindo o domínio de Portugal até o rio da
Prata. Neste período Martin Afonso de Souza organizou outra expedição,
comandada por Francisco de Chaves e Pero Lobo, que também atravessou o
Será que as viagens realizadas por esses primeiros exploradores europeus, nos
ajudam a compreender a ocupação e as relações interculturais estabelecidas nesses
territórios do atual Paraná no século XVI?
ATIVIDADE
• Pesquise na internet, livros de história, periódicos como foram estabelecidas as
localizações dos territórios indígenas paranaenses e a participação destes
grupos nesse processo. Anote suas observações para debater com os
colegas.
Um adiantado ou adelantado eraum funcionário do Reino de Castelaque tinha a máxima autoridadejudicial e governativa sobre umdistrito.Durante a conquista da América porEspanha, o rei concedeu o título deadelantado aos conquistadores queempreendiam expedições com meiosprivados e que se convertiam emrepresentantes da Coroa no territórioque conquistassem.
O título correspondente em Portugalera o de Corregedor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adelantado
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Figura 3 - D. Álvar Nuñes Cabeza de Vaca
território, com 80 homens e alguns índios tupi, partindo do litoral de Cananéia. Estes
homens foram mortos pelos indígenas no território paranaense provavelmente em
1531. Esta expedição pode ter seguido a mesma rota feita por Aleixo Garcia.
As viagens não
pararam por aí. Em 1541, D.
Álvar Nuñes Cabeza de
Vaca, após suas expedições
pela América do Norte, vem
assumir a governação do
Paraguai em nome do rei da
Espanha. Ele vai da
Espanha até a ilha de Santa
Catarina daí até o rio Cubatão no litoral norte de SC de onde seguiu por terra ao
Paraguai, viajando pelo interior do Paraná que era denominado de Guairá.
A expedição de Cabeza de Vaca, composta por 250 homens e 26 cavalos
(CABEZA DE VACA, 1995), demorou quatro meses para chegar ao seu destino. Ao
longo do caminho índios guarani se revezavam para acompanhá-lo. Com certeza a
expedição de D. Alvar Nuñez também passou pelos caminhos percorridos por Aleixo
Garcia, ou seja, pelo rio Iguaçu, pelos campos de Curitiba, chegando ao rio Tibagi, o
rio Piquiri e novamente, o rio Iguaçu, trilhando os caminhos já há muito percorridos
pelos guarani.
Bem, o território não era
habitado apenas pelos Guarani. Os
Kaingang, inimigos dos Guarani viviam
na região conhecida hoje como
Campos de Guarapuava (Koran–bang-
rê). Por essa razão, a expedição
contornou o território dos índios
Kaingang, demonstrando com isso,
que entre indígenas de etnias
diferentes, havia provavelmente
guerras e disputas por territórios. Não
deve ter sido fácil, pois tiveram que subir a Serra do Mar, atravessar o rio Iguaçu,
Figura 2 – Martin Afonso de Souza
Ilustração de Martin Afonso deSouza mostrando asvestimentas características demeados do século XVI.
Fonte: CORTESÃO, Jaime. Acolonização do Brasil. Lisboa:Portugália, 1965. p. 145.
Fonte: CABEZA DE VACA. A. N.Comentários. Curitiba: ColeçãoFarol do Saber. 1995, p.03.
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para depois chegar ao rio Tibagí onde atravessaram rumo a oeste. Seguindo o por
do sol encontraram o rio Ivaí, e a seguir, indo em direção ao sudoeste, passaram
pelo rio Piquiri até chegar novamente no rio Iguaçu perto das cataratas. Daí, sempre
em direção a oeste e seguiram para Assunção. Observe no relato da viagem de
Cabeza de Vaca, a dificuldade que os viajantes enfrentavam:
Durante a viagem, quando entrou em um determinado ponto do rio Iguaçu, a
expedição de Cabeza de Vaca percebeu que a correnteza era muito forte:
Cabeza de Vaca foi o primeiro branco a encontrar as cataratas do Iguaçu.
Seu relato é muito importante, pois informa que os territórios do atual Paraná
estavam habitados, por populações bastante organizadas social, política e
culturalmente, e mostra que os Kaingang dominavam uma grande extensão dos
territórios do Guairá coberto pelos campos naturais.
Domingos Martinez de Irala, governador do Paraguai, em 1544 viajou de
Assunção ao Guairá, para apresar índios. Os espanhóis utilizavam a mão-de-obra
indígena numa forma de trabalho conhecida como “encomiendas”. Nessa ocasião,
ele fundou a cidade de Ontiveros às margens do rio Paraná, perto da foz do Iguaçu.
Observe que os territórios foram percorridos tanto por portugueses como por
espanhóis. Ruy Dias Melgarejo, nos anos de 1533-44 passou duas vezes pelo
Guairá indo em direção a São Vicente. Ele fez o mesmo roteiro de Cabeza de Vaca
“(...) passando grande trabalho para atravessar os muitos rios e más passagens
que havia. Houve dias que [tiveram] que fazer até dezoito pontes para cruzar com
os cavalos e mantimentos. Também tiveram que cruzar serras e montanhas
cobertas com árvores muito fechadas, que não permitiam que se visse o céu. Era
tão fechada a mata que sempre iam vinte homens na frente para abrir o caminho.”
(CABEZA DE VACA, 1995, p. 32)
“Logo adiante do ponto onde haviam embarcado o rio dá uns saltos por uns
penhascos enormes e a água golpeia a terra com tanta força que de muito longe
se ouve o ruído” (CABEZA DE VACA, 1995 p. 39).
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em 1555, partindo do litoral de Santa Catarina. Este personagem foi muito
importante entre os espanhóis. Foi ele que organizou a fundação de Ciudad Real del
Guairá em 1554, na foz do rio Piquiri (hoje no município de Terra Roxa), e que
passou a ser a capital da Província do Guairá, e também a segunda fundação de
Vila Rica do Espírito Santo, junto à foz do Corumbataí (hoje no município de Fênix e
Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo)
Outras viagens ainda foram realizadas nos anos de 1551 – Diego de
Sanabria, fazendo o mesmo itinerário de Cabeza de Vaca; em 1552, Hernando de
Salazar e Ulrich Schmidl fizeram o mesmo roteiro. Este último acompanhado de 20
índios carijós, chegando a Santos em 1553. Em 1553-1554, Ruy Dias de Melgarejo,
nesses anos vai de Ontiveros a São Vicente, como observamos anteriormente.
Figura 4 - Mapa de Ulrich Schmidl, mostrando o itinerário de sua viagem de Assunção aSão Vicente, em 1552-3, segundo a reconstrução de Reinhard Maack, onde também seobserva a localização de Cananéia.
Fonte: BALHANA, A P., MACHADO, B. P. e WESTPHALEN, C. M. História do Paraná, in:FAISSAL, El-Khatib (org.) História do Paraná, 1º. Vol., 2ª. ed. Curitiba: Editar, 1969.
ATIVIDADE
• Faça uma pesquisa sobre a viagem de Ulrich Schmidl nos territórios do atual
Paraná no século XVI. Depois, escreva um dossiê sobre o tema.
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Figura 5 - Ilustração de um missionário jesuíta
Ainda percorreram esses territórios no século XVI, muitos outros espanhóis
como Francisco Gambarrota, Nuflo Chaves (veio de Assunção apresar índios no
Guairá), Rodrigo de Vergara, chegou ao Guairá para fundar Ciudad Real perto da
foz do Piquiri; Juan de Salazar e Cipriano de Góis.
Os jesuítas são os membros da Companhia de Jesus, ordem religiosa
fundada em 1534 por Inácio de Loiola, com o objetivo de fazer o trabalho missionário
de espalhar o cristianismo. Chegaram ao Brasil em 1549 junto com o governador
geral Tomé de Souza. Em 1588 chegam à Assunção os primeiros jesuítas, os
padres Juan Solano, Manuel de Ortega e Tomas Filds.
Eles também vieram
para o Guairá que foi palco
de diversas expedições
missionárias empreendidas
pelos padres jesuítas. Em
1588, os padres Manoel
Ortega e Thomas Filds
percorrem o Guairá, e
constatam a existência de
milhares de índios Guarani.
Essas constatações contribuíram para que os padres fundassem as 14 Reduções
nos vales dos rios Paraná, Iguaçu, Piquiri, Ivaí, Paranapanema e Tibagi, no sentido
de promover atividades religiosas entre eles.
Estudos publicados por MOTA e NOELLI (1999) sobre a região do Guairá,
tratam da existência de trilhas entre as aldeias por meio das quais podiam transitar.
Os jesuítas no Guairá: quem foram os jesuítas?
Fonte: WACHOWICZ,R.C. História do Paraná.Curitiba: Editar, 1972,
Observe ao lado ascaracterísticas de ummissionário jesuíta.
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Além disso, os habitantes das reduções podiam comunicar-se viajando pelas
margens do Paranapanema, subindo o rio Pirapó, passando pelos ribeirões Maringá-
Mandacarú, Morangueira ou Sarandi, e chegar à região onde está Maringá. Depois
podiam descer pelos córregos Borba Gato, Cleópatra e mascado até o ribeirão
Pinguim e por este, até o rio Ivaí. Daí chegar à Vila Rica do Espírito Santo e às
reduções do Ivaí e Corumbataí. Outra rota era subir o rio Pirapó até o rio Dourados e
alcançar a região onde está Mandaguari e chegar ao Ivaí.
Figura 6 - Mapa das fundações espanholas e Reduções Jesuíticas, séculos XVI e XVII
Fonte: BALHANA, A P. , PINHEIRO MACHADO, B. e WESTPHALEN, C M. Costa do pau –brasil – Costa do ouro e prata. In: EL-KHATIB, F. História do Paraná. 1. V., 2ª. ed. Curitiba:Grafipar, 1969.
ATIVIDADE
• Localize e marque no mapa do atual Paraná as rotas que os habitantes das reduções
percorriam.
• Qual a importância das missões jesuíticas para a colonização – espanhola e
portuguesa – no sul do Brasil, atual território paranaense?
• É possível entender como eram as relações entre colonos e jesuítas, tanto nas
colônias espanholas como portuguesas? Escreva um pequeno texto sobre o assunto.
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Figura 7- Ilustração de um bandeirante paulista.
Note que os indígenas conheciam muito bem essas rotas e trilhas abertas
entre as aldeias, por meio das quais, os jesuítas delas se beneficiaram. Seguindo a
rota destas trilhas abertas podia-se chegar ao Paraguai, e mais um pouco ainda,
chegar na Cordilheira dos Andes. Outro grupo que delas se beneficiou foi o dos
bandeirantes, que caminharam por aqui até a destruição das reduções em 1632.
Os portugueses
começaram suas viagens
pelo interior do Guairá no
início do século XVII, em
busca de escravos
(indígenas), mas também
em busca de metais
preciosos. Entre eles,
Nicolau Barreto desce o rio,
Paraná em 1602, atravessa
o Guairá para chegar ao
Peru.
O roteiro que já era conhecido desde o século XVI, foi percorrido por Pedro
Franco de Torres em 1607, também rumo ao Paraguai. Mas as histórias mais
impressionantes, dizem, respeito às investidas de Manuel Preto, em 1607, um dos
maiores preadores de índios, que dirigiu uma bandeira para aprisionar guarani na
região das Reduções, perto da cidade espanhola de Vila Rica do Espírito Santo.
Os motivos das expedições eram diversos. E incomodavam ambos os lados
– portugueses e espanhóis. Por essa razão, o rei da Espanha criou em 1608, a
Província del Guairá, com o objetivo de conter as investidas dos portugueses na
região, que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia aos espanhóis, abrangendo os
territórios indígenas a leste do rio Paraná.
Muitos portugueses ignoraram essas medidas, como foi o caso de Manuel
Preto, que retorna à região com o mesmo objetivo de apresar índios para trabalho
escravo, nos anos de 1611, 1618, 1623 e 1628. Nessa última expedição, Antonio
Raposo Tavares o acompanhou e vai se tornar também um bandeirante caçador de
índios. Outros ainda vieram e percorreram a região durante todo o século XVII
(MOTA 2005).
Fonte: PREZIA, B. eHOORNAERT, E. Esta terratinha dono. São Paulo: FTD,1989, p.88.
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CAMINHOS PERCORRIDOS
Hoje, transitar pelo território paranaense é fácil, muito diferente das
dificuldades encontradas nos séculos XVI e XVII. Os caminhos percorridos pelos
europeus entravam por matas e florestas, e as distâncias de um lugar para o outro
eram longas e desconhecidas. Além disso, no território a dificuldade para encontrar
alimento e água para sobrevivência aumentava os problemas.
A comunicação pelo interior do território realizava-se através de diversos
caminhos, que começaram a ser percorridos pelos viajantes e exploradores, desde o
início do século XVI, mas foram formados pelos habitantes que aqui viviam – os
indígenas – desde tempos muito remotos. Eles ligavam o litoral ao planalto. Mas,
existiam outras rotas terrestres que se estendiam dos territórios que hoje chamamos
de Rio Grande do Sul, passando por Santa Catarina e o Paraná.
As penetrações para interior do território foram feitas pelos vales dos
grandes rios (Iguaçu, Tibagi, Ivaí, etc). As vias de comunicação que hoje chamamos
ATIVIDADE
• Pesquise o significado do termo bandeiras. Procure descrever como era a vida
dos componentes das bandeiras e a forma como agiam. Em seguida anote suas
impressões para debater com os colegas.
Figura 8 - Mapa da cobertura vegetal que cobria o território no século XVI.
Legenda
Fonte: CARDOSO, J. A e WESTPHALEN, C. M. Atlas Histórico do Paraná. 2ª. ed., Curitiba:Livraria do Chain, Editora, 1986. p. 21.
Observe o mapa ao lado, que mostracomo estava o território do atualParaná, por volta do ano de 1.500,coberto de florestas.
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de “Caminhos históricos” (Padis, 1970), eram de difícil trânsito, e é por onde também
passaram tropas de gado bovino e muar. Esses caminhos tiveram muita importância
na ocupação dos territórios do atual Paraná.
Figura 9 - Mapa do território mostrando os caminhos indígenas
Fonte: CARDOSO, J. A. e WESTPHALEN, C. M. Atlas Histórico do Paraná. 2. ed., Curitiba:Livraria do Chain, Editora, 1986, p.23.
ATIVIDADE
• Escreva um texto falando de sua impressão sobre a importância dos caminhos
ou trilhas utilizadas pelos diversos viajantes no território do Guairá dos séculos
XVI e XVII.
• Pesquise na internet ou em livros de história, mapas dos séculos XVI ao XVII e
localize a região de Cananéia e a da baia de Superagüi.
• Vocabulário: procure o significado das palavras e conceitos desconhecidos
encontrados no texto.
• Sugestão: assista o filme “A missão” 1986 – 121 min. Após, faça uma
análise sobre o relacionamento entre indígenas e missionários e os
exploradores europeus.
O mapa ao lado, mostra oterritório do atual Paranácomo se achava entre osanos 1500 a 1520, recortadopor caminhos por ondepassavam indígenas e outrosviajantes.
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REFERÊNCIAS
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CARDOSO, J. A. e WESTPHALEN, C. M. Atlas Histórico do Paraná. 2ª. ed.Curitiba: Livraria do Chain, Editora, 1986.
CABEZA DE VACA. A. N. Comentários. Curitiba: Coleção Farol do Saber. 1995.
CORTESÃO, J. Jesuítas e Bandeirantes no Guairá. Rio de Janeiro: BibliotecaNacional, 1951 (Coleção de Angelis).
CORTESÃO, Jaime. A colonização do Brasil. Lisboa: Portugália, 1965. p. 145.
HOLANDA, S. B. de. Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimentoe colonização do Brasil. 6. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MARTINS, A. R. (1874-1948). História do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editores,1995.
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MOTA, L.T. e NOELLI, F.S. Exploração e guerra de conquista dos territóriosindígenas nos vales dos rios Tibagi, Ivaí, Piquiri. In: DIAS, R.B. e GONÇALVES, J.H. R. (org.). Maringá e o norte do Paraná. Estudos de história regional. Maringá:EDUEM, 1999.
NOELLI, F. S. e MOTA, L. T. A pré-história da região onde se encontra Maringá,Paraná. In: DIAS, R.B. e GONÇALVES, J. H. R. (org.). Maringá e o norte doParaná. Estudos de história regional. Maringá: EDUEM, 1999.
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PARANÁ. Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. SEED, 2006
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SCHALLENBERGER, E. A Integração do Prata no Sistema Colonial:colonialismo interno e missões jesuíticas do Guairá. Toledo: Editora Toledo,1997.
15
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VOLPATO, L. Entradas e bandeiras. 3ª. ed. São Paulo: Global 1985.
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DOCUMENTOS CONSULTADOS EM ON LINE
PARANÁ. Mapa Rodoviário. Disponível em: http://www.pr.gov.br/derpr/maparod.html. Acesso em 31 de janeiro de 2008.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adelantado. Acesso em 31 de janeiro de 2008.
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