CUSTOS NA PRODUÇÃO DE BATATA DOCE: ANÁLISE EM UMA
PEQUENA PROPRIEDADE LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ
DA SERRA-MT Área temática: Gestão da Produção
Núbbia Mendonça Oliveira
Nataliê Cristy Guzatti
Carlos Alexandre Santos Ribeiro
Márcio Íris de Morais
Resumo: O artigo investiga a produção de batata doce devido a importância para a renda dos
pequenos produtores rurais. O objetivo foi analisar os custos desta cultura, a importância da
produção para a renda familiar e a sua viabilidade econômica. Realizou-se o acompanhamento dos
custos desde a cadeia de produção à colheita em uma pequena propriedade rural no município de
Tangará da Serra – MT. Utilizou-se para coleta de dados, questionamento direto com entrevista
aplicada aos proprietários da área rural, e em observação de campo, levantaram-se os custos de
produção. Para análise dos dados coletados foi elaborado tabelas de frequência simples, com
análise descritiva dos dados, através do sistema Microsoft Excel. Das análises, verificou-se que os
custos e despesas totais representam um percentual reduzido em comparação ao preço de venda
efetivado, evidenciando lucratividade extremamente favorável à esta cultura em pequenas
propriedades rurais.
Palavras-chaves: Batata Doce, Custos, Produção, Produtividade, Viabilidade.
1 INTRODUÇÃO
A batata doce com o nome científico de Ipomoea batatas L. Lam., conforme Soares et. al.
(2012), é uma planta rústica, de grande adaptação, simples cultivo, transigível à seca e o custo da
produção é relativamente baixo. De acordo com os autores, possui caule tenro e rastejante,
combatendo erosões e o crescimento de plantas daninhas. Também possuem raízes tuberosas que
variam de forma, dimensão e cor conforme o ambiente e a maneira que é cultivado.
Segundo Felipe (2013), a batata-doce é um alimento rico em carboidratos complexos de
baixo índice glicêmico que por sua vez são digeridos e absorvidos lentamente pelo organismo e
estimula pouca liberação de insulina, reduzindo desta maneira o risco de diabetes, obesidade e,
ainda, controlando o apetite. Para este autor ainda, um desses carboidratos funciona como um
amido resistente, que nem sequer sofre digestão e comporta-se como uma fibra insolúvel, atraindo
moléculas de açúcar e gordura e retardando a sua absorção, o que evita o aumento de Low Density
Lipoproteins (LDL) - colesterol, a fração nociva do colesterol, e de triglicerídeos.
Soares et. al. (2012), informa que em relação mundial, os maiores produtores desta hortaliça
são a China, Indonésia, Índia e o Japão. Sendo que a China destaca-se como maior produtor
alcançando uma produção de 150 milhões de toneladas ao ano. O Brasil apresenta-se como
principal produtor no Continente Latino-Americano com uma produção anual de 3 milhões de
toneladas e os estados de maior produção são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Paraná,
atingindo um rendimento de 10 toneladas por alqueires (t/ha), continuam os autores a dizer que é de
grande importância social a plantação desta cultura, pois ela contribui decisivamente para o
suprimento alimentar das populações mais humilde.
Conforme Melo, et. al. (2009) numa atividade agrícola moderna, torna-se necessário
conhecer o custo operacional total, que reflete o custo de produção e assim, portanto, a cultura da
batata doce vem ao encontro com as necessidades das pequenas famílias rurais, que precisam de
baixos custos para se ter uma renda familiar adequada.
Silva, et. al. (2010) afirma que há diversas aplicações da batata doce na culinária doméstica
como em confecções de pratos doces e salgados bem como aperitivos. Nas indústrias é aproveitada
como matéria-prima para fabricação de doces enlatados, confeitaria e fécula. É utilizada para
alimentação animal como ração tanto para bovinos e suínos, podendo também ser utilizada em sua
forma natural, ensilada ou como farinha seca, outro desígnio é a produção de álcool. Assim, diante
dos fatos surgiu o seguinte questionamento: Qual seria o custo de produção e eventual retorno com
a cultura de batata doce em uma pequena propriedade do município de Tangará da Serra - MT?
Com base no problema proposto, objetivou-se, analisar a viabilidade de produção de batata
doce em uma pequena propriedade rural na cidade de Tangará da serra – MT. Como objetivos
específicos propõem-se: Levantar os custos e despesas na produção de janeiro a abril do ano de
2014 e verificar a viabilidade financeira resultante da atividade econômica.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Produção de batata doce: custos e rentabilidade
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (2007), o baixo
custo, a rusticidade do cultivo, o alto potencial produtivo e o valor alimentício da batata doce são
fatores relevantes para a sua utilização. Também, Melo et. al. (2009) afirmam que a batata doce é
uma cultura muito popular e apreciada em todo o país, ocupando o quarto lugar entre as hortaliças
mais consumidas pela população brasileira, além disso, apresenta uma grande importância social,
pois contribui, decisivamente, para o suprimento alimentar das populações de baixa renda.
Em seus estudos sobre a batata doce, Silva, J. (2007) destaca o baixíssimo custo de produção
da batata doce em relação a outras culturas, pois dispende de menos fertilizantes, mão-de-obra e
irrigação e que ela se adapta bem as várias diferenças climáticas, tornando-a uma cultura resistente.
Conforme descreve Silveira (2007), a batata doce vem sendo estudada em diversas áreas, como por
exemplo, farmácia, nutrição, bioquímica e engenharia de alimentos tendo em vista que este
tubérculo é rico em carboidratos além de conter outros compostos que se relacionam com o bem
estar e a saúde.
Silva, et. al. (2010) demonstram como a cultura da batata doce além de ter tantos usos ainda
é capaz de proteger o solo, pois o seu cultivo é feito em leiras em forma de curvas o que faz com
que as mesmas evitem a erosão do solo, e não permite que este sofra as consequências drásticas da
perda potencial de suas propriedades de produção e consecutivamente, por esta característica de
cultura ela pode ser plantada em locais mais íngremes, tendo em vista que sua ramificação é rasteira
e que em 45 dias de plantadas ela cobre totalmente o solo.
Pereira (2013) demonstra como a batata doce está fazendo a diferença na cidade de
Conceição-PB, onde a economia se desenvolveu a partir do cultivo da mesma e vem transformando
a vida da população local, sendo considerada como ouro, através de sua alta rentabilidade, e da
exportação para outros estados brasileiros, essa cultura se tornou primordial para o desenvolvimento
da cidade e da população que se utiliza dela para melhorar sua condição de vida.
Em uma análise de Silva, J. (2007) a batata doce, entre outras culturas compõem a dieta
básica de populações que praticam a agricultura de sustento, que gera o alimento que ajuda a
combater a fome nas regiões mais pobres, como por exemplo, África, Ásia, América Latina e
Caribe. O autor ainda expõe que a batata doce tornou-se importante para a agricultura familiar que
não possui grandes habilidades para o cultivo da mesma e uso de tecnologia o que provoca uma
baixa produtividade, condição esta que poderia ser revertida com a capacitação dessas famílias
produtoras, mas que encontra empecilhos na falta de busca por informações e de capacitação por
parte de quem deseja cultivar esta cultura.
Silva, J. (2007) ainda destaca que a batata doce está em baixo nível de produtividade porque
é produzida por famílias rurais como cultura marginal entre as culturas principais para sua renda, ou
seja, deixando-a em segundo plano entre as atividades mais produzidas, pois se esta cultura
realmente fosse explorada como atividade principal a sua margem de produção seria bem melhor.
A Batata Doce apresenta múltiplos usos podendo ser utilizada na alimentação humana in
natura ou processada industrialmente, na forma de amido. Pode, ainda, ser usada na
alimentação animal ou como alternativa na produção de biocombustível destacando-se
como uma das plantas mais eficientes na conversão de energia solar em química.
(SILVEIRA, 2008, p.15).
Segundo estudos da EMBRAPA (2007) atividades recentes têm incentivado a produção dos
combustíveis limpos, não derivados de petróleo e fontes minerais, o que tem impulsionado as
pesquisas para produção de álcool a partir da batata-doce no Brasil. Continuando a afirmação da
EMBRAPA (2007) o custo da produção de álcool de batata doce é menos da metade do que o
produto da cana de açúcar tornando-a assim um ótimo substituto para a produção de etanol.
Ramos (2013) desenvolve estudos acerca da viabilidade da batata doce na produção de
etanol em Mato Grosso há pelo menos três anos e tem baseado seus experimentos na área de
Tangará da Serra, Campo Novo dos Parecis e Nova Olímpia e de acordo com ele as perspectivas de
produção são viáveis, pois o custo benefício da produção é facilitado aos pequenos e médios
produtores. Conforme Silva, A. (2012), a produção de etanol do estado de Mato Grosso aumentará
em 60% em dois anos, isto devido ao uso da batata doce para a produção do mesmo, e para esses
parâmetros se tornarem uma realidade estima-se plantar 30 mil hectares de batata doce que resultara
em 30 mil toneladas do produto para o estado.
Em um estudo levantado a respeito do etanol de batata doce realizado na China, Cury
(2007), determinou que está sendo mais viável a produção de etanol a partir da batata doce, do que
da produção de milho, tendo em vista a viabilidade desta cultura, pois, o custo desta plantação são
extremamente baixos e as condições climáticas auxiliam em seu desenvolvimento tornando-a
superior em rentabilidade, enquanto que na produção de milho as dificuldades são altas e os custos
elevados.
Conforme Neto (2012), as ramas da batata doce também são aproveitas para a alimentação
animal, porém em sua maioria ela é descartada, ainda que uma parte seja utilizada na produção de
novas ramas para novo plantio. Rabelo (2012) faz uma análise dos benefícios da batata doce,
afirmando que ela é essencial para manter a saúde em dia, e que seu consumo é capaz de reforçar ao
sistema imunológico, fazer a manutenção da juventude das células e garantir de saúde
cardiovascular, ela também fornece vitaminas e mineras tornando indispensável o seu consumo
sendo, portanto um alimento de traz grandes benefícios para a saúde humana.
Segundo Nabuco (2012), a batata doce possui cinco vezes mais cálcio que qualquer outro
tubérculo o dobro de fibras e mais potássio que a batata, por exemplo, e como resultado ela estimula
o intestino, auxilia no controle do diabetes e do colesterol e mesmos sendo mais calórica que a
batata inglesa ela ajuda a emagrecer.
Silva, J. (2007) a batata doce é importante alimento para a população carente, pois é um
alimento de baixo custo e de alto teor de pró-vitaminas A para as batatas doce de coloração
alaranjada, que possuem altos valores de vitamina C, por exemplo, tornando-a assim de fácil
identificação. Segundo as pesquisas do autor existe um projeto para auxiliar as famílias carentes
para a introdução deste produto na alimentação de crianças e mães gestantes devido ao seu grande
valor nutritivo, porém é necessário processa-lo de uma forma que pudesse ser armazenado em
grandes quantidades, o que originou a produção de farinha da batata doce um alimento rico em
nutrientes e capaz de gerir a deficiências de vitaminas das famílias carentes.
2.2 Contabilidade de Custos
Para Leone (1997) a contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade que se destina a
produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio ás funções
de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de
decisões.
Para a contabilidade de custos a mais importante missão é fornecer dados para o
estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio
imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os
valores anteriormente definidos. (MARTINS, 2003, p. 15)
Maher (2001) comenta em sua obra que custo representa um sacrifício de recursos. Para ele,
em nosso dia a dia, compramos muitas coisas diferentes, e o preço de cada item mede o sacrifício de
que precisamos fazer para adquiri-lo. Para Megliorini (2007) os custos de uma empresa resultam da
combinação de diversos fatores, entre os quais está a capacitação tecnológica e produtiva relativa
aos processos, produtos e gestão. Continua o autor afirmar que conhecer custos é uma condição
essencial para tocar uma empresa independente do tipo e que não se pode relegar o cálculo dos
custos a um plano secundário, pois eles constituem ferramentas auxiliares da boa administração.
Porém, em se tratando de uma pequena propriedade rural, é necessário conhecer os custos
nas áreas rurais, tendo em vista que Nepomuceno (2004) afirma que na atividade rural pode ocorrer
a necessidade, em caráter excepcional, de se considerar cada unidade um centro de custos, o que
tornaria cada cultura isolada em seus custos específicos.
Megliorini (2007) define que custos são encontrados nas demonstrações de resultados das
empresas, tantos nas industriais, quanto comerciais e nas prestadoras de serviços, e segundo Martins
(2003), os custos podem ser de diversas naturezas a energia é um gasto, que por consequência de
sua utilização torna-se um custo e, portanto, os custos são classificados como diretos ou indiretos.
Conforme o autor, os custos diretos são aqueles que são diretamente apropriados à produção, ou
seja, o que foi utilizado exatamente para aquela finalidade, e ele também diz que custos indiretos
são aqueles que precisam ser estimados, como por exemplo, aluguéis, supervisão, entre outros.
Podemos ainda dizer que os custos podem ser fixos ou variáveis. Os custos fixos são aqueles
que ocorrem mês após mês, mesmo que seus valores se alternem de um mês para o outro, e
podemos citar como exemplo o aluguel, que incorre mensalmente, mesmo que haja reajuste e é,
portanto, um custo fixo, conforme cita Martins (2003), e para ele o custo variável, é um custo que
não se mantém em todos os meses, ele pode ou não acontecer, como no caso de um item direto de
produção, porém que não foi produzido naquele período.
Gomes (2002) traz a margem uma discussão extremamente pertinente para a apuração dos
custos de mão de obra na atividade rural familiar, tendo em vista que na maioria das vezes são
desenvolvidos pelo próprio produtor ou por membros de sua família, sem que, no entanto exista
alguma remuneração específica sobre este trabalho, e ainda conforme o autor, para que a
contabilidade de custos seja realmente um elemento eficiente e decisório para as entidades rurais é
necessário que se utilize de todos os esforços para que se possa mensurar os valores dos custos da
mão-de-obra familiar e definir seus custos e assim obter mais veracidade nos registros contábeis.
Para Nepomuceno (2004) a atividade rural precisa ter um controle específico, não bastando
apenas saber em que período do ano a atividade foi bem sucedida, mas também conhecer qual foi a
sua real lucratividade ou quanto teve de déficit, portanto é preciso estar atento aos custos da
produção. Para o autor, algumas vezes o improviso até pode dar certo, porém devem vir
acompanhados de um mínimo de conhecimento ou diversidade da atividade, mas no geral é preciso
perceber as insuficiências e compensa-las corrigindo e aperfeiçoando a atividade para que por fim
ela seja rentável.
Para Confirmar a importância da contabilidade de Custos segundo Bacic (2008) a gestão de
custos relaciona-se diretamente com o mundo externo à empresa, com sua capacidade competitiva e
ainda é dada grande importância, para a decisão, aos aspectos reveladores do comportamento
estrutural dos custos. Santos (2005) afirma ainda que a análise de custos, no sentido amplo, tem por
finalidade mostrar os caminhos a serem percorridos na prática da gestão profissional de um
negócio.
Segundo Gomes (2002) a contabilidade rural é justamente o instrumento que vem de
encontro com as necessidades de controles financeiros e econômicos da propriedade rural, pois ela
ainda é capaz de contribuir positivamente para o ambiente onde a propriedade é inserida.
Acompanhando este raciocínio, Nepomuceno (2004) descreve que a contabilidade na atividade rural
deve ser acompanhada de um bom planejamento almejando ser um instrumento eficaz e analítico
para que sua finalidade seja por fim alcançada.
No que tange aos pequenos produtores no Brasil, convém expor que Nepomuceno (2004)
ressalta que todas as classes de produtores alcançam espaço para trabalhar no país, mas que isso não
significa competitividade, tendo em vista que devido às tecnologias, mão-de-obra, recursos tornam-
se barreiras impeditivas de algumas culturas para o pequeno produtor, que quando está praticando
normalmente trata-se de subsistência. No entanto, segue o autor dizendo, que na maioria dos casos,
o pequeno produtor é mais presente em suas atividades, o que as torna mais produtivas e rentáveis,
valendo disso seu esforço pessoal e dedicação, por isso ele deve ter seu valor respeitado no meio
rural.
3 METODOLOGIA
Foram utilizadas pesquisas bibliográficas, onde o objetivo principal foi analisar os custos,
despesas e rentabilidade da plantação de batata doce em uma pequena propriedade rural. Foi
realizada uma pesquisa de campo com entrevista aos produtores e observação da propriedade rural
estudada durante a produção desde o preparo da terra até a colheita e transporte para venda, na qual
foram utilizadas uma área de 10.000 m².
A Entrevista e a observação da plantação teve ocorrência no período de janeiro a abril de
2014 e a análise dos dados coletados ocorreu no mesmo período. Durante o período de observação
da produção foram feitos questionamentos aos produtores quanto aos custos deste cultivo tais como
custo com preparo do solo, plantio, irrigação, colheita e transporte também foram questionado as
despesas e o preço final do produto para venda.
Foram utilizadas como base para levantamento dos custos e despesas o Custo Operacional
Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT) proposta por Matsunaga et. al. (1976), que leva
em consideração os gastos realizados pelo produtor durante o período de safra entre os quais se
soma os custos com preparo com o plantio, insumos agrícola, e outros custos e a estes somados aos
encargos financeiros, depreciação e outras despesas obterá o COT. O adubo químico, defensivo
agrícola, combustível para transporte e o óleo diesel utilizados teve seus preços cotados com base
nos valores praticados no mês de abril de 2014 na cidade de Tangará da Serra - MT.
Os dados obtidos foram armazenados em um banco de dados e, após, quantificados e
submetidos a análises estatísticas. O tratamento dos dados foi realizado por meio da utilização do
programa Microsoft Excel 2013®. Os resultados foram tabulados e utilizou-se análise descritiva
dos dados, através da construção de tabelas de frequência simples, permitindo-se uma análise
quantitativa dos dados por distribuição de frequências, que, para Sampieri (2006, p.416), “é um
conjunto de pontuações ordenadas em suas respectivas categorias”.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A propriedade estudada está situada na cidade de Tangará da Serra – MT, à 7 km do centro
da cidade, possui área total de 24 hectares, sendo que 21 hectares estão totalmente arrendados. Na
área restante existe uma construção de um aviário que está em atividade e que produz a cada 9
meses um adubo orgânico que auxilia na manutenção da plantação de batata doce. Localiza-se em
uma área com terra boa para plantio e com irrigação adequada para manter a produtividade do local.
Sendo, portanto, necessária pouca manutenção com fertilizantes e agrotóxicos.
A produção de batata doce ocupa uma pequena área de 10.000 m², sendo que 1.000 m² são
utilizadas para produção das ramas a serem utilizadas e há outra área de 10.000 m² em pouso na
qual é utilizada para fazer uma rotação do plantio no final da primeira safra.
Com a análise da cultura pôde-se identificar de início algumas etapas no processo de
produção, na qual foram discriminadas na tabela 1.
Tabela 1: Etapas e funções do processo produtivo de Batata doce
Etapas Funções
Preparação do solo Gradear e arar o solo
Plantio Plantar e fertilizar o solo
Irrigação Molhar o solo
Colheita e transporte Colher e transportar a batata doce
Fonte: Resultados da pesquisa.
Observando o processo da produção especula-se que se tenham custos elevados, porém isso
pode variar de acordo com o trabalho realizado pelo produtor. No caso desta produção, a
propriedade é familiar e eles trabalham juntos em todas etapas da plantação de forma que reduz
significativamente os custos, principalmente em relação à mão de obra. Para o preparo do solo
foram utilizados maquinários (trator e equipamentos) para que fossem realizado o gradeio,
nivelamento e aplicação do defensivo agrícola e, que envolveu também mão de obra, conforme
tabela 2.
Tabela 2: Custo total no preparo do solo - safra de 2014
Item Valor unitário (R$) Unidade Consumo Valor total (R$)
Óleo diesel 2,87 Litro 130 373,10
Defensivos 135,00 Litro 2 270,00
Mão de obra 5,00 Horas 60 300,00
Custo total 943,10
Fonte: Resultados da pesquisa.
As operações onde se utilizou maquinários para o preparo da terra teve um consumo de 130
litros de óleo diesel e foram realizadas em 2 dias de serviço. O defensivo agrícola foi empregado
para eliminar as ervas daninha do solo. Após essa etapa iniciou-se o plantio e por se tratar de uma
pequena área de 10.000 m² foi realizada de forma rápida cumprida em apenas 10 dias de trabalho.
Avaliando o tempo necessário para o desenvolvimento desta plantação presenciou-se vários
estágios até sua formação para colheita, especificados na tabela 3. Nesta, demonstra-se um valor
expressivamente baixo, pois esses custos a exemplo da rama são inexistentes pelo fato dos
produtores utilizarem da própria cultura para retirar outras ramas assim não havendo a necessidade
de compra.
Outro insumo com custo zero é o adubo orgânico, pois na propriedade há um aviário que a
cada 9 meses produz este material que é aproveitado no plantio, no entanto, devido a análise dos
custos desta propriedade, foi avaliado um custo deste produto conforme o valor de venda do mesmo
pelos proprietários a terceiros, gerando um custo unitário de 30, 00 reais a cada 50 quilos de
unidade vendida.
Para Barros (2014) é necessário considerar o custo da mão de obra para que se tenha um
cálculo real, afinal, se a família não desempenhasse o papel, teria que contratar e remunerar ou
então não produziria. Diante disto, considerando que o valor pago para a mão de obra em
propriedades vizinhas é o equivalente a R$ 5,00 (cinco reais) a hora trabalhada.
Tabela 3 – Custo Total do plantio – safra de 2014
Item Valor unitário (R$) Unidade Consumo Valor total (R$)
Rama - - - -
Adubo Orgânico 30,00 Saco 25 750,00
Adubo Químico 91,25 Saco 10 912,50
Mão de Obra 5,00 Horas 342 1.710,00
Custo total (R$) 3.372,50
Fonte: Resultados da pesquisa.
A época escolhida para o plantio é fundamental para uma boa produção, inclusive com
eventual redução nos custos. Há uma mina de água que está localizada na propriedade e é utilizado
para fazer a irrigação da batata doce e, os produtores instalaram uma bomba d'água que quando
ligado a energia elétrica faz todo esse processo de enviar água para o plantio, distribuído em várias
mangueiras que passam entre os corredores da plantação. Os dados coletados desse custo estão
dispostos na tabela 4.
Tabela 4: Custo total da irrigação – safra de 2014
Item Valor unitário (R$) Consumo (KW) Valor total (R$)
Irrigação elétrica 0,34 440 149,60
Custo total - - 149,60
Fonte: Resultados da pesquisa.
Em média leva-se de 115 a 125 dias para começar a colher a produção, podendo o produtor
optar em realizar duas colheitas ao ano. A colheita é feita de forma manual, ou seja, não se faz o uso
de maquinários devido a propriedade não prover de recursos financeiros para adquirir uma. Porém
os proprietários desenvolveram um equipamento que auxilia na hora de colher, descompactando o
solo evitando perdas do tubérculo e facilitando a sua coleta. Esse equipamento é rebocado por um
trator havendo gasto com o óleo diesel sendo que o custo com a mão-de-obra cobrada pela hora
máquina trabalhada continua o mesmo R$ 5,00 a hora. Após a colheita toda produção é transportada
para cidade sendo vendida para distribuidores e feirantes. O transporte é realizado por veículo
particular dos produtores havendo gasto somente com combustível e, as caixas onde são
transportados os produtos são doadas por um dos compradores. A tabela 5 identifica os valores
gastos referente à colheita e transporte.
Tabela 5: Custo total da colheita e do transporte – safra de 2014
Serviço contratado Valor unitário (R$) Unidade Quantidade Valor total (R$)
Colheita 2,87 Litros 50 143,50
Transporte 3,25 Litros 150 487,50
Mão de obra 5,00 Horas 120 600,00
Custo total (R$) 1.231,00
Fonte: Resultados da pesquisa.
Na tabela 6 estão discriminados o COE e o COT o qual se observa que não a custo com
depreciação em razão dos maquinários pertence à propriedade a mais de 20 anos e já terem sofrido
toda depreciação.
Tabela 6: Custo operacional total da produção de batata doce
Descrição Unid. Medida Quantidade Valor unit. Valor por safra (R$)
CUSTOS
Preparo do solo
Plantio 3.372,50
Irrigação 149,60
Colheita e Transporte 1.231,00
CUSTO OPERACIONAL
EFETIVO (COE) 5.696,20
DEPRECIAÇÃO
Trator 82 cv Hora/maquina 174
Grade Rome 14 discos Hora/maquina 87
Arado reversível 3 discos Hora/maquina 12
DESPESAS
Despesas gerais 850,00 850,00
SUBTOTAL DE DEPRECIAÇÃO
E DESPESAS
850,00
CUSTO OPERACIONAL TOTAL
(COT)
6.546,20
Fonte: Resultados da pesquisa.
A quantidade de hora maquina (hm) utilizada nas operações foram todas anotadas e citadas
na tabela, porém conforme dito antes não houve custo com depreciação e as despesas gerais se trata
de pequenos reparos feitos em equipamentos utilizados na produção.
O COT é representado por 17,56% de toda produção, e o preço médio para que o produtor
possa cobrir seus custos sem obter lucro algum seria de R$ 4,52 a CX. de 20 Kg, no entanto se
dividirmos o valor cobrado na venda de R$ 25,00 a cx. por 20 Kg apresentaremos um preço médio
de R$ 1,25 por Kg. Foi feito um levantamento dos valores cobrado pelo Kg da batata doce em
vários mercados e supermercados localizados no município de Tangará da Serra – MT, no mês de
abril de 2014 na onde foram registrados um preço médio de venda para o consumidor final de R$
4,38 chegando a conclusão de que os revendedores chegam a ganhar cerca de 350,4% de lucro
sobre o produto.
Realizado todo processo para produção da batata doce, tem-se o momento mais esperado
pelo produtor que é o de comercialização de seu produto. Conforme Gomes (2002) os valores dos
produtos agrícolas são estipulados de acordo com a oferta e demanda ou por influência
governamental. Porém nesta produção o preço da venda foi ao encontro de um valor justo no qual
os produtores tiraram uma média com outros produtores circunvizinhos e assim estabeleceram
valores. Na tabela 7 a seguir pode-se verificar a quantidade de produção, o preço de venda, os
custos e a receita liquida. O preço de venda foi formado em uma média de quatro meses no mercado
consumidor da cidade de Tangará da Serra - MT.
Tabela 7: Lucro líquido – safra 2014
Itens Valor (R$)
Produção total (kg) 25.000
Preço médio de venda por caixa de 20 kg (R$) 25,00
RECEITA BRUTA TOTAL (R$) 31.250,00
(-) Custeio da produção 5.696,20
LUCRO BRUTO DA PRODUÇÃO (R$) 25.553,80
(-) Despesa da produção 850,00
LUCRO LÍQUIDO DA PRODUÇÃO (R$) 24.703,80
Fonte: Resultados da pesquisa.
Diante do contexto foram determinados os custos com a plantação e comparados com a
receita, verifica-se a viabilidade econômica do cultivo deste tubérculo, em função de se obter
79,05% de lucratividade. Isso avigora a importância da cultura para agricultura familiar, pois é uma
forma de gerar renda e empregabilidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por tratar-se de uma cultura de expressiva importância local, o objetivo desta pesquisa foi de
realizar uma análise dos custos e despesas bem como a sua viabilidade e a importância deste cultivo
para renda familiar. Desta forma o produtor que utiliza esta cultura para o sustento familiar poderá
fazer um diagnóstico se a referida plantação é rentável ou não para aquela propriedade e ainda
averiguar as possibilidades de redução dos custos e despesas com a produção.
A propriedade é familiar suprindo a renda de duas famílias de médio porte que trabalham
juntas na manutenção da colheita. Não possuem mão de obra externa, ficando toda a renda com os
integrantes das duas famílias que dividem por igual, mão de obra, despesas, custo e renda da
produção. A produção é vendida no mercado local para distribuidores e para feirantes.
Os objetivos específicos foram analisar os custos, despesas e a viabilidade da produção de
batata doce. Os resultados obtidos mostram que por se tratar de uma cultura cultivada em família os
custos são bem reduzidos, e as despesas são baixas, ficando a margem de 20,95% do lucro líquido
da produção, o que gera uma lucratividade superior a 79% do total da renda. Portanto, o resultado
apresentou-se de forma extremamente satisfatória, reforçando ainda mais a importância da
agricultura familiar.
Ressaltando que não há somente a produção de batata doce sendo cultivada na propriedade,
mas que também à plantação de milho e um aviário onde são criados cerca de 18 mil frangos, ou
seja, a área com plantação de batata doce representa um ganho livre para os produtores e,
considerando que, segundo depoimento dos mesmos, a receita do aviário e da produção do milho
são ínfimas e não poderiam lhes proporcionar alguma lucratividade sozinhos, a produção da batata-
doce é essencial para a complementação de sua renda.
REFERÊNCIAS
BACIC, Miguel Juan. Gestão de Custos: Uma abordagem sob o enfoque do processo competitivo
e da estratégia. 1ª ed. Curitiba. Juruá Editora. 2008.
BARROS, Carina. Como Considerar a Mão de Obra Familiar no Custo de Produção? Abril de
2014. Disponível em: <m.milkpoint.com.br/radar-tecnico/gerenciamento/como-considerar-a-mao-
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CURY, João Wady. Álcool é batata. Set. de 2007. Disponivel em:
<http://www.revistadinheirorural.terra.com.br/secao/agroeconomia/alcool-e-batata>. Acesso em: 04
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