FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”
Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”
Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do
Trabalho
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE
ERGONOMIA
Tatuí-SP
2018
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Introdução à Psicologia do Trabalho
A Psicologia Industrial foi à primeira forma adotada pelo que hoje conhecemos como Psicologia
Organizacional, Psicologia do Trabalho, Psicologia Ocupacional ou Psicologia Industrial e
Organizacional, variando um pouco o “objeto” construído, mas todas apresentando certa regularidade
discursiva e convergência no que tange ao objetivo, finalidade social, compromisso ético, alvo das
ações, bases teóricas e elementos discursivos.
A Psicologia Industrial remonta sua origem aos cenários norte-americanos e anglo-saxão do início do
século XX, quando a Revolução Industrial já havia se consolidado e o Taylorismo começa a entrar em
cena e a fornecer resultados positivos ao aumento de lucratividade das indústrias, através de controle
mais elaborado do processo produtivo e aumento da eficiência.
Neste momento a Psicologia buscava se firmar como ciência, distanciando-se da filosofia e fisiologia
tendo como pilares o behaviorismo, o funcionalismo e a psicologia das diferenças individuais.
Nesse contexto a Psicologia voltada para o trabalho surge, atrelada aos interesses das indústrias. O
primeiro livro de Psicologia utilizado pelo Industrial foi Psychology and Industial Efficiency, de Hugo
Münsterberg, e apresentava o estudo da produtividade (output) em função do esforço (input).
Neste início a Psicologia Industrial procurava medir o limite de esforço dos trabalhadores, para assim
criar quotas de produção; se encarregava das práticas de seleção e colocação profissional, além da
orientação vocacional baseada em testes e estudos sobre condições de trabalho visando aumentar a
produtividade.
Em 1924, com os estudos de Hawthorne houve uma mudança na forma de encarar as relações de
grupo através da introdução do estudo das Relações Humanas, mas não necessariamente uma
mudança nos processos de produção, apenas acrescentando uma nova forma de entender a forma
como as relações informais trabalhavam junto às relações formais e técnicas do trabalho e são
capazes de alterar os resultados da produção.
Em 1925 são publicados novos estudos sobre motivação, comunicação e comportamento de grupo
(Gilmer, 1961, p 15).
Durante a Segunda Guerra Mundial, segundo afirma Siegel (1969, p.14), muitas técnicas foram
desenvolvidas, como as de colocação de pessoal (personnel assessment), treinamento, classificação
de pessoal e avaliação de desempenho. Outra área que surgiu nesse momento, mas só veio se
consolidar depois foi a engineering psychology, que visava projetar equipamentos de acordo com as
capacidades e limitações dos operadores humanos.
Foi principalmente no período pós-guerra que surgiram maiores desenvolvimentos da Psicologia
Industrial, quando o psicodrama e a sociometria de Moreno seriam aplicados ao trabalho, assim como
a teoria das dinâmicas de grupo de Lewin, e juntaram-se a seleção, a classificação de pessoas,
avaliação de desempenho, treinamento, liderança, etc.
A diferença principal entre a Psicologia Industrial e a Psicologia Organizacional é que enquanto esta
se ocupa da organização das estruturas aquela está mais voltada aos postos de trabalho. A
psicologia organizacional vem surgir no momento em que os psicólogos deixam de estudar apenas os
postos de trabalho e passam a contribuir também na discussão das estruturas da organização, sendo
assim uma ampliação da psicologia industrial.
“No passado, os psicólogos industriais tomaram muitas coisas como certas. A estrutura toda da
indústria, suas tradições e superstições, têm sido aceitas quase sem perguntas e tem-se a impressão
de que os seres humanos foram feitos para adaptar-se à industria, em vez de suceder o contrário”.
(BROWN, 1976. P. 23)
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A fim de garantir a sobrevivência empresarial, a psicologia passou a incorporar novas técnicas já que
os seus antigos instrumentos não asseguravam a produtividade e eficiência. Técnicas
comportamentais passaram a ser valorizadas, aplicando uma abordagem contingencialista ao tentar
influenciar o comportamento humano através do ambiente de trabalho, dando espaço ao surgimento
do estudo da satisfação. Ainda na área comportamental podemos destacar ainda o estudo do
comportamento do consumidor, outra área que ganhou destaque dentro da Psicologia
Organizacional.
Quando a psicologia industrial passa a apresentar objetivos mais voltados para os indivíduos que para a
própria empresa, estudando o trabalho humano em todos os seus significados e manifestações (Lima,
1995, p. 53), com uma visão mais ampla do homem que trabalha e do trabalho do homem, ela passa a
ser a Psicologia do Trabalho.
Este fato marca a passagem da obsessão pela produtividade para uma compreensão mais próxima do
homem que trabalha, aumentando o campo de pesquisa em Psicologia do Trabalho, sendo menos
instrumental.
Aspecto Comportamental
A área de psicologia nas organizações, em termos gerais, desenvolve-se em torno de um conjunto de
questões que afetam os seres humanos. Nos últimos trinta anos, a psicologia organizacional passou por
uma significativa transformação e busca responder uma série de conflitos ligados a convivência humana:
motivação no trabalho, qualidade, produtividade competitividade, satisfação do cliente e moral do grupo.
Todas estas necessidades humanas disputam espaços e revelam o contexto acirrado do processo de
mudanças. Mas como manejar todas essas variáveis?
As experiências do dia a dia demonstram que, nas organizações, uma dos fatores de peso é o grupo de
trabalho. Suas relações e equilíbrio dependem do nível das relações humanas.
Por que os Conflitos Organizacionais?
Porque se lida com pessoas, e cada uma é exclusiva em seu jeito de ser e querer. O mundo profissional
exige de cada indivíduo regras e normas que nem sempre são fáceis e possíveis de atingir. Isto é
diferente, por exemplo, do ambiente de casa, onde se é o que quer ser. O ambiente de trabalho exige
uma postura eficiente em termos de resultados. A produção de bens e serviços não pode ser
desenvolvida por pessoas que trabalham sozinhas. As organizações têm e definem seus objetivos e
criam estruturas técnicas e humana para atingir resultados pelas pessoas via "trabalho".
O trabalho, por sua vez, é a representação social do indivíduo, no qual ele concretiza suas necessidades
de sobrevivência e realização pessoal, permanecendo nesta relação em média 75% do seu tempo. A
educação do indivíduo é feita com base no aprendizado de valores e crenças da sua família, acrescida
do seu contexto social. Quando este indivíduo vai para o ambiente profissional, ele apresenta sua
resposta física, mental, social e afetiva, justamente porque ele dá prioridade aos seus interesses, às
suas necessidades. E é justamente nessa tendência que aparecem as grandes indagações:
Como se entender com os outros?
Como se fazer entender?
Por que não se pode ser racional e objetivo no trabalho e deixar de lado as questões pessoais?
Como conviver com valores, normas e culturas tão diferentes nas organizações?
Como organizar o trabalho para atingir os resultados almejados?
Como criar condições de trabalho e sistemas de recompensas e punições, mantendo os padrões de
excelência de empregados e empregadores?
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Como manter a motivação e a satisfação das pessoas no trabalho?
Como conciliar objetivos sociais, organizacionais e individuais?
A utilização adequada dos seres humanos em qualquer sistema empresarial sempre foi um desafio para
a psicologia organizacional porque, para estas perguntas, não existem fórmulas. Dependem do
indivíduo, de sua vontade, conhecimento, habilidade e atitudes. Uma variável importante a considerar
nos conflitos organizacionais é a defasagem entre o processo tecnológico e o humano.
Depende, também, das organizações, dos seus gestores, de tratar as pessoas com suas características
próprias de personalidade e de entendê-las a partir de suas diferenças individuais, além dos incentivos
adequados à sua motivação. È necessário que as organizações desenvolvam essa compreensão, mas é
vital que o indivíduo também cresça, conheça a si mesmo e realize com clareza o seu papel. É
importante ficar claro que cada um deve fazer a sua parte para que o ambiente de trabalho seja
agradável produtivo. Este enfoque integra o conceito de qualidade de vida no trabalho e visualiza o ser
humano em toda a sua dimensão física, emocional, mental e espiritual.
Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho Começa pelo Entendimento da Personalidade
Humana
A personalidade humana representa a caracteriza a maneira de ser de cada pessoa. È a integração
evolutiva dos aspectos físicos, de temperamento e de caráter de cada indivíduo.
A constituição é a estrutura física do indivíduo, as características pessoais de sexo, raça, e traços
físicos. Influencia o temperamento o caráter.
O temperamento é a tendência herdada do indivíduo para reagir ao meio de maneira própria. È
involuntário.
O caráter é herdado do meio e é voluntário. Trata-se das formas de comportamento mais elaboradas,
determinadas por influências ambientais, sociais e culturais.
A compreensão do comportamento humano é importante, pois permite analisar, avaliar e controlar as
próprias reações e as do grupo de trabalho com objetivo de fortalecer as relações.
Todo grupo é formado por indivíduos que diferem uns dos outros. Cada elemento traz consigo
interesses de ordem geral e particular - impulsos e motivações, esperanças e aspirações que, às vezes,
o indivíduo transforma em seus próprios objetivos.
A participação em um grupo de trabalho não é tarefa fácil, e a fim de se obter sucesso, é necessário
conhecer o grupo. Para isso é necessário, antes, conhecer-se melhor.
"Homem conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o universo” (Sócrates).
Quantos nos conheceram realmente?
Como somos?
Como somos vistos pelos colegas?
Como gostaríamos de ser vistos pelas pessoas?
Na verdade, o conhecimento de si mesmo é o conhecimento real do que se passa no interior de um
indivíduo. Esse interior contém uma série de informações que não são conhecidas pelo ser humano.
A noção que se tem das tendências, interesses, sentimentos, emoções, pensamentos e raciocínios é, de
certa forma, vaga e imprecisa.
Para conhecer-se melhor, deve-se considerar a imagem feita de si mesmo (auto percepção) e a imagem
feita pelos outros (hetero percepção). O elemento que permite esse autoconhecimento é a capacidade
de dar e receber feedback. “O indivíduo só se conhece por meio do grupo".
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Sete Recomendações para Construir Positivamente os Resultados de Grupo de trabalho
Orientação: explicar porque o indivíduo está ali, saber o que cada um pensa de si mesmo e provocar
a aceitação e o companheirismo.
Construir a confiança: informar ás pessoas com quem elas vão trabalhar. A questão é cada saber
quem é quem e o que cada um espera do outro.
Clarificar os objetivos e papéis: deixar claro o que cada um deve fazer e quais são as prioridades
do grupo.
Tomada de decisão: estabelecer como o tempo, o pessoal de apoio, e outros recursos que serão
administrados. Deixar claro para onde o grupo está indo.
Implementação: sequenciar o trabalho, determinando tempo e a organização do grupo. O famoso
Quem faz o quê, quando e onde.
Alto desempenho: provocar a sinergia do grupo e deixá-lo perceber que a sinergia dá resultado.
Renovação: colher os resultados do que foi aprendido e preparar-se para um novo ciclo de ação. Responder á questão individual - "por que continuar?".
O Indivíduo e o seu Contexto Motivacional: Os motivos ou necessidades são as molas propulsoras
da ação. O termo necessidades significa simplesmente algo dentro do indivíduo que o predispõe a agir.
Portanto, os objetivos estão fora e os motivos estão dentro do ser humano. Todos necessitam de
algumas coisas para sobreviver e sentir-se satisfeito com suas vidas. Por isso, são desenvolvidas
maneiras de satisfazer tais necessidades, e há um esforço p ara manter um equilíbrio entre elas e as
fontes que as satisfazem.
O comportamento, as atitudes e as reações de um indivíduo no grupo de trabalho são influenciados
pelos motivos que o levam a trabalhar ou ter o gosto pelo trabalho.
Para alguns, pode parecer que o indivíduo trabalha somente por causa do dinheiro. Isso, entretanto, é
falso. Existem outros fatores e motivos que o levam a trabalhar, como há, também, motivos que
dificultam ou impedem o indivíduo trabalhar.
O estudo dos motivos que levam o indivíduo a trabalhar é importante para entender-se a dinâmica do
grupo e compreendê-lo no trabalho.
ESSES ESTUDOS LEVAM A TRÊS TEORIAS SOBRE MOTIVAÇÃO
1. Hierarquia das necessidades humanas (Abraham Maslow): Maslow propõe que as pessoas são
motivadas por uma série de necessidades, desde as básicas ou primitivas até as mais sofisticadas.
Quando cada pessoa "alcança" satisfação razoável de uma dada necessidade, movimenta-se para
satisfazer uma necessidade maior. As necessidades de Maslow são:
Fisiológicas: de caráter físico, como comer, vestir, e habitar.
Segurança: de caráter econômico, como Trabalho, estabilidade, seguros e bens.
Sociais: de caráter social como, afeto, amor, aceitação e integração no grupo.
Status: de caráter psicológico, como auto estimam, desejo de prestígio, poder, reconhecimento,
competência, importância e apreço aos demais.
Auto realização: de caráter psicológico, como utilização de suas potencialidades.
"O que o homem é capaz de ser, deve ser": muitos trabalhadores geralmente são capazes de satisfazer
suas necessidades básicas com os seus salários. Quando isso acontece, tendem a mover-se em
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direção ás necessidades mais altas, especialmente os sociais status.
Aprendizado e crescimento em uma carreira tendem a resultar em autoestima. Se o trabalhador não
conseguir a auto realização dentro do trabalho, tenderá a procurá-la em outras a ocupações ou
interesses fora do trabalho.
2. Teoria da motivação de dois fatores (Frederic Herzberg): Herzberg redefiniu a hierarquia de
Maslow, para os trabalhadores contemporâneos. Constatando que dois níveis fundamentais
(fisiológicas e segurança) são razoavelmente bem satisfeitos, ele estabeleceu que tais níveis tendem
a não ser motivadores na maioria das situações. Segundo ele, os motivadores (sociais e auto
realização) estão claramente nos três níveis superiores.
Fatores Higiênicos Fatores motivadores
Fatores Econômicos Realização
Fatores Físicos Reconhecimento
Segurança Participação
Fatores Sociais Crescimento
Para Herzbeg, os fatores motivadores devem ser parte do trabalho e da situação de trabalho. Os fatores
higiênicos devem ser propiciados para manterem-se os trabalhadores sendo desmotivadores.
3. Teoria do enriquecimento do trabalho (Scott Myers): Myers demonstrou que a motivação pode ser
aumentada tornando-se o trabalho mais interessante e pessoalmente compensador. Seus estudos
enfatizam tanto a reestruturação do trabalho presente como o desenvolvimento dos líderes. Para
tornar o trabalho mais interessante e compensador para o trabalhador, o líder deve:
Ajudar o trabalhador a fazer mais planejamento de trabalho;
Fazer mais o trabalhador participar mais da decisão de trabalho;
Dar feedback regular no desempenho;
Não intervir excessivamente;
Está disponível a ajudar;
Ser entusiasta a RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO, DO TRABALHO E DAS PESSOAS.
O Indivíduo e o seu Processo de Comunicação: A comunicação é a principal e, talvez, a única
ferramenta que o homem possui para relacionar com os outros homens, e as relações humanas
dependem exclusivamente dos processos de comunicação entre as pessoas. Comunicar é tornar
comum uma mensagem por meio dos códigos verbais e não verbais. À primeira vista, parece fácil,
porém a comunicação eficiente entre as pessoas é tão difícil quanto é importante o seu
estabelecimento.
São elementos indispensáveis para a qualidade da comunicação humana
Dar e receber o feedback;
Impedir que os ruídos externos e internos distorçam a mensagem;
Conter a própria hostilidade;
Prestar atenção às ideias;
Usar o julgamento da razão e não o pessoal (dos valores);
Ouvir a mensagem completa;
Resistir às distrações;
Procurar entender o ponto de vista do outro;
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Deixar de lado preconceitos e preferências.
TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Verbal: A palavra falada ou escrita; tem limitações.
Não verbal: Expressão facial, movimentação dos olhos, trajetos e movimentos da cabeça; postura e
movimentos do corpo; componentes não verbais da voz e da aparência.
Nas relações interpessoais, tanto elementos verbais como não verbais são importantes para que o
processo se complete. Um dos problemas no processo de comunicação é a tendência natural das
pessoas de julgarem as outras a partir de suas próprias referências e valores. A empatia é a capacidade
manifestada por uma pessoa de sentir o que sentia se estivesse na situação da outra e constitui em
elemento fundamental para a comunicação entre as pessoas.
Relacionamento Sadio no Contexto do Trabalho: As pesquisas na área comportamental
confirmam que a qualidade e a produtividade do grupo de trabalho estão na qualidade de
relacionamento de seus membros, manifestas pela coesão, cooperação e harmonia no grupo. Essas
maneiras de interagir com os outros facilitam as operações conjuntas.
Para atingir este nível de relação nas organizações, é necessário desenvolver habilidades
especiais como:
Discernimento (bom senso): distinguir as partes de um todo; tomando decisões com base na
análise consciente dos fatos;
Empatia: significa colocar-se psicologicamente no lugar do outro;
Auto-estima: é a força viva que leva a um maior ou menor estado de motivação;
Motivação: gostar de si mesmo e estar contente consigo mesmo;
Afetividade: é a aproximação entre pessoas quando demonstram mesmo valor e natureza
igualitária (interagir pela alegria e amizade);
Capacidade de pensar, agir e reagir: ser flexível adaptando-se as situações e necessidades do
meio;
Capacidade de negociar: para fazer o outro aderir as ideias, planos, objetivos e crenças propostas
por alguém no trabalho.
Aspectos Motivacionais da Liderança para o Desempenho Individual e Grupal
As organizações têm sido desafiadas a adaptar-se a um mundo novo, e a figura central desse cenário
são as pessoas. Neste contexto, a mudança de postura é um elemento básico para reajustar-se à
nova realidade, embora mudar nem sempre seja uma experiência agradável. È um processo
dinâmico que requer paciência, capacidade analítica e persistência. Há resistência em mudar porque
isso implica sair de uma área de conforto e entrar em contato com as dificuldades pessoais. Mudar é
a capacidade de enfrentar os próprios medos, sejam eles infundados ou reais emprestados ou
desconhecidos.
Esses medos podem ser paternais, físicos, intelectuais, espirituais ou interpessoais, e foram
adquiridos ao longo da construção da história de vida de cada um. O importante nesse contexto é
conhecê-los e enfrentá-los.
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O ser humano cresce a partir do momento em que opta sair da área de conforto e conviver com as
ameaças e as incertezas, tendo vontade em vista que a mudança é inevitável e independente da
própria vontade, mas o crescimento, a transformação neste processo é opção pessoal.
Quando o indivíduo é autêntico em suas relações de trabalho encontra abrigo nas verdadeiras
equipes e líderes, há espaço para emergirem os mais genuínos sentimentos humanos, como
autoafirmação, integração, racionalidade, intuição, lógica, emoção, humanismo, razão e coração.
Como está o seu relacionamento com os pares na empresa onde você trabalha?
Acredito que boa parte das pessoas ainda convive com esse tipo de problema na organização onde
atua; seria injusto generalizar e falar que todas as empresas têm algum tipo de conflito interno,
causado pelos indivíduos que interagem diariamente no ambiente de trabalho, mas o fato é que no
mundo empresarial eles existem e podem prejudicar o desempenho da equipe, assim como os
resultados esperados pelas empresas, impactando inclusive no clima organizacional. Às vezes, os
problemas de relacionamento não são visíveis, ficam mascarados e embutidos intrinsecamente em
cada um, onde só podemos percebê-los por meio de ações, do comportamento e no modo de agir
com os outros membros da equipe.
A necessidade de trocar informações sobre o trabalho e de cooperar com a equipe permite o
relacionamento entre os indivíduos, o que acaba sendo imprescindível para a organização, pois, as
mesmas, valorizam cada vez mais tal capacidade; o relacionamento interpessoal é, sem sombra de
dúvida, um dos fatores que influenciam no dia-a-dia e no desempenho de um grupo, cujo resultado
depende de parcerias internas para obter melhores ganhos. No ambiente organizacional é importante
saber conviver com as pessoas, até mesmo por ser um cenário muito dinâmico e que obriga uma
intensa interação com os outros, inclusive com as mudanças que ocorrem no entorno, seja de
processos, cultura ou até mesmo diante de troca de lideranças.
A contribuição dos pares e a forma que eles são tratados ajudam o colaborador atingir suas metas e
desenvolver suas atribuições de maneira eficaz. Para isso, é necessário saber lidar com a
diversidade existente na empresa, respeitando as diferenças e as particularidades de cada um; com
isso, é possível conquistar o apoio dos demais e fazer um bom trabalho, afinal, ninguém trabalha
sozinho. O papel do gerente nesse processo é de extrema importância, pois é de sua
responsabilidade administrar os conflitos existentes entre as pessoas do time, e fazer com que o
clima interno seja agradável, permitindo um ambiente sinérgico e que prevaleça a união e a
cooperação entre todos. Essa forma de conduta está relacionada ao estilo de gestão que se aplica e
suas ações, e pode influenciar no desempenho dos liderados; este gestor terá que dar o exemplo
para os demais, saber como falar com seus colaboradores, pois a maneira com que irá tratá-los
poderá refletir relacionamento entre a gerência x colaborador e, conseqüentemente, nas metas e
objetivos da empresa. No entanto, sabemos que tem gente que não consegue lidar com pessoas
adversas e com opiniões diferentes da sua, e deixam se levar por uma impressão negativa sem ao
menos procurar compreendê-las e conhecê-las mais detalhadamente. Outro vilão que pode prejudicar
o relacionamento entre os membros de uma equipe é o mau humor; o que faz com que essas
pessoas (mal humoradas) criem uma espécie de escudo e fiquem isoladas das demais. Isso impede
que seus colegas se aproximem para pedir algum tipo de ajuda, ou até mesmo para bater um papo.
Essa dificuldade de relacionamento acaba impactando no desempenho de uma pessoa em relação
às tarefas que desenvolve na organização, pois ela irá evitar a sua exposição e nem sempre poderá
contar com alguém para auxiliá-la, e devido a isso acaba fazendo, na maioria das vezes, seu trabalho
de maneira individualizada. Deixa-se, também, de ouvir opiniões diferentes e de compartilhar
escolhas e alternativas com os demais, o que pode causar certo risco dependendo da decisão
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tomada. Em outras palavras, o mau humor certamente causará prejuízos ao trabalho em equipe e,
por tabela, aos resultados em geral. Quando a empresa enfrenta problemas de relacionamento, a
área de Recursos Humanos junto à gerência tem a missão de sanar a dificuldade o quanto antes para
não comprometer o clima de trabalho. É necessário identificar as causas para minimizar o efeito que
este fator pode gerar, assim como sensibilizar os colaboradores para que eles não deixem que essa
variável prejudique o desenvolvimento das tarefas, pois os clientes internos e externos podem não
ser atendidos com prontidão e eficácia, resultando em queda na qualidade do atendimento e na
produtividade. As divergências e as “brigas” internas podem ser resolvidas com um bom treinamento
e atividades grupais, procurando valorizar a integração e focar a importância de se ter um excelente
relacionamento com os membros da equipe. O gerente também terá que fazer o seu papel, dando
apoio, feedbacks e fazendo coaching com seus colaboradores, evitando, assim, qualquer tipo de
atrito que possa ocorrer futuramente no time. Contudo, isso não depende somente do gestor: todos
terão que estar envolvidos nesse processo. Os funcionários também têm um papel importante para a
construção de um ambiente saudável, pois depende de suas condutas e atitudes para acabar com
problemas desse tipo. Para manter um clima agradável e sem manifestação de atritos, é necessário
que as pessoas deixem de agir de forma individualizada e passem a interagir como uma equipe,
promovendo relações amigáveis e fazendo com que cada um procure cooperar com o outro, mas,
para isso, é preciso que cada um faça a sua parte, pois se todos não estiverem dispostos a contribuir,
não iremos chegar a lugar algum. Pense nisso!
ERGONOMIA
Introdução:
O que é Ergonomia?
Histórico e Fases da Ergonomia
Abrangência da Ergonomia
Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia já existia e era aplicada. Quando se
descobriu que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e transformar-se numa lança ou
num machado, ali estava se aplicando a Ergonomia. Quando se posicionavam galhos ou troncos de
árvores sob-rochas ou outros obstáculos, como alavanca, novamente ali estava a Ergonomia.
Portanto, a Ergonomia é a ciência aplicada a facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que
se interpreta aqui a palavra “trabalho” como algo muito abrangente, em todos os ramos e áreas de
atuação.
O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e NOMOS (leis, normas e
regras). É uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim de organizar
o trabalho, tornando este último compatível com as características físicas e psíquicas do ser
humano.
CONCEITO IMPORTANTE
A ERGONOMIA TEM POR OBJETIVO ADAPTAR TUDO COM QUE O SER HUMANO SE
RELACIONA ÀS CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO SER HUMANO, A FIM DE PRESERVAR SUA
SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E PSÍQUICA.
Para que isto seja possível, uma infinidade de outras ciências é usada pela Ergonomia, para que o
profissional que desenvolve projetos Ergonômicos obtenha os conhecimentos necessários e
suficientes e resolva uma série de problemas identificados num ambiente de trabalho, ou no modo
como o trabalho é organizado e executado.
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EXEMPLOS:
Fisiologia e anatomia
Antropometria e biomecânica
Higiene do trabalho e toxicologia
Doenças ocupacionais
Física
Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1.949, derivada da 2ª Guerra Mundial. Durante a guerra,
centenas de aviões, tanques, submarinos e armas foram rapidamente desenvolvidas, bem como
sistemas de comunicação mais avançados e radares. Ocorre que muitos destes equipamentos não
estavam adaptados às características perceptivas daqueles que os operavam, provocando erros,
acidentes e mortes.
Como cada soldado ou piloto morto representava problemas seriíssimos para as Forças Armadas,
estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Médicos e Cientistas, a fim de que projetos
fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas, botões, pedais) e painéis, além do
campo visual das máquinas de guerra. Iniciava-se, assim, a adaptação de tais equipamentos aos
soldados que tinham que utilizá-los em condições críticas, ou seja, em combate.
Após a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na Inglaterra, para
trocar ideias sobre o assunto. Na mesma época, a Marinha e a Força Aérea dos Estados Unidos
montaram laboratórios de pesquisa de Ergonomia (lá conhecida por Human Factors, ou Fatores
Humanos), com os mesmos objetivos.
Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e os EUA, a
Ergonomia ganha impressionante avanço junto à NASA. Com o enorme desenvolvimento tecnológico
divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se disseminou pelas indústrias de toda a América do
Norte e Europa.
Assim, percebe-se uma PRIMEIRA FASE da Ergonomia, referente às dimensões de objetos,
ferramentas, painéis de controle dos postos de trabalho usados por operários. O objetivo dos
cientistas, nesta fase, concentrava-se mais ao redimensionamento dos postos de trabalho,
possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores.
Numa SEGUNDA FASE, a Ergonomia passa a ampliar sua área de atuação, e passa a projetar
postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente industrial agressivo, seja por agentes
físicos (calor, frio, ruído, etc.), seja pela intoxicação por agentes químicos (vapores, gases,
particulados sólidos, etc.).
Em uma fase mais recente (TERCEIRA FASE), à época da década de 80, a Ergonomia passa a atuar
em outro ramo científico, mais relacionado com o processo cognitivo do ser humano, ou seja,
estudando e elaborando sistemas de transmissão de informações mais adequadas às capacidades
mentais do homem, muito comuns junto à informática e ao controle automático de processos
industriais. Tal fase intensificou sua atuação mais na região da Europa, disseminando-se a seguir
pelo resto do mundo.
Por fim, na atualidade, pesquisas mais recente estão se desenvolvendo em relação à
PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO e na ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO. Especificamente
a Escola Francesa de Ergonomia interessou-se por tais ciências e as vem divulgando pelo mundo,
inclusive no Brasil.
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A primeira estuda as reações PSICOSSOMÁTICAS dos trabalhadores e seu sofrimento frente às
situações problemáticas da rotina do trabalho, principalmente levando em consideração que muitas
destas situações não são previstas pela empresa, e muito menos aceitas por estas.
Já a Análise Coletiva do Trabalho estabeleceu um importante diálogo entre o Ergonomista e grupos
de trabalhadores, que passam a expressar livremente suas críticas, ideias e sugestões
relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu trabalho, sem pressões por parte das
chefias, o que é essencial.
Com o objetivo de resumir o que estudamos até aqui, vejamos a tabela a seguir, na qual podemos
identificar as formas de atuação do Ergonomista e seus objetivos. Lembramos, ainda, que o
OBJETIVO PRINCIPAL do Ergonomista é o de ADEQUAR O TRABALHO AO HOMEM, seja este
trabalho de qualquer característica, em qualquer área de atuação. Portanto, qualquer agressão física
ou psíquica deverá ser isolada ou eliminada em relação ao trabalhador.
FASE
ATUAÇÃO
EXEMPLOS
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DIMENSIONAL
Botões, pedais, alavancas, painéis.
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AMBIENTAL
Cabines, salas, galpões, divisões, iluminação, ventilação, isolamento termo acústico, cores nas paredes e objetos,
sinalização.
3a
ORGANIZACIONAL
Horários, pausas para descanso, relacionamento entre trabalhadores e chefia, sono, rodízio em tarefas
repetitivas, treinamento, integração.
Como você pode observar a análise Ergonômica não é restrita, mas muito ampla e evoluiu com o
passar do tempo. Não apenas devem ser levados em consideração os dados dimensionais do posto
de trabalho e do ambiente à sua volta, mas também como o trabalho é organizado pela empresa.
Veja alguns dos fatores organizacionais que devem ser observados:
A relação que existe entre os diversos segmentos hierárquicos da empresa (pois neles
são tomadas decisões);
O treinamento dos trabalhadores, preparando-os ao tipo de trabalho que devem realizar
ocasião na qual os detalhes de segurança são passados;
A previsão de falhas que podem ocorrer no sistema produtivo (que independem da
atuação dos trabalhadores), mas que influenciam diretamente na velocidade e ritmo
dentro do qual o trabalho é realizado;
O dimensionamento da equipe de trabalhadores em função do número previsto de produtos a
serem produzidos, ou de serviços a serem executados.
NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA
Identificação das Limitações do Organismo Humano
Sabendo-se que a Ergonomia tem por objetivo adequar o trabalho às características do homem,
sejam físicas, sejam psíquicas, é necessário ter-se conhecimentos mínimos de como nosso
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organismo funciona e quais são as limitações do nosso corpo, para que se possam desenvolver
projetos que correspondam a tais características.
Através de conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, compreenderemos o porquê de algumas das
reações adversas no organismo humano.
A Anatomia estuda a localização dos órgãos de nosso corpo, bem como lhes dá uma
terminologia adequada, conforme tal localização.
Já a Fisiologia estuda como funcionam os órgãos e qual a relação de interdependência de
cada órgão com os sistemas que compõem o organismo humano.
O Ergonomista possui conhecimentos mais voltados aos Sistemas Locomotores (ossos, músculos,
tendões, tecidos) e Sanguíneos (artérias, veias e capilares).
SISTEMA LOCOMOTOR
Subdividiremos o estudo de tal sistema em Esquelético e Músculo-Ligamentar. O primeiro representa
a estrutura de sustentação de todo o corpo, tanto como base à movimentação, quanto para proteger
órgãos vitais. O segundo possibilita justamente os movimentos do corpo e a força aplicada nos
diversos segmentos, bem como a velocidade e precisão de tais movimentos.
SISTEMA ESQUELÉTICO
A título de organização do estudo deste sistema, o mesmo pode ser dividido em três partes
fundamentais: Cabeça, Tronco e Membros, a saber:
A cabeça, na extremidade superior do esqueleto, sustentada pela coluna vertebral;
O tronco, na região central do corpo, abrangendo a coluna vertebral e as costelas;
Os membros, superiores e inferiores, compreendendo, acima, os braços, antebraços, punhos e
mãos e, abaixo, as pernas e pés;
As cinturas, escapular (acima) e pélvica (abaixo).
Das partes acima descritas, algumas merecem destaque para o estudo e aplicação da Ergonomia,
em função das posturas adotadas por nosso organismo, quando em atividade.
1) COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é uma estrutura flexível composta por 33 vértebras, localizadas em quatro regiões
distintas, a saber, (de cima p/baixo): Região Cervical, Região Torácica ou Dorsal, Região Lombar e
Região Sacro-coccigeana. Também se verificam as curvaturas que a coluna vertebral apresenta,
quando vista lateralmente: A Lordose Cervical, a Cifose Dorsal e a Lordose Lombar. Veja a
Ilustração 1:
CURVATURA - CERVICAL – LORDOSE
CURVATURA - DORSAL – CIFOSE
CURVATURA - LOMBAR – LORDOSE
CURVATURA - SACROCOCIGEANA
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Entre as vértebras, observa-se uma articulação cartilaginosa, conhecida como DISCO
INTERVERTEBRAL.
A Ilustração 2, representada por uma perspectiva, nos dá uma visão do disco sobre uma vértebra,
subdividido em duas partes: um NÚCLEO PULPOSO (N) e os ANÉIS FIBROSOS (A).
A Ilustração 3 mostra a vértebra vista de cima.
Ilustração 2 Ilustração 3
Uma das características da coluna vertebral é a sua grande mobilidade. As Ilustrações 4 e 5
demonstram esta característica, com a flexão da coluna (esquerda) e a flexão e extensão específicas
da região cervical:
Ilustração 4 Ilustração 5
LIMITAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL
O amortecimento das pressões exercidas sobre cada vértebra, que forma o conjunto da COLUNA
VERTEBRAL, é desempenhado essencialmente pelos núcleos polpudos (NP’s), que distribuem
radialmente a pressão recebida. Veja a Ilustração 2, acima.
N
A
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15
Isto equivale a dizer que o núcleo, que se encontra dentro dos anéis, tende sempre a aumentar seu
diâmetro quando recebe a carga de cima para baixo, fazendo pressão sobre as paredes dos anéis
que o envolvem, enquanto diminui de altura.
A B
A - Núcleo entre vértebras em situação de repouso
B - Núcleo entre vértebras em situação de carga incidindo sobre a coluna
Ocorre que o disco intervertebral apresenta uma degeneração natural que se acentua a partir dos
20 anos de idade, época em que as artérias que alimentam a região da coluna vertebral começam a
se fechar, interrompendo a vaso-irrigação e sua alimentação.
Assim, o disco passa a receber alimentação de líquidos nutrientes que se encontram na região à sua
volta, principalmente aqueles que permanecem no tecido esponjoso que reveste as faces superiores
e inferiores dos corpos vertebrais.
Contudo, claro está que quando a coluna recebe uma carga sobre o conjunto de vértebras, o líquido
é expulso da região na qual se encontra naturalmente, dada a pressão ali concentrada. O
comportamento é similar a uma esponja.
Tal fato é muito importante, vez que pressionada, a coluna vertebral não se alimenta e que tal
situação facilita ainda mais a degeneração dos discos intervertebrais. Sem alimentação, a
característica fibro-elástica destes tende a diminuir o que inicia um PROCESSO DE ROMPIMENTO
DAS PAREDES DOS ANÉIS QUE ENVOLVEM O NP, toda vez que este tenta se deslocar de sua
origem. Na Ilustração 3, este rompimento é visível.
Como já vimos à coluna é composta por 33 vértebras, cada uma apoiada sobre um disco que está
sobre a vértebra imediatamente abaixo. Esta característica possibilita a todo o conjunto uma
mobilidade extraordinária, dentro de limites impostos pela própria estrutura anatômica de cada região
da coluna.
A mobilidade do conjunto, entretanto, representa não apenas flexibilidade útil para desenvolvê-lo de
inúmeras tarefas efetuadas pelo ser humano, mas alguns riscos à região da coluna vertebral, como
agora observaremos.
Como se viu, os discos degeneram com o passar do tempo, perdendo a elasticidade necessária. Com
isto, a capacidade de amortecer pressões diminui e há uma tendência do NP extravasar-se da região
central que originalmente ocupa.
Tal situação é agravada ainda mais quando a coluna vertebral sai da posição em que suas
curvaturas naturais são alteradas (como quando nos abaixamos para pegar algo que está no chão,
mantendo as pernas eretas e a coluna “dobrada” – veja a Ilustração 4). Nesta postura, os NP são
arremessados para trás (região posterior do corpo), pressionando os anéis desta região. Quanto
mais esta postura se repete, mais e mais os anéis são pressionados. A Ilustração 5 também serve
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para demonstrar este princípio, pois se a cabeça ficar abaixada, as vértebras cervicais ficarão sob tal
condição.
DOENÇAS DA COLUNA
Protrusão Intradiscal: A protrusão intradiscal é um problema grave. Ocorre quando a postura
acima detalhada se repete com frequência nas atividades rotineiras de um trabalhador ou mesmo
quando eventuais, mas nos indivíduos que já apresentam degeneração nos discos
intervertebrais. Caracteriza-se pelo fato do núcleo pulposo ser constantemente empurrado
para trás, rompendo os anéis fibrosos que o envolvem, um por um, até chegar à região periférica
do disco. Esta região passa a apresentar um volume mais acentuado, pressionando um ligamento
que corre de cima a baixo na coluna, o Ligamento Posterior. Terminações nervosas aí
localizadas provocam fortes dores no indivíduo, acompanhadas de espasmos musculares. É
possível ver uma protrusão na Ilustração 3, no lado direito do disco.
Hérnia de Disco: A hérnia de disco é um problema ainda mais grave que a protrusão intradiscal.
Na hérnia, o NP, após ter rompido todos os anéis, consegue extravasar-se de dentro do anel e
sai do disco intervertebral, empurrando os tecidos da região, pressionando-os (veja a Ilustração
6, abaixo). Esta lesão se verifica mais na região lombar, principalmente quando o indivíduo
flexiona o tronco para erguer cargas (hérnia posterior) e quando o rotacional lateralmente,
movimentando a carga da direita para a esquerda, por exemplo, (hérnia póstero-lateral). É
possível ver uma hérnia pressionando uma terminação nervosa na Ilustração 3, no lado
esquerdo do disco.
Ilustração 6: Hérnia de disco póstero-lateral
Fibras do anel rompidas
Fibras do anel rompidas
Medula
NP vazado (hérnia)
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Revisando: a Ilustração 7 nos dá uma visão do progresso dos sinais clínicos, à medida em que o
trabalhador vai sofrendo uma protrusão, hérnia e a invasão do material do NP na medula:
0 – Disco saudável; 1 – Protrusão póstero lateral direita; 2 – Hérnia póstero-lateral direita
pressionando; 3 - Hérnias póstero-lateral direita invasiva a medula.
Ilustração 7
IIl
BICO DE PAPAGAIO
É uma lesão derivada da hérnia de disco e muito mais grave. Caracteriza-se pela formação de
protuberâncias ósseas nas paredes externas do corpo da vértebra, mais precisamente em locais
onde há contato de um corpo de vértebra com outro, ocasião em que os dois entram em atrito.
Este contato entre uma vértebra e a outra se dá pela ausência do Núcleo Pulposo no disco
intervertebral, já herniado (extravasado).
O tecido ósseo, quando submetido a pressões concentradas em determinados pontos, inicia um
processo de multiplicação de suas células, formando um CALO ÓSSEO. Tal processo verifica-se
como uma reação de defesa do tecido ósseo, mas traz o inconveniente de produzir, quando não
controlada, a calcificação indesejada de PROTUBERÂNCIAS (chamadas de osteófitos), resultando
em problemas graves de coluna.
Na vértebra, o tecido vai ficando mais denso na região central do corpo, empurrando os tecidos
vizinhos, até chegar à periferia do corpo, onde se formam as protuberâncias.
Veja a Ilustração 8, a seguir.
Um esclarecimento importante se faz presente: tanto a hérnia do disco quanto o bico de papagaio,
por poderem pressionar nervos, podem produzir dores que se estendem às pernas, a chamada dor
ciática.
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Ilustração 8: Bico de papagaio (osteófito)
DOR CIÁTICA
É uma das consequências mais comuns dos problemas anteriores. A dor ciática se dá a partir da
pressão que o núcleo pulposo herniado ou o osteófito fazem sobre o conjunto de raízes nervosas que
formam o nervo ciático. Estas raízes saem do espaço existente entre as vértebras L4 e L5 (ou seja,
quarta vértebra lombar e quinta vértebra lombar) e S1 (primeira vértebra sacral). Também pode surgir
dor proveniente das raízes que formam o nervo femoral, provenientes dos espaços entre L2 e L3.
A Ilustração 9 permite uma visão destas duas situações: Raízes do nervo femoral/ Raízes do nervo
ciático
ORIENTAÇÃO POSTURAL
Uma das obrigatoriedades estabelecidas pelo governo, por meio do Ministério do Trabalho e
Emprego, é a de que as empresas devem dar orientação postural aos seus funcionários, para que
evitem doenças de coluna. Tal obrigação está na NR 17 – Ergonomia, conforme o item 17.2.3:
“17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não os leves,
devem receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá
utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes”.
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O Setor de Segurança do trabalho da empresa deve programar palestras orientativas quanto a tal
aspecto, informando aos trabalhadores os tipos de doenças que podem vir a adquirir, caso não
respeitem ao procedimento de levantamento de cargas com flexão das pernas (correto), pois
costumam fazer o contrário, ou seja, flexionam o tronco (errado).
ERRADO CERTO
NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA
Identificação das Limitações do Organismo Humano
Músculos: Os músculos são tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contração e
alongamento de suas células, conhecidas por MIOFIBRILAS. Tais células são especialistas em
retirar energia química proveniente dos alimentos que ingerimos e transportada pelo sangue,
transformando-a em energia mecânica. O trabalho produzido pelos músculos é possibilitado pelo
vaso-irrigação que lhes garante a devida alimentação, mas dentro de determinadas condições.
Ilustração 1: Sistema Muscular
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A contração dos músculos recebe duas classificações básicas:
Contração Isotônica ou DINÂMICA: o tamanho do músculo é alterado, mas não há aumento de
tensão em sua parte interna.
Exemplo: Fletir o antebraço sobre o braço.
Contração Isométrica ou ESTÁTICA: ocorre o contrário, ou seja, não é alterado o tamanho do
músculo, mas há um aumento de sua tensão interna.
Exemplo: Sustentar uma carga com a mão, enquanto o braço permanece estendido.
Tal classificação é muito importante, pois as diferentes contrações implicam num consumo variável
de oxigênio pelo músculo.
Assim, a contração DINÂMICA implica em maior consumo de oxigênio, mas possibilita um fluxo
sanguíneo facilitado aos tecidos musculares, pois neste tipo de contração, há períodos intercalados
de contração e relaxamento dos músculos.
Já na contração ESTÁTICA, há um aumento de pressão muscular externa sobre as artérias e vasos
capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo muito o fluxo sanguíneo, e
sem que haja relaxamento durante a atividade. Cada fibra muscular aperta a fibra vizinha,
reduzindo, assim, o fluxo (veja a Ilustração 2).
Com esta diminuição do fluxo sanguíneo, a taxa de oxigênio nos tecidos cai e, ao mesmo tempo,
aumenta a taxa de ácido lático, que é responsável por dores musculares. Dependendo do tempo
de duração da contração, para realizar-se a atividade, haverá também a presença de ESPASMOS
MUSCULARES, que prejudicam a precisão dos trabalhos.
Ilustração 2
Outro detalhe muito importante relacionado à alimentação dos músculos, seja qualquer a contração
por eles apresentada, refere-se à CARGA HEMODINÂMICA, que é a coluna a ser vencida pelo fluxo
sanguíneo, quando um membro está elevado.
Um ótimo exemplo é o do braço estendido acima do nível da cabeça, abduzido sobre o ombro,
desenvolvendo alguma atividade (apertar parafusos com uma chave combinada, muito comum para
mecânicos embaixo de veículos). Com os braços elevados, o fluxo de sangue encontra enorme
dificuldade em subir até a extremidade (ponta das mãos), resultando em dormência no braço.
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Veja a Foto 01 – Pintores abaixo de um ônibus:
Na Foto 01, que vimos acima, há várias situações que promovem sequelas à saúde dos pintores.
Observe que eles trabalham com o braço acima da linha do ombro e que o pescoço está em
extensão.
A postura, sendo estática, faz com que os músculos fiquem tensos todo o tempo, pois devem
sustentar a cabeça na posição “para cima”. Com isto, acumula-se o ácido lático nas fibras
musculares, aparecendo rapidamente dor no pescoço. Como a postura é mantida por muito tempo,
pode surgir uma inflamação nos músculos envolvidos, conhecida por miosite. Com os braços ocorre
o mesmo.
TENDÕES
É feixes de fibras formadas de tecido conjuntivo, denso e modelado, vez que tais fibras encontram-se
orientadas em direções bem definidas, de modo a oferecer resistência alta em relação às forças que
atuam sobre o tecido. Os tendões são estruturas anatômicas VISCO-ELÁSTICAS, ou seja, possuem
certo grau de elasticidade, mas este é inferior à elasticidade apresentada pelas fibras dos músculos,
cuja capacidade de contração e expansão é muito maior, pois os músculos, como acima vimos, são
abastecidos por sangue, o que não se dá com os tendões.
Uma das características mais importantes dos tendões, em fisiologia, refere-se ao TEMPO DE
REPOUSO necessário para que o tecido que os forma consiga retornar ao seu estado natural.
Quando se sobrecarrega um tendão, solicitando-o em demasia, o mesmo tende a sofrer lesões nas
fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de elasticidade é facilmente ultrapassado.
Tal problema é grave na medida em que um tendão lesionado possui recuperação bastante lenta,
pois são estruturas que recebem alimentação indireta (se alimentam de substâncias nutritivas
presentes em tecidos vizinhos, este últimos, vaso irrigados).
Portanto, se compararmos a alimentação de um músculo com a de um tendão, veremos que o
primeiro, além de se alimentar muito bem, tem um ótimo sistema de remoção de resíduos
metabólicos, pois o sangue que volta ao coração carrega várias impurezas.
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Já o tendão, que não apresenta boa alimentação, também não tem um bom sistema de remoção de
resíduos, ou seja, se um músculo apresentar uma inflamação, a recuperação será rápida (em dias) e
se um tendão apresentar inflamação, a recuperação levará meses. Os tendões são responsáveis
pela transmissão de forças atuantes nos músculos, conferindo movimento aos segmentos corporais,
pois servem de elemento de ligação entre o corpo central do músculo e os ossos.
Determinados grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e inferiores,
possuem feixes de tendões que se movimentam dentro de bainhas (túneis), conhecidas por
BAINHAS SINOVIAIS.
Ilustração 3:
DOENÇAS ENVOLVENDO MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS - DORT
Dezenas de doenças podem acometer músculos, tendões e nervos dos membros superiores e
inferiores, bem como a região do pescoço. Até 1.998 eram conhecidas como LER – Lesões por
Esforços Repetitivos, mas tal designação era, de fato errada, pois considerava, pelo nome, que as
lesões seriam derivadas exclusivamente do fato da pessoa desenvolver atividades repetitivas.
O que se descobriu depois é que existem muitos outros fatores que levam a tais tipos de lesões.
Assim, a partir da publicação da Ordem de Serviço 606 do MPAS, a designação foi mudada para
DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
Esta designação, por sinal, indica que a lesão, para que seja reconhecida, deve ter nexo ocupacional.
Tal designação não impede, contudo, que o trabalhador, mesmo que sofra fatores externos ao
trabalho, como a prática de esportes (que também pode provocar lesões), não tenha no ambiente de
trabalho, situações em que também esteja sofrendo riscos que levem ao desenvolvimento de lesões.
CONCEITO: Traumas ou lesões provocadas por posturas inadequadas e esforços excessivos
sobre músculos, tendões e nervos, que se manifestam principalmente nas mãos, braços,
ombros e pescoço.
Quatro são os PRINCIPAIS FATORES DE RISCO que levam às lesões:
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1. Postura inadequada (com ângulo-limite);
2. Força excessiva aplicada numa região do corpo;
3. Repetitividade (fazer uma só coisa e muitas vezes);
4. Compressão de tecidos num ponto do corpo;
POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite)
Diversas situações de trabalho implicam em posturas inadequadas, com desequilíbrio do corpo ou de
uma parte do corpo, principalmente nas articulações. Toda articulação tem o que chamamos de
ângulo neutro, ângulo de conforto e de ângulo-limite.
Ilustração 4
FLEXÃO NEUTRO EXTENSÃO
DESVIO RADIAL NEUTRO DESVIO ULNAR
Nas ilustrações, vemos que as mãos que aparecem na coluna do meio, em “NEUTRO”, não
apresentam angulação em relação ao antebraço. Em “FLEXÃO” e em “EXTENSÃO”, observamos
que a mão chegou a um limite a partir do qual não consegue mais prosseguir. Para o desvio
“RADIAL” e “ULNAR”, acontece o mesmo. O ângulo de conforto é um ângulo que se localiza entre o
neutro e o limite.
Pois bem, estes limites determinam o que chamamos de “ângulo-limite” de uma articulação e toda
vez que isto acontece, os tendões da região ficam estrangulados (contra estruturas ósseas da área) e
passam a sofrer atrito. O resultado final disto é uma inflamação, que pode limitar-se ao tendão, ou
também atingir o tendão + a bainha sinovial que o recobre.
Acrescente-se que a força muscular obtida de uma articulação diminui na medida em que o
aumenta-se o ângulo da mesma. Em ângulo neutro, a força é de 100%. Em extensão, consegue-se
apenas 75% de força na articulação do punho e, em flexão, apenas 45%. Se houver contração
muscular estática, a força no membro cai para apenas 60%.
Quando é apenas o tendão que se inflama, temos a TENDINITE. Quando, além do tendão, também
se inflama a bainha sinovial, temos a TENOSSINOVITE.
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Veja a Ilustração 5:
Bainha Sinovial
Tendão
Um exemplo de tarefa executada com ângulo-limite é visto na Foto 02: Um Torneiro está dando
acabamento em peças, usando uma lixa acoplada a um pedaço de madeira.
Observe que o cotovelo está acima da linha do ombro; a articulação do punho esquerda está em
desvio radial e o dedo polegar está totalmente abduzido, enquanto faz pressão sobre a madeira.
Esta postura pode resultar numa doença chamada Doença de DeQuervain, inflamação nos dois
tendões que correm numa única bainha sinovial do polegar.
FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO
Para piorar, se a mão estiver aplicando força sobre uma ferramenta, por exemplo, ou na torção de
roupas, além de estrangularmos os tendões, estaremos fazendo muita força, o que aumenta muito o
consumo de oxigênio nos tecidos da região e também pressiona tendões e nervos contra ossos
(problema que já vimos na situação anterior). O uso constante de ferramentas manuais, pneumáticas
e/ou elétricas, como chaves-de-fenda, raspadeiras, lixadeiras, rebitadeiras, leva ao mesmo resultado,
com inflamação e dor da região. Na Foto 02, acima, vimos que o Torneiro fazia pressão com o
polegar de encontro à madeira.
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REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes)
Além das posturas inadequadas, temos um agravante: fazer isto durante muitas horas e muitas
vezes. Claro está que se os nervos, tendões e músculos ficarem pressionados e estrangulados por
horas a fio, pelo fato da pessoa fazer só uma coisa o dia todo, o problema será agravado. Quando a
repetitividade é um problema isolado, a lesão também pode se manifestar (ou seja, sem postura
inadequada e sem o uso da força), mas isto é raro de acontecer, pois normalmente um posto de
trabalho apresenta de dois a quatro diferentes riscos para o aparecimento de DORT.
Para se saber se um posto de trabalho apresenta ou não repetitividade, basta saber se um ciclo da
tarefa é completado em até 30 segundos. Exemplo: os digitadores.
1. COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO
O exemplo da chave-de-fenda é muito bom, pois a palma da mão terá os tecidos (tendões, músculos
e nervos) da área onde o cabo da ferramenta fica pressionando esmagados, sem circulação
sanguínea. O uso de tesouras, gatilhos, travas, alicates (como na Ilustração 6 abaixo), se
prolongado por horas, resultará neste tipo de problema. Observe que a ilustração demonstra que a
articulação está em ângulo-limite.
Ilustração 6:
Além dos quatro principais fatores de risco, podem ser encontrados outros fatores que tornam o
aparecimento das lesões facilitado:
HORAS EXTRAS E DOBRAS DE TURNO: a exposição ocupacional aos fatores críticos listados
anteriormente é acentuada quanto maior for o tempo de exposição a tais fatores. Se na
jornada de trabalho normal já se verificam casos de lesões, o que não dizer em relação a uma
sobre jornada?
VIBRAÇÃO: diversas ferramentas de trabalho são pneumáticas, como marteletes,
esmerilhadeiras, entre outras. A vibração produzida quando do uso de tais ferramentas acentua
os outros fatores, principalmente se considerarmos a dificuldade do fluxo sanguíneo naquela
região localizada do corpo (a vibração praticamente expulsa o sangue dos capilares por ela
atingidos).
FRIO: ambientes com baixa temperatura acelera o aparecimento das lesões em função da
VASOCONSTRIÇÃO periférica (o sangue se desloca da superfície do corpo, em direção dos
órgãos centrais, como o coração). Pouco irrigados, os tecidos e músculos da periferia tendem a
um estado de dor e tensão, pressionando bainhas e tendões e estrangulando a passagem
destes entre os ossos.
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TENSÃO PROVOCADA POR FATORES ORGANIZACIONAIS: a empresa pode pressionar
psicologicamente seus funcionários, aumentando o ritmo de trabalho, eliminando pausas de
repouso, diminuindo o número de funcionários numa seção, restringindo o uso de sanitários, etc.
Tais fatores aumentam o aparecimento de dor no corpo das pessoas, por INSATISFAÇÃO, o que
resulta na eliminação da liberação de substâncias analgésicas naturais, encontradas no líquido
encefálico. A ausência de pausas, nas quais poderia ocorrer uma recuperação dos tecidos mais
solicitados no trabalho, acelera o processo de lesionamento de tais tecidos.
SEXO FEMININO: há uma predisposição de que as mulheres desenvolvam com mais facilidade
as lesões do que os homens (77% da população brasileira acometida por DORTs no Brasil é de
mulheres). Tal característica está relacionada à menor resistência verificada nos músculos,
ligamentos e tendões do organismo feminino, acrescida de alterações hormonais profundas
(gravidez, pílula, por exemplo) e também em função da sobre jornada cumprida em casa,
representada pelos afazeres domésticos (lavar e torcer roupas, esfregar pisos, carregar crianças
no colo, etc.).
DOENÇAS – FASES: Qualquer que seja o DORT que a pessoa venha a manifestar, sempre
apresentará quatro fases distintas, que demonstram a evolução (piora) do quadro clínico:
FASE I - Nesta fase o portador da doença pode referir sensação de peso e desconforto no
membro afetado, dor espontânea localizada nos membros superiores ou cintura escapular, às
vezes com pontadas que aparecem esporadicamente durante a jornada de trabalho e sem
interferência com a produtividade. Não há irradiação nítida de dor e a melhora ocorre com o
repouso. É em geral leve e fugaz estando geralmente ausentes alguns sinais clínicos
característicos das afecções. O prognóstico é bom.
FASE II - a dor é em geral mais persistente e intensa e aparece durante a jornada de trabalho de
forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das funções laborais, mas já com
reconhecida redução de produtividade nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais
localizada e pode estar acompanhada de parestesia* e calor, além de leves distúrbios
de sensibilidade. Pode haver uma irradiação definida, sendo a recuperação em geral
mais demorada. Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de
trabalho, durante atividades domésticas e ou sociais. O prognóstico é favorável.
FASE III - a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais definida. O repouso em
geral só atenua a intensidade da dor. São frequentes a perda de força muscular e parestesias. Há
sensível queda de produtividade e pode surgir impossibilidade de exercer as funções laborais. Os
sinais clínicos estão presentes, com edema frequente e hipertonia muscular constante. Ocorrem
alterações de sensibilidade e força. Aparecem quadros com comprometimento neurológico
compressivo. Neste estágio o retorno às atividades laborais é problemático. O prognóstico é
reservado.
FASE IV - a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso
sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se irradia por todo o
membro afetado. A perda de força muscular e a perda dos movimentos se fazem presentes. As
atrofias**, principalmente dos dedos, são comuns. A capacidade laboral é anulada e a invalidez
se caracteriza. Neste estágio são comuns alterações psicológicas com quadros de depressão,
ansiedade e angústia.
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* Parestesia: sensações involuntárias manifestadas na pele, como queimação, dormência, coceira.
** Atrofia: os músculos definham, há perda de movimentos, a pele fica sem elasticidade.
DOENÇAS – TIPOS: Diversos são os tipos de DORTs reconhecidos pelo governo federal. A partir
da publicação do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1.999 (Regulamento da Previdência Social), foi
apresentada uma ampla lista de doenças relacionadas ao trabalho e, dentre elas, diversos
DORTs, como a seguir veremos:
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO RELACIONADAS
COM O TRABALHO
(Grupo XIII da CID -10)
DOENÇAS
AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL
III - Outras Artroses (M19)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
IV - Outros transtornos articulares não classificados em outra parte: Dor Articular (M25.5)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Vibrações localizadas (W43.; Z57.7) (Quadro XXII)
V - Síndrome Cervicobraquial (M53.1) 1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Vibrações localizadas (W43.; Z57.7) (Quadro XXII)
VI - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia (M54.2); Ciática (M54.3);Lumbago com Ciática (M54.4)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
VII - Sinovites e Tenossinovites (M65.-): Dedo em Gatilho (M65.3); Tenossinovite do Estilóide Radial (De Quervain) (M65.4); Outras Sinovites e Tenossinovites (M65.8); Sinovites e Tenossinovites, não especificadas (M65.9)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
VIII - Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional (M70.-): Sinovite Crepitante Crônica da mão e do punho (M70.0); Bursite da Mão (M70.1); Bursite do Olécrano (M70.2); Outras Bursites do Cotovelo (M70.3); Outras Bursites Pré-rotulianas (M70.4); Outras Bursites do Joelho (M70.5); Outros transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão (M70.8); Transtorno não especificado dos tecidos moles, relacionados com o uso excessivo e a pressão (M70.9)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
IX - Fibromatose da Fascia Palmar: "Contratura ou Moléstia de Dupuytren"(M72.0)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
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X - Lesões do Ombro (M75.-): Capsulite Adesiva do Ombro (Ombro Congelado, Periartrite do Ombro) (M75.0); Síndrome do Manguito Rotatório ou Síndrome do Supraespinhoso (M75.1); Tendinite Bicipital (M75.2); Tendinite Calcificante do Ombro (M75.3); Bursite do Ombro (M75.5); Outras Lesões do Ombro (M75.8); Lesões do Ombro, não especificadas (M75.9)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Ritmo de trabalho penoso (Z56) 3. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO RELACIONADAS COM O TRABALHO
(Grupo VI da CID-10)
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS PATOLOGIAS
(ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98)
LESÕES CAUSAS OCUPACIONAIS EXEMPLOS
Bursite do cotovelo
(olecraniana)
Compressão do cotovelo contra
superfícies duras. Apoiar o cotovelo em mesas.
Contratura de fáscia palmar Compressão palmar associada à
vibração.
Operar compressores
pneumáticos (marteletes).
Dedo em Gatilho (Veja
Prancha 01 – pg. 23)
Compressão palmar associada à
realização de força. Apertar alicates e tesouras.
XI - Outras entesopatias (M77.-): Epicondilite Medial (M77.0); Epicondilite lateral ("Cotovelo de Tenista"); Mialgia (M79.1)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
XII - Outros transtornos especificados dos tecidos moles (M79.8)
1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
XVIII - Doença de Kienböck do Adulto (Osteo-condrose do Adulto do Semilunar do Carpo) (M93.1) e outras Osteocondro-patias especificadas (M93.8)
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES
DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL
VIII -Transtornos do plexo braquial (Síndrome da Saída do Tórax, Síndrome do Desfiladeiro Torácico) (G54.0)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
IX - Mononeuropatias dos Membros Superiores (G56.): Síndrome do Túnel do Carpo (G56.0); Outras Lesões do Nervo Mediano: Síndrome do Pronador Redondo (G56.1); Síndrome do Canal de Guyon (G56.2); Lesão do Nervo Cubital (ulnar): Síndrome do Túnel Cubital(G56.2); Lesão do Nervo Radial (G56.3); Outras Mononeuropatias dos Membros Superiores: Compressão do Nervo Supra-escapular (G56.8)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
X - Mononeuropatias do membro inferior (G57.): Lesão do Nervo Poplíteo Lateral (G57.3)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
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Epicondilites do Cotovelo
(Veja a Prancha 04 – pg.
26)
Movimentos com esforços estáticos e
preensão prolongada de objetos,
principalmente com o punho estabilizado
em flexão dorsal e nas pronossupinações
com utilização de força.
Apertar parafusos,
desencapar fios, tricotar,
operar motosserra.
Síndrome do Canal Cubital* Flexão extrema do cotovelo com ombro
abduzido. Vibrações. Apoiar cotovelo em mesa.
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS PATOLOGIAS
ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98
LESÕES CAUSAS
OCUPACIONAIS
EXEMPLOS
Síndrome do Canal de Guyon Compressão da borda ulnar do punho.
Carimbar.
Síndrome do Desfiladeiro Toráxico (Veja Prancha 05 – pg. 27)
Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço.
Fazer trabalho manual sob veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones entre o ombro e a cabeça.
Síndrome do Interósseo Anterior
Compressão da metade distal do antebraço.
Carregar objetos pesados apoiados no antebraço.
Síndrome do Pronador Redondo
Esforço manual do antebraço em pronação.
Carregar pesos, praticar musculação, apertar parafusos.
Síndrome do Túnel do Carpo (Veja Prancha 03 – pg. 25)
Movimentos repetitivos de flexão, mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força.
Digitar, fazer montagens industriais, empacotar.
Tendinite da Porção Longa do Bíceps
Manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução.
Carregar pesos.
Tendinite do Supra-Espinhoso (Veja a Prancha 04 – pg. 26)
Elevação com abdução dos ombros associada à força.
Carregar pesos sobre o ombro, jogar vôlei ou peteca.
Tenossinovite de DeQuervain (Veja Prancha 02 – pg. 24)
Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de realização de força.
Torcer roupas, apertar botão com o polegar.
Tenossinovite dos extensores dos dedos (Veja Prancha 02 – pg. 24)
Fixação antigravitacional do punho. Movimentos repetitivos de flexão e extensão dos dedos.
Digitar, operar mouse. Empacotar.
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Síndrome do canal cubital: É a compressão do nervo ulnar ao nível do túnel cubital. Quando o
cotovelo progressivamente flexionado e o ombro abduzido, há um aumento da pressão intraneural
estimulando os flexores que estreitam o túnel em aproximadamente 55%, achatando e alongando
o nervo cubital em quase 5mm. Traumas agudos, processos degenerativos e infecciosos,
anomalias musculares, tumores de partes moles, sequelas de fraturas, esforços de preensão e
flexão, ferramentas inadequadas e vibrações são as causas predisponentes mais comuns. Mais
uma vez, o diagnóstico é essencialmente clínico.
Prevenção: Um programa de prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos em uma empresa
inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco (descritos anteriormente) presentes na
situação de trabalho. A cada situação corresponde um conjunto de medidas de controle
específicas, evitando o surgimento e a progressão da doença.
A Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho estabelece que compete ao empregador
realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, para avaliar a adaptação das condições laborais às
características psicofisiológicas do trabalhador. As medidas de controle a serem adotadas envolvem
o dimensionamento adequado do posto de trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condições
ambientais e a organização do trabalho.
No dimensionamento do posto de trabalho, devem-se avaliar as exigências a que está submetido o
trabalhador (visuais, articulares, circulatórias, antropométricas, etc.) e as exigências que estão
relacionadas com a tarefa, ao material e à organização da empresa. Por exemplo, deve-se adequar o
mobiliário e os equipamentos de modo a reduzir a intensidade dos esforços aplicados e corrigir
posturas desfavoráveis, valorizando a alternância postural (flexibilidade). Sabe-se que os confortos
térmico, visual e acústico favorecem a adoção de gestos de ação, observação e comunicação,
garantindo o cumprimento da atividade com menor desgaste físico e mental, e maior eficiência e
segurança para os trabalhadores. Veremos em detalhes a abordagem postural dos trabalhadores.
Quanto à organização do trabalho, deve-se permitir que o trabalhador possa agir individual e
coletivamente sobre o conteúdo do trabalho, a divisão das tarefas, a divisão dos homens e as
relações que mantêm entre si. A divisão das tarefas vai do seu conteúdo ao modo operatório e ao
que é prescrito pela organização do trabalho.
A Norma Regulamentadora 17 estabelece que nas atividades que exijam sobrecarga muscular
estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, a partir da
análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:
a) todo sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer
espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas de descanso.
O resultado do programa de prevenção depende da participação e compromisso dos diferentes
profissionais da empresa: trabalhadores, supervisores, cipeiros, engenheiros e técnicos de segurança
do trabalho, médico do trabalho, gerentes e diretores.
Os dois programas obrigatórios previstos desde 1.994 pelo MTE também devem estar integrados à
Análise Ergonômica do Trabalho: o PCMSO (exames médicos) e o PPRA (identificação de riscos,
adoção de medidas de controle).
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A Nota Técnica 060/01 do MTE deverá ser consultada em conjunto com a NR 17 (estes dois
diplomas legais se encontram no final da apostila).
PEQUENO GLOSSÁRIO:
Compressão do nervo mediano: Inflamação que envolve músculos e tendões contíguos ao
nervo mediano, que passa a ser pressionado.
Epicondilite medial: Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na região dos músculos
flexores do carpo (punho) no cotovelo.
Epicondilite lateral: Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na região dos músculos
extensores do carpo (punho) no cotovelo.
Pronação: Posição na qual o antebraço permanece na posição horizontal, com a palma da mão
voltada para baixo. Os dedos podem estar abertos ou fechados. Ver ilustração.
SÍNDROME DO PRONADOR REDONDO
Ocorre pela compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo, com dor na região proximal
do antebraço e nos três primeiros dedos.
Sinovite: Inflamação de tecidos sinoviais.
Supinação: Posição na qual o antebraço permanece na posição horizontal, com a palma da mão
voltada para cima. Os dedos podem estar abertos ou fechados. Ver ilustração ao lado "a".
TENOSSINOVITE DOS EXTENSORES DOS DEDOS (B)
1. Retináculo da articulação do carpo
2. Bainhas sinoviais dos tendões extensores
3. Tendão abdutor do polegar
4. Tendão extensor do polegar
5. Tendões extensores dos dedos
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PRANCHA 03: SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
1. Nervo Mediano
2. Retináculo da articulação do carpo
PRANCHA 04: TENDINITE DO MÚSCULO SUPRAESPINHOSO (A), EPICONDILITE (B)
1. Tendão do músculo supra-espinhoso;
2. Epicôndilo lateral;
3. Epicôndilo medial.
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PRANCHA 05: SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁXICO
1. tendões do desfiladeiro;
2. clavícula;
3. artéria;
4. veia.
ANÁLISE POSTURAL DO CORPO HUMANO
Conceito: A postura do corpo é compreendida como o arranjo relativo entre as partes que
compõem este corpo.
A BOA POSTURA é aquela que se caracteriza pelo EQUILÍBRIO entre os diversos segmentos
corporais estruturais (ossos e músculos, de modo geral), protegendo o organismo contra agressões e
deformidades. Na BOA postura, portanto, as estruturas orgânicas desempenham suas funções de
modo eficiente.
Por conclusão, a MÁ POSTURA pode ser conceituada como aquela em que há DESEQUILÍBRIO
entre aquelas partes do corpo e também na qual o relacionamento entre as estruturas é ineficiente,
induzindo o organismo a agressões e lesões diversas, localizadas ou generalizadas.
FATORES QUE INFLUEM NA ADOÇÃO DE POSTURAS
As posturas são intercaladas por gestos, que são adotados para a realização de tarefas. Mas é
preciso analisar POR QUE os gestos são adotados pelo trabalhador, levando-o à adoção desta ou
daquela postura. Vários são os FATORES que influem e, até mesmo obrigam o trabalhador à
adoção de POSTURAS INADEQUADAS, levando seu organismo a agressões e lesões diversas.
FATORES RELACIONADOS À NATUREZA DA TAREFA
Dependendo do tipo de tarefa, esta é mais voltada à atividade mental ou à atividade física. Cada
atividade implicará na adoção de posturas que correspondem à natureza.
Exemplos:
Um operador de painel que trabalha numa sala de controle de uma fábrica, sentado, observando
dezenas de mostradores, controlando variáveis de um processo industrial. A atividade é de
natureza mental.
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Um desenhista que está trabalhando em uma prancheta, executando um desenho técnico com
instrumentos (esquadros, compasso, etc.). A atividade é de natureza mental, mas implica
também em esforços físicos.
Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos de café, no cais do porto.
Seu trabalho implica em permanente movimentação e esforço físico.
FATORES FÍSICOS AMBIENTAIS
Compreendem aqueles relacionados ao ruído, calor, frio, iluminamento do posto de trabalho, no
qual está o trabalhador. As pessoas nem percebem, mas estes são alguns fatores que implicam na
adoção de posturas. Exemplos a seguir:
Um metalúrgico controla a qualidade de peças produzidas numa linha de montagem e sua
movimentação nesta linha, observando tais peças através de uma pequena abertura existente
num tapume que serve de proteção.
O tapume não foi previsto originalmente para a linha de produção, mas o próprio metalúrgico o
colocou defronte à linha, pois as peças que por ali passam ainda estão incandescentes,
irradiando calor em excesso, que não é suportado pelo organismo humano.
O trabalhador acabou inclinando a cabeça até a altura da abertura existente no tapume, a fim de
obter um ângulo de visão das peças.
Um digitador trabalha sentado defronte à uma janela. A claridade vinda de fora lhe provoca o
fuscamento e fadiga visual.
O digitador procura desviar o olhar, mantendo a cervical rígida, para que o monitor de vídeo
encubra o clarão da janela.
Veja a Foto 01: janela atrás do micro produz ofuscamento (agente físico - iluminamento)
FATORES DIMENSIONAIS
Os fatores dimensionais de um posto de trabalho são os que MAIS INFLUENCIAM na adoção de
posturas e gestos dos trabalhadores. Referem-se ao tamanho e à localização de alavancas, botões,
pedais, teclados, volantes, tampos de mesas e bancadas, comandos de máquinas e
equipamentos. Também a presença de estruturas, degraus, passagens, influencia na postura
adotada. Exemplos a seguir:
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Operária trabalha em prensa: Banqueta permite que o joelho bata no painel. Tampa de proteção
faz cotovelo ficar na altura do ombro. O encosto não está sendo usada tensão muscular na região
lombar.
Bancada de trabalho para estanhar contatos eletromecânicos: O operário flexiona toda a
coluna para obter alcance dos contatos, pois a bancada é muito baixa (Est. do operário - 1,90 m).
FATORES TEMPORAIS
São de grande importância, derivados de atividades desenvolvidas sob pressão de tempo, em
função da tensão nervosa à qual o trabalhador se expõe.
Vamos imaginar a situação de uma operária numa linha de montagem com esteira: O controle da
velocidade da esteira rolante que corre junto às bancadas de trabalho não é da operária, sujeitando-
a a velocidade imposta por sua chefia. Ela sabe muito bem que se a velocidade é aumentada na
linha de montagem, um “recado” está sendo enviado a todas as operárias:
“TRABALHEM MAIS RÁPIDO”.
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Tal situação a leva muitas vezes a um descontrole emocional, pois estão sendo pressionadas a
aumentar o ritmo de trabalho. Esta situação costuma fazer com que a concentração mental das
trabalhadoras aumente muito, implicando-as a APROXIMAR O TRONCO E A CABEÇA AO PLANO
DE TRABALHO DA BANCADA, ALTERANDO A POSTURA. É uma tentativa de se ficar “mais perto
do trabalho”.
O TRABALHO NA POSTURA SENTADA (Conceitos a serem respeitados)
O ASSENTO:
Superfície macia, com revestimento em espuma;
Forração lisa, perfurada;
Borda frontal arredondada;
Altura regulável;
Giratório (sempre que possível).
O ENCOSTO:
Altura regulável;
Inclinável, conforme movimentos do tronco;
Definição da inclinação (+ ou - ereto, com trava);
Superfície macia, com revestimento em espuma;
Forração lisa, perfurada;
Espaço livre para a região sacrococigeana.
A BASE:
Pés fixos para recepções, salas de aula comum e auditório;
Pés com rodízios para trabalho de escritório e atendimento a público;
Número de rodízios: cinco (menos que isto, pode desequilibrar e tombar);
Estrutura em aço com revestimento em tinta epóxi eletrodepositada;
Mecanismos macios, sem trancos nas travas.
CONCEITO IMPORTANTÍSSIMO:
Nunca projetar um posto de trabalho levando em conta APENAS o assento (cadeira, banqueta, etc.).
É importante considerar o assento e a SUPERFÍCIE DE TRABALHO com a qual o assento está
relacionado.
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VEJA A ILUSTRAÇÃO 2 A SEGUIR, E PERCEBA A IMPORTÂNCIA DESTE CONCEITO
A – Tampo de bancada muito alto, ou cadeira muito baixa. A postura corporal fica forçada, com braços e ombros elevados e ângulo do joelho acima da linha das nádegas.
B – Tampo de bancada e assento da cadeira na relação adequada, mas se observa a ausência do APOIO PARA OS PÉS, que estão apenas tocando levemente o piso. Esta condição inicia um processo de má circulação sanguínea nas pernas, causando dormência e dores. Os pés devem estar com toda a sola “plantada” no piso. C – Cadeira muito alta, mantendo uma boa relação entre ombros e braços e a altura da bancada, mas oferecendo uma péssima condição para as pernas, pois os pés estão “flutuando” no espaço. A ausência do APOIO PARA OS PÉS é mais do que evidente, provocando esmagamento da parte inferior das nádegas e coxas, pressão excessiva na dobra inferior do joelho e falta de circulação sanguínea até os pés. MUITO IMPORTANTE: DE NADA ADIANTARIA ESPECIFICAR UMA CADEIRA COM TODAS AS
REGULAGENS, CONFORTÁVEL, MAS NÃO OFERECER O APOIO PARA OS PÉS.
Outra importante consideração refere-se ao assento muito macio, QUE NÃO OFERECE QUASE
NENHUMA RESISTÊNCIA. Ocorre que a face posterior das coxas, quando se encontra
totalmente apoiada no assento, terá um lento, mas progressivo esmagamento de tecidos
superficiais daquela região, com pressão exercida sobre os vasos capilares. Tal pressão dificultará a
circulação sanguínea e os pés em breve ficarão “formigando”, mesmo que apoiados.
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Também é importante relatar o que acontece com o assento duro: Vejamos como exemplo, o que
ocorre com a cadeira de madeira. A superfície, não sendo revestida, produz uma concentração de
pressão sobre a parte inferior da cintura pélvica, sobre duas tuberosidades localizadas na base da
bacia. É que todo o peso do corpo que se encontra acima da bacia é concentrado nesta região,
apenas sobre dois pontos, sem que haja uma distribuição da carga sobre uma superfície uniforme e
mais ampla.
Ilustração 3:
Portanto, o assento da cadeira não deve ser constituído apenas com uma tábua de madeira, nem
receber um revestimento tipo “almofada de sofá”.
O ideal é que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e revestida de espuma
com uns 05 centímetros de espessura. A borda frontal deve ser arredondada. O dimensionamento
das cadeiras deve, desde 1997, respeitar ao conteúdo da NBR 13962, da ABNT. O apoio para os pés
está previsto na NBR 13965, que trata de mobiliário para informática. O item que o especifica é o
4.2.1 apóia-pés. Agora, vamos abordar outro assunto importante: OS ALCANCES.
Veremos o ALCANCE MOTOR e o ALCANCE VISUAL e como os dois se relacionam.
ALCANCE MOTOR relaciona-se a tudo aquilo que precisamos alcançar com as mãos ou com os
pés (alavancas, botões, chaves, objetos, peças, pedais, etc.).
ALCANCE VISUAL relaciona-se a tudo que devemos ver e que conseguimos interpretar
(visores, mostradores, telas, teclados, painéis, trajetórias, etc.).
Os dois alcances estão diretamente relacionados, SÃO INSEPARÁVEIS EM ANÁLISE
ERGONÔMICA. A POSTURA CORPORAL é determinada, muitas vezes, em função da dificuldade
de um dos dois alcances. Ou dos dois!
Vejamos um exemplo, o do antigo caixa de banco, pelas Fotos 03 e 04:
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Repare que o caixa de banco costumava trabalhar muito de pé, mesmo tendo à sua disposição uma
banqueta. É que a superfície de trabalho do caixa não se limitava a um balcão, mas possuía uma
gaveta de grandes proporções, que, para ser aberta, invadia o espaço ocupado pelo tronco do
funcionário, na área do abdômen, caso este ficasse sentado na banqueta.
Para ficar sentado, o caixa devia posicionar a banqueta longe do balcão, para dar espaço à gaveta
que era aberta constantemente. Se ficasse afastado, não alcançava o topo do vidro que estava no
fundo e acima do balcão. Assim, preferia ficar de pé, postura na qual obtinha maior mobilidade em
relação ao posto de trabalho.
Neste exemplo, vimos que há alcance visual, mas o alcance motor é prejudicado. Outro fator que
chama a atenção na postura é que a funcionária improvisou um “apoio para os pés” original: um cesto
de lixo. Isto se dá pelo fato do aro circular que está na banqueta não atender às suas necessidades
posturais, pois o aro limita o apoio apenas a uma posição. Se a pessoa quer colocar os pés para a
frente, não pode (ficariam no ar...). Assim, o cesto de lixo virou apoio para os pés...
ÁREAS DE ALCANCE
Já que estamos abordando este importante tema, vejamos a Ilustração 4 na página seguinte, para
compreendermos quais as áreas de alcance numa superfície de trabalho. Observando a Ilustração 4
veja que os braços fazem movimentos circulares. Portanto, tudo aquilo que devemos alcançar com
as mãos precisa estar dentro de um envoltório de alcance que também mantenha a disposição
CIRCULAR.
Assim, só são aceitas as disposições em formato de semi-círculo e aquilo que mais utilizamos deve
ficar numa área mais próxima e bem à frente do usuário (alcance motor com o antebraço - área de
alcance ótimo). Já aquilo que não usamos tanto, com freqüência menor, deve estar um pouco mais
longe, com alcance motor de “braço inteiro” - área de alcance máximo.
Ilustração 4: área de alcance ótimo (ante-braço) e máximo (braço inteiro).
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MUITO IMPORTANTE: A ERGONOMIA ACEITA ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE
DISPOSITIVOS QUE DEVEM SER ALCANÇADOS MANUALMENTE ESTEJAM FORA DA ÁREA
DE ALCANCE MÁXIMO, DESDE QUE NÃO SEJAM QUASE USADOS - USO EVENTUAL.
CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA ANÁLISE POSTURAL ERGONÔMICA
Os alcances não são os únicos fatores a serem observados quando se analisa um posto de
trabalho. Pode-se ter um posto com área de alcance ótimo, mas com a articulação do punho em
ângulo-limite, o que pode desencadear DORT;
Igualmente pode-se ter alcance ótimo para as mãos, mas a cervical pode estar numa péssima
posição, com a cabeça flexionada, prejudicando a circulação sangüínea nos músculos cervicais,
levando à dor;
Outros fatores podem estar presentes, mesmo que o alcance seja ótimo: um exemplo é o trabalho
feito em tampos de mesa, bancada, prancheta, etc. que apresentam quinas vivas. Tais quinas
estrangulam tendões do antebraço, além de prejudicar a circulação sangüínea;
O alcance visual não se equivale ao alcance motor, quando se trata da distância muito próxima de
um objeto em relação aos olhos. Quanto mais se aproximar um objeto dos olhos, mais difícil será
o seu foco (chama-se “mecanismo de acomodação”). Uma distância mínima de 40 cm é
recomendada para que a pessoa não desenvolva fadiga visual nos músculos que controlam este
mecanismo. Tais músculos precisam apertar o cristalino, uma lente que está atrás da íris, que é a
responsável pelo foco.
ANTROPOMETRIA
Conceito: É a ciência relacionada às DIMENSÕES DO CORPO HUMANO E A RELAÇÃO QUE
EXISTE ENTRE OS DIVERSOS SEGMENTOS CORPORAIS (ângulos entre os segmentos das
articulações). As dimensões antropométricas estão diretamente envolvidas com ALCANCES
MOTORES e POSTURAS de um indivíduo.
Para que as dimensões dos segmentos corporais e dos ângulos entre estes segmentos são
levantadas?
Por que é importante conhecer as diferenças dimensionais existentes entre uma população?
Vamos responder a tais questões fazendo uso, inicialmente, de um exemplo. Vamos supor que
numa linha de produção, com 100 postos de trabalho, encontramos operários e operárias. As
bancadas de trabalho são fixas (sempre a mesma altura, sempre a mesma profundidade, etc.) e
as cadeiras usadas são do mesmo fabricante, todas iguais.
A população de trabalhadores, contudo, é DIFERENTE. Um homem de 25 anos de idade, 1,85 de
altura e 90 quilos de peso trabalha ao lado de uma mulher com 40 anos de idade, 1,52 de altura e 54
quilos de peso. Os dois devem trabalhar sentados, alcançar os mesmos objetos e montá-los.
Depois, devem colocar o objeto já montado numa única esteira que passa acima da bancada, numa
altura padronizada em toda a linha de montagem. Observando-se as duas pessoas trabalhando,
podemos observar vários problemas e diferenças:
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Enquanto o homem não apresenta a menor dificuldade em alcançar o fundo da bancada, onde se
localizam algumas peças em caixas plásticas, a mulher necessita debruçar o tronco à frente,
esticando o braço para atingir tal região;
O homem apóia facilmente os pés no piso da área. A mulher, para conseguir tal postura, senta na
ponta da cadeira, afastando a região lombar do encosto;
Para colocar uma peça na esteira rolante, o homem levanta levemente o antebraço e alcança a
esteira. Para fazer o mesmo, a mulher tem que esticar todo o braço;
Ao levantar da cadeira, o homem necessita de cuidados, pois pode bater a cabeça numa
estrutura de tubulações e bandejas elétricas existentes na área. Com a mulher isto não acontece;
O espaço existente abaixo do tampo da bancada é apertado para as pernas do homem, cujos
joelhos esbarram numa cantoneira. Isto, contudo, não ocorre com a mulher;
A largura do assento da cadeira, usada pelo homem, possui dimensões adequadas. A mulher,
quando sentada, sente que a borda lateral do assento pressiona a face posterior das coxas e
nádegas, o que lhe dá uma sensação de “aperto”.
Obviamente os exemplos continuariam. Contudo, já esclarecem um fator dimensional importantíssimo
relacionado ao posto de trabalho: Os componentes do posto (cadeira, bancada, prateleiras, piso, teto,
etc.) são FIXOS e isto é traduzido por uma INADEQUAÇÃO em relação às dimensões corporais dos
trabalhadores, pois estas últimas VARIAM de trabalhador para trabalhador.
Portanto, podemos concluir nossa linha de raciocínio, afirmando o seguinte:
A ANTROPOMETRIA estuda as dimensões do corpo humano e as diferenças dimensionais
apresentadas por uma população de trabalhadores, a fim de projetar POSTOS DE TRABALHO que
atendam às necessidades posturais de PELO MENOS 90% da população estudada.
E estes os postos, para que atendam às necessidades posturais TANTO dos HOMENS, QUANTO
das MULHERES, precisam de FLEXIBILIDADE em seus componentes. Esta característica é que
atenderá cada necessidade postural do indivíduo, segundo suas dimensões corporais.
Vejamos a situação da mulher, exemplificada acima.
Quando a área de produção foi projetada, não se LEVOU EM CONSIDERAÇÃO que a POPULAÇÃO
DE TRABALHADORES apresenta DIMENSÕES CORPORAIS DIFERENTES, pois não existe um
OPERÁRIO PADRÃO. Podemos considerar, por exemplo, que todos que trabalham na linha de
montagem têm 1,75 de altura? Claro que não, e é isto que se verifica com a operária do exemplo
anterior. Veja:
A cadeira não possui regulagens da altura de assento. Uma altura padronizada foi fixada,
como se o tamanho das pernas de TODOS OS OPERÁRIOS fosse IGUAL. Assim, a operária,
que tem pernas pequenas, se vê numa situação difícil, pois a cadeira que usa foi especificada
para ser usada por um HOMEM de 1,75 de altura;
O encosto da cadeira torna-se inútil, pois a operária sente a necessidade de apoiar os pés no
piso da área, para que tenha uma movimentação mais facilitada de seu corpo. Contudo, para
apoiar os pés, a operária tem que posicionar a cintura pélvica mais á frente, AFASTANDO A
REGIÃO LOMBAR DO ENCOSTO, que passa a NÃO SER USADO (perceba, o encosto é, agora,
INÚTIL);
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O braço é esticado por que quando a esteira ia ser implantada na área, um HOMEM foi sentado
na cadeira e pediram para que ele levantasse o antebraço até uma altura aparentemente
confortável, o que realmente ocorreu. O HOMEM achou que estava ótimo e a esteira foi ali
posicionada, mas ninguém perguntou a alguma MULHER se o alcance era compatível com as
suas dimensões.
Mas será que apenas esta diferença influencia o arranjo dimensional dos postos de trabalho? Não,
pois há outros fatores a serem considerados:
A idade do trabalhador. Quanto mais idoso, menos mobilidade terá o corpo do indivíduo, pela
própria degeneração que se verifica nos tecidos, articulações e na própria coluna vertebral;
A região onde nasceu o trabalhador. Compare um homem nascido no Sul do país com aquele
que nasceu no Nordeste e as diferenças antropométricas ficarão bastante acentuadas;
O poder aquisitivo do trabalhador. Quanto mais pobre, pior a alimentação e, por conseqüência
da subnutrição, alterações nas dimensões corporais são verificadas;
A roupa usada no desenvolver dos trabalhos e os EPI’s (Equipamentos de Proteção
Individual). Um capacete altera a estatura do trabalhador. Uma luva dificulta os movimentos de
precisão, pois diminui o tato, sem falar que o diâmetro do dedo aumenta.
O POSTO DE TRABALHO FLEXÍVEL
Uma cadeira ergonômica é um bom exemplo de posto de trabalho flexível, pois apresentam
regulagens de altura, de inclinação, o assento é giratório, locomove-se sobre rodízios, facilitando a
movimentação da pessoa que está sentada.
Contudo, certos equipamentos de grande porte impossibilitam a colocação de plataformas ou
superfícies de trabalho com regulagens individuais, como os grandes painéis de controle. As
próprias bancadas de trabalho onde correm linhas de montagem, com dezenas de metros de
comprimento, tornariam a produção entrecortada e dificultada, caso cada trabalhador alterasse a
altura e a profundidade do tampo, conforme sua vontade.
Entretanto, sabe-se que uma única medida padronizada resulta na inadequação postural de inúmeros
trabalhadores. O que fazer nestas situações?
Geralmente quando o projetista (engenheiro ou arquiteto) se defronta com tal realidade, opta por
levantar a MÉDIA das dimensões antropométricas da população de trabalhadores, iludindo-se por
um conceito muito difundido, ou seja: se adotar as medidas da MÉDIA, atenderá a maioria dos
trabalhadores, o que resulta em GRAVE ERRO PROJETUAL.
Tal ilusão é justificada em função dos projetos que, por muito tempo, vieram do exterior e foram
implantados na indústria brasileira, que os comprova em “PACOTES FECHADOS”. Lá no exterior,
principalmente em países europeus de área geográfica limitada e POPULAÇÃO HOMOGÊNEA, a
MÉDIA ANTROPOMÉTRICA é um hábito e é corretamente aplicada em projetos.
Entretanto, tal realidade é inaplicável no BRASIL, pois já vimos as características das dimensões
corporais do povo brasileiro, uma verdadeira mistura de raças. Em nosso país, para atender às
necessidades dimensionais de 90% da população de trabalhadores, devemos aplicar as medidas
MÍNIMAS ou MÁXIMAS obtidas no levantamento antropométrico efetuado na empresa, segundo
alguns conceitos a serem respeitados.
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EXEMPLO: Na linha de montagem acima citada, homens e mulheres deve trabalhar em postura
sentada, defronte uma bancada onde montam peças. Após um levantamento antropométrico, as
medidas dos segmentos corporais foram organizadas numa tabela.
Observa-se que para o projeto da bancada em questão, mais o banco adotado, foram consideradas
algumas medidas mínimas e outras máximas. Isto se deve ao fato de que a população envolvida
possui alguns indivíduos com segmentos corporais pequenos e outros com segmentos grandes.
Só que todos farão uso do posto de trabalho, portanto este último precisa adequar-se a toda
população e não apenas a alguns usuários.
Como podemos observar na tabela a seguir, as medidas mínimas equivalem ao chamado
PERCENTIL 5% da população de usuários e as máximas ao PERCENTIL 95%.
Do mesmo modo, se consultarmos a tabela na coluna de 95%, isto significa que apenas 5% da
população de trabalhadores têm a medida daquele segmento maior que a população toda.
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO DOS POSTOS DE TRABALHO
Analisemos uma das medidas constantes na tabela, como a medida F (comprimento do braço). No
posto de Trabalho, adotou-se a medida mínima, para que todos os trabalhadores tivessem a
profundidade do tampo da bancada adequada ao tamanho do braço, principalmente levando-se em
consideração a menor dimensão (61,6 cm.).
Já no caso da estatura (medida A), levou-se em consideração a medida máxima, ou seja, a
população masculina de maior estatura, para que ao levantar-se da cadeira, os indivíduos mais altos
não batessem a cabeça no teto da área. Como se observa, NENHUMA das medidas da tabela
adotou a MÉDIA ANTROPOMÉTRICA. Lembremos que estes conceitos de medidas mínimas e
máximas são aplicáveis para postos fixos. O melhor, contudo, é adotar mobiliário e equipamento
que seja flexível, dotado de múltiplas regulagens, como as cadeiras ergonômicas, bancos de
automóveis e carrinhos hidráulicos, sempre que possível.
A B
A - Cadeira ergonômica, com regulagens de altura e inclinação do assento e encosto,
giratória, ajuste para a altura dos braços (que podem ser removidos, caso se queira) e rodízios
para facilitar a locomoção.
B – Carrinho com plataforma hidráulica de altura regulável, facilitando o alcance da mão do
trabalhador à carga transportada, sem ter que se debruçar sobre a plataforma.
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C D
C – Comandos altos, numa prensa, dificultando o alcance das mãos do trabalhador. Lembrar que os
braços acima da linha dos ombros dificultam a circulação de sangue, provocam tensão muscular e
dor (ALCANCE MOTOR INADEQUADO), bem como o ALCANCE VISUAL dos comandos está
acima da linha de visão do trabalhador (fazendo com que este levante a cabeça).
D – Comandos na altura adequada, numa prensa, facilitando o alcance das mãos do trabalhador,
bem como o alcance visual.
Bem, podemos responder às perguntas do início da aula: as medidas e ângulos do corpo humano
devem ser levantados e organizados, para que se possa dimensionar cada posto de trabalho em
conformidade com a população da empresa em que se está atuando. Só assim os mobiliários,
veículos, máquinas, painéis, bancadas, etc. estarão se adaptando ao ser humano.
Um exemplo da falta de aplicação da antropometria é visível nesta bancada de testes para Eletricista:
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Observe como os conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores são aplicáveis com esta simples situação de trabalho:
A banqueta tem assento em madeira = às tuberosidades isquiáticas estão “gritando”, pois não há qualquer revestimento macio (em espuma);
O apoio para os pés não existe, apenas o da banqueta = os pés são obrigados a permanecer numa única posição;
As borneiras localizadas ao fundo da área de teste estão em alcance máximo = o Eletricista, para que alcance as borneiras, deve esticar os braços e, ainda, deslocar o tronco do encosto da banqueta. Em antropometria, nunca o alcance motor de um fundo de bancada que é muito usado poderia ser aceito em tal profundidade;
Os músculos ao redor da coluna vertebral ficam tensos = dor;
As gavetas da bancada (para ferramentas) obstruem o espaço lateral das pernas, apesar da banqueta ser giratória (não dá quase para girá-la...). Seria melhor um gaveteiro móvel ou um carrinho e a retirada das gavetas.
Outro exemplo: um setor de revisão de bobinas de motores elétricos.
A banqueta desta vez é estofada, mas o Eletricista não a usa... Não dá (não há espaço para as
pernas quando se senta defronte à bobina) = trabalho constante em pé;
Os cavaletes usados para se apoiar a bobina não têm regulagem de altura = o Eletricista se
abaixa para ver o que está fazendo e alcançar os contatos a serem refeitos: aqui, várias são as
conseqüências:
Cervical, dorsal e lombar em flexão = dor;
Trabalho constante em pé = mais dor para a lombar e dificuldade para circulação venosa nas
pernas (carga hemodinâmica);
Repare que a articulação do carpo constantemente fica em desvio ulnar, além de prono-
supinações = risco de DORT;
Os braços trabalham sem apoio, mas em área de alcance ótimo (que, neste caso, não adianta
nada...) = risco de DORT.
FADIGA
Conceito: A fadiga é definida pela Ergonomia como um estado reversível de diminuição de nossa
capacidade funcional, seja de um órgão específico, seja de todo o organismo. Esta aula você
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conhece muito bem! A fadiga é nossa companheira inseparável. Dormimos pouco, nos
alimentamos de forma inadequada, nossa memória é muito solicitada, pois estudamos,
trabalhamos, discutimos com o chefe no nosso emprego, pegamos congestionamentos no
trânsito, estamos sempre correndo atrás do relógio, etc., etc.
Resumindo numa só palavra: CANSAÇO! Mas veja o detalhe: este estado é reversível, recuperável,
a não ser que a fadiga entre num outro estágio, o da EXAUSTÃO. Vejamos a fadiga em sua
INTENSIDADE e na sua MANIFESTAÇÃO:
INTENSIDADE:
FADIGA AGUDA: é aquela que se manifesta todos os dias, aparecendo só por alguns momentos.
Com uma boa noite de sono, adeus fadiga aguda!
FADIGA CRÔNICA: muuuuito pior! Acumula-se dia-a-dia, semana-a-semana, pois os períodos de
sono, pausas e descanso, que deveriam recuperar nosso estado funcional, são insuficientes e o
cansaço acumula-se. É típica de estudantes de cursos noturnos.
MANIFESTAÇÃO:
FADIGA FÍSICA: Manifesta-se só no corpo. Por exemplo, fadiga muscular, fadiga visual. Pode ser
agudo, quando a dor, o incômodo, passam rapidinhos, ou acumular-se, transformando-se em
crônica, quando permanecerá por muito tempo.
FADIGA PSÍQUICA: muuuuito pior! Manifesta-se na mente, na memória, no estado emocional do
indivíduo, e também no corpo, deixando-o profundamente irritado, mal-humorado, impaciente. As
manifestações são traduzidas por sinais PSICOSSOMÁTICOS, tais como gastrite, úlcera, colite,
dor-de-cabeça, tonturas, palpitações, chegando até aos chiliques e explosões. A causa está na
não aceitação, por parte do indivíduo, da realidade que este é obrigado a vivenciar. É crônica.
EXAUSTÃO: muuuuuuuuuito pior! A exaustão é um estágio que beira o colapso! Quando o
indivíduo não consegue mais se concentrar, a memória embaralha, descasca a banana, joga a
banana no lixo e come a casca, dorme com a roupa do próprio corpo e, pasmem! Esquece que
tem prova na semana de provas! A exaustão demonstra que não só os períodos de descanso
estão sendo insuficientes, bem como INEXISTEM!
Os exauridos são extremamente debilitados, tanto no aspecto físico (desabam no sofá e
“desmaiam”), quanto no mental (fica tudo embaralhado!) e psíquico (batem na esposa, chutam o
cachorro, xingam o próprio chefe, vomitam palavrões no trânsito, quebram toda a louça da cozinha,
etc.).
FADIGA FÍSICA
Veremos algumas situações de fadiga física, conforme a localização no corpo.
FADIGA MUSCULAR - ocorre quando mantemos os músculos em CONTRAÇÃO ESTÁTICA (você
já sabe o que é isto), sem apoio, sustentando cargas ou o seu próprio peso.
FADIGA VISUAL - manifesta-se por vista turva, embaralhada, ardência, lacrimejamento. Ocorre pelo
uso excessivo da vista, principalmente frente ao mecanismo de acomodação (foco) de objetos muito
próximos aos olhos e de exigências visuais complexas, além do problema de ofuscamento e da falta
de um nível de iluminamento adequado no ambiente de trabalho.
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Ilustração 01: objetos muito pequenos e muito próximos dos olhos.
ACOMODAÇÃO VISUAL
A Ilustração 01 acima detalha a fadiga visual pelo uso excessivo do mecanismo de acomodação da
vista (foco), quando de objetos muito próximos dos olhos (distância < 30 cm). O foco é determinado
pela atuação dos MÚSCULOS CILIARES (músculos cujas fibras encontram-se dispostas em círculo,
ao redor do CRISTALINO – ver Ilustração 02 a seguir), que ficam contraídos quanto mais
próximos estiver o objeto para o qual olhamos. Assim, deduz-se que o processo de focalização
PARA PERTO exige contração muscular, sendo que esta situação não se verifica quando focamos
PARA LONGE. A fadiga está, portanto, diretamente relacionada às distâncias de visualização do
trabalho.
MOVIMENTOS REPETITIVOS DOS OLHOS:
Também as atividades repetitivas e constantes de INSPEÇÃO VISUAL de produtos está relacionada
à fadiga visual. Determinadas operações de controle de qualidade visual em linhas de produção
acabam resultando em tontura, ardência, pois os movimentos dos produtos, bem como o tamanho
pequeno do objeto vistoriado, fazem com que o trabalhador sobrecarregue os olhos, pelo uso
excessivo de movimentos de vai-e-vem.
Músculos ciliares
Cristalino
Ilustração 02: Músculos ciliares ao redor do Cristalino são responsáveis pelo mecanismo de acomodação (foco).
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FADIGA POR TRABALHO NOTURNO ou em TURNOS DE REVEZAMENTO
Todo organismo obedece a ciclos temporais, que comandam suas funções. Com o ser humano não é
diferente e, dentro das 24 horas do dia, o organismo comporta-se de modo diferenciado, respeitando
um CICLO, conhecido como CIRCADIANO.
Tal ciclo coordena uma série de reações involuntárias do organismo, ou seja, aquilo que vulgarmente
chamamos de RELÓGIO BIOLÓGICO. Assim é que a temperatura interna do corpo trabalha dentro
de uma faixa, que chega a variar até 1,2 graus Celsius. O estado de vigília x sono também se
manifesta em horários distintos. Nosso corpo necessita do sono para que recupere sua capacidade
funcional. O sono, de sua vez, possui diferentes estágios de profundidade, nos quais a qualidade
varia. Os dois estágios iniciais do sono são LEVES e é muito fácil acordar quando nos encontramos
em tal fase. Já os dois estágios mais profundos, são do sono PESADO, considerado como um sono
de melhor qualidade, no qual há recuperação do organismo em função do repouso ali obtido, tanto
mental quanto físico. O ritmo de sono x vigília é coordenado pelo centro nervoso do hipotálamo.
Atinge-se o ápice da vigília por volta do horário do meio-dia e o do sono por volta da meia-noite,
momento em que nosso sistema nervoso vai “desligando” o organismo. Contudo, trabalhadores que
se ativam nas grandes indústrias de transformação, como petroquímicas, refinarias, siderúrgicas, ou
aqueles que trabalham no setor básico de utilidades (energia elétrica, saneamento básico, telefonia,
etc.), vivenciam diferentes horários de trabalho, revezando-se em regime de rodízio. São os
chamados turnos alternantes de revezamento. Percebe-se, pois, que o organismo humano já
possui um ciclo definido pelo hipotálamo, para que se “desligue” em horários certos e se “religue” em
outros, mas o regime de trabalho em turnos obriga o trabalhador a uma situação de dessincronização
destes ciclos.
Imagine a situação do trabalhador que entra no turno de “zero-hora”. Quando inicia suas atividades, o
trabalhador deveria estar começando a dormir, não a trabalhar! Seu organismo procura, a todo custo,
desligar-se, pois assim o quer o hipotálamo, mas não consegue em função da situação externa
vivenciada pelo indivíduo, que o força a ficar acordado.
Pode-se alegar que o trabalhador pode dormir durante o dia, o que possibilitaria sua recuperação e
repouso, o que, na verdade, é uma ilusão. Durante o dia, o hipotálamo orienta o organismo para um
estado de vigília, contrário ao sono, portanto. Trava-se, então, uma verdadeira luta no organismo e o
resultado é catastrófico: o trabalhador dorme, mas a qualidade do sono é baixa, pois só se atinge o
estágio de sono LEVE (no qual praticamente não se descansa), com períodos entrecortados e curtos
de sono PESADO, insuficientes à recuperação.
Há também fatores externos diurnos, que em muito prejudicam o sono durante o dia. O ruído
característico das ruas com buzinas, freadas, escapamentos furados, caminhão de entrega de gás,
crianças brincando, etc., acaba por acordar várias vezes o indivíduo, que passa à uma condição de
cochilos, totalmente diversa do sono noturno ao qual estamos acostumados, este sim repousante.
FADIGA POR EXPOSIÇÃO AO CALOR
Manifesta-se pela conjugação de diferentes fatores, a saber:
Temperatura
Radiação
Evaporação
Tipo de atividade
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A temperatura elevada aparece geralmente por fontes expressivas de calor (fornos, caldeiras, área de
fundição de peças, etc.) no ambiente freqüentado pelo trabalhador. É medida em IBUTG (Índice de
Bulbo Úmido e Termômetro de Globo) e os limites de tolerância aplicáveis encontram-se no Anexo 3
da NR-15, da Portaria 3.214/78 do MTb.
Os meios pelos quais o calor chega ao organismo são por radiações não ionizantes (ondas
eletromagnéticas - infravermelhas), convecção e condução, sem falar em raios solares, quando se
tratam de serviços externos.
O fator ventilação é preponderante: em ambientes fechados, a ventilação geralmente é prejudicada,
principalmente se a circulação de ar for apenas de ar viciado, do próprio ambiente. O correto é
insuflar ar externo, mais fresco (desde que não poluído).
Exposto o corpo ao ambiente quente, há vaso dilatação periférica, colocando em ação as glândulas
sudoríparas. A evaporação é o único meio para trocar calor com o ambiente, pois o suor esfria a
superfície da pele e, evaporando, faz com que o corpo se resfrie. Contudo, quando os ambientes são
quentes e úmidos, a evaporação não se dá, pois o teor de umidade presente no ambiente faz com
que o suor permaneça no corpo por saturação, deixando-o encharcado.
O tipo de atividade está diretamente relacionado à fadiga física. Atividades pesadas provocam altas
taxa metabólica, com dispêndio energético elevado. Quanto mais pesada à atividade, maior deverá
ser o tempo de pausa para o organismo, inclusive porque o próprio corpo produzirá mais calor interno
sob tais condições.
FADIGA PSÍQUICA
Já comentamos que a fadiga psíquica aparece em função da não aceitação, por parte do
trabalhador, da realidade que o mesmo é obrigado a vivenciar.
Contudo esta realidade pode ter, ou não, uma origem OCUPACIONAL. Quando a origem não é
ocupacional, qualificamo-la de origem DE CONTEXTO.
Vejamos alguns fatores de fadiga psíquica, pela origem:
OCUPACIONAL
Salário baixo;
Ameaça constante de demissão;
Chefia insegura, incompetente, indecisa;
Chefia intolerante, que humilha os subordinados, com cenas de “baixaria”;
Ambiente de trabalho agressivo (ruído, calor, vapores tóxicos, risco de acidentes, etc.);
Jornada de trabalho excessiva (dobras, horas-extras);
Ausência de pausas, rodízios;
]Horários inadequados de trabalho;
Ritmos excessivos, velocidades insuportáveis, organização do trabalho nos padrões Tayloristas
exemplo: 500 toques por minuto, para os digitadores;
Protecionismo (o sobrinho do gerente é promovido, mas você não...);
Falta de reconhecimento, por parte da empresa, das necessidades do trabalhador (em qualquer
nível - pode ser a falta de um bebedouro, um banheiro muito longe, um EPI sem condições de
uso, iluminação deficiente no posto de trabalho, demora a manutenção de um equipamento,
etc.).
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DE CONTEXTO
Transporte deficiente;
Condições de moradia precárias;
Desajustes familiares;
Padrão de vida baixo;
Condições de higiene/alimentação precárias;
Violência urbana, neurose das grandes metrópoles, insegurança.
UMA SOLUÇÃO PARA A FADIGA: A A.C.T. – (ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO)
Face às dificuldades encontradas pelos trabalhadores e também aos conflitos típicos entre os
diferentes cargos de uma empresa, é comum que certos bloqueios ocorram quando um profissional
comparece às áreas e procura levantar as situações acima exemplificadas.
Muitos dos trabalhadores temem represálias por parte da empresa e se calam, ao invés de “abrir o
jogo”, por pior que seja a situação vivenciada no trabalho. É preciso, pois, adotar-se uma estratégia
de levantamento, que possibilite ao trabalhador sentir-se amparado e seguro. É justamente em
função de tal dificuldade que surgiu a ACT.
A ACT é um método que atua como agente de ligação entre aquilo que o trabalhador sente em seu
trabalho e a empresa, mas sem a interferência interna e pressões desta última. Basicamente, o
método de ACT engloba:
O interesse da empresa em conhecer os problemas vivenciados pelos trabalhadores e o objetivo
primordial de melhorar as condições do trabalho desenvolvido por estes;
O contado com o Sindicato da classe trabalhadora envolvida (petroleiros, metalúrgicos,
construção civil, etc.), que facilita bastante o relacionamento entre o Ergonomista e os
trabalhadores;
Um local considerado neutro (uma universidade, por exemplo), ou seja, um local no qual o
trabalhador se sinta à vontade e que não tenha “paredes com ouvidos”;
O anonimato dos trabalhadores garantido, para que não sintam qualquer medo de perseguição
por parte da empresa ou de chefias inescrupulosas e incompetentes (MUITO COMUM e, diga-se,
já assisti cenas profundamente lamentáveis e humilhantes quanto a este aspecto);
Total liberdade para que o trabalhador possa se expressar a respeito daquilo que faz como faz o
que gosta mais de fazer, do que não gosta etc. É certo que o especialista em Ergonomia deve
acompanhar os relatos e fazer perguntas-chaves.
Através da ACT é que o Ergonomista consegue perceber inúmeras situações de trabalho que,
sozinho, jamais captaria, mesmo comparecendo ao local de trabalho. A Dra. Leda Leal Ferreira, uma
das maiores especialistas no assunto, relata que tal método é um verdadeiro sucesso e que
enriquece sobremaneira a análise ergonômica.
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A importância da ACT relaciona-se diretamente ao FATOR HUMANO dentro do trabalho,
possibilitando à empresa:
Tomar consciência das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores e tomar providências quanto
aos aspectos negativos por eles levantados;
Descobrir que os trabalhadores, mesmo em situações difíceis e incômodas, têm orgulho de seu
trabalho e gostam de trabalhar, ocasião em que são mencionados os aspectos positivos
abordados pelo pessoal entrevistado.
Os aspectos positivos, por sinal, também possibilitam que o Setor de Medicina e Segurança do
Trabalho redimensione as equipes de trabalho e faça uma readequação das funções, segundo as
condições físicas e psíquicas deste ou daquele trabalhador, conforme suas capacidades.
Por exemplo, ao tomar conhecimento de atividades mais leves e fáceis de serem executadas num
setor da empresa, dentre um universo de atividades levantadas, o Médico do Trabalho pode
encaminhar temporariamente, para outro setor, um trabalhador que apresente incapacidades ou
limitações psico-fisiológicas, de modo a facilitar a sua recuperação.
Áreas que merecem uma atenção maior do setor de Higiene do Trabalho podem ser incluídas num
cronograma, de modo a iniciar uma série de mudanças no ambiente de trabalho, o que antes poderia
estar camuflado. Os aspectos negativos dão tal visão.
Desvios de função são detectados (um soldador que também acaba fazendo serviços de mecânico),
ou a sobrecarga de trabalho concentrada neste ou naquele setor, o que permite redimensionar a
organização do trabalho e corrigir as falhas. Esta proposta, que já identificávamos no início de 1.994,
foi implantada pelo governo no final daquele ano, por meio do PPRA.
É muito importante que o relatório de ACT encaminhado às chefias mantenha os nomes dos
trabalhadores em segredo, pois os problemas devem chegar ao Chefe, que é aquele que tem poder
para tomar providências (e resolver o problema, claro!), mas não interessa saber quem foi que disse
isto ou aquilo, pois sabemos que sempre há um fator pessoal no relacionamento entre as pessoas
que trabalham numa mesma empresa.
CIRCADIANO, CICLO: significa “cerca de um dia”, ou seja, equivale ao período aproximado de 24
horas. Do latim “circa dies”.
HIPOTÁLAMO: núcleo nervoso localizado na base do cérebro, que coordena diversas funções
vitais do organismo.
MORBIDADE: condição na qual um indivíduo apresenta grande debilidade de força, resultando
em doença e fraqueza generalizadas.
O que é Ergonomia? O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas Ergon (trabalho) e
nomos (regras). Nos Estados Unidos, usa-se também, como sinônimo, human factors (fatores
humanos).
Ergonomics Research Society, Inglaterra, 1949: Sociedade de Pesquisa em Ergonomia.
Ergonomia “é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e
ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução de problemas surgidos desse relacionamento”.
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Associação Internacional de Ergonomia (IEA), 1961: Representam associações de 40
diferentes países com 19 mil sócios. Ergonomia (ou human factors) “é uma disciplina científica
que estuda interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da
teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema.”.
Segundo Itiro Iida: “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem”.
Outras definições: Em 1972, Wisner considera que Ergonomia é “o conjunto dos conhecimentos
científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e
dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, de segurança e eficácia”.
Em 1983, Lomov e Venda, em função das várias denominações utilizadas. Ergonomia, Ergologia,
Humam Factors -, refletem sobre a finalidade deste campo de estudo: “Qualquer que seja o nome
utilizado, o que se pretende é o estudo dos diferentes aspectos laborais com o propósito de otimizá-
los”. Em 1989, no Congresso Internacional de Ergonomia, adotou-se o seguinte conceito:
“A Ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de
trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a constituição de diversas disciplinas científicas que a
compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar
numa melhor adaptação do homem aos meios tecnológicos e aos ambientes de trabalho e de vida”.
Nascimento e Evolução da Ergonomia: Pode-se dizer que a Ergonomia surgiu quando o
homem começou a utilizar objetos que facilitavam a sua vida. Na produção artesanal havia a
preocupação de se adaptar os objetos artificiais e o meio ambiente natural ao homem.
Século 18 – Revoluções Industriais: As fábricas eram: sujas; barulhentas; perigosas escuras.
Tinham jornadas de trabalho de até 16 horas. Regime de trabalho de semiescravidão sem direito
a férias. No início do século 20 surge nos Estados Unidos o Movimento da Administração
Científica, que ficou conhecido como Taylorismo. Na Europa, principalmente na Alemanha,
França e países escandinavos, por volta de 1900, começam a surgir pesquisas na área de
fisiologia do trabalho, na tentativa de transferir para o terreno prático os conhecimentos em
fisiologia desenvolvidos em laboratórios. Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1917), fisiologistas e
psicólogos foram chamados para colaborarem no esforço de aumentar a produção de
armamentos. Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados conhecimentos científicos e
tecnológicos disponíveis, para construir instrumentos bélicos complexos como submarinos,
tanques, aviões... O objetivo era adaptar os instrumentos bélicos às características e capacidades
do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os acidentes. Após a 2ª Grande
Guerra, estes conhecimentos começam a ser aplicados na vida civil. Porém os Estados Unidos,
através do seu Departamento de Defesa, começou a apoiar pesquisas na área. Só recentemente
começou a ser aplicada, em maior grau, na indústria não bélica. Em 1857, o polonês Woitej
Yastembowsky publicou um artigo intitulado “Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho,
baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”. Em 12 de julho de 1949, reuniram-se na
Inglaterra um grupo de cientistas e um grupo de pesquisadores interessados em discutir e
formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Em 16 de
fevereiro de 1950, foi proposto o nome ERGONOMIA por estes mesmos pesquisadores, que na
ocasião fundaram a Ergonomics Research Society, na Inglaterra. A partir daí a ergonomia se
expandiu no mundo industrializado. Em 1961 foi fundada, na Europa, a “Associação Internacional
de Ergonomia – IEA”. A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO (www.abergo.org.br) foi
Fundada em 1983, filiada a IEA. No Brasil existe a Norma Regulamentadora NR 17 – Ergonomia,
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Portaria nº. 3.214 de 08.06.1978 do Ministério do Trabalho, modificada pela Portaria nº. 3.751 de
23.08.1990 do Ministério do Trabalho. Hoje a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os
países do mundo. Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915),
um engenheiro americano que iniciou, no início do século 20, o movimento de “administração
científica do trabalho”.
ANEXO I da NR-11
Movimentação e Armazenagem de chapas de mármore, Granito e Outras Rochas Apresentação
Portaria nº 56, de 17 de setembro de 2003
ANEXO I - NR-11
Fueiros
Carro porta-bloco e carro transportador
Pátio de estocagem
Cavaletes
Movimentação de chapas com uso de ventosas
Movimentação de chapas com cabos de aço, cintas, correias e correntes;
Movimentação de chapas com uso de garras
Disposições gerais
Glossário
Apresentação
Desde as primeiras reuniões da Subcomissão Permanente Nacional do Setor de Mármore e Granito
(SPNMG), os representantes dos trabalhadores apresentaram a necessidade de serem estabelecidas
regras mínimas para a movimentação, armazenagem e manuseio de chapas de mármore, granito e
outras rochas, visto que as estatísticas disponíveis vinham apontando uma grande acidentalidade e
uma alta taxa de mortalidade decorrente dessas atividades. Assim, a Subcomissão tomou como
prioridade a discussão da matéria, demandando às suas bancadas dos trabalhadores e
empregadores que se debruçassem, de forma madura e responsável, sobre o tema. O objetivo é
construir um regulamento técnico que atenda aos trabalhadores e empregadores do setor. Após
várias reuniões tripartites e encontros bipartites, e tendo a inestimável colaboração da Regional da
Fundacentro no estado do Espírito Santo, a Subcomissão aprovou o Regulamento Técnico de
Procedimentos Para Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e
Outras Rochas, submetendo-o à análise da Comissão Permanente Nacional do Setor Mineral
(CPNM), e da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), seguindo o modelo tripartite que
vem sendo adotado com sucesso na normatização da área de segurança e saúde no trabalho do
Ministério do Trabalho e Emprego. Devemos destacar que a Portaria que publicou o “Regulamento
Técnico”, considerando os aspectos econômicos e financeiros que impactam na adoção de suas
exigências, concedeu prazos diferenciados para o cumprimento de algumas exigências, conforme
negociado na Subcomissão. Cabe-nos reconhecer o esforço e a participação madura e intensa das
bancadas dos empregadores e trabalhadores na construção do Regulamento, esforço e participação
que tiveram como objetivo primeiro a melhoria das condições de segurança e saúde dos
trabalhadores do setor. O nosso objetivo com esta publicação é divulgar o Regulamento aprovado,
agregando um glossário com fotografias explicativas de forma a facilitar a sua compreensão e seu
cumprimento, contribuindo, dessa forma, para o alcance de ambientes de trabalho melhores e mais
seguros para os trabalhadores do setor de mármore, granito e outras rochas e colaborando também
para agregar valor aos produtos deste importante segmento econômico nacional.
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Mário BONCIANI
Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho TEM
PORTARIA N° 56, DE 17 DE SETEMBRO DE 2003
Aprova e inclui na NR-11 o Regulamento Técnico de Procedimentos sobre Movimentação e
Armazenagem de Chapas de Mármore, Granito e Outras Rochas.
A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DE SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, e, considerando o número elevado de acidentes do
trabalho na movimentação de chapas de mármore, granito e outras rochas; considerando as
deliberações da Comissão Permanente Nacional do Setor Mineral e da Subcomissão Permanente
Nacional do Setor de Mármore e Granito, que aprovou a proposta de estabelecimento de
normatização técnica sobre movimentação e armazenagem de chapas de mármore, granito e outras
rochas, resolvem:
Art. 1º Acrescentar o item 11.4 e o subitem 11.4.1 na NR-11 (Transporte, Movimentação,
Armazenagem e Manuseio de Materiais), aprovada pela Portaria nº 3.214/78, que passa a vigorar
com a seguinte redação:
11.4 Movimentações, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e outras rochas.
11.4.1 “A movimentação, armazenagem e manuseio de chapas de mármore, granito e outras rochas
devem obedecer ao disposto no Regulamento Técnico de Procedimentos constante no Anexo I desta
NR.”.
Art. 2º Acrescentar o Anexo I (Regulamento Técnico de Procedimentos para Movimentação,
Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e Outras Rochas) à NR-11, conforme
anexo a esta Portaria.
Art. 3º As exigências prescritas nos itens 1 (Fueiros) e 5 (Movimentação de chapas com uso de
ventosas), do referido Anexo I, devem ser implementadas num prazo máximo de 6 (seis) meses.
Art. 4º As exigências prescritas nos itens 2 (Carro porta-bloco e carro transportador) e 4 (Cavaletes),
do referido Anexo I, devem ser implementadas no prazo de 12 (doze) meses.
§ 1º Enquanto as exigências prescritas no item 4 (Cavaletes) do Anexo I estiverem sendo
implantados, os cavaletes que se encontram em uso devem ter esta condição comprovada por
inspeção, observando-se, ainda, os seguintes requisitos:
a) a proteção lateral não poderá ser usada como apoio natural para as chapas;
b) deverá ser destinada uma área, devidamente demarcada no piso, de no mínimo 1,20m de largura,
em torno dos cavaletes, para a circulação de pessoas.
§ 2º Enquanto as exigências prescritas no item 2 (Carro porta-bloco e carro transportador) do Anexo I
estiverem sendo implantadas, os carros porta-blocos e carros transportadores que se encontram em
uso devem ter essa condição comprovada por profissional legalmente habilitado.
Art. 5º Em cinco anos, contados da data da publicação desta Portaria, todas as empresas que
manuseiam chapas de mármore, granito e outras rochas devem instalar sistema de movimentação
mecânica por pontes-rolantes, talhas ou similar, eliminando o uso de carrinhos de duas rodas para o
transporte de chapas.
Art. 6º As infrações ao disposto no item 11.4.1 da NR-11, serão punidas na gradação I-4, conforme
os anexos I e II da NR-28.
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Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Carro porta-bloco: Carro que fica sob o tear com o bloco.
Carro transportador: Carro que leva o carro porta-bloco até o tear.
Cavalete triangular: Peça metálica, em formato triangular, com uma base de apoio, usada para
armazenagem de chapas de mármore, granito e outras rochas.
Cavalete vertical: Peça metálica, em formato de pente, colocada na vertical apoiada sobre base
metálica, usada para armazenamento de chapas de mármore, granito e outras rochas.
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Chapas de mármore ou granito: Produto da serragem do bloco, com medidas variáveis,
podendo ser de 3m por 1,50m com espessuras de 2 cm a 3cm.
Cintas: Equipamento utilizado para a movimentação de cargas diversas.
Fueiro: Peça metálica em formato de L (para os carros porta-blocos mais antigos), ou simples,
com um de seus lados encaixados sobre a base do carro porta-bloco, que tem por finalidade
garantir a estabilidade das chapas durante e após a serrada e enquanto as chapas estiverem
sobre o carro.
Palitos: Hastes metálicas usadas nos cavaletes verticais para apoio das chapas de mármore,
granito e outras rochas.
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Tear: Equipamento robusto composto de um quadro de lâminas de aço que, apoiadas sobre o
bloco de pedra, quando acionadas, fazem um movimento de vai-e-vem, serrando a pedra de cima
para baixo, sendo imprescindível o uso gradual de areia, granalha de aço e água para que seja
possível o transpasse do bloco de rochas.
Ventosa: Equipamento a vácuo usado na movimentação de chapas de mármore, granito e outras
rochas.
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