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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Ismael Buboltz
LOGÍSTICA REVERSA APLICADA À SAÚDE: A REALIDADE HOSPITALAR
FRENTE ÀS IMPOSIÇÕES DE ADEQUAÇÃO
Santa Cruz do Sul, Junho de 2011
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Ismael Buboltz
LOGÍSTICA REVERSA APLICADA À SAÚDE: A REALIDADE HOSPITALAR
FRENTE ÀS IMPOSIÇÕES DE ADEQUAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado III e como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Orientador: Prof. Rafael Frederico Henn
Santa Cruz do Sul, Junho de 2011
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AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram
um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível:
À Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe uma outra infinitamente
superior. À minha família e amigos por acrescentar razão e beleza aos meus dias. E
em especial, agradeço ao professor orientador, Sr. Rafael Frederico Henn, pela
sabedoria transmitida, pela inspiração e pelo encorajamento na realização deste
trabalho sempre com uma simpatia contagiante.
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RESUMO
Questões como gestão sócio-ambiental, sustentabilidade, consciência ambiental e
responsabilidade social são termos empregados atualmente nas organizações,
tornando-se um papel crescente na gestão empresarial. Seguindo esse mesmo
raciocínio, encontra-se a logística reversa: uma ferramenta imprescindível para as
empresas que desejam tornar-se ambientalmente responsáveis, através do
gerenciamento eficaz e eficiente de seus resíduos de produção. Mudanças se fazem
presentes nas empresas e pressões constantes como legislação, clientes,
necessidade de reduzir custos e coordenação de funções aceleram o
desenvolvimento de um novo conceito de organização. Um dos setores que possui
atualmente a maior quantidade em termo de volume de resíduos gerados são os
hospitais. Sua situação complica a medida que a variedade de materiais
descartados é grande e que em sua maioria encontra-se infectada, tornando-se
assim um problema ao meio ambiente, clientes e funcionários. A gama de resíduos
exige dos órgãos de descarte métodos e procedimentos específicos para tratamento
e destinação final de resíduos. O gerenciamento de resíduos influi positivamente na
organização acarretando um melhor aproveitamento do lixo gerado, qualidade nos
serviços, melhor aproveitamento de recursos financeiros, vantagem competitiva e
principalmente, proteção ambiental, que por sua vez reflete em saúde e bem-estar
ao homem. Este estudo objetiva apresentar um conjunto de reflexões a cerca da
logística reversa nas organizações hospitalares apresentando uma análise das
atuais situações da área da saúde e seu gerenciamento de resíduos.
Palavras-chave: logística reversa, gestão sócio-ambiental, resíduos hospitalares,
responsabilidade ambiental e social, sustentabilidade.
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ABSTRACT
Themes like Environmental and Occupational Health and Safety Management,
sustainable, environment conscience and social responsibility are words used
nowadays in Business Company receiving emphasis on Business Management.
According to this induction we can find the reverse logistic meaning: an
indispensable tool used in the organizations that want to turn it environment
responsible through an efficient managing of residues that became from the
production process. Changes are part of the companies and there’s also pressure
derived from legislation, costumers, cost reduction and co-ordination of activities.
These elements accelerate the development of a new concept of business. A sector
that haves today the most mass cubage of residues are the hospitals. Its situation
gets complicated according the variety of material rejected and the pathology
founded in the stuff, turning it a problem to the environmental, customers and
employees. The residues kinds demand from companies of discard e recycling
special methods and operating for treatment and final destination. The stuff
management gets positively flow in by the better way of residues advantage, quality
service and good use of financial resource, competitive advantage and mainly
environmental protection - that reflect in health and human wealth. The present study
objects show some elements and reflections about the reverse logistic in hospitals
pointing an analysis from the health real situation and the residues management.
Words-key: reverse logistic, environmental and occupational health and safety
management, hospitals residues, environmental and social responsibility,
sustainable.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1: Reciclagem de papel ............................................................................... 48
Ilustração 2: Reciclagem de metal ............................................................................... 48
Ilustração 3: Reciclagem de vidro ................................................................................ 49
Ilustração 4: Reciclagem de plástico ............................................................................ 49
Ilustração 5: Bombonas para armazenamento temporário .......................................... 62
Ilustração 6: Depósito de infectantes ........................................................................... 65
Ilustração 7: Carrinho usado no transporte interno ...................................................... 66
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LISTA DE TEBELAS
Tabela 1: Fontes geradoras de resíduos ...................................................................... 23
Tabela 2: Classificação dos resíduos comuns .............................................................. 26
Tabela 3: Resumo dos métodos e tratamentos e disposição final ................................ 36
Tabela 4: Produto químico por local de geração ........................................................... 40
Tabela 5: Meia-vida e decaimento de elementos radioativos ....................................... 42
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LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CENEM Comissão Nacional de Energia Nuclear
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPI Equipamento de Proteção Individual
FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GRSS S Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial
MS Ministério da Saúde
NR Norma Regulamentadora
Ph símbolo para “potencial hidrogeniônico”
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
REFORSUS Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde
RSS Resíduos Sólidos de Saúde
RSSS Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde
SESMT Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.................................................................... 13
1.1 Histórico .................................................................................................................. 13
1.2 Missão ..................................................................................................................... 16
1.3 Visão ....................................................................................................................... 16
1.4 Valores .................................................................................................................... 16
1.5 Área de atuação ...................................................................................................... 17
1.6 Localização e estrutura física ................................................................................. 17
1.7 Quadro funcional ..................................................................................................... 17
2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 19
3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 21
3.1 Geral........................................................................................................................ 21
3.2 Específicos .............................................................................................................. 21
4. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 22
4.1 Resíduos hospitalares: disposições gerais .............................................................. 22
4.1.1 Etapas no manejo do RSSS ................................................................................. 24
4.1.2 Classificação dos resíduos sólidos ....................................................................... 24
4.1.3 Fontes geradoras de resíduos .............................................................................. 27
4.1.4 Segregação e acondicionamento ......................................................................... 29
4.1.5 Coleta interna ....................................................................................................... 32
4.1.6 Transporte interno ................................................................................................ 32
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4.1.7 Armazenamento de resíduos ............................................................................... 33
4.1.7.1 Armazenamento temporário .............................................................................. 33
4.1.7.2 Armazenamento externo ................................................................................... 33
4.1.8 Coleta e transporte externo .................................................................................. 34
4.2 Logística .................................................................................................................. 35
4.2.1 Logística reversa .................................................................................................. 36
4.2.2 Logística reversa hospitalar .................................................................................. 38
4.2.3 Tratamento e disposição do RSSS ...................................................................... 40
4.2.3.1 Tratamento de resíduos do grupo A .................................................................. 44
4.2.3.1.1 Autoclave ........................................................................................................ 45
4.2.3.1.2 Microondas ..................................................................................................... 45
4.2.3.1.3 Tratamento químico........................................................................................ 45
4.2.3.1.4 Ionização ........................................................................................................ 46
4.2.3.1.5 Incineração ..................................................................................................... 46
4.2.3.2 Tratamento de resíduos do grupo B .................................................................. 47
4.2.3.3 Tratamento de resíduos do grupo C .................................................................. 48
4.2.3.4 Tratamento de resíduos do grupo D .................................................................. 49
4.2.3.4.1 Reciclagem ..................................................................................................... 50
4.2.3.4.2 Compostagem ................................................................................................ 52
4.2.3.5 Tratamento de resíduos do grupo E .................................................................. 52
4.3 Gestão sócio ambiental ........................................................................................... 53
5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 57
6. COLETA DE DADOS ............................................................................................... 60
6.1 A realidade do hospital em estudo .......................................................................... 60
6.2 Classificação adotada pelo hospital ........................................................................ 61
6.2.1 Grupo A: resíduos biológicos ............................................................................... 61
6.2.2 Grupo B: resíduos químicos ................................................................................. 62
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6.2.3 Grupo C: rejeitos radioativos ................................................................................ 62
6.2.4 Grupo D: resíduos comuns ................................................................................... 62
6.2.5 Grupo E: objetos perfurocortantes ....................................................................... 63
6.3 Tratamento preliminar empregado .......................................................................... 64
6.4 Formas de acondicionamento e identificação ......................................................... 64
6.5 Local de armazenamento externo .......................................................................... 65
6.6 Descrição do transporte interno e externo .............................................................. 66
6.7 Treinamento de pessoal .......................................................................................... 66
6.8 Tratamento e destinação final ................................................................................. 67
7. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E SUGESTÕES .......................................... 69
8. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 75
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 78
10. ANEXOS ................................................................................................................. 82
Anexo A: Organograma ................................................................................................. 83
Anexo B: Simbologia de resíduos de saúde ................................................................. 84
Anexo C: Questionário aplicado às empresas .............................................................. 86
Anexo D: Relação de empresas contatadas para questionário .................................... 87
Anexo E: Contato estabelecido via e-mail com empresas coletoras de resíduos ........ 89
Anexo F: Fontes geradoras de resíduos no Hospital Beneficente Monte Alverne ........ 90
Anexo G: Imagens externas do Hospital Beneficente Monte Alverne .......................... 91
Anexo H: Utensílios e ferramentas utilizadas na coleta de resíduos ............................ 92
Anexo I: Depósito de infectantes .................................................................................. 93
Anexo J: Equipamento de proteção individual - EPI ..................................................... 94
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INTRODUÇÃO
A logística é de suma importância para a sobrevivência e correto
funcionamento de qualquer empresa, independente do segmento. Porém em um
hospital a logística desempenha um papel ainda mais importante, pois está
relacionada a vidas humanas.
O estágio supervisionado III foi realizado com intuito de desenvolver um
estudo na área de logística do Hospital Beneficente Monte Alverne. Visa-se adequá-
lo à tendência do sistema de logística reversa a fim de possibilitar uma correta e
eficaz gestão de materiais e medicamentos no interior da entidade.
Sabe-se que o conceito de logística reversa está em evolução e encontra-se
em fase de implementação em muitas organizações. As empresas sofrem
gradativamente com a pressão da legislação ambiental e caminham lentamente na
execução de ações que tragam sustentabilidade para as futuras gerações. Porém,
quando tratamos desta questão de um ponto de vista mais operacional essa
consciência está para muitos no plano conceitual.
Uma vez que aliadas às questões ambientais encontra-se a necessidade de
reduzir custos e que um correto controle acarreta qualidade e melhor
aproveitamento de recursos financeiros, o presente estudo dar-se-á neste sentido.
Para trabalhar com a temática do problema apresentado, o trabalho está
organizado da seguinte forma, além desta introdução: capítulo 1- Apresentação da
organização; capítulo 2- Justificativa; capítulo 3- Objetivos; Capítulo 4- Revisão de
literatura; Capítulo 5- Metodologia; Capítulo 6- Coleta de dados; Capítulo 7- Análise
dos dados coletados e sugestões; Capítulo 8- Conclusão; Capítulo 9- Referências
bibliográficas e Capítulo 10- Anexos.
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1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
Situado na Rua Doutor Pedro Eggler, nº 600, no distrito de Monte Alverne,
município de Santa Cruz do Sul encontra-se o Hospital Beneficente Monte Alverne:
uma entidade civil, filantrópica, de direito privado, sem fins lucrativos, que se rege
pelo Estatuto Social e pela legislação aplicável. É uma associação formada por 28
sócios fundada em 01 de julho de 1929 comemorando, portanto, seu 82º
aniversário.
A entidade tem por objetivo social prestar assistência médico-hospitalar e de
atendimento a maternidade, sem qualquer restrição; inclusive gratuita às pessoas
carentes, com prioridade a crianças e adolescentes, idosos e pessoas portadoras
de deficiência. O hospital possui 35 leitos e atende à clínica médica geral, cirurgias,
pediatria, ginecologia e obstetrícia. A entidade conta com uma área total de
11.289,71 m2, 28 funcionários e 2 médicos clínicos gerais. Dos 35 leitos, 26 são
destinados ao atendimento SUS e os demais para convênios.
O Hospital não estabelece nenhum limite quantitativo. Atende 100% da
demanda, em sua maioria agricultores de pequeno porte, totalizando segundo o
ultimo censo em média 10.000 habitantes na localidade de Monte Alverne. O
atendimento se estende a distritos circunvizinhos, bem como os municípios de
Sinimbu e Venâncio Aires. Presta também serviços a pacientes que vêm
encaminhados através do gestor local SUS quando faltam leitos nos hospitais mais
próximos.
1.1 Histórico
Em 15 de novembro de 1886, numa cidadezinha do interior da Suíça
chamada Interlakem, nasce Dr. Pedro Eggler, o percussor que mais tarde faria
grandes mudanças na área da saúde no interior do Rio Grande do Sul.
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Desde cedo Eggler já demonstrava interesse pela medicina. Foi para Londres
na Inglaterra, onde trabalhou por quatro anos em um grande hospital alemão.
Retornou à Suíça e estudou com o famoso professor Theodor Emil Kocher.
Em 1913 veio ao Brasil, para a cidade de Feliz no interior do Rio Grande do
Sul. Em solo brasileiro conheceu Elsa Thophern, com quem casou-se dois anos
mais tarde vindo a fixar residência em Riothal. O casal teve seis filhos, cinco
meninas e um menino.
A princípio, Dr. Eggler instalou uma clínica para atendimento no Hotel Engler
(atualmente no local funciona uma agropecuária), sendo que em 1917 construiu sua
própria clínica. Essa clínica de dois pisos abrigava seu consultório e alguns quartos
no primeiro andar.
Os doentes vinham de longe se tratar com ele. Segundo relatos de Dona
Célia Ullmann, vinham caravanas de municípios como: Santa Maria e Cachoeira do
Sul para procurarem assistência médica. Os pacientes que aqui faleciam eram
sepultados no cemitério local, explicação essa para a grande diversidade de
sobrenomes de famílias de outras regiões. Também era chamado para atender em
vários municípios da região. Primeiro ia a cavalo, depois de automóvel.
Provavelmente o esforço físico excessivo, debaixo de sol e chuva, o tenha
levado a morte aos 60 anos de idade – em 24 de maio de 1947. Mais tarde a rua
central de Monte Alverne, a antiga Riothal, ganhou seu nome.
Foi em 1917 que o médico suíço, Dr. Pedro Eggler construiu a sua clínica em
Monte Alverne, distrito de Santa Cruz do Sul. Dr. Eggler foi um líder e benfeitor que
lançou a semente da assistência médica na localidade, preocupado com a saúde de
sua população. Visando melhorar o atendimento, anos depois, em 1º de julho de
1929, foi fundada a Sociedade Beneficente Riothal com base na clínica reformulada.
Em 18 de março de 1957 esta mesma entidade mudou seu nome para
Hospital Beneficente Monte Alverne, nome esse que o hospital preserva até hoje.
Essa sociedade foi presidida pelo Senhor Arthur Muller e teve como vice Miguel
Weiss. A intenção de remodelar o hospital foi cogitada, porém a Sociedade não
obteve êxito devido aos conflitos mundiais da época.
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Mais uma vez, em 1963, acentuadas as necessidades de melhorias no
hospital existente, outro impulso foi lançado visando a construção de um novo
prédio. Assim, a diretoria (presidente Sr. Arthur Muller) foi em busca de recursos
junto aos governos federal, estadual e municipal, e encaminhou à entidades da
Alemanha (Evangelische Entwicklungshilfe e Brot Für die Welt) solicitação de sua
colaboração.
Em 6 de junho de 1966 foi enviada planta à Alemanha com o plano elaborado
em três vias. A resposta veio cinco meses mais tarde. A comunidade de Riothal foi
contemplada com 533 mil marcos e a obra avaliada em 737.867 marcos. Em
seguida, agora no mês de janeiro de 1967, o pastor trouxe a notícia de que para
cada mil cruzeiros que receberem de nossa gente, o povo alemão ajudaria com mais
3 mil.
A presidência do hospital contava ainda com Padre Álvaro Aloísio Lenhard,
Altair Ullmann, Guilherme Ullmann e o Pastor Heinrich Bockius. Além deles, houve
colaboração na coordenação da construção do hospital as seguintes pessoas: Dr.
Ruben Weiss, Dr. Percy Schreck, Guilherme Voos, Odilon Mohr e Arlindo Schünke,
bem como os demais 1.030 sócios que a sociedade possuía na época.
As solicitações tiveram sucesso. Os recursos, principalmente da Alemanha,
graças ao dinamismo do Pastor Heinrich, foram suficientes.
Em 10 de dezembro de 1967 foi inaugurado um dos mais modernos hospitais
da região, com 1.600 m2 de área construída e equipamentos dos mais modernos da
época. Na data, centenas de automóveis, caminhonetas, ônibus e outras viaturas
deram aspecto diferente à Vila de Monte Alverne, fazendo afluir milhares de pessoas
dos mais diferentes recantos. Autoridades também se fizeram presentes,
inaugurando assim o prédio que levou 11 meses para ser edificado. A sede do 3º
distrito vestiu-se de gala para o dia máximo de sua história, pois o hospital atendido
por bons médicos agora levará a fama de Monte Alverne para bem longe.
A solenidade de inauguração iniciou às 10:30 horas. Houve também
celebração de missa pelo Padre Álvaro Lenhardt (vigário da localidade) e culto pelo
Pastor Heinrich Bockius. Ao som da garbosa Banda Marcial do “Nosso Regimento”,
o vereador Arno Frantz iniciou ato inaugural com a saudação oficial.
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Finalmente, foi aberta a fita simbólica pelo prefeito Orlando Baumhardt e Dr.
Karl Kaempf, sendo que as autoridades, convidados e populares tiveram
oportunidade de percorrer as dependências do novo prédio, que causou em todos a
mais viva impressão. Após o ato, um suculento churrasco foi servido aos visitantes
numa agradável área arborizada nos fundos do hospital.
1.2 Missão
A missão é o propósito ou a razão de existir da organização. A missão do
Hospital Beneficente Monte Alverne é proporcionar à comunidade regional um
atendimento de saúde humanizado e de excelência, visando a qualidade de vida,
oferecendo soluções em serviços, tecnologia e recursos humanos de forma
integrada, buscando o crescimento do hospital como instituição auto-sustentável.
1.3 Visão
A visão equivale à capacidade da empresa de idealizar condições diferentes e
melhores formas de alcançá-las. A empresa visa ser a organização preferencial pela
excelência dos serviços prestados em saúde na região de Monte Alverne e distritos
circunvizinhos.
1.4 Valores
Os valores, de acordo com Gobe (2000), compreendem todas as crenças ou
conjunto de leis que norteiam o dia-a-dia da empresa. Os valores em que o Hospital
Beneficente Monte Alverne acredita são citados a seguir:
� Satisfação dos públicos de relacionamento: humanização e ética;
� Ações conscientes: saúde e segurança dos nossos públicos e a
preservação do meio ambiente;
� Utilização de recursos atualizados: aprimoramento das ferramentas de
gestão e tecnologia;
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� Desenvolvimento do capital humano: capacitação e melhoria contínua
para satisfação dos públicos de relacionamento.
� Engajamento do corpo clínico: relação e parcerias que garantam um
trabalho de forma integrada e sistêmica.
1.5 Área de atuação
A empresa atua em Monte Alverne, distrito de Santa Cruz do Sul.
1.6 Localização e estrutura física
A empresa localiza-se na Rua Doutor Pedro Eggler, nº 600 no distrito de
Monte Alverne, Santa Cruz do Sul. O hospital possui 35 leitos e atende à clínica
médica geral, cirurgias, pediatria, ginecologia e obstetrícia. A entidade conta com
uma área total de 11.289,71 m2. Dos 35 leitos, 26 são destinados ao atendimento
SUS e os demais para convênios.
1.7 Quadro funcional
A empresa possui no total 28 funcionários que atuam nas dependências da
entidade. Possui ainda serviços terceirizados que totalizam um quadro de 3 (três)
colaboradores, conforme conta em anexo (ANEXO A).
O responsável imediato pelo hospital é o presidente da entidade, uma vez que
o hospital é representado por uma diretoria. Os membros dessa diretoria não
exercem outra função na entidade e nem mesmo recebem remuneração pela
mesma.
Nos assuntos corporativo-administrativos a representante legal da entidade é
a administradora (porém a mesma não possui formação nessa área). Ela é a
intermediação da diretoria com o restante do hospital. É de sua responsabilidade o
controle de gastos financeiros, funcionários, materiais, compra e venda, permitindo o
correto e bom funcionamento do hospital.
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A entidade possui uma enfermeira chefe que supervisiona os demais técnicos
de enfermagem. A enfermeira responde pelos serviços e procedimentos de
enfermagem, bem como dos profissionais que nela atuam. Os técnicos de
enfermagem atuam diretamente no atendimento aos clientes, tornando-se assim a
linha hierárquica de maior importância no hospital.
Os auxiliares administrativos atuam em conjunto com a administradora. Os
mesmos trabalham na recepção e atendimento aos clientes. Fica também a seu
cargo rotinas de escritório, estatísticas, pagamentos, baixas e altas, contato entre
hospitais, confecção de laudos, faturamentos, etc.
Os funcionários de serviços gerais respondem principalmente pela limpeza da
entidade. São os responsáveis pela conservação da estrutura física do hospital,
desde serviços de limpeza, jardinagem e camareira.
A copa e cozinha atuam juntas com a nutricionista no serviço de nutrição e
dietética no Hospital Beneficente Monte Alverne. De acordo com o paciente, a dieta
é formulada e o alimento entregue aos pacientes.
Na lavanderia faz-se a lavagem, secagem e armazenamento da roupa de
cama utilizada pelos pacientes. Uma atividade que é indispensável aos hospitais,
pois um quesito de extrema importância nesses locais é a higienização.
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2. JUSTIFICATIVA
Constata-se uma crescente preocupação por parte das organizações no que
diz respeito à consciência ambiental e responsabilidade social. Tal situação se dá
devido fiscalização de órgãos ambientais, necessidade de reduzir custos,
coordenação de funções e competição face a concorrência devido diferenciação de
mercado.
A logística atua como papel fundamental na gestão empresarial como um
todo, pois permite um gerenciamento eficiente e eficaz. Empresas são induzidas a
prestarem serviços de qualidade. A concorrência e os clientes exigem que a
empresa seja também responsável ambientalmente pelas ações que desempenha.
Obedecendo a este critério, sabe-se que educação ambiental é responsabilidade de
toda sociedade, inclusive empresas.
Atuando neste sentido, encontra-se a logística reversa, que com a
globalização vem ocupando espaço significativo e impondo mudanças no fluxo
reverso de logística, partindo do ponto de consumo até seu ponto de origem. A
mesma ainda é tratada com baixa prioridade devido seu baixo volume, explicação
essa, para o fato deste processo ser em muitas empresas terceirizado.
Na área hospitalar, no que diz respeito à logística reversa destaca-se o
crescente aumento nos resíduos gerados que causam problemas ambientais e
agridem a saúde de funcionários. Também conhecida como RSS - Resíduos Sólidos
de Saúde, esse material descartado necessita processos específicos de tratamento
para que suas propriedades físicas, químicas e biológicas sejam anuladas sem
causar danos ao meio ambiente.
Atualmente os problemas enfrentados pelas organizações hospitalares dizem
respeito à (1) legislação - que através de fiscalização constante impõe métodos
específicos de descarte, muitas vezes não condizentes com a realidade de trabalho;
(2) necessidade de reduzir custos – uma vez que hospitais trabalham com verbas
limitadas e (3) coordenação de funções – uma vez que é necessário um trabalho de
equipe para desempenhar tal papel, bem como um treinamento ou adequação aos
novos padrões de manuseio e descarte de materiais e medicamentos.
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Tal situação não haveria de ser diferente com o Hospital Beneficente Monte
Alverne, uma entidade que sofre constante pressão por parte de órgãos ambientais
e que busca administrar esse problema com verbas, muitas vezes insuficientes e
limitadas, provenientes da Prefeitura Municipal. Sem contar a questão da
responsabilidade social, pois a empresa visa contribuir para a sociedade como uma
empresa responsável na preservação do meio ambiente, uma vez que o principal
objetivo da organização é a saúde e o bem-estar da população em geral.
Sendo assim, o presente estágio busca apresentar melhorias e soluções para
que a organização venha a atender às exigências de mercado de forma que também
seja um fator de vantagem e diferenciação para as empresas adeptas do processo
de logística reversa na área da saúde.
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3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Desenvolver estudo na área de logística reversa aplicada à saúde,
apontando/diagnosticando possíveis falhas e sugerindo melhorias.
3.2 Objetivos específicos
• Averiguar conformidade com a legislação ambiental vigente e relacioná-la
quanto a sua aplicabilidade nos hospitais;
• Analisar a maneira correta de descarte do lixo hospitalar;
• Identificar viabilidade financeira, retorno, vantagens e desvantagens que a
implementação do processo de logística reversa traz às organizações;
• Apontar riscos causados ao meio ambiente e colaboradores em caso de
ineficácia do serviço;
• Apresentar proposta de solução para empresa otimizando seus resultados.
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4. REVISÃO DE LITERATURA
Consta a seguir revisão de literatura para embasamento do assunto estudado
como norteamento na busca pelos objetivos almejados.
4.1 Resíduos hospitalares: disposições gerais
Segundo o conceito do Ministério da Saúde do Brasil, os danos causados ao
meio ambiente afetam toda a sociedade, cujo modelo de organização –
individualista, consumista e descartável – dificulta o entendimento, por parte de cada
cidadão, da sua parcela de responsabilidade diante dos problemas ambientais.
Desse modo, é preciso observar a situação do ponto de vista coletivo e institucional.
Tal situação não haveria de ser diferente com os hospitais. Os mesmos
tornaram-se grandes geradores de resíduos. Com o início da assistência hospitalar,
certamente houve início a geração de Resíduos de Serviço de Saúde (RSS),
entretanto, somente há pouco mais de uma década estes vêm se tornando um
assunto bastante discutido, devido ao grande desenvolvimento ocorrido no campo
de infecção hospitalar e do meio ambiente (RIBEIRO FILHO, 2000).
Segundo Mozachi (2007), o problema do lixo é um assunto polêmico e de
difícil dimensionamento no nosso país, onde cerca de 90% do total recolhido é
lançado a céu aberto nos conhecidos lixões. Considerando que menos de 10% do
volume total dos resíduos sólidos hospitalares produzidos são constituídos de lixo
infeccioso, a classificação prévia na fonte produtora deverá reduzir o volume
atualmente destinado a valas sépticas.
Atualmente, no Brasil, existe uma enorme preocupação com os grandes
geradores de resíduos de maior risco para o meio ambiente, havendo intensificação
da fiscalização e exigência no cumprimento de normas e leis existentes há mais de
uma década. O principal enfoque é a responsabilização dos geradores por todo o
processo de gestão dos resíduos de serviço de saúde, desde geração até a
destinação final.
A resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993, do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), define resíduos sólidos como:
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Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos, nesta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento à rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (CONAMA, 1993).
Um Plano de Gerenciamento de RSSS (Resíduos Sólidos de Serviço de
Saúde) é conforme Mozachi (2007) um instrumento que tem por finalidade
estabelecer cada etapa deste processo de gestão de resíduos: classificação,
segregação (separação), acondicionamento, coleta interna e externa, transporte,
armazenamento, tratamento e disposição final, além do manejo seguro e uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
O objetivo de um programa efetivo de gerenciamento de resíduos infecciosos
é promover proteção à saúde pública e ao meio ambiente, devido os riscos
apresentados pelos mesmos.
Conforme Formaggia (1999), alguns requisitos, como os citados abaixo, são
primários e devem ser obedecidos por qualquer estabelecimento gerador deste tipo
de resíduo:
• Higiene e limpeza devem ser consideradas palavras de ordem do
estabelecimento de serviço de saúde;
• Todos profissionais do estabelecimento devem estar conscientizados de sua
responsabilidade, conhecer corretamente todos os procedimentos do
manuseio, coleta e transporte de RSSS. Devem conhecer símbolos gráficos
ou padrões de cores adotados, existência ou não de segregação, horários e
percurso de coleta de resíduos;
• No caso de hospitais, o gerenciamento de RSSS deve ser avaliado e
acompanhado pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar),
particularmente no que se refere à programação de treinamentos para
profissionais de setores de higiene e limpeza, e pela conscientização geral do
staff do hospital no que concerne à problemática dos RSSS.
24
4.1.1 Etapas do manejo do RSSS
De acordo com Mozachi (2007) em seu Manual do Ambiente Hospitalar as
etapas do sistema de manejo dos resíduos sólidos do serviço de saúde são:
1) Caracterizar os resíduos gerados;
2) Classificar os resíduos segundo legislação vigente;
3) Implantar sistema de manejo interno, que compreende geração, segregação,
acondicionamento, identificação, tratamento preliminar, coleta e transporte
interno, armazenamento temporário e externo. Além de higienização e
segurança ocupacional;
4) Acompanhar as fases do manejo realizadas fora do estabelecimento de
saúde, como a coleta e transporte externo, que geralmente são realizadas por
outras instituições, mas que continuam sendo de responsabilidade do
estabelecimento gerador.
4.1.2 Classificação dos resíduos sólidos
Quanto à classificação dos resíduos sólidos, encontramos sobreposição de
algumas delas, emitidas por alguns órgãos oficiais que dificultam o enquadramento
dos referidos resíduos.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de setembro de 1987,
que avalia o risco potencial ao meio ambiente e à saúde pública, conhecida como a
NBR 10.004 - Resíduos Sólidos – estabelece 3 (três) classes, conforme
apresentadas a seguir, e não contempla os rejeitos radioativos, considerando ser de
competência exclusiva do CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear):
- Resíduos de Classe I – Perigosos: Podem apresentar riscos à saúde pública
e ao meio ambiente em função de suas propriedades físico-químicas e infecto-
contagiosas. Devem apresentar também, ao menos uma das características a
seguir: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade.
25
- Resíduos de Classe II – Não-Inertes: Aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos de classe I ou III. Apresentam propriedades tais como
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.
- Resíduos de Classe III – Inertes: Quaisquer resíduos que submetidos a um
contato estático ou dinâmico com água, não tendo nenhum de seus componentes
solubilizados e concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.
A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, após amplo e polêmico
debate, em dezembro de 2004 publicou a RDC nº 306, resolução que busca
harmonizar questões de saúde e meio ambiente, conciliando suas próprias
determinações com as do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. A partir
desta resolução foi resolvido o principal ponto de conflito: a classificação dos
resíduos sólidos dos serviços de saúde. Os resíduos são divididos em 5 grupos,
sendo:
Grupo A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
infecção. Subdivide-se em:
A1 – Resíduos que necessitam de tratamento específico: Culturas e estoques
de microrganismos; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;
meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura
de culturas. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas
por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e
aquelas oriundas de coleta incompleta. Sobras de amostras de laboratório contendo
sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de
assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
A2 – Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes
de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microorganismos, bem como suas forrações, cadáveres de animais suspeitos de
serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de
disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou
confirmação diagnóstica.
26
A3 – Resíduos que necessitam de tratamento específico: peças anatômicas
(membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso
menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido
requisição pelo paciente ou familiares.
A4 – Resíduos que não necessitam de tratamento: kits de linhas arteriais,
endovenosas e dialisadores, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de
área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de
pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus
recipientes contendo fezes, urina e secreções. Resíduos de tecido adiposo
proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia
plástica que gere este tipo de resíduo. Recipientes e materiais resultantes do
processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos
na forma livre. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes
de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação
diagnóstica. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente: antimicrobianos, hormônios sintéticos,
quimioterápicos e materiais descartáveis por eles contaminados. Medicamentos
vencidos, contaminados, interditados, parcialmente utilizados e demais
medicamentos impróprios para consumo. Objetos perfurocortantes contaminados
com quimioterápico ou outro produto químico perigoso. Mercúrio e outros resíduos
de metais pesados. Saneantes e domissanitários. Líquidos reveladores e fixadores
de filmes (centro de imagem). Efluentes de equipamentos automatizados utilizados
em análises clínicas. Contempla ainda quaisquer resíduos do Grupo D, comuns,
com risco de estarem contaminados por agente químico.
Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclídeos (átomos que emitem radiação) e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista. São enquadrados neste grupo, todos os
resíduos dos grupos A, B e D contaminados com radionuclídeos, provenientes de
laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.
27
Estes resíduos quando gerados, devem ser identificados com o símbolo
internacional de substância radioativa, separados de acordo com a natureza física
do material, do elemento radioativo presente e o tempo de decaimento necessário
para atingir o limite de eliminação, de acordo com a NE 605 da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN). Devido suas características de periculosidade, é
também aconselhável que os resíduos sejam manejados por pessoal capacitado.
Grupo D: resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico
à saúde ou ao meio ambiente. Suas características são similares às dos resíduos
domiciliares: papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos. Peças
descartáveis de vestuário. Resto alimentar de pacientes. Material utilizado em anti-
sepsia e hemostasia de venóclises – punção. Equipo de soro e outros similares não
classificados como A1 ou A4. Resíduos de gesso provenientes de assistência à
saúde. Sobras de alimentos e do preparo de alimentos. Resto alimentar de refeitório.
Resíduos provenientes das áreas administrativas. Resíduos de varrição, flores,
podas de jardins.
Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes: objetos e instrumentos
contendo cantos, bordas, pontas ou protuberâncias rígidas e agudas, capazes de
cortar ou perfurar. Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, brocas, limas
endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, tubos capilares, lancetas,
ampolas de vidro, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas. Todos os utensílios
de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sangüínea e placas de
Petri) e outros similares.
4.1.3 Fontes geradoras de resíduos
Soares (1997) estabelece o conceito de leito ocupado, por ser o leito a
unidade de referência do hospital. Valores como 4,57 Kg de resíduos/leito
ocupado/dia foram descritos (3,35 Kg de resíduos comum e 1,22 Kg de resíduos
hospitalares). É importante ressaltar que esses valores podem variar para mais ou
para menos, dependendo das características do hospital e do serviço por ele
prestado.
28
Outro índice utilizado leva em conta a quantidade de resíduos gerados e sua
relação com o número de funcionários do hospital ou estabelecimento de saúde. A
seguir (Tabela 1) ilustra-se uma possível situação de identificação dos resíduos
gerados de acordo com os locais e modalidades de atendimento, porém recomenda-
se que cada unidade faça sua própria avaliação (MOZACHI, 2001).
Tabela 01: Fontes Geradoras de Resíduos
FONTES GERADORAS DE RESÍDUOS
FONTE GERADORA RISCO BIOLÓGICO
RISCO QUÍMICO
RISCO RADIOATIVO
RESÍDUOS COMUNS
NOS HOSPITAIS
AMBULATÓRIO X X X X
AUTÓPSIA X X X X
CENTRO CIRÚRGICO X X X X
ISOLAMENTO X X X X
MEDICINA INTERNA X X X X
RADIOLOGIA X X X X
UTI X X X X
URGÊNCIA/EMERGÊNCIA X X X
NOS LABORATÓRIOS
BIOQUÍMICA X X X X
COLETA X X X X
HEMATOLOGIA X X X X
MEDICINA NUCLEAR X X X X
MICROBIOLOGIA X X X X
PATOLOGIA CLÍNICA X X X X
NOS DEMAIS SETORES
ADMINISTRAÇÃO X
ALMOXARIFADO X X
ÁREA DE CIRCULAÇÃO X
BANCO DE SANGUE X X X
29
CENTRAL DE ESTERELIZAÇÃO
X X
COZINHA/COPA X
FARMÁCIA INTERNA X X
LAVANDERIA X X
Fonte: BRASIL, 2001.
4.1.4 Segregação e acondicionamento
De acordo com o Manual do Ambiente Hospitalar de 2007 que serve de
referência para as atividades realizadas nos hospitais brasileiros, segregação e
acondicionamento são processos que consistem em separar e selecionar os
resíduos segundo a classificação adotada na fonte de geração, sendo fundamental a
capacitação do pessoal responsável.
A segregação objetiva: minimizar a contaminação de resíduos hospitalares;
permitir a adoção de procedimentos específicos como manejo e tratamento de cada
grupo de resíduos; reduzir riscos à saúde e prevenir acidentes ocasionados pela
inadequada separação e acondicionamento dos perfurocortantes. Visa também
diminuir custos no manejo de resíduos e proporcionar a recuperação do lixo
reciclável gerado nos serviços de saúde, contribuindo com a preservação do meio
ambiente.
O acondicionamento dos Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde serve como
barreira física, reduzindo os riscos de contaminação, facilitando a coleta, o
armazenamento e o transporte. O acondicionamento deve observar regras e
recomendações específicas e ser supervisionado de forma rigorosa. Para
acondicionar corretamente os resíduos segregados, os sacos e/ou recipientes
devem ser impermeáveis, resistentes à punctura (fáceis de abrir), ruptura e
vazamentos.
Conforme a NBR 7.500 da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas), símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de
materiais - os resíduos com risco biológico, Grupo A, devem ser segregados em
saco plástico branco leitoso, resistente, impermeável, devidamente identificado com
30
o rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o símbolo universal de
substância infectante. Sugere-se a inscrição “Risco Biológico”.
Os objetos perfurocortantes com resíduos de risco biológico devem ser
acondicionados em recipientes rígidos, preenchidos somente até 2/3 de seu volume
ou capacidade. Os perfurocortantes, uma vez colocados em seus recipientes, não
devem ser removidos por razão alguma. Nas situações emergenciais em que não se
disponha de recipientes específicos para perfurocortantes, estes devem ser
colocados em latas com tampa ou embalagens plásticas e, em seguida, colocados
em sacos plásticos brancos etiquetados com a inscrição “Risco Biológico”.
Conforme a mesma norma da ABNT, os resíduos do Grupo B devem ser
identificados com rótulos de fundo branco e contornos pretos, contendo o símbolo
universal de substância tóxica. Sugere-se a inscrição “Risco Químico”.
Os objetos perfurocortantes contaminados com resíduos químicos devem ser
acondicionados em recipientes rígidos, preenchidos somente até 2/3 de seu volume
ou capacidade. Os recipientes devem ser colocados em sacos plásticos brancos e
etiquetados com símbolo universal de substância tóxica e com as inscrições “Risco
Químico” e “Perfurocortantes”.
Os resíduos químicos líquidos devem ser acondicionados com sua
embalagem original, dentro de recipiente inquebrável, envolvido em saco branco
leitoso, etiquetados com o símbolo universal de substância tóxica e com a inscrição
“Risco Químico”. Caso não possua mais sua embalagem original, aconselha-se
acondicionar em garrafas plásticas rígidas, resistentes e estanques, com tampa
rosqueada, etiquetado com as informações necessárias para identificação do
produto e proceder como se estivesse na embalagem original.
Os rejeitos radioativos, Grupo C, devem ser manejados e armazenados por
pessoal capacitado, devido à sua alta periculosidade. Esses resíduos devem ser
acondicionados de acordo com a norma CNEN NE 6.05 para eliminação da
radioatividade. Os rejeitos radioativos deverão ser coletados em recipientes
blindados e identificados com rótulos contendo o símbolo universal da substância
radioativa, e escrito “Rejeito Radioativo”, contendo a inscrição em fundo branco,
desenho e contornos pretos.
31
Os resíduos comuns, Grupo D, podem ser acondicionados em sacos plásticos
comuns, de qualquer cor. Caso os resíduos sejam reciclados deverão ser
acondicionados em local de geração, em recipientes específicos para cada tipo de
material reciclável. Para facilitar a segregação, é conveniente instalar recipientes
especiais de cores diferentes nos locais de geração de resíduos. Esta prática facilita
a reciclagem porque os materiais estarão mais limpos e, conseqüentemente, com
maior potencial de reaproveitamento.
Os resíduos comuns devem ser acondicionados em sacos plásticos
impermeáveis na cor preta e devem ser manejados de acordo com as normas dos
serviços de limpeza urbana local.
A seguir encontra-se tabela de Classificação dos Resíduos Comuns:
Tabela 02: Classificação dos Resíduos Comuns
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS COMUNS
VIDRO Os resíduos de vidro reciclável devem ser depositados em recipiente
adequado, na cor verde, exclusivo para este tipo de resíduo e não
deve ser preenchido com mais de ¾ de seu volume. Recipientes de
vidro que tenham sido usados para armazenar produtos químicos só
podem ser descartados como vidro reciclável se tiverem passado por
processo de descontaminação.
PLÁSTICO Os resíduos de plástico reciclável devem ser depositados em
recipientes adequados, na cor vermelha.
METAIS Os metais recicláveis devem ser depositados em recipiente próprio, na
cor amarela.
PAPÉIS Os papéis recicláveis devem ser depositados em recipiente próprio, na
cor azul.
ORGÂNICOS Os resíduos orgânicos (sobras de alimentos, frutas, legumes, flores,
podas de jardinagem, etc.) devem ser separados nas próprias fontes
geradoras e acondicionados em recipiente próprio na cor marrom.
Fonte: BRASIL, 2001.
32
4.1.5 Coleta interna
Mozachi (2007) divide a coleta interna em dois níveis:
Coleta Interna I: consiste na remoção dos recipientes do local de geração dos
resíduos para o local de armazenamento temporário (sala de resíduos);
Coleta Interna II: neste nível os resíduos são transportados do local de
armazenamento temporário para o local de armazenamento interno.
Às vezes esta operação é realizada diretamente de I para II, principalmente
em hospitais menores com a disposição do armazenamento externo.
A coleta deve ser realizada por pessoal treinado e, devidamente provido de
EPI (Equipamento de Proteção Individual). A equipe deve ser imunizada contra
tétano, hepatite e outras doenças determinadas pelo Serviço Especializado de
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). As características dos
equipamentos de proteção devem estar de acordo com o tipo de resíduo coletado e
com o procedimento realizado, bem como com as normas de medicina e segurança
do trabalho (NR6).
No caso de ocorrer acidente durante o manejo de resíduos, como, por
exemplo, o rompimento de um saco plástico ou derramamento, a primeira
providência a ser tomada é a remoção do material do local. Logo após, deve-se
realizar a limpeza com desinfecção e notificar o ocorrido à chefia do setor.
4.1.6 Transporte interno
Mozachi (2007) explica que o transporte interno dos resíduos sólidos de
saúde deve ser executado em rotas específicas, planejadas e utilizando o itinerário
de menor percurso entre as fontes geradoras.
Deve-se evitar o rompimento de sacos plásticos, além de esforço excessivo e
acidentes. Os resíduos devem ser transportados devidamente acondicionados em
seus recipientes, em carrinhos de coleta exclusivos para esse fim e exclusivos para
o transporte de um determinado grupo de resíduos.
33
As rotas do transporte interno devem evitar horários e locais de grande fluxo
de pessoas e outros transportes ou serviços do estabelecimento de saúde, evitando
riscos adicionais de acidentes.
4.1.7 Armazenamento de resíduos
Armazenamento consiste na estocagem dos resíduos de forma segura em
locais apropriados do estabelecimento (MOZACHI, 2007). Divide-se em:
4.1.7.1 Armazenamento temporário
Consiste no armazenamento temporário e visa manter os resíduos em
condições seguras até o momento mais adequado para a realização da coleta
interna. É recomendável que cada unidade geradora de um estabelecimento de
saúde tenha ao menos um local interno apropriado para armazenamento temporário
de resíduos.
A partir dessas salas, os resíduos devem ser recolhidos em horários
estabelecidos e levados para o local de armazenamento externo, onde aguardarão a
coleta externa. Os resíduos de diferentes grupos podem ficar armazenados em
conjunto no local de armazenamento temporário, desde que devidamente
acondicionados e identificados nos carros de transporte ou em compartimentos
separados. O local de armazenamento temporário é facultativo para os pequenos
geradores. Nesse caso, os resíduos gerados podem ser encaminhados diretamente
para o local de armazenamento externo.
4.1.7.2 Armazenamento externo
O armazenamento externo consiste na guarda dos resíduos sólidos de saúde
no próprio estabelecimento até a coleta externa. Neste local, os resíduos devem
estar separados de acordo com o grupo a que pertencem, para evitar mistura e/ou
possibilitar focos de contaminação.
34
4.1.8 Coleta e transporte externo
De acordo com Mozachi (2007), a coleta externa dos resíduos dos grupos A e
D deve ser preferencialmente diária, sendo admissível sua realização, no mínimo,
três vezes por semana, evitando assim, o armazenamento por um tempo superior a
dois dias, o que aumentaria o risco de contaminação ambiental e proliferação de
vetores e odores desagradáveis.
O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia Normatização e Qualidade
Industrial) é o órgão responsável pela fiscalização do transporte de produtos
perigosos. Nos casos do transporte dos resíduos do grupo C, o órgão normatizador
é o CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Os estabelecimentos, de acordo com a infra-estrutura e disponibilidade local,
podem realizar o próprio transporte externo ou terceirizar essa atividade. Os
responsáveis pela coleta externa dos resíduos sólidos do serviço de saúde, segundo
Mozachi (2007), devem considerar os seguintes fatores: roteiro, freqüência, horário;
características dos meios de transporte; carga e descarga; manutenção e
desinfecção de equipamentos e utensílios; medidas de segurança; capacitação do
pessoal envolvido e exigências legais, tais como licenciamento, responsabilidade
técnica, etc.
No transporte externo deve ser utilizado o roteiro mais curto possível,
evitando vias e horários de maior trânsito, com o propósito de reduzis os efeitos
negativos em caso de acidente e derramamentos.
Existe um dado alarmante em relação à coleta no Brasil. Conforme dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2003, cerca de 4.000
toneladas de resíduos do serviço de saúde são produzidas diariamente. A pesquisa
teve como censo 5.507 municípios brasileiros. O estudo aponta que apenas 14%
(779 municípios) disseram tratar o lixo de saúde adequadamente, seguindo o que
determinam as resoluções nº 5/93 e nº 283/2001 do CONAMA (Conselho Nacional
do Meio Ambiente).
A pesquisa ainda acrescenta que 22% das cidades (1.193 municípios)
admitiram jogar os resíduos no ambiente sem nem sequer tratá-los, e outros 2.041
municípios (37%) nem coletam o lixo de saúde de forma diferenciada, como
35
determina a legislação. Há ainda 1.557 municípios (28%) que disseram queimar o
lixo a céu aberto ou dar outras destinações consideradas inadequadas, como valas
sépticas.
4.2 Logística
O processo de globalização tem implicações não só econômicas, mas
também sociais, tecnológicas, culturais e políticas. Nesse contexto, o sistema
produtor de bens e serviços, de forma geral, enfrenta novos desafios na produção e
igualmente na distribuição desses bens e serviços. Como decorrência desses
condicionantes, nos últimos anos, a logística tem assumido um papel fundamental
na gestão empresarial como um todo.
É crescente na literatura especializada em operações e serviços prestados à
comunidade, a importância atribuída à logística como elemento fundamental ao
gerenciamento eficiente e eficaz no suprimento de mercadorias. A mesma envolve a
gestão de fluxos correlatos de produtos, informações e de recursos financeiros, que
vão desde o fornecedor inicial ao consumidor final.
Os conceitos em torno da logística são diversos, mas o conceito principal
aponta a logística como sendo o processo de gerenciar estrategicamente a
aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados
(e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades, presente e futura, através
do atendimento dos pedidos a baixo custo. (CRISTOPHER, 2007).
Para Novaes (2001), a logística consiste no processo de planejar,
implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos,
bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem
até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.
Dias (1993), analisa logística como sendo a responsável pela movimentação
de materiais e produtos, através da utilização de equipamentos, mão-de-obra e
instalações, de tal forma que o consumidor tenha acesso ao produto na hora e com
o menor custo que lhe convenha.
36
4.2.1 Logística reversa
Uma área oriunda da ênfase dada a questões ecológicas, quer pela pressão
dos governos e comunidades locais, ou pela adoção de novas posturas estratégicas
pelas empresas que ganha importância crescente em negócios lucrativos e
sustentáveis é a logística reversa.
Segundo Pires (2000), esse conceito está inserido dentro da logística e
proporciona um caminho inverso de materiais nas organizações, ou seja, vai do
ponto de consumo ao ponto de origem.
Assim, segundo o autor, na ótica da logística reversa podem-se ter duas
frentes a respeito dos produtos: uma refere-se ao fluxo de retorno de produtos que
foram entregues com algum tipo de problema e necessitam de reparos ou consertos,
e a outra visão refere-se ao fluxo de retorno dos produtos para reciclagem, novo uso
ou reutilização parcial ou total.
De maneira sucinta, logística reversa é o processo logístico de retirar
produtos novos ou usados de seu ponto inicial na cadeia de suprimento, como
devolução de clientes, inventário excedente ou mercadoria obsoleta, e redistribuí-los
usando regras de gerenciamento de materiais que maximizem o valor dos itens no
final de sua vida útil original. Esse processo refere-se às atividades de recolher,
desmontar e processar produtos usados, bem como partes de produtos ou materiais
para garantir uma recuperação sustentável e benéfica ao meio ambiente.
Stock (1998) define a logística reversa como o processo de planejamento,
implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas,
estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do
ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou
destinar à apropriada disposição:
Em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, separação e remanufatura. (STOCK, 1998, p.20)
Leite (2003) complementa afirmando que os materiais podem ser
recondicionados, desde que haja justificativa econômica, ou reciclados, se não
37
houver possibilidade de recuperação. Essas alternativas geram materiais
reaproveitados que entram no sistema logístico direto.
Entendemos a logística reversa como área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, de retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE, 2003, p.17).
Bowersox e Closs (2001) apresentam nessa mesma linha de raciocínio a idéia
de “Apoio ao Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística
moderna referindo-se ao prolongamento da logística além do fluxo dos materiais e a
necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral. Existe um
conceito mais amplo que é o “ciclo de vida”, onde a vida de um produto, do ponto de
vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente.
Nesse sentido, Pires e Musetti (2000) comentam que a natureza do processo
de logística reversa depende do tipo de material e do motivo pelo qual este entra no
sistema. Os materiais podem ser divididos em dois grupos: produtos e embalagens.
No caso de produtos, os fluxos de logística reversa dar-se-ão pela necessidade de
reparo, reciclagem, ou porque simplesmente os clientes os retornam ao ponto de
origem.
Em CLM – Council of Logistic Management (1993) a logística reversa é
tratada como um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no
gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e
embalagens.
Sendo assim, a logística reversa, por meio de sistemas operacionais
diferentes em cada categoria de fluxos reversos, objetiva tornar possível o retorno
dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios.
Leite (2003) complementa dizendo que o processo agrega valor econômico,
ecológico, legal e de localização ao planejar redes reversas e as respectivas
informações, operacionalizando o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou
de pós-venda, por meio de processamentos logísticos de consolidação, separação e
seleção, até a reintegração ao ciclo.
38
Lacerda (2002) observa que o escopo e a escala das atividades de
reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado
consideravelmente nos últimos anos devido questões ambientais, concorrência
(diferenciação por serviço) e redução de custo.
Por fim, pode-se destacar que a gestão ambiental merece espaço dentro das
organizações devido sua iniciativa, porém esta gestão abrange instrumentos de
monitoramento, controle, taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e
ações, além de treinamento e conscientização (MEYER, 2000).
4.2.2 Logística reversa hospitalar
Em se tratando de saúde, a gestão ambiental e a logística reversa merecem
atenção especial, uma vez que os rejeitos descartados diariamente pelos hospitais
são em grande volume e inclui-se o fato destes materiais estarem contaminados e
apresentarem risco aos colaboradores e ao meio ambiente. Neste sentido, a
logística reversa aplicada ao setor hospitalar é de suma importância, uma vez que
os resíduos do serviço de saúde não podem ser descartados de qualquer maneira.
Aliado a este fato está a legislação e órgãos públicos que fiscalizam as entidades
garantindo o cumprimento das normas.
Sabe-se que as instituições, principalmente públicas mantidas pelo governo,
tendem a trabalhar com verbas e orçamentos limitados. Desse modo, a logística
reversa trabalha com o aproveitamento de resíduos, no qual muitas organizações se
sustentam com a venda de material reciclado. Essa situação acarreta uma
otimização de recursos e torna a logística reversa uma ferramenta para diminuição
destes custos operacionais. Conseqüentemente, o conhecimento sobre o assunto
nos possibilita avançar na busca de otimização de recursos e tornar a organização
mais competitiva, ou no mínimo fazer mais com os recursos disponíveis. Busca-se
neste processo proteção de colaboradores, preservação da saúde pública e de
recursos naturais junto ao meio ambiente.
Em relação a logística reversa, ao tratamento e disposição final de resíduos
sólidos do serviço de saúde, há controvérsias entre as políticas e legislações
vigentes. Isso se dá pelo fato de as esferas políticas, econômicas, sociais e
39
relacionadas ao meio ambiente defenderem interesses particulares. Não há uma
padronização no tratamento dos resíduos. O tratamento final de resíduos dá-se de
acordo com a classificação dos mesmos, sendo os órgãos específicos de cada
grupo de resíduos que ditarão a correta maneira de disposição final do material.
Dessa maneira, a organização, devido a falta de orientação e por não ter certeza da
melhor maneira de descarte, muitas vezes não destina corretamente seus resíduos
provenientes do serviço de saúde.
De acordo com Blenkharn (2007), em um recente estudo realizado na
Inglaterra, identificou-se que um enorme montante de resíduos não vinha sendo
segregado no país e que mesmo com a implantação da regularização de resíduos
sólidos de saúde grande parte vinha sendo descartada de maneira irregular. No
Brasil, de acordo com Bottiglieri (1997), em grandes hospitais há uma variância de
1,0 a 6,5 toneladas/dia (dependendo do número de leitos) de resíduos e demonstra
que esse serviço vem sendo terceirizado na maioria dos hospitais.
Esse é outro problema que afeta as entidades: a maioria dos hospitais, devido
alto custo terceiriza o processo, mas não dispõe de absoluta certeza quanto a
correta disposição final dos resíduos gerados pela organização. As empresas
responsáveis pela coleta, transporte e disposição final de resíduos, necessitam de
licença na FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental – mas o seu simples
registro junto ao órgão não garante que a contratada desempenhe seu serviço de
acordo com a legislação. Motivo este, para os inquéritos civis em andamento que
averiguam as empresas portadoras deste serviço.
Cabe ressaltar que de acordo com o Decreto de Resíduos Sólidos, em seu
artigo oitavo, a coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e destinação
final dos resíduos sólidos de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação
de serviços, inclusive de saúde, são de responsabilidade da fonte geradora. Nesse
caso, é preciso uma parceria entre hospitais e empresas de coleta e transporte de
resíduos para que ambos estejam dentro das normas, protegendo o meio ambiente
e atendendo a legislação vigente.
Recentemente também foi aprovada uma lei (nº 12.305 de 02 de agosto de
2010) que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Algumas novidades
apresentadas por esta lei prometem mudar profundamente a forma de agir dos
40
órgãos públicos, do setor produtivo e da sociedade brasileira como um todo em
relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos, sejam eles perigosos ou não.
Apesar de depender ainda de regulamentação para ter plena eficácia,
algumas obrigações criadas pela nova lei merecem destaque pelo impacto que elas
causarão, destacando-se a que obriga os órgãos públicos federais, estaduais e
municipais a elaborarem Planos de Resíduos Sólidos, que serão compostos pelo
diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; metas e ações para redução,
reutilização e sua eliminação; criação de novas normas técnicas sobre o assunto,
entre outros. Além disso, os setores produtivos geradores de resíduos sólidos,
incluindo os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços (hospitais, por
exemplo) e até mesmo as micro e pequenas empresas, terão que elaborar seus
planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
Assim sendo, o presente estudo estaria se antecipando às possíveis normas
que entrarão em rigor, tornando o estabelecimento legalmente incluso no plano de
gerenciamento de resíduos sólidos.
4.2.3 Tratamento e disposição final do RSSS
A disposição final é entendida por Leite (2003) como o último local de destino
para o qual são enviados produtos, materiais e resíduos em geral sem condições de
revalorização.
Tradicionalmente, são considerados ‘disposições finais seguras’, sob o ponto de vista ecológico, os aterros sanitários tecnicamente controlados, nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas são ‘estocados’ entre camadas de terra, para que ocorra sua absorção natural, ou são incinerados, obtendo-se revalorização pela queima e pela extração de sua energia residual. A disposição final não controlada, constituída pela deposição desses resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios, terrenos, acarreta poluição ambiental. (LEITE, 2003, pg. 7)
O aterro sanitário é um sistema de disposição do lixo projetado para esse fim,
no qual são utilizadas técnicas de engenharia sanitária visando evitar a
contaminação de lençóis freáticos e a degradação ambiental nas regiões vizinhas.
41
De acordo com Leite (2003), a disposição de lixo em aterros tem custos
diretos considerados baixos quando comparados aos sistemas de incineração e
compostagem, mas, por outro lado, originam outros custos e problemas de natureza
social e ecológica.
O tratamento de resíduos de serviço de saúde é definido como o “conjunto de
unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-
químicas, químicas ou biológicas dos resíduos e conduzem a minimização do risco à
saúde pública e à qualidade do meio ambiente”. (CONAMA nº 283/01, BRASIL,
2001).
As estratégias de tratamento devem levar em conta: redução na fonte de
resíduos gerados; redução do desperdício de matérias-primas e modificação de
processos existentes de forma a minimizar os riscos.
Existem vários procedimentos de tratamento de resíduos sólidos do serviço
de saúde, associados aos diferentes grupos de resíduos.
Para efeito de tratamento, merecem destaques os resíduos de Grupo A (risco
biológico), do Grupo B (risco químico) e do Grupo C (rejeitos radioativos). Cada um
desses grupos de resíduos tem características próprias, o que implica em
tratamentos distintos e específicos.
Tabela 03: Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde
RESUMO DOS MÉTODOS DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL
Métodos de Tratamento
GRUPOS DE RSSS PROCESSO
Grupo A Biológico
Grupo B Químico
Grupo C Radioativo
Redução Volume
Eficiência Desinfecção
Impacto Ambiental
Custo Operação
Capacidade Tratamento
Incineração X X Alta Alta Baixo Alto Sem limites
Autoclave X Baixa Alta Baixo Médio Média Baixa
Tratamento Químico
X Baixa Incompleta Médio Médio Média Alta
Microondas X Baixa Alta Baixo Alto Muito Baixa
Decaimento X
Fonte: BRASIL, 2002
42
Segundo Mozachi (2007), no caso de haverem resíduos que possuam
características que os enquadrem em mais de um grupo, o tratamento deve
compatibilizar-se com as exigências de cada grupo. Por exemplo, resíduos de risco
biológico contaminados com rejeitos radioativos deverão ser tratados, inicialmente,
como rejeitos radioativos e, posteriormente (após o tempo de decaimento), como
resíduos com risco biológico. Resíduos com risco biológico contaminado com
resíduos de risco químico devem ser tratados como resíduos com risco químico.
Segundo dados de 2000 obtidos através do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), o mercado brasileiro de serviços de Resíduos Sólidos do
Serviço de Saúde modificou-se bastante ao longo dos anos. Na década de 90
poucos resíduos hospitalares eram tratados. Os que o faziam utilizavam-se de
incineradores, autoclaves ou aterro sanitário, porém a grande maioria (80% das
fontes geradores de resíduos) destinava seu lixo a aterros sanitários.
Em várias cidades brasileiras as prefeituras assumiram a destinação dos
resíduos, apesar de não ser sua atribuição legal. Havia também prestadores de
serviços na destinação de resíduos de saúde, porém mais restritos ao eixo São
Paulo – Minas Gerais e com pouca abrangência.
No final da década de 90 e início da próxima década houve uma série de
mudanças. Houve ano eleitoral, dificuldades econômicas e edição de novas
resoluções referente ao destino dos resíduos (Resolução CONAMA 316/02 e
283/01). A partir daí os hospitais e prefeituras não tinham mais recursos para montar
sistemas próprios de tratamento de resíduos e os serviços terceirizados começaram
a aparecer. Essa tendência continua ainda hoje, por todo o país, principalmente
próximo às capitais, seguem se instalando novas empresas prestadoras de serviço
nessa área.
A legislação ambiental brasileira vem seguindo a legislação européia em uma
série de características. Portanto, olhando para as novas leis da comunidade
européia pode-se ter uma idéia do que virá no Brasil. Outro fator importante a
considerar são os grupos de interesse, que seguem exercendo pressões sobre
órgãos legislativos.
43
Um indicativo forte é o combate europeu aos aterros. Partindo do princípio
que aterros representam um risco contínuo, que dificilmente uma impermeabilização
de aterro sanitário dura mais de vinte anos, e que os custos da manutenção de um
aterro por centenas de anos, com renovação da camada impermeabilizante a cada
20 anos, são altíssimos. O Conselho da União Européia editou a Diretiva
1999/31/CE proibindo a colocação de qualquer tipo de lixo em aterro sem tratamento
prévio a partir de 2005. Como tratamento prévio a legislação européia entende um
processo que altera características biológicas, químicas, físicas e físico-químicas
dos resíduos. Devido a essa definição na Europa, bem como nos EUA, a
autoclavagem e microondas não são consideradas formas de tratamento completas.
A forma de tratamento mais escolhida varia entre os diferentes países
europeus. No entanto há uma predominância clara da incineração, e países
deficientes nesta tecnologia, como a Áustria, por exemplo, buscam se atualizar.
De acordo com a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais (2007), 68% dos Resíduos de Serviço de Saúde
gerados no Brasil não são tratados, sendo que na Região Sul (Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná) este percentual chega a 75%.
Conforme Teixeira (2006) existem métodos de disposição no solo que são
recomendáveis sanitária e tecnicamente para a destinação final de resíduos. Os
principais métodos utilizados são descritos a seguir:
- Aterro Sanitário: segundo a NBR 8.419/1992, aterro sanitário é “a técnica de
disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde
pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que
utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área
possível e reluzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se
necessário“;
- Aterro Industrial: é o método de disposição de resíduos no solo mais
apropriado para os resíduos químicos perigosos. É construído segundo padrões
rígidos de engenharia, de forma a não causar danos ao meio ambiente, à saúde
pública e à sua segurança.
44
- Vala Séptica: é o método de destinação final específico para o aterramento
da fração infectante dos RSS. Consiste em valas escavadas em local isolado no
aterro, revestidas por material impermeável (normalmente mantas sintéticas) que
recebem os resíduos de saúde e logo após uma cobertura de solo. Devem ser
executadas em locais onde o nível freático seja mais profundo. Nas valas sépticas
os resíduos dispostos não são compactados, diminuindo, assim, sua vida útil em
comparação a de um aterro sanitário.
Conforme o Ministério da Saúde (Projeto REFOSUS, Brasil, 2002), para
selecionar o tipo de tratamento e destinação final mais adequada dos resíduos deve-
se avaliar:
• Impacto ambiental;
• Custos de instalação e manutenção;
• Capacidade do equipamento e;
• Fatores de segurança;
4.2.3.1 Tratamento de resíduos do grupo A
Geralmente, em estabelecimentos de saúde, o termo ‘tratamento’ está
associado aos resíduos de risco biológico (Grupo A) e existem dificuldades para
estabelecer critérios para definir o melhor tratamento, sendo que a segregação
(separação) pode ser encarada como parte integrante do processo.
Busca-se nestes tratamentos a redução de agentes biológicos, o que se
consegue com a desinfecção – eliminação da maioria dos microorganismos
patogênicos, exceto os esporos bacterianos de superfícies contaminadas.
Para Mozachi (2007) os tratamentos podem ser assim apresentados:
• Desinfecção que pode ser realizada pelos métodos de autoclave,
microondas, tratamento químico, radiação, ionizante;
• Destruição térmica que pode ser por meio de incineração, pirólise
(decomposição a altas temperaturas) e plasma (estado gasoso);
45
4.2.3.1.1 Autoclave
Consiste em submeter os resíduos biológicos a um tratamento térmico, sob
determinadas condições de pressão, em uma câmara selada, por tempo
determinado e com prévia extração do ar presente.
Vantagens: facilita a operação; baixo custo operacional com manutenção
simples e barata.
Desvantagens: geração de odores desagradáveis e aerossóis; baixa ou
nenhuma redução do volume dos resíduos tratados e não adequado para resíduos
anatômicos.
4.2.3.1.2 Microondas
Consiste em submeter os resíduos biológicos, previamente triturados e
envolvidos com vapor, à vibração eletromagnética de alta freqüência, até alcançar e
manter a temperatura de 100ºC. Baseia-se na ação do calor produzido pelos
geradores de radiação magnética de alta freqüência. Esse método apresenta
vantagens e desvantagens, como consta a seguir:
Vantagens: Operação contínua, descaracterização e redução de volume
quando utilizada trituração;
Desvantagens: Custo operacional alto em relação aos demais métodos;
capacidade de operação limitada e risco de emissão de aerossóis, vapores tóxicos e
radiação.
4.2.3.1.3 Tratamento químico
Dá-se por meio do uso de desinfetante. Leva-se em consideração: tipo de
microorganismos, grau de contaminação e tipo; concentração e quantidade de
desinfetante; além de temperatura, grau de mistura e duração do contato do
desinfetante com os resíduos. Baseia-se na ação de produtos químicos, associados
a outros fatores como temperatura, trituração e controle de pH. O objetivo de seu
46
uso é a eliminação de microorganismos, porém estes produtos podem sofrer
inativação por matérias orgânicas e/ou diluição.
Vantagens: custo operacional baixo; baixo investimento inicial para o caso de
tratamento local e possibilidade de realização na geração (para tratamento local).
Desvantagens: ineficaz contra patogênicos resistentes ao desinfetante
utilizado; não há redução do volume (a não ser que exista trituração) e necessidade
de cuidados adicionais com efluentes gerados.
4.2.3.1.4 Ionização
Neste processo, os resíduos são submetidos à ação de raios gama,
utilizando-se uma fonte radioativa que destrói os microorganismos. Este processo é
mais comumente utilizado na esterilização de produtos farmacêuticos e alimentares,
com pouca utilização no tratamento do RSSS (Resíduos Sólidos do Serviço de
Saúde). Porém há um detalhe importante: no fim da vida útil do equipamento, a fonte
de irradiação se torna rejeito radioativo de alta periculosidade, causando problemas
quanto à sua disposição final.
Vantagens: alta eficiência e grande poder de penetração da radiação.
Desvantagens: Complexidade de operação para manutenção das condições
de segurança e alto custo de instalação.
4.2.3.1.5 Incineração
Consiste em destruir os resíduos mediante um processo de combustão
(800ºC a 1.200ºC) no qual os resíduos são reduzidos a cinzas. Vários tipos de
tratamento utilizam combustão dos resíduos sob condições específicas, como forma
de desinfecção. Porém, esse método gera emissão de gases tóxicos que devem ser
previamente tratados (lavagem, química, ciclones ou precipitadores eletroestáticos,
filtros, etc.).
47
Vantagens: alta eficiência na destruição; redução no volume (80 a 95%) dos
resíduos tratados e especialmente vantajoso para o tratamento dos resíduos
anatomopatológicos, devido ao alto nível de descaracterização dos resíduos.
Desvantagens: custo operacional e de manutenção elevados, principalmente
em função do sistema de tratamento de gases; necessidade de manutenção
constante; risco de contaminação do ar por dioxinas e outros compostos perigosos
presentes nos efluentes gasosos; custo elevado no monitoramento das emissões
gasosas; contra-indicado caso não exista volume de resíduos suficientes para
utilização do incinerador de forma contínua; não se aplicam aos rejeitos radioativos,
recipientes pressurizados, vidros e as cinzas resultantes da queima são
classificados como resíduo perigoso, classe I, devido aos altos níveis de metais
pesados.
É importante salientar que o tratamento por incineração não deve ser
confundido com a queima de resíduos. A simples queima de resíduos a céu aberto,
ou em equipamentos precários, não apresenta condições adequadas para
degradação térmica e desinfecção: temperatura, tempo, tratamento dos gases
gerados, etc.
4.2.3.2 Tratamento de resíduos do grupo B
Um estabelecimento de saúde utiliza diariamente um grande número de
produtos químicos como solventes, detergentes, medicamentos, metais, etc.
Tabela 04: Tratamento de Resíduos Grupo B
PRODUTO QUÍMICO POR LOCAL DE GERAÇÃO
COZINHA LAVANDERIA LIMPEZA LABORATÓRIO RADIOLOGIA SANITÁRIOS
Detergentes Detergentes Detergentes Metais Metais Desinfetantes
Óleos Óleos Desinfetantes Soluções químicas Detergentes
Graxas Graxas Oxidantes Reagentes químicos Medicamentos
Fonte: CONAMA, resolução nº 5/93)
“Os resíduos químicos deverão ser submetidos a tratamento e disposição
finais específicos” (CONAMA, Nº5/93), pois seu lançamento junto com os efluentes
48
líquidos gera poluição, provoca efeitos graves nos organismos vivos que compõem o
ecossistema e prejudica a saúde das pessoas expostas a essas substâncias.
Mozachi (2007) em seu Manual do Ambiente Hospitalar apresenta algumas
propostas para redução dos riscos associados ao Grupo B:
• Substituição de produtos químicos perigosos; substituição de
equipamentos clássicos por eletrônicos e substituição de métodos
químicos por físicos;
• Considerar se o vendedor/fabricante é preocupado com o meio ambiente e
se aceita a devolução dos produtos não utilizados ou recicláveis;
• Informar o usuário sobre as características e manuseio dos produtos;
• Observar validade na compra e no decorrer da estocagem, mantendo uma
compra centralizada com controle de fluxo de caixa e destino do produto;
• Realizar compras em menores quantidades de produtos instáveis,
interferindo no uso em quantidades exatas (limpeza);
• Reciclar a prata do material radiológico;
• Compostar resíduos de cozinha não-contaminados;
• Reutilizar material de vidro e plástico após desinfecção apropriada;
• Devolver tubos de aerossóis ao fabricante para recarga do conteúdo.
4.2.3.3 Tratamento dos resíduos do grupo C
O único tratamento capaz de eliminar as características de periculosidade é o
armazenamento para decaimento de sua radioatividade, que varia de acordo com a
meia-vida de cada elemento radioativo. Meia-vida é o tempo necessário para que o
elemento radioativo perca metade de seus radioisótopos (núcleos atômicos que
emitem energia). Quanto menor a meia-vida, mais rapidamente o elemento tem sua
periculosidade reduzida (Mozachi, 2007, pg. 702).
49
Depois do decaimento (tratamento com mais de um processo), qualquer
referência à radioatividade (símbolo e inscrição) deve ser descaracterizada, e os
resíduos podem ser encaminhados para disposição final, ou tratamento conforme
seu novo enquadramento (Grupo A, B ou D). Para ilustração da complexidade do
tratamento (Tabela 5), Mozachi (2007) apresenta alguns tempos de decaimento,
meia-vida e tempo de segurança de alguns elementos radioativos:
Tabela 05: Meia-vida e decaimento de elementos radioativos
MEIA-VIDA MÉDIA E DECAIMENTO DE RADIOATIVIDADE DE ALGUNS ELEMENTOS
RADIOATIVOS
Isótopos Meia-Vida Tempo de Segurança
Horas Dias Anos Horas Dias Anos
Tc99 Tecnécio 6 60
Ga67 Gálio 3,26 32,6
I130 Iodo 8,0 80,0
I125 Iodo 60,20 602,0
Cr51Cromo 27,80 278,0
Fe59 Ferro 45,60 456,0
Si90 Silício 27,70 277,0
Cs137 Césio 30,0 300,0
Am241 Amerício 458,0 4.580
Fonte: BRASIL, 2002
4.2.3.4 Tratamento de resíduos do grupo D
Como os resíduos de serviço de saúde do Grupo D (comuns) têm
características similares as dos resíduos domiciliares, não são considerados
resíduos perigosos, nem são exigidos sistemas de tratamento específicos. No
entanto, é recomendável alguma forma de valorização destes resíduos, prolongando
o tempo de vida útil dos materiais que os compõem.
50
De acordo com Mozachi (2007), para que se viabilize a valorização dos
resíduos é fundamental que se realize a separação dos diferentes tipos de resíduos
comuns, o que deve ser feito no momento da geração.
A valorização apresenta diversos benefícios, como redução da poluição, economia de matérias-primas e redução de custos, além de possibilitar rendimentos extras com a comercialização de materiais. Entre estes processos acham-se a reciclagem dos diversos resíduos, inclusive a compostagem de matéria orgânica. (MOZACHI 2007, pg. 703).
4.2.3.4.1 Reciclagem
A reciclagem proporcionada pela segregação e coleta seletiva dos resíduos é
muito importante no processo de gerenciamento dos RSSS – Resíduos Sólidos do
Serviço de Saúde. Conforme Leite (2003), reciclagem é o canal reverso da
revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são
extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou
recicladas que serão reincorporadas á fabricação de novos produtos. Muitos
materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o
metal e o plástico.
As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de
fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de
resíduos que necessitam tratamento final, como aterramento, ou incineração. Os
quadros a seguir mostram as principais fontes de cada tipo de material reciclável:
papel, metal, plástico, vidro e outros.
Ilustração 01: Reciclagem de Papel
PAPEL
Reciclável Não-Reciclável
Papel branco (computador, caderno, sulfite,
fotocópias - não brilhante, papéis sem
etiquetas, selos, clipes, grampos e fitas
colantes); Papel de jornal; Papel colorido
(revistas); Papelão; Papel misturado (não-
sujo).
Papel brilhante/ espelhado/ laminado:
parafinado, aluminizado, betumado (carbono),
vegetal, papel de fax (brilhante), papel de
fotografia, papel de bala. Papel sujo (papel
higiênico, guardanapo, fraldas descartáveis,
toco de cigarro).
Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 703
51
Ilustração 02: Reciclagem de Metal
METAL
Reciclável Não-Reciclável
- Aço leve (latas): latas de folhas-de-flandres
(extrato de tomate, sardinha, salsichas, leite
em pó, compota); Latas de folha cromada
(tampa de lata de tinta); Latas de folhas não
revestidas (lata de óleo comestível).
- Aço pesado (barras): sucatas de ferro, de
cobre, de metais não-ferrosos (não atraídos
por ímã), de alumínio (lata, panela).
Miudezas (arame, prego, tampinhas, tubo de
pasta dental).
Esponja de aço;
Filtros de ar de veículos;
Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704
Ilustração 03: Reciclagem de Vidro
VIDRO
Reciclável Não-Reciclável
Garrafas e copos (cacos): marrom, verde e
incolor. Frascos: remédios, produtos de
limpeza. Potes: molhos, condimentos e
alimentos.
Vidros planos (janela), vidro tipo pirex, cristal,
lâmpadas, objetos ornamentais, espelhos,
formas, travessas e panelas de vídeo
temperado, tubos de TV.
Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704
Ilustração 04: Reciclagem de Plástico
PLÁSTICO
Reciclável Não-Reciclável
PVC: canos d’água, equipamento médico-
cirúrgico. PET: garrafas em geral. PEAD:
sacos de leite, embalagens de suco, álcool,
água sanitária, detergente, baldes,
bombonas, frascos de produtos de limpeza.
Cabos de panela, tomadas de eletricidade,
baquelite (usado em alguns equipamentos
elétricos), poliuretanos e poliacetatos de
etileno vinil (Ex: solas de sapatos).
52
PEBD: sacos de arroz, açúcar, feijão, sacolas
de supermercado, embalagem de biscoitos,
etc. PP: embalagens de iogurte, detergente,
potes de margarina, etc.
Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704
Outros materiais não-recicláveis: louça, porcelana, celofane, retalhos de
tecido e carpete, isopor, espuma, estopa e borracha.
Opções de reciclagem dos variados materiais aumentam diariamente,
portanto é recomendável buscar quais são oferecidas em cada localidade. Os
materiais orgânicos, especificamente os restos de alimentos, podem ser utilizados
para a nutrição de animais, desde que respeitadas as normas sanitárias que exigem,
entre outras coisas, a fervura (100ºC) do material por pelo menos meia hora.
4.2.3.4.2 Compostagem
A compostagem consiste, segundo Mozachi (2007) na decomposição de
origem animal e vegetal pela ação de microorganismos, com a vantagem de não ser
necessária a adição de qualquer forma de energia ou substância. A compostagem
anaeróbica se dá pela ação de microorganismos que vivem sem necessidade de
oxigênio, em baixa temperatura, com a desvantagem de gerar fortes odores e de ser
lenta. Já a aeróbica, mais indicada para resíduos do grupo D, é proporcionada por
organismos dependentes de oxigênio, gerando temperaturas de até 70ºC, com
odores mais fracos e um menor tempo de decomposição.
O resultado desta fermentação é a transformação de parte de massa de
resíduos em húmus que podem ser aproveitados na agricultura.
4.2.3.5 Tratamento de resíduos do grupo E
Os resíduos perfurocortantes contaminados com agente biológico Classe de
Risco 4, microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação
ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou
cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido, devem ser submetidos a
53
tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser
validados para obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em
equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana.
Dependendo da concentração e volume residual de contaminação por
substâncias químicas perigosas, estes resíduos devem ser submetidos ao mesmo
tratamento dado à substância contaminante. Os resíduos contaminados com
radionuclídeos (átomos com núcleos instáveis que emitem radiação) devem ser
submetidos ao mesmo tempo de decaimento do material que o contaminou.
As seringas e agulhas utilizadas em processos de assistência à saúde,
inclusive as usadas na coleta laboratorial de amostra de pacientes e os demais
resíduos perfurocortantes não necessitam de tratamento.
4.3. Gestão sócio ambiental
A crescente pressão da opinião pública em relação à atuação das
organizações, bem como as expectativas dos seus clientes, influem a mudar o
pensamento das empresas a respeito das suas responsabilidades (GUIA EXAME,
2005, pg. 28).
Há muita discussão a respeito do que significa “responsabilidade sócio
ambiental”, bem como quais são os comportamentos esperados das organizações
responsáveis.
O termo diverge entre especialistas em meio ambiente, mas pode ser
caracterizado como uma organização que visa ordenar as atividades
humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio.
Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o
cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e
financeiros. (ASHLEY, 2003, pg. 3).
Segundo Mclntosh et al. (2001), as empresas deixaram de ser apenas
entidades econômicas, somente com preocupações financeiras e legais, e passaram
a considerar que a sua atuação tem desdobramentos que não podem ser ignorados.
Qualquer negócio é uma entidade econômica, social e ambiental. Para o autor, as
empresas não podem mais ser uma instituição sem rosto que não faz nada além de
54
vender o produto certo ao preço certo. Estas devem assumir posturas claras de
responsabilidade social e ambiental, buscando uma compreensão de que apenas
com governos, sociedade civil e organizações trabalhando em conjunto, será
possível construir comunidades sustentáveis.
Certo (2003) afirma que as empresas incorporam cada vez mais ações de
responsabilidade social em seus planejamentos estratégicos e hoje é uma obrigação
administrativa tomar atitudes que protejam e promovam o bem-estar da sociedade,
tanto quanto os interesses da empresa.
Capra (1996) discerne de Certo, afirmando que a questão é mais política. O
grande desafio do século XXI é da mudança no sistema de valores que está por trás
da economia global, de modo a torná-lo compatível com as exigências da dignidade
humana e da sustentabilidade ecológica.
Por sua vez, Lewis (2005) afirma que responsabilidade social empresarial
implica em sobrevivência no mercado ou não, uma vez que a sociedade, cada vez
mais, cobra das organizações privadas a adoção de políticas socialmente saudáveis.
Afirma ainda, que as empresas que investem no desenvolvimento social e seguem
esta tendência, mesmo sob o ponto de vista apenas mercadológico, estão
construindo benefícios abrangentes, melhorando a qualidade de vida da população e
gerando sua própria aceitação social.
Para May, Lustosa e Vinha (2003) essa postura proativa das empresas passa
a ser capaz de desencadear um processo em cadeia, no qual todos eles são co-
responsáveis pela geração de novos produtos e processos, permitindo que novos
passos sejam dados em direção ao desenvolvimento sustentável. Em complemento,
Capra (1996) exprime de maneira eloqüente a idéia de afirmar que embora
possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são
isoladas e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes.
Os autores Melo Neto e Froes (1999) consideram a existência de duas
dimensões de responsabilidade social nas empresas: uma interna e outra externa.
A responsabilidade social interna tem foco nas pessoas, pois está relacionada
à motivação dos empregados e seus dependentes na criação de um ambiente de
55
trabalho que contribua para o seu bem-estar. A externa está voltada à comunidade
mais próxima da empresa ou do local de sua atuação.
De acordo com Moura e Bitencourt (2006) os conhecimentos estão
relacionados ao “saber”. As habilidades correspondem ao “saber fazer” e as atitudes
estão vinculadas ao “saber agir”. As autoras afirmam ainda que esses três aspectos
se complementam e se articulam de forma sistêmica.
Outro fator estritamente ligado à gestão ambiental diz respeito ao
desenvolvimento sustentável. Segundo Becker (2002), o desenvolvimento
sustentável compreende atender às necessidades das gerações presentes sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias.
Melo Neto (1999), destaca que quando as empresas perceberam a
importância da preservação ambiental, e começaram a utilizar tecnologias limpas,
produtos e energias renováveis, não poluentes, naturais, contribuirão para assegurar
um futuro mais promissor para a humanidade e para as gerações futuras.
De acordo com Sachs (1993) é preciso planejar o desenvolvimento
sustentável, considerando simultaneamente cinco dimensões, entre elas o da
sustentabilidade ecológica. O autor aconselha desenvolver os seguintes
mecanismos:
• Intensificação do uso de recursos potenciais dos vários ecossistemas, com o
menor prejuízo aos sistemas de sustentação da vida para propósitos
socialmente válidos;
• Utilização de recursos renováveis e/ou abundantes e ambientalmente
inofensivos, limitando o consumo de recursos facilmente esgotáveis;
• Redução de resíduos de poluição, conservando e reciclando energia e
recursos;
• Autolimitação do consumo material pelos países ricos e camadas sociais mais
abastadas espalhadas pelo mundo;
• Intensificação de pesquisas que busquem tecnologias limpas; e
• Definição de normas para uma correta proteção ambiental.
56
O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), uma
associação global formada por companhias que visam a sustentabilidade, defende
que devemos nos esforçar para que o atendimento das necessidades de uma
população mundial em constante crescimento não comprometa as necessidades
ambientais, sociais e humanas de nossos descendentes. Sua crença é que
organizações que perseguem a meta do desenvolvimento sustentável se tornarão
mais competitivas, resistentes a choques, mais ágeis em um mundo em constantes
mudanças e com maior facilidade em atrair e reter clientes e melhores empregados.
Pode também melhorar suas relações com governos, reguladores, bancos,
seguradoras e mercados financeiros.
A obtenção de vantagens competitivas em relação aos concorrentes é um
objetivo estratégico de empresas de sucesso. Conforme Damodaram (2001) o
retorno do negócio é um dos componentes desta posição competitiva porque afeta
seu acesso a fontes de capital, tanto de terceiros como próprio, bem como seu fluxo
de caixa. Conseqüentemente, tem impacto direto no valor da empresa.
Um valor negativo na imagem institucional da empresa pode acarretar
problemas comerciais que também afetarão seus fluxos de caixa futuros. Trata-se
de um investimento importante para a perenidade da organização.
Damodaram (2001) defende ainda que pode haver um gasto adicional em
marketing ou não, que poderia se fazer necessário para minimizar ou reverter os
efeitos dos danos causados à imagem da empresa.
57
5. METODOLOGIA
A pesquisa científica, segundo Silva e Menezes (2000), desenvolve-se
mediante a formulação adequada do problema proposto a pesquisa. A mesma,
objetiva pôr em discussão possíveis soluções para ampliar as perspectivas do
problema.
Segundo Marconi e Lakatos (2008), para um problema ser considerado válido
deverão ser observados, no tocante aos aspectos de valoração, questões como a
viabilidade (pode ser resolvido por meio da pesquisa?), relevância (deve ser capaz
de trazer conhecimentos novos), novidade (deve estar adequado ao estágio atual da
evolução científica), ser exeqüível (pode chegar a uma conclusão válida) e,
oportunidade (permite atender a interesses particulares e gerais).
Conforme Roesch (1996), a coleta e a análise dos dados é a etapa mais
importante no estágio, sendo que a entrevista e o questionário são os métodos mais
utilizados.
Desse modo, para o presente estudo utilizou-se a constatação de Yin (2005),
que utiliza o estudo de caso como ferramenta de pesquisa exploratória, descritiva e
explanatória:
(...) uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência (...) e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. (YIN, 2005, p. 32-33).
Segundo Yin (2005), os dados para os estudos de caso podem vir de seis
fontes: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta,
observação participante e artefatos físicos.
Os dados primários foram coletados através de observação in loco e
questionário estruturado com as empresas prestadoras do serviço de coleta e
disposição final de resíduos sólidos do serviço de saúde. Os dados secundários
58
foram obtidos através de pesquisas através de relatórios da empresa, bem como
normas e legislação que cercam o assunto.
O Estudo de Caso, como estratégia de pesquisa, permite o estudo de
fenômenos em profundidade dentro do seu contexto. É especialmente adequado ao
estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos (ROESCH,
1996). Assim, por meio deste método de estudo de caso, os objetivos e as questões
do problema estabelecido podem ser atendidos de forma satisfatória, dentro das
limitações impostas e permitindo avaliar como melhorar as expansões de interesse
social.
A fim de atender aos objetivos do trabalho, um questionário foi aplicado com
08 (oito) empresas de recolhimento de resíduos sólidos do serviço de saúde (vide
ANEXO D) presentes no estado do Rio Grande do Sul. As empresas foram assim
escolhidas devido sua proximidade com o hospital em estudo e reconhecimento das
mesmas perante demais instituições de saúde.
O questionário on-line foi enviado, juntamente com uma introdução do
assunto (ANEXO E), via e-mail para as organizações que serviram de amostra. Para
Marconi e Lakatos (2008), a amostra compreende uma parcela conveniente
selecionada do universo (população), caracterizando-se num subconjunto do
universo.
Foram elaboradas perguntas abertas e fechadas, bem como uma pergunta
com série de respostas, na qual o questionado pode escolher a que corresponde a
sua idéia. Por envolver particularidades e interpretações individuais, o método
qualitativo de pesquisa foi utilizado. A partir da extração do raciocínio dos
entrevistados, possibilitou-se um aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas
idéias, descobertas e interpretações.
A aplicação do questionário deu-se de forma direta, uma vez que foi
preenchido pelos próprios entrevistados. Desse modo, permitiu às pessoas
exprimirem livremente suas atitudes e opiniões relevantes para o entendimento dos
seus comportamentos.
59
Do total de 8 (oito) empresas, apenas 2 (duas) responderam à pesquisa. As
demais, dentro do prazo de um mês e após contatos telefônicos e via e-mail, não se
pronunciaram. Atribui-se ao fato ocorrido, a hipótese de que empresas trabalhem de
maneira a não obedecer à legislação vigente, operando com possíveis
irregularidades.
Em uma busca na internet, percebe-se o grande número de processos
ambientais que organizações de transporte e tratamento de resíduos respondem
judicialmente. Sem mencionar o fato de a fiscalização ambiental no Brasil ter
também suas falhas, devido principalmente ao tamanho do território que abrange e a
falta de funcionários, permitindo desta forma, o funcionamento de organizações que
agridem, através de suas atividades, o meio ambiente.
60
6. COLETA DE DADOS
Conforme mencionado anteriormente, a coleta de dados deu-se por
intermédio de observação in loco no interior da entidade para fins de visualização do
processo de geração, segregação, acondicionamento e destinação de resíduos
sólidos hospitalares. Em relação à constatação, quanto a destinação final dos
resíduos, optou-se por realizar um questionário estruturado com empresa
terceirizada contratada para tal serviço.
Outro meio utilizado de coleta de dados foi o Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) elaborados para a entidade por uma
empresa que presta consultoria, denominada Bios Consultoria Ambiental.
Esta empresa atua em Santa Cruz do Sul e oferece um serviço abrangente de
gestão ambiental, contando com o apoio de uma equipe formada por biólogo,
paisagista, geólogo, engenheiro ambiental e advogado especialista em meio
ambiente.
O gerenciamento do RSSS constitui-se segundo a RDC 306 de 2004
(resolução da ANVISA) em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e
implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados,
um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio
ambiente.
6.1. A realidade do hospital em estudo
O Hospital Beneficente Monte Alverne é um hospital geral com internações,
serviço de ambulatório, urgência/emergência, pequenas cirurgias, pediatria e
obstetrícia. O referido hospital não realiza exames complementares com
diagnósticos que geram maior quantidade de resíduos, pois este serviço no interior
da entidade é terceirizado. Os resíduos provenientes do laboratório de análises
clínicas são pequenos, pois apenas há coleta e preparação do material colhido que
61
é enviado para análise detalhada e confecção do exame por escrito no centro de
Santa Cruz do Sul.
Sendo assim, os resíduos gerados no hospital provêm do laboratório
terceirizado que apenas realiza parte de suas funções, dos próprios quartos de
internação, bloco cirúrgico, unidades ambulatoriais, posto de enfermagem, farmácia
interna, sala de curativos, necrotério, banheiros, lavanderia, copa, cozinha,
consultórios médicos, administração e serviço de jardinagem.
6.2 Classificação adotada pelo hospital
A classificação de resíduos sólidos adotada pelo Hospital Beneficente Monte
Alverne é proveniente da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, por ser esta a forma de
classificação adotada pelos demais serviços de saúde e por estar de acordo com a
legislação vigente (RDC nº 306 de dezembro de 2004).
6.2.1 Grupo A: resíduos biológicos
Os resíduos biológicos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne
são: sangue e hemoderivados, excreção e líquidos orgânicos, tecidos, órgãos, fetos
e peças anatômicas, resíduos advindos da área de isolamento, resíduos de unidade
de atendimento ambulatorial, recipientes e materiais contaminados com resíduos
biológicos e resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria.
De acordo com a empresa Bios Consultoria Ambiental, considerando a
capacidade do hospital, a totalidade dos resíduos gerados deste grupo representa
uma média de 1,28 Kg/dia e 9 Kg/semana.
Estes resíduos não recebem tratamento para redução de carga microbiana na
entidade pelo fato de a mesma não dispor de máquinas e aparelhos destinados a
este fim, devido alto custo destes equipamentos e principalmente por falta de uma
maior cobrança das autoridades a empresa continua enviando seus resíduos a
terceiros que se responsabilizam pelo correto descarte.
62
6.2.2 Grupo B: resíduos químicos
Este grupo constitui-se de resíduos farmacêuticos, como medicamentos
vencidos, contaminados ou não utilizados.
Conforme empresa de consultoria, os resíduos gerados neste grupo
apresentam no Hospital Beneficente Monte Alverne um total médio de 0,5 Kg/dia e
3,51Kg/semana e assim como os resíduos do Grupo A são destinados ao
armazenamento temporário em bombonas para serem recolhidos pelas empresas
de coleta e disposição final de resíduos.
Ilustração 5: Bombonas para armazenamento temporário.
Fonte: tirada pelo autor.
6.2.3 Grupo C: rejeitos radioativos
Devido seu alto custo de manutenção e tendo em vista a relação custo versus
demanda, a entidade não possui mais aparelho de raio-X ou outro aparelho que
produza algum tipo de rejeito radioativo.
6.2.4 Grupo D: resíduos comuns
Compreendem todos os demais resíduos que não sejam provenientes de
quarto de isolamento, como lixo seco e resíduos orgânicos provenientes da
alimentação, posto de enfermagem, administração, entre outros.
Como exemplos, pode-se citar papel de uso sanitário e fraldas, absorventes
higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentares de pacientes,
63
materiais utilizados em anti-sepsia e punção, sobras de alimentos e seu preparo,
restos alimentares do refeitório, resíduos provenientes da área administrativa, bem
como de varrição, flores e podas no jardim.
Os resíduos produzidos no hospital são manuseados pelos responsáveis da
limpeza e auxiliares de enfermagem. As pessoas que manuseiam os resíduos
utilizam EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como: calça, camisa com
manga 2/3, de tecido resistente, luvas de PVC antiderrapante com cano longo e
gorro.
Conforme cálculos da consultoria ambiental os resíduos deste grupo, no
interior da entidade correspondem em média 4,7 Kg/dia e 33 Kg/semana.
Diferentemente dos demais grupos, estes por sua vez possuem uma
destinação específica: papéis e papelões são vendidos a grupos de reciclagem e os
demais resíduos, como metal, vidro e plásticos são separados para serem reciclados
pela empresa que presta serviço de recolhimento à Prefeitura de Santa Cruz do Sul.
Os resíduos orgânicos, oriundos da cozinha do hospital, bem como das
folhagens, folhas e galhos provenientes das podas no jardim são despejados na
horta mantida pela entidade afim de que ocorra a compostagem. Tal medida visa
melhorar a qualidade das hortaliças através de um adubo orgânico, preservando
dessa maneira o solo e o meio ambiente.
Materiais como lâmpadas florescentes, baterias e pilhas são devolvidas às
lojas de venda destes materiais, com o intuito das mesmas darem o correto destino
a esses produtos.
6.2.5 Grupo E: objetos perfurocortantes
Os resíduos perfurocortantes produzidos pela unidade de saúde são: agulhas,
lâminas de barbear, bisturi, escalpes, vidros quebrados, lancetas, ampolas de vidro,
espátulas e demais vidros quebrados no laboratório (pipetas, tubos, de coleta
sangüínea e placas de Petri).
Em relação ao manuseio, nos resíduos armazenados em sacos plásticos,
toma-se o cuidado de preencher os sacos até 2/3 de sua capacidade, retirando-se o
64
excesso de ar, amarrando-o fortemente e retirando-o da fonte geradora. A
quantidade destes resíduos gerados no Hospital Beneficente Monte Alverne
representa uma média de 7 Kg/dia e 49 Kg/semana.
Esses resíduos, assim como os do Grupo A e B não sofrem nenhum processo
de desinfecção na unidade de saúde, apenas aguardam a vinda da empresa
responsável pelo recolhimento e destinação final dos resíduos sólidos de saúde.
6.3 Tratamento preliminar empregado
Todos os resíduos produzidos no hospital são separados e identificados de
acordo com a sua classificação:
- Resíduos secos não infectantes;
- Resíduos biológicos (Grupo A);
- Resíduos químicos (Grupo B);
- Resíduos orgânicos não infectantes (Grupo D);
- Resíduos perfurocortantes (Grupo E).
6.4 Formas de acondicionamento e identificação
Os resíduos são acondicionados em sacos plásticos resistentes à ruptura e
vazamento. Os resíduos do Grupo A e B são acondicionados em recipientes rígidos
e estanques antes de serem transportados em sacos plásticos e identificados.
Quanto às cores dos sacos plásticos a serem usados, as mesmas seguem a
NBR vigente, ou seja, saco branco leitoso, resistente, impermeável, devidamente
identificado com rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto contendo os
símbolos universais.
O lixo é separado diariamente pela manhã na fonte geradora e sempre fora
do horário de visita, distribuição de roupas, medicamentos e refeições. O transporte
65
interno é feito separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes
específicos a cada grupo.
6.5. Local de armazenamento externo
Os resíduos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne são
armazenados em prédio existente separado do hospital, próprio para este fim e de
fácil acesso à coleta externa. A entidade não possui localização para permanência e
circulação direta de pessoas no local de armazenagem.
O abrigo de resíduos é de aproximadamente 5 x 4 metros (vide ilustração 6).
Neste local encontra-se também um refrigerador freezer usado para guardar
resíduos de fácil putrefação (Resíduos do Grupo A) que são armazenados até a
coleta e destinação final. O abrigo possui frase de identificação de risco na porta,
revestimento de piso cerâmico, parede lisa pintada e entrada de luz, sendo que o
mesmo não possui entrada de água e ralo para escoamento de líquido em caso de
vazamento. Tal situação já está sendo corrigida, pois segundo informações da
consultoria faz-se necessário encanamento para entrada de água, instalação de
uma pia, ralo com declive e uma caixa de contenção para que, em caso de
acidentes ou vazamentos, estes resíduos não sejam lançados diretamente na rede
de esgoto.
Ilustração 6: Depósito de infectantes.
Fonte: tirada pelo autor.
66
6.6 Descrição do transporte interno e externo
Os resíduos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne são
transportados internamente em um carrinho fechado, próprio para este fim, até o
local onde os resíduos são armazenados. (conforme ilustração 7).
Ilustração 7: Carrinho usado no transporte interno.
Fonte: tirada pelo autor.
O transporte externo, ou seja, do local de armazenamento até o local de
destino final, é feito por caminhão da empresa contratada que recolhe os resíduos
produzidos pelo hospital de 15 (quinze) em 15 (quinze) dias.
6.7 Treinamento de pessoal
Os funcionários do Hospital Beneficente Monte Alverne envolvidos
diretamente com o manejo de resíduos são capacitados na admissão e conhecem o
sistema adotado, a prática de segregação de resíduos, reconhecem os símbolos
padrões de cores, bem como a localização do abrigo de restritos. Os 5 funcionários
envolvidos nesta atividade também são orientados sobre a importância da utilização
correta de equipamentos de proteção individual (uniforme, luvas, sapatos), bem
como a necessidade de mantê-los em perfeita higiene e estado de conservação.
O capital humano envolvido na higienização, coleta e armazenamento, realiza
anualmente exames periódicos para evitar uma possível contaminação.
67
Toda a rotina do hospital está elaborada visando melhor segregação e menor
produção de resíduos possível. Há lixeiras com identificação para o
acondicionamento de resíduos em todos os setores do hospital, sendo que as
mesmas visam a correta segregação dos diferentes tipos de resíduos por parte de
funcionários, pacientes e visitantes.
Freqüentemente ocorrem reuniões no interior da entidade com funcionários
onde os mesmos recebem orientações sobre a importância do correto manejo,
classificação, armazenamento, destino final dos resíduos e orientação sobre
biosegurança. Além disso, os funcionários poderão opinar e auxiliar na elaboração
de estratégias que visem a diminuição e correta segregação dos resíduos
produzidos.
6.8 Tratamento e destinação final
Os resíduos biológicos (Grupo A), resíduos químicos (Grupo B) e
perfurocortantes (Grupo E), são recolhidos pela empresa contratada e conduzidos
até o aterro para resíduos perigosos ou incinerados.
De acordo com informações contidas em relatórios da organização, a
empresa responsável pelo recolhimento e destinação final dos resíduos do serviço
de saúde do Hospital Beneficente Monte Alverne, após triagem do material, utiliza o
processo de incineração para redução de volume.
O processo segundo Albuquerque (2000) consiste em submeter os resíduos a
altas temperaturas – entre 800º a 1.200º C – para que ocorra a redução de peso e
volume através da combustão controlada, proporcionando assim, uma redução em
mais de 98% no peso dos resíduos e completa extinção de qualquer matéria
orgânica ou biológica presente nos resíduos sem causar danos ao meio ambiente.
Cabe ressaltar que esse ponto de vista é defendido por profissionais de empresas
de recolhimento, havendo, segundo autores ligados à biologia, determinadas
limitações.
Após utilização do incinerador (que necessita ser licenciado junto a FEPAM –
Fundação Estadual de Proteção Ambiental), o material incinerado passa por um
68
processo de controle de emissões, realizado a partir de um equipamento
denominado “Lavador de Gases”. Este equipamento retém o material particulado
que possa escapar a queima, permitindo a liberação na atmosfera somente de vapor
d’água. Os gases gerados recebem um jato de água para resfriamento e que após
este processo recebe uma dosagem de cal virgem para decantação do material e
sulfato de alumínio para correção do Ph.
O resultado desse conjunto de processos resulta em um lodo que é retirado
do fundo dos tanques para que juntamente com as cinzas resultantes da incineração
possa ser enviado a um aterro sanitário industrial devidamente licenciado pelos
órgãos ambientais. Esta etapa, conforme resolução nº 237/97 do CONAMA, consiste
na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-lo,
obedecendo a critérios técnicos de construção e operação e com licenciamento
ambiental.
Os resíduos secos não infectantes e resíduos orgânicos não infectantes
(Grupo D) são transportados com veículo que recolhe resíduos domiciliares. O
transporte é feito até a usina de reciclagem da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do
Sul ou aterro licenciado.
Importante salientar, que parte dos resíduos orgânicos gerados é utilizado na
adubação da horta e jardim da entidade. Cascas de frutas, restos de alimentos e
folhas das árvores tornam-se uma medida saudável e econômica no processo de
fertilização do solo.
69
7. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E SUGESTÕES
As respostas obtidas através dos questionários enviados às empresas de
coleta e destinação final de resíduos foram monossilábicas e bastante restritas.
Maiores informações não se fizeram possíveis, pois as empresas em estudo não
expõem totalmente e com total clareza as atividades e funções que desempenham.
Também como um possível empecilho, consta apenas a visão da empresa sobre
assuntos e processos, ou seja, tem-se o ponto de vista de profissionais ligados a
área de administração e engenharia, não havendo a percepção e interpretação por
profissionais de áreas como biologia e direito.
A primeira questão propunha identificar quais os métodos utilizados pelas
empresas no tratamento dos resíduos sólidos do serviço de saúde. Das duas
empresas que atenderam à pesquisa, uma utiliza o método de incineração e outra o
método da autoclave.
A incineração, conforme mencionado anteriormente, consiste num processo
complexo, de custo elevado e altamente poluidor. Segundo o site Greenpeace –
ONG relacionada ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável - disponível no
endereço www.greenpeace.org.br, a incineração não é a solução. Esse processo
gera mais resíduos tóxicos e torna-se uma ameaça para a saúde pública e o
ambiente.
Nenhum processo de incineração é 100% eficaz. Segundo a ONG, esse
método emite gases tóxicos na atmosfera através de metais pesados (chumbo,
cádmio, arsênio, mercúrio e cromo que não são eliminados totalmente e são
transferidos para as cinzas que acabam posteriormente aterradas), poluentes
provenientes da combustão incompleta e emissão de novas substâncias químicas
formadas durante o processo através da combinação de elementos (dioxinas e
furanos).
Aliados a estes elementos e como conseqüências deste método encontram-
se danos a saúde e ao meio ambiente como: aumento nas taxas de câncer, doenças
respiratórias, anomalias reprodutivas (como má formação fetal) e danos
neurológicos.
70
No processo de esterilização que utiliza a autoclave, o vapor do resíduo é
transformado em confetes desinfetados. A tecnologia de esterilização a vapor trata
os resíduos combinando o sistema de trituração, vapor e pressão. Nesse caso,
ocorre a destruição das bactérias através da termocoagulação das proteínas
citoplasmáticas. Como empecilho, cita-se o fato de esse processo não se aplicar a
todos os tipos e tamanhos de resíduos e a geração de odores desagradáveis.
No sistema de autoclavagem segundo Eleutério, Hamada e Padim (2008),
não existe uma quantidade expressiva de emissão de gases, contudo o resíduo
tratado por não ter seu volume reduzido, ou ainda, com uma pequena redução,
representará um problema sério quando da sua disposição final, vindo a contribuir
com o já expressivo volume gerado pelo lixo doméstico que superlota os aterros
municipais. Além disso, mesmo desinfetado, este resíduo poderá gerar o chorume
(composição com alta concentração de DBO – Demanda Biológica de Oxigênio),
pois sua constituição não foi alterada, somente sua patogenicidade.
Ambientalmente falando, atribui-se a este método a possível emissão de
gases aerossóis que poluem o ar. Os aerossóis podem apresentar inúmeras
substâncias químicas como ácidos (nitratos e sulfatos), compostos orgânicos,
silicones e óxidos metálicos em sua composição. Além da afetar a visibilidade,
causar danos a materiais, fauna e flora, esses compostos podem causar sérios
danos a saúde.
Entre os dois métodos, o que apresenta menor impacto ambiental é a
autoclave, porém o mesmo inspira melhorias através do investimento em tecnologias
limpas de produção, que eliminem os resíduos tóxicos. Exemplo: redução,
reutilização e reciclagem de resíduos.
Sabe-se que os resíduos, após seu tratamento e após sua parcial desinfecção
e redução, são encaminhados a aterros ou valas sépticas. Alguns especialistas
recomendam depositar as cinzas em aterros equipados com um revestimento de
plástico comum, como forma de prevenir lixiviações (extração de substância através
da dissolução num líquido) para o lençol freático. Mesmo assim, todos os
revestimentos feitos em aterros podem eventualmente sofrer vazamentos.
71
Outros questionamentos às empresas estudadas tratavam do método de
tratamento de resíduos. Apesar de as empresas afirmarem que através de um único
processo de tratamento é possível trabalhar com todas as classificações de lixo
hospitalar, essa resposta não atende aos objetivos, pois refere discrepâncias em
relação ao encontrado na bibliografia. Cada RSSS necessita condições especiais de
tratamento, tendo em vista sua patogenicidade, concentração química e
concentração de radionuclídeos. Esta última (Classe C) que necessita ser
encaminhada ao CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear - não é recolhida
por parte das duas empresas em estudo. Observa-se então uma lacuna a ser
preenchida por parte das organizações de destinação final de resíduos.
Nesse mesmo sentido, as organizações utilizam aterro industrial para
destinação final do material que recolhem, havendo treinamento por parte de todos
os envolvidos nas atividades: engenheiros ambientais, técnicos e motoristas. As
empresas citam também a fiscalização constante de órgãos competentes como a
FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental - no controle das atividades, e
aconselham solicitar estes documentos de licença na escolha de terceirizados na
prestação de serviços de recolhimento. Faz-se necessária uma pesquisa, em vários
sentidos (legais, ambientais, custos, qualidade, eficiência) na escolha da
organização, bem como o acompanhamento contínuo das atividades da empresa
contratada.
Observou-se também algumas dúvidas por parte das terceirizadas em relação
a escolha da classificação e órgãos norteadores para suas atividades. Como forma
de atender as duas instituições normativas, seguem-se as classificações do
CONAMA/ANVISA (Conselho Nacional do Meio Ambiente/ Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As
organizações acreditam que as duas formas estão corretas, pois classificam os
resíduos Classe I em A, B e E, que após o tratamento resultam em resíduos de
Classe II.
Numa visão geral e ampla, envolvendo atividades de (1) empresas geradores
de resíduos, (2) empresas terceirizadas, (3) meio ambiente, (4) governo e (5)
72
sociedade, aponto alguns tópicos e questões importantes que necessitam reflexão
por parte desse sistema:
Questões ambientais: existe uma clara tendência de que a legislação
ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis
por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável
pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes
produzem no meio ambiente.
Um segundo aspecto diz respeito ao aumento de consciência ecológica dos
consumidores que esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de
sua atividade ao meio ambiente. Isto tem gerado ações por parte de algumas
empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional
“ecologicamente correta”.
Questões legais: atualmente verifica-se que algumas instituições apenas se
adaptam às imposições legais, sem haver necessariamente a preocupação com o
meio ambiente. A legislação, através de resoluções do governo, tem o propósito não
de apenas criar e impor a legislação, mas também fiscalizar e garantir o seu
cumprimento. Esta situação muitas vezes não ocorre, permitindo que algumas
instituições mal intencionadas operem na inconformidade.
Nesse sentido, para que haja a conformidade legal, todo gerador de resíduos
hospitalares deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde – PGRSS, um documento que aponta e descreve as ações relativas ao
manejo de resíduos sólidos, observadas as suas características, no âmbito dos
estabelecimentos.
Redução de custo: as iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido
consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de
embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm
trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os
esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem
produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados.
73
Uma das formas de explicar o constante aumento no interesse e utilização da
logística reversa seria entender a sua capacidade em contribuir com a administração
financeira e como a sua aplicação pode melhorar os resultados financeiros de uma
organização. É preciso lançar mão de uma visão unicamente financeira da logística,
olhando não apenas o curto prazo, mas sim os retornos que as medidas tomadas no
presente trarão num futuro.
Não se pode mais buscar estratégias que apenas garantam a sobrevivência
imediata. A longo prazo o alvo deve ser o crescimento, desenolvimento e a
conquista de novas e maiores fatias de mercado. Tal situação representa um desafio
que, para ser vencido, exige maiores esforços, internos e externos à organização,
uma vez que os clientes são mais exigentes e desejam um maior nível de serviço a
preços decrescentes. A logística pode contribuir em muito para melhorar a
performance da empresa como um todo e, em especial, seus resultados financeiros.
Riscos: como toda atividade que envolve resíduos e lixo, riscos encontram-se
embutidos. Impactos ocorrem no meio ambiente, bem como interferências ocorrem
na imagem da organização, no bem-estar e saúde humana, tanto do funcionário
como da comunidade em geral.
Sustentabilidade: a sustentabilidade relaciona-se a favorecer, cuidar,
conservar o uso sustentável de recursos para suprir as necessidades da geração
presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas. O
Desenvolvimento por sua vez caracteriza-se pelo processo dinâmico de melhora,
implicando em mudanças, evolução e crescimento da habilidade de sustentar. Cabe
então o investimento em tecnologias limpas de produção para garantirmos um
desenvolvimento contínuo de atividades. Hospitais, conhecidos por cuidar da saúde,
tendem a incentivar alternativas sustentáveis para cumprir seu propósito de
tratamento de doenças e incentivo ao bem-estar.
Treinamento e mudança de cultura organizacional: por ser um assunto
recente e que aos poucos vem se consolidando nas organizações, a logística
reversa, mais do que treinar, necessita formar. A consciência ambiental precisa ser
enraizada nas pessoas através da informação e treinamento para que a nível de
74
organização, questões como sustentabilidade e correto uso de recursos, reflitam em
melhorias contínuas.
Em relação ao hospital em estudo verifica-se que o mesmo encontra-se em
concordância com questões legais e ambientais, atuando de forma a obedecer à
legislação e a proteger ao meio ambiente – pelo menos no interior da entidade -
havendo o repasse de resíduos que agridem o meio ambiente para empresas
terceirizadas. Tal fato não se justifica, uma vez que o próprio hospital é responsável
pelo lixo que produz, ou seja, há a conservação de um lado do processo, porém na
outra ponta não há como garantir que o mesmo ocorra.
O fator redução de custo ainda não pode ser notado na organização. O valor
pago aos profissionais para recolhimento dos resíduos é alto tendo em vista o
serviço que prestam, bem como dos materiais e ferramentas de uso diário
necessárias para o processo de segregação, acondicionamento e transporte interno
(mesmo a Vigilância Sanitária cedendo alguns materiais). Conforme citado, faz-se
necessário também um espaço físico, devidamente capacitado e planejado, de
modo a atender às exigências, demandando também custos mensais de
manutenção.
Entende-se que nessa fase de implementação da logística reversa nas
organizações, existem apenas gastos que até o momento não oferecem retornos
que justificam os investimentos realizados. Porém, essa situação tende a melhorar a
longo prazo com o surgimento ou implementação de novas estratégias e
tecnologias.
Ao término, sugere-se ao Hospital Beneficente Monte Alverne, como forma de
garantir o correto funcionamento do processo e preservação sustentável do meio
ambiente, acompanhar o trabalho das organizações ou exigir relatórios mensais por
parte das empresas terceirizadas responsáveis pela destinação final de resíduos.
Somente assim, os hospitais poderiam ter uma real noção do destino de seu lixo
hospitalar e verificar a também conformidade das organizações contratadas.
75
8. CONCLUSÃO
Ao término do trabalho, pode-se concluir que a Logística desempenha um
papel fundamental na gestão empresarial como um todo, resultando num
gerenciamento eficiente e eficaz. Igualmente de suma importância nas organizações
e que se bem implantada traz retornos às entidades, a Logística Reversa é um
sistema relativamente novo nas instituições de saúde, porém que aos poucos sofre
mudanças de implantação, devido principalmente a questões ambientais, políticas,
questões sociais e econômicas, bem como da constante necessidade de redução de
custos e aumento da concorrência proveniente da diferenciação. Tais fatores têm
pressionado as empresas a se adaptarem ao novo modelo de gestão de resíduos
que resulta em ações de sustentabilidade para as futuras gerações e proteção ao
meio ambiente.
Esses conceitos encontram-se ainda em fase de implementação. Idéias
precisam ser amadurecidas e padronizações efetuadas para garantir o correto
funcionamento dos processos. Efetivamente no país não existe nenhuma legislação
que abranja a questão da logística reversa. O que existe são resoluções, como do
CONAMA, ANVISA e ABNT que norteiam o manuseio, segregação, armazenamento
e processo de destinação final de resíduos hospitalares. As normas e resoluções
encontram-se sobrepostas resultando numa falta de padronização e
consequentemente uma incorreta interpretação das informações por parte de
empresas geradoras de resíduos e das responsáveis pelo seu tratamento e
disposição final.
Outro agravante nesse processo é o fato de resíduos sólidos produzidos em
hospitais, devido sua patogenidade e condições infecto-contagiosas, não poderem
receber a mesma destinação que os demais lixos domiciliares, o que dificulta ainda
mais a correta destinação final dos resíduos sólidos do serviço de saúde por
demandar uma especial e particular maneira de descarte. Explicação essa, para a
terceirização desse processo por grande maioria das empresas que se iludem
quanto às responsabilidades envolvidos e custos atrelados. Os hospitais que
terceirizam esse processo pensam se esquivar da responsabilidade pelo lixo gerado
e consideram um bom negócio devido custo envolvido, porém, na prática, nenhum
76
hospital pode garantir que seu lixo esteja tomando a correta destinação e que seu
dinheiro esteja sendo bem investido. Sem contar o fato de que os meios utilizados
para redução de carga de resíduos e disposição final, como por exemplo, a
incineração, não resultam em uma proteção eficiente ao meio ambiente, por lançar
na atmosfera gases tóxicos resultantes da combustão. Um incorreto ou ineficiente
gerenciamento de resíduos pode contaminar o solo, o ar e a água, gerando
prejuízos para a saúde humana e incontáveis alterações negativas no meio
ambiente.
Em se tratando de entidades de saúde, o manuseio do lixo hospitalar
necessita de cuidados especiais tanto da administração hospitalar quanto das
autoridades municipais, desde a sua produção até a destinação final. Os resíduos
merecem uma atenção especial em todas as fases em decorrência dos riscos graves
e imediatos que podem oferecer ao meio ambiente e à saúde do trabalhador.
Por falar em trabalhador, esse é outro ponto chave no processo de
segregação, acondicionamento e tratamento do lixo hospitalar. É preciso que os
profissionais recebam treinamento, uma vez que a mudança não é gerenciável e que
o princípio ambiental não está arraigado nas organizações. Como afirma Salomão
et. al (2004), o objetivo primordial da segregação não é apenas diminuir a
quantidade de resíduos infectantes que necessitam de tratamento para sua
disposição final, mas, sobretudo, desenvolver a cultura organizacional de segurança
e não desperdício.
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois
passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que
eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso:
para que eu não deixe de caminhar". EDUARDO GALEANO, 1994, pg, 310.
As condições do atual momento demandam a busca de uma utopia, de uma
civilização fantástica e ideal. A definição de utopia é o termo perfeito para
encerramento deste estudo: um mundo ideal, possível tanto no futuro quanto no
presente, porém em paralelo. Consiste em idealizar não apenas um lugar, mas uma
vida, um futuro, numa visão contrária ao mundo real. O utopismo é um modo
absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.
77
Em estudos futuros, sugere-se averiguar outros métodos e tecnologias que
alcancem resultados eficientes, bem como a identificação dos impactos que esses
métodos possam causar ao meio ambiente. Aponta-se também como objeto de
pesquisas futuras a questão dos resíduos nucleares, devido principalmente sua falta
de dados e informações, bem como a falta de empresas terceirizadas que prestem
esse tipo de serviço. Dessa forma poderemos obter uma visão mais completa das
reais condições a fim de beneficiar organizações, governo, sociedade e
principalmente, o meio ambiente.
78
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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82
ANEXOS
83
ANEXO A: Organograma
84
ANEXO B: Simbologia dos resíduos de saúde
GRUPO A: Risco Biológico GRUPO B: Risco Químico
GRUPO C: Material Radioativo GRUPO E: Coletor de Materiais Perfurocortantes
GRUPO D: Resíduos Comuns
85
ANEXO C: Questionário aplicado às empresas.
QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO PARA EMPRESAS DE COLETA,
TRANSPORTE E DISPOSIÇÃO FINAL DE SERVIÇOS DE SAÚDE.
1) Tendo em vista que os RSSS (Resíduos Sólidos do Serviço de Saúde)
possuem disposições finais e processos específicos de tratamento, gostaria por
gentileza de saber os métodos que a empresa dispõe para tratamento de resíduos
hospitalares: (Assinale com “x”).
( ) Incineração ( ) Decaimento
( ) Autoclave ( ) Ionização
( ) Tratamento Químico ( ) Reciclagem
( ) Microondas ( ) Compostagem
2) A empresa possui método de tratamento para todos os resíduos? Em caso
de não ter, qual o procedimento adotado?
3) Qual a região de abrangência da empresa, quantidade de hospitais que
atende e qual a média mensal de resíduos recolhidos?
4) Como se dá a avaliação e controle das atividades desempenhadas pela
empresa? Existe algum órgão que controle ou fiscalize a organização prestadora do
serviço de coleta, transporte e disposição final de resíduos?
5) Em relação à classificação dos resíduos sólidos oriundos do serviço de
saúde, qual a forma de segregação adotada pela empresa? A organização utiliza
como órgão de norteamento para estas atividades a ABNT (Classificação de
Resíduos em Classe I, II e III) ou do CONAMA/ANVISA (Classificação em Grupos A,
B, C, D e E)?
6) De acordo com resoluções do CONAMA e ABNT os resíduos de GRUPO C
(substâncias radioativas que contém radionuclídeos) devem ser destinados a um
órgão específico para tratamento - o chamado CNEN. Como se dá o processo de
repasse destas substâncias a este órgão? Quais medidas e cuidados devem ser
tomados?
86
7) Onde são depositados os resíduos hospitalares que não apresentam riscos
ao meio ambiente? Os mesmos são destinados a valas sépticas, lixões ou passam
por algum outro processo?
8) Em se tratando do transporte, qual a orientação que a empresa recebe em
caso de contaminação ou vazamento durante a movimentação de resíduos? Em
caso desse acontecimento, de que maneira a empresa procede?
9) Quais os principais riscos que a incorreta disposição final de resíduos
causa ao meio ambiente? E que danos podem acarretar a saúde do
colaborador/funcionário?
10) O que hospitais e demais organizações de saúde precisam avaliar para
saber se uma empresa prestadora de serviço de coleta de resíduos de saúde é
confiável?
11) A empresa autoriza a divulgação e citação de seu nome referente ao
presente estudo? (Assinale com “x”).
( ) Sim ( ) Não
12) Espaço livre para um observações ou possível comentário da empresa:
87
ANEXO D: Relação de empresas contatadas para questionário.
1) Conesul Soluções Ambientais
Endereço: Avenida Independência, 860, 2º andar. Santa Cruz do Sul/ RS
Telefone: (51) 21072107. Responsáveis: Stefânia, Maiquel.
E-mail: [email protected]; supervisã[email protected];
Site: http://www.conesulrs.com.br/
2) Ambinew Coleta de Lixo Séptico Ltda.
Endereço: Rua Professor Cristiano Schmidt, 423. Santa Cruz do Sul/ RS
Telefone: (51) 81599001 ou (51) 81251882
E-mail: [email protected]
3) Aborgama do Brasil Ltda.
Endereço: Av. Cristóvão Colombo, 2360, Bairro Floresta, Porto Alegre/ RS
Telefone: (51) 30723602 ou (51) 30723603. Responsável: Flávia.
E-mail: [email protected]
Site: http://www.aborgamadobrasil.com.br/
4) Ambientuus Tecnologia Ambiental Ltda
Endereço: Rua Euclides Gomes de Oliveira, 60 e 70. Cachoeirinha/ RS
Telefone: (51) 3364-8688 ou (51) 3365-2254
E-mail: contato estabelecido pelo formulário presente no site da empresa.
Site: http://www.ambientuus.com.br/
88
5) Telemonte Coleta e Transporte Ltda
Endereço: Arthur Renner, 502. Montenegro/ RS
Telefone: (51) 3632 2048
E-mail: [email protected]
Site: http://www.telemonte.com.br/
6) Via Norte Coleta e Transporte de Resíduos Ltda.
Endereço: Rua Dr. Gelson Ribeiro, 283, sala 2. Passo Fundo/ RS
Telefone: (54) 3312 0744. Responsável: Rudi
E-mail: [email protected]
Site: http://www.vianorteresiduos.com.br/
7) Ecolog Serviços Ambientais
Endereço: BR 471, Km 121, s/nº. Bairro Independência. Santa Cruz do Sul/RS
Telefone: (51) 30562395. Responsáveis: Jeane, Diego.
E-mail: [email protected]
Site: http://www.ecologambiental.com.br/
8) RTM Resíduos Especiais Ltda.
Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1699. Santa Maria/ RS
Telefone: (55) 30256098 ou (55) 3025-5538. Responsáveis: Thiago, Áureo.
E-mail: [email protected]; [email protected];
Site: http://rtmambiental.com.br/
89
ANEXO E: Contato estabelecido via e-mail com empresas coletoras de resíduos
Boa tarde,
Permita apresentar-me: meu nome é Ismael Buboltz, possuo 22 anos e sou
estudante de Administração da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul/RS.
Estou desenvolvendo um trabalho em minha universidade (Trabalho de
Conclusão de Curso) que retrata o serviço desempenhado por sua empresa:
recolhimento de resíduos que por sua vez engloba o assunto “logística reversa
aplicada à área da saúde” – tema central de meu estudo.
Para tanto, gostaria encarecidamente e com todo respeito, verificar se a
empresa poderia responder ao questionário em anexo. Informo que se a mesma
não quiser divulgar seu nome, assim o farei.
Acredito ser uma grande chance de divulgar o trabalho de sua empresa para
a região e comunidade acadêmica, uma vez que nós, estudantes de Administração,
precisamos nos preocupar acerca da destinação final de resíduos produzidos por
nossas organizações. O objetivo deste estudo é verificar quais os serviços
oferecidos pelas organizações da região sul, verificando qual a diferenciação
existente entre as empresas.
Deixo à disposição meu telefone e contato da universidade para verificarem a
veridicidade do trabalho.
Qualquer dúvida estou à disposição.
Desde já o meu muito obrigado.
• Ismael Buboltz – estudante
[email protected]; [email protected];
Telefone: (51) 3704 1167, (51) 98211537 ou (51) 3704 1082
• UNISC – Dpto. de Administração. Com Prof. Rafael Frederico Henn
[email protected]; [email protected];
Telefone: (51) 3717 7362
90
ANEXO F: Fontes geradoras de resíduos no Hospital Beneficente Monte Alverne
Quartos/Berçário/Banheiro Copa/ Cozinha
Bloco Cirúrgico/ Ambulatório/Emergência Enfermagem
Administração Jardim
91
ANEXO G: Imagens externas do Hospital Beneficente Monte Alverne
Fachada Vista lateral
Estacionamento Horta
Depósito de Infectantes Lavanderia
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ANEXO H: Utensílios e ferramentas utilizados na coleta de resíduos
Lixeiras identificadas Caixas para perfurocortantes
Lixeira resíduos químicos Lixeiras para papel, plástico e lixo orgânico
Carrinho para transporte interno Tambores para maiores volumes
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ANEXO I: Depósito de infectantes
Depósito de Infectantes Identificação na porta
Freezer para peças anatômicas Placenta acondicionada no freezer
Lixo reciclável Perfurocortantes contaminados
94
ANEXO J: Equipamentos de Proteção Individual - EPI
Fonte: Inteligência Ambiental
Equipamentos de proteção individual: calça, camisa (de preferência com
manga 2/3) de tecido resistente, luvas de PVC antiderrapante com cano longo,
máscara e gorro.
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