CROWDSOURCING NO JORNALISMO 1
CROWDSOURCING NO JORNALISMO
Universidade do Minho
2013/2014
Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência
Organizacional
André Braga Nº61547
Rui Rocha
Nº53865
David Baía
Nº61553
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 2
ÍNDICE
Crowdsourcing no jornalismo........................................................................................................................ 1
2013/2014 ............................................................................................................................................................ 1
Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional ...... 1
1. Introdução ................................................................................................................................................... 3
2. Contextualização ..................................................................................................................................... 4
2.1. Inteligência Coletiva ..................................................................................................................... 4
3. O Crowdsourcing ..................................................................................................................................... 6
3.1. O que é o Crowdsourcing? .......................................................................................................... 6
3.2. Iniciativas de Crowdsourcing .................................................................................................... 6
3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing .................................................................. 8
3.4. Plataformas de Crowdsourcing ................................................................................................. 8
4. Crowdsourcing no Jornalismo ........................................................................................................ 11
4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo ............................................................................. 11
4.1.1. Jornalismo Open Source ...................................................................................................... 11
4.1.2. Jornalismo Participativo ...................................................................................................... 11
4.1.3. Jornalismo Colaborativo ...................................................................................................... 12
4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo .................................. 12
4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no jornalismo .......................... 13
4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo ......................................... 14
4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas .................................................................. 16
5. Análise a Plataformas ......................................................................................................................... 17
5.1. O Slashdot ........................................................................................................................................ 17
5.2. O Vourno .......................................................................................................................................... 19
6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism ......................................................................................... 21
7. Conclusão ................................................................................................................................................... 23
8. Referências ............................................................................................................................................... 25
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1. Introdução Este projeto enquadra-se no âmbito da unidade curricular Gestão do
Conhecimento da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional (GCAIO), do
Mestrado Integrado em Gestão e Engenharia de Sistemas de Informação
(MIEGSI). Decorre durante o primeiro semestre do quarto ano, no ano letivo de
2013/2014.
A equipa é constituída por três elementos e o projeto será desenvolvido
em duas fases, numa primeira fase será entregue um relatório intermédio,
focado na revisão teórica do tema e na apresentação das plataformas que serão
exploradas mais tarde. Na segunda fase será entregue o relatório final que
retratará todo o trabalho desenvolvido na execução deste projeto, incidindo
mais na exploração das plataformas em análise. Nesta fase proceder-se-á
também à apresentação e defesa deste projeto. O presente relatório diz respeito
à segunda fase do projeto.
Neste projeto pretende-se dar resposta à pergunta: “O que é o
crowdsourcing?”, mais concretamente o crowdsourcing no jornalismo. Irão ser
exploradas as aplicações deste conceito no jornalismo, com recurso a exemplos
reais concretos de plataformas atuais que aplicam este conceito.
Os recentes avanços nas tecnologias da informação, nomeadamente o
desenvolvimento da internet alterou as formas de comunicação e participação
social drasticamente. Conceitos novos como inteligência coletiva, e
nomeadamente o crowdsourcing são representativos dessas alterações. Serão
analisados diferentes tipos de crowdsourcing no jornalismo, as suas vantagens e
desvantagens, e será ainda explorado o seu impacto em termos económicos e
sociais. Serão expostas algumas plataformas de crowdsourcing com o intuito de
dar a conhecer como estas operam e de que forma pode ser vantajosa a sua
utilização. Espera-se que estes exemplos práticos ajudem a clarificar o conceito
de crowdsourcing no jornalismo, e que esta componente mais prática seja
elucidativa da forma como este atua no mundo atual e como pode ser vantajosa a
sua utilização. Será concebida uma breve explicação por forma a clarificar as
principais diferenças e semelhanças entre as diversas plataformas expostas.
Inserido nesta parte mais prática do projeto a equipa lançou a sua própria
plataforma de crowdsourcing no jornalismo, chamada News UM, que será
apresentada em detalhe neste relatório.
Por último, será analisado todo o trabalho realizado no presente
relatório, abordar-se-ão as principais dificuldades sentidas na sua realização, a
forma como a equipa se organizou na sua execução e de que forma contribuiu
para o nosso enriquecimento académico. Serão expostas as principais
conclusões sobre o crowdsourcing no jornalismo, de forma a demonstrar o que
apreendemos com a realização deste projeto.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 4
2. Contextualização
2.1. Inteligência Coletiva
A Inteligência Coletiva é um conceito cada vez mais atual devido à
enorme relevância e impacto que a comunicação social e a internet têm na vida
das populações. Este conceito é definido por Surowiecki (2004) como Sabedoria
das Multidões em que argumenta que as decisões obtidas em grupo são quase
sempre melhores que as obtidas individualmente pelos elementos do grupo.
De acordo com Lévy (2007) a inteligência coletiva é “uma inteligência
distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo
real, que resulta uma mobilização efetiva das competências”. Para Lévy (1997)
graças ao desenvolvimento e expansão da internet, as pessoas “comuns” podem
agora colaborar e interagir de forma mais fácil, rápida e eficiente no que toca à
partilha dos seus conhecimentos de forma a ajudar a criar melhores soluções.
Ainda para Lévy (1999)“o ideal mobilizador da informática não é mais a
inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, para a valorização,
utilização otimizada e a criação de sinergias entre as competências, as
imaginações e energias atuais, qualquer que fosse a sua diversidade qualitativa e
onde quer se situe.”
Segundo George Por (2006), um dos maiores pioneiros na área de
inteligência coletiva definiu a como “a capacidade das comunidades humanas
evoluírem em harmonia e de uma ordem mais complexa, através dos
diversificados meios/mecanismos de colaboração, integração e por vezes até
competição”.
Tapscott e Williams (2009) definiram a inteligência coletiva como sendo
“a capacidade de conjugar o conhecimento de milhões (se não milhares de
milhões) de utilizadores de uma forma auto-organizada. De modo a que essa
inteligência coletiva seja próspera, é necessário respeitar quatro princípios
fundamentais: Abertura, Peering, Partilha e Agir Globalmente.
Abertura – O surgimento dos meios de comunicação social é marcado
pela relutância das organizações em partilhar ideias, conceitos,
conhecimento e metodologias de trabalho, estes eram vistos como uma
vantagem competitiva e a sua partilha com o público era encarada
como uma perda dessa vantagem.
Peering – É um esforço colaborativo, seja de pessoas ou organizações,
onde cada parte contribui voluntariamente e de forma aberta com o
intuito de desenvolver produtos ou tecnologia.
Partilha – Apesar de haver uma certa relutância quanto a partilha de
informação referente ao ambiente organizacional, é possível dizer que
são várias as organizações que já se aperceberam do potencial da
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mesma. Pois ao haver partilha/colaboração entre as organizações é
possível ter a perceção do mercado e assim desenvolver
produtos/serviços de melhor qualidade de forma a obter vantagem
competitiva no mercado.
Agir Globalmente – como todos sabemos são várias as organizações a
baixo custo que aumentaram a sua rentabilidade e prestigio no
mercado com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação
social. Assim e seguindo o exemplo das mesmas, se outras empresas
desejaram aumentar o seu volume de negócios e melhorar a qualidade
dos produtos/serviços, devem optar por uma abordagem “Open mind”
de forma a serem flexíveis ao ponto de avaliarem o que é novo,
permanecendo atualizadas com outras praticas organizacionais ao
invés de ficarem agarradas as suas convicções.
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3. O Crowdsourcing
3.1. O que é o Crowdsourcing?
O termo crowdsourcing proveniente do inglês, que separado em dois
significa crowd – multidão e source – fonte, pode-se desta forma perceber melhor
o seu significado, ou seja, pode ser entendido como uma fonte de informação
proveniente de um conjunto de pessoas. De um ponto de vista mais técnico o
crowdsourcing pode ser visto como um modelo de produção de informação que
aplica a inteligência e conhecimentos coletivos e voluntários de um conjunto de
pessoas com o intuito de resolver problemas, criar conteúdo, soluções ou até
novas tecnologias.
Jeff Howe (2008) define crowdsourcing como sendo “a força de muitos
que gera sinergias para realizar melhor tarefas que antes eram privilégio de poucos
indivíduos especializados”.
O crowdsourcing tem-se tornado rapidamente numa nova ferramenta de
inovação, servindo para gerar novas ideias, reduzir o tempo de investigação e
desenvolvimento de projetos para as mais diversas áreas, possibilitando a
diminuição do custo de financiamento de projetos e criando ainda uma espécie
de elo entre os clientes, que financiam os projetos, e a organização.
3.2. Iniciativas de Crowdsourcing
Graças ao desenvolvimento global e a uma melhor perceção do poder do
crowdsourcing foram originados vários tipos de crowdsourcing, ou seja,
originaram-se diversas tipologias que apenas têm em comum a um critério de
classificação: crowd (multidão). Iremos referenciar então algumas iniciativas de
crowdsourcing assim definidas por Doan, Ramakrishnan e Halevy (2011) . De
entre os diferentes tipos de iniciativas de crowdsourcing temos:
Crowdcasting – Neste tipo de iniciativas de crowdsourcing, um
indivíduo, empresa ou organização propõe ao público um problema ou
tarefa, sendo recompensado quem resolvê-lo primeiro ou quem
fornecer a melhor solução. Nesses problemas ou tarefas, a multidão traz
conhecimentos específicos numa área particular, resolvendo um
problema individual.
Crowdcollaboration – Os indivíduos contribuem com o seu
conhecimento e competências para resolver problemas ou ideias de
forma colaborativa, enquanto a empresa que inicia o processo fica de
fora e geralmente não há recompensa financeira.
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o Crowdstorming – Estas iniciativas são sessões de brainstorming
(Um brainstorming é uma reunião destinada a incentivar a total
libertação da atividade mental, sem restrições, tendo como
objetivo a recolha de um elevado numero de ideias) online, em
que as ideias são propostas e a multidão envolve-se com
comentários e votos.
o Crowdsupport – Neste caso, os clientes ou os próprios usuários
são os que resolvem as questões ou problemas dos outros, sem
ter que ir para o serviço pós-venda. A diferença com
crowdstorming é que o crowdsupport procura ajudar.
Crowdcontent – nestas tarefas, a multidão usa o seu trabalho e
conhecimento para criar ou encontrar conteúdos de vários tipos. Ela
difere da crowdcasting porque crowdcontent não é uma competição, mas
cada indivíduo irá trabalhar individualmente e, no final, os resultados de
todos os participantes serão juntados. Assim, pode-se encontrar três
subtipos que diferem na sua relação com os conteúdos tratados:
o Crowdproduction – Aqui, o público tem de criar o conteúdo,
como aquele que é criado ao traduzir pequenos fragmentos de
texto.
o Crowdsearching – Neste caso, os participantes têm de pesquisar
o conteúdo disponível na Internet com algum objetivo. Por
exemplo, encontrar emails de certos tipos de empresas.
o Crowdanalyzing – Este caso é semelhante ao crowdsearching,
com a diferença que não é feita a pesquisa com documentos de
texto da Internet, mas com documentos multimídia, como
imagens ou vídeos.
Crowdfunding – Este tipo de iniciativa, é um mecanismo para obter
financiamento onde pessoas fazem pequenas doações com vista a
concretização de uma ideia ou projeto. É um sistema de financiamento
coletivo, que se baseia na apresentação de pequenos projetos e em que
se apela ao cidadão comum para dar um pequeno contributo financeiro,
por vezes existe uma recompensa.
Crowdopinion – Neste caso, o objetivo é ouvir a opinião dos usuários
sobre um tópico ou produto, ou seja, a multidão dá a sua opinião ou
julgamento por forma a avaliar.
Crowdwisdom – Este método é baseado na ideia de que um grupo de
pessoas é, em média, mais bem informados do que um indivíduo.
Crowdvoting – Ocorre quando um website reúne opiniões de um grande
grupo sobre um determinado tópico.
Crowddemocracy – Tem como objetivo permitir à multidão participar
em decisões democráticas.
Crowdcreation – Trata-se de uma atividade de “criação”, que consiste
em pedir a indivíduos e empresas para resolver um dilema particular
que cria uma solução satisfatória para o problema específico.
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Crowdreviews – Tem como objetivo a partilha de informação sobre
diversas atividades, de forma a oferecer ajuda a outras.
3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing
Segundo Howe (2006) muitos dos intervenientes em iniciativas de
crowdsourcing participam nestes projetos apenas pelo desafio, e para colaborar,
sem receber nenhum tipo de remuneração, isto faz com que as empresas
disponham de recursos e serviços pelos quais teriam de pagar a custos muito
reduzidos, permitindo assim uma enorme poupança nas despesas.
Estas iniciativas permitem que a informação de chegue de forma muito
mais rápida aos utilizadores de informação, isto torna a partilha de informação e
conhecimento muito mais fácil e ágil.
Contudo esta produção acelerada em massa de conteúdos faz com que
muitas vezes o resultado final não seja exatamente aquilo que era pretendido, ou
seja, ter vários utilizadores a produzirem conteúdo, alguns não especializados,
faz com que seja criado conteúdo em demasia que acaba por não corresponder
exatamente à ideia original do projeto. Isto leva a que por vezes seja difícil
distinguir qual a informação verdadeira, ou mesmo qual a informação essencial e
pertinente para o contexto.
Outra das desvantagens do crowdsourcing é a questão da
confidencialidade, com o aumento a este tipo de projetos e com a facilidade de
utilização das tecnologias não é fácil manter a barreira da confidencialidade e da
privacidade, isto é especialmente grave por exemplo para empresas que
pretendam ganhar uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes
e que assim vêm informação que deviam ser confidenciais a serem partilhadas
livremente pelo mundo.
3.4. Plataformas de Crowdsourcing
As plataformas de crowdsourcing podem ser vistas como um local onde
se pode resolver problemas ou tarefas através da colaboração de várias pessoas,
permitindo desta forma adquirir uma solução ou resposta bem mais robusta,
resultado de diversas opiniões partilhadas pelos utilizadores.
De um de vista mais harmonioso, pode ser visto como uma prática de filantropia,
em que pessoas que apesar de não se conhecerem se identificam umas com as
outras, e procuram partilhar ideias de forma a resolver determinados
problemas.
Hoje em dia existem diversas plataformas de crowdsourcing, de inúmeras
áreas de interesse, desde desenvolvimento de software, design gráfico, moda,
educação, investimentos, ou seja, um sem-número de possibilidades que se
oferecem online, seja através de portais, websites, ou fóruns, que juntos
canalizam todo o potencial das comunidades online.
Foram selecionadas algumas plataformas genéricas que aplicam os ideais
defendidos pelo crowdsourcing de forma a perceber que este representa várias
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áreas e as diferenças existentes quando comparadas estas plataformas com as de
jornalismo:
Johnny Cash Project – este projeto permite aos utilizadores e fãs do
artista Johnny Cash fazer uma homenagem, através do envio de
desenhos, imagens, retratos, etc; que serão utilizados para fazer um
vídeo para a música “Ain’t No Grave. As manifestações artísticas são
feitas através da plataforma, onde são depois escolhidas as melhores
para ser utilizadas no vídeo, permitindo desta forma criar um ideia única
e inovadora que pretende imortalizar esta lenda da música.
Kickstarter – esta plataforma promove o financiamento de projetos
criativos e abrange todo o tipo de áreas de interesse. Ajuda a captação de
recursos financeiros necessários doados pelos utilizadores. Os
utilizadores são só cobrados pelo investimento feito caso os recursos
financeiros necessários mínimos necessários para o projeto avançar
sejam atingidos, protegendo desta forma quem faz donativos. Para
chamar a atenção de doadores, os detentores do projeto dão extras por
quem doar mais dinheiro.
33needs – esta aplicação web permite aos investigadores conectarem-se
a um conjunto de pequenos empresários espalhados pelo mundo. Esta
aplicação web divide os seus projetos em categorias como, educação,
comunidade, planeta, entre outros. O objetivo é o de os pequenos
empresários colocarem as suas necessidades em termos de
financiamento necessário, apresentarem o problema e como pretendem
resolvê-lo, para os investidores poderem investir. O 33needs e os
responsáveis do projeto recebem uma percentagem de 5% e 3%,
respetivamente, do financiamento, contudo não recebem nada caso o
objetivo do investimento não seja atingido. Assim os pequenos
empresários utilizam a aplicação web para encontrar uma forma de
concretizar os seus projetos e o caminho para o sucesso, enquanto os
investidores procuram projetos de onde possam tirar proveitos.
Crowdrise – esta plataforma permite suportar organizações de
voluntariado e caridade através da doação de dinheiro. Os utilizadores
podem criar perfis para ajudar a angariar dinheiro para um organização
ou para se juntar a um projeto existente.
StreetJournal.org – plataforma lançada na cidade de Perm hoje já opera
na maioria das grandes cidades de toda a Rússia, ou seja, um exemplo do
uso do crowdsourcing para resolver problemas urbanos na Rússia. Além
dos cidadãos comuns, as autoridades locais tem usado a plataforma com
o intuito, de monitorizarem e acompanharem os problemas que vão
surgindo e reagirem rapidamente de forma mais eficiente as
necessidades da população.
DonorsChoose – permite a professores pedir fundos para necessidades
específicas em salas de aula e escolas. Os pedidos podem ser para as mais
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variadas áreas, como ciências, artes, etc; Esta plataforma permite
melhorar os níveis de ensino nas escolas, através destes projetos.
SellaBand – é um website onde artistas pedem investimento para
conseguir gravar álbuns profissionalmente. Os artistas mantém total
crédito pelo trabalho desenvolvido e decidem os incentivos a dar aos fãs
que doarem dinheiro. O modelo de investimento permite ainda aos
artistas entrar em contratos com as editoras. Os artistas mantêm o
controlo sobre a sua carreira e têm 100% de liberdade para criarem a
música que quiserem. SellaBand permite ainda que editoras criem aqui
projetos para os seus artistas de forma a criar uma base de fãs necessária
para os artistas darem o próximo passo na carreira.
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4. Crowdsourcing no Jornalismo Quando associado ao jornalismo, o crowdsourcing é possível identificar-se
em três tipos de abordagens diferentes.
Observação geral do dia-a-dia por parte da população que reporta aquilo
que viu e ouviu em forma de notícia.
No momento dos noticiários, as redações pedem ao seu público-alvo que
partilhe fotos, vídeos ou testemunhos de algo que viram.
Este último ponto está associado ao jornalismo de investigação, em que o
jornalista pede a ajuda dos leitores para que estes se debrucem sobre o
tema em questão, a análise, investigue e tire suas próprias conclusões. O
papel do jornalista será o de recolher toda essa informação e analisar.
4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo
Com o aumento das ferramentas disponíveis e a massificação da internet,
o mundo foi-se aos poucos tornando uma “aldeia global”, o que permitiu ma mais
fácil comunicação e aproximação das pessoas de diferentes partes do mundo,
trazendo consigo um enorme impacto sobre diversas áreas. O jornalismo não foi
exceção. Com toda esta massificação, a divulgação e publicação de conteúdos
levou ao aparecimento de uma média mais heterogénea e mais participativa. Isto
abriu portas a que pessoas independentes se tornassem capazes de produzir e
divulgar informação/conhecimentos, originando desta forma diferentes tipos de
jornalismo, conhecidos como open source, participativo e colaborativo.
4.1.1. Jornalismo Open Source
O conceito de jornalismo open source surgiu pela primeira vez a partir do
site Slashdot, onde o editor de um jornal chamado Jane’s Intelligence Reviewi
pediu a opinião dos leitores sobre o artigo que queria publicar. As pessoas foram
dando a sua opinião o que acabou por levar à rejeição do artigo e à reescrita do
mesmo. Desta formas as pessoas passar a perceber que tinham um papel na
cobertura da média social, auxiliando os jornalistas a escrever notícias mais
precisas e fundamentadas. A partir deste momento diversos autores da área
passaram a utilizar termos como jornalismo participativo e jornalismo
colaborativo, isto porque o termo open source não se referia essencialmente à
publicação de notícias e conteúdos, mas sim ao acesso livre a ferramentas on-
line e ao desenvolvimento de software.
4.1.2. Jornalismo Participativo
Bowman e Willis (2003) admitem que o jornalismo participativo “é o
acto de um cidadão ou grupo de cidadãos que têm um papel activo no processo
de recolha, análise, produção e distribuição de informações. O objectivo desta
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participação é oferecer a informação independente, fidedigna, variada, precisa e
relevante que uma democracia requer”.
Primo e Trasel (2006) procuram substituir o termo jornalismo
participativo por jornalismo web, e definem-no como “práticas desenvolvidas
em secções ou na sua totalidade de um período noticioso na Web, onde a
fronteira entre a produção de informação e leitura não pode ser claramente
definida porque não existe”. Ainda que se possa cair no erro de achar que
jornalismo participativo esta apenas ligado à web, não há nada que impeça um
cidadão comum de ter um determinado assunto, foto, vídeo seu, publicado em
alguma capa de jornal ou telejornal do mundo.
Segundo Rocha e Brambilla (2010) no jornalismo participativo está
inerente uma participação ao longo do desenvolvimento da notícia, portanto
admite-se uma intervenção contínua.
4.1.3. Jornalismo Colaborativo
Jornalismo colaborativo é um conceito de jornalismo que admite a
intervenção de voluntários que ajudam a desenvolver novas notícias ou a
examinar as já existentes. Os participantes são desta forma vistos como um
complemento.
Para Outing (2005) o jornalismo colaborativo não é um termo que possa
ser aplicado por todas as organizações, já que é algo muito complexo e com um
escopo de variações muito abrangente.
Segundo Glaser (2006) o jornalismo colaborativo reside na ideia de que
com a internet, os utilizadores, mesmo que não possuindo a profissão de
jornalistas podem recorrer a ferramentas tecnológicas para ajudar a desenvolver
e criar novo conteúdo e informação sozinhos e sem a intervenção de
especialistas da área.
Rocha e Brambilla (2010) admitem que no jornalismo colaborativo
existe uma relação pontual entre o público e a notícia a desenvolver, pelo que a
intervenção é apenas temporária e ocorre em determinado período de
desenvolvimento da notícia.
Kiss (2005) indica que o jornalismo colaborativo não está, ainda,
totalmente desenvolvido e que se encontra rodeado num véu de constante
mudança, pelo que admite que o se significado não é consensual. Ainda assim
Kiss (2005) acredita que o jornalismo colaborativo está presente quando os
utilizadores publicam conteúdo, nas mais diversas formas e nos mais diversos
sítios. É um resultado da circunstância já que advém da presença dos
utilizadores, que reportam a informação, no local onde se deu o acontecimento.
Prova mais comum disso são o envio de vídeos para as estações televisivas,
relacionados com catástrofes naturais ou acontecimentos do género.
4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo
O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma mais-valia estratégica
quer para consumidores, quer para produtores de notícias. Cria um novo
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paradigma na relação do leitor com a notícia, deixando este, de ser um mero
consumidor e passa a ser parte do processo de construção da notícia. Dá ao
leitor a oportunidade de interagir com maior facilidade, os veículos agregam
mais valor ao conteúdo, torna-se mais fácil despertar interesse no leitor pela
notícia e a sua partilha é potenciada, uma vez que um leitor que contribui para a
elaboração da notícia está mais propenso a partilhá-la, aqui se mostra também
que a utilização da internet e das redes sociais em particular, contribui para o
sucesso deste conceito.
Este crescente fenómeno fomenta a partilha de informação, o facto de
compreender a utilização de um grande número de utilizadores para narrar os
fatos, faz com que a notícia seja mais desafiada e contestada e tenha por base
uma maior diversidade de argumentos. Esta diversidade de origem de
proveniência dos factos também constitui uma desvantagem, os dados são
recolhidos em parte não por um jornalista mas por um conjunto de utilizadores
que podem ser ou não, qualificados. O facto de a comunidade estar inserida neste
processo levanta questões de veracidade e dá origem a discussões éticas.
Em suma, este tipo de abordagem ao jornalismo contribui para a
disseminação das notícias, e fornece uma base maior de conhecimento para a
produção de material noticioso, esta, pode no entanto ser vista como uma
desvantagem, por contar com um espetro alargado de colaboradores, questões
éticas e de veracidade podem surgir, retirando credibilidade à notícia.
4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no
jornalismo
Hoje em dia o jornalismo está a passar um tempo de metamorfoses entre
a desestruturação, o desunir de muito do que até aqui se encontrava agrupado e
que constituía até há pouco tempo uma fórmula vencedora, e a reestruturação, a
inovação e a procura de novos e duradouros agrupamentos"
“É possível o crowdsourcing no jornalismo estar a ameaçar o jornalismo
convencional?”
Segundo Demers (2007) a maioria das organizações dos média irão
continuar a crescer no século XXI, no entanto a sua capacidade para controlar a
informação irá diminuir. Os novos média impulsionados pelo crowdsourcing irão
continuar a crescer e a expandir pois os serviços que estes oferecem não podem
ser oferecidos pelas grandes organizações a um nível que seja possível tirar
lucro. As grandes organizações preferem um público vasto e indiferenciado que
oferece o maior lucro possível, no entanto a intervenção da Web 2.0 irá tornar
cada vez mais difícil controlar o mercado.
Uma das teses de Demers é que o aumento da complexidade económica e
social leva a uma descentralização do poder e autoridade e estimula o
crescimento das democracias. É um facto que os média estão a perder poder
para a internet, que permite aos utilizadores contornar a informação oferecida
por estes, de forma a procurar notícias, informação e conhecimento.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 14
Nesta atualidade em que vivemos num mundo cada vez mais cheio de
controvérsias, os cidadãos recorrem às armas fornecidas pela Web 2.0 para se
fazerem ouvir e demonstrarem os seus interesses. Desta forma representam
uma força de combate contra as organizações que não aceitam este novo tipo de
jornalismo, e por isso cingem-se ao jornalismo convencional.
Atualmente, com o problema da guerra na Síria e noutros países, é,
principalmente, graças a estes cidadãos que são os olhos e ouvidos do mundo,
que se vai sabendo do que se vai passando no país, caso contrário só se saberia
aquilo que o governo transmitisse cá para fora.
Desta forma o aumento no número de escolhas dilui mais ainda o poder
dos média, que irão, de qualquer das formas, continuar a ter um forte papel na
vida das pessoas nas décadas vindouras, e irão continuar a suportar as elites e
instituições poderosas.
4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo
Estas plataformas de crowdsourcing estão associadas ao jornalismo e permitem
a intervenção do utilizador das mais diversas formas, desde a sua intervenção
nos mais variados estágios do desenvolvimento de notícias, no financiamento de
projetos relacionados com jornalismo, na indicação de que notícias as pessoas
querem saber, etc. Todas estas plataformas permitem, ainda, que isto seja feito
em vários formatos, seja imagens, texto, vídeo, etc. Todo este conjunto de
plataformas procura a interação com os utilizadores de forma a criar novo
conteúdo, e por sua vez novo conhecimento de melhor qualidade. Posto isto
apresentam-se então algumas plataformas:
Wikinews (Crowdsourcing colaborativo) – à semelhança da wikipédia,
o wikinews disponibiliza notícias vindas de todo o mundo, em que
qualquer utilizador pode adicionar ou editar o conteúdo desde que cite
as fontes de informação. Funciona como uma biblioteca de notícias desde
as mais antigas até às mais recentes, que é gerida graças a voluntários
que prescindem do seu tempo e dinheiro por uma causa maior, neste
caso, informar o mundo.
Spot.us (Crowdsourcing participativo) – esta plataforma serve para
financiamento de projetos de jornalismo. Os utilizadores partilham as
suas informações e histórias procurando aumentar as probabilidades de
receber financiamento. Os utilizadores podem ser recrutados pelos
jornalistas para ajudar na elaboração de conteúdo que será
posteriormente publicado no website. Caso o conteúdo de um ou mais
jornalistas seja publicado no website, 90% do valor da receita é para o
jornalista(s) envolvido(s), pelo que os restantes 10% são atribuídos aos
gestores da plataforma. Desta forma os utilizadores tem a possibilidade
de participar e ajudar a construir conteúdo que depois pode vir a ser
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 15
publicado. Para que as notícias sejam alvo de possível doação, tem que
passar primeiro por um conjunto de medidas definidas pelo Spot.us.
Slashdot (Crowdsourcing colaborativo) – é conhecido por ser uma
plataforma onde se coloca notícias e comentários relacionados com as
áreas das TI. Os utilizadores são livres de enviar artigos que podem mais
tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona assim como uma espécie
de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes das tecnologias a
consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página.
Global Reporter (Crowdsourcing colaborativo) – nesta plataforma os
utilizadores são encorajadas a divulgar assuntos relacionados com as
comunidades em que estão inseridos, sendo uma espécie de jornalistas
da zona. A informação pode ser reportada em forma de texto, imagens ou
vídeos.
Global For Me (Crowdsourcing colaborativo) – Global For Me é uma
plataforma de notícias que dá o poder de decisão ao cliente, as notícias
não são filtradas por nenhum editor, é o cliente que decide que notícias
quer receber. Esta plataforma conta com jornalistas de todo os cantos do
mundo, pode cobrir histórias desde os locais mais remotos do planeta
até algo que acontece mesmo ao meu lado, esta plataforma fornece-nos a
oportunidade para pensar globalmente e atuar localmente. Qualquer
tópico pode ser explorado e transformado numa notícia, desde que haja
interesse suficiente, se vários utilizadores demonstrarem interesse numa
notícia sobre um tópico específico, os administradores desta plataforma
irão disponibilizar um profissional para produzi uma notícia sobre este
assunto. O interesse é então a chave para se conseguir uma história,
quanto mais pessoais requisitarem uma determinada história mais
hipóteses há de ela ser produzida, e de publicada mais rapidamente,
portanto, tudo aqui depende do poder em espalhar a palavra, de fazer
com que outros se interessem pela história que querem ver publicada.
Esta plataforma vive de donativos, quanto mais pessoas doarem para
uma história, mais rápida a sua publicação acontecerá. Existe ainda uma
modalidade de donativos em que um utilizador pode ter total controlo
sobre a história decidir qual o tema e ter uma palava final antes da sua
publicação. Em suma, se utilizadores suficiente desta plataforma,
mostrarem interesse numa história, essa história será produzida.
Vourno (Crowdsourcing colaborativo) – Vourno é a maior plataforma
de financiamento e uma rede de notícias independente assente no
jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os recursos necessários
para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite ao público a
possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 16
Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e
distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as
notícias e mudar o paradigma do jornalismo.
4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas
A partir da análise feita acima podemos afirmar que as plataformas 33needs,
Kickstarter, Crowdrise, SellaBand e DonorsChoose são semelhantes por serem
plataformas de financiamento, ou seja, crowfounding que apela ao
financiamento dos utilizadores interessados para conseguir que os seus projetos
sejam tornados realidade. Aprofundando um pouco mais sabemos que o
Kickstarter visa projetos criativos e não apoia projetos de caracter social, já as
plataformas 33needs e Crowdrise visam essencialmente o apoio a projetos de
caracter social (caridade e apoio social). SellaBand procura “vender” uma banda
e dar então assim início às suas carreiras. Já o DonorsChoose visam melhorar a
qualidade do ensino através de projetos para as escolas.
As plataformas (Johnny Cash Project, Streetjournal.org) são distintas das
restantes, que visam situações e modelos diferentes de aplicação. Johnny Cash
Project baseia-se no apelo à criatividade dos utilizadores para participarem num
último tributo a um músico, enquanto, Streerjournal.org visa à informação à
monitorização quanto a inúmeros problemas urbanos dos cidadãos locais.
No que diz respeito às plataformas associadas ao jornalismo estas são bastante
distintas e com propósitos diferentes. A plataforma Spot.Us é a única plataforma
apresentada que recorre ao crowdfunding, enquanto as outras plataformas
visam a intervenção dos utilizadores por forma a criar, desenvolver notícias de
melhor qualidade e que interessem ao público
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 17
5. Análise a Plataformas 5.1. O Slashdot
O Slashdot é conhecido por ser uma plataforma onde se coloca notícias e
comentários relacionados com as áreas das TI. Os utilizadores são livres de
enviar artigos que podem mais tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona
assim como uma espécie de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes
das tecnologias a consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página.
O Slashdot apresenta algumas funcionalidades que o distinguem de
outras plataformas de crowdsourcing. Essas funcionalidades ajudam a fazer a
gestão da plataforma, bem como a garantir qualidade do conteúdo.
Figura 1- Página do Slahsdot
Firehose – O Firehose é uma poderosa ferramenta de visualização de
conteúdo. Permite filtrar as notícias que queremos de diversas maneiras.
A caixa de mais / menos no lado esquerdo de cada entrada Firehose
permite votar nesse item. Um menu é exibido quando se clica, o que lhe
dá a opção de adicionar algumas tags positivas ou negativa. Esta Votação
e marcação são úteis, pois ajudam a informar outros usuários, e os
editores a decidir quais notícias vão para a primeira página. O Firehose
possuí, ainda, um sistema de cores que classifica as notícias das mais
populares às menos populares.
Karma – O Karma é uma funcionalidade que ajuda a identificar o tipo de
utilizador que cada um é. O Karma atribui um caráter positivo aqueles
utilizadores que publiquem notícias, façam comentários construtivos, ou
seja, tenham uma conduta apropriada. Aqueles que se revelem
desrespeitosos com os outros utilizadores e que façam comentários que
em nada contribuam para uma discussão saudável é lhes então atribuído
um caráter negativo.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 18
Moderation – Esta funcionalidade procura avaliar os comentários feitos
pelos utilizadores, tendo para isso disponível diversas categorias de
avaliação, tais como Funny, Off Topic, Overrated, etc. Os utilizadores são
sorteados para poderem fazer esta moderação e só o podem fazer
durante um limitado período de tempo, dando depois a hipótese a
outros.
Achievements – É uma funcionalidade que presenteia os utilizadores
com títulos relacionados com as suas atividades na plataforma.
Jobs – Informa os utilizadores sobre oportunidades de emprego
relacionados com as áreas das TI, permitindo-lhes assim a possibilidade
de se candidatarem a uma vaga.
TV – Oferece notícias relacionadas com as TI em formato de vídeo.
Channels – Permite visualizar notícias relacionadas com áreas de
Business Intelligence, Data Center, Cloud e Carrers.
De forma a angariar novos jornalistas, é apresentado o formulário para o envio
de uma notícia para o Slashdot. São apenas precisos três tópicos: um título, a
notícia e ainda um URL, caso haja necessidade de citar uma fonte.
Figura 2- Formulário de Submissão de Notícias
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 19
5.2. O Vourno
Vourno é a maior plataforma de financiamento e uma rede de notícias
independente assente no jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os
recursos necessários para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite
ao público a possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias.
Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e
distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as notícias e
mudar o paradigma do jornalismo. O Vourno possuí então quatro principais
funcionalidades:
Criar um projeto
Financiar um projeto
Submeter Notícias
Ver Notícias
Figura 3- Página do Vourno
O Vourno apresenta 5 dicas que eles consideram essenciais para um projeto
ter sucesso.
Completar o perfil de utilizador
Definir claramente o âmbito e objetivos do projeto
Efetuar campanhas de difusão do projeto
Contactar os média
Ser ativo nas redes sociais
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 20
Figura 4 – 5 Dicas para um Projeto com Sucesso
O formulário de submissão de notícias do Vourno é bastante simples.
Apenas e preciso fazer o upload do vídeo a partir do nosso computador ou então
fornecer o endereço onde o vídeo esta alojado.
Figura 5- Formulário de Submissão de Notícias
Na visualização das notícias o Vourno disponibiliza várias categorias em
que se pode selecionar aquela com que queremos que as notícias estejam
relacionadas. Oferece a possibilidade de ver as notícias mais recentes, mais
populares e ainda as notícias relacionadas com a nossa zona.
Já dentro de uma notícia tem funcionalidades que permitem avaliar a
notícia, contribuindo desta forma para o ranking da notícia.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 21
Figura 6 - Visualização de uma Notícia
6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism
Como parte da exploração prática do conceito de crowdsourcing,
associado ao jornalismo, a equipa desenvolveu uma iniciativa no seio da
Universidade do Minho. Tirando partido das redes sociais, especificamente o
facebook, criamos um grupo, chamado News UM, aberto a toda a comunidade
estudantil. Este grupo convida todos os frequentadores da Universidade do
Minho a partilharem as suas estórias, da forma que entenderem, no formato que
desejarem, desde que a notícia seja relacionada com a universidade. Aqui todos
podem ser jornalistas e leitores simultaneamente.
A ideia deste grupo passa também por difundir este conceito, explicar
do que se trata, e dar a conhecer plataformas atuais e relevantes. Para tal a
equipa elaborou alguns textos explicativos e irá disponibilizar todo o material,
em diversos formatos, que julgue relevante. Como uma das primeiras iniciativas,
em associação com outra equipa de trabalho, divulgamos um pequeno
questionário, criado por ela, com o intuito de perceber qual o estado atual de
conhecimento em relação ao conceito de crowdsourcing. O resultado deste
NEWS UM
Figura 7 - Logótipo NEWS UM
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 22
questionário será apresentado e discutido no relatório da equipa (Marco
Rodrigues 60044, Pedro Matos 60040 e José Pedro Cunha 58322), e
posteriormente estes resultados serão divulgados neste grupo e abertos à
discussão da comunidade.
Este grupo, tal como o conceito de crowdsourcing, depende da
participação e envolvimento da comunidade, de forma a estimular esse
envolvimento, apelamos a que a comunidade se pronunciasse quanto ao seu
formato preferido de notícia, texto, vídeo, etc.
Figura 8 - Publicação 1 NEWS UM
A equipa pretende estimular a participação de todos, e como tal, em
forma de incentivo, está a preparar algumas notícias, lançamos um repto, com
dois temas de interesse, “A qualidade das refeições nas cantinas UM” e “Porque
não há mais salas disponíveis para os alunos trabalharem em Azurém?”, estes
temas encontram-se em votação, aquele que reunir mais votos será
posteriormente abordado numa notícia, produzida pela equipa de trabalho, no
formato que reunir mais consenso pela comunidade.
Figura 9 - Publicação 2 NEWS UM
Com esta iniciativa, a equipa espera dar a conhecer este conceito, atrair
adeptos para uma nova forma de encarar o jornalismo e o mesmo tempo criar
um espaço útil, de discussão sobre a nossa universidade.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 23
7. Conclusão
A proliferação de notícias na internet levou ao surgimento de um novo
conceito aplicado ao jornalismo, o crowdsourcing.
Começamos por contextualizar este conceito com o de Inteligência Coletiva,
que pode ser definido como o processo de colaboração e interação em massa
entre pessoas, na partilha dos seus conhecimentos para a criação de melhores
soluções.
Num mundo cada vez mais online, esta interação é facilitada e acontece de
forma mais frequente e eficaz, pode-se considerar que o público se sente
motivado a atuar em comunidade com o objetivo de conquistar uma sensação de
identidade e pertença a um grupo, para obter autorrealização pessoal e melhorar
os seus conhecimentos através da aprendizagem proporcionada pela interação
com outras pessoas, de diferentes culturas e crenças. Este papel ativo do público
está intrinsecamente relacionado com a necessidade de ganhar status, de se
relacionar com outras pessoas, de compreender e dar sentido aos
acontecimentos que o rodeiam, de informar e ser informado, educar e ser
educado, criar. (Holanda, 2007)
O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma ferramenta estratégica na
produção e disseminação de conteúdo (notícias) nos meios sociais. Possibilita à
comunidade participar, colaborar e até produzir conteúdo noticioso.
Neste novo paradigma os leitores passam a interagir em todos os momentos
do processo de criação de uma notícia, desde a investigação até à sua publicação.
Isto constitui uma nova relação entre o jornalista e o público, favorecendo a
participação do último nas decisões editoriais mas nunca de uma apropriação da
função noticiosa, constitui uma ação colaborativa de troca de informações. O
jornalista deixa assim de ser o narrador oficial dos factos, é este o princípio
fundamental do crowdsourcing associado ao jornalismo (Holanda 2007).
Identificamos três tipos de crowdsourcing associado ao jornalismo, o
jornalismo open source, que foi o primeiro conceito a surgir, muito relacionado
com a difusão da internet devido aos comentários e envio de notícias por parte
dos seus utilizadores, o jornalismo colaborativo, caraterizado por utilizadores da
internet poderem participar ativamente na produção e partilha de conteúdo
jornalístico e por último, o jornalismo participativo, onde um grupo de pessoas
atuam coletivamente no processo de criação e partilha de material noticioso.
O crowdsourcing mostra-nos como é possível tirar partido das tecnologias de
informação, mais especificamente a internet, permitindo alterar a relação entre
produtores e consumidores. O jornalismo, fazendo uso destas tecnologias e
conceitos permite aos utilizadores fazer parte ativa no processo noticioso, e
assim contribuir para uma maior difusão das notícias, o utilizador naturalmente
irá partilhar o conteúdo que ajuda a produzir. Isto, em última análise, leva ao
aumento da transparência e qualidade das notícias produzidas.
Como parte deste projeto, exploramos a componente prática deste conceito.
Analisamos algumas das plataformas que identificamos, inscrevemo-nos nelas,
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 24
percebemos o seu funcionamento e tornamo-nos parte desta comunidade. Em
adição desenvolvemos ainda a nossa própria plataforma, de forma a perceber,
por dentro, o que acarreta este conceito de jornalismo.
Quanto às plataformas analisadas, concluímos, que todas têm os seus
méritos, foram bem desenvolvidas, são simples e funcionais. O Vourno apresenta
ser uma plataforma ligada ao formato de notícias por vídeo, enquanto que o
Slashdot opta pela utilização do formato em texto. Ainda assim o seu
funcionamento é similar e os seus princípios assentam na partilha livre de
informação, recorrendo para a isso a uma comunidade. O NEWS UM, a
plataforma desenvolvida pelo grupo, foi criada tendo em conta as plataformas
analisadas e os conceitos abordados neste projeto, pelo que pretende apoiar os
mesmos princípios, criando novos jornalistas no meio em que está inserida,
neste caso, a Universidade do Minho.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 25
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i Jane’s Intelligence Review é um jornal internacional que se dedica a análise da segurança, desenvolvimento e defesa da segurança nacional.
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