UM PROBLEMA GLOBAL—2012
Seca difere de uma região para outra em termo de suascaracterísticas físicas, impactos e capacidade de
convivência (mitigação e resposta)
Políticas de seca não podem ser prescritivas uma vez que cadapaís/estado tem um arcabouço institucional, legal, … único!
Definindo Seca
Seca é uma deficiência de precipitação (intensidade) em
relação ao esperado (ou normal) que ocorre em uma
estação ou período mais longo de tempo (duração)…
Seca Meteorológica
e é insuficiência em atender as demandas de atividadeshumanas e ambientais (impactos)
Secas Agrícola,Hidrológica e Sócio-
econômica
-Centenas de definições—específicas para aplicação e região
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema Regional
Secas no Nordeste
Um problema histórico: 1877-1879, 1888-89, 1898,
1900, 1903, 1915, 1919-20, 1931-32, 1942, 1951, 1953,
1958, 1970, 1979-83, 1987, 1992-93, 1997-98, 2002-03,
2010 e a presente seca, de 2012-16(?).
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema RegionalCAMPOS (2014)
1o Período: Defrontando-se com as secas (1583-1848)
Ocupação dos Sertões nao havia politica de secas
sociedade muito vulneravel, que resultou na tragedia da seca de 1877 a 1879.
2o Período: A busca do conhecimento (1849-1877)
A seca como um problema causado pelas populações (Raja Gabaglia &
Barão de Capanema).
3o Período: A hidraulica da solucao (1877-1958)
O paradigma da construcao de reservatorios com a idéia de tornar a regiao
menos vulneravel as secas (Arrojado Lisboa).
4o Período: A politica do desenvolvimento em bases regionais (1959-1991)
Celso Furtado inseriu no debate a questao estrutural da posse da terra e das
desigualdades regionais.
5o Período: O gerenciamento das aguas e as politicas sociais (1992-)
A Agenda 21
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema RegionalA GRANDE SECA: 1877 – 1879
Fortaleza de 21 mil habitantes pelo censo de 1872, passou a ter 130 mil.
Calcula-se que 500 mil pessoas morreram por causa da seca, em que o
Estado mais atingido foi Ceara.
Seca de 1877 a 1879 A seca como um problema, mas quais políticas
para tornar a região menos vulnerável, quais ajudas deveriam ser dadas
as populacoes impactadas e quais os custos que o governo deveria arcar:
obras de infra-estrutura (Henrique Beaurepaire-Rohan) e
convivência com a seca (Viriato de Medeiros).
AS SECA DE 1915 & 1932:
Para evitar os movimentos migratórios para a capital devido à seca,
foram criados campos de concentração: áreas separadas por arames
farpados e vigiadas 24 horas por dia por soldados para confinar os
retirantes castigados pela seca.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP
São Paulo:
Em um ano de eleições, o Governo de São Paulo negou por meses
a possibilidade de faltar água, ou até mesmo de racionamento.
O secretário responsável pelo setor de recursos hídricos afirmou
que a estiagem não ameaçava o abastecimento. O Presidente da
SABESP, empresa de saneamento do Governo de São Paulo,
ratifica seu superior, dizendo que a empresa está totalmente
preparada para a seca.
Infelizmente, não estava e, passada a campanha eleitoral, a
SABESP iniciou outra campanha, agora contra o desperdício. Já
era tarde, e o então governador se viu obrigado a racionar água
na capital e região metropolitana.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP
São Paulo:
Sem mencionar o ano do ocorrido e os atores envolvidos, o leitor,
que acompanhou as notícias dos principais veículos de
comunicação do período de 2014 até hoje, poderia afirmar que
estamos falando da atual crise.
Na verdade trata-se do ano de 1985, a campanha era para Prefeito,
e a solução a época, adotada pelo Governo de São Paulo, foi
recorrer ao Sistema Cantareira.
Em 2014, uma nova crise, agora em pleno clima de campanha
para Presidente e Governador, começa a se delinear e os atores
parecem desconhecer o passado das decisões tomadas durante a
crise de 1985, a qual sofreu dos mesmos males da crise mais
recente: a falta de transparência e comunicação social dos
decisores.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP
São Paulo:
O Sistema Cantareira encontrava-se agora em seu volume morto,
ou melhor, na sua "reserva estratégica" ou “reserva técnica”,
onde a água passa a ser captada por bombeamento e não mais por
gravidade.
Rodízios no fornecimento de água em setores da Região
Metropolitana de São Paulo, sem admitir que o racionamento de
água estava sendo praticado "Manutenção Programada do
Sistema”.
Na crise mais recente, a de 2014/15: disputa eleitoral bem
polarizada entre os partidos do Presidente e do Governador de São
Paulo, ambos concorrendo à reeleição uma troca de acusações
sobre a responsabilidade do problema vivenciado pela população.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema Nacional
São Paulo:
Todo este esforço de evitar a divulgação da magnitude e gravidade
da crise hídrica instalada deve-se à grande dificuldade dos
políticos assumirem o problema frente à sociedade, em particular,
em anos eleitorais.
1969 1985 2000
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014
(a) Precipitação Média Anual do
Ceará para o período 2007 – 2015*
Figura 1 - Distribuição intra e interanual das chuvas para (a) estado do Ceará e (b) Região
Nordeste no período de 2007 – 2015. Os anos enquadrados nas categorias abaixo da
média, em torno da média e acima da média foram coloridos em vermelho, cinza e azul,
respectivamente. À direita da figura encontra-se o ano médio, ou climatologia para o Ceará
e Região Nordeste, respectivamente. Fonte: FUNCEME e Núcleos de Meteorologia do
Nordeste.
(b) Precipitação Média Anual da
Região Nordeste para o período
2007 – 2015*
Fotos 1 & 2 – Retratos da
Variabilidade Climática: Barragem
Veneza no Município de
Quixeramobim em 2008 e 2015.
(1) Barragem Veneza em 2008.
(2) Barragem Veneza em 2015.
Mapa Sem seca S0-S4 S1-S4 S2-S4 S3-S4 S4
Agosto de 2015 14.9 85,1 77,0 51,5 32,1 8,5
Figura 4 – Evolução do %Área
das faixas de severidade de
seca para a Região Nordeste.
Fonte:
http://monitordesecas.ana.gov.br
.
Tabela 1 - %Área em Agosto de 2015 das
faixas de severidade de seca para a
Região Nordeste.
Fonte: http://monitordesecas.ana.gov.br.
RESERVATÓRIO NO ESTADO DO CEARÁ
Em Setembro de 2015, 21 reservatórios
estão secos e 33 reservatórios estão no
volume morto.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014
Reflexão 1 - Infraestrutura
Muita ênfase na infrestrutura: esta deve ser vista como da solução
(pode ser um problema).
A ênfase na infraestrutura deixa em segundo plano a importância
da preparação (por exemplo, planos de contigência para setores
específicos). Foco no aumento da oferta, mas o que falar sobre,
p.ex., gestão de demanda?
Setor de Recursos Hídricos: Levar água para onde?
O modelo de desenvolvimento deveria estar no foco da
discussão.
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014
Reflexão 2 – O Desafio Institucional
Necessidade de maior coordenação e cooperação entre
instituições, em particular, quando estas pertencem a
diferentes níveis de administração (Municipalidades,
Estados e União).
A maioria das instituições operam da mesma maneira de
quando foram criadas e têm que hoje enfrentar desafios
novos (ambientais, sociedade, …).
ESTÃO OS PAPÉIS DE TODAS AS INSTITUIÇÕES BEM DEFINIDOS?
MUITO CONFUSO!
E MAIS COMPLEXIDADE SURGINDO...
MONITORAMENTO
PREVISÃO
PREPARAÇÃO
RESPOSTA
UM DESAFIO PARA AATUAÇÃO COORDENADA
DAS INSTITUIÇÕES
ARCABOUÇO INSTITUCIONAL
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014
Reflexão 3 – Gerenciamento dos R.H. na escala local
Nesta escala, agricultores utilizam a água enquanto esta estiver
disponível. Quando seca a fonte, eles procuram por novas fontes
hídricas …
Necessidade de repensar a governança de água nesse nível local:
maior envolvimento da municipalidade faz-se necessário!
A negativa da crise! (São Paulo & Nordeste)
A resistência em usar termos certos para descrever a
situação:
Racionamento de água Uso consciente da água
Volume morto
Reserva estratégica (ou melhor 3 r.e.)
Rodízios no fornecimento de água
Manutenção programada do sistema
Reflexão 4 – Transparência quanto aos problemas e decisões
Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014
Reflexão 5 – Uso da Informação Climática
Sazonal:
A informação climática não é, em geral, incorporada no
processo decisório. Existe um longo caminho a percorrer
para fazer isso acontecer!
Fácil verificar: Se fizermos uma análise de como os
reservatórios foram operados no Nordeste nos últimos 4
anos, é claro que poderíamos fazer melhor!
A causa principal disto são as fragilidades institucionais
ao nível estadual.
SISTEMA DE PREVISÃO SEM FOCO NOSIMPACTOS FORMATO EM TERCIS DE PROBABILIDADE E
A ÁREA DA PREVISÃO NÃO ADEQUADOSPARA O SETOR
SUBJETIVIDADE NA PREVISÃO (70% DASPREVISÕES TÊM A CATEGORIA NORMALCOMO A MAIS PROVÁVEL – O QUE ESTÁMUITO DISTANTE DA FREQUÊNCIAOBSERVADA!)
EXISTEM ALTERNATIVAS, MAS NÃO MUITOEXPLORADAS EM CARÁTER OPERACIONAL –AINDA PERCEBIDA COMO ÁREA DEPESQUISA.
Busca de identificar as razões…
Reflexão 5 – Ciclo Hidro-ilógicoUm Desafio Institucional para a Gestão da Seca
Gestão de Crises
Se você fizer o que sempre fez, terá
os mesmos resultados de
sempre
Nós DEVEMOSadotar um novo paradigma de
gestão da seca!
Ciclo da Gestão de Desastres
Preparação
Mitigação
Gestão de Risco Previsão e
Alarme Precoce
Desastre
Avaliação do Impacto
Recuperação Resposta
Reconstrução
Proteção
Recuperação
Proteção
Gestão de Crise
1. Monitoramento e
previsão/alerta precoce
Fundamento de um plano
de seca
Índices/indicadores
ligados a impactos e
gatilhos de ação
Entrada para o
desenvolvimento/produçã
o de informação e
ferramentas de suporte à
decisão
2.
Vulnerabilidade/resiliênc
ia e avaliação de
impactos
Identifica quem e o que
está em risco e porque
Envolve
monitoramento/arquivo de
impactos para melhoria da
caracterização de secas
3. Mitigação e planejamento
de resposta e medidas
Programas pré-seca e ações
para reduzir riscos (curto e
longo prazo)
Programa de resposta
operacional bem-definido e
negociado para quando a seca
iniciar
Programas de rede de
segurança e social, pesquisa e
extensão
Três Pilares de Preparação às Secas
Marco e Projeto da Assistência Técnica
• Nível 1 – Diálogo sobre a Política Nacional de Combate à Seca
• Nível 2 - Projeto Piloto de Preparação para Secas no NE
- Monitor de Secas para o NE
- Planos de preparação no nível de - Bacia – Piranhas – Açu e Cruzeta
- Abastecimento urbano – Fortaleza e região Agreste
- Municipal – no Estado de Ceará
33
B
A
C
DA: Grupo técnico núcleoConsultores BM (+/- 15)Profissionais envolvidos no Monitor e os planos (30-40)
B: Grupo de orientação e validaçãoParticipantes das oficinas (60-70): representantes de instituições estaduais, federais; universidades; sociedade civil. Parceiros internacionais.
C: Grupo ampliadoD: Autoridades
Participantes
35
METEOROLOGÍA
RECURSOS HÍDRICOS
AG
RIC
ULT
UR
A
INTEGRAÇÃO BANCO DE DADOS
INTEGRAÇÃO BANCO DE DADOSIN
TEG
RA
ÇÃ
O B
AN
CO
DE
DA
DO
S ANA
ANA
CEMADEN
CEMADEN
CPTEC
CPTEC
INMET CENTROS ESTADUAIS
AGENCIAS ESTADUAIS DE ÁGUA
MA
PAIN
MET
/ C
ON
AB
+CEM
AD
ENC
ENTR
OS
ESTA
DU
AIS
/ EM
ATER
S
• 5 categorias de seca• Frequência inicial
mensal• Integração de dados
meteorológicos,hidrológicos eagrícolas
• Validação local• Instrumento
participativo ecooperativo
JUNHO/2015
CPTEC (P, Pa)
Modelo Diário de
Umidade do Solo CPC
Índice de Saúde Vegetal
SPI
Indicador de Seca
Hidrológica
SPEI
Modelo Digital de
Elevação
Indicadores Combinados de
Curto e Longo Prazos
Condição
normal ou
úmida
Entrando
em Seca
Imerso
em Seca
Extrema
Condição
normal ou
úmida
•Monitoramento eprevisão constante
• Implementar ações demitigação de longo prazodelineadas no plano deseca (p.ex. Infraestruturae pesquisa)
• Implementar ações de
mitigação de curto prazo;
indicadores têm gatilhos
associados que ligam as
categorias de secas do
Monitor e ações nos
setores vulneráveis pré-
definidas no plano de
seca.
• Implementar ações de
resposta emergencial;
indicadores têm gatilhos
associados que ligam as
categorias do Monitor a
ações nos setores
vulneráveis pré-definidas
no plano de seca.
•Voltar a enfatizar o
monitoramento e
previsão e implementar
atividades estruturais de
longo prazo no plano de
seca.
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