Crescimento da População e Desafios de Gestão dos Serviços
Públicos de Saúde
Boaventura Cau e Carlos Arnaldo
Universidade Eduardo Mondlane
e Centro de Pesquisa em População e Saúde
Maputo, 28 de Agosto de 2018
Introdução 1. Introdução
2. Transição Demográfica e Transição Epidemiológica como Modelos Auxiliares
3. Padrão actual de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique
4. Perspectivas futuras em relação ao padrão de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique
5. Implicações para a gestão dos serviços públicos de saúde
Introdução (cont.)
O tamanho da população, a sua distribuição (ex., etária e
espacial) e a taxa de seu crescimento, são variáveis
importantes a considerar para se conhecer as necessidades
actuais e futuras de saúde da população e os desafios do
sistema de saúde para satisfazer essas necessidades (Bobadilla
e Possas, 1991; Population Research Council, 2012; Reis et al., 2016)
Para além das características demográficas da população, as
características da população do ponto de vista do padrão
actual de doenças e causas especificas de mortalidade e as
perspectivas de comportamento desse padrão no futuro são
igualmente fundamentais (Olshansky e Ault, 1986)
Transição Demográfica e Transição Epidemiológica como Modelos Auxiliares
Transição demográfica: Processo em que as sociedades passam de um regime de elevada fecundidade e mortalidade para um outro em
que as duas são baixas
Fonte: Weeks, 2008
Transição Demográfica e Transição Epidemiológica como Modelos Auxiliares (cont.)
` 1950 1960 1970 1980 1997 2007 2017 2020 2025 2030 2035 2040
Taxa Bruta de Natalidade ( por 1000 habitantes) 49,3 49,1 48,0 47,0 44,4 42,2 38,2 36,3 33,4 30,5 29,0 27,1
Taxa Bruta de Mortalidade (por 1000 habitantes) 35,0 30,0 25,6 20,5 21,2 15,6 12,0 10,9 9,4 8,3 7,3 6,6
Taxa de Mortalidade Infantil (por 1000 nados vivos) 231,0 201,0 193,0 156,1 145,7 95,5 75,9 69,3 59,3 50,7 42,4 35,4
Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher) 7,1 7,0 6,6 6,4 5,9 5,7 5,1 4,8 4,3 3,8 3,5 3,3
Esperanca de Vida a Nascenca (anos) 35,1 37,4 39,8 43,5 42,3 52,0 54,4 56,2 59,1 61,8 64,6 67,0
Taxa de Media de Crescimento Anual da Populacao (%) 1,2 1,6 2,1 2,5 1,7 2,7 2,6 2,5 2,4 2,2 2,2 2,1Fonte: Arnaldo e Muanamoha, 2011; INE, 2010; Projeccoes do INE 2007-2040.
Tabela 1. Indicadores demográficos seleccionados, Moçambique, 1950 -2040
Transição Demográfica e Transição Epidemiológica como Modelos Auxiliares (cont.)
Transição epidemiológica: descreve um processo longo de mudanças de padrões de mortalidade e causas de morte que acompanham mudanças gerais nas condições de vida e de saúde de população (Omran, 1971; Olshansky e Ault, 1986; Defo, 2014)
I
A idade de pestilência e fomes: A mortalidade é alta e flutuante, dificultando um forte crescimento da população. A esperança de vida ao nascer é baixa e oscilante, rondando nos 20 a 40 anos; doenças infecto-contagiosas, a malnutrição e as complicações maternais são principais causas de mortalidade
II
A idade de recuo das pandemias: A mortalidade reduz progressivamente, com a redução do peso das doenças infecto-contagiosas como principais causas de mortalidade. O crescimento da população é assegurado e começa a descrever uma curva exponencial
III A idade de doenças degenerativas e de origem humana: as doenças infecto-contagiosas são substituídas por doenças não transmissíveis
Transição Demográfica e Transição Epidemiológica como Modelos Auxiliares (cont.)
Países em vias de desenvolvimento estão numa situação de peso tripulo de doenças e preocupações de saúde (Defo, 2014):
Velhos problemas ainda por resolver (doenças infecto-contagiosas,
malnutrição, elevada mortalidade materna, más condições de saneamento,
limitado acesso aos serviços de saúde e água potável)
Aumento de novos problemas de saúde, incluído as doenças não
transmissíveis –ex., doenças de coração, stress e depressão – tal como os
países desenvolvidos Sistemas de saúde ainda não suficientemente preparados para atender ao um
peso duplo de doenças (doenças transmissíveis e não- transmissíveis)
Padrão actual de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique
Padrão actual de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique (cont.)
Fonte: Adaptado de INCAM 2006-2007 (INE et al., 2012) e Defo (2014)
MundoRegioes
Desenvolvidas
America Latina e
Caribe
Asia
Oriental
Asia do
SudesteAfrica Mocambique
Todas as Causas 100 100 100 100 100 100 100
Grupo I: Doencas transmissiveis,
condicoes de saude maternais,
perinatais e nutricionais
27 7 15 38 7 65 87
Grupo II: Doencas nao-
transmissiveis64 87 73 52 83 28 8
Grupo III: Causas externas (ex.,
acidentes, ferimentos, homicidos…)9 6 12 10 10 7 5
Racio das mortes do Grupo II e
Grupo I2,4 12,4 4,9 1,4 11,9 0,4 0,09
Tabela 2. Distribuição percentual e rácio dos grupos de causas de morte no mundo, suas grandes regiões e em Moçambique
Perspectivas futuras em relação ao padrão de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique
Perspectivas futuras em relação ao padrão de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique (cont.)
Gráfico 1. População adulta masculina, 25-64 anos com excesso de peso [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Gomes et al., 2010): 2,3%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Gráfico 2. População adulta feminina, 25-64 anos com excesso de peso [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Gomes et al., 2010): 6,8%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Perspectivas futuras em relação ao padrão de doenças e causas específicas de mortalidade em Moçambique (cont.)
Gráfico 3. População adulta, 25-64 anos com hipertensão arterial [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 Damasceno et al., 2009): homens=35,7%; mulheres=33,1%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Gráfico 4. População adulta, 25-64 anos com diabetes [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Silva-Matos et al., 2011): homens e mulheres =2,9%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Perspectivas futuras: Áreas Urbanas
200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 900000
2007
2017
2020
2025
2030
2035
2040
400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000 1600000 1800000
2007
2017
2020
2025
2030
2035
2040
Gráfico 5. População adulta masculina, 25-64 anos com excesso de peso [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Gomes et al., 2010): 21,5%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Gráfico 6. População adulta feminina, 25-64 anos com excesso de peso [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Gomes et al., 2010): 39,4%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Perspectivas futuras: Áreas Urbanas (cont.)
Grafico 7. População adulta, 25-64 anos com hipertensão arterial [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Damasceno et al., 2009): homens=40%; mulheres=41%], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Perspectivas futuras: Áreas Urbanas (cont.)
Grafico 8. População adulta, 25-64 anos com diabetes [aplicando o valor da prevalência observada em 2005 (Silva-Matos et al., 2011): Homens =5,5%; Mulheres=4,9% ], estimativas baseadas em Projecções do INE 2007-2040
Perspectivas futuras: Áreas Urbanas (cont.)
30.4
32.4
34.4
36.4
38.4
40.4
42.4
2007 2017 2020 2025 2030 2035 2040
Stucker (2008) observou em
países da OECD que cada aumento da população urbana em cerca de 1%, elevou o crescimento de
doenças crónicas não transmissíveis a longo termo em cerca de 3,2%.
Gráfico 9. Projecções da população urbana em Moçambique, Projecções do INE 2017 a 2040
Implicações para a gestão dos serviços públicos
de saúde
A evidencia apresentada sugere que as doenças infecto-contagiosas e
problemas de saúde ligados a maternidade continuarão a dominar o
perfil epidemiológico de Moçambique nos próximos anos
Contudo, as perspectivas futuras parecem apontar para um
crescimento do peso das doenças não transmissíveis (ex., hipertensão
arterial, obesidade, diabetes)
Este cenário sugere a necessidade de gestores de saúde publica
continuarem a investir na busca de soluções dos problemas de saúde
ligados as doenças transmissíveis, aos mesmo tempo que se preparam
(ex., formação de pessoal) para atender ao fardo de doenças não
transmissíveis
Implicações para a gestão dos serviços públicos
de saúde (cont.)
Num cenário de limitações orçamentais, investir na
prevenção pode ser uma opção estratégica dos gestores
de saúde
Uma estratégia virada para controlar os determinantes
de incidência na população como um todo (Rose, 2001)
OBRIGADO !
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