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Metodos de escavação 14/03/2007 1
(Notas extraidas de Dossier Pilote des Tunnels – 4 Procédés de creusement et soutènement - Cetu)
MÉTODOS DE ESCAVAÇÃO
I - CRITÉRIOS DE SELECÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O projecto preconiza métodos de escavação que têm em consideração o conjunto das condicionantes do local, devidas:
- ao aspecto funcional retido;
- à envolvente obra;
- ao terreno encaixante.
A análise deste factores conduz, eventualmente, a limitar os métodos construtivos.
Ainda que os suportes sejam obras provisórias deverá ter-se particular atenção às operações de escavação e de instalação de suporte que condicionam:
- a segurança do estaleiro;
- o dimensionamento dos revestimentos definitivos;
- os movimentos dos terrenos;
- a regulamentação e legislação sobre trabalhos subterrâneos.
Deverá ter-se em consideração que os trabalhos deverão ser:
- diariamente acompanhados, e
- registados todos os acontecimentos e observações efectuadas.
Pois é reconhecido, por exemplo que o registo incompleto dos dados geológicos durante o avanço da escavação, a desordem e as negligências na execução podem, fora de incidentes com a segurança, ter efeitos consideráveis na qualidade e economia da obra.
Daqui a necessidade (e a importância) do PROGRAMA DE OBSERVAÇÃO do comportamento da obra durante a sua execução (escavação), no acompanhamento por medição dos movimentos dos terrenos e da obra, através das condições geológicas ocorrentes na frente de escavação.
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2. ESCOLHA DO MÉTODO DE ESCAVAÇÃO
2.1 Processo de selecção
Deverá ser seguido um processo em 3 fases:
a) fase 1
A escolha resulta de um compromisso entre as exigências:
- dos terrenos encaixantes;
- do local e da sua envolvente;
- da geometria da obra;
do próprio processo de construção.
O processo de escolha é iterativo sendo a solução obtida por aproximações sucessivas, em que cada estádio do sua evolução deverá ser efectuado um balaço económico que deverá contemplar:
- construção de acessos;
- expropriações;
- custos de utilização, etc.
Esta análise poderá conduzir a 2 ou 3 variantes técnicas possíveis para a construção.
b) fase 2
A decisão sobre o método a reter, deverá ser tomada, em ordem decrescente, dos seguintes factores:
- segurança da obra durante e após a construção;
- utilização do método sobre toda a extensão da obra;
- flexibilidade de utilização por forma a se adaptar a situações imprevisíveis;
- limitação dos impactes sobre a envolvente e sobre o ambiente (particularmente se é em sitio urbano).
c) fase 3
A escolha definitiva, intervêm critérios ligados à:
- conjuntura económica e importância do projecto;
- a especialização das empresas e disponibilidade de equipamentos;
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- prazo de execução do túnel no planeamento geral da obra;
- custos da solução e avaliação dos riscos correspondentes.
Neste capítulo, os processos de concurso deverão permitir a apresentação de variantes de execução por parte dos empreiteiros concorrentes, que utilizando métodos particulares de que eles possuem a experiência ou determinados materiais de que sejam os seus proprietários.
2.2 Escolhas principais
2.2.1 Túneis em maciços rochosos
Tratam-se de túneis escavados em maciço rochoso suficientemente são para não necessitar de pré-suporte ou ao reforço da frente de escavação.
a) Escavação em plena ou meia secção.
Este processo é comandado pela qualidade do terreno.
- em plena secção em terrenos homogéneos e não necessitando de outro tipo de suporte que pregagens e betão projectado (Fig.1 a);
- em meia secção quando é necessário instalar rapidamente o suporte mais importante, por exemplo, cambotas ou chapas metálicas (fig. 1 b).
Fig. 1 - a) Plena secção (full face) b) Meia secção (partial excavation)
contudo, equipamentos modernos permitem trabalhar rapidamente sobre grandes alturas pelo que, muitas vezes, se utiliza o método da secção plena.
b) Método de desmonte
O método de escavação a seleccionar poderá ser determinado, em primeira aproximação, com a utilização do gráfico seguinte:
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Fig. 2 - Selecção do método de escavação em rocha
Que tem em consideração a fracturação da rocha através do RQD e um índice de qualidade através de cinco classes de resistência.
Sendo, então, realizada entre:
- desmonte a fogo (utilização de explosivos):
em secção plena ou meia secção;
o plano de fogo deve limitar o efeito dos tiros sobre o terreno encaixante e assegurar um corte perfeito da secção;
limitar o efeito das vibrações sobre edifícios existentes nas proximidades;
Fig. 3 - Escavação por desmonte a fogo (uso de explosivos)
- desmonte por máquina de ataque pontual (fresa):
não produz desmoronamentos locais e não produz vibrações nocivas sobre edifícios existentes nas proximidades;
utilização limitada pelas características de resistência dos terrenos;
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Fig. 4 - Escavação por máquina de ataque pontual – fresa mecânica
Fig. 5 - Tipos de máquinas de ataque pontual (fresas mecânicas).
Pode-se, também, em certos casos, usar o martelo e a pá mecânica.
Fig. 6 – a) Martelo mecânico. b) - Pá mecânica
- utilização de tuneladora (máquina de ataque a plena secção):
adapta-se bem a pequenas e grandes secções, desde a rocha branda à rocha dura (até Rc < 120 MPa);
adapta-se a utilização em zonas urbanas e a túneis extensos;
dificuldades de ultrapassar acidentes geológicos ou terrenos heterogéneos;
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a incidência da escolha deste equipamento decorre do tipo de secção transversal do túnel e deverá ser tido em conta a montante dos estudos.
Fig. 7 - Escavação com tuneladora (TBM))
Fig. 8 - Tuneladoras (TBM)
2.2.2 Túneis em terrenos difíceis
As dificuldades de escavação de túneis em terrenos considerados difíceis são ultrapassadas por recurso a técnicas de melhoramento dos terrenos.
Existe uma larga gama de processos para o efeito, conforme indicado no Quadro 1, organizado segundo os seguintes critérios (segundo Cetu):
- domínio de utilização;
- viabilidade;
- flexibilidade de utilização;
- facilidade de execução;
- cadência de trabalho;
- controlo;
- durabilidade.
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a) Emprego de tuneladora (TBM) de frente pressurizada (shield)
A decisão por este tipo de equipamento depende de múltiplos factores, particularmente do:
- custo do equipamento, e;
- prazo de construção da máquina.
Esta opção só se justifica para túneis de grandes extensões de túnel.
A escavação por tuneladora deverá ser sempre ponderada com a utilização de outros métodos, avanço sequencial e ao recurso do pré-suporte ou de melhoramento do terreno.
Deverá ter-se presente que a secção que resulta do emprego deste método é circular o que poderá trazer constrangimentos particulares.
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Quadro 1 – Melhoramento dos terrenos e pré-suporte (Cetu)
PROCESSOS DOMÍNIO DE UTILIZAÇÃO VIABILIDADE FLEXIBILIDADE
FACILIDADE DE
EXECUÇÃO
CADÊNCIA DE TRABALHO CONTROLO DURABILIDADE
Drenagem Terrenos
alimentados em água
Elevada Elevada Média a grande Elevada Difícil Variável
Injecção Terrenos
arenosos ou fracturados
Media a elevada (ensaios
necessários) Média Média a
grande
Fraca (a realizar normalmente em
avanço)
Possível a difícil
Nem sempre bem conhecida
Congelação Solos saturados Média Fraca Difícil Média Possível a difícil
Intervenção temporária
Reforço por pregagem da
frente
Terrenos variados Elevada
Elevada (frequentemente
associada a outros métodos)
Grande
Média a elevada (em alternância
com a escavação)
Possível
Intervenção temporária
Pré-abobada realizada por
pré-corte
Terrenos brandos com
coesão
Média a elevada (verificação da estabilidade do
rasgo)
Fraca (máquina pré-determinada)
Média a difícil
Média (em alternância com a
escavação)
Possível
Grande
Abóbada “guarda-chuva”
Solos variados, terrenos
heterogéneos
Média a elevada (apoio das cabotas a verificar)
Elevada Média a grande
Média a elevada (em alternância
com a escavação) Possível
Mal conhecida (corrosão, evolução
do terreno)
Abóbada de jet-grouting
Solos variados (difícil com blocos
ou argila)
Media (resultados nem sempre fáceis
de prever)
Média a elevada (possível armar a
colunas)
Média a difícil
Média em alternância com a
escavação) Difícil Grande
Anel de terreno
reforçado
Terrenos variados
Elevada
Elevada
Grande Fraca se em avanço (sem galeria piloto)
Possível Mal conhecida
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II – DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS
1. GALERIA A “CÉU ABERTO”
1.1 Descrição
Quando ocorre pequeno recobrimento de terreno sobre a abóbada, em geral, inferior a um diâmetro, pode ser uma solução económica a execução da galeria a “céu aberto” desde que a superfície se encontre livre de toda a construção ou de outro tipo de condicionantes.
As principais vantagens são:
- cobertura rápida da estrutura durante os trabalhos permite a retoma das circulações em superfície.
- a existência de nível freático é facilmente controlado, reduzindo-se a altura de escavações ao mínimo necessário (� 6 a 7 m), evitando aterros dentro de água;
Conduz, frequentemente, a um túnel de secção rectangular.
Embora se possa adoptar para a abobada a secção circular, o que necessita de cofragem especial, pode conduzir a aumento de custos o que pode tornar a solução cara e perder o seu interesse.
1.1.1 Tipos
Principais tipos (Fig. 11):
- pórtico simples (Fig. 11 a);
- pórtico de abertura dupla (Fig. 11 b);
- quadro fechado (Fig. 11 c);
- pórtico com abóbada encastrada nos pés-direitos (Fig. 11 d)
- paredes auto-portantes e laje de cobertura apoiada (Fig. 11 e);
- abóbada encastrada e soleira apoiada (Fig. 11 f).
a)- pórtico simples b)- pórtico duplo c)- quadro fechado
Fig. 11 – Tipo de túneis a “céu aberto”
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d)- abobada encastrada e)- abóbada apoiada f)- abobada encastrada e soleira apoiada
Fig. 11 – Tipo de túneis a “céu aberto”
a) Contenção das escavações
Em meio urbano, a utilização do espaço em superfície exige a escavação segundo taludes verticais, para os quais é necessário estudar a estabilidade e dimensionar a respectiva contenção.
Diferentes processos de execução poderão ser adoptados:
- paredes moldadas:
asseguram simultaneamente o suporte do terreno (contenção);
estanquidade lateral durante os trabalhos.
- paredes prefabricadas:
derivam da tecnologia das paredes moldadas:
utilizam os mesmo processo das paredes moldadas (muros guia, valas, lamas bentoniticas)
substituição por uma calda de cimento antes da descida dos painéis prefabricados nas valas.
- cortina de estacas pranchas:
pode ser contenção provisória ou permanente;
são auto estáveis até alturas da ordem de 4 m;
acima de 4 m deverão ser ancoradas ou escoradas;
rapidez de execução;
em local urbano, produzem perturbações devido ao método de cravação por percussão;
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em obras definitivas deverá ter-se atenção à protecção contra a corrosão.
- parede “berlinense”:
cravar no terreno perfis metálicos afastados de 2 a 4 m;
escavar no interior destes alinhamentos, protegendo a o talude realizado por placas de betão, betão projectado ou madeiras apoiadas nos perfis metálicos;
para aplicar o método será necessário:
nenhuma ou pouca água;
solo estável aos escorregamentos;
- parede “pregada”:
Parede em betão projectado
Pregagens
Fase de escavação
solução aplicada em locais em que se podem realizar taludes inclinados;
parede de betão projectado;
estabilização por pregagens seladas no terreno;
solução que permite maiores movimentos nos terrenos adjacentes.
Fig. 12 – Talude “pregado”
- outros métodos:
estacas tangentes;
estacas secantes;
colunas de jet grouting
b) Escavações
As escavações poderão ser efectuadas na sequência da execução, a céu aberto ou sob as lajes de cobertura dos pórticos.
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Fig. 13 – Construção a céu aberto. Escavação com taludes verticais.
Fig. 14 – Construção a céu aberto. Escavação com talude inclinado.
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2. ESCAVAÇÃO EM SECÇÃO PLENA OU EM MEIA SECÇÃO
2.1 Descrição
Entende-se que a escavação da secção se efectua completamente numa única fase e duma só vez.
O revestimento definitivo é colocado mais tarde, e de uma única vez após a escavação da secção na sua totalidade.
Fig. 13 – a) Avanço em secção plena
Fig. 13 – b) Avanço em meia secção
2.2 Domínio de aplicação
Necessita de equipamento importante que permita desmontar a totalidade da secção na sua altura.
Normalmente aplicado em terrenos cujo suporte é constituído por betão projectado e pregagens.
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Em maciços rochosos os desmonte é efectuado com explosivos, sendo necessário adoptarem-se procedimentos por forma a evitar desarranjos no maciço com as vibrações produzidas na detonação.
Permite avanços importantes, podendo chegar a 12 m por dia com pegas de 4 m.
Em terrenos medíocres, as pegas deverão ser limitadas a cerca de 1 m, cuja instalação de suporte, normalmente mais pesado, reduz os avanços diários para cerca de 3 m.
Fig. 14 - Escavação em plena secção (sequência longitudinal)
Fig. 15 - Escavação em meia secção (sequência longitudinal)
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3. ESCAVAÇÃO EM SECÇÃO DIVIDIDA
3.1 Descrição
Fig. 16 – a) Diafragma duplo b) Diafragma simples
Consiste na abertura prévia de uma ou mais galerias de pequena secção, em que uma pequena parte do suporte participará no suporte da escavação total a realizar.
A secção poderá ser dividida de várias maneiras (Fig. 16).
Fig. 17 - Escavações em secção dividida (diafragma duplo).
Fig. 18 - Escavação em secção dividida (diafragma simples)
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3.2 Domínio de aplicação
Em condições em que o terreno não permita o avanço sem plena secção ou em meia secção, e antes de recorrer a métodos de pré suporte ou de reforço da frente de escavação, deverá considera-se a hipótese de avançar em secção dividida.
Este método tem como consequência retardar o momento em que toda a secção será executada, devendo cada etapa da construção ser convenientemente controlada na apreciação e limitação dos movimentos do terreno.
Deverá limitar-se a evolução destes movimentos por:
- assegurando um melhor contacto entre o suporte e o terreno;
- fechando a secção pequena com soleira provisória em betão projectado;
- progredindo rapidamente com as fases seguintes da secção;
- evitando a abertura sobre todo o comprimento, de uma galeria;
Se este método é utilizado em zona onde deverão ser limitados as deformações – meios urbanos, deverás ser combinado com um tratamento prévio do terreno.
3.3 Inconvenientes
A escavação de pequenas galerias, usa equipamentos reduzidos e trabalho manual.
Condições difíceis de trabalho em local de reduzidas dimensões.
Avanços pequenos, que se podem situar para uma pequena galeria em 1 a 4 m/dia. A secção total, após a realização das pequenas galerias, poder ser de 0,5 a 3 m/dia.
Custo elevado em terrenos de fracas qualidades geotécnicas e poderá ser fortemente majorado na passagem de acidentes geológicos ou quando se torna necessário tratamentos de terreno.
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4. DESMONTE A FOGO (EXPLOSIVOS)
4.1 Descrição
É usado na execução de túneis em maciços rochosos, nos quais não é possível usar o martelo, pás mecânicas, fresa ou tuneladora de plena secção.
O desmonte a fogo, efectua-se em ciclos de avanço – pega , com a seguintes operações elementares:
- marcação e perfuração do plano de fogo (de tiro);
- carregamento dos furos;
- detonação das cargas de explosivos (pega);
- ventilação da escavação;
- saneamento e pregagens;
- remoção dos escombros da frente;
- instalação de suporte – betão projectado (gunitagem).
Que pode ser representada pelo seguinte esquema:
Fig. 18 - Ciclo do desmonte a fogo
O traçado do plano de tiro teórico deverá ser adaptado às condições reais da frente, no que se refere à:
- grau de fracturação do maciço;
- heterogeneidade;
- sobrescavações;
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- grau de alteração da rocha.
O desenvolvimento dos equipamentos de perfuração – jumbos, com 2 a 5 braços dotados de martelos perfuradores hidraulicos, permitem hoje que as operações de furação sejam computadorizadas, efectuando a máquina de forma automática a implantação do plano de fogo para a secção em causa.
As ferramentas de perfuração – brocas (barrenas) são escolhidas em função da dureza da rocha, podendo actuar em rotação e/ou à percussão.
Na frente são realizados dois tipos de furos, furos vazios e furos carregados, em que os primeiros possuem diâmetros superiores aos segundos.
O plano define, também a carga unitária por furo e também os retardos dos detonadores a utilizar.
Fig. 19 - Jumbo robotizado de 3 braços Fog. 20 - Jumbo actuando na frente de escavação
Após a detonação dos explosivos é necessário proceder à ventilação da frente por forma a limpar a zona dos gazes (tóxicos) e fumos produzidos na explosão.
As ultimas operações do ciclo são a remoção dos escombros produzidos e a instalação de suporte com a aplicação de camadas de betão projectado.
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Fig. 21 - Momento da deflagração das cargas
4.2 Domínio de aplicação
O domínio preferencial do uso de explosivos é o da escavação ou desmonte de túneis em rocha dura, onde são obtidos os melhores resultados em termos da eficácia e rendimento.
O limite será o das rochas muito fracturadas em que possa ocorrer a instabilidade dos furos carregados.
4.3 Precauções de utilização
O emprego de explosivos encontra-se regulamentado desde o transporte, armazenamento e utilização.
Em sitio urbano, deverá ser usado com grandes precauções, tendo-se em atenção que a explosão provoca vibrações e que estas não poderão ser perigosas para estabilidade de segurança das edificações existentes, não devendo ultrapassar determinados limites de velocidade e frequência, bem como o ruído produzido.
A escolha cuidadosa dos parâmetros de fogo (tiro):
- quantidade de explosivo;
- geometria do plano de tiro;
- retardos e microretardos;
permite respeitar os níveis admissíveis para as velocidades de propagação da vibração produzida pela detonação.
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A utilização desta técnica também produz efeitos “parasitas” que deverão ser tomados em conta:
- produção de sobrescavações;
- produção, no maciço, de uma zona fortemente perturbada em toro da escavação.
A incidência destes efeitos faz-se sentir nos prazos da escavação e nos custos, por:
- acréscimo das quantidades escavadas,
- instalação de suporte mais potente, e;
- aumento das quantidades de betão no preenchimento das sobrescavações produzidas.
4.4 Rendimentos
Dependem da dimensão da secção a desmontar e do rendimento de cada das fases elementares do ciclo, e pode decompor-se em:
- marcação e perfuração: 25% a 30%;
- carregamento e detonação: 20%;
- ventilação e saneamento: 10%;
- remoção de escombros: 40% a 45%.
Os consumos médios de explosivos são, segundo a qualidade dos terrenos, da ordem de grandeza de:
- 0,9 a 1,8 kg/m3 em plena secção;
- 1,6 a 2 kg/m3 em meia secção (secção superior) e a destroça cerca de 0,5 a 0,9 kg/m3.
- 1,1 a 1,3 kg/m3 em zonas com edifícios sensíveis a vibrações.
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5. MÁQUINAS DE ATAQUE PONTUAL (FRESA)
5.1 Descrição
Primeiramente usado nas explorações mineiras é hoje correntemente usado em grandes trabalhos públicos na escavação de galerias de qualquer dimensão.
Uma máquina comporta, geralmente, os seguintes componentes:
- chassis automotor sobre pneus ou de lagartas;
- braço orientável dotado de uma cabeça rotativa equipada com as ferramentas de corte (picas);
-sistema de evacuação dos escombros da frente.
O principio de desmonte da rocha consiste romper a rocha sob o efeito conjugado da penetração das “picas” na frente de escavação e o movimento lateral do braço da fresa.
Fresa Paurat Fresa WIRTH
5.2 Domínio de aplicação
As condições de melhor utilização deste tipo de máquinas dependem:
- do tipo de perfil a obter (forma e dimensões da secção transversal);
- das características de resistência da rocha;
- das perturbações de utilização.
Em principio todos os perfis de escavação são possíveis de realizar com este tipo de máquina.
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Tem como principais vantagens:
- fácil adaptação às variações de secção;
- melhor respeito pelo perfil a escavar (limitação das sobre escavações);
- diminuição das perturbações no maciço envolvente.
Para a utilização de uma maquina de ataque é necessário conhecerem-se dois grupos de parâmetros geotécnicos:
- características de resistência da rocha;
- estado de fracturação do maciço.
O critério de resistência resulta da combinação das seguintes características:
- resistência à compressão;
- resistência à tracção;
- dureza;
- abrasividade;
- percentagem de quartzo;
- descontinuidades existentes.
O critério de fracturação caracteriza:
- o estado das descontinuidades à escala da frente de escavação;
- geometria , espessura e natureza das juntas;
- estratificação;
De uma forma geral, uma fissuração intensa é favorável ao trabalho de desmonte mecânico do maciço, pela existência de superfícies de fraqueza privilegiada do maciço.
As resistências económicas para o uso destas máquinas podem ser definidas para certos tipos de máquinas em função do sue peso e potência disponível na cabeça de ataque.
As máquinas de ataque pontual constituem um meio competitivo em relação aos explosivos quando as condicionantes dos meios ambientes são severas e não permitem a sua utilização.
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Vantagens em relação ao método dos explosivos:
- redução das vibrações sobre as estruturas;
- limitação das perturbações no maciço envolvente;
- diminuição da quantidade de suporte a instalar;
- redução das sobre-escavações;
- ciclo continuo de escavação permitindo melhores rendimentos.
5.3 Precauções no seu emprego
O emprego destas máquinas coloca a questão do limite económico para a dureza das rochas, pelo que há necessidade de uma avaliação geológica estrutural detalhada e conhecer muito bem os parâmetros geotécnicos definidos anteriormente.
As características da máquina a definir são:
- peso;
- potência;
- forme e velocidade de rotação da cabeça de corte.
que são estudadas em função da dureza das rochas e da secção e comprimento do túnel a realizar.
5.4 Rendimentos de utilização
Para cada tipo de máquina distinguem-se dois tipos de rendimentos:
- teóricos, função da dureza dos terrenos;
- práticos, função da taxa de utilização da máquina.
Para uma secção de um túnel da ordem de 40 a 50 m2, para uma maquina de 200 kW de potência instalada na cabeça de corte, obtêm-se rendimentos de:
Rc < 80 MPa : 10 m3/h
Rc < 50 MPa : 20 à 30 m3/h
Rc < 30 MPa : 30 à 50 m3/h
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6. MÁQUINAS DE ESCAVAÇÃO A PLENA SECÇÃO PARA ROCHA
6.1 Descrição
Uma máquina perfuradora é um meio de escavação mecanizado, de trabalho contínuo, substitui os métodos tradicionais de escavação a com explosivos que são sequenciais (Figs. 7 e 8).
Tuneladora para rocha - esquema
Sob o termo “plena secção”, “ataque global em plena face” estão as maquinas capazes de escavar de uma só vez a secção do túnel.
São usadas nos maciços rochosos que não necessitam de suporte imediato. Quando as condições de estabilidade não estão asseguradas, usam-se os escudos mecanizados. Qualquer destas maquinas se designam por tuneladoras.
Tuneladora para rocha dura Escudo para rocha
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6.2 Princípios de funcionamento
Uma máquina de plena secção è constituída por:
- uma cabeça de perfuração ou placa porta ferramentas de forma circular nas máquinas rotativas, sobre a qual se encontram colocados as ferramentas de corte - discos, “rippers” ou “picas”;
- um elemento fixo de reacção ao impulso da cabeça de corte sobre a frente de ataque no momento do desmonte/corte da rocha;
- um sistema de propulsão e apoio;
- sapatas de apoio lateral contra o terreno com macacos hidráulicos;
- grupo de macacos hidráulicos de propulsão que apoiam sobre o revestimento colocado em avanço ou contra o anel de reacção quando o terreno não permite placa de apoio;
- sistema de carregamento e transporte de escombros.
Uma tuneladora efectua a escavação em contínuo e, se necessário, instala o revestimento a pequena distância de frente de escavação.
Salvo algumas excepções, uma tuneladora realiza um túnel de forma circular.
A tecnologia de construção de tuneladoras tem evoluído e hoje existem equipamentos que executam secções diferentes da circular.
Salvo algumas excepções, uma tuneladora realiza um túnel de secção circular:
Em rocha, a escavação pode-se fazer por ataque global com a ajuda de uma máquina tipo fresa de pela secção que se apoia, geralmente, contra o terreno por intermédio de grampos ou sapatas de ancoragem lateral;
Em terreno brando necessitando de suporte importante, a forma circular é a melhor adaptada para a retoma dos esforços. A tuneladora comporta um escudo e a frente poderá ser pressurizada.
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