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Um Vero Inesquecvel
Elizabeth Craft
"Josh e eu vivemos uma paixo arrebatadora no vero. Mas agora descobri que
ele tem namorada. Como vou consegui-lo de volta"
Cada uma que o corao agena
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Ele era lindo - ainda mais bonito do que a lembrana que eu tinha.
- Sara? - Ele chamou. Aquilo era obra do destino, s podia ser. Que outro motivo
nos levaria para o mesmo colgio?
- inha m!e "oi para o #ap!o - "alei, abobalhada. $omo se isso e%plicasse alguma
coisa. - &im para c' passar o ano com meu pai.
#osh sacudia a cabea para "rente e para tr's, repetidas ve(es, apatetado, sem
entender nada.
- Sara... eu n!o acredito. - )eu um passo adiante e apertou minha m!o.
eu cora!o saiu "ora do compasso.
- Eu quis ligar e di(er que vinha pra c' - balbuciei. - as n!o tinha o seu endereo.
- *ois , eu sei... - E, com a mesma rapide( com que instantes antes tinha
agarrado minha m!o, largou-a, "rou%a e abandonada.- #osh?
Ele espiava por cima de mim, os olhos a(uis alarmados.
- +aleigh - ele disse.
&irei o corpo. +aleigh estava parada bem atr's de mim. E sorrindo para #osh.
- Ei, amor - ela e%clamou toda "eli(. - &oc ogou superbem
- /brigado. - #osh a"astou-se de mim como se tivessem acabado de anunciar o
meu contato com o v0rus Ebola.
1orrori(ada, vi +aleigh atirar-se nos braos estendidos de #osh.
- /i Sara - +aleigh me disse, depois de "inalmente desgrudar dele. - &oc '
conhece o meu namorado?
)eseei pela dcima ve( ter plantado, naquela manh!, um e%plosivo qualquer no
motor do monstrengo amarelo que iria arrebatar #osh de mim 2ou, pelo menos, do
estado do aine e de meu alcance imediato3 por tempo indeterminado. Se aquele
4nibus enorme enguiasse por algum motivo, eu teria mais alguns minutos, horas,
quem sabe dias para "icar com ele.
5n"eli(mente, sempre "ui uma cidad! conscienciosa, cumpridora das leis e n!o
cometeria o desatino de destruir um 4nibus escolar inteiro. Sendo esse o caso, o
6nico recurso "oi me dependurar no pescoo de #osh, como se a pura "ora de
vontade pudesse nos manter untos para sempre.
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- Esse ver!o "oi muito bacana, Sara. &oc uma garota incr0vel.
- /brigada 7 respondi em tom l6gubre, "itando o a(ul intenso daqueles olhos.
$omo viver dali em diante sem o esplendor daquela cor? 7 &oc tambm at que
bem legal 7 consegui sussurrar.
- Ah, Sara. 7 /s braos de #osh me apertaram ainda mais "orte e senti nas costas
o a"ago de suas m!os vigorosas.
Quase deseei que nossa 6ltima noite n!o tivesse sido t!o maravilhosa. #osh e eu
t0nhamos escapulido de nossas cabanas, como de h'bito, e remando pelo lago
&ermilion at nossa ilha "avorita. Ele me surpreendeu com um piquenique noturno
"eito de morangos e cidra espumante 2at hoe n!o sei onde arrumou o "also
champanhe3. 8rocamos morangos e beios e "i(emos de(enas de pedidos 9s
estrelas cadentes que riscavam o cu de veludo. $lich meio batido? Sem d6vida.+om:ntico? )ecididamente.
#osh e eu t0nhamos passado a noite quase toda em claro, conversando e rindo,
entre beios e cochichos. Ao pegarmos o barco para voltar ao acampamento
Quisiana, o sol ' ia subindo por entre os pinheiros. ;unca lamentei tanto o
despontar de um novo dia.
;o entanto, era preciso encarar o "ato de que #osh estava a poucos minutos de
tomar aquele horrendo 4nibus amarelo. ia. $hegamos,
inclusive, a levar todas as mesas para "ora, para que a crianada comesse ao sol.
A manh! toda, "ingi que se tratava apenas de mais uma re"ei!o. as n!o podia
continuar naquele meu mundo de "antasia. Acabara. 8inha chegado a hora do
adeus... pelo menos por enquanto.
- #osh. 7 Escondi meu rosto em seu peito, sem dar a m0nima aten!o para as
"artas evidencias de que unnie, a diretora do acampamento, me "u(ilava com os
olhos de seu posto na cabeceira da mesa. 1' momentos que pedem modera!o e
momentos que e%igem abraos em publico. Aquela manh!, a 6ltima que #osh e eu
passar0amos untos por um bom tempo, sem sombra de d6vida encai%ava-se
nesse 6ltimo caso.
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- Estou "alando srio 7 #osh murmurou entre meus cabelos. 7 &oc uma em um
milh!o. )ois milh@es.
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assentos do 4nibus, e um n6mero ainda maior de campistas acompanhava nossa
despedida nas mesas do ca" da manh!. Senti o rosto pegar "ogo.
- *reciso ir andando 7 #osh disse.
$oncordei em silncio, enquanto ele dava o passo que o poria dentro do 4nibus.
$om um golpe de sorte me lembrei e gritei=
- Espere um pouco #osh Espere
Ele se virou=
- / que "oi?
-/s endereos ;6meros de tele"one 7 idar com o lado pr'tico da vida nunca "oi
meu "orte. 7 ;s n!o temos como entrar em contato um com o outro
#osh largou a mochila e estapeou a testa com a palma da m!o=
- $omo "omos esquecer de uma coisa dessas? 7 perguntou. )epois sacudiu acabea. 7 8udo bem, eu seicomo.
;!o havia necessidade de elaborara em torno dessa a"irma!o. )e(enas de
ocasi@es me vi 9 beira de lhe pedir os dados b'sicos. as, de uma "orma ou de
outra, minhas solicita@es de endereo e tele"one acabavam sempre perdidas
num novo beio ardente.
*u%ando um recibo todo amassado e um marcador de "eltro da mochila, #oshdisse= - $erto, me d seu endereo.
- FGH ittle 1ill +oad 7 comecei. 7 *ortland, a...
- &amos partir&', ;elson 7 um dos conselheiros gritou do 4nibus. 7 E &'mesmo
- +'pido 7 #osh "alou. 7 e d' o resto.
- *ortland, aine, HIFHF 7 encerrei mais que depressa. 7 E meu tele"one JHK-
LLL-GJLF.
#osh p4s a tampa no marcador e en"iou o recibo no bolso de tr's de sua eviMs
desbotada=
- &ou sentir a sua "alta.
- 8ambm vou sentir a sua 7 respondi, com um bolo imenso na garganta.
#osh inclinou-se, roou os l'bios de leve nos meus e me deu um 6ltimo aperto
caloroso de m!o=
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- A gente se v em breve. 8enho certe(a.
)epois, virando-se, saltou para dentro do 4nibus, onde o motorista nos vigiava de
cara "eia por tr's do vidro do p'ra-brisa enorme e um tanto suo. &i quando os
ombros, per"eitamente esculpidos, de #osh desapareceram dentro do veiculo,
depois espichei o pescoo para v-lo avanar com agilidade pelo corredor estreito.
/ motorista bu(inou duas ve(es. E eles se "oram.
S depois de o 4nibus ' ter sumido na longa estrada de terra me dei conta de que
n!o tinha pegado nem o endereo nem o tele"one de #osh. 8udo o que sabia
que ele morava na Dlrida, em uma cidade asonMs $ove. /u seria ecca
each? ;!o, espere. / nome da cidade era $oveMs $orner. /u n!o. Aah
Suspirei "undo, depois dei de ombros. #osh me ligaria 9 noite, direto do estado
ensolarado 7 esse o apelido da Dlrida. /u no m'%imo no dia seguinte. Anotariatodos os dados dele em um lugar seguro e a0 escreveria as cartas mais
compridas, engraadas e rom:nticas do mundo. )epois disso, seria apenas uma
quest!o de tempo at "a(ermos planos concretos para nos vermos de novo.
() de agosto
*uerido Josh
+i, Estou com tanta saudade. ronto essa afirmao de suma import/ncia &' foi
feita. #gora posso continuar esta carta com... o qu0 1o sei ao certo o que quero
lhe dizer. Mal posso esperar para receber sua primeira carta. Estou to ansiosa
para falar com voc0 que resolvi me adiantar e comear a lhe escrever sempre que
me der vontade. #2 depois &unto tudo e envio assim que tiver seu endereo.
+ vero foi to incr2vel. #ntes de conhecer voc0 nunca pensei que pudesse levar
algu3m a serio. Em geral namoro um m0s e depois fico torcendo para que o
carinha suma. Mas com voc0... no sei. 4 como se fosse imposs2vel descobrir
tudo o que h' para ser dito. oderia conversar com voc0 horas a fio sem me
entediar nem por um segundo. 5ncr2vel no 3
Certo estou ficando meio aucarada de modo que vou terminar por aqui. 6alvez
nem chegue a mandar. 6udo o que eu sei 3 que estou morrendo de vontade de
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falar com voc0. 7er' que anotou certo o n8mero do meu telefone
Com amor
7ara
.7. + Maine no 3 o mesmo sem voc0.
Um
- !e, este vai ser o meu 8ltimoano no colegial 7 inha reclama!o tinha um
bom motivo. 7 &oc n!o pode estar "alando srio. $omo voc me pede para
mudar de escola uma semanaantes do comeo das aulas?
- +ecebi uma o"erta irrecus'vel. N a grande oportunidade da minha vida. 7 am!e
deu um suspiro suave e inclinou-se na poltrona para me dar um tapinha maternal
no oelho. 7 )esculpe ser assim t!o em cima da hora, mas at dois dias atr's auniversidade n!o sabia se teria ou n!o dinheiro su"iciente para me o"erecer a
bolsa de estudo.
Eu estava deitada no so"' verde desbotado que toma uma parede de nossa sala
de estar, "a(endo beicinho h' horas. O medida que os dias iam passando, sem
que houvesse uma 6nica carta de #osh, meu p:nico "oi aumentando.
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8udo bem que o acampamento tinha terminado uma semana e meia antes. Ainda
era cedo, mas eu achava que ele me escreveria assim que chegasse em casa. /
problema devia ser do correio, muito provavelmente, ou ent!o a carta de #osh
tinha se perdido em algum canto. esmo assim, essa espera era pura tortura.
Sem contar que ele ainda n!o tinha me ligado, o que s podia signi"icar que, na
pressa da despedida, n!o havia anotado direito o n6mero do tele"one. E, como o
sobrenome de minha m!e era di"erente do meu, n!o havia como me encontrar
usando a lista tele"4nica.
;a verdade, eu tinha absoluta certe(a que, naquele e%ato instante, #osh estava
ligando para unnie implorando a ela o n6mero do meu tele"one. Eu' havia
ligado para a diretora do acampamento 2s que n!o tinha conseguido encontr'-la3.
$omo n!o houve eito de lembrar o nome da cidade de #osh, n!o conseguidescobrir o n6mero de tele"one pelo servio de in"orma!o. 2;ota para mim
mesma= prestar aten!o da pr%ima ve( em que o amor de sua vida disser o nome
da cidade onde mora3.
8inha passado por um momento de puro %tase quando encontrei o e-mail de
#osh na internet, mas, depois de lhe enviar v'rias mensagens sem obter resposta,
percebi que devia estar "alando com o #osh ;elson errado. &ai ter a(ar assim l'
longe.
Entretanto, pouco mais de de( minutos antes percebi que uma cai%a de correio
va(ia n!o era meu 6nico problema. 1avia um outro motivo totalmente v'lido para
a sess!o especial de des:nimo.
#ap!o. inha m!e iria se mudar para o #ap!o. E eu, pobre de mim, teria de abrir
m!o de toda uma vida, inclusive das milhares de atividades planeadas para esse
important0ssimo 6ltimo ano de colgio, e comear tudo de novo em algum outro
lugar. Sem "alar que "icaria ainda mais distante do meu 6nico amor.
Atirei um brao sobre os olhos e suspirei t!o alto que minha labrador castanha,
chamada eorgie, atravessou correndo as tabuas do assoalho e mergulhou a
cabea em meu est4mago.
- 8udo bem, pode arruinar minha vida 7 disse para mam!e, com minha melhor vo(
de m'rtir. 7 ;ada de muito importante. N apenas uma vida entre bilh@es.
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- Sara... 7 am!e parecia cansada. Eu sabia que aquele era o tom reservado para
me sentir a pior "ilha do mundo. $omo de h'bito, deu certo. Eu estava um trapo.
N verdade que ela tinha passado sculos se preparando para aquele momento.
)urante os trs anos anteriores, batalhara "eito uma louca, praticamente tinha se
mudado para a biblioteca p6blica de *ortland a "im de pesquisar a histria do
#ap!o para sua tese de doutorado. as, como eu ' tinha ouvido mais ve(es do
que seria poss0vel enumerar, uma pesquisa desse tipo s vai at certo ponto
quando se est' no aine. am!e precisava ter acesso a obras bem mais
detalhadas se quisesse terminar a tese apelidada de B/ onstroC.
)e repente, a
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imaginei que voc me mandaria para a Dlrida... s isso.
- Seu pai parece ter "inalmente criado algumas ra0(es. Acho que, para vocs dois,
vai ser maravilhoso passar um tempo na companhia um do outro. 7 /s cabelos
castanhos de mam!e balanaram de l' para c', na altura do ombro. Ela olhou o
in"inito com aquela e%press!o tristonha que sempre lhe encobria o rosto quando
vinha 9 baila o assunto de meu bem-intencionado, mas e%cntrico, pai.
A maioria das pessoas imagina que os pais seam homens grisalhos que chegam
em casa 9s cinco e meia da tarde tra(endo em uma das m!os uma pasta e, na
outra, "lores para a mulher. $erto, admito que talve( todosos pais n!o seam
assim na vida real. as de um pai espera-se ao menos que viva em um s lugar,
tenha um emprego e que, de ve( em quando, leve os "ilhos para passear no "im de
semana.
as meu querido pai um escultor que, at muito recentemente, acreditava que
um carro velho caindo aos pedaos era mais que su"iciente para indicar o
endereo permanente de qualquer criatura. Em geral, ele passava por *ortland
umas trs ou quatro ve(es ao ano e estacionava seu carro na rua de casa. Dicava
umas duas semanas, se tanto, dava algumas aulas de arte, vendia algumas
cer:micas, depois botava o p na estrada de novo. *apai ' morou em quase
todos os estados do pa0s, mas, pelo visto, durante o ver!o resolveu "i%ar-se na
Dlrida. Algo que, para ele, "oi, sem d6vida, um passo e tanto.
- 8alve( voc tenha ra(!o 7 disse. 7 )epois que completei de( anos, ns nunca
mais nos relacionamos de fato. 7 Sabia que o relacionamento entre pai e "ilha era
uma quest!o importante para minha m!e. 7 E posso aproveitar para ver se esse
negcio de sossegar o "acho e criar ra0(es srio mesmo.
am!e abriu um sorriso.- Ent!o estamos combinadas. ;s duas comearemos vida nova dentro de
e%atamente uma semana. 7 E, de repente, uma sombra enevoou-lhe as "ei@es. 7
S tem um probleminha.
#h-oh.
- E qual ? 7 perguntei quase sem respirar.
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- &ou sentir uma saudade doida de voc. 7 mam!e estendeu os braos.
- 8ambm vou sentir saudade de voc 7 "alei, desabando em cima dela. E iria.
as sentir saudade de mam!e me parecia relativamente distante, diante da
possibilidade de voltar a encontrar meu grande amor. ;o momento, eu s estava
preocupada em ir para a Dlrida e descobrir o paradeiro de #osh.
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boas-vindas. 7 8irei uma peruca loira encaracolada do balc!o e enterrei na cabea
de aggie.
- ;ossa, obrigada pelo voto de con"iana 7 aggie respondeu com secura.
- /ra, ora, para isso que eu estou aqui 7 retruquei sem me dar por vencida.
- $orrigindo, erapara isso que voc estavaaqui. 7 aggie me entregou uma
peruca em tons escuros de loiro. ostei do estilo= na altura dos ombros com uma
"rana curta de $lepatra.
inha amiga noogou limpo.
- ags, voc est' cansada de saber que vou estar a um tele"onema de dist:ncia.
E a um pulo de avi!o.
Ela meneou lentamente a cabea, depois sorriu.
- om, pelo menos eu vou conseguir um bron(eado "ant'stico, quando "or visit'-la.7 )urante nossa longa ami(ade, e a poder de muita doutrina!o, eu acabara
convencendo aggie dos bene"0cios de pensar positivo. $omo eu, ela nunca
"icava muito tempo no "undo do poo.
/lhei-me no espelho, semi-satis"eita com o re"le%o. *oderia viver com aquele
cabelo, at que minhas prprias melenas loiras recuperassem a antiga glria e o
comprimento de antes. )e repente, porm, senti-me vivamente consciente de que,
se por algum terr0vel acaso, eu voltasse a errar o corte de cabelo, aggie n!o
estaria do meu lado l' na Dlrida para segurar minha m!o 2ou meus cabelos3. Doi
uma lembrana horr0vel. Continue pensando positivoordenei a mim mesma.
-Ser' que o #osh vai gostar de mim nesta peruca? 7 perguntei, louca para levar a
conversa para outros rumos que n!o a iminente despedida de duas grandes
amigas.
aggie sacudiu a cabea.
- &oc n!o vai mais estar usando peruca, at chegar l', Sara.
)ei de ombros.
- ;unca se sabe. *ode ser que eu decida que melhor ter cabelo "also do que
verdadeiro. 7 $alei-me por um instante, de cenho "ran(ido para a imagem re"letida
no espelho. 7 Quer di(er, olhes para mim. Eu pareo uma vassoura usada.
aggie girou os olhos.
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- as assim que voc "alar com a diretora do acampamento, saber' onde ele
mora. 7 aggie ressaltou. 7 Alm do mais, eu te conheo, Sara $onnellP. &oc
sempre consegue o que quer. E vai descobrir o paradeiro de #osh, haa o que
houver.
- &oc tem ra(!o, aggie. 7 Eu me senti um pouco melhor. 7 E, quando eu
descobrir, #osh vai "icar t!o emocionado de me ver que vai me arrebatar nos
braos e me beiar at eu sentir que vou desmaiar. 7 Esse era um devaneio que
eu ' vivera tantas ve(es nos 6ltimos dias. Era o que me mantinha de cabea
erguida.
- N isso mesmo. 7 aggie meneou a cabea com todo o vigor.
Sorri para ela, com uma sensa!o de al0vio que me invadiu o corpo todo. Engoli
de volta as d6vidas e me concentrei na "antasia positiva do reencontro com #osh.
- Adoro voc, ags. 7 ;unca tinha dito isso para ela. randes amigas em geral
n!o precisam di(er essas coisas uma para a outra. Dica subentendido. as
momentos dram'ticos pedem medidas dr'sticas e aquele era decididamente um
momento dram'tico.
- Eu tambm adoro voc, Sara. 7 aggie deu um passo adiante e ns nos
abraamos, bem apertado. ;!o queria me a"astar dela, amais, mas tinhaassuntos importantes a tratar, que simplesmente n!o poderiam esperar.
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Do!s
/ sol era uma imensa bola larana pendurada em um cu a(ul0ssimo na hora em
que dei%ei a auto-estrada do sudeste da Dlrida e peguei a sa0da para aP each,
no s'bado 9 tarde. Segundo o minucioso mapa, que meu pai tinha me mandando
por "a%, a casa "icava a apro%imadamente trs quil4metros dessa sa0da. #' estava
at sentindo o cheiro do mar. / ar quente e seco me dava a impress!o de estar
rumando direto para o para0so, dentro de meu convers0vel, com o sol me batendo
em cheio no rosto, e o vento soprando o cabelo 2tinha dado uma aparada e,
graas a )eus, tudo voltara ao normal3. Ser' que n!o era ilegal morar em um
estado com um tempo t!o maravilhoso?
*ena minha m!e n!o ter podido "a(er a viagem toda comigo. 80nhamos descido
untas pela estrada costeira, depois eu a dei%ei no aeroporto de #acsonville, na
Dlrida. Ela pegaria o avi!o para iami e, dali, para o #ap!o. Eu ' estava
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comeando a sentir "alta das recomenda@es incessantes para n!o me esquecer
de dar banho na eorgie, arrumar o quarto e lembrar de desligar a ca"eteira
eltrica. as a vida segue em "rente, e a minha ia direto para #osh e para um
verdadeiro romance.
WA-h' W e%clamei para eorgie. O margem da estrada havia um grande carta(
cor-de-rosa que di(ia Sara *or aqui. A placa de cartolina "ora presa numa estaca
de pau W por meu pai, claro.
$ontinuei avanando, de olho em outras poss0veis placas. *apai n!o me
desapontou. A cada du(entos metros, mais ou menos, surgia nova indica!o,
todas mostrando uma "lecha preta enorme apontada para a "rente. )i"0cil era parar
de sorrir. eu pai talve( n!o sea o cara mais con"i'vei do mundo, mas sabe di(er
as coisas, quando quer. Aquele era o maior tapete vermelho de boas-vindas queeu ' tinha visto na vida.
;esse momento, en%erguei uma plaquinha pequena de madeira= Avenida 1art.
W $hegamos, eorgie W in"ormei a minha cachorra. A partir daquele momento,
eu era uma residente o"icial do estado da Dlrida. W Esta a avenida que vai nos
levar a uma nova vida. W eorgie correspondeu com um latido alto e um abanar
de rabo. )epois, latiu outra ve(.W Est' certo, est' certo W disse a ela. W Esta tambm a. avenida que, com
sorte, me levar' de volta a #osh ;elson o cara mais bacana que o universo '
criou. W 8amanha era minha anima!o com a perspectiva de encontrar #osh, que
"oi preciso lembrar a mim mesma de que ele n!o estaria parado na porta da casa
de meu pai, segurando um buqu de bal@es coloridos.
8inha passado a maior parte da viagem imaginando como seria o momento em
que nos encontrar0amos de novo. ' no "undo, porm, sabia que havia uma boa
chance de que n!o nos v0ssemos nunca mais, mas precisava continuar pensando
positivo. Essa era a 6nica "orma de ag>entar o tranco daquela s6bita mudana em
minha vida. E, ainda que a idia "osse de uma insanidade absoluta, havia uma
parte min6scula dentro de mim imaginando de "ato que #osh estavame esperando
na casa de meu pai.
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/lhei para a direita e para a esquerda, indo em dire!o ao meu novo lar. /
quarteir!o era lindo. $asas pequenas, coloridas, alinhadas dos dois lados da rua,
todas com gramados grandes o su"iciente para acomodar belos ardins "loridos.
Dui passando devagar por elas, lendo os n6meros=
W Estamos perto W comuniquei a eorgie. W uito, muito, perto.
Ent!o vi a placa "inal= em-vindas, Sara e eorgie u(inei trs ve(es, enquanto
embicava na entrada. Quase no mesmo instante, papai surgiu de tr's de algum
arbusto de aspecto muito e%tico. *us ponto morto, desliguei o motor e abri a
porta do carro com um tranco.
W *apai W )ei%ei cair o chaveiro no ch!o e corri para abra'-lo. Enquanto
vencia a curta dist:ncia que nos separava, observei que a vasta cabeleira paterna
tinha se redu(ido a um comprimento at respeit'vel= seu cabelo batia nos ombros.
E a barba, desgrenhada, de homem das cavernas cedera lugar a um distinto
cavanhaque.
#' de braos estendidos, papai me enlaou em um imenso abrao de urso. W
&oc n!o precisa me chamar de papai W ele me lembrou. W ;s somos iguais.
*ode me chamar de ar.
8udo bemX meu pai ainda se enquadrava na categoria de hippiemaduro. *elomenos estava usando uma camisa decente e n!o aquele eterno poncho que mais
parecia um cobertor de cobrir cavalo. E havia uma casa de verdadeassomando
atr's dele. Aps anos e anos de trabalho duro e perambula@es mundo a"ora,
papai "inalmente comeou a ganhar algum dinheiro e a "a(er as coisas que a
maioria das pessoas "a( aos vinte e tantos anos. 1avia comprado uma casa, tinha
plano de sa6de e at "a(ia declara!o de renda.
W /brigada, mas acho que pre"iro o tradicionalpapaiW "alei, rindo.
eu pai deu de ombros.
W $omo voc quiser, meu bem.
Atr's de mim, eorgie saltou do /ldsmobile e "oi direto para ele latindo "eli( da
vida. &i o rosto de meu pai se iluminar= ele a amava quase tanto quanto eu.
)urante os minutos seguintes, a reuni!o entre homem e c!o dominou a cena. ;!o
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s!o muitas as pessoas no planeta que n!o se importam de lambu(ar o rosto com
saliva canina, mas papai decididamente uma delas.
*ois . *achorrento, tranq>il!o e sorridente. 8alve( estivesse comeando a aderir
um pouco mais 9s regras da sociedade, mas era bvio que ele n!o havia mudado
tanto assim. E eu me sentia satis"eita de ter essa oportunidade de conhec-lo
melhor. &iagens pelo pa0s inteiro durante as "rias e tele"onemas espor'dicos n!o
eram a mesma coisa que a convivncia cotidiana. *apai e eu ir0amos ter uma
din:mica inteiramente nova.
as no momento n!o era a quest!o do relacionamento pai e "ilha que me
ata(anava o crebro. Estava com #osh na cabea, e a coisa era sria. al podia
esperar para comear a busca. E de algum modo, sabe-se l' como, pretendia
comear a caada naquela mesma noite. *rimeira parada= a lista tele"4nica de
meu pai. Segunda parada= dar mais uma ligada para unnie para descobrir o
nome da cidade onde #osh morava. E, por "im, tinha planos de tentar a rota de e-
mails outra ve(.
Se as trs primeiras miss@es "alhassem, havia um esquema mais elaborado. 5r a
biblioteca p6blica para pesquisar nas listas tele"4nicas do estado o endereo de
#osh tinha sido a brilhante idia de 6ltima hora de aggie.
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Sobretudo aquele tipo de carne que vem servida em p!o de hamb6rguer,
transbordando de
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W *u%a, e ele ' aprendeu a "a(er %i%i no quintal? W perguntei sarc'stica.
*apai tirou minha enorme sacola do banco traseiro do carro e pendurou-a no
ombro esquerdo.
W Ele ' me prometeu que vai lhe mostrar um pouco do que temos por aqui W
continuou, todo orgulhoso. W E eu me o"ereci para pagar um antar e um cinema
para vocs.
W *apai W E nessa altura gemi de "ato. / que poderia ter ocorrido com aquele
pai ultracabea "ria que eu conhecia? Quer di(er, mesmo que eu n!o tivesse meus
prprios planos no departamento rom:ntico W e eu tinha cem por cento deles
prontos na cabea W com certe(a n!o iria querer meu pai se metendo e
arranando um namorado para mim.
)e mala a tiracolo, ele entrou em casa, com eorgie nos calcanhares.
W $omo voc pre"erir, meu bem. S estou tentando evitar que a transi!o para a
Dlrida ensolarada sea muito traumati(ante para voc.
W &ai dar tudo certo W garanti a ele. 1a verdade vai dar tudo supercerto assim
que eu puser as mos = e os l'bios = em Josh.
)e repente me dei conta de que tinha parado no meio do caminho. eus
pensamentos vagavam em torno de #osh, bloqueando todo o resto, inclusive a
capacidade de colocar um p na "rente do outro. #' me achava na metade daestreita alameda de laotas que condu(ia 9 porta da "rente quando percebi onde
estava. eu quei%o praticamente caiu no ch!o. / lugar parecia mais uma casa de
boneca do que uma residncia de verdade.
Era um sobradinho lil's, uma cor geralmente reservada aos ovos de *'scoa. As
esquadrias de todas as anelas estavam pintadas de verde-hortel!, mesma cor da
varanda comprida de madeira que acompanhava a "rente da casa. /bviamente, os
moradores da Dlrida s!o um pouco mais "antasiosos que ns em *ortland, ' que
hibernamos de( meses por ano. as api>ce de r3sistanceera a porta da "rente.
Algum W muito provavelmente meu pai W havia pintado uma sereia de um metro
e oitenta, completinha, com cauda enroscada e ondas lambendo-lhe os ps, na
porta. / minimural at que era interessante, mas n!o "a(ia e%atamente meu
gnero.
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W Esta nossa primeira manh! na Dlrida, eorgie W "alei bai%inho. ais cedo
ou mais tarde, eu teria de parar com essa histria de primeiro isso e aquilo= a lista
poderia "icar intermin'vel. *rimeira ve( que eu escovava os dentes, primeiro ca"
da manh!, primeira caminhada at a praia, primeira chuveirada...
W eu bem? W papai gritou l' de bai%o. W #' acordou?
W #' W respondi. W E acho bom voc ter um bom cereal para me o"erecer
*ulei da cama e, no caminho, passei pelo espelho de corpo inteiro que havia num
canto do quarto. eu cabelo estava todo amassado. 5n"eli(mente, minha nova
peruca ' estava pssimaX pelo visto, seria preciso investir um pouco mais para
levar adiante o plano de usar cabeleira "alsa em bases regulares. Entretanto, n!o
me sentia disposta a passar um pente naquela maaroca emaranhada at ter
engolido pelo menos uma %0cara de ca". $aso contr'rio pessoas W ou c!es W
poderiam se machucar.
/ barulho do torno "uncionando a todo o vapor "oi "icando mais alto, 9 medida que
descia as escadas com meus chinelos de coelhinho. Deli(mente, tambm
identi"iquei o per"ume caracter0stico de ca" aromati(ado com caramelo, de longe
o meu "avorito.
*apai talve( n!o tenha passado muito tempo comigo na poca em que euatravessava aquele per0odo chamado di"0cil da adolescncia, mas ao menos tinha
prestado aten!o em mim.
W $a". *reciso de ca" W gemi, entrando na co(inha.
W )ei%e ver se eu adivinho W "alou uma vo( grave. W &oc pre"ere "raco e doce.
Quase engasguei.. Sentado 9 mesa enorme de pinho, havia um cara mais ou
menos da minha idade. Sorrindo.
W Sara, eu imagino?
W 1um... sim W respondi, com a calma que me "oi poss0vel, considerado que eu
estava de roup!o ro%o de "lanela e chinelos de coelhinho. W E voc seria...?
inha vo( passou automaticamente para o modo de paquera. $erto, con"esso
que n!o consigo me ver em uma sala com um gato da minha idade sem e%alar o
que aggie acabou apelidando de vibra@es de paquera. E, con"esso tambm, o
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W $omo "oi que a conversa passou de leite semidesnatado para mergulho?
W Sou instrutor de mergulho. W 8im levou o bule va(io at a pia, depois apanhou
uma espona ' meio gasta e passou na bancada. W *osso ensinar voc numa
boa. Sem cobrar nada, claro.
+e"leti sobre a o"erta dele, ainda de olho no eito como continuou a arrumar a
co(inha de uma maneira metdica e despreocupada. A "amiliaridade do cara com
a co(inha de meu pai era meio irritante. Quer di(er, a"inal a "ilha ali era eu. Eu
deveria estar 9 vontade, em ve( de parecer uma convidada. ;!o estava gostando
da idia de ser uma estranha numa cidade estranha. Queria me sentir em casa,
como me sentia em *ortland. as "a(er um amigo era um bom comeo.
W Adoraria aprender. arque o dia.
W A gente pode comear depois da escola, uma tarde dessas. &ou con"erir meushor'rios com seu pai, depois eu lhe digo.
alancei a cabea. $om menos de vinte e quatro horas na cidade, eu ' tinha
planos. ;ada mau para uma garota de de(essete anos com o cabelo todo
amassado. 8orci para que mam!e estivesse se austando com a mesma "acilidade
9 vida no #ap!o, e ansiei pelo tele"onema que ela me "aria 9 noite. Quem sabe at
ter conversado com ela ' teria encontrado #osh e comeado a me sentirrealmente em casa. om, est' certo, talve( sea otimismo demais. as ningum
"alou que uma garota n!o tem o direito de sonhar...
UUU
At a hora de me sentar para antar, no domingo 9 noite, meu amor inicial pela
Dlrida ' havia levado uma ligeira surra. 8inha "racassado totalmente na tentativa
de locali(ar #osh pela lista tele"4nica, descobrira que n!o havia um lugar decente
onde "a(er compras em uma raio de oitenta quil4metros e conseguira me tostar
inteira na praia. Sem sombra de d6vida, seria preciso embarcar na "ase dois de
meus planos= a biblioteca.
1avia ligado para aggie trs ve(es, durante a tarde, e em cada uma a m!e dela
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me disse que a minha melhor amiga tinha sa0do com a turma. *elo visto, minha
ausncia n!o tinha causado maiores danos 9s atividades sociais de *ortland.
8odo mundo parecia estar se dando muito bem sem mim.
W *or que trs lugares 9 mesa? W perguntei a meu pai, que estava ocupado
mergulhando nosso espaguete em queio parmes!o.
W Eu serei seu distinto convidado esta noite. W E l' veio 8im, direto do ateli de
papai, com o cabelo empastado de barro.
W Ah W ;!o era minha inten!o ser rude, mas estava "icando meio chata a
presena do grande assistente. Ele n!o tinha sa0do de nossa casa por mais que
cinco minutos desde o segundo em que pus os ps em aP each. W &oc nunca
vai para sua casa?
W Sara W eu pai desviou as aten@es da enorme travessa de espaguete. W /que h' com voc?
W ;ada... desculpe. W Qual seria o problema? / coitado do 8im "ora um amor
comigo o tempo todo. 8udo levava a crer que o nervosismo com os insucessos da
busca comeava a e%ercer impacto negativo em minha capacidade de ser
civili(ada. Sentei-me e "orcei um sorriso.
*apai colocou a travessa de espaguete no meio da mesa e sentou-se tambm=W / 8im "e( um vaso magn0"ico, hoe. &oc devia dar uma olhada.
$oncordei, distra0da. inha mente continuava concentrada em encontrar #osh.
W $laro, lgico.
8im assobiou.
W *u%a, com todo esse entusiasmo, acho que ' vou providenciar uma e%posi!o
no /A.
/lhei para os talheres e n!o disse nada. ;!o estava a "im de go(a@es.
W Quem quer p!o de alho? W papai perguntou. W $omprei o p!o de um
agricultor org:nico em $oral ables.
Estendi o prato.
W /brigada.
8im olhava "i%o para mim, tentando me "a(er reagir. em, ele podia encarar o
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quanto quisesse.
W ;!o se incomode com a sua "alta de interesse W ele disse. W Quer di(er, n!o
todo mundo que sabe apreciar a grande arte. &oc provavelmente pre"ere ver
seriados na televis!o e ler revistas sobre a vida de artistas.
uito bem, ' era o su"iciente. Ergui a cabea e encarei-o de volta.
W *ara sua in"orma!o, n!o veo televis!o a menos que sea "orada a "a(-lo por
algum amigo chegado. E tambm n!o leio esse tipo de revistas. Sea para que
p6blico "or.
8im riu, a mesma risada solta e 9 vontade, que me chamara a aten!o pela
manh!.
W +ela%e, Sara. S estava brincando.
antive a carranca por alguns momentos, mas aqueles olhos castanhosbrincalh@es acabaram me obrigando a abrir um sorriso. Ele tinha ra(!o= eu havia
exagerado. esmo assim, n!o iria admitir.
W Eu sei. Eu tambm.
W 1um-hum W "oi a resposta dele, que obviamente tinha achado a minha mais
engraada ainda. W $erto.
*apai p4s duas "atias de p!o de alho em meu prato.
W Est' nervosa por causa da escola, meu bem?
1o papai. 1em um pouco. + primeiro dia em uma nova escola no 3 motivo de
alarme.W $laro que n!o. Eu n!o "ico nervosa.
Est' bem, con"esso que, quando minha m!e ligou, disse a ela que estava com "rio
na barriga por causa da escola a qual comearia a "req>entar no dia seguinte. as
8im n!o precisava saber disso. $ertas in"orma@es melhor guardar consigo.
8im ergueu uma sobrancelha castanha.
W Se quiser, eu posso lhe dar uma carona at a lendale e mostrar onde "icam as
coisas. Aquilo l' pode ser meio assustador, a princ0pio.
ergulhei o gar"o na massa e sacudi a cabea com todo o vigor. ;!o iria dei%ar
que 8im sentisse d de mim.
W Sou uma aventureira. osto de "a(er as coisas so(inha.
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Ele meneou a cabea, com os olhos cintilantes.
W $omo voc pre"erir... contanto que n!o perca a coragem para ir 9s aulas de
mergulho.
W Quanto a isso. n!o tem o menor perigo. Eu estarei l'. W
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#gradeo por meu carro no ter enguiado a caminho daqui.
#gradeo por 6im Daplan embora ele se&a meio irritanteF parecer disposto a me
levar para passear e ficar por perto.
or 8ltimo mas no em 8ltimo lugar agradeo por Josh e eu estarmos agora no
mesmo estado embora eu no saiba ainda onde ele mora exatamente.
Tr"s
- )esculpe 7 disse. E olha que n!o era a primeira ve( naquela manh!. Eu ' tinha
atropelado diversas pessoas na minha perambula!o sem rumo pelos
intermin'veis corredores abarrotados de gente do colgio lendale. #' mencionei
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que odeio segundas-"eiras?
/ colgio lendale n!o simplesmente uma escola= uma cidade. ;unca tinha
visto tantos corredores e tantas salas de aula, sem "alar em alunos, debai%o do
mesmo teto. At o gabinete da administra!o estava lotado de gente. *recisei
esperar de( minutos para conseguir "alar com a pessoa encarregada. ;o "im,
consegui que a inspetora +odrigue( me entregasse um mapa do prdio e o
hor'rio das aulas, n!o sem antes ouvir uma lista de regras e diretri(es re"erentes a
traes e comportamento. asicamente, n!o posso usar saias que mostrem a
calcinha nem camisetas obscenas e, em hiptese alguma, devo namorar nos
corredores.
A garota em quem eu acabara de dar um encontr!o me lanou um olhar
"ulminante antes de avanar corredor a"ora. /bviamente, bons modos n!o "a(iamparte dos regulamentos da escola. A"astei-me da torrente de alunos encostando-
me em um arm'rio pintado de ro%o. 1avia um qu de ar"ante em minha respira!o
que reconheci, de imediato, como sintoma de ansiedade. ;otei tambm que as
palmas das m!os estavam suadas enquanto mais ou menos torcia para que se
abrisse um buraco no ch!o que me engolisse inteira, com tamancos novos e tudo.
Quem acreditaria que poucos dias antes eu achava que iria simplesmente mudar
de casa, tele"onar para #osh e viver uma vida de amor, divers!o e ami(ade? At o
momento, tudo o que havia conseguido "ora queimadura de sol, indigest!o com
pasta de carangueo e uma noite em claro, preocupada com o primeiro dia uma
escola nova em "olha. E, no que se re"eria a #osh, estava comeando a perceber o
tamanho da Dlrida.
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cidade de #osh em segundos.
- *erdida? 7 perguntou uma garota mi6da, de cabelos pretos brilhantes e um
sorriso que certas meninas costumam reservar para o $ampeonato ;acional de
0deres de 8orcida. *areceu-me um pouco mais presunosa que as garotas que
em geral eu circulo, mas, pu%a, eu precisava de amigas, onde quer que eu
pudesse ach'-las
- *erdida "ichinha 7 "alei. 7 Estou vagando pelos corredores h' uma eternidade.
- &oc nova aqui 7 disse-me ela, com vo( carregada de simpatia. ;o mesmo
instante, senti-me culpada por ter (ombado mentalmente dela, com base no
simples "ato de a garota ter um daqueles nari(inhos arrebitados engraadinhos.
- Sou, acabei de chegar do aine. 7 )ei-lhe um sorriso que eu torcia para ser
simp'tico.- em-vinda 9 Dlrida, ent!o Eu sou +aleigh Stocton. 7 E estendeu a m!o, que
eu apertei meio sem graa.
- Sara $onnellP. Estou desesperadamente necessitada de uma boa alma que se
compadea de mim.
- *ode dei%ar comigo. 7 +aleigh pegou o hor'rio de minhas m!os e e%aminou-o
por alguns momentos. 7 *ara comear, voc est' no prdio errado. A sala do
pro"essor aughn "ica no prdio Yingman.
- Ah. 7 As coisas estavam comeando mal para quem pretendia passar em
$alculo
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- /brigada. 7 murmurei.
+aleigh desli(ou pelo corredor, e eu a segui docilmente. Seria esse o sentimento
de eorgie, quando grudava nos meus calcanhares?
- Ent!o, voc vai ao ogo da se%ta-"eira? 7 ela me perguntou.
- 1um... n!o sei ainda. 7 Eu sempre ia aos ogos em *ortland, s que l' "a(ia
parte integrante de tudo, embora nunca tinha sequer olhado para o campo. /s
ogos de "utebol eram apenas mais uma oportunidade de me reunir com a turma.
- *ois devia 7 +aleigh aconselhou. 7 N o melhor eito de conhecer gente. 7 E me
deu sorriso imenso. /bviamente, ' tinha cuidado de outros Balunos novosC na
vida. 7 Eu iria com voc, mas tenho de animar a torcida.
Ent!o ela era l0der de torcida. eu radar antipresun!o acertara na mosca
- Eu, hum... vou pensar a respeito. 7Controle-se 7araeu disse com [email protected]&a se encontra alguma simpatia escondida em algum canto desse seu
belo eu.;!o apreceu quase nenhuma. 7 Quer di(er, claro, vou sim.
- Ztimo.
;o "inal do corredor, ela empurrou uma imensa porta vermelha. 7 / prdio
Yingman "ica no "im dessa alameda 7 e%plicou, continuando em "rente. 7 E o
gin'sio por ali. 7 De( um gesto na dire!o geral de um gigantesco
estacionamento.
- *or que essa escola t!o imensa? 7 perguntei. 7 aP each tem no m'%imo
cinq>enta mil habitantes, se tanto.
+aleigh riu.
- aP each s tem cinq>enta mil moradores, mas a lendale atende estudantes
de toda a regi!o. 8em gente que dirige pelo menos sessenta quil4metros para
chegar at aqui.
8onta. A garota deve estar me achando a maior idiota do planeta.
-$erto, certo... 7 di(er o qu, depois de uma pergunta t!o imbecil? $omeava a
char que tinha esquecido o crebro que tinha me garantido FI[H pontos no teste
de aptid!o escolar l' em *ortland.
- A boa not0cia que temos toneladasde gatos 7 +aleigh me disse, em tom de
conchavo. 7
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qualquer uma dessas modelos ou cantoras que viram celebridade )ei risada, a
primeira risada autentica do dia. *rimeiro, porque adoro um elogio. Segundo,
porque +aleigh conseguira di(er algo engraado.
- ;!o sei se estou dispon0vel no momento 7 "alei. 7 Estou, mais ou menos, com
uma pessoa.
-N mesmo? 7 /s olhos da +aleigh se iluminaram. 7 Adoro saber sobre os
romances alheios. ;amoro o mesmo garoto desde os oito anos, mais ou menos.
5sso n!o me espantou nem um pouco. eninas como a +aleigh sempre terminam
com o rapa( da casa ao lado.
- ;ossa Quanto tempo. 7 Dingi indigna!o. / nome dele provavelmente devia ser
i"" ou Sip.
- *ois . Agora me conte sobre o seu namorado. Ele "icou no aine, morrendo desaudade de voc?
- N, mais ou menos. 7 Ao menos esperava que #osh estivesse morrendo de
saudade.
- Que chato.
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para dormir em casa no s'bado 9 noite. 7 E boa sorte
$ontinuando seu percurso saltitante pela alameda, +aleigh me dei%ou so(inha na
"rente do prdio. A 6ltima campainha tinha soado alguns minutos antes. Eu teria de
entrar em uma sala lotada, interromper uma aula em andamento e esperar que um
velho pro"essor rabugento de matem'tica dissesse meu nome em vo( alta. *ode-
se di(er que eu n!o estava tendo a melhor manh! de minha vida. )o outro lado,
meu cabelo at que tinha "icado legal. E, por enquanto, um cabelo decente era o
su"iciente.
+espirei "undo.
- lendale, aqui vou eu.
UUU
O tarde, desabei sobre o so"' da sala, unto com eorgie, e "iquei assistindo
+prah, a"ogada em triste(as. Em geral, nunca me permito chegar assim t!o "undo
no poo, mas n!o pude evitar. ' estava eu, a quil4metros e quil4metros de casa,
sem a menor esperana de descobrir o paradeiro de #osh. $laro que eu
acalentava mil "antasias, mas era preciso encarar os "atos= n!o havia a menor
possibilidade de eu encontr'-lo de novo... ao menos em um "uturo imediato.E, para completar, "req>entava uma escola nova, sem um amigo para contar tal
triste histria. Sem "alar que todos os pro"essores haviam passado uma
quantidade absurda de deveres de casa para a primeira semana de aula. A vida
estava para l' de tenebrosa.
- Ei, Sara.
Ergui os olhos e vi 8im parado dentro de minha sala, sorrindo.
8entei sorrir de volta.
- /i 7 resmunguei.
8im acomodou-se na poltrona em "rente.
- &oc n!o est' com uma cara muito boa, hoe.
Ztimo. 5sso era ustamente o que precisava, algum para re"orar meus
sentimentos negativos.
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de papai.
)eitei no so"' e mordi uma goma de pssego, sentindo-me bem mais con"ort'vel
que algumas horas antes.
*elo menos tinha um amigo de verdade na Dlrida.
UUU
- &oc costumava ir aos ogos de "utebol l' em *ortland? 7 8im perguntou-me na
se%ta 9 noite. 8inha adiado minha aula de mergulho para podermos ir untos ao
ogo. inha s6bita mudana para a Dlrida era um choque e tanto no sistema. ;!o
precisava acrescentar respira!o subaqu'tica ao rumo bi(arro, pelo menos por
enquanto.
/ ogo ainda nem tinha comeado, e eu ' me sentia entediada. 8im e eu
t0nhamos ido assistir 9 partida de "utebol americano com o melhor amigo dele, Ed
*ratt. as, assim que viu um grupo de primeiranistas lanando olhares melosos
em sua dire!o, Ed n!o perdeu tempo. Dicamos so(inhos, 8im e eu.
)ei de ombros.
- $ostumava, mas era di"erente.
Sempre associava "utebol com noites geladas de outono, cheiro de "olhasqueimadas e gosto de chocolate quente. as a temperatura achava-se na casa
dos JK graus, e o per"ume das madressilvas permeava as arquibancadas. /
aine nunca me pareceu t!o distante.
- )i"erente como? Dutebol "utebol.
)ei de ombros de novo.
- Estou acostumada a conhecer todo mundo, s isso. 7 ;!o estava e%atamente a
"im de entrar em detalhes. 8ra(er 9 baila os v'rios momentos em que eu "i(era a
turma morrer de rir com minhas tiradas bem-humoradas e minhas loucuras era
deprimente demais.
$laro que em algum momento eu encontraria meu lugar na lendale. as, at l',
o ano ' estaria terminado, e o mais prov'vel era acabar indo ao baile de
"ormatura com um boboca qualquer, um daqueles caras para quem o m'%imo do
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)e novo, 8im arqueou uma 6nica sobrancelha. $omo ele conseguia "a(er isso, por
sinal?
- Est' bem, talve( estea sendo umpouquinhorabugenta 7 concordei.
- uito nobre de sua parte admitir o "ato. 7 8im sorriu e os olhos se iluminaram
com aquela mesma centelha a qual ' tinha reparado na outra noite. 7 &oc vai
tentar visit'-lo? /u vocs terminaram por causa da dist:ncia?
- Ah, o #osh n!o mora no aine 7 e%pliquei. 7 Ele mora aqui. ;s nos
conhecemos em um acampamento.
8im "ran(iu as sobrancelhas, como quem n!o estava entendendo.
- Aqui? Aqui em aP each?
- Quem me dera. )o eito como anda minha sorte, mais prov'vel que ele more
no outro e%tremo do estado ou coisa parecida 7 "alei, dei%ando que minha
"rustra!o com a busca de #osh viesse 9 tona de ve(. 7 / problema que ele
perdeu meu tele"one e o endereo tambm. E eu n!o peguei o dele. Essas 6ltimas
semanas "oram um in"erno. ;s n!o conseguimos nos encontrar. 7 Agora que 8im
havia me obrigado a embarcar no meu assunto predileto, nada me "aria parar. Eu
estava embalada. 7 &oc entende que o #osh n!o qualquer cara.
- Ah.- ;s estamos "alando de amor, de amor de verdade.
8im n!o disse nada. Sentada ali ao lado, naquele silncio embaraoso que se
seguiu, me senti de repente uma idiota por ter despeado todos os meus
sentimentos em cima dele. Sem d6vida era muito "'cil conversar com 8im, mas,
a"inal, eu tinha acabado de conhec-lo. ;!o estava acostumada a me abrir assim
com estranhos. E o "ato de ele ter perdido a "ala indicava que o rumo da conversa
n!o era e%atamente o que ele esperava.
$onstrangida, olhei para ele, mas 8im estava de olhos bai%os, "i%os nas prprias
m!os, como se estivesse pensando muito a srio em algo. Era a primeira ve( que
via qualquer outra e%press!o naquele rosto que n!o "osse a calma absoluta.
$utuquei-o.
- Ei, 8erra chamando 8im.
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Ele ergueu os olhos, pego de surpresa. / rosto "icou ligeiramente rosado.
- Ah, desculpe. )evo ter sa0do de rbita alguns momentos.
- 8udo bem. ;!o era minha inten!o aborrec-lo com meus problemas.
- &oc n!o me aborreceu nem um pouco. 7 8im sacudiu a cabea e voltou a ser o
velho 8im que eu conhecia, despreocupado. 7 &oc disse que ele se chama #osh?
- N. 7 ;!o consegui re"rear um imenso sorriso ao me lembrar daquele rosto lindo.
7 #osh ;elson.
/ rosto de 8im passou de rosa a branco em segundos. Qual era o problema com
ele? $omecei a achar que estivesse doente, ou algo parecido.
- #osh ;elson? 7 ele repetiu.
- #ustamente. 7 respondi, suspirando sonhadoramente. At o som do nome dele
provocava arrepios em meus braos.;esse instante, houve uma s6bita e%plos!o de sons e um grupo de l0deres de
torcida surgiu do gin'sio de esportes para dar a volta no campo.
- e dem um G 7 elas gritaram em un0ssono.
- G,7 todo mundo na arquibancada respondeu.
- e dem um H 7 As meninas estavam se organi(ando em uma pir:mide.
- H,
;!o "iquei surpresa ao ver que +aleigh, minha guia tur0stica presunosa, rumava
para o topo da pir:mide humana. Ela era uma daquelas meninas mi6das "eitas
para andar de cavalinho no ombro dos garotos e "a(er gin'stica ol0mpica.
A gritaria continuava, cada ve( mais ensurdecedora. Se estivesse o aine, estaria
gritando a plenos pulm@es. as, ali, continuei calada. lendale simplesmente n!o
era a minhaescola.
)ei uma espiada em 8im e reparei que ele tambm n!o aderira 9 torcida.
$ontinuava olhando "i%o para o campo, muito p'lido ainda. )escon"iei que n!o era
do tipo esp0rito coletivo.
*or "im, o barulho diminuiu. 8im me pu%ou o brao.
- Ei, hum... Sara?
- Sim?
Ele olhou bem nos meus olhos, com um ar srio demais para quem supostamente
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se divertia em um ogo de "utebol.
- 8em uma coisa que eu devia...
- em-vindos, todos vocs "!s do ator 7
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contar, teria de esperar. #osh estava ali
- Ser' que voc n!o entendeu? 7 e%clamei. 7 N ele N o #osh
- Sei, eu sei, mas Sara... 7 8im comeou.
- Que mas, que nada 7 Doi uma cortada brusca. 7 Este o melhor dia de toda a
minha vida 7 Dechei os olhos por alguns momentos, tomada de repente por uma
onda de en4o de estomago, devido 9quela como!o toda.
- Acho que vou vomitar 7 "alei com toda a calma para 8im. )epois me levantei e
sai correndo. Era preciso encontrar um banheiro. +'pido.
#uaro
A Escola de Segundo rau lendale venceu o ogo. )urante duas horas e meia
de tortura, vaguei pelo est'dio, contando os segundos at #osh sair do campo.
as tive a decncia de ir procurar 8im de novo, para lhe di(er que n!o oabandonara por completo. Ele estava entretido em uma conversa com Ed, mas
quando me viu, tentou me di(er alguma coisa. 1avia, no entanto, adrenalina
demais correndo pelo meu sangue e eu n!o conseguia parar quieta, de modo que
pedi para ele reservar o que tinha para me contar. Em seguida, durante meia hora,
"iquei no banheiro, com medo de botar para "ora o cachorro-quente com milho
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nome, quando avancei para o grupo de ogadores a poucos passos de mim.
E "oi nesse momento que ele me viu. )e in0cio o olhar de #osh passou por mim
sem me notar, como se estivesse 9 procura de algum mais na arquibancada.
as, um segundo depois, o olhar voltou a "ocali(ar meu rosto. &i a centelha de
reconhecimento em seus olhos.
W#osh? W gagueei. ;!o era comum eu "icar sem "ala, mas, naquele momento,
senti a boca abrir e "echar sem que sa0sse um 6nico som de l' de dentro.
W#osh W consegui "inalmente repetir, em um sussurro rouco.
Ele era lindo W ainda mais bonito que a lembrana guardada em minha memria.
As v'rias "otogra"ias pregadas no quadro de cortia, em cima da cama,
simplesmente n!o lhe "a(iam ustia. Ele era um gato.
W Sara? W /s olhos a(uis relu(iram ao me ver. Aquilo era obra do destino, spodia ser. Algum, no imenso universo, queria nos ver untos, #osh e eu. Que
outro motivo nos levaria para o mesmo colgio?
eneei a cabea. $omo uma pessoa cumprimenta o grande amor de sua vida em
um momento como esse? Engoli em seco v'rias ve(es, antecipando a sensa!o
dos l'bios macios e "irmes de #osh ao encontro dos meus.
W inha m!e "oi para o #ap!oWbalbuciei, abobalhada. $omo se isso e%plicasse
por que eu estava assistindo ao primeiro ogo de "utebol da temporada. $omo se
isso e%plicasse algumacoisa. W &im para c', passar o ano com meu pai.
#osh sacudia a cabea para a "rente e para tr's, repetidas ve(es, apatetado, sem
entender nada. Essa n!o era e%atamente a reuni!o rom:ntica e apai%onada que
tinha em mente. as tambm n!o podia culp'-lo por estar chocado de me ver. Eu
estava chocada. E olhe que sabia que esse encontro era iminente.
W Sara... Eu n!o acredito. W )eu um passo adiante e apertou minha m!o.
eu cora!o saiu "ora de compasso. &i amor naqueles olhos o mesmo amor que
tinha visto todos os dias que passamos lado a lado, no aine. *eguei a m!o dele
e a enlacei.
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arquibancadas e a platia pareciam ter desaparecido por completo enquanto "itava
os olhos de #osh.
W Eu quis ligar e di(er que vinha para c' W "alei, com palavras que orravam de
minha boca mais depressa do que conseguia pronunci'-las. W as, n!o peguei
seu endereo. W E voc0 nunca me escreveuacrescentei para mim mesma. or
favor me diga por qu0. $iga-me que perdeu meu n8mero de telefone ou que
sofreu um acidente de carro ou ento que voc0 foi abduzido por alien2genas. $iga
qualquer coisa...
W *ois , eu sei. W A vo( de #osh "oi sumindo. $om a mesma rapide( com que
instantes antes tinha agarrado minha m!o, largou-a, "rou%a e abandonada.
W #osh? W *or que ele n!o estava dando pulos de alegria e me apresentando
aos amigos? /u me beiando apai%onadamente? W #osh, qual o problema?Ele espiava por cima de mim, os olhos a(uis alarmados.
W +aleigh W ele disse.
&irei o corpo. +aleigh estava parada bem atr's. Sorrindo para #osh. W Ei, amor
W ela e%clamou toda "eli(. W &oc ogou superbem
W /brigado. W #osh a"astou-se de mim como se tivessem acabado de anunciar
meu contato com o v0rus Ebola.
1orrori(ada, vi +aleigh atirar-se nos braos estendidos de #osh.
W /i, Sara W +aleigh me disse, depois de "inalmente desgrudar dele. W &oc '
conhece meu namorado?
1amoradoAi, )eus.
W Eu, hum... eu... W 5sso n!o podia estar acontecendo. Essa n!o era minha vida.
8inha havido algum engano, e o universo havia me entregado a crise rom:ntica de
uma outra garota qualquer.
W A gente ' se cru(ou W disse #osh, dando-me uma olhada muito r'pida e pondo
o brao em volta da cintura de +aleigh.
A coisa caminhava rapidamente do ruim para o pior e dali para o insustent'vel. /
cachorro-quente parecia de chumbo em meu est4mago.
)e repente. 8im estava ao meu lado.
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W Sara, vamos andando? W perguntou, com os olhos cor de chocolate cheios de
preocupa!o.
eneei a cabea sem conseguir abrir a boca.
W Ent!o vamos. W embro-me vagamente de t-lo ouvido se despedir de #osh e
de +aleigh, mas pelo eito eu iria desmaiar. *rovavelmente teria desmaiado, se
8im n!o estivesse ali para me segurar.
as, graas a )eus, ele estava, porque eu precisava "ugir o mais r'pido poss0vel.
*recisava dei%ar aquele est'dio lotado, dei%ar #osh, dei%ar o monte de li%o em que
toda a minha vida de repente se trans"ormara.
UUU
W $omo... como... ele p4de... "a(er isso? W consegui articular, em meio a
enormes soluos.
A volta para casa "oi um completo borr!o para mim. ;em sei
como entrei e sa0 do carro. / estrago emocional dos 6ltimos sessenta minutos
tinha sido t!o grande que n!o sei como cheguei ao "im do pequeno p0er de
madeira onde 8im e eu est'vamos sentados. E tambm pouco me importava. A
6nica coisa que sabia nunca ter sentido tanta raiva, m'goa, depress!o e triste(a
na vida.
Em geral nunca choro na "rente dos outros. A bem da verdade, quase nunca
choro. as, depois das coisas todas pelas quais eu havia passado, n!o pude
evitar. &irei uma manteiga derretida. E, do modo como 8im "icou ali sentado,
escutando pacientemente minhas quei%as, eu me sentia com todo o direito de
chorar o quanto quisesse. Quem poderia imaginar um cara t!o atencioso por tr's
daquele eit!o go(ador?
8im suspirou e balanou a cabea.
W *orque ele um panaca, Sara. *or isso.
as ele no eraum panaca. Ele era #osh, o cara por quem eu me apai%onara.
esmo tendo testemunhado com meus prprios olhos, continuava sendo di"0cil
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acreditar que o #osh abraado com +aleigh era o mesmo #osh com quem eu
havia passado o ver!o inteiro.
irava o Atl:ntico, com os braos em volta dos oelhos. Ao tentar en%ugar as
l'grimas, ocorreu-me uma idia que veio carregada de esperana= o meu #osh
amais "aria uma coisa dessas. 8inha de haver uma e%plica!o qualquer. E se...
W&ai ver eles comearam a se ver agora W eu comecei, dando uma olhada para
8im. W Quer di(er, quem sabe a +aleigh terminou com aquele antigo namorado
dela e comeou a sair com o #osh. Ele deve ter "icado arrasado quando percebeu
que n!o conseguiria entrar em contato comigo e...
W Aqueles dois est!o untos "a( sculos W 8im me interrompeu. W Eles s!o meio
que ocasal lendale.
W Ah W sussurrei.eus olhos se encheram de l'grimas de novo e mergulhei de cabea na
depress!o. Essa n!o podia ser a minha vida. ;!o podia estar acontecendo
comigo. elisquei-me s para ter certe(a. ;!o restava a menord6vida. /
pesadelo tinha virado realidade.
W *ensei que ele me amava W "alei, mais para mim mesma. W Sei que eu o
amava... Ele "oi o primeiro cara por quem eu senti isso.
W Que panaca W8im resmungou.
W Ele mais que um panacaX ele um... um... $omo ele p4de me "a(er uma
coisa dessas W e%clamei uma ve( mais, esmurrando a madeira do deque com os
punhos.
W 1' caras que s!o muito burros mesmo W 8im disse. W E o #osh o maior de
todos. Escute, Sara, o melhor que voc tem a "a(er esquecer por completo essa
histria de #osh ;elson. Simplesmente esquea que ele e%iste.
/lhei para 8im e en"iei as pernas na 'gua. *arece que isso teve um e"eito
calmante. )ei%ei escapar um suspiro trmulo.
W Sabe do que mais? &oc tem ra(!o. &ou me esquecer dele para sempre.
W Ztimo.
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as, ao olhar para a esplendorosa lua da Dlrida, meu est4mago deu v'rios ns
s de pensar na simples possibilidade de elimin'-lo de minha vida. $omo iria
conseguir essa proe(a?
W E se eu n!o conseguir?
W $onseguir'. Acredite em mim.
W Acho que n!o vai dar, 8im. *anaca ou n!o, eu me apai%onei pelo cara. E essas
coisas n!o somem assim da noite para o dia. Quer di(er, olha s meu pai... ele
nunca esqueceu minha m!e.
8im dei%ou escapar uma risada curta.
W 5sso um tanto di"erente. Seu pai e sua m!e s!o pessoas e%traordin'rias, mas
simplesmente n!o "oram "eitos um para o outro. 8em sido um pouco duro para seu
pai entender isso. as ele vai acabar percebendo, quando encontrar a pessoacerta. / #osh, de outro lado, s um idiota que n!o merece um 6nico olhar seu.
Diquei calada por uns instantes, surpresa com seu grau de conhecimento a
respeito do assunto. *rovavelmente sabia mais a respeito de minha "am0lia que
meus amigos de *ortlandX a"inal, passava um bocado de tempo com papai. Em
seguida, me dei conta de que ele havia conseguido "a(er com que me esquecesse
de #osh por uma "ra!o de segundo. 8alve( um dia eutambm conseguisse
superar aquela pai%!o.
W Est' certo W "alei bai%inho. W / panaca agora histria.
8im apertou-me a m!o.
W N assim que se "ala.
as, mesmo enquanto as palavras sa0am de minha boca, tinha conscincia de
que n!o eram verdadeiras.
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I I I
"ero sem fim"
$e manh passeios.
tarde t0nis.
Kei&os so para a noite.
I I I
"+ dia do encontro"
Eu era abelha.
#t3 que te vi.1unca mais fui a mesma.
I I I
"$esiluso"
ensei ser amada.
Mas seus olhos mentiam.
erdi a confiana.
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C!nco
1oestava procurando #osh em todos os corredores da lendale, naquela
segunda de manh!. 1ocon"eri o rosto de cada garoto que passou apressado por
mim, depois do primeiro sinal. $erto. E tambm notinha gasto mais de meia hora
s para arrumar o cabelo e e%perimentar um novo tom de batom. *attica. Era
isso que eu era, pura e simplesmente uma criatura obsoleta e pattica.
Josh tem namoradaeu disse para mim mesma pela milionsima ve( desde a
se%ta-"eira 9 noite. Ele 3 um miser'vel um tremendo de um panaca e quem me
dera &amais t0-lo conhecido.Quanto a isso, n!o restava a menor d6vida. asaqueles olhos de um a(ul pro"undo haviam povoado todos os meus pensamentos,
desde o tenebroso encontro no campo de "utebol.
W Sai dessa, $onnellP W "alei em vo( alta, enquanto me "orava a andar de um
eito mais ou menos decidido pelo corredor. W &' em "rente e d a volta por cima.
#osh n!o era sequer meu tipo. Admito que era um cara bonito, inteligente e
engraado as era tambm metido a gostoso. *ara ele, n!o havia nada melhor na
vida do que passar o dia correndo atr's de uma bola, enquanto mocinhas de saia
curta sacudiam pompons coloridos. ;a verdade, pior do que ser metido a
gostos!o era o "ato de que #osh havia mentidopara mim.
W Ei
eu traeto "oi repentinamente obstru0do por um obeto enorme. *reparei-me para
ser e%tremamente rude com o que quer "osse, ou quem quer que "osse e que
tivesse se interposto em meu caminho.
Em ve( disso, minha respira!o "icou presa nos pulm@es. / obeto era nada
menos que #osh em pessoa, o antigo amor de minha vida. Engoli aquilo que em
uma outra garota com menos autocontrole teria sido um susto e tanto.
7uma da minha frente. ' catar coquinho.Sabia que deveria cuspir tais palavras
em um "orro venenoso. as as m!os dele envolveram minha cintura.
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#osh olhou em volta para se certi"icar de que n!o t0nhamos sido vistos, depois me
pu%ou para dentro de uma salinha onde era guardado o material de limpe(a. Aps
todas aquelas semanas de anseios, est'vamos a ss. /s corredores cheios da
lendale pareciam a centenas de quil4metros de dist:ncia. #osh sempre
conseguia me "a(er pensar que ramos as 6nicas pessoas no planeta todo.
W Sara.
Que emo@es haveria na vo( dele? +emorso? $ulpa? Ainda que n!o goste de
admitir nem a mim mesma, eu torcia para que "osse deseo.
W /i, #osh.
eu cora!o parecia querer saltar da boca, mas me "orcei a respirar "undo. #osh
tinha namorada Ele ia ver s uma coisa.
em que eu pre"eria que ele "osse menos... maravilhoso.Quando pegou minha m!o, a"astei seu brao e olhei-o de "rente, com um olhar
duro.
W ;!o acredito que voc estea aqui W disse.
W Em carne e osso. W Hiteralmente.Diquei "eli( de estar usando um dos meus
topsmais sensuais. As alas "inas e pretas realavam meus braos muito bem
torneados, e o decote acentuava o pouqu0ssimo busto do qual me orgulhava
possuir.
W &oc est' linda. $omo sempre. W #osh deu um passo a "rente. +ecuei um
pouco, mas n!o muita coisa.
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W &oc me "alou, logo que a gente se conheceu, que achava "utebol americano
um esporte de brutos. &oc disse, e eu repito, que o "utebol s atra0a caras com
uma necessidade tremenda de provar que tinham a cabea dura o su"iciente e
va(ia o bastante para ag>entar srios danos cerebrais. W #osh me olhou bem
nos olhos. Kemnos olhos mesmo. eu cora!o bateu descompassadamente
enquanto tentava n!o me perder na "undura daquelas duas piscinas a(uis.
W Quer di(er que voc se lembra.
5sso signi"icava alguma coisa. *or e%emplo, que eu n!o era s um passatempo
barato de ver!o. #osh lembrava do que eu tinha dito. 5n"eli(mente, o cara tambm
tinha uma certa "amiliaridade com a mentira. Ele omitira +aleigh e mentira ao di(er
que n!o ogava "utebol. ;o que me di(ia respeito, ele era de "ato uma mulher
vestida de homem. ;!o dava para con"iar em uma palavra que sa0a de sua boca.W Eu me lembro de muita coisa, Sara. W E deu mais um passo na minha dire!o.
;!o havia mais muita dist:ncia entre ns.
Escapuli, driblando diversos baldes e uma pa(inha de li%o. as estava com as
costas grudadas na porta. )ava para sentir o metal "rio da maaneta me
cutucando os ossos.
W N mesmo? W Eu ca0a, ca0a, ca0a em um abismo "undo.
*elo visto, #osh pressentiu minha "raque(a.
W ;s n!o podemos conversar aqui W disse. W E n!o d' para conversar agora.
/nde tinham ido parar todas as minhas respostas espirituosas, bem quando eu
precisava muito, muit0ssimo, de uma? inha mente era um va(io.
W $erto. W Muito bom 7ara. Lma boa sa2da.
W &amos nos ver hoe 9 noite W#osh "alou. W Eu vou estar na *edra do
andarim 9s oito da noite.
;!o "a(ia a menor idia de onde "icava essa *edra do andarim, mas sabia que
nada conseguiria me a"astar de l'.
W Eu vou W prometi. W Quer di(er, vou ver se vai dar W corrigi, com um tom
menos caloroso.
)emorou alguns segundos, mas eu havia recobrado a compostura. A velha Sara
espreitava de algum lugar dentro de mim. / problema era como reencontr'-la
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antes das oito da noite, quando ent!o, esse era meu pressentimento, aqueles
olhos a(uis penetrantes me olhariam com um calor mais intenso do que eu seria
capa( de suportar.
E o que eu iria vistir?
UUU
' pelas F[hL\, o mapa que 8im havia desenhado para mim ' havia virado uma
bolinha de papel. $laro que eu tinha decorado o caminho at a tal *edra do
andarim cinco minutos depois de ter tecebido as instru@es. $ontinuava me
sentindo um tanto culpada por ter inventado que queria tirar umas "otos para o
curso de Dotogra"ia 5ntermedi'ria. *or outro lado, se eu tivesse contado a verdadepara 8im, ele teria tentado me impedir de ir at l'.
Assim que parei no cascalho do pequeno estacionamento, percebi por que #osh
havia escolhido aquele local. A *edra do andarim era enorme e "icava 9 beira-
mar, rodeada por mais de uma de(ena de pedras menores= a mesma paisagem do
aine.
Senti uma s6bita onda de saudade de casa ao bater a porta do carro. ;o estado
do aine, em setembro e 9quela hora, o ar ' estaria gelado. Ali, a temperatura
continuava nos JK graus. E n!o pude dei%ar de notar que eram palmeiras e n!o
pinheiros que ladeavam o caminho at a pequena enseada.
#osh n!o estava 9 vista. 8alve( "osse me dar o cano. /u essa "osse a maneira de
ele me di(er de uma ve( por todas que eu havia sido uma idiota de achar que ele
tinha gostado um pouco de mim no ver!o. 8alve(...
W ;ada que ver com o lago &ermillon, n!o ? W #osh surgiu do nada.
Estava parado logo adiante, em "rente 9 pedra, sumariamente vestido com um
shortsc'qui que um dia tinha sido uma cala e uma mochila a(ul-marinho
pequena nas costas. A verdade que n!o h' nada que se equipare 9 vis!o de um
gato em um belo shorts.
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Andei o mais depressa que pude para alcan'-lo.
W *ois . Eu vim. W Alm de sem "4lego, sabia que dava a impress!o de estar
ansiosa demais. rande novidade.
W Eu audo voc a subir. W #osh estendeu a m!o e virou a cabea para a pedra
colossal. Seis semanas atr's, eu teria agarrado a sua m!o e o pu%ado para mim e
muito provavelmente lhe dado um abrao, assim s por dar, sem motivo. )essa
ve(, resolvi me contentar com a primeira parte. Agarrei seus dedos compridos e
subi na pedra.
;enhum de ns pronunciou uma palavra enquanto escal'vamos at o topo da
*edra do andarim. Ao menos n!o em vo( alta. Eu travava uma conversa
desagrad'vel com a nuca de #osh, enquanto batalhava para n!o me desequilibrar
em cima das novas sand'lias "os"orescentes de dedo. oc0 3 um gato. oc0 3 umser humano desprez2vel. oc0 3 tudo para mim. 1o voc0 no 3 nada para mim.
E l' "ui, trocando baboseiras mentais comigo mesma.
Quando cheguei no alto da pedra, percebi que a escalada semi-'rdua tinha valido
a pena. / /ceano Atl:ntico esparramava-se diante de ns, cintilando sob o sol
poente. 8alve( tenha sido uma alucina!o, mas tenho quase certe(a de ter visto
alguns gol"inhos saltando ao longe. Ah, isso era golpe bai%o da parte dele. Quem
poderia "icar brava em meio a toda aquela nature(a?
W )esculpe n!o ter lhe dito nada a respeito da +aleigh W #osh "alou. W 8inha a
inten!o de e%plicar a situa!o toda para voc, mas, sei l', nunca encontrei as
palavras certas.
Apoiei a cabea nos cotovelos e "iquei vendo o mar.
W &oc mentiu para mim.
W ;!o cheguei a mentir, e%atamente, apenas dei%ei de lhe contar toda a verdade.
W #osh tirou uma garra"a de 'gua mineral da mochila.
W alela pura W retruquei. W &oc me dei%ou pensar que sent0amos os dois a
mesma coisa. Quer di(er, eu at disse para voc que... W inha vo( morreu, e as
palavras "icaram presas na garganta.
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W Eu sei, eu sei. W *ela pressa com que me interrompeu, #osh tambm n!o
queria que eu repetisse aquelas trs palavrinhas. Que burrice a minha. Ali's, '
devia estar cansada de saber que nunca se deve di(er a um cara eu te amo,
sem que ele tenha dito a mesma coisa antes. Essa era, bem, a regra n8mero um
da guerra entre os se%os.
W &oc est' apai%onado por ela? W ;!o era minha inten!o "a(er essa pergunta.
;a verdade, eu tinha urado a mim mesma que n!o a "aria. #osh n!o merecia uma
pergunta t!o emotivamente carregada quanto essa. A mim, que import:ncia tinha
se ele amava ou dei%ava de amar a rainha da torcida?
#osh permaneceu calado pelo que me pareceu uma hora e meia, mas mais
prov'vel que tenham sido de( segundos.
W ;!o sei W ele disse por "im. W Achava que sim, e a0 conheci voc.W Ah. W
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W / que "icar unto signi"ica, e%atamente? W perguntei, W ;!o me diga que
todos esperam ver voc com ela pelo resto da vida.
#osh calou-se por um bom tempo.
W &oc tem de entender... ns temos os mesmos amigos. Quer di(er, ns somos
praticamente uma institui!o na lendale. W )epois, ele encolheu os ombros. W
Estaria mentindo se dissesse que nossos pais n!o torcem para nos ver casados
algum dia.
$asados? ;s t0nhamos de(essete anos de idade, e o cara ' planeava se casar
A 6nica coisa pior do que as previs@es imbecis de #osh sobre seu casamento com
+aleigh era ter passado as 6ltimas semanas tecendo "antasias sobre o meu
casamento com ele.
W &oc dei%ou que eu lhe desse meu endereo W disse bai%inho. W Sabia que
nunca iria me escrever uma droga de carta, voc dei%ou que eu lhe desse meu
endereo. WSoltei uma risadinha, uma daquelas risadinhas histricas de quem
precisa de um calmante. W Eu lhe dei at meu tele"one... E cheguei a pensar que
voc iria me ligar.
W Acabaria escrevendo para voc. W /s braos bron(eados e quentes de #osh
me envolveram os ombros, o que s piorou ainda mais as coisas. ;a verdade, euestava prestes a cair no choro.
oc0 no vai chorar na frente dele n/o vai,comandei a mim mesma. &irei o rosto
para o outro lado.
W 8udo bem, n!o esquenta W sussurrei raivosamente.
Era tudo t!o inusto #osh ' tinha me partido o cora!o uma ve(. *ara que me
arrastar at ali e me ogar +aleigh na cara de novo? ;!o percebia quanto me
magoava imagin'-lo segurando a m!o de uma outra menina? Queria que ele
soubesse como isso do0a. Queria que ele...
irei a cabea "uriosa e encarei-o.
W /lha, #osh, voc n!o "oi o 6nico que mentiu W dei%ei escapar, sem pensar.
#h no. #i meu $eus. 7er' que tinha dito isso mesmo
#osh "icou p'lido.
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W $omo assim?
6inha.
W Eu... hum... tambm estou com uma pessoa. W Agora que eu havia comeado,
n!o tinha mais como parar. E, ao ver quanto aquilo o incomodava, tambm n!o
tive vontade de parar. W Algum que tudo para mim.
W ;!o acredito. W #osh nem tentou dis"arar a m'goa e a raiva da vo(. 'goa e
raiva, dois sentimentos com os quais eu ' tinha a maior "amiliaridade. &ea como
bom, #osh.
W as estou. W ;ossa, mais um pouco e eu tambm me convenceria.
Seus olhos me miravam com intensidade.
W ;!o consigo pensar em voc com outra pessoa. N horr0vel.
Queria me arrepender da mentira. as como? / ci6me de #osh signi"icava muito
para mim.
W 5magino que estamos quites, ent!o. Sinto o mesmo a respeito de +aleigh.
W Quem ele? W #osh perguntou, com a vo( alterada em v'rios decibis. W e
diga quem ele.
E a2 Connell?pensei c' com meus bot@es,quem 3 ele
W 5sso n!o importa.W /lhe para mim, Sara"ina.
eu cora!o derreteu. 7arafina. #osh me chamou por esse apelido o ver!o todo.
&irei a cabea uma "ra!o de cent0metros.
W ;!o temos mais nada o que conversar W sussurrei. W ;!o se preocupe. Seu
segredo est' bem guardado comigo. +aleigh amais saber' o que voc aprontou o
ver!o inteiro.
Ele sacudiu a cabea.
W ;!o com isso que estou preocupado. W /s l'bios dele estavam
insuportavelmente pr%imos dos meus. W +eceio que n!o vou conseguir evitar. W
Sua boca tocou a minha, enviando um raio de alta voltagem por toda a minha
espinha.
W ;!o, ns n!o podemos W sussurrei de volta.
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1o v' por este caminho Connell?. 1o faa isso.
W ;!o certo beiar voc... W #osh n!o se a"astara. inha impress!o, na
verdade, era de que ele se apro%imava ainda mais. ;ossas pernas quase
encostavam umas nas outras. W ;em um pouco certo. W 5gnorei o sangue que
me lateava no pescoo, com medo at de "alar. Sem d6vida que o tremor em
minha vo( seria a melhor demonstra!o de quanto eu queria sentir os l'bios dele
nos meus.
W Senti tanto sua "alta. W A vo( de #osh era um murm6rio rouco em meu ouvido.
Suas m!os passeavam por mim, tirando meu "4lego.
W #osh... #osh. W Sabia que deveria mand'-lo parar de me beiar, mas meu
crebro havia se re"ugiado em algum lugar muito distante da cabea.
W Sara, voc t!o linda. eu )eus, senti "alta de ter voc ao meu lado. W Seus
dedos estavam entrelaados em meu cabelo e eu passei os braos em volta da
cintura dele.
*u%ei-o mais para, perto, queria senti-lo unto de mim.
#osh a"astou os l'bios. Ser' que nos beiamos apenas por um instante ou por toda
a eternidade? ;!o tinha idia.
W ;!o devia ter "eito isso.W ;!o.
as, ah, "ora t!o bom. 8entei imaginar o rosto gentil e simp'tico de +aleigh. 8udo
o que consegui ver "oi um nari(inho irritantemente arrebitado e uma "rana dura de
gel.
W *reciso ir andando. W E no mesmo instante p4s-se de p W 8chau. W ;um
piscar de olhos, #osh havia desaparecido pela lateral da pedra, de.%ando-me com
a tare"a de encontrar meu prprio caminho de volta.
/ cora!o continuava disparado. inha impress!o era a de que seriam
necess'rios v'rios tanques de o%ignio para normali(ar os pulm@es. Eu me sentia
ao mesmo tempo arrasada e nas nuvens, uma combina!o perigosa para
qualquer garota. as daria um eito de achar o caminho para sair dali. Assim como
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continuaria dando um eito de achar o caminho das outras sa0das, n!o importando
o que tivesse ocorrido entre #osh e eu.
Sara reflete sobre o significado dos sonhos!!! e dos pesadelos
UUU
+ntem A noite sonhei que nadava no mar s9 que a 'gua era quente = quase
como numa banheira. Eu estava vestida com roupa de mergulho e comecei a
descer com o peso do. equipamento. Mas eu no conseguia mergulhar de fato
porque no sabia como. Enquanto isso 6im divertia-se A bea l' embaixo
examinando os peixes e as plantas marinhas.
Enquanto mexia as pernas para me manter na superf2cie vi Josh passar em uma
prancha de surfe to pequena que mais parecia um esqui do que uma prancha.
Eu o chamei mas no consegui ouvir o que ele me disse por causa do barulho
das ondas. #ssim que se foi no lugar dele apareceu a barbatana de um tubaro
gigantesco. Comecei a gritar e esqueci que devia continuar batendo as pernas
nas 'guas revoltas. :ui afundando.
+ tubaro foi chegando cada vez mais perto. 6inha certeza de que iria morrerafogada mas no 8ltimo segundo senti os braos de 6im em volta de minha
cintura.. #2 acordei.
Muitos psicanalistas e gurus dizem que os sonhos so significativos. Certa vez
uma senhora me disse que se voc0 se colocar no lugar de cada ob&eto com que
sonhou e enxergar o sonho da perspectiva daquele ob&eto conseguir' entender o
que o subconsciente est' tentando lhe dizer. 6entei fazer isso com esse pesadelo
mas tudo o que obtive foi um emaranhado confuso.
6enho um medo irracional de tubarNes. $igamos que nunca deveria ter alugado o
filme8ubar!o&unto com Maggie na s3tima s3rie. E basta.
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horrori(ada por ter mentido a respeito de um pretenso namorado. E se Josh
descobrisse a verdadeA0 eu "icaria com cara de idiota total. Entretanto, nos
quil4metros seguintes, comecei a pensar nos ci6mes que ele sentiu ao saber do
suposto namorado. )epois, abri um sorriso besta ao lembrar daquele 6ltimo beio,
t!o besta que vi at re"le%os dos meus dent@es brancos no espelho retrovisor.. Em
seguida, ca0 no choro. *or mais "ant'stico que tivesse sido, era tambm nosso
6ltimo beio. #osh havia me magoado mais que qualquer outro garoto.
A alguns passos de mim, 8im ogou para o lado os ps-de-pato e desabou sobre o
velho so"' esverdeado.
W &oc precisa parar de pensar naquele panaca. Est' perdendo seu tempo com
ele. E, para ser bem sincero, o meu tambm. &oc n!o escutou uma palavra do
que eu "alei.W Escutei sim. E eu noestava pensando nele. Estava simplesmente "a(endo
uma anota!o mental para conversar com meu pai a respeito daquela rachadura
na parede. Acho que ele devia mandar ver o que .
W 1um-hum. W 8im estendeu as pernas, cru(ou as m!os atr's da cabea e
"echou os olhos. )ali a segundos, roncava.
1um... eu instrutor de mergulho pegou no sono no meio de uma aula. Semsombra de d6vida, era uma guinada inesperada nos acontecimentos. *elo visto,
tornei-me t!o chata que nem mesmo 8im consegue ag>entar acordado a minha
companhia. 8alve( #osh tambm me achasse chata.
Dui at o so"' e dei-lhe uma cutucada de leve no ombro=
W 8im? W chamei bai%inho. W 8im, voc est' acordado?
Sem mais nem menos, a m!o dele deu um tranco para cima e agarrou meu pulso.
W Sentiu minha "alta? W A "ora daqueles dedos me surpreendeu. W Sentiu? W
8im repetiu.
ivrei o pulso.
W / que voc est' tentando provar?
8im endireitou-se no so"'.
W Estou "a(endo uma demonstra!o. &oc est' t!o desatenta que podia
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per"eitamente estar dormindo. E, a menos que eu n!o tenha entendido direito, sou
euquem est' "a(endo um "avor a voc0.W Ergueu uma sobrancelha. W Eu podia
estar assistindo ao ]ogo de beisebol com o Ed e o Soren nesse e%ato instante.
/nde estava o garoto paciente da outra noite? Aquele 8im decididamente
acreditava em amores brutos. esmo assim, eu sabia que as inten@es eram
boas. S queria que eu superasse aquela histria com o #osh.
W )esculpe, desculpe. / panaca est' esquecido. W 7ei conta outra.W Apanhei
uma das m'scaras de mergulho que 8im havia levado e en"iei na cabea. W Estou
pronta para prestar aten!o agora, aestade.
8im me lanou uma olhadela muito ctica.
W Acho que voc est' pronta para fingirestar prestando aten!o ao que eu tenho
para di(er.Arranquei a m'scara e oguei-a no colo de 8im.
W /ntem, sonhei a noite toda com tubar@es. W Era verdade, mas estava usando
meu pesadelo como "orma de desviar a conversa para outros rumos. inha
desaten!o apro%imava-se perigosamente do n0vel de aten!o de algum
assistindo besteiras na televis!o.
8im soltou um gemido.
W Essa li!o uma "arsa. &amos parar por aqui.
)ei de ombros.
W *or mim, tudo bem. Que tal se a gente "i(er uns hamb6rgueres de verdade na
churrasqueira? W *apai tinha ido passar a tarde em uma col4nia de artistas, a
cinq>enta quil4metros de casa, dei%ando-me uma rar0ssima oportunidade de
comer carne sem ouvir e%tensos serm@es sobre produtos qu0micos e condi@es
brutais de cria!o e abate.
W &ou lhe preparar os melhores hamb6rgueres que voc ' comeu na vida W 8im
prop4s. W $om uma condi!o.
W Qual? W perguntei, com a mente a (ilh@es de quil4metros dali. #osh e eu
t0nhamos preparado hamb6rgueres untos. 1amb6rguer, cachorro-quente e "rango.
Quase podia sentir o aroma do molho de churrasco, enquanto lembrava daquelas
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noites "rescas do aine.
W &oc vai ter de se concentrar em nossa e%perincia culin'ria e parar de pensar
naquele cara, como est' "a(endo agora.
*isquei de volta para 8im.
W Eu noestava pensando nele.
W $erto. 8ambm n!o estou pensando que estou so(inho com uma bela garota
pela primeira ve( em mais de um ano.
$erto. A pausa "oi meio embaraosa. 8remendamente embaraosa para mim.
W 1um... o qu?
8im abriu um sorriso.
W S quis me certi"icar de que voc estava prestando aten!o.
W &oc um panaca, sabia?Ele continuou sorrindo.
W om, voc bonita, embora meio equivocada.
W /brigada por coisa nenhuma, Yaplan. W as "ui obrigada a rir. Sem d6vida ele
sabia erguer minha moral.
W E ent!o, quer acender a churrasqueira, enquanto isso?
W $laro. E, para a sua in"orma!o, n!o "alta muito para eu superar de ve( tudo
isso W e%pliquei a ele, tentando desesperadamente me convencer de que aquele
nosso beio tinha sido um amargo e doce beio de adeus, do tipo +omeu e #ulieta.
#osh achava-se indispon0vel, e eu teria de seguir em "rente. *onto "inal.
8im parou na soleira da porta da co(inha e virou-se.
W &oc sabe que o #osh n!o merece toda essa energia mental que voc est'
gastando com ele, n!o sabe?
)o que ele "alava? E%ceto pelo "ato insigni"icante de que ele havia mentido para
mim, #osh era praticamente per"eito.
)o que ele "alava? E%ceto pelo "ato insigni"icante de que ele havia mentido para
mim, #osh era praticamente per"eito.
W A0 que voc se engana. #osh um cara "ant'stico.
W Ele charmoso. N popular. N um timo atleta. as n!o tem nada de "ant'stico.
)epois de me encarar por uns momentos, 8im acrescentou= W *ense s no eito
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como ele a tratou.
W &oc nem sequer o conhece 8im deu de ombros.
W Di( algumas matrias com ele. ;a verdade, no ano passado. "omos parceiros
no laboratrio de biologia. Eu o conheo bem o bastante.
E, com isso, 8im entrou na co(inha.
Diquei so(inha no meio da sala, sentindo-me perdida. 8im estava enganado. 8inha
de estar. ;!o havia a menor possibilidade de eu ter optado por me apai%onar pela
primeira W e possivelmente 6ltima W ve( na vida por algum menos do que
"ant'stico. Eu era inteligente demais para isso. ;!o era?
*u%a, antes, quando eu morava no aine, a vida n!o era t!o complicada assim.
Estava um trapo e n!o havia ningum a quem recorrer. *elo menos ningum
nesta cidade, nesta casa, nesta sala. 8im obviamente ' n!o ag>entava mais ouvir"alar de #osh. as eu ainda tinha uma grande amiga. ogo depois do antar, eu
ligaria para aggie e pediria um conselho. E consolo.
;a quarta-"eira 9 tarde, abri caminho pelos corredores da lendale, para variar
abarrotados de gente. ;!o conseguia parar de pensar em $larissa )allo^aP, a
protagonista de um livro que est'vamos lendo nas aulas de ingls. Em seu
romance intitulado Mrs. $allo!a?, &irginia Vool" n!o poderia ter criado um
personagem mais di"erente de mim. Quero di(er, a pobre $larissa uma velhinha
inglesa empertigada que passa boa parte do tempo preocupada com arranos de
"lores e o polimento de sua prataria.
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