UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL – UFMS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
CLEIDSON DE LIMA SILVA
CONVERGÊNCIA JORNALÍSTICA
NOS GRUPOS DE COMUNICAÇÃO DE CAMPO GRANDE/MS
CAMPO GRANDE–MS
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL – UFMS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
CLEIDSON DE LIMA SILVA
CONVERGÊNCIA JORNALÍSTICA
NOS GRUPOS DE COMUNICAÇÃO DE CAMPO GRANDE/MS
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Comunicação, oferecido pela UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS, para obtenção do título de mestre. Área de concentração: Mídia e representação social. Orientação: Prof. Dr. Gerson Luiz Martins
CAMPO GRANDE–MS
2014
CLEIDSON DE LIMA SILVA
CONVERGÊNCIA JORNALÍSTICA
NOS GRUPOS DE COMUNICAÇÃO DE CAMPO GRANDE/MS
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Comunicação, oferecido pela UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS, para obtenção do título de mestre. .
BANCA EXAMINADORA
/ /
Prof. Dr. Gerson Luiz Martins
Universidade de Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS
/ /
Profª. Drª. Luciana Pellin Mielniczuk
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
/ /
Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Dedico aos meus familiares, à minha esposa Janaína Ivo, minhas filhas Lara e Luíza, colegas de turma e professores.
AGRADECIMENTOS
Fazer uma dissertação de mestrado não é um processo solitário; é algo
feito a quatro, seis, oito, dezenas de mãos. São as mãos da esposa, das filhas,
da mãe, irmãos, sogra e amigos. De uma forma ou de outra, todos acabam sendo
envolvidos em um processo que já ultrapassou os dois anos da pós-graduação.
Foram, talvez, os dois anos mais difíceis pelos quais já passei, com provações
pessoais e profissionais que só foram possíveis superar com a ajuda de todos.
Neste trabalho, quero agradecer, de todo coração, à minha esposa e
também colega de mestrado, Janaína Ivo. Sem ela, definitivamente, eu não teria
chegado até aqui. Foi sua persistência que me contaminou e me motivou a
continuar quando eu já tinha desistido. Juntamente com ela, também às minhas
filhas Lara, com 9 anos, e Luíza, com pouco mais de 3 anos. Aliás, quando
começamos esta caminhada, a nossa filha caçula tinha acabado de nascer.
Quero agradecer também à minha mãe, Aldenora, por também ter me
motivado a seguir em frente, lutando pela vida quando foi pega de surpresa pelo
câncer. Ela venceu a doença, aproximou a família e nos fortaleceu.
Meu irmão, Cláudio, mostrou-se um parceiro incrível ao me auxiliar não só
em nossa vida pessoal, como também profissional. Não é fácil levar as duas
funções (acadêmica e profissional) ao mesmo tempo e seu apoio foi
imprescindível.
Minha sogra, Maria Lúcia, doutora e professora da UFMS há mais de 30
anos, é uma inspiração. Esteve junto todo este tempo não só como profissional,
mas também como avó. Seu papel foi importantíssimo na manutenção da
consistência familiar diante de tantos desafios.
Agradeço também ao meu professor e orientador, Prof. Doutor Gerson
Martins, pela sua compreensão e apoio nessa fase difícil. Ele entendeu que, nem
sempre, os planos saem exatamente como imaginamos e alguns fatores nos
fazem recuar ou até mesmo parar. Sua parceria possibilitou-me finalizar este
estudo e seguir em frente.
Aproveito para agradecer também aos professores e novos amigos Prof.
Doutor. Marcos Paulo da Silva e Profª Doutora Luciana Mielniczuk por aceitarem
fazer parte dessa banca de mestrado. Suas contribuições foram de extrema
importância na produção de um trabalho melhor e mais objetivo para os que se
propõe.
Por fim, e não menos importantes, estão os muitos amigos e parentes que
estiveram ao nosso lado nessa caminhada. Meu irmão, Cleber, e minha
cunhada, Larissa. Nossos compadres Paulo Cruz, Scheila Canto, José Carlos
Sauer e Rosana Sandri. Aos nossos colegas e professores que tiveram como
desafio integrar a primeira turma de mestrado em Comunicação da UFMS. Foi
uma satisfação a convivência com todos.
RESUMO
A introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas redações reconfigura as práticas comunicacionais. Desta forma, esta dissertação pontua questões relacionadas à convergência jornalística, que envolvem infraestrutura, inserção tecnológica e novas atribuições profissionais, com inserção de múltiplos suportes, que, consequentemente, promovem alteração na lógica de produção, antes restritas a um único canal. Apresentam-se, assim, baseados nos estudos de Negredo e Salaverría (2008), os níveis de convergência jornalística das redações dos grupos de comunicação de Campo Grande (MS): grupo Correio do Estado, Rede Mato-Grossense de Comunicação, Rede MS, grupo Midiamax e grupo Feitosa.
PALAVRAS-CHAVE: convergência; grupos de comunicação; jornalismo;
tecnologia.
ABSTRACT
The introduction of Information and Communication Technologies (ICTs) in newsrooms reconfigures the communication practices. Thus, this dissertation scores related to journalistic convergence issues involving infrastructure, technology integration and new professional assignments, with insertion of multiple media, which consequently leads to changes in the logic of production, previously restricted to a single channel. It presents as well, based on studies of Negredo and Salaverría (2008) levels of journalistic convergence of newsrooms of media groups in Campo Grande (MS): Correio do Estado, Rede Mato-Grossense de Comunicação, Rede MS, Midiamax and Feitosa.
KEYWORDS: convergence; media groups; journalism; technology.
8
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Índice Brasscom de Convergência Digital – IBCD 2012 .................. 31
Gráfico 2: Percentual de pessoas que utilizaram a internet ............................. 33
Gráfico 3: Convergência dos veículos nos grupos de comunicação ................ 50
Gráfico 4: Houve modificações estruturais visando convergência? ................. 59
Gráfico 5: Remuneração dos profissionais de veículos do grupo ..................... 61
Gráfico 6: Perfil dos profissionais que trabalham nas redações ....................... 62
Gráfico 7: Jornalistas de um veículo geram conteúdo para outro? .................. 63
Gráfico 8: Há rotatividade de profissionais nas redações? .............................. 66
Gráfico 9: Jornalistas de outros veículos alimentam o portal? ......................... 67
Gráfico 10: Qual a autonomia da redação on-line? .......................................... 68
Gráfico 11: Como é composta a equipe de ciberjornalismo? ........................... 69
Gráfico 12: Qual a maior dificuldade encontrada na redação on-line? ............. 71
Gráfico 13: Foram implantadas soluções tecnológicas com foco no
compartilhamento de conteúdo entre os veículos do grupo? ........ 72
Gráfico 14: Todos os veículos do grupo fazem parte de uma rede única de
produção, edição e publicação de conteúdo? ............................... 73
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Indexadores Jornalismo Digital em Base de Dados ......................... 37
Tabela 2: Quais as exigências para um ciberjornalista? Que tipo de formação,
além da jornalística, ele necessita? ............................................... 69
10
SUMÁRIO Considerações iniciais .................................................................................. 11
1. Redações integradas: Convergência, remediação e
midiamorfose ............................................................................... 16
1.1. Reorganização: dimensões da convergência ........................... 21
1.2. Dimensões da convergência ...................................................... 22
1.3. Empresarial .................................................................................. 22
1.4. Tecnológica ................................................................................. 24
1.5. Profissional .................................................................................. 25
1.6. Editorial ........................................................................................ 28
2. Fases do jornalismo: Sociedade, tecnologia e Novos
processos .................................................................................... 30
2.1. Tecnologia no jornalismo ........................................................... 34
2.2. Mobilidade: a quinta geração do ciberjonalismo ..................... 39
3. Aspectos Metodológicos ............................................................ 43
3.1. Campo da pesquisa .................................................................... 44
3.2. Período e coleta de dados .......................................................... 46
3.3. Categorização dos dados ........................................................... 48
4. Resultados ................................................................................... 49
4.1. Categoria Empresarial ................................................................ 49
4.2. Categoria Profissional ................................................................ 61
4.3. Categoria Tecnológico ................................................................ 71
4.4. Discussão .................................................................................... 77
5.0 Considerações Finais .............................................................................. 84
Referências Bibliográficas ............................................................................ 89
APÊNDICE ...................................................................................................... 96
11
Considerações iniciais
A internet amplia suas potencialidades em espaços antes exclusivos aos
veículos de comunicação tradicionais (TVs, rádios, jornais e revistas). Dados
divulgados pelo IBOPE Nielsen Online1 mostram que o número de pessoas com
acesso à internet no Brasil ultrapassou, pela primeira vez, a casa dos 100
milhões. Os dados referentes ao primeiro trimestre de 2013 indicam que o país
tem 102,3 milhões de internautas.
O crescimento foi de 9% se considerados os 94,2 milhões de usuários
registrados no terceiro trimestre de 2012. O comparativo se refere a este período
de 2012, pois, foi a partir dele, que o instituto passou a considerar crianças e
adolescentes com idade inferior a 16 anos. O levantamento inclui pessoas de 16
anos ou mais, com acesso em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas,
lanhouses e outros), além de crianças e adolescentes (de 2 a 15 anos de idade)
com acesso em casa.
O Facebook detém 70,10% de participação de visitas nas redes sociais no
Brasil, em agosto de 2013, de acordo com dados da Hitwise2, ferramenta global
de inteligência em marketing digital da Serasa Experian. Em comparação com
agosto de 2012, houve alta de 13,05 pontos percentuais. O Facebook é o
primeiro colocado do ranking, desde janeiro de 2012. Em agosto de 2013, o
YouTube apareceu em segundo lugar na preferência do usuário de internet, com
17,63% de participação de visitas, com queda de 0,32 ponto percentual no ano
contra ano. O Ask.fm, com 1,59% de participação de visitas, ficou em terceiro
lugar, seguido de Yahoo! Respostas Brasil (1,49%), Twitter (1,45%) e do Orkut
(1,34%). Em sétimo lugar no ranking de agosto de 2013, ficou o Badoo (1,07%),
seguido de Google + (0,99%), Bate-papo UOL (0,80%), e Instagram (0,45%).
1 Pesquisa divulgada pela Ibope Nielsen. Disponível em: http://www.ibope.com.br/pt-br/relacionamento/imprensa/releases/Paginas/Numero-de-pessoas-com-acesso-a-internet-passa-de-100-milhoes.aspx. Acesso em: 20out2013. 2 Pesquisa divulgada pela Serasa Experiam, em 26 de setembro de 2013, no endereço eletrônico http://www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2013/noticia_01357.htm. Acesso em: 20out2013.
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No Brasil, a internet é o suporte digital3 mais importante. Isso é o que
mostra a pesquisa do IAB Brasil4 - Interactive Advertising Bureau, um em cada
três brasileiros consome pelo menos duas horas de internet por dia e navega em
sítios web, por pelo menos quatro aparelhos diferentes. De acordo com a mesma
pesquisa, comparada ao rádio, à TV e ao jornal, a internet é a mídia mais
consumida, não só em casa, como no trabalho, na escola, em restaurantes,
shoppings e reuniões presenciais. Dentre os quase 40% que navegam pelo
menos duas horas por dia, 25% somente conseguem gastar o mesmo tempo
com a TV. Esse é o meio menos usado entre jovens de 15 a 24 anos.
O desafio dos grupos midiáticos, conforme elucidam os teóricos Ramón
Salaverría e Samuel Negredo (2008), é fazer a integração de conteúdo entre os
veículos tradicionais e o meio digital, além de conseguir integrar os profissinais
das diferentes redações. Por definição, convergência é um processo
multidimensional que agrega os eixos empresarial, tecnológico, profissional e
editorial. A consequência desse processo é uma integração de espaço, métodos
e ferramentas, bem como linguagem adequada para cada suporte. (NEGREDO,
SALAVERRÍA, 2008).
No Brasil e no mundo, de acordo com Ferrareto e Kischinhevsky (2010),
milhares de veículos de comunicação tradicionais buscam uma receita para a
coexistência dessas mídias, como forma de alavancar visitas aos seus sítios web
e, consequentemente, conseguir anunciantes para pagar os investimentos.
Em Campo Grande, a convergência jornalística nas redações começou a
apontar alguns modelos e algumas reconfigurações. O grupo Correio do Estado,
por exemplo, conglomerado que agregava rádios, TVs e jornal impresso, inseriu
em seus negócios, também, o ciberjornalismo, com a implantação do seu sítio
web em 2001. Somente a partir de 2011, o processo de convergência se
3 A reflexão que internet deve ser conceitualmente definida como suporte ou mídia consta no artigo de Torres (2011), com o título: Jornalismo digital para mídia ou plataforma? Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/jornalismo_digital_para_midia_ou_plataforma. Acesso em: 25mar2014. Para fins de nomenclatura, em concordância com o autor, este trabalho fará uso do conceito que estabelece a internet como suporte digital. 4 Pesquisa do IAB Brasil Conectado - Hábitos de Consumos de Mídia. Disponível em: http://iabbrasil.net/portal/institucional-iab/indicadores-mercado. Acesso em: 20out2013.
13
instaurou de maneira mais evidente, com a consolidação de uma redação
específica para o ciberjornalismo, com o direcionamento e contratação de
editores e repórteres exclusivos. A reconfiguração da estrutura da redação, com
integração de reuniões de pauta, bem como espaço físico passaram a ser
adotadas neste mesmo período5.
A Rede Mato-Grossense de Comunicação, representada, em Campo
Grande, pela TV Morena, afiliada da Rede Globo, implantou seu primeiro sítio
web de notícias no ano 2000. Inicialmente denominado RMT On-Line, nasceu
com a proposta de marcar a presença do grupo na internet, conduzido por dois
jornalistas e dois estagiários. Em 2011, o portal passou a integrar um projeto
nacional do grupo Globo, por meio do Portal G16.
García Avilés e Salaverría (2008) enfatizam que a convergência segue uma
sequência evolutiva. Para os autores, não basta aplicar novas tecnologias ou
munir jornalistas com instrumentos e ferramentas modernas, para que aconteça,
consequentemente, toda a convergência de uma redação. O processo orgânico
sobre o qual discorrem é muito mais complexo do que, simplesmente, implantar
novos padrões tecnológicos.
Jenkins (2006) explica que, diferentemente do determinismo tecnológico,
no qual as novas mídias substituiriam as antigas, o paradigma da convergência
presume que novas e antigas mídias vão interagir de forma mais complexa. Para
o autor, este cenário reconfigura o elo entre os mercados midiáticos, a
distribuição de conteúdo em múltiplos suportes e a audiência.
Este estudo propõe diagnosticar como está estruturada a convergência das
redações nos grupos de comunicação de Campo Grande/MS 7 , nos eixos
5 Informações obtidas em entrevista com o chefe de redação do grupo Correio do Estado, Francisco Victório, em 11 de janeiro de 2013. 6 Informações obtidas por meio de entrevista com o chefe de redação da Rede Mato-Grossense de Comunicação, Alfredo Singh, em 9 de janeiro de 2013. 7 Para fins de nomenclatura, entende-se por grupos de comunicação o conjunto de duas ou mais empresas controladas por uma mesma entidade empresarial ou governamental. Pode ter atuação nacional, no caso daqueles que controlam redes de TV ou de rádio; ou regional, para aqueles que atuam em até dois estados (DONOS DA MÍDIA, 2013).
14
empresarial, tecnológico e profissional, a partir dos estudos de Salaverría e
Negredo (2008). Desta forma, foram selecionados os grupos: Rede Mato
Grossense de Comunicação, Grupo Correio do Estado, Grupo Midiamax, Rede
MS e Grupo Feitosa8. A escolha dos grupos teve como critério a presença de
dois ou mais veículos de comunicação e, entre eles, pelo menos um portal de
notícias na internet.
A pesquisa propõe um levantamento sobre os níveis de convergência nos
grupos de comunicação de Campo Grande. Pretende não somente identificar a
presença dos elementos nos meios convergentes, como também fazer uma
radiografia sobre o modo como é administrado este processo dentro das
redações. Neste contexto, apresenta-se uma abordagem sobre a estrutura
tecnológica disponibilizada pela empresa, número de profissionais,
conhecimento técnico para lidar com as novas mídias, investimentos em
capacitação, incrementos salariais, entre outros.
A dissertação “Convergência jornalística nos veículos de comunicação de
Campo Grande/MS” divide-se em duas partes: nos dois primeiros capítulos,
apresenta-se o enquadramento teórico e, nos dois últimos, o estudo empírico
(metodologia, resultados e respectiva discussão).
O primeiro capítulo, Redações integradas: convergência, remediação e
midiamorfose, baseado em revisão bibliográfica, faz uma compilação das
contribuições de autores como Salaverría e Negredo (2008), Jenkins (2006),
Fidler (1997) e Canavilhas (2012), para os estudos da convergência jornalística.
Ainda, neste capítulo, distinguem-se as nomenclaturas, bem como elucidam-se
os conceitos de convergência, remediação e midiamorfose. O capítulo se
encerra com as dimensões do fenômeno nos âmbitos empresarial, tecnológico,
profissional e editorial.
8 O detalhamento sobre os veículos que integraram cada grupo será apresentado no capítulo de Aspectos Metodológicos.
15
O segundo capítulo, Fases do jornalismo: sociedade, tecnologia e novos
processos, abrange as influências e modificações ocorridas no jornalismo, com
a introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação, em um tripé
conceitual que envolve a sociedade, tecnologia, jornalismo.
O terceiro capítulo aborda os aspectos metodológicos utilizados neste
estudo, baseados na metodologia híbrida do Grupo de Pesquisa em Jornalismo
On-line (GJol), estabelecido na Faculdade de Comunicação (FACOM), da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), precrusor nos estudos do jornalismo no
ciberespaço, como modalidade de pesquisa.
Relativamente à metodologia aplicada, foram selecionados cinco grupos de
comunicação de Mato Grosso do Sul. São eles: grupo Correio do Estado
(formado pelo jornal diário Correio do Estado, rádio FM Mega 94, rádio AM
Cultura e portal Correio do Estado); grupo Rede Mato-Grossense de
Comunicação – com a TV Morena (afiliada da Rede Globo) e portal web G1 MS;
grupo Feitosa de Comunicação, que engloba jornal impresso, sítio web e rádio
Transamérica; Rede MS, com a TV MS – afiliada da Rede Record, rádio FM
Cidade 102, Portal MS Record e jornal Diário Digital, que tem circulação,
somente, por meio da internet; e grupo Midiamax, que possui o sítio web
Midiamax, o jornal impresso Midiamax Diário e o MidiaPlay – painéis de LED que
trazem vídeos e animações com notícias e publicidade.
O quarto capítulo apresenta os resultados da investigação, conforme as
características descritas por Salaverría e Negredo (2008), nos eixos empresarial,
tecnológico e profissional. A discussão faz uma análise comparativa com os
estudos dos autores e os níveis de convergência estabelecidos em quatro fases.
Ao final, são pontuadas as fases em que cada grupo pesquisado se enquadra.
16
1. REDAÇÕES INTEGRADAS: CONVERGÊNCIA, REMEDIAÇÃO
E MIDIAMORFOSE
As modificações ocorridas com a introdução de tecnologias da informação
nos meios apresenta um novo campo para pesquisa acadêmica conceituado por
convergência. As investigações centraram-se em reorganizações dos grupos de
comunicação, bem como novas atribuições profissionais para o jornalista para,
posteriormente, abranger tecnologia e conteúdo (CANAVILHAS, 2012).
As primeiras reflexões acadêmicas sobre convergência multimídia
apareceram na década 70, nos estudos de Nicholas Negroponte (1979), que
começaram a se referir ao fenômeno como sinônimo de digitalização dos
conteúdos (FIDLER, 1997). O uso do termo associado diretamente aos meios de
comunicação é também referenciado por Jenkins (2006) a Ithiel de Sola Pool,
em decorrência de sua obra Technologies of Freedom (1983). Conforme afirma
aquele autor, Pool é o “profeta da convergência”.
Assim, há divergência na autoria conceitual. Fato é que, desde que
Negroponte e Pool construíram suas teorias sobre a convergência, o termo é
utilizado em diversas circunstâncias, sem um consenso entre os autores
(TARCIA, 2007). Salaverría e Negredo (2008) definem como “[...] um processo
multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias
digitais de telecomunicações, afeta o âmbito tecnológico, empresarial,
profissional e editorial dos meios” (NEGREDO, SALAVERRÍA, 2008, p. 45,
tradução nossa) 9 . Conforme descrevem os autores, em consequência, o
processo convergente propicia integração de ferramentas, métodos de
trabalhos, infraestrutura e linguagens.
9 “[...] un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta a al ámbito tecnológico,empresarial, professional y editorial de los medios de comunicacións...”
17
Outros autores corroboram a delimitação do conceito. O conceito de
convergência proposto por Jenkins (2006) não é pautado pelo determinismo
tecnológico, mas, fundamentada em uma perspectiva culturalista. O autor
ressalta que a convergência não ocorre em aparelhos, mas, nos cérebros dos
consumidores, em suas interações sociais com os outros. Neste contexto,
Jenkins (2006) conceitua o fenômeno como:
[...] o fluxo de conteúdo que perpassa múltiplos suportes e mercados midiáticos, considerando o comportamento migratório percebido no público, que oscila entre diversos canais em busca de novas experiências de entretenimento (JENKINS, 2006, p. 29).
O autor mostra que se trata de um processo em andamento. Jenkins (2006)
explica que não haverá uma “caixa preta” para controlar todos os meios. De
acordo com o autor, vivencia-se uma era em que a mídia estará em toda parte e
será usado todo o tipo de mídia para interação (JENKINS, 2006, p. 93).
No contexto comunicacional, García Avilés e Salaverría (2007) explicam
que a convergência tende a configurar um cenário midiático em que os meios
tradicionais, antes competitivos, passam, agora, a ser aliados e possibilitam um
reforço da imagem da empresa informativa, possibilitam dar a ela um caráter
inovador, além de permitir-lhe atingir uma audiência mais ampla.
Esta reconfiguração fez com que os grupos de comunicação começassem
a mudar, “transformando-se em verdadeiros conglomerados multimédia e
multiplataforma” (SOUSA, 2013, p. 23). A primeira iniciativa de fusão de
redações, conforme aponta o autor, ao mencionar Salaverría (2010), foi em
2000, na Flórida. As redações do jornal Tampa Tribune, o portal Tampa Bay
Online e a emissora de televisão WFLA-TV passaram a funcionar em um um
mesmo local. Na sequência da integração feita pelo Media General, em 2007, a
BBC e do The Daily Telegraph, bem como Financial Times, do The New York
Times e do Estado de São Paulo também fizeram suas adequações para fins de
integração (SOUSA, 2013).
18
A integração de formatos está também, entre as interpretações de Corrêa
(2009), ao citar Pavlik (2004), para convergência.
É definida em termos da integração dos formatos midiáticos num ambiente digital, alimentados por forças econômicas e tecnológicas, exercendo profunda influência nestes relacionamentos, de forma implícita ou explicíta (CORRÊA, 2009, p. 325).
A abrangência da temática levam os autores a pensar convergência como
um processo multifatorial (CANAVILHAS, 2012) a exemplo de Negredo e
Salaverría (2008). Essa reconfiguração das práticas comunicacionais, facilitada
pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicações,
afeta o âmbito tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios de
comunicação. Logo, o conceito estabelecido por Salaverría e Negredo (2008)
acaba por ser adotado e aceito por outros autores, por contemplar todos os elos
do processo comunicacional.
A exemplo de Canavilhas (2012), outros autores, como Saad Corrêa (2009)
e, Ferrareto e Kischinhevsky (2010) reescrevem os eixos temáticos
estabelecidos por Salaverría e Negredo (2008), ao afirmar que a conceituação
de convergência deve incorparar os quatro eixos do processo comunicacional,
desde o âmbito empresarial e sua integração comercial; o tecnológico, com uso
de gestão de conteúdo e dispositivos híbridos; bem como os elos profissional e
editorial, que consideram o uso de lingugagem hipermídia e adequação de
conteúdo para múltiplos suportes (SAAD CORRÊA, 2009; FERRARETO E
KISCHINHEVSKY, 2010).
Dessa forma, no contexto jornalístico, a convergência é uma oportunidade
de renovação frente às demandas do público do século XXI.
A relação indissolúvel entre comunicação e tecnologia coloca o comunicador contemporâneo em constante exercício de correlação entre a ciência das TICs – Tecnologia de Informação e Comunicação e a arte de comunicar (SAAD CORRÊA, 2009, pp. 324-325).
19
A cada nova evolução tecnológica, surgem previsões apocalípticas que
afetam os processos comunicacionais (SAAD, 2003). Falou-se na substituição
do rádio pela televisão, bem como a morte do jornal impresso frente à internet;
enfim, dos veículos de comunicação tradicionais, a cada novo recurso midiático.
Beth Saad (2003), explica, ao citar Roger Fidler (1997), que as previsões não se
concretizaram, pois as “novas mídias não surgem de forma espontânea e
independente, mas sim de uma metamorfose das velhas mídias que, por sua
vez, não morrem, mas evoluem e se adaptam as transformações” (SAAD, 2003,
p. 56). É o fenômeno da midiaformose.
Fidler (1997), em seu trabalho Mediamorfosis: compreender los nuevos
médios, foi buscar a teoria Evolucionista de Darwin, aplicando-a ao
desenvolvimento das tecnologias da comunicação, para descrever a evolução
dos meios. Para o autor, os novos meios não surgem de forma espontânea
“aparecem gradualmente pela metamorfose dos meios antigos e, quando
emergem novas formas de meios de comunicação, as antigas geralmente não
deixam de existir, mas continuam evoluindo e se adaptando” (FIDLER, 1997, p.
66, tradução nossa)10.
Assim como as mudanças comunicacionais são impulsionadas pelo
determininsmo tecnológico, alicerçadas na reconfiguração social propiciada pela
introduução das TIC´s – Tecnologia de Informação e Comunicação no coitidiano,
o que se detecta é que o conceito de convergência, tal como o conceito de
midiamorfose, sofreu também mudanças ao longo do processo. Sousa (2013)
estabelece que “tanto os processos de mediamorfose quanto os de convergência
procuram estudar cada meio enquanto parte de um sistema interdependente,
onde todos se reúnem” (SOUSA, 2013, p. 7).
Canavilhas (2012) ressalta que o que difere a interpretação dos conceitos
expostos é o conteúdo. Para alguns autores, a exemplo de Jenkins (2006), a
10 “Los nuevos medios no aparecen espontáneamente e independientes emergen gradualmente de lametamorfosis de medios más antiguos. Cuando emergen nuevas formas, las formas más antiguas tienden a adaptarse y continúan evolucionado en vez de morir”.
20
adoção de uma linguagem adequada para cada suporte é desconsiderada como
característica da convergência, o que enaltece apenas a possibilidade de
distribuição multimídia, sem a adaptação da informação para os canais. O autor
português defende que, quando é desconsiderada a adaptação do conteúdo
para cada suporte, o fenômeno deve ser caracterizado como remediação, uma
das fases do processo convergente (CANAVILHAS, 2012). Para conceituar, o
autor faz uso da denominação feita pelos autores Bolter e Grusin (1999).
Por remediação (remediation) entende-se o processo de renovação de velhos conteúdos efetuado pelos novos meios. Ou seja, os novos meios de comunicação renovam (refashion) os conteúdos dos anteriores, permanecem, desta forma, uma ligação entre novos e velhos meios. Este processo pode ocorrer em diferentes níveis: no caso dos meios digitais, o nível pode variar entre uma melhoria discreta do meio antecessor, o que mantem algumas das suas características, até remediações mais profundas, em que o novo meio digital tenta absorver completamente o anterior (CANAVILHAS, 2012, p. 9).
Nesta busca de enaltecer nomenclaturas, Canavilhas discorda da
afirmação de autores como Bolter e Grusin (1999), os quais afirmam que, no
campo dos conteúdos, convergência e remediação são a mesma coisa.
A convergência é remediação com outro nome, e a remediação é mútua: a Internet remodela televisão, da mesma forma que a televisão refaz a internet. [...] Não só o novo cenário parecido com a televisão como a conhecemos, mas a televisão virá a
parecer mais e mais com as novas mídias (BOLTER; GRUSIN, 1999, p. 224, tradução nossa).11
Para fins de nomenclatura e compreensão da temática, cabe aqui explicar
as diferenças entre convergência e remediação, sendo esta última restrita à
acumulação de conteúdos, distribuída em um mesmo suporte, sem adaptação
de linguagem. Para o autor “a convergência é sempre uma remediação, mas
nem todas as remediações podem ser consideradas uma convergência porque
esta última implica integração e não uma mera acumulação de conteúdos”
(CANAVILHAS, 2012, pp. 9-10).
11 “[…] Convergence is remediation under another name, and the remediation is mutual: the Internet refashions television even as television refashions the Internet. […] Not only will the new landscape look like television as we know it, but television will come to look more and more like new media”.
21
Nesta fase final da conceituação de convergência, fica claro que os eixos
temáticos estabelecidos por Salaverría e Negredo (1998) são os que mais
comportam as nuances que envolvem o processo convergente das redações.
Trata-se de um processo inacabado. “A convergência deixa assim de ser vista e
entendida como uma simples meta a atingir, mas antes como um marco de
atuação, no campo dos meios de comunicação social” (SOUSA, 2013, p. 10).
1.1. Reorganização: dimensões da convergência
Para facilitar a compreensão do processo convergente, Salaverría e
Negredo (2008) estabelecem níveis de convergência em quatro fases. A saber:
Designadamente, em primeiro lugar, unifica as ferramentas e as tecnologias com os jornalistas que trabalham. Em seguida, propicia a fusão das salas de redação em que trabalham estes jornalistas. Em terceiro lugar, e como um resultado do acima, promove a reorganização dos fluxos e métodos de trabalho. E, finalmente, permite a exploração de novas linguagens do jornalismo de mídia. A principal consequência editorial de todas essas mudanças concretizadas é que os jornalistas envolvidos em um processo de convergência passam, pouco a pouco, a trabalhar para um só meio e distribuir suas informações por meio de múltiplas plataformas. E não só isso. Fazem implementando linguagens jornalísticas próprias de cada um dos meios. (SALAVERRÍA e NEGREDO, 2008, p. 50, tradução nossa)12.
12 “[...] Es decir, en primer lugar, unifica las herramientas y tecnologías con los periodistas que trabajan. Entonces promueve la fusión de las redacciones en las que trabajan los periodistas mismos. En tercer lugar, y como resultado de lo anterior, promueve la reorganización de los flujos y los métodos de trabajo. Y, por último, permite la explotación de los nuevos lenguajes de periodismo multimedia. La principal consecuencia de redacción de todos estos cambios se dio cuenta de que los periodistas comprometidos en un proceso de convergencia sea, poco a poco, trabajando para un medio y distribuir su información a través de múltiples plataformas. Y no sólo eso. No poner en práctica sus propias lenguas, cada uno los medios de comunicación."
22
Nesse contexto, quem resolve fazer um trabalho nas redes digitais, seja em
redes sociais ou em seus ciberjornais, precisa estar atento às mudanças sociais
e, consequentemente, reconfigurar a sua gestão.
1.2. Dimensões da convergência
1.3. Empresarial
O advento das novas tecnologias no campo do jornalismo muda não
apenas o conteúdo, mas, também, a estrutura dentro das empresas de mídia
(TARCIA, 2007). Assim como em qualquer negócio, as empresas jornalísticas
precisam se destacar e, para obter resultados, explicam Salaverría e Negredo
(2008), investem na diversificação de seu campo de atuação. Neste contexto,
muitos pequenos negócios somaram suas forças e passaram a atuar
conjuntamente, como um grande conglomerado em diferentes nichos
comunicacionais. “Paralelamente a essa diversificação, essas empresas
adaptaram estratégias de coordenação, tanto editorial quanto comercial, entre
suas sociedades”. (SALAVERRÍA, NEGREDO, 2008, pp. 47-48, tradução
nossa)13.
O estudo de Micó et.al. (2009) corrabora para este entendimento.
Com uma conjuntura econômica complicada, mas uma estrutura empresarial propícia e inovações tecnológicas consolidadas, tem se dado as condições corretas para que a indústria enfrente um futuro incerto e busque novos modelos de negócio, muito a miúde, mediante a convergência (MICÓ et.al. 2009, p.5).
Micó resslata que na década de 80 os meios conviviam harmonicamente, frente a
tecnologia analógica.
13 “[...] En paralelo con esa diversificación, esas empresas ha procedido a adoptar estrategias de coordinación, tanto editorial como comercial, entre sus diversas sociedades".
23
Nos anos oitenta, tanto as agências de notícias como os jornais, as revistas, as televisões e as rádios, todos funcionando a partir de tecnologia analógica, coexistiam de forma harmônica, mas independente. A década seguinte trouxe a digitalização das empresas e, com ela, entrava em jogo a convergência. Os meios impressos, os audiovisuais e os cibernéticos começavam a cooperar para baratear o custo dos processos produtivos e beneficiarem-se das vantagens de cada suporte em separado (MICÓ et.al. 2009, p.3).
A reviravolta, a situação propicia para convergência, conforme o autor, ocorre na
entrada do milênio, onde a digital supera a tecnologia analógica, consequentemente,
surgimento de novas plataformas.
A tecnologia analógica e a digital conviviam lado a lado, uma circunstância que mudou drasticamente no novo milênio, com a hegemonia absoluta do segundo entorno, a irrupção da internet e a proliferação de novas plataformas (MICÓ et.al. 2009, p.3).
Neste contexto, as empresas passam a traçar estratégias para ampliar sua
audiência. Os autores MICÓ et.al. (2009) identificaram quatro soluções empresariais
adotadas na pratica da convergência. São elas:
Promoção cruzada – o uso de palavras ou elementos visuais para publicizar conteúdos produzidos por outros meios, habitualmente do mesmo grupo; clonagem de conteúdo – a opção de copiar material produzido por um meio em outro diferente também está entre as modalidades mais simples de convergência; coopetição – colaboração de jornalistas de diferentes meios, cobertura para duas plataformas (ou mais) por parte de um só editor; e distribuição multiplataforma – práticas e rotinas comuns entre jornais impressos, televisão, rádio e internet aumentam notavelmente com a nova filosofia digital (MICÓ et.al. 2009, p.5).
Estas soluções, identificadas como praticas nos grupos de comunicação, em
consequência, faz com que as demais características da convergência jornalística -
tecnológica, profissional e editorial, sejam elucidas. São parte do modelo de negócio,
como veremos a seguir.
24
1.4. Tecnológica
Essa dimensão, segundo Salaverría e Negredo (2008), engloba a
infraestrutura de produção, distribuição e recepção de conteúdos em suportes
digitais, tais como computadores, gravadores, softwares de edição e gestão de
conteúdo, bases de dados, redes de fibra óptica etc.
Para estruturar a ideia de que a tecnologia é primordial para que se possa
considerar a convergência de uma empresa informativa, Salaverría e García
Avilés (2008) identificaram processos de convergência e dividiram em escalas:
convergência de redes, convergência instrumental e convergência de
aplicações.
Convergência de Rede : A partir de embrião militar no início dos anos setenta, a Internet cresceu exponencialmente nas últimas décadas devido à interligação de inúmeras redes de computadores públicos e privados. Na verdade, sua rede mais popular, a web, alcançou o sucesso em grande parte graças à inclusão de conteúdos, serviços e aplicações digitais [...] Convergência Instrumental: No passado, os jornalistas de imprensa, rádio e televisão foram distinguidos, entre outras coisas, a trabalhar com muitas ferramentas diferentes [....] Hoje o computador passou a integrar, em um único instrumento, todas essas tecnologias para a elaboração e edição de aplicações audiovisuais [...] Convergência de aplicações: Como os dispositivos, aplicações de software para edição e, em particular, os sistemas de gerenciamento de conteúdo (content management systems-CMS) também passaram por um processo de integração [...] CMS atuais tornaram-se plataformas de sistemas avançados de edição, a partir do qual você pode executar tarefas de documentação, composição, edição, design e publicação. É verdade que estes CMS ainda mantêm uma clara divisão entre mídia impressa e televisiva [...] A tendência de integração das redações permite intuir que, no futuro, os CMS evoluirão ainda mais para plataformas multimídia, oferecendo serviços integrados de edição de impressos, audiovisuais e cibermeios. (SALAVERRÍA E AVILÉS, 2008, pp. 35-37, tradução nossa)14
14 “Convergencia de redes: A partir de su embrión militar de comienzos de los años setenta, internet se há expandido exponencialmente em las últimas décadas gracias a la interconexión de um sinnúmero de redes telemáticas públicas y privadas. De hecho, su red más popular, la web, há alcanzado el éxito gracias em gran medida a sua capacidad integradora de contenidos, servicios y aplicaciones digitales [...] Convergencia instrumental: En el pasado, los periodistas de prensa, radio y televisión se distinguían, entre otras cosas, por trabajar con herramientas muy diferentes [...] Hoy día, el ordenador ha venido a integrar en un único aparato todas esas tecnologías para la redacción y la edición audiovisual [...] Convergencia
25
O fenônemo, apesar de culturalista, conforme ressalta Jenkins (2006),
tem no viés tecnicista a viabilidade de junção de suas mídias em um único
suporte. Podcast, geolocalização, buscadores, animações, infográficos e
edição de vídeo, além do jornalismo colaborativo - audiência como co-autor das
informações, estão entre as opções para uma linguagem dinâmica em cada
publicação.
1.5. Profissional
A viabilização da produção de um conteúdo multimídia esbarra na
qualificação e cooperação entre os profissionais que atuam na sua elaboração.
Para muitos autores, o “calcanhar de Aquiles” na convergência jornalística é a
integração das redações e dos próprios profissionais em prol de um produto
convergente. Salaverría e Negredo (2008) dizem que as empresas devem mudar
a estrutura de trabalho, as premissas que guiam as atividades diárias de seus
profissionais, e não o contrário. Ele reconhece também que os próprios
jornalistas começam a se dar conta de que sua forma de trabalhar não pode ser
considerada a mesma.
Salaverría e Negredo (2008) dividem a polivalência dos profissionais de
redação em dois tipos: a funcional e a midiática.
Nas modernas redações multimídia, um velho debate se renova com novos perfis. A polêmica agora diz respeito ao advento de dois tipos de versatilidade: a funcional e a midiática. A primeira ocorre, por exemplo, quando um jornalista que inicialmente se limitava a escrever crônicas textuais é impelido por sua empresa
de aplicaciones: Al igual que los aparatos, las aplicaciones informáticas para la edición y, en particular, los sistemas de gestión de contenidos (content management systems, CMS) también han experimentado un proceso de integración [...] CMS actuales se han transformado en avanzados sistemas de edición multiplataforma, desde los que se puede llevar a cabo labores de documentación, composición, edición, diseño y publicación. Es cierto que todavía estos CMS mantienen una clara división entre medios impresos y medios audiovisuales [...] La tendencia a la integración de redacciones permite intuir que en el futuro los CMS evolucionarán hacia una creciente potencia multiplataforma y multimedia, ofreciendo servicios integrados de edición para medios impresos, audiovisuales y cibermedios”.
26
a produzir gráficos e materiais audiovisuais; a polivalência funcional ocorre quando um simples redator (ou locutor, fotógrafo...) passa a assumir diferentes trabalhos instrumentais diferentes de sua especialidade [...] A segunda modalidade de polivalência profissional é a midiática. Ocorre quando o jornalista especializado em algum tema é deslocado para algum lugar para informar sobre um determinado acontecimento não só para um meio, mas para vários. (SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008, p. 48, tradução nossa)15
Em entrevista para o Diário de Pernambuco, Salverría explica que a
empresa informativa do século XXI será imbatível se unir as duas características
em sua equipe.
Creio que nós teremos uma segunda convergência, que consiste não tanto numa reformulação espacial ou instrumental da empresa jornalística, mas uma reformulação cultural do jornalista. Trata-se da convergência entre a qualificação profissional que os jornalistas mais velhos têm combinada com o potencial das tecnologias digitais. Eu acho que a empresa que conseguir combinar esses dois elementos será imbatível. Vai juntar a qualidade de jornalistas mais experientes com a do jornalista mais jovem formado nesses novos tempos de jornalismo digital (SANTIAGO, 2012).16
Para Schiaretta (2006), a essência da prática jornalística não mudou. Ainda
é preciso apurar os fatos, escrever o texto, fazer um bom título, ser rápido,
objetivo e independente. No entanto, o autor frisa que o jornalista multimídia
necessita de novas habilidades, tais como ousar e tentar novas formas de
comunicar, conhecer as especificidades do meio, entender e aprender a usar as
ferramentas desse meio convergente, tais como softwares de tratamento de
15 “Em las modernas redacciones multimídia aquel viejo debate se há renovado com nuevos perfiles. La polémica ahora se refiere al advenimiento de dos tipos de polivalência: la funcional y la mediática. La primera se produce, por ejemplo, cuando um periodista que inicialmente se limitaba a producir crónicas textuales es urgido por su empresa a producir además materiales gráficos e, incluso, audiovisuales; es decir, la polivalência funcional se produce cuando el simple redactor de antaño (o locutor, fotógrafo...), passa a assumir labores instrumentales distintas de las de su especialidade [...] La segunda modalidade de polivalência professional es la mediática. Se produce cuando um periodista especializado em algún tema o desplazado a algún lugar informa sobre um determinado acontecimento a través no solo de um médio sino de vários”. 16 SANTIAGO, Vandeck. Como será a notícia do futuro – Entrevista com Ramón Salaverría. Diário de Pernambuco. Publicada 04-set-2012. Disponível em: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/diretodaredacao/2012/09/04/como-sera-a-noticia-do-futuro-entrevista-com-ramon-salaverria/. Acesso em: 20set2013.
27
imagens, captura e edição de vídeo e áudio, utilizar os recursos das redes
sociais, entre outros.
Para Salaverría e Negredo (2008), entende-se como convergência, na
categoria profissional, a integração de estruturas para produção de conteúdos a
serem distribuídos em múltiplos suportes, as mudanças nas rotinas e nas
relações de trabalho, e as questões relacionadas à formação e à qualificação de
mão-de-obra em ambiente multimídia.
Embora a tecnologia dê todas as ferramentas que viabilizem a
convergência, um fator importante é deixado de lado nesse processo: o
jornalista. Para o lado patronal, ter um profissional que faz o mesmo trabalho que
três ou quatro nas mídias tradicionais (apurar, escrever, tirar fotos, filmar, gravar
áudio, entre outros) é economicamente interessante, mas, legalmente, constitui
acúmulo de funções, que, nem sempre, são remuneradas proporcionalmente.
Além disso, Salaverría alerta para que esta “polivalência” pode resultar em má
qualidade do trabalho devido à sobrecarga de atribuições.
Esta exigência, no entanto, demanda mais tempo na execução e
publicação do produto final, que é a notícia. Para Huang et al. (2006), essa
realidade faz reascender antigos dilemas da profissão: técnica versus formação
intelectual. Para ele, no caso do jornalismo multimídia, o perfil ideal busca uma
conciliação entre os dois polos. “Aprender a pensar criticamente é importante
para os estudantes, mas a escrita multimídia e a as competências produtivas são
igualmente importantes” (Huang et al., 2006, p. 94).
Por isso, segundo Kischinhevsky (2009), devido à falta de estrutura de
muitas redações, a qualidade e a verificação da informação podem ser
comprometidas pela priorização da produção multimídia.
28
1.6. Editorial
Em decorrência da reconfiguração dos eixos anteriores (empresarial,
tecnológico e profissional), o editorial ou de conteúdo é o que mais sofre as
alterações. Salaverría e Negredo (2008) resumem o fenômeno em uma
característica: multimidialidade.Esta característica, por definição, alia diferentes
elementos (imagem, texto, som) na narração do fato jornalístico.
Há um consenso entre os autores (CANAVILHAS, 2007; SAAD, 2005;
PALÁCIOS, 2003; SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008), em que, quando em
formato digital, o fato jornalístico deve fazer uso das característica do meio:
hipertexto, multimidialidade e interação.
Saad (2005), em seu conceito de comunicação digital, detalha que qualquer
forma narrativa para o suporte digital deve seguir as características do meio17.
Qualquer forma narrativa para o meio digital deve obrigatoriamente incorporar as características-chave da comunicação dos meios digitais, a saber: a hipertextualidade, a capacidade de conectar vários textos digitais entre si; a multimedialidade, a capacidade, outorgada pelo suporte digital, de combinar na mesma mensagem pelo menos um dos seguintes elementos: texto, imagem e som; e a interatividade – a possibilidade do usuário interagir com a informação disponibilizada no meio digital. (SAAD, 2005, pp.106-107).
Marcos Palácios (2003), autor que fez um mapeamento das tendências do
ciberjornalismo brasileiro, acrescenta outras três características que devem ser
adotadas ao redigir em meio digital, com fins de potencializar a mensagem. Ao
todo, as característicias são: interatividade, instantaneidade, hipertextualidade,
personalização, multimidialidade e memória.
17 SAAD, Beth (2005). Comunicação digital: uma questão. Revista Organicom. Ano 3, segundo semestre de 2005. Disponível em: http://revistaorganicom.org.br/sistema/index.php/organicom/article/.../175. Acesso em: 11jan2012.
29
Palácios (2003) pontua que a internet, como suporte para o fazer
jornalístico, oportuniza a complementação entre suportes tradicionais (rádio, TV
e impresso), com o digital, o que sinaliza, para o autor, como continuidade e
potencializações de resultados, sem, necessariamente, romper com praticas
anteriores.
30
2. FASES DO JORNALISMO: SOCIEDADE, TECNOLOGIA E
NOVOS PROCESSOS
Tablets, telas planas, jogos 3D, são algumas das novas tecnologias que se
integraram ao dia a dia das pessoas, em casa e no trabalho. O filósofo David
Weinberger afirma que “não estamos na era da internet. Estamos na era das
conexões” (WEINBERGER, 2003, tradução nossa)18. Esta reconfiguração social
é corroborada por Lemos (2004) ao enfatizar que se está em uma nova fase da
sociedade da informação, desencadeada pela popularização da internet, ainda
na década de 80. Não é por acaso que as mudanças na forma de se comunicar
passam pelas alterações sociais.
Trata-se de transformações nas práticas sociais, na vivência do espaço urbano e na forma de produzir e consumir informação. A cibercultura (Lemos, 2002) solta as amarras e desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa conexão generalizada (LEMOS, 2004)19.
“O processo de convergência longe está de se restringir as mídias”
(TARCIA, 2007). É o que mostra o Índice Brascom de Convergência Digital –
IBCD 2012 20 , em sua sexta edição, ao contemplar 10 dimensões, 39
indicadores, 112 critérios organizados em três macroáreas: ambiente de
convergência, plataforma tecnológica, formação e inclusão. Os índices
classificam o Brasil com uma pontuação de 7,03 (de uma escala até 10), o que
representa um crescimento de 4,33% na comparação com o IBCD anterior
18 “We are not in the age of the internet. We are in the Age of Connection”. Trecho da obra WEINBERGER, D., Why Open Spectrum Matters. The end of the broadcast nation., in http://www.evident.com, 2003. 19 LEMOS, 2004. Cibercultura e mobilidade: a era da conexão. Disponível em: https://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n41/alemos.html. Acesso em: 12ago2013. 20 O IBDC é uma iniciativa da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM), desenvolvido pela RCR Consultoria e Gestão Empresarial. Disponível em: http://aceite3.lecom.com.br/brasscom/brasscom/upload/noticia/1354210331ibcd_2012.pdf. Acesso em: 21jul2012.
31
(2010), que foi de 6,75. Os maiores avanços verificados pelo IBCD 2012 foram
relacionados aos indicadores do Ambiente da Convergência e a Plataforma
Tecnológica.
Gráfico 1: Índice Brasscom de Convergência Digital – IBCD 2012
Fonte: RCR Consultoria e Gestão Empresarial
Cada vez mais, as cidades tornam suas conexões acessíveis aos mais
diversos fins e às mais diversas localidades. Lemos (2004) explica que as novas
práticas sociais estabelecem os lugares de conexão.
As cidades contemporâneas estão vendo crescer zonas de acesso à internet sem fio (Wi-Fi). Para acesso basta um computador equipado com um modem sem fio. Novas práticas e novos usos do espaço urbano vão, pouco a pouco, constituindo os lugares centrais da era da conexão. O usuário não vai mais ao ponto da rede. A rede é ubíqua, envolvendo o usuário em um ambiente de acesso. Várias cidades no mundo estão oferecendo Wi-Fi aos seus cidadãos constituindo uma verdadeira “cidade
32
desplugada”. Cidades da França, Suécia, Suíça, Inglaterra, Estônia, Canadá, Itália, e diversas cidades americanas estão colocando redes Wi-Fi em metrôs, ônibus, barcos, no meio rural, nos centros das cidades. No Brasil começam a aparecer experiências com Wi-Fi, como na cidade de Piraí no Rio de Janeiro, ou em cafés, hotéis e restaurantes de várias capitais, assim com na maioria dos aeroportos (LEMOS, 2004).
Este cenário fez com que o levantamento feito pelo CETIC.br21 apurasse a
velocidade e as questões de infraestrutura da rede em seus indicadores. Os
dados revelam-se positivos para a melhoria do serviço prestado. Em 2008, era
de 53%; e; em 2012; é de 69%. A faixa de maior velocidade da conexão
domiciliar cresceu entre 2008 e 2012, de 6%, para 32%.
Outra tendência apontada por este estudo é que os brasileiros, cada vez
mais, dividem as suas atenções entre internet e TV, ou rádio: 71% dos
entrevistados afirmaram navegar pela web de olho na televisão (20 pontos
percentuais a mais que em 2012), enquanto 50% disseram que costumam ouvir
estações de rádio (12 pontos percentuais acima que os da pesquisa anterior). A
pesquisa mostrou, ainda, que 26% dos internautas pautam as suas escolhas de
programação baseados nos comentários das redes sociais: 16% afirmaram
contar nas redes o que assistem na TV.
21 O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), órgão ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), divulga os resultados da oitava edição da pesquisa TIC Domicílios. Disponível em: http://cetic.br/usuarios/tic/2012/A5.html. Acesso em: 29out2013.
33
Gráfico 2: Percentual de pessoas que utilizaram a internet
Fonte: Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2005/2011 - IBGE
Em Mato Grosso do Sul, o número de usuários de internet cresceu 157,5%
em seis anos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
de 2011, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)22.
O Estado ficou em 5º lugar no país quanto ao uso da internet. Mais da metade
dos sul-mato-grossenses acima dos 10 anos de idade usam a rede mundial de
computadores. No Brasil, ficam à frente de Mato Grosso do Sul, no ranking,
apenas o Distrito Federal, com 71,1% da população que usam a internet; São
Paulo, com 59,5%; Rio de Janeiro, com 54,5%; e Santa Catarina, com 52,1% da
população do estado que fazem o uso da rede.
A pesquisa levantou também os dados de pessoas que possuíam
aparelhos celulares no estado. Em 2011, 1.666.000 pessoas de dez anos ou
mais possuíam o aparelho telefônico móvel; ou seja, 77,2%. Um crescimento de
28,6% se comparado com 2005, em que apenas 48,6% da população do estado
possuíam celular.
22 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011 de “Acesso à internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal”. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ acessoainternet 2011/ default.shtm. Acesso em 19set2013.
34
O índice colocou Mato Grosso do Sul na terceira colocação de maior
proporção nacional de pessoas que possuíam celulares; atrás, apenas, do
Distrito Federal (87,1%) e de Goiás (77,7%).
Diante desse contexto, percebe-se que a reconfiguração social propiciada
e potencializada pela popularização das Tecnologias de Informação e
Comunicação TICs sinaliza uma reorganização da sociedade. Cada vez mais
pessoas farão uso das tecnologias, as móveis especialmente, para promover
sua socialização, conforme indica o levantamento do IBGE. A tendência nacional
é refletida também, em Mato Grosso do Sul. Assim como a sociedade se
reorganiza e encontra novos caminhos, o fazer jornalístico encontra também
novas rotas.
2.1. Tecnologia no jornalismo
Os reflexos sociais, propiciados por meio das TICs - Tecnologias da
Informação e Comunicação, introduziram novas possibilidades de uso, também,
na pratica jornalística, nas redações (BARBOSA, 2013, p.38). Neste contexto, a
autora explica que “despontou a modalidade do jornalismo digital, também
conhecida pelas terminologias jornalismo online, webjornalismo, e
ciberjornalismo”.
No processo de expansão desencadeado a partir do século XIX, a tecnologia sempre foi um fator preponderante para o aprimoramento dos procedimentos da produção jornalística, do trabalho dos profissionais, da oferta informativa, dos modelos dos produtos e dos formatos dos conteúdos, assim como permitiu vencer distâncias para que a velocidade de circulação das notícias pudesse superar barreiras geográficas e temporais e chegar até o público, satisfazendo as necessidades de informação da sociedade. Ao lado disso, evoluíram também os meios e as diferentes modalidades de jornalismo: da imprensa ao cinema, do rádio à televisão, até à internet e à web, na qual despontou a modalidade do jornalismo digital, também conhecida pelas terminologias jornalismo online, webjornalismo, e ciberjornalismo (BARBOSA, 2013, p. 38, In: CANAVILHAS, 2013)
35
O ciberjornalismo e as mudanças no consumo da informação foram
tratados por Martins (2008). Entre outros pontos, o autor faz uma recuperação
histórica sobre as primeiras mudanças do jornalismo em ambiente digital,
iniciadas ainda na década de 80.
O jornalismo começou no ciberespaço, nos Estados Unidos, na década de 80. A passagem da produção jornalística para a internet se resumia aos serviços de notícias específicas para um segmento de público, oferecidos pelos provedores. Na década de 70, o The New York Times disponibilizava resumos e textos completos de artigos a assinantes que tinham acesso à internet. No Brasil, as empresas jornalísticas entraram na rede a partir de iniciativas isoladas. O Jornal do Brasil foi o primeiro jornal brasileiro a fazer uma cobertura completa no ciberespaço, em maio de 1995. Em 1996, o Universo On-Line, portal ligado ao jornal Folha de São Paulo, lançou o primeiro jornal on-line, em língua portuguesa, na América Latina (MARTINS, 2008, pp. 5-6).
Os avanços tecnológicos que invadem o fazer jornalístico motivaram os
estudos de Mielniczuk (2003) que expressa às nomenclaturas23, bem como fases
do jornalismo em conformidade com sua evolução técnica. De acordo com a
autora, estabelece-se a classificação como a primeira, a segunda e a terceira
gerações do webjornalismo.
Primeira geração - Produtos nesta fase eram simplesmente cópias para web dos jornais existentes. Poucas notícias. Transposição do material do impresso para internet na íntegra. Atualização diária, após o fechamento da edição tradicional. Segunda geração - Ao mesmo tempo que segue o modelo do jornal impresso, as publicações na web começam a explorar o novo ambiente. Terceira geração - É possível observar tentativas de efetivamente utilizar as potencialidades da web para fins jornalísticos. Recursos multimídias como som e animação; Recursos de interatividade (chats, enquetes e fóruns); Opções de configuração personalizada ao interesse do leitor/usuário; Hipertexto como recurso para ampliar a informação jornalística; Atualização contínua, não apenas no espaço Últimas Notícias. (MIELNICZUK, 2003, pp. 48-50).
23 Para fins de nomenclatura, Mielniczuk (2003) diferencia as designações para o fazer jornalístico praticado no ciberespaço, adotadas, muitas vezes, como sinônimos. Sua definição conceitual apresenta jornalismo eletrônico como aquele que utiliza equipamentos e recursos eletrônicos; jornalismo digital que emprega tecnologia digital; ciberjornalismo – envolve tecnologias que usam o ciberespaço; jornalismo online, por sua vez, é o que envolve transmissão de dados em rede e em tempo real; e webjornalismo, que diz respeito ao uso de uma parte específica da internet, que é a web (MIELNICZUK, 2003).
36
Neste contexto, de acordo com Mielniczuk (2003), o modelo utilizado
atualmente pode ser denominado webjornalismo. “Houve além uma evolução
técnica que permite a transmissão mais rápida de sons e imagens, o crescimento
do número de usuários, o que justifica investimentos no setor” (MIELNICZUK,
2003, p. 39).
Corresponde a um estágio mais avançado de toda uma infraestrutura técnica relativa às redes telemáticas, bem como corresponde a um momento de expansão da base instalada e ao aumento do número de usuários. (MIELNICZUK, 2003, p. 39).
Essa classificação é utilizada pelo grupo de pesquisa GJOL, da
Universidade Federal da Bahia (UFBA)24, em sua primeira classificação, que
evidencia o jornalismo na internet como:
1.Transposição dos veículos impressos. 2. Metáfora do impresso (quando os produtos começam a apresentar serviços e informações específicas para internet, porém não se distanciam da estrutura e da representação do jornal ou da revista impressos). 3. O jornalismo de terceira geração (quando os produtos e serviços são propostos de forma específica para web). (SCHWINGEL, 2012, p. 44).
Elementos como criação, adaptação e gestão de conteúdo para múltiplas
plataformas são evidenciados nas análises de Silva Júnior (2000), que classifica
em três os principais estágios de desenvolvimento dos sítios web de jornais:
transpositivo, perceptivo e hipermidiático.
O transpositivo - como modelo eminentemente presente nos primeiros jornais online onde a formatação e organização seguia diretamente o modelo do impresso. Trata-se de um uso mais hermético e fiel da idéia da metáfora, seguindo muito de perto o referente pré-existente como forma de manancial simbólico disponível. O perceptivo - Num segundo nível de desenvolvimento, há uma maior agregação de recursos possibilitados pelas tecnologias da rede em relação ao jornalismo online. Nesse estágio, permanece o caráter transpositivo, posto que, por rotinas de automação da produção interna do conteúdo do jornal, há uma potencialização em relação aos textos produzidos para o impresso. Gerando o
24 Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line, estabelecido na Faculdade de Comunicação (FACOM), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), percussor dos estudos do jornalismo no ciberespaço como modalidade de pesquisa.
37
reaproveitamento para a versão online. No entanto, há a percepção por parte desses veículos, de elementos pertinentes à uma organização da notícia na rede. O hipermidiático - Mais recentemente, podemos constatar que há demonstrações de uso hipermidiático por alguns veículos online, ou seja: o uso de recursos mais intensificado hipertextuais, a convergência entre suportes diferentes (multimodalidade) e a disseminação de um mesmo produto em várias plataformas e/ou serviços informativos (SILVA JÚNIOR, 2001, p. 3)25.
Nessa mesma linha evolutiva, a exemplo de Mielniczuk (2003) e Machado
e Palácios (2003); outros autores (CHRISTOFOLETTI, 2008; SCHWINGEL,
2005), trabalham também a temática em seus estudos, embora com outras
nomenclaturas. Este é o caso do pesquisador Rogério Christofoletti (2008), que
evidencia a evolução jornalística em graduações numéricas.
Jornalismo 1.0 seria a fase de transposição dos conteúdos dos meios tradicionais à internet; o Jornalismo 2.0, a criação de conteúdo na e para a web, somando características de multimidialidade, interatividade e hipertextualidade, por exemplo (CHRISTOFOLETTI, 2008, p. 41).
O autor pontua, ainda, que há estudos, como o do espanhol Varela (2005),
que falam sobre “Jornalismo 3.0, fase de socialização da informação, por meio
de uma conversação virtual, em que os participantes intervêm na própria
mensagem” (CHRISTOFOLETTI, 2008, p. 41).
Para os terceiros e quartos estágios do jornalismo em ambiente digital, os
estudos de Barbosa estabelecem o paradigma do Jornalismo Digital em Base
de Dados (JDBD). Barbosa (2013) pontua que esta nova fase vem em
contraposição aos estágios anteriores de formatos estáticos.
O JDBD é conceituado como sendo o modelo que tem as bases de dados como definidoras da estrutura e da organização, bem como da composição e da apresentação dos conteúdos de natureza jornalística, de acordo com funcionalidades e categorias específicas, que também vão permitir a criação, a manutenção, a atualização, a disponibilização, a publicação, a circulação e recirculação dos conteúdos jornalísticos em
25 Categorização integra o artigo “A relação das interfaces enquanto mediadoras de conteúdo do jornalismo contemporâneo: Agências de notícias como estudo de caso”. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/junior-jose-afonso-interfaces-mediadoras.pdf. Acesso em: 28nov2013.
38
multiplataformas (BARBOSA, 2013, p. 40, In. CANAVILHAS, 2013).
Para sistematizar a quarta geração, Larrondo, Mielniczuk e Barbosa (2008),
em seu estudo “Narrativa jornalística e base de dados: discussão preliminar
sobre gêneros textuais no ciberjornalismo de quarta geração” sitematizaram
cerca de 20 indexadores para abordar a complexidade desta evolução.
Tabela 1: Indexadores Jornalismo Digital em Base de Dados
Fonte: LARRONDO, MIELNICZUK, BARBOSA (2008).
O uso de banco de dados inteligentes na elaboração de conteúdo
jornalístico como quarta fase também integram os estudos de Schwingel (2005).
Consideramos que o jornalismo digital de quarta geração consolidaria a utilização de banco de dados complexos (relacionais, voltados a objetos) através da utilização de ferramentas automatizadas e diferenciadas (sistemas para apuração, a edição e a veiculação de informações) na produção de produtos jornalísticos (SCHWINGEL, 2005, p. 11).
39
A sistematização proposta por Schwingel (2012) evidencia a evolução
histórica do jornalismo digital em: experiências pioneiras, experiências de
primeira geração, experiências de segunda geração, experiências de terceira
geração e experiências ciberjornalísticas.
Em conformidade com a autora, experiências pioneiras retratam “processos
de digitalização: fax, clipping via telnet, associação com BBS`s e provedores de
internet com acesso restrito” (SCHWINGEL, 2012, p.46). Já as de segunda
geração, são as “primeiras informações noticiosas em páginas web. Produtos
transpostos integralmente do impresso para web” (SCHWINGEL, 2012, p.46).
As de terceira geração, são tratados pela autora como os “produtos com
características específicas da web, como interatividade e personalização”
(SCHWINGEL, 2012, p.46). E as ciberjornalísticas – que integram banco de
dados ao jornalismo e usuário no processo, volta-se para os “produtos
elaborados com diferenciais do ciberespaço, incluem além do modelo do
impresso, o radiojornalismo e o telejornalismo” (SCHWINGEL, 2012, p.46).
2.2. Mobilidade: a quinta geração do ciberjonalismo
Desde que foram lançados, os dispositivos móveis provocam uma
verdadeira revolução na indústria de tecnologia. Capazes de executar a maior
parte das tarefas realizadas em um desktop ou notebook, mas com inúmeras
vantagens sobre esses equipamentos, os tablets e smartphones (celulares com
recursos de computador) são o exemplo claro do que o usuário procura na era
pós-PC: mobilidade, facilidade e alta capacidade de processamento.
Nesse contexto, segundo o estudo Brasil Conectado – Hábitos de Consumo
de Mídia 201326, os celulares são preponderantes: em 2012, 42% dos brasileiros
possuíam esse tipo de aparelho; e, em 2013, esse número saltou para 52%.
Desses usuários, 37% passam 14 horas semanais ou mais navegam ou usam
26 Idem 25.
40
aplicativos em seu aparelho. Entre usuários de tablets, 46% passam o mesmo
tempo com as navegações e os usos dos apps. De acordo com o estudo,
pessoas com faixa etária inferior a 35 anos são mais inclinadas a passar mais
tempo em navegação, ou utilizam aplicativos no smartphone, em vez de usar no
tablet.
As várias funções que estão instaladas e possibilitadas ao usuário em um
aparelho celular foram pontuadas na introdução do livro Cultura da
Convergência, de Henry Jenkins (2006). O autor, que compreende o fenônemo
da cibercultura como uma mudança na pratica social, possibilitada pela evolução
e inserção da tecnologia no cotidiano, diz que o celular sai da posição de mero
telefone, para se transformar em ferramenta de produção, envio e recebimento
de vídeos, músicas, fotos e jogos.
A internet móvel afeta, também, a TV tradicional. Atualmente, 73% do
público on-line no Brasil usa a internet enquanto assiste TV, conforme o estudo
do Brasil Conectado – Hábitos de Consumo de Mídia 2013. Entre os
entrevistados que navegam pela internet por meio de notebooks enquanto
assistem TV, 56% realizam atividades não relacionadas aos programas que
veem. Quando a navegação é feita por smartphone, esse número cai para 48%;
e, para 47%, quando é feita via tablet.
Conforme o relatório da IDC Brasil27, sobre o segundo trimestre de 2013,
no segmento de tablets, mostra-se que o mercado de tablets segue com
crescimento trimestre a trimestre, desde o lançamento da categoria, e deve
manter esse ritmo pelos próximos períodos. No ano de 2013, a IDC obtém o
crescimento em vendas de 81% maior do que comparado a 2012.
Este cenário atual, no qual o usuário busca mobilidade na tecnologia, foi
sinalizado ainda na década de 90, no artigo publicado em 1991, por Mark Weiser.
O autor, na época, sinalizou que “as tecnologias mais profundas são aquelas
27 Relatório sobre o segundo trimestre de 2013 no segmento de tablets. Disponível em: http://www.idcbrasil.com.br/releases/ news.aspx?id=1510. Acesso em: 29out2013.
41
que desaparecem. Tecem-se no tecido da vida cotidiana, até que são
indistinguíveis a partir dele” (WEISER, 1991, p.94, tradução nossa)28.
A inserção da tecnologia no cotidiano faz com que sejam amplificadas as
formas de exposição. Weiser (1991) explica que “quanto maior e melhor o
número e qualidade dessas conexões, mais forte é nosso governo, negócios,
ciência, cultura, educação”. (WEISER, 1991, tradução nossa).29
Neste contexto, as mídias móveis, especialmente tablets e smartphones,
reconfiguram as praticas jornalísticas e fazem com que surja uma nova fase: o
jornalismo de quinta geração ou Continuum Multimídia.
As mídias móveis, especialmente smartphones e tablets, são os novos agentes que reconfiguram a produção, a publicação, a distribuição, a circulação, a recirculação, o consumo e a recepção de conteúdos jornalísticos em multiplataformas. (BARBOSA, FIRMINO DA SILVA, NOGUEIRA, 2012, p. 42).
Barbosa (2013) enaltece o paradigma Jornalismo Digital em Base de
Dados (JDBD) como o abalisador para a construção de uma quinta geração.
Os traços constitutivos incluem a própria medialidade, a horizontalidade como marca para o processamento dos fluxos de informações por entre as distintas plataformas (impresso, pdf/page flip, web, operações mobile: smartphones, tablets, redes sociais), com integração de processos e produtos no continuum multimídia dinâmico. (BARBOSA, 2013, p. 41, In. CANAVILHAS, 2013).
As mídias móveis respondem por uma reestruturação das práticas
jornalísticas com produção, distribuição, circulação em multiplataformas.
Produtos jornalísticos, aplicativos jornalísticos para tablets e smartphones, já
estão em desenvolvimento, denominado autóctones. Por definição “são
28 “The most profound technologies are those that disappear. They weave themselves into the fabric of everyday life until they are indistinguishable from it”. 29 “The more and better those connections, the stronger are our government, businesses, science, culture, education”. Trecho disponível em WEISER, M., The computer for the 21st century, in Scientific American, 265, pp.66-75, January 1991.
42
aplicações criadas de forma nativa com material exclusivo e tratamento
diferenciado” (BARBOSA, FIRMINO DA SILVA, NOGUEIRA, 2012, p. 44).
No Brasil, os veículos como Globo Mais, do O Globo, Estadão Noite, do
Estado de S. Paulo, e o Folha 10, da Folha de S. Paulo, bem como o La
Repubblica, na Itália, estão com formatos específicos para as mídias móveis.
Uma curiosidade, ressalta Barbosa (2013), ao citar García (2012), é a
respeitabilidade a propriedade dos tablets, que têm no horário noturno sua maior
captação de audiência (BARBOSA, 2013).
Após elucidar as fases do jornalismo, em sua quinta geração, percebe-se
uma reorganização de processos com foco na potencialização de produtos,
consequentemente, gera-se a promoção de novos negócios. A tecnologia,
diferentemente das previsões que findam o jornalismo, acabou por ser o
catalisador de um futuro de possibilidades.
43
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Adotou-se como modalidade de pesquisa a metodologia híbrida do Grupo
de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJol), estabelecido na Faculdade de
Comunicação (FACOM), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), precursor
nos estudos do jornalismo no ciberespaço.
Neste modelo híbrido, procedimentos de pesquisa qualitativa e quantitativa são ações complementares no processo contínuo de compreensão conceitual sobre a produção de informações nas organizações jornalísticas no ciberespaço nas sociedades contemporâneas (MACHADO e PALÁCIOS, In: LAGO e BENETTI, 2008, p. 200).
A iniciativa dos autores Elias Machado e Marcos Palácios é desenvolvida
desde 1996 - em estudos pioneiros sobre conceitos-chave da reconfiguração das
práticas jornalísticas como jornalismo digital, usuário, multimídia,
instantaneidade (MACHADO e PALÁCIOS, 2006).
A sistematização para o desenvolvimento e a aplicação do método consiste
em três fases:
1) Revisão preliminar da bibliografia, acompanhada da análise de organizações jornalísticas relacionadas ao objeto de estudo; 2) Delimitação do objeto com formulação das hipóteses de trabalho e estudos de caso com pesquisa de campo (participante ou não) nas organizações jornalísticas e 3) Elaboração de categorias de análise, processamento do material coletado e definição conceitual sobre as particularidades dos objetos pesquisados (MACHADO e PALÁCIOS, IN LAGO e BENETTI, 2008, p. 201).
Por meio deste método híbrido é possível desenvolver cronologicamente
cada etapa, o que permite, ao pesquisador, revisar a bibliografia corrente sobre
o objeto e testar a produção conceitual em estudos de casos específicos.
(MACHADO e PALÁCIOS, In: LAGO e BENETTI, 2008, p. 201).
44
Conforme estabelece o método, são criadas - para a sistematização dos
dados - categorias, definidas a priori, baseadas nos âmbitos empresarial,
tecnológico, profissional e comunicacional de convergência jornalística segundo
Salaverría e Negredo (2008).
A empresarial refere-se à multiplicação de meios administrados por um
único grupo de comunicação. A tecnológica está relacionada com a adoção de
tecnologias digitais que provocam a reconfiguração das tarefas jornalísticas
tradicionais e permitem a inovação. A terceira dimensão trabalhada pelos
autores é a profissional, que diz respeito ao perfil do profissional em redação,
que se torna multiárea e multimídia. Por fim, a quarta aborda o viés
comunicacional, marcada pela criação de novos horizontes para a expressão
jornalística, propiciadas no sistema convergente (SALAVERRÍA, GARCIA
AVILÉS y MASIP, 2007).
Neste estudo, serão analisados somente os âmbitos empresarial,
tecnológico e profissional, uma vez que o foco da pesquisa está em buscar
informações sobre a relação administrativa entre os veículos, a rotina produtiva
nas redações e como os profissionais estão inseridos neste contexto. O produto
final (conteúdo) gerado neste processo não é o foco. Portanto, não serão
analisados os aspectos referentes à dimensão comunicacional.
3.1. Campo da pesquisa
Campo Grande conta, atualmente, com mais de 50 veículos de
comunicação, com emissoras de televisão, jornais, revistas, rádios e sítios web.
Segundo o sítio web Donos da Mídia30, projeto que reúne dados públicos e
informações fornecidas pelos grupos de mídia para montar um panorama da
30 O Projeto Donos da Mídia define grupos nacionais de mídia como o conjunto de empresas, fundações ou órgãos públicos que controlam mais de um veículo, independentemente de seu suporte, em mais de dois estados. No portal, enquadram-se os conglomerados que atuam no núcleo do Sistema Central de Mídia do Brasil. Disponível em: http://donosdamidia.com.br/grupos. Acesso em: 1.nov.2013.
45
mídia no Brasil, são 32 retransmissoras de televisão, rádios, jornais diários,
jornais semanários e revistas.
Entre os principais, na área de TV, são cinco afiliadas das principais
emissoras no Brasil: TV Morena (Rede Globo), TV MS (Rede Record), TV
Campo Grande (SBT), TV Guanandi (Band) e TV Brasil Pantanal (TV Educativa).
Entre os jornais impressos diários, são três representantes: Correio do Estado,
O Estado MS e Folha do Povo. Na categoria jornais impressos com tiragem
semanal, há A Crítica, Jornal de Domingo, Folha de Campo Grande, Boca do
Povo, entre outros. Revistas impressas com características jornalísticas e
periodicidade mensal, são três representantes: Ímpar, A Gente e Mood Life.
As rádios comerciais FM e AM (não vinculadas a universidades ou órgãos
públicos), elencaram-se oito veículos: Transamérica HITS Campo Grande FM,
Mega 94 (FM), Capital FM, FM Cidade, Blink (FM), Cultura AM, Difusora
Pantanal (AM).
Entre os principais sítios web com características essencialmente
jornalísticas, pode-se elencar o Campo Grande News
(www.campograndenews.com.br), Midiamax (www.midiamax.com), MS Record
(www.msrecord.com.br), G1 MS (http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul) e
Correio do Estado (www.correiodoestado.com.br). No entanto, por meio de
apuração, descobriu-se que há outros veículos em atividade, tais como: Agora
Campo Grande, Capital News, Conjuntura Online, A Crítica, Folha do Povo
News, MS Notícias, JLnews, Jornal Entrevista, Campo Grande Notícias, RBV
News, A Tribuna News, Diário CG, Jornal 24 Horas, Jornal de Domingo, Estado
MS News, Fala MS, Cultura AM, TV Campo Grande, O Estado MS, Jornal 24
horas, Diário Digital, UH News, Rádio Web MS, Folha CG, Impacto News, O
Jornal MS, Portal I9, Tribuna MS, Boca do Povo News, MS 24 Horas, A notícia
MS, Campo Grande Hoje e Correio MS.
Diante do grande número de veículos de comunicação, optou-se pela
análise de cinco grupos de comunicação em Campo Grande. Entende-se por
grupo de comunicação:
46
Conjunto de duas ou mais empresas controladas por uma mesma entidade empresarial ou governamental. Pode ter atuação nacional, no caso daqueles que controlam redes de TV ou de rádio, ou regional, para aqueles que atuam em até dois estados (DONOS DA MÍDIA, 2013)31.
Foram selecionados os grupos Correio do Estado (formado pelo jornal
diário Correio do Estado, rádio FM Mega 94, rádio AM Cultura e portal Correio
do Estado); grupo Rede Mato-Grossense de Comunicação – que engloba a
TV Morena (afiliada da Rede Globo) e portal web G1 MS; grupo Feitosa de
Comunicação, que engloba jornal impresso, sítio web e rádio Transamérica;
Rede MS, que engloba a TV MS – afiliada da Rede Record, rádio FM Cidade
102, Portal MS Record e jornal Diário Digital, que tem circulação somente por
meio da internet; e grupo Midiamax, que engloba o sítio web Midiamax, o jornal
impresso Midiamax Diário e o MidiaPlay – painéis de LED que trazem vídeos e
animações com notícias e publicidade32.
Todos os veículos de comunicação mencionados, jornais, TVs, rádios e
revistas têm endereço eletrônico na internet, seja por meio de endereço que
identifica nome de fantasia ou por um endereço de um grupo de comunicação.
3.2. Período e coleta de dados
O período de pesquisa foi de 15 de janeiro a 5 de março de 2013. As
entrevistas roteirizadas foram realizadas com gestores e profissionais que
participaram do processo de convergência no veículo. Entre os questionamentos
abordados estavam histórico da implantação, as principais dificuldades,
mudanças estruturais, etapas, realocação, contratação, capacitação e currículos
dos profissionais.
31 Idem 29. 32 Atualmente, são quatro painéis, localizados na Orla Morena / Julio de Castilho, Av. Mato Grosso / José Antônio, Shopping Bosque dos Ipês e Av. Coronel Antonino / Av. Mascarenhas de Moraes.
47
Em resposta aos objetivos específicos, foi feita aplicação de entrevistas
roteirizadas, baseadas em instrumento elaborado por Martins (2008), adaptado
às necessidades desta pesquisa.
Elaborou-se um roteiro, composto por 16 questões, sendo duas com
respostas abertas, 12 fechadas e duas mistas (Apêndice A). O referido
instrumento foi submetido a três avaliadores (orientador e mais dois jornalistas).
O questionário foi aplicado junto a gestores, editores e repórteres das
redações dos principais grupos de comunicação de Campo Grande, RMC –
Rede Mato-grossense de Comunicação, Correio do Estado, Rede MS Integração
de Rádio e Televisão, Mídiamax e Grupo Feitosa. Profissionais de cada veículo
dos grupos de comunicação responderam às entrevistas roteirizadas. Também,
foram entrevistados profissionais que fizeram parte dos grupos na implantação
dos veículos tradicionais e on-line, mas, que, nos dias de hoje, atuam em outras
empresas ou áreas.
Ao todo, foram quatro profissionais do Grupo Correio do Estado, quatro da
Rede MS, três da Rede Mato-grossense de Comunicação, dois do Grupo Feitosa
e dois do Midiamax.
Os dados foram coletados em um momento único, por meio de contato
prévio, de maneira individual, em local reservado, após explicação sobre o
objetivo da pesquisa e aceite. Como pré-requisito, tais profissionais precisariam
ter conhecimento do processo histórico de implatação do meio digital (sítio web
ou portal), como ocorre a integração (ou não) desses meios, organograma,
planilha salarial, qualificação funcional, entre outros pontos que envolvem o nível
de conhecimento do cargo de gestor ou editor de um veículo de comunicação.
48
3.3. Categorização dos dados
Em concordância com as etapas da modalidade de pesquisa híbrida
adotada pelo GJol33, os dados foram categorizados, conforme a sistematização
de convergência jornalística apresentada por Salaverría e Negredo (2008), nos
eixos profissional, empresarial e tecnológico.
É um processo multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação, afeta, no âmbito tecnológico, empresarial, profissional e editorial, os meios de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens anteriormente separados, de modo que os jornalistas elaboram conteúdos que se distribuem por múltiplas plataformas, mediante as linguagens próprias de cada uma delas. (SALAVERRÍA, GARCÍA AVILÉS, 2008, p. 35, tradução nossa)34.
Os dados quantitativos obtidos foram analisados por meio de porcentagem
simples e apresentados em forma de tabela e gráficos. Os qualitativos foram
categorizados de acordo com o referencial de Salaverría e Negredo (2008).
33MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. Um modelo híbrido de pesquisa: a metodologia aplicada pelo GJOL. In: LAGO, Cláudia; BENETTI, Marcia (Orgs.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. São Paulo: Vozes, 2006. pp. 199-222. 34 “Un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada una”.
49
4. RESULTADOS
Para facilitar a compreensão dos dados, a categorização fará uso dos eixos
temáticos da convergência (empresarial, tecnológica, profissional) . Nesta etapa,
serão mostrados os resultados obtidos por meio de questionário estruturado
aplicado junto a gestores e editores dos veículos integrantes dos cinco grupos
de comunicação selecionados.
4.1. Categoria Empresarial
A pesquisa com gestores e editores das redações dos grupos de
comunicação de Campo Grande - TV Morena, Correio do Estado, Rede MS,
Mídiamax e Grupo Feitosa, após a explicação dos objetivos da pesquisa e aceite,
apontou que 80% consideram que os veículos do seu grupo de comunicação
têm trabalho convergente.
Os grupos que responderam “sim” foram a Rede Mato-Grossense de
Comunicação, Rede MS, Grupo Feitosa e Grupo Midiamax. Já o Grupo Correio
do Estado não considerou que todos os veículos integrantes têm trabalho
convergente.
50
Gráfico 3: Convergência dos veículos nos grupos de comunicação
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
Na Rede Mato-Grossense de Comunicação, da qual fazem parte, em
Campo Grande, a TV Morena (Canal 6) e o portal G1 MS
(http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul), o trabalho de convergência entre TV e
internet está moldado desde 2000, quando foi criado o portal RMT On-Line35. A
mudança de nome para portal G1 MS, no entanto, ocorreu apenas em 2011. O
portal G1 MS, embora faça parte do grupo RMC, é registrado como empresa
“Jornal, Gráfica e Editora Sulmatogrossense Ltda”, de propriedade do Grupo
Zahran, e a TV, como empresa própria, registrada como “rede”.
A integração TV e internet faz parte de um projeto nacional da Rede Globo,
visando criar uma grande rede que engloba todos os portais regionais das
afiliadas, bem como disponibilizar todo e qualquer conteúdo produzido na TV, o
que inclui telejornais e produções locais, como “Atualidades” e “Meu Mato
Grosso do Sul”36.
Na Rede MS, integrada, em Campo Grande, pela TV MS – afiliada da
Record, Rádio FM Cidade, Portal MS Record (www.msrecord.com.br) e pelo
35 Entrevista com Alfredo Singh, diretor de jornalismo, concedida em 9 de janeiro de 2013. 36 Disponível em: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul. Acesso em: 02nov2013.
80%
20%
Você considera que os veículos do seu grupo de comunicação têm trabalho convergente?
SIM
NÃO Correio do Estado
RMC Rede MS Feitosa Midiamax
51
Diário Digital (www.diariodigital.com.br), a convergência de conteúdo e a
consequente integração de redações é um processo que, segundo a editora da
TV MS, Glaura Villalba, e, o editor-chefe do Portal MS Record, Marcelo Varela37,
iniciou-se em 2008, com a criação do portal MS Record, e, em 2011, com o
projeto nacional R7 de integração de portais regionais. O MS Record.com.br é
afiliado do R7.com e o portal local fornece matérias para o portal nacional da
Record. Antes de 2011, o portal nacional da Rede Record publicava as matérias
com assinaturas dos repórteres locais. Há dois anos, adotam o direcionamento
direto para a notícia no sítio regional.
O Grupo Feitosa é formado, em Campo Grande, pelo jornal semanal A
Crítica – que circula aos domingos, o portal A Critica ( www.acritica.net ) e a
Rádio Transamérica Campo Grande. Segundo o diretor-administrativo e editor-
chefe, Enrico Feitosa38, o jornal A Crítica foi criado em 1980, já com o formato
de circulação semanal. O sítio A Crítica surgiu em 1998 e trazia as imagens das
páginas do jornal no formato JPEG. A partir de 2006, surge o portal A Crítica com
notícias diferentes do conteúdo do jornal e, também, de acordo Feitosa, o início
do processo de convergência do meio impresso e on-line. Embora a versão
impressa ainda seja distribuída, gratuitamente, a empresa, desde 2011, faz a
migração de conteúdo para dispositivos móveis39. De acordo com Feitosa, 1200
pessoas baixaram os aplicativos para os sistemas Android e iOS. No entanto, o
relatório aponta que apenas 80 pessoas, por semana, baixam as páginas para
leitura nos dispositivos móveis. A tiragem do jornal A Crítica é de 15 mil jornais
impressos semanais.
O grupo Midiamax, do qual fazem parte o portal Midiamax
(www.midiamax.com), o jornal Midiamax Diário e o MidiaPlay (painéis de LED),
fez o caminho diferente dos meios de comunicação tradicionais 40. Criado em
2002, o portal Midiamax trouxe sempre notícias focadas no meio internet. No
entanto, também em 2002, o veículo publicava edições impressas, em formato
37 Entrevistas concedidas em 22 de janeiro de 2013. 38 Entrevista concedida em 10 de janeiro de 2013. 39 A distribuição é feita aos domingos, na principal avenida da capital do Mato Grosso do Sul, Av. Afonso Pena, e em dezenas de bairros de Campo Grande 40 Entrevista como Carlos Naegle, diretor Midiamax, concedida em 1 de março de 2013.
52
A4, com quatro páginas, e as distribuía no aeroporto de Campo Grande. O
modelo foi descontinuado em 2003. Em 2013, o grupo decidiu lançar o Midiamax
Diário, um tabloide com distribuição gratuita, em terminais de ônibus e pontos
comerciais, com circulação de segunda a sábado e tiragem de 10 mil
exemplares ao dia. O objetivo do veículo é levar, para o impresso, as mesmas
notícias publicadas no portal Midiamax, embora haja, também, matérias
exclusivas para o meio. O diretor do grupo acredita que faz trabalho convergente,
pois todos os profissionais sabem que trabalham em prol de conteúdo não para
um só meio; mas, sim, para a internet, impresso e painéis de LED.
Na pergunta “Você considera que os veículos do seu grupo de
comunicação têm trabalho convergente?”, o único grupo que respondeu “não”
foi o Correio do Estado. No jornal Correio do Estado 41 , alguns veículos
integrantes não têm qualquer contato entre as redações e não trocam pautas,
matérias ou conteúdo.
O grupo é formado pelo jornal Correio do Estado, fundado em fevereiro de
1954; pelo portal Correio do Estado, que teve sua primeira versão criada em
1998; pela rádio Cultura AM 680, inaugurada em dezembro de 1949; e Rádio
Mega 94, criada em 200042. Não foi incluída no grupo Correio do Estado a TV
Campo Grande, pois, em março de 2009, passou passou a ser controlada pela
Fundação Internacional de Comunicação, ligada à Igreja Internacional do Reino
de Deus. Em outubro de 2011, a TV Campo Grande passou a se chamar SBT
MS.
Para Salaverría e Negredo (2008), a esfera empresarial é a mais afetada
pela convergência, e as empresas tentam adaptar suas estratégias de
coordenação editorial e comercial, para alcançar a liderança, por meio da
integração de seus veículos. E, neste contexto, a fusão física das redações é o
ponto alto do processo.
41 Entrevista com Ico Victório, editor-chefe do jornal Correio do Estado, concedida em 11 de janeiro de 2013. 42 A rádio Mega 94 FM, que opera na frequência 94,3 MHz, substituiu a antiga rádio Canarinho, fundada em outubro de 1977. As informações são do diretor da rádio Mega 94, Marcelo Rodrigues.
53
Na Rede Mato-grossense de Comunicação, o processo de integração das
redações foi iniciado em 2002, quando o portal RMT On-Line passou a ocupar o
mesmo espaço da redação da TV. Antes disso, de 2000 a 2001, segundo a
jornalista Inara Silva, que ocupou o cargo de editora do portal, desde sua criação,
até 2004, a redação do on-line ficava em uma sala de um prédio separado da TV
Morena, onde, antes, funcionou a extinta rádio CBN de Campo Grande43.
A equipe inicial do portal era composta por um editor-chefe, dois editores
e dois estagiários de jornalismo, além de um webdesigner. Embora estivessem
em outro local, Inara Silva explica que houve sempre a instrução de que o portal
seria um braço de apuração para a TV Morena. A comunicação entre os
profissionais era feita por meio de ramal telefônico, ou durante as reuniões de
pauta. A cobertura dos fatos acontecia também, essencialmente, por meio de
telefone, com fontes oficiais, personagens das matérias ou repórteres da própria
TV que estivessem fazendo cobertura na rua e pudessem passar as informações
para o portal. Não havia cobertura externa no dia a dia; somente, em ocasiões
excepcionais, como eleições.
Por uma decisão do então diretor de jornalismo da TV Morena, em 2002,
Orlando Loureiro, optou-se por levar a redação do RMT On-Line para dentro da
redação da TV, o que trouxe mais dinamismo no compartilhamento de
informações entre as redações 44 . No entanto, os profissionais dos veículos
continuavam a elaborar seu próprio trabalho: quem era da TV continuava a
produzir apenas para a TV; e quem era do portal só escrevia e produzia apenas
para o portal; embora, houvesse compartilhamento de informações na redação
única e nas reuniões de pauta.
A estrutura de redações integradas para a TV Morena e Portal G1 MS (que
substituiu o RMT On-Line em 2011) manteve-se no novo prédio, inaugurado em
junho de 201345. Comparado a 2002, houve incremento em estrutura e número
de profissionais. Atualmente, a redação do portal G1 MS conta com carro próprio,
43 Entrevista concedida em 3 de novembro de 2013. 44 Entrevista com Inara Silva, jornalista e editora do RMT On-Line. 45 O prédio está localizado no mesmo endereço, na Av. Eduardo Elias Zahran, 1600.
54
um editor-chefe, sete jornalistas (dos quais dois são editores), quatro estagiários
e um editor de vídeos e imagens, os quais produzem conteúdo para o portal em
dois turnos ( 7h às 14h e 14h às 21h).
Singh explica que, embora faça parte do grupo RMC, o G1 MS funciona
como um afiliado do portal G1 Nacional e segue as regras editoriais da divisão
de internet da Rede Globo 46. Há instruções, também, para publicação de todos
vídeos dos telejornais e programas da produção local, como “Atualidades” e
“Meu Mato Grosso do Sul”.
O quadro funcional total do Grupo RMC, dedicado ao jornalismo, tem 50
jornalistas, 17 produtores de conteúdo, 10 estagiários e dois colaboradores.
Na Rede MS, que integra a TV MS, o portal MS Record, a Rádio FM Cidade
102,7 e o jornal Diário Digital, a disposição das redações passou por
modificações durante os anos. O primeiro veículo criado foi a Rádio FM Cidade,
inaugurada em 198247. Em 1986, foi criada a Rede MS Integração de Rádio e
Televisão, para integrar Mato Grosso do Sul por meio de um sistema via satélite
de comunicação que abrangesse o maior número possível de municípios do
estado.
Esta infraestrutura teve o intuito de receber, em fevereiro de 1987, a TV
MS, afiliada da Rede Manchete. Em 1995, passou a integrar a Rede Record. Em
25 de agosto de 2008, a emissora passou a se chamar TV MS Record. Em julho
de 2008, foi criado o portal MS Record, que produzia conteúdo e publicava
vídeos de programas jornalísticos da TV MS. Em 2010, passa, também, a fazer
transmissões ao vivo.
Em março de 2011, foi lançado o Diário Digital (www.diariodigital.com.br),
um jornal diário, com estilo de impresso, mas, focado totalmente, na internet. Por
46 O G1 MS46 funciona como um afiliado do portal G1 Nacional. Isso quer dizer que todas as pautas e todos os conteúdos precisam ser pré-aprovados pelo portal nacional. De acordo com as normativas do veículo, até mesmo para exibição da produção regional no portal, os vídeos exibidos devem estar no padrão estabelecido. 47 Entrevista com editora Glaura Vilalba, concedida em 22 de janeiro de 2013.
55
meio de animação em Flash48, o leitor pode folhear o jornal digital, como em uma
versão real impressa. Traz, também, a possibilidade de inclusão de links para
galerias de fotos, vídeos, áudio e sítios web externos.
A sede da Rede MS49 está localizada no Bairro Antônio Vendas, em Campo
Grande. No mesmo prédio ficam todos os veículos de comunicação do grupo.
A redação da TV MS fica no mesmo andar do portal MS Record e Diário
Digital. Quando foi criado, em 2008, o portal ficava na mesma redação da TV.
Com a ampliação do jornalismo, há dois anos, aptou-se por migrar a redação on-
line para uma sala separada. O mesmo acontece com o Diário Digital, que,
também, tem uma sala própria.
As reuniões de pauta nem sempre acontecem com todos os veículos
presentes 50. Devido à incompatibilidade de fechamentos de edições, a troca de
informações entre as redações ocorrem muitas vezes, somente, via telefone, e-
mail ou serviços de mensagens instantâneas.
A troca de pautas e conteúdos não ocorre também de forma homogênea51.
A maior sinergia acontece com o portal e a TV, que necessitam de maior
velocidade na apuração. A participação da rádio e do Diário Digital é sazonal.
A estrutura de jornalismo da Rede MS conta com 25 jornalistas, 15
produtores de conteúdo, sete estagiários e quatro colaboradores.
Na prática, o grupo Midiamax só passou a existir em 201352. Até então, o
único veículo era o portal Midiamax (www.midiamax.com.br), criado em 2002.
Somente, em janeiro desse ano, foi anunciado o Midiamax Diário. O MidiaPlay,
48 Pertencente à Adobe, o Flash é uma plataforma multimídia de desenvolvimento de aplicações que contenham animações, áudio e vídeo; bastante utilizada na construção de anúncios publicitários e páginas web interativas. É capaz de manipular vetores e gráficos, para criar textos animados, desenhos, imagens e, até, streaming de áudio e vídeo pela internet. 49 A sede está localizada na Rua Itajaí, 433. 50 Entrevista com o editor do portal MS Record, Marcelo Varela, concedida em 26 de janeiro de 2013. 51 Idem 48. 52 Entrevista com o diretor do Grupo Midiamax, Carlos Naegle, concedida em 13 de março de 2013.
56
placas de LED que mostram notícias curtas e publicidade, é também
considerado um veículo do grupo.
Todos os veículos funcionam em uma única sede53, em Campo Grande. Ao
todo, são 25 jornalistas/fotógrafos e dois produtores de conteúdo (webdesigners
e diagramador). Além disso, há 18 colaboradores/colunistas, que não têm
vínculo empregatício com os veículos.
Em uma mesma redação, ficam o portal Midiamax e o Midiamax Diário.
Carlos Naegele explica que todos os profissionais sabem que o conteúdo que
produzem é passível de ir tanto para o meio on-line quanto para o impresso. Em
90% dos casos, as matérias escritas para o portal são apenas copiadas e
coladas no gabarito do jornal impresso, incluindo textos e fotos. Há pouca ou
nenhum adaptação do texto do on-line, para o impresso. No entanto, há matérias
especiais feitas, exclusivamente, para o impresso; mas, sempre, baseadas em
um assunto publicado no portal Midiamax. Não há diferenciação na reunião de
pauta, pois, praticamente, todos os repórteres atendem as duas publicações.
No caso do MidiaPlay, que fica no mesmo prédio, embora em salas
diferentes, são enviados para os painéis apenas alguns títulos de matérias de
destaque do portal Midiamax ou Midiamax Diário. Eles servem como chamariz
para mais informações do portal e jornal impresso. O espaço publicitário, no
entanto, ocupa cerca de 80% do tempo de exposição.
O grupo Feitosa abriga os três veículos: Jornal A Crítica, portal A Crítica e
Rádio Transamérica Campo Grande 54. No jornal e portal, são seis jornalistas,
um produtor de conteúdo e dois estagiários. Estes ocupam a mesma redação,
no mesmo andar 55. Além disso, há 20 colaboradores/colunistas externos, tanto
para o jornal, quanto para o portal. Estes não têm vínculo empregatício com o
53 Sede única localizada na Rua Rio Grande do Sul, 345 - Jd. Estados. 54 A sede está localizada na Av. Júlio de Castilho, 1797 - Sobrinho, Campo Grande–MS. 55 Informações concedidas por Enrico Feitosa, diretor administrativo e editor-chefe. Entrevista concedida em 22 de janeiro 2013.
57
grupo. A rádio Transamérica, localizada no segundo andar do prédio, conta com
quatro profissionais terceirizados, que geram conteúdo, somente, para o veículo.
Embora sejam semanais, as reuniões de pauta acontecem diariamente,
com os profissionais que alimentam o portal e jornal. Parte do conteúdo
publicado no on-line é também utilizado na versão impressa. Todas as páginas
do jornal são publicadas semanalmente, no portal. A rádio, raramente, participa
das reuniões de pauta, mas, por meio da indicação do diretor ou editor-chefe,
utiliza-se o espaço de entrevistas da Transamérica para repercutir alguma
notícia do portal e do jornal.
O grupo Correio do Estado56, criado em 15 de setembro de 1972, mesmo
ano em que foi inaugurada a TV Campo Grande (que, atualmente, não faz mais
parte do grupo), trouxe sempre, como característica a descentralização das
sedes de seus veículos57. E esse modelo mantém-se atualmente.
O portal Correio do Estado compartilha o mesmo endereço desde que foi
criado, em 1998. No entanto, somente, em 2011, passou a ocupar o mesmo
espaço da redação do impresso, no segundo andar, após uma grande reforma.
Anteriormente, a redação do on-line ficava no terceiro andar, com as editorias
dos suplementos. Somente a redação do portal Correio do Estado conta com
cinco repórteres, um editor e um webdesigner, os quais se revezam em dois
turnos de trabalho.
A estrutura de jornalismo da rádio FM Mega 94 é composta por um técnico
e dois jornalistas 58 . A rádio Cultura AM 680 traz também, em sua estrutura, dois
profissionais de jornalismo, e um técnico para reportagens e produção59.
56 O jornal Correio do Estado, principal veículo do grupo, funciona na Rua Calógeras, 356 – Centro, Campo Grande-MS, desde 14 de fevereiro de 1981. Antes disso, funcionou na Rua 14 de julho, 2.412 - Centro, em Campo Grande – MS. 57 Informações concedidas pelo editor-chefe do jornal Correio do Estado, Francisco Victório. 58 A rádio funciona atualmente, em sua sede, na Av. Afonso Pena, 5.154. 59A rádio Cultura localiza-se na Avenida Senador Filinto Müller, 59, Vila Ipiranga, em Campo Grande.
58
Ao todo, o Grupo Correio do Estado tem 28 jornalistas, 21 produtores de
conteúdo e dois estagiários em seu quadro funcional. As contratações, por sua
vez, não são centralizadas. Cada rádio tem sua própria administração e política
salarial.
Nas duas reuniões de pauta diárias, uma às 11h30 e outra às 17 horas,
participam apenas editores do jornal impresso e do sítio web. Não há presença
de jornalistas das rádios. O trabalho do impresso e do on-line é colaborativo, com
troca de pautas e assuntos no dia a dia. O processo de produção do portal,
contudo, acontece essencialmente, de dentro da redação, por meio de apuração
via telefone, redes sociais e sítios na internet. Repórteres do impresso, que
fazem matérias externas, têm instruções para passar informações para os
jornalistas do on-line; bem como os fotógrafos, de compartilhar o material na
internet.
De acordo com os gestores e editores entrevistados, representado no
Gráfico 4, 60% dos grupos de comunicação fizeram algum tipo de modificação
estrutural para integrar as redações de todos ou parte dos veículos. Na
construção de sua nova sede, a RMC – Rede Mato-grossense de Comunicação
projetou sua redação da TV e portal G1 MS integrados, prevendo ampliações de
estrutura e pessoal para o meio on-line.
59
Gráfico 4: Houve modificações estruturais visando convergência?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
O Grupo Correio do Estado, em 2011, fez uma grande reforma, que
possibilitou levar a redação do on-line para o mesmo espaço da redação do
impresso. O projeto derrubou paredes e integrou as redes, para que todos
tivessem acesso ao mesmo banco de matérias. Também, foi criada uma sala
para entrevistas em vídeo e áudio para o portal.
A Rede MS reordenou salas e espaços para que cada veículo tivesse sua
própria redação. Este foi o único caso em que as redações eram integradas,
mas, devido a uma reformulação e ampliação do quadro funcional dedicado à
TV, tiveram que realocar o portal em outro espaço, no mesmo andar. O mesmo
aconteceu com o Diário Digital, que tem uma redação separada.
Nos grupos Feitosa e Midiamax não houve grandes modificações; apenas
acrescentaram mesas, cadeiras e computadores em um espaço existente. A
justificativa é que, praticamente, todos os jornalistas produzem para os dois
meios (impresso e on-line).
60%
40%
Foram feitas modificações estruturais visando a convergência dos veículos?
SIM
NÃO Midiamax Feitosa
RMC Correio do Estado Rede MS
60
No quesito remuneração, apresentado no Gráfico 5, 60% dos entrevistados
dos grupos de comunicação de Campo Grande informaram que os salários dos
profissionais dos veículos integrantes são diferentes, mesmo que desempenhem
funções equivalentes. Somente a RMC (Rede Mato-grossense de Comunicação)
e o grupo Feitosa disseram que adotam a mesma política salarial para os que
ocupam as mesmas funções, como repórter, editor, editor-chefe, estagiário,
entre outras.
Nos grupos que disseram que “não utilizam equiparação salarial para as
mesmas funções”, há alegação de que não há funções realmente idênticas entre
dois veículos diferentes. No grupo Midiamax, as negociações salariais são feitas
individualmente. Embora haja um piso de referência para todas as funções, o
diretor explica que seria injusto pagar o mesmo salário para profissionais
diferenciados, com bagagem profissional ou “atitude”.
Na Rede MS, há salários diferenciados para alguns profissionais
importados de outras TVs, como âncoras de apresentação e reportagem.
Embora sejam do mesmo grupo, jornalistas que desempenham funções de
produtor, repórter e editor ganham como se fossem de empresas diferentes.
No grupo Correio do Estado, a remuneração é a mesma para repórteres e
editores do jornal impresso e do portal. De acordo com informações do
Departamento de Recursos Humanos 60 da empresa, há diversas funções
(repórter A, B, C e D ou editor A, B, C e D). Dois profissionais que ocupem a
mesma função, sejam do jornal ou portal, têm o mesmo salário e os mesmos
benefícios. Quanto às rádios, a política salarial é diferente, pois são
administradas por empresas distintas, embora façam parte do mesmo grupo.
60 Entrevista concedida em 20 de outubro de 2013.
61
Gráfico 5: Remuneração dos profissionais de veículos do grupo
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
4.2. Categoria Profissional
Para Salaverria e Negredo (2008), entende-se como convergência, na
categoria profissional, a integração de estruturas para produção de conteúdos a
serem distribuídos em múltiplos suportes, as mudanças nas rotinas, nas relações
de trabalho, e as questões relacionadas à formação e à qualificação de mão-de-
obra em ambiente multimídia.
Conforme observado no Gráfico 6, identificou-se que profissionais de
carreira (sem curso superior em jornalismo), jornalistas formados, recém-
formados, estagiários, técnicos, colaboradores e colunistas formam o grupo de
trabalho dos veículos integrantes dos grupos de comunicação. A predominância,
em todos eles, é de jornalistas formados e de carreira, seguido de produtores de
conteúdo (cinegrafistas, diagramadores, paginadores, webdesigners, técnicos
etc.) e estagiários.
40%
60%
A remuneração dos que trabalham nas diferentes redações é:
MESMA REMUNERAÇÃO
REMUNERAÇÃO DIFERENTE
Rede MS Correio do Estado Midiamax
RMC Feitosa
62
Enquanto nos veículos tradicionais, que englobam jornal impresso diário,
TV e rádio, aparecem poucos colunistas e colaboradores, nos grupos que têm
como foco o impresso semanal ou sítio web, há grande número de profissionais
que não têm vínculo trabalhista com o grupo ou formação específica em
jornalismo.
No grupo Feitosa, por exemplo, que tem característica eminentemente
comercial, muitas páginas do jornal e portal são assinadas por profissionais
liberais, empresários e colunistas, que compram o espaço para publicar
informações de seu interesse, ou “revendem” para patrocinadores que tenham
objetivos em comum.
O mesmo acontece no portal Midiamax, que disponibiliza espaço para
colunistas e colaboradores, de forma paga ou cedência em troca de conteúdo.
Gráfico 6: Perfil dos profissionais que trabalham nas redações
Fonte: Números obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
Estar em um mesmo local, nem sempre, significa trabalho convergente. A
pesquisa aponta que em 60% dos grupos, profissionais que trabalham em um
dos veículos de comunicação não produzem diretamente conteúdo para o outro
veículo, mesmo que esteja em uma mesma redação (Gráfico 7).
2825
50
6
2521
1517
1 22 710
2 00 4 2 0 00 0 0
2018
CORREIO DO ESTADO RECORD MORENA FEITOSA MIDIAMAX
Quantidade e perfil dos profissionaisdos grupos de comunicação
Jornalistas formados Produtores de conteúdo Estagiários Colaboradores Colunistas
63
Na RMC (Rede Mato-Grossense de Comunicação)61, por exemplo, além
das equipes enxutas, ajustadas geralmente, para fazer o trabalho previsto do dia
a dia, ainda há questões trabalhistas envolvidas. Não se pode utilizar um
repórter, cinegrafista ou editor para desempenhar funções para a TV e para o
portal, pois isso é considerado acúmulo de função.
Em geral, o trabalho que ainda é compartilhado é o de produção, uma vez
que as pautas, em alguns desses grupos, acontece com a presença de
profissionais de todos ou parte dos veículos.
Com a dificuldade ou impossibilidade de se gerar conteúdo específico para
outros veículos do grupo, a alternativa é adaptar, ou, simplesmente, transpor o
conteúdo de um para o outro, segundo os entrevistados, em todos os veículos.
Gráfico 7: Jornalistas de um veículo geram conteúdo para outro?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
61 Informações concedidas pelo diretor de jornalismo, Alfredo Singh.
40%
60%
Jornalistas de um veículo do grupo também geram conteúdo para outros veículos?
SIM
NÃOCorreio do Estado RMC Rede MS
Feitosa Midiamax
64
No Gráfico 7, percebe-se o índice de integração entre os veículos dos
grupos, na visão dos entrevistados. No grupo Correio do Estado, há maior
integração de conteúdo entre os veículos que compartilham a mesma redação
(impresso e portal). A adaptação do conteúdo, por sua vez, publicado no
impresso para o on-line e vice-versa é feita pelo profissional do veículo de
destino, e não pelo de origem. A integração com a Rádio Cultura se resume à
publicação, em seu sítio web (www.culturaam680.com.br), das notícias do portal.
Na Rede MS, a integração é mais presente entre o portal MS Record e a
TV MS. Isso porque, o portal transmite ao vivo os programas e telejornais
regionais, também, pela internet (Picarelli com Você, MS Record, Record Rural,
Tirando Dúvidas - com Magali Picarelli, Auto News - Com Paulo Cruz e Scheila
Canto, Vivendo a Vida – com André Navarro). Além disso, são gravados e
mantidos no portal, todos os telejornais MS Record e Record Rural. Quanto ao
Diário Digital e à Rádio FM Cidade, o compartilhamento de conteúdo é bem
menor. A equipe62 (formada por quatro jornalistas e um técnico) é bem focada
apenas no trabalho de produção, reportagens e entrevistas do programa
Noticidade, que vai ao ar, de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h. Não há
participação em reuniões de pauta, e a integração com os demais veículos se
resume a chamadas sobre as notícias disponíveis no portal e na TV.
Na RMC, a integração da TV Morena com o portal G1 MS, que
compartilham a redação, é maior. Além de todo conteúdo em vídeo dos
telejornais e programas regionais ( Atualidades e Meu MS ) disponibilizado no
portal, há também chamadas na TV, para o portal, como forma de complemento
de notícias (lista de aprovados em vestibular, concursos, enquetes, pesquisas
etc), bem como para gerar interação com o telespectador. Cada veículo,
entretanto, produz seu próprio conteúdo.
No grupo Feitosa, a redação do portal e do impresso, como são uma só,
geram o mesmo conteúdo para os dois meios. O espaço praticamente ilimitado
do portal permite a publicação de muito mais notícias. No impresso, há uma
62 Entrevista com editor da rádio, Cadu Bortolotti, concedida em 5 de novembro de 2013.
65
maior seleção de conteúdo, uma vez que grande parte do espaço é comercial. A
rádio Transamérica trabalha de uma forma praticamente independente, com
pouca ou nenhuma participação em pautas e pouco ou nenhum
compartilhamento de conteúdo.
Como o grupo Feitosa, o Midiamax utiliza também a mesma redação, para
gerar conteúdo para o portal e impresso. O número de notícias no meio on-line
no grupo Feitosa é muito maior, uma vez que há, também, aproveitamento de
matérias nacionais e releases. No impresso, notícias locais, publicadas pelo
portal Midiamax, ocupam praticamente 90% do espaço.
A rotatividade funcional entre os profissionais que trabalham nos diferentes
veículos é algo raro ou inexistente em 60% dos grupos de comunicação de
Campo Grande, segundo os gestores e editores entrevistados. No Gráfico 8,
apenas dois, dos cinco grupos pesquisados, informaram que utilizam,
constantemente, profissionais de um veículo para executar trabalhos de outro. A
prática acontece nos grupos Midiamax e Feitosa. Segundo seus gestores, não
há diferenciação, porque, praticamente, o mesmo conteúdo publicado no
impresso é replicado no on-line e vice-versa. As funções envolvem reportagem,
edição e fotografia. No caso do grupo Feitosa, não há rotatividade com a rádio
Transamérica.
Nos demais grupos – Correio do Estado, RMC e Rede MS, os entrevistados
disseram que não há como fazer rotatividade entre as redações, uma vez que a
rotina de trabalho de uma é bem diferente das outras. O que há,
esporadicamente, em todos os grupos, é a migração de estagiários e
profissionais para preenchimento de vagas abertas em outros veículos. Em 80%
dos casos, eles partem do meio on-line (portais) para os veículos principais dos
grupos (TV e jornal).
66
Gráfico 8: Há rotatividade de profissionais nas redações?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
Na pergunta “Os jornalistas dos veículos tradicionais do grupo (TV, rádio
ou jornal) também alimentam o portal de notícias?”, representada pelo Gráfico 9,
os gestores e editores entrevistados de 60% dos grupos revelaram, também, que
não há qualquer intervenção de profissionais de outros veículos na alimentação
direta de qualquer conteúdo para o meio on-line.
No processo de produção, os próprios profissionais dos portais, caso
queiram incluir textos, áudio ou vídeo em seu veículo, precisam buscar o
conteúdo e adaptar para seu meio. Na RMC e na Rede MS, por exemplo, os
webdesigners dos portais G1 MS e MS Record, de acordo com os gestores, são
responsáveis por importar os vídeos da edição da TV, converter para o formato
utilizado pelo portal e publicá-lo. No caso da Rede MS, o portal é também
responsável pela transmissão ao vivo do conteúdo na internet.
SIM40%
NÃO60%
Há rotatividade ou aproveitamento de profissionais das redações?
SIM
NÃO
Correio do Estado RMC Rede MS
Feitosa Midiamax
67
Gráfico 9: Jornalistas de outros veículos alimentam o portal?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
A exemplo dos demais veículos, os portais de notícias dos grupos de
comunicação de Campo Grande seguem também políticas empresariais e
editoriais que, embora permitam produzir conteúdos diferenciados, não lhes dão
total autonomia para elaborar e publicar notícias e outras informações que não
sejam devidamente aprovadas. Isso foi constatado na pesquisa com gestores e
editores dos grupos, representada pelo Gráfico 10.
No grupo RMC, por exemplo, o portal G1 MS reporta-se a duas chefias:
uma do próprio grupo RMC, da TV Morena, e outra do portal G1 Nacional, ligado
à Rede Globo 63. Toda e qualquer pauta e matéria é analisada e submetida às
reuniões diárias. O portal atende também a pedidos de matérias do G1 Nacional,
de modo a incluir Mato Grosso do Sul em determinadas pautas. Não há
autonomia de produção.
63 Informações concedidas por Alfredo Singh, diretor de jornalismo.
SIM40%
NÃO60%
Os jornalistas dos veículos tradicionais do grupo (TV, rádio ou jornal) também
alimentam o portal de notícias?
SIM
NÃO
Correio do Estado RMC Rede MS
Midiamax Feitosa
68
No grupo Correio do Estado, há autonomia parcial do Portal Correio do
Estado64. Embora haja liberdade para publicação de matérias nacionais, desde
que citadas as fontes, todo e qualquer conteúdo estadual ou municipal precisa
ser compartilhado nas reuniões de pauta e, no caso de assuntos ligados à
política, consultado o editor-chefe e a diretoria do jornal.
Gráfico 10: Qual a autonomia da redação on-line?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
No grupo Midiamax, a autonomia do portal é total, uma vez que representa
o veículo principal de grupo65. Contudo, a versão impressa, Midiamax Diário,
precisa reportar praticamente todo o seu conteúdo ao grupo, uma vez que é
produzida pelos mesmos jornalistas.
O mesmo não acontece com o grupo Feitosa66. Neste grupo, como as
redações são totalmente integradas, não há nada que seja publicado no portal
que não deva ser reportado ao jornal A Crítica, inclusive matérias nacionais,
locais e conteúdos da versão impressa.
64 Entrevista com editor-chefe, Ico Victório. 65 Entrevista com o diretor, Carlos Naegele, concedida em 1 de março de 2013. 66 Entrevista concedida em 11 de janeiro de 2013.
40%
20%
40%
Qual é a autonomia da redação on-line?
PARCIAL
TOTAL
NÃO TEM RMC Feitosa
Correio do Estado Midiamax
Rede MS
69
O único veículo a declarar que há autonomia na publicação de conteúdo é
a Rede Record67. No entanto, as notícias têm o crivo do próprio portal, que tem
plena ciência das regras editoriais e empresariais do grupo Rede MS.
No Gráfico 11, as equipes destinadas aos portais de internet dos grupos de
comunicação são reduzidas, se comparadas com o veículo principal. Entretanto,
essa diferenciação não se aplica ao grupo Midiamax, no qual o meio on-line é o
principal. Praticamente, todos os profissionais que trabalham no portal geram
também conteúdo para o impresso. Ao todo, são 25 jornalistas, dois produtores
de conteúdo, 18 colaboradores e 10 colunistas.
O mesmo acontece com o grupo Feitosa. A única função exclusiva do portal
é o de webdesigner. Os seis jornalistas, um produtor de conteúdo, dois
estagiários e 20 colunistas têm o conteúdo publicado tanto no impresso, quanto
no portal.
Gráfico 11: Como é composta a equipe de ciberjornalismo?
Fonte: Números obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
No grupo Correio do Estado, por exemplo, são cinco repórteres, um editor
e um webdesigner, os quais se revezam em dois turnos de trabalho. No RMC, a
equipe é formada por um editor-chefe, sete jornalistas (dos quais dois são
67 Informações concedidas pelo editor Marcelo Varela.
CORREIO DO ESTADO
RECORDMORENA
FEITOSAMIDIAMAX
11
11
1
5
47 6 25
02 4 2
0
11 1 1 2
Como é composta a equipe de ciberjornalismo?
Editor Repórter Estagiário Webdesign
70
editores), quatro estagiários e um editor de vídeos e imagens, que produzem
conteúdo para o portal em dois turnos (7h às 14h e 14h às 21h). A Rede MS
conta com um editor, dois estagiários, quatro repórteres e um produtor de
conteúdo (webdesigner).
Quanto às exigências para contratação de profissionais para integrar a
equipe dos portais dos grupos de comunicação, os gestores entrevistados
explicaram que o único pré-requisito é que o jornalista ou estagiário tenha um
bom texto para o meio on-line. Na Tabela 1, não são necessários conhecimentos
em informática, edição de áudio e vídeo, ou ter outro idioma.
Tabela 1: Quais as exigências para um ciberjornalista? Que tipo de formação além da jornalística ele necessita?
EXIGÊNCIAS
GRUPOS DE COMUNICAÇÃO
Curso de Informática
Edição de vídeo ou áudio
Escrever para o meio on-line
Outro idioma
RMC
x
CORREIO DO ESTADO
x
MS RECORD
x
FEITOSA
x
MIDIAMAX
x
Fonte: Resultados obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
Em todos os grupos, o treinamento para o uso de ferramentas de
informática é feito após contratação. Não há um padrão, visto que cada veículo
utiliza uma ferramenta própria, com recursos diversos. No grupo RMC, é
disponibilizado treinamento para edição de áudio e vídeo, embora haja um
profissional específico para esta função.
Entre as dificuldades encontradas nas redações dos portais, apontadas
pelos editores e gestores dos grupos de comunicação, apresentadas no Gráfico
12, estão a estrutura disponível para execução do trabalho (veículo,
71
equipamentos, computadores), o tempo (deadline), equipe reduzida e equipe
despreparada.
Gráfico 12: Qual a maior dificuldade encontrada na redação on-line?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
4.3. Categoria Tecnológico
No questionário aplicado aos veículos de comunicação, buscou-se
entender quais mudanças tecnológicas implantadas nas redações possibilitam a
publicação de conteúdo convergente, qual estrutura está disponível para que
este processo aconteça e se, realmente, são utilizadas novas linguagens na
produção de notícias.
O primeiro questionamento é se foram criadas ou adaptadas soluções
tecnológicas com foco no compartilhamento de conteúdo entre os veículos do
grupo e quais foram elas. A segunda pergunta é se todos os veículos do grupo
Estrutura28%
Tempo9%
Equipe reduzida27%
Equipe despreparada
18%
Mesmas dificuldades das demais redações
18%
Qual a maior dificuldade encontrada na redação on-line?
72
fazem parte de uma rede única de produção, edição e publicação de conteúdo.
A terceira dúvida era se os profissionais dos veículos utilizam equipamentos e
softwares com foco na criação e publicação do conteúdo em diversos meios (TV,
rádio, jornal, impresso, web).
Em 40% dos grupos, como é observado no Gráfico 13, houve criação ou
adaptação de soluções que, em uma primeira etapa, serviam apenas para um
dos veículos e, posteriormente, foram compartilhadas com todos os veículos do
grupo ou parte deles.
Gráfico 13: Foram implantadas soluções tecnológicas com foco no compartilhamento de conteúdo entre os veículos do grupo?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
No grupo Rede MS, não foram criadas soluções tecnológicas específicas
para compartilhamento de conteúdo 68. Entretanto, adaptou-se o Newscom, um
programa utilizado pela TV MS Record, pelo qual o portal tem acesso às
68 Informações obtidas com editor do portal, Marcelo Varela.
SIM40%
NÃO60%
Foram implantadas soluções tecnológicas com foco no compartilhamento de
conteúdo entre os veículos do grupo?
SIM
NÃO
RMC Rede MS
Correio do Estado Feitosa Midiamax
73
matérias, notas, pautas e aos espelhos dos telejornais locais, como MS Record
e Record Rural.
Gráfico 14: Todos os veículos do grupo fazem parte de uma rede única de produção, edição e publicação de conteúdo?
Fonte: Percentuais obtidos por meio de questionário adaptado, anexo neste trabalho.
Cada veículo do grupo Rede MS tem sua rede única de produção, edição,
publicação de conteúdo, com exceção do MS Record.com.br, ilustrado no
Gráfico 14, que disponibiliza boa parte do conteúdo da TV, de forma escrita para
web e vídeo. Profissionais dos veículos não utilizam equipamentos e softwares
para criação e publicação do conteúdo em diversos meios.
Os jornalistas utilizam na TV MS Record o Newscom, que é uma plataforma
direcionada à produção de TV, como inserção de pautas, matérias, espelhos,
tempo de narração, teleprompter, etc. No MS Record.com.br, é utilizado um
sistema de jornalismo chamado SGI (Sistema Geral de Informações), que
possibilita criar diversas funções no sítio web, como inserção de notícias, fotos,
vídeos, enquetes, fóruns, serviços (links ou atalhos), diagramação da capa,
direcionamento de conteúdo, como editorias específicas (cidades, política,
esportes, entretenimento etc.).
SIM60%
NÃO40%
Todos os veículos do grupo fazem parte de uma rede única de produção,
edição e publicação de conteúdo?
SIM
NÃO
RMC Correio do Estado Rede MS
Feitosa Midiamax
74
No Diário Digital, não se utilizam as pautas e matérias do sistema da TV e
do portal, por uma opção editorial69. Os assuntos escolhidos são independentes
do que é publicado nos demais veículos, embora se utilizem de assuntos
factuais. Para escrever as matérias, os profissionais utilizam o software Microsoft
Word, e, na diagramação, optou-se pelo Adobe inDesign. Com visual de jornal
impresso, mas publicado na internet, o Diário Digital traz somente textos e fotos.
Houve algumas tentativas de incluir áudio e vídeo em algumas matérias, mas o
acesso ficou lento, e retiraram-se as opções multimídia. É projeto retornar ao
modelo, assim que houver melhor velocidade da internet para os leitores.
Atualmente, são três edições diárias: a primeira, à meia-noite; a segunda, às 14
horas; e a terceira, às 18 horas.
A rádio FM Cidade, também, utiliza o Microsoft Word para fazer as laudas
e os textos para narração. Não há integração com o sistema Newscom e nem
mesmo com o conteúdo dos demais veículos do grupo. Caso queiram utilizar o
conteúdo publicado no portal, os profissionais da rádio devem acessar a internet
como um leitor comum.
Na Rede Mato-Grossense de Comunicação, as redações do portal G1 MS
e TV Morena foram integradas por meio do Newscom, sistema de gerenciamento
de conteúdo. É por ele que os profissionais têm acesso a matérias, notas, pautas
e aos espelhos dos telejornais e outros programas.
Somente a equipe do portal utiliza o sistema de propriedade do G1
Nacional. Não há acesso de pessoas da redação da TV. Para importação,
captura e edição do material em vídeo que será publicado no portal, utilizam-se
os programas Final cut, Adobe Premier e Aurora, exclusivos para esse fim. Para
produção e edição de texto usam apenas o Newscom.
Profissionais dos veículos não utilizam equipamentos e softwares para
criação e publicação do conteúdo em diversos meios. O que se faz é apenas a
conversão do material publicado para seu meio específico.
69 Entrevista com o editor Laureano Secundo, concedida em 20 de outubro de 2013
75
No grupo Correio do Estado, apenas o portal e o jornal participam de uma
rede única de computadores. Não foi criado ou adaptado sistema algum com
foco na integração das redações. No impresso, são utilizados os softwares Word,
inCopy e inDesign para produção e diagramação de conteúdo para a versão
impressa. Alguns profissionais trabalham o conteúdo diretamente, no modelo de
página já diagramado; outros preferem produzir em um editor de textos de
delegar a diagramação aos paginadores.
No portal Correio do Estado, utiliza-se de um sistema de propriedade do
grupo para gerenciamento de notícias, que funciona diretamente conectado à
internet. Por meio dele, repórteres e editores do portal têm permissão de publicar
textos, fotos, vídeos, áudios ou animações. Somente a redação do portal tem
logins e senhas; repórteres e editores da redação do impresso só acessam com
prévia autorização do editor-chefe ou da direção.
Com a rede de computadores, profissionais das redações do portal e
impresso podem fazer o login em sua máquina e, dependendo da sua função,
ter acesso a pastas com arquivos de textos, fotos e páginas finalizadas da edição
do próximo dia e de edições passadas. O jornal oferece estrutura física para
conteúdo em vídeo e áudio. Contudo, atualmente, praticamente 100% das
matérias contêm apenas textos e fotos.
Profissionais dos veículos não utilizam equipamentos e softwares com foco
na criação e publicação do conteúdo em diversos meios. O que se faz é apenas
a conversão do material publicado para seu meio específico.
As rádios Cultura AM e FM Mega 94, que estão em endereços diferentes,
não têm qualquer integração com as redes do portal e jornal Correio do Estado.
Especificamente, para o conteúdo jornalístico, as rádios utilizam o software
Microsoft Word para as laudas de notícias.
Como as redações do portal e jornal do Grupo Feitosa são totalmente
integradas, a ponto de os profissionais que publicam conteúdo para o portal
gerarem também matérias para a versão impressa, a rede de dados utilizada é
76
a mesma. Não foram implantadas soluções para esta integração. Segundo o
diretor Enrico Feitosa, muitas vezes, o conteúdo é aplicado no jornal e no portal,
ao mesmo tempo; somente a data de publicação difere, uma vez que o impresso
sai aos domingos, e o portal é diário.
A redação do impresso utiliza os softwares Microsoft Word para digitação
de matérias, e o Adobe inDesign para diagramação. O portal funciona por meio
de um sistema próprio de publicação, pelo qual os jornalistas têm a possibilidade
de inserir textos, fotos, vídeos, áudio, animações, entre outros recursos
multimídia. Apenas textos e fotos são usados. Os repórteres e fotógrafos são
instruídos, em casos específicos, a gravarem as entrevistas e fazerem pequenos
vídeos para, caso seja necessário, publicarem o conteúdo no portal. Todavia, é
muito raro que isso aconteça. Em geral, não utilizam equipamentos e softwares
visando à criação e publicação do conteúdo em diversos meios. O que se faz é
apenas a conversão do material publicado para seu meio específico.
A exemplo do grupo Feitosa, o grupo Midiamax, também, utiliza a mesma
rede e o mesmo conteúdo, tanto para o portal Midiamax, quanto para o Midiamax
Diário. Todos os jornalistas têm acesso ao sistema próprio de inserção de
notícias na internet e, também, à rede que permite abrir e editar as páginas da
versão impressa. No impresso, utilizam-se os softwares Microsoft Word e Adobe
inDesign para diagramação das páginas. Não há qualquer integração entre os
sistemas; não foram criadas ou adaptadas soluções para o uso em conjunto.
O conteúdo do portal é, essencialmente, formado por texto e fotos. No
Midiamax, é muito raro utilizar vídeos, áudios ou animações. Como há pouca ou
nenhuma diferença entre o texto da internet e o publicado na versão impressa,
muitas matérias são feitas para os dois meios ao mesmo tempo. Os profissionais
dos veículos não utilizam equipamentos e softwares com objetivo de criar e
publicar o conteúdo em diversos meios. O que se faz é a conversão do material
publicado de um meio, para outro.
77
4.4. Discussão
Após identificar as dimensões empresarial, profissional e tecnológica dos
veículos que integram os grupos de comunicação de Campo Grande, é preciso
discutir em que momento este processo se encontra atualmente e, para onde ele
vai (SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008). Quando se fala sobre convergência,
vem logo, à mente, profissionais de redações distintas, de veículos diferentes,
trabalhando integrados em prol da produção de conteúdo multimídia. Caso isso
não aconteça, a tendência é que se chegue à conclusão de que a convergência
fracassou.
O fato é que as palavras “convergente” e “integrada” levam a crer que têm
o mesmo significado. Entretanto, segundo Salaverría (2008), convergência é
um processo dinâmico, inacabado. Comparativamente, é como se fossem várias
linhas que vão em uma mesma direção; convergindo. A partir do momento que
elas se encontram, aí, sim, há a integração. “[...] um método de trabalho que
reflete tanto as possibilidades tecnológicas quanto as demandas de um público
cada vez mais treinado e interessado nos meios” (SALAVERRÍA E NEGREDO,
2008, p. 50, tradução nossa)70. O autor explica que esta nova cultura jornalística
é formada por uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e
linguagens.
García Avilés e Salaverría (2008) corroboram esta interpretação.
O grau mínimo corresponde àquelas empresas jornalísticas cujos meios mantêm uma situação de plena desvinculação, tanto no que se refere a suas redações quanto a seus respectivos conteúdos e processos de trabalho; são meios independentes para todos os efeitos. Nos graus sucessivamente mais convergentes, tanto as equipes das redações quanto os conteúdos de distintos meios tendem a se coordenar cada vez
70 .”[...] un método de trabajo que refleje tanto las posibilidades tecnológicas como las exigencias de un público cada vez más capacitados e interesados en los medios de comunicación”.
78
mais entre si (mediante as estratégias de promoção cruzada de conteúdos, planificação combinada, etc), até culminar hipoteticamente no grau máximo da convergência: a integração (GARCÍA AVILÉS e SALAVERRÍA, 2008, p. 34, tradução nossa)71.
Não é de hoje, que o conceito de integrar os elos da cadeia comunicacional
permeiam os estudos na área. O termo integração associado às praticas
comunicacionais consta nos estudos de comunicação de Margarida Kunsch. A
autora faz uso da nomenclatura desde o início da década de 1980, para abordar
a temática da “comunicação organizacional integrada”, com base no tripé que
envolve a Comunicação Institucional, Comunicação Interna e Comunicação
Mercadológica (KUNSCH, 2009). Nesse contexto, detalha a autora, passa a ser
estabelecida uma cadeia comunicacional que comporta a somatória de
profissionais diversos que passam a trabalhar em prol de objetivos mútuos.
É uma disciplina que estuda de que forma se processa a comunicação nas organizações no âmbito da sociedade global e como fenômeno inerente à natureza das organizações e aos agrupamentos de pessoas que a integram. Além disso, configura as diferentes modalidades comunicacionais que a permeiam, compreendendo, dessa forma, a comunicação institucional, a mercadológica, a interna e a administrativa (KUNSCH, 2009, p. 79).
As reconfigurações das práticas comunicionais, bem como as
possibilidades de atuação são amplificadas todas as vezes que a sociedade se
organiza, mobiliza-se e assume novas posturas comportamentais (RECUERO,
2012). A intervenção das tecnologias digitais da informação e comunicação,
popularizada pelos sítios web de mídias sociais, como Facebook e Twitter,
sinalizam novos rumos para o fazer jornalístico.
Isso quer dizer que o formato, a linguagem e a distribuição passam por
múltiplas plataformas, com suas mensagens adaptadas ou, no mínimo,
71 “El grado mínimo corresponde a aquellas empresas periodísticas cuyos medios mantienen una situación de plena desvinculación, tanto en lo que se refiere a sus salas de redacción como a sus respectivos contenidos y procesos de trabajo; son medios independientes a todos los efectos. En los grados sucesivamente más convergentes, tanto los equipos redaccionales como los contenidos de distintos medios tienden a coordinarse cada vez más entre sí (mediante estrategias de promoción cruzada de contenidos, planificación combinada, etc.), hasta culminar hipotéticamente en el grado máximo de la convergencia: la integración.”.
79
potencializadas, a cada novo suporte. Os desafios do jornalismo, agora digital,
de acordo com Pollyana Ferrari, promovem uma visão multidisciplinar que visa
“preparar as redações, como um todo, e aos jornalistas em particular, para
conhecer e lidar com essas transformações” (FERRARI, 2003, p. 39).
Não é por acaso, que a evolução tencológica, especialmente a
popularização das mídias móveis, sinaliza uma quinta geração para as práticas
jornalísticas: a do continuum midiático (BARBOSA, 2013). Mais que
possibilidades técnicas, os smartphones e tablets “são os novos agentes que
reconfiguram a produção, a publicação, a distribuição, o consumo e a recepção
de conteúdos jornalísticos em multiplataformas” (BARBOSA, FIRMINO DA
SILVA, NOGUERIA, 2012, p. 42). Os autores ressaltam os novos rumos para os
produtos jornalísticos por meio do uso de aplicativos denominado autóctones.
Nesse contexto, o questionamento feito é: em que momento o processo de
convergência se encontra e para onde ele vai? Salaverría e Negredo (2008)
estabelecem níveis de convergência em quatro fases:
Em primeiro lugar, unifica as ferramentas.
Em seguida, propicia a fusão das salas de redação.
Em terceiro lugar, em consequência da segunda, promove a
reorganização dos métodos de trabalho.
Na quarta fase, enfim, obtêm-se linguagens adequadas para cada
suporte, ou seja, o jornalista trabalha para um só meio e distribui por
meio de múltiplas plataformas. (SALAVERRÍA e NEGREDO, 2008).
Neste contexto, o que se percebe neste estudo é que, em diversos graus,
o que se encontra nos grupos de comunicação de Campo Grande são etapas
distintas de convergência.
80
As entrevistas com gestores, editores e repórteres envolvidos na pesquisa
mostraram que, se forem considerados todos os veículos, alguns grupos ainda
se encontram na primeira fase, que envolve unificar os instrumentos e
tecnologias com que trabalham os jornalistas. Isso acontece com a Rede MS,
grupo Correio do Estado e grupo Feitosa que, embora tenham integração
tecnológica entre seus veículos principais e seus respectivos portais, distanciam-
se das rádios e, no caso da Rede MS, também, do jornal Diário Digital.
Outros grupos encontram-se na segunda fase, voltada para a fusão das
redações. Este é o caso da Rede Mato-Grossense de Comunicação, que
congrega dois veículos, TV Morena e G1; e Grupo Midiamax, que reúne o portal,
o jornal diário e os painéis de LED. Os demais grupos não foram considerados
nesta fase, porque, no caso do Correio do Estado, apenas o jornal e portal
compartilham a mesma redação, enquanto as equipes das rádios situam-se em
endereços diferentes. A Rede MS tem todos os seus veículos em salas
separadas e, no caso da rádio, em andar diferente do mesmo prédio. O grupo
Feitosa situa-se no mesmo prédio, mas a rádio fica em um andar diferente.
Não se observou, na pesquisa, uma reorganização dos fluxos e métodos
de trabalho e, nem mesmo, a exploração de novas linguagens jornalísticas
multimídia, principalmente, nos grupos que utilizam o mesmo conteúdo para
mídias diferentes, como o é caso dos grupos Midiamax e Feitosa.
Os resultados indicam que são veículos que, embora unidos fisicamente,
trabalham em suas próprias rotinas, focados em seus produtos, seja jornal
impresso, telejornal, programa de rádio ou sítio de notícias. Canavilhas (2012)
defende que, quando é desconsiderada a adaptação do conteúdo para cada
suporte, o fenômeno deve ser caracterizado como remediação, uma das fases
do processo convergente. Como assegura esse autor, em Portugal, “jornais,
rádios e televisões continuam a evoluir num processo de remediação havendo
poucos exemplos de convergência de conteúdos” (CANAVILHAS, 2012, p. 11).
81
Com a internet e com a transposição dos conteúdos dos jornais, rádios e televisões para as páginas web, os media criaram uma sensação de multimedialidade que não é mais do que uma oferta tripla da mesma informação (Canavilhas, 2012, p.17).
Embora o objetivo dessa pesquisa não seja verificar o conteúdo publicado
pelos veículos, por meio da análise das rotinas produtivas das redações,
baseado nas perguntas nas categorias empresarial, profissional e tecnológica,
foi possível identificar que, em 100% dos grupos, há apenas remediação do
conteúdo, e estes não se utilizam de equipamentos e softwares que visem à
criação e publicação do conteúdo em diversos meios.
No grupo Correio do Estado, por exemplo, o conteúdo do jornal impresso é
publicado integralmente, no portal, para assinantes, no formato original standard,
com recurso em flash, que permite ao leitor “folheá-lo”, com opção para baixá-lo
em PDF. Na Rede Record e Rede Mato-Grossense de Comunicação, todos os
telejornais e programas regionais são publicados integralmente, em seus
respectivos portais, da mesma forma que vão para a TV. Nos grupos Feitosa e
Midiamax, não há diferenciação do que é publicado nos portais e nos impressos.
Há ações, em grande parte dos grupos, com objetivo de integrar conteúdo
de todas as redações em prol de seus portais na internet. Esses processos ainda
se encontram nos níveis empresarial e tecnológico. Investe-se em
equipamentos, softwares e estruturas físicas que facilitem a convergência dos
meios, mas há dificuldades na criação de um modelo de trabalho que permita a
produção convergente entre várias redações.
Em suas pesquisas com veículos de comunicação nos Estados Unidos e
na Europa, Salaverría e Negredo (2008) explicam que muitos grupos, na hora de
implantar processos de convergência nas redações, optam por manter uma certa
autonomia das redações que pretendem integrar.
Na Rede Mato-grossense de Comunicação, apesar de os veículos estarem
na mesma redação, as produções de conteúdos são distintas, embora haja
cooperação na composição das pautas. Profissionais da TV Morena não fazem
82
reportagens focadas no portal G1 MS e vice-versa. Por isso, na cobertura de um
fato externo, são deslocados repórteres, fotógrafos e cinegrafistas dos dois
veículos para um mesmo local. Como os veículos não fazem parte de uma
empresa, embora estejam na mesma redação, há como regra limitar esta
cooperação a fim de evitar problemas trabalhistas.
No grupo Correio do Estado, tentou-se há alguns anos fazer com que
repórteres e editores do impresso escrevessem, também, para o portal. De
acordo com editor-chefe, Ico Victório, “a experiência não deu certo, pois
comprometeu a rotina de produção do impresso, e houve atrasos nos
fechamentos”. Juridicamente, não haveria problema algum em utilizar
profissionais para os dois meios, uma vez que o profissional é contratado para
uma única redação.
Embora editorialmente configure-se como um veículo de comunicação
distinto dentro do grupo, o portal Correio do Estado, juridicamente, não é uma
empresa com outro CNPJ, mas, sim, uma “editoria” da redação do jornal Correio
do Estado. No registro funcional dos profissionais de redação, não há qualquer
diferença entre on-line ou impresso, incluindo carga horária de trabalho ou
remuneração. Somente nas rádios, não há qualquer integração, uma vez que,
estas, sim, são registradas com outros CNPJ e políticas salariais diferentes.
Na Rede MS, que conta com quatro veículos (TV MS, Portal MS Record,
Rádio FM Cidade e Jornal Diário Digital), a produção de conteúdo pelos
profissionais é focada apenas no conteúdo de seu meio. O que ocorre,
posteriormente, é a simples conversão do vídeo ou áudio para o portal. As
entrevistas mostraram que há uma maior integração entre a TV e o portal na
chamada de telejornais, enquetes com o telespectador, divulgação de assuntos
nas redes sociais, transmissão ao vivo dos telejornais e programas regionais e,
principalmente, na disponibilidade dos vídeos com programas e telejornais
anteriores no portal para serem assistidos onde e quando quiser. O Diário Digital
e a Rádio FM Cidade têm pouca ou nenhuma integração com os demais veículos
do grupo, muitas vezes, nem mesmo participando de reuniões de pauta.
83
Salaverría e Negredo (2008) relatam que os jornalistas que se opõem à
integração das redações dizem que esta prática tende a uniformizar os
conteúdos, de modo que todos os meios acabam por oferecer o mesmo produto,
mas em diferentes suportes. Dizem, também, que as redações convergentes
multiplicam as responsabilidades e tarefas instrumentais, o que limita sua
capacidade de aprofundar a informação (SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008).
Nesta pesquisa, verificou-se que uma possível integração de redações
esbarra na capacitação técnica dos profissionais. Nenhum portal dos grupos
pesquisados exige, na contratação, que o jornalista ou estagiário tenha
conhecimentos técnicos para utilizar equipamentos multimídia ou softwares para
edição de vídeo, áudio, animação, entre outros. A única exigência é que tenham
uma boa redação jornalística para o meio internet. Também, não é exigido
conhecimento em outro idioma. Na Rede Mato-Grossense de Comunicação,
disponibilizam-se, após a contratação, cursos para os profissionais do portal G1
MS aprenderem a editar vídeos e usar as ferramentas disponíveis no sistema de
gerenciamento de notícias. O mesmo acontece na Rede MS. Não há, nos grupos
de comunicação, preocupação na formação de estagiários ou jornalistas quanto
ao uso de ferramentas multimídia ou recursos para a internet. Quando o
profissional não sabe utilizar, os veículos orientam o trabalho, normalmente, para
um webdesigner integrante da equipe.
84
5.0 Considerações Finais
Por meio desta pesquisa, verificou-se que, nos cinco grupos de
comunicação pesquisados em Campo Grande, a exemplo dos veículos
pesquisados nos Estados Unidos e na Europa, por Salaverría e Negredo (2008),
não existe um padrão único para os processos de convergência das redações;
não há uma receita. Cada grupo jornalístico tem seus objetivos e suas
peculiaridades. É preciso que avaliem vários aspectos, como o perfil, a audiência
dos seus meios, as rotinas de produção dos veículos, as estratégias comerciais,
a reorganização das chefias, as questões salariais, a polivalência funcional,
entre outros.
Com características essencialmente locais e regionais, estes grupos, de
acordo com Salaverría e Negredo (2008), têm fronteiras mais abertas, redações
mais fluidas, flexíveis e informais.
O jornalismo local, metropolitano e regional é muito propício para a introdução de jornalistas móveis na cobertura diária [...] Neste âmbito também se encaixam parcerias de veículos que não são do mesmo grupo, mas podem complementar a oferta, ao mesmo tempo melhorar a sua distribuição e valor para o seu produto. (SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008, p. 131, tradução nossa)72.
Em sua maioria, os grupos de comunicação investiram em tecnologia com
o objetivo de facilitar a troca de informações entre os veículos e dar maior
visibilidade aos seus produtos jornalísticos.
As entrevistas com gestores e editores que acompanharam o processo de
convergência desde o início em seus grupos mostram que eles têm consciência
da redução da audiência dos meios tradicionais e da necessidade de mudanças
e adaptações para obter melhores resultados no on-line, por meio de seus
portais. Houve aumento nos investimentos em equipamentos, adoção de
72 “El periodismo local, metropolitano e regional es muy propicio para la introducción de backpack journalists o mobile jornalistas em la cobertura diária [...] En este ámbito también caben las alianzas com médios que no son del mismo grupo, pero que pueden complementar la oferta, al mismo tempo que mejoran su distribución y rentabilizan su produto”.
85
tecnologias, reformulações de sítios web e sistemas de gerenciamento de
notícias, bem como, em alguns grupos, incremento do efetivo de profissionais
para o meio on-line. Outros, mantiveram ou reduziram suas equipes focadas no
meio digital.
Outra dificuldade encontrada pelos grupos de comunicação de Campo
Grande é como fazer com que suas equipes de diferentes redações trabalhem
de forma integrada. As peculiaridades de linguagem, rotinas de produção,
horário de fechamento, aliadas a equipes reduzidas, impossibilitam que haja
produção para dois ou mais meios, por profissionais de uma mesma redação.
Os grupos Midiamax e Feitosa adotaram o modelo no qual o conteúdo
publicado na versão on-line é o mesmo do impresso, com pouca ou nenhuma
alteração. Os grupos Correio do Estado, RMC e Rede MS compartilham parte
de seu conteúdo entre seus veículos, com pouquíssimo envolvimento de
profissionais para adaptações de linguagem, apenas fazem transposição do
conteúdo jornalístico para outra plataforma. É o que Canavilhas (2012) chama
de remediação.
Este estudo mostra que os grupos de comunicação de Campo Grande têm
buscado, nos últimos anos, uma forma de os meios off e on-line coexistirem; só,
ainda, não sabem qual é a fórmula. O fato é, afirmam Salaverría e Negredo
(2008), que nenhum veículo no Brasil ou no mundo encontrou um modelo que
funcione para todos os mercados.
Não existe um padrão único para processos de convergência da redação, que pode ser aplicado de uma maneira geral. Cada grupo deve avaliar aspectos como o perfil e comportamento do público de seus meios de comunicação, os ciclos de produção de cada redação, tecnologias disponíveis, as estratégias comerciais de médio e de longo prazos, a diferença salarial entre jornalistas e outros [...] Todos esses fatores, que podem parecer pequenos, certamente não são irrelevantes e determinam para onde e como se deve avançar o processo de convergência dentro de determinado grupo jornalístico. (SALAVERRÍA E NEGREDO, 2008, p. 52, tradução nossa)73.
73 “...No existe um patrón único para los procesos de convergencia de redacciones, que pueda ser aplicado de manera general. Cada grupo debe evaluar aspectos com el perfil y el comportamiento de las audiencias
86
Salaverría e Negredo (2008) enfatizam que é preciso que os grupos de
comunicação, antes de iniciarem um processo de convergência, escutem seus
jornalistas. O êxito da integração passa, obrigatoriamente, pela adesão dos
profissionais ao projeto, e a desconfiança é o principal entrave.
Entre as maiores críticas, estão que a integração é apenas uma estratégia
empresarial focada na redução de custos, e a figura do jornalista multimídia é
uma farsa. Por outro lado, os autores apontam saídas para tornar o processo
menos traumático, como uma melhor formação dos jornalistas, mesclagem do
conhecimento dos profissionais veteranos com os mais novos que detém
habilidades digitais; ajuste de salários de acordo com as novas funções e
estrutura empresarial; colocação de profissionais que entendam dos meios
digitais em cargos de chefia; e planejar uma integração verdadeira, evitando,
assim, que o processo seja interpretado como uma absorção do veículo menor
pelo veículo principal.
Diante dessas dificuldades, observa-se que os grupos pesquisados
optaram por manter um certo grau de autonomia de seus veículos, o que altera
timidamente a rotina produtiva de suas equipes nos diferentes meios. Mesmo as
redações que eliminaram as paredes físicas continuam a ter “paredes virtuais”,
as quais dividem muito bem funções e tarefas na produção de notícias para o
seu próprio meio. A sensação de convergência, portanto, acontece apenas na
fase final, durante o processo de conversão do conteúdo de um meio para o
outro.
Editores de alguns dos grupos pesquisados foram enfáticos em dizer que
não há como fazer um jornalista fazer um trabalho bem feito trabalhando para
dois ou mais veículos ao mesmo tempo. Há peculiaridades na rotina de produção
que impedem, por exemplo, que um profissional de impresso ou site crie
matérias para TV e rádio em uma mesma saída para uma reportagem externa.
de sus medios, los ciclos de producción em cada uma de las redacciones, las tecnologías disponibles, las estrategias comerciales a medio y largo plazo, las eventuales diferencias salariales entre unos periodistas y otros [...] Todos estos factores, que pueden parecer pequeños, desde luego no son irrelevantes y determinam em su conjunto hasta dónde y cómo debe avanzar ele proceso de convergencia em el seno de um determinado grupo periodístico”.
87
A integração das redações ainda está na etapa de uma tímida colaboração
de pautas e troca de matérias que são pouco adaptadas para o veículo de
destino. Com equipes cada vez mais reduzidas, os grupos buscam ampliar
funções de editores e repórteres de alguns veículos de modo que o conteúdo
gerado seja também aproveitado em outras mídias do grupo. No entanto, essa
estratégia mostrou-se falha, pois, de acordo com editores e gestores, fez cair a
qualidade da apuração, produção e da notícia.
Embora tenha havido investimento em tecnologia computacional por parte
dos grupos com o propósito de facilitar a produção e edição de matérias, pouca
ou nenhuma ferramenta é utilizada com o propósito de integrar o conteúdo dos
veículos do grupo. Muitas vezes, o profissional de um veículo só tem acesso a
uma determinada matéria de outro veículo do mesmo grupo depois que é
publicada para o público. A falta de integração das redes de computadores e de
um sistema único que permita a consulta e troca de informações entre os
jornalistas do grupo é o principal problema.
Em todos os grupos, há a figura do “veículo carro-chefe”: aquele que é o
principal tanto no aspecto editorial, quanto no financeiro. Nele é que são
destinados os maiores investimentos, número de profissionais e estrutura. Os
“veículos secundários”, embora façam parte do grupo, têm um número muito
menor de profissionais e estrutura inferior. Os veículos on-line e as rádios, em
geral, são os que detém menor estrutura física e profissional.
A capacitação técnica para trabalhar no meio digital não é uma
preocupação dos grupos de comunicação. Não se exige conhecimento de
utilização das novas tecnologias por parte dos jornalistas que integram equipe
do veículo online. A única exigência é que o profissional apenas saiba escrever
no ritmo de publicação de um site de notícias. O resultado é que, com isso,
quando não há profissionais dedicados à criação de conteúdo, a única linguagem
utilizada nos portais é a escrita. Com raras exceções, grande parte dos veículos
on-line integrantes dos grupos de comunicação não utiliza vídeos, animações,
áudio, etc. Com isso, o conteúdo on-line publicado, em geral, não passa de uma
adaptação do material dos demais veículos.
88
De uma forma geral, os grupos de comunicação de Campo Grande, a
exemplo de outros grupos do país e do mundo, buscam uma solução para a
queda nas vendas de periódicos e da audiência dos veículos tradicionais para a
internet. O desafio, de acordo com os gestores, é equalizar a produção
jornalística no meio on-line com os custos de produção. A maioria dos grupos
tem sua renda principal baseada em veículos tradicionais (TV, rádio, jornal) e
“subsidia” a estrutura do veículo on-line como forma de “marcar presença” na
internet. Mesmo que haja empenho, vontade e capacitação para mudar
paradigmas do modo como se faz jornalismo na internet, é preciso que alguém
esteja disposto a pagar por isso.
Conforme pontuou Luciana Mielniczuk, durante o IV Simpósio de
Ciberjornalismo, realizado na UFMS, em agosto de 2013, em Campo Grande-
MS, “ainda somos cabeças analógicas pensando jornalismo digital”. Talvez, nos
próximos cinco ou dez anos, quando, enfim, a geração de fato digital assumir
cargos de chefia nas redações, será possível perceber quais são as fronteiras
para essa modalidade profissional.
89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica: as técnicas do jornalismo. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990. 2v.
BARBOSA, Suzana. Jornalismo Convergente e o Continuum Multimídia na quinta geração no jornalismo em redes digitais. In. CANAVILHAS, João (org.). Notícias e Mobilidade: O Jornalismo na Era dos Dispositivos Móveis. Vol. 1 - Covilhã: LabCom, 2013.
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APÊNDICE
Modelo de questionário aplicado aos gestores, editores e repórteres dos grupos de comunicação: Rede MS, Rede Mato-Grossense de Comunicação, grupo Correio do Estado, grupo Midiamax e grupo Feitosa.
Questionário Pesquisa
Redações integradas: convergência jornalística nos grupos de comunicação de Campo Grande/MS
Nome do grupo de comunicação: ___________________
Categoria Empresarial
1. Quais veículos fazem parte do seu grupo de comunicação?
2. Estes veículos ficam:
( ) No mesmo prédio
( ) No mesmo andar
( ) Em prédios diferentes, mas na mesma área
( ) Em áreas e endereços diferentes
3. Você considera que os veículos do seu grupo de comunicação têm trabalho convergente? Explique:
( ) Sim
( ) Não
4. A remuneração dos que trabalham nas diferentes redações é:
( ) A mesma para todos
( ) Diferente
( ) Depende da função. Explique
5. Foram feitas modificações estruturais nos veículos visando à convergência entre eles?
( ) Sim
( ) Não
Explique:
97
Categoria Profissional
6. Qual o perfil dos profissionais?
( ) Jornalistas formados. Quantos? ______
( ) Produtores de conteúdo. Quantos? _____
( ) Estagiários. Quantos? _____
( ) Colaboradores. Quantos? ______
( ) Colunistas. Quantos? _____
( ) Outros. Especificar. Quantos? ______
7. As informações levantadas pela redação são compartilhadas com o on-line e vice-versa?
( ) Sim
( ) Não
8. Há rotatividade ou aproveitamento de profissionais das redações dos meios tradicionais com a redação do on-line e vice-versa? Com que frequência isso acontece?
( ) sim
( ) não
9. Qual é a autonomia da redação On-Line?
( )Total
( ) Parcial
( ) Inexistente
10. Os jornalistas de TV, rádio ou jornal impresso também alimentam o sítio web de notícias?
( ) Sim
( ) Não
11. Quais as exigências para um ciberjornalista? Que tipo de formação além da jornalística ele necessita?
( ) Cursos de informática
( ) Edição de vídeo
( ) Escrever textos específicos para o meio on-line
( ) Outro idioma
( ) Outros; quais?
98
12. Como é composta a equipe de ciberjornalismo do veículo especificamente?
( ) Diretor de Redação
( ) Secretário de Redação
( ) Chefe de Redação
( ) Editor
( ) Repórteres. Quantos? _______
( ) Redatores. Quantos? _______
( ) Estagiários. Quantos? _______
( ) Outros. Quais? Quantos? ________
13. Qual a maior dificuldade encontrada na redação on-line?
( ) Estrutura - carro, equipamentos, computadores.
( ) Tempo - deadline
( ) Equipe reduzida
( ) Equipe despreparada
( ) Não há dificuldades diferentes das demais redações do grupo
Categoria Tecnológica
14. Foram implantadas soluções tecnológicas com foco no compartilhamento de conteúdo entre os veículos do grupo? Quais?
15. Todos os veículos do grupo fazem parte de uma rede única de produção, edição e publicação de conteúdo?
16. Os profissionais dos veículos utilizam equipamentos e softwares visando à criação e publicação do conteúdo em diversos meios (TV, rádio, jornal, impresso, web)? Comente:
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