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PS-GRADUAO LATO SENSU POR TUTORIA A DISTNCIA
Especializao em Proteo de Plantas
Mdulo 7 Controle de Doenas de Plantas
7.4 Fungicidas Sistmicos, Modo de Ao, Translocao e Uso
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Mdulo 7: 7.4 - Fungicidas sistmicos, modo de ao, translocao e uso2
DIRETORIA DA ABEAS
PresidenteJos Geraldo de Vasconcelos Baracuhy
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
1 Vice-Presidente
Ricardo Antonio de Arruda VeigaUniversidade Estadual Paulista - UNESP/Botucatu
2 Vice-PresidenteHelmut Forte Daltro
Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT
1 TesoureiroPedro Roberto Azambuja Madruga
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
2 TesoureiroRaimundo Pinheiro Neto
Universidade Estadual de Maring - UEM/PR
1 SecretrioGeraldo Andrade de Arajo
Universidade Federal de Viosa - UFV
2 SecretrioMoacir Cerqueira da Silva
Universidade Federal Rural da Amaznia UFRA
COORDENAO DE CURSOS DA ABEAS
Coordenao GeralEng. Agr. Ronaldo Pereira de Sousa
Coordenao PedaggicaProf. Thelma Rosane de SouzaEsp. em Educao a Distncia
APOIO AO CURSO
Universidade Federal de Viosa - UFVUniversidade Federal de Campina Grande - UFCG
Universidade Federal de Pelotas - UFPelEscola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/USP/Piracicaba
Universidade de Braslia - UnBPontficia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - PUC/RS
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA
Caixa de Assistncia dos Profissionais do Sistema CONFEA/CREAs - MTUAAssociao Nacional de Defesa Vegetal - ANDEF
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FONTE: IMAGENS DA CAPA
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PROTEO DE PLANTAS
Mdulo 7Controle de Doenas de Plantas7.4 - Fungicidas Sistmicos, Modo de Ao,Translocao e Uso
Tutor:Prof. Larcio Zambolim (UFV)
Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viosa - UFV
Centro de Cincias AgrriasDepartamento de Fitopatologia
Braslia - DF2006
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Ficha Catalogrfica
proibida a reproduo total ou parcial deste mduloDireitos reservados a ABEAS e ao autor
Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior - ABEASFungicidas Sistmicos, Modo de Ao, Translocao e Uso. Tutor: LarcioZambolim. Braslia, DF: ABEAS; Viosa, MG: UFV; 2006.
28.: il (ABEAS. Curso Proteo de Plantas. Mdulo 7 7.4).
Inclui bibliografia. Tabelas.
1. Fungicidas Sistmicos. 2. Modo de Ao, Translocao e Uso. I.Zambolim, Larcio. II. Universidade Federal de Viosa.
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Sumrio
Introduo, 06
Significado de um composto sistmico, 06
Penetrao, 09
Movimento dentro da Planta, 09
Toxicidade Seletiva, 12
Estabilidade metablica, 13
Vantagens do uso de fungicidas sistmicos, 13
Comparao entre os fungicidas sistmicos e os protetores, 14
Vias de penetrao de fungicidas sistmicos, 15Folhas, 15
Caule, 17
Raiz, 18
Semente, 20
Conseqncia do uso de fungicidas sistmicos, 21
Mecanismos de resistncia, 22
Como resistncia surge em condies de campo, 23
Literatura consultada, 25
Questes para discusso, 28
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Introduo
Muitos esforos foram feitos com o objetivo de desenvolver compostos qumicos que, aps
serem aplicados nas razes, nas folhas e nas sementes, possussem a capacidade de serem
absorvidos, translocados na planta, erradicarem os patgenos j estabelecidos, e por fim proteger as
plantas contra novas infeces. Os compostos que acumulam estas caractersticas so denominados
de fungicidas sistmicos, cuja era foi iniciada em 1964 com a publicao das propriedades
sistmicas do Thiabendazol e de alguns antibiticos. Mas o grande impulso no uso de fungicidas
sistmicos teve incio com a descoberta do Carboxin e do Benomyl, no fim da dcada de 1960.
Desde ento, grande nmero de compostos sistmicos aparecem no mercado. Atualmente, mais de
50 fungicidas sistmicos e mais de 100 fungicidas protetores so usados no mundo inteiro, no
controle de doenas de plantas.
Os fungicidas sistmicos pertencem a uma classe de produtos diferentes, pois, geralmente,
so muito especficos quanto ao modo de ao, e fungitxicos em baixas concentraes, quando
comparados com os produtos de contato. Quando foram descobertos, a dose recomendada era de
aproximadamente 1 a 2 kilogramas ou litros por hectare. Hoje, cerca de trinta anos aps a
descoberta desses produtos, comum encontrar fungicidas sistmicos recomendados na dose de 250
ml por ha, ou seja, dose de 4 a 8 vezes menor.
Significado de um composto sistmico
Os fungicidas protetores so, geralmente, fitotxicos s clulas das plantas; por este motivo
so seletivos e devem permanecer na superfcie da planta. Quando penetram na cutcula, podem
causar injrias s plantas. Os fungicidas sistmicos devem coexistir com as clulas da planta
hospedeira viva, requerendo, portanto, um tipo diferente de seletividade, que deve discriminar entre
as clulas do hospedeiro e do patgeno. Os fungicidas sistmicos, portanto, penetram na planta e
so txicos, seletivamente, aos processos vitais pertencentes dos fungos. O processo da seletividade
, geralmente, to especfico que, entre centenas de diferentes fungos que atacam as plantas,
somente certos grupos taxonmicos so afetados particularmente por cada fungicida sistmico. O
composto qumico sistmico deve ser prontamente assimilado pela planta, translocado, e inibir
infeces no local e distncia do local de aplicao, sem afetar os tecidos do hospedeiro; deve
matar o patgeno no interior dos tecidos, resistir rpida degradao e, se for decomposto nos
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tecidos da planta, seus subprodutos devem ser txicos ao patgeno. Nas plantas, os fungicidas
sistmicos podem ser metabolizados sofrendo oxidaes, redues, hidrlises, demetilao,
deacetilao ou formao de compostos conjugados, podendo ser inativados na molcula, ou
mesmo na degradao total a compostos simples tais como: CO2, H2O, nitrognio orgnico, etc.
Em certos casos, a aplicao de fungicidas sistmicos induz a produo de compostos qumicos na
planta, que atuam como defesa invaso do patgeno.
Em sntese, o que se requer de um produto sistmico ao distncia do local da aplicao
e persistncia no interior da planta. Os produtos que possuem ao sistmica local no apresentam
esta propriedade.
O stio de ao biolgica varia, portanto, entre os fungicidas sistmicos e protetores e entre
os diferentes grupos de fungicidas sistmicos (Figura 1). O stio de ao biolgica das fenilamidas
no ciclo de infeco de vrios Oomicetos, tem sido estudado. No caso da Plasmopara viticola, o
Metalaxyl no inibe a germinao do esporo e a penetrao inicial do fungo nas folhas da parreira.
Por outro lado, ele apresenta grande efeito inibidor a qualquer crescimento fngico dentro da folha,
aps a formao do haustrio. Os fungicidas protetores atuam apenas sobre a germinao dos
esporos e sobre o tubo germinativo (Figura 1).
Outra caracterstica dos compostos sistmicos a translocao ao longo da rota de
transpirao das plantas. As folhas so os rgos primrios de transpirao e o movimento dentro
da planta no sentido do sistema radicular para as folhas em expanso. Folhas muito jovens, flores
e frutos, por no transpirarem quantidades significantes de gua, recebem pequena quantidade de
fungicidas aplicados ao solo ou s sementes. de se esperar tambm que os frutos no recebam
resduos desses produtos.
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Figura 1. Stio de ao de diferentes grupos de fungicidas Antioomicetos no ciclo de vida de Phytophthora infestans.
(Schwinn e Staub, 1995)
Os fungicidas sistmicos so, portanto, produtos qumicos orgnicos absorvidos e
transportados dentro da planta. Poucos so os produtos considerados sistmicos no sentido estrito
da palavra, isto , aqueles cujo ingrediente ativo move-se intacto dentro da planta. No interior da
planta, esses produtos podem mover-se para stios metablicos ou translocar-se para os rgos de
transpirao da planta. As folhas expandidas so o principal rgo de transpirao da planta; folhas
novas, flores e frutos no transpiram quantidades significantes de gua; por isto mesmo recebem
somente pequenas quantidades de fungicidas.
Muitos dos fungicidas sistmicos atuam como fungistticos. Alguns podem atuar
diretamente, alterando o metabolismo do hospedeiro. As caractersticas ou propriedades doscompostos sistmicos com propriedades fungicidas ou fungisttica, em termos gerais, so:
penetrao, movimento dentro da planta, toxicidade seletiva e estabilidade metablica.
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Penetrao
No primeiro passo da translocao, o fungicida deve penetrar dentro da planta, seja por via
foliar, radicular, atravs do caule ou da semente. A cutcula foliar obviamente atua impedindo que
muitos fungicidas penetrem na planta, como ocorre no caso dos fungicidas protetores. O sucesso da
penetrao do fungicida depende de sua solubilidade relativa em lipdios. O fungicida deve, ainda
assim, ser dissolvido num solvente, sendo o mais comumente usado a gua. Portanto, alterando a
solubilidade em lipdios, obtm-se maior penetrao do produto atravs da cutcula. Mas deve-se ter
em mente que a adio de grupos alquil ou grupos lipofbeos ao composto pode alterar sua
fungitoxicidade. Em alguns casos, como o Tiofanato Metlico, que na superfcie foliar se degrada
em Metil Benzimidazole Carbamato, pela ao de luz ultravioleta e pH acima de 7,0, o fungicida
pode atuar como protetor e sistmico.
Por outro lado, o uso de formulaes em concentrado emulsionvel e disperso em leo, ao
invs de alterar a estrutura qumica dos compostos, tem sido muito efetivo no aumento da absoro
e translocao.
Sementes e frutos de plantas herbceas possuem cutcula semelhante das folhas, por isto
apresentam os mesmos problemas de penetrao de fungicidas.
A penetrao pelas razes muito eficiente devido ao fato destas no apresentarem barreiras
como as existentes nas folhas. Obviamente, a penetrao via razes vai depender das caractersticas
de cada fungicida sistmico considerado.
Movimento dentro da Planta
Uma barreira importante no apoplasto das razes a faixa de Caspary da endoderme.
Contudo, os fungicidas sistmicos podem passivamente difundir-se atravs da membrana celular.
O movimento dentro da planta envolve transporte no xilema e no floema. A translocao
pode ser de uma face para a outra em uma folha (translaminar), ascendente em direo o
crescimento da planta (apoplstica) ou descendente (simplstica), em raros casos.
Aps a penetrao na planta, os fungicidas obrigatoriamente penetram no xilema ou floema
do sistema vascular, para serem transportados a longas distncias.
Tanto por via foliar como na radicular, dependendo de suas propriedades, o fungicida pode
translocar-se pelo floema. O movimento dos fungicidas dentro da planta depende tambm de seu
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fluxo livre dentro dos vasos. H produtos que se aderem parede do xilema, enquanto outros
parecem permanecer livres. As rotas percorridas pelos fungicidas, que penetram ou pelas folhas ou
pelas razes das plantas, esto esquematizadas na Figura 2.
Figura 2. Caminhos percorridos pelos fungicidas que penetram pelas folhas (a) ou pela superfcie das radicelas (b). 1.
absoro pelas clulas externas; 2. transporte via simplasto; 3. transporte via apoplasto; 4a. absoro pelos
tubos do floema; 4b. transferncia para os vasos; 5. absoro pelas camadas cuticulares. (Lyr, 1995)
Por questes prticas, importante que seja conhecida a extenso com que um determinado
produto pode ser translocado em ambos caminhos, e se ele capaz de atingir o rgo desejado, por
exemplo, um fungicida aplicado com o objetivo de proteger folhas ou frutos jovens, deve ser capaz
de ser translocado pelo floema aps a aplicao em folhas completamente expandidas.
As evidncias de movimento de fungicidas no simplasto no tm sido muito convincentes,
embora vrios trabalhos j tenham sido publicados tentando provar este fato. A primeira condio
para movimento no simplasto que o produto qumico seja capaz de atravessar a plasmalema e
entrar no protoplasma. Nos ltimos 30 anos, vrios estudos tm sido feitos sobre a absoro e
translocao de substncias qumicas pelas plantas superiores. Um interesse especial, contudo, foi
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dispensado aos herbicidas, pois sua distribuio nas plantas se processa no somente pelo xilema,
como tambm pelo floema.
O transporte por meio do simplasto acompanha as relaes fonte e dreno da planta. As
folhas verdes e totalmente expandidas produzem e exportam assimilados, sendo conseqentemente
consideradas como fonte; enquanto rgos em crescimento ou de armazenamento, com demanda
por fotoassimilados, so os drenos. O movimento dos fungicidas no simplasto inevitavelmente
conectado com o transporte de fotoassimilados. Logo, dependente da relao fonte-dreno presente
em determinado estdio de desenvolvimento da planta. Assim, no existe exportao de fungicidas
a partir de folhas muito jovens. Quando o transporte de assimilados cessa, o transporte de
fungicidas interrompido tambm.
Os trabalhos tentando provar movimento de fungicidas tanto no simplasto como apoplasto
em sua grande maioria envolvem estudos de controle de doenas. O transporte no apoplasto
raramente especfico de uma planta em particular; em geral, o sucesso no tratamento de uma
planta herbcea indica que se pode ter o mesmo efeito no tratamento de outras plantas herbceas.
Poucos so os trabalhos que mostram translocao do produto qumico ativo da folha tratada
para outras partes da planta, incluindo folhas, gemas terminais, frutos etc. Embora isto possa
ocorrer em alguns casos, o movimento no simplasto no foi ainda claramente demonstrado, devido
talvez dificuldade da realizao destes testes.
O modelo de distribuio e a extenso do movimento no xilema determinado pelo
gradiente do potencial hdrico entre a gua e o solo. Ento, o transporte se processa usualmente
direto das razes para as reas em que ocorre a transpirao, principalmente para as folhas. Os
fungicidas transportados pelo xilema no apresentam movimento descendente a partir das folhas
expandidas. Se eles so aplicados na base de uma folha, so preferencialmente transportados para o
topo. O transporte na direo oposta extremamente raro.
O uso de produtos qumicos com baixa fitotoxidez abre a possibilidade para o controle de
patgenos no solo e para tratamento de infeces internas j estabelecidas, como as murchas
vasculares. Como os fungicidas movem-se no apoplasto, o tratamento de enfermidades pode ser
feito via aplicao do produto no solo; mas caso os produtos qumicos sejam distribudos pelo
simplasto, esses poderiam ser usados no controle de doenas vasculares e de raiz com aplicao do
fungicidas nas folhas. Os produtos qumicos que se movessem no simplasto poderiam abrir novo
campo de controle de doenas, uma vez que seriam translocados das folhas tratadas para os tecidos
jovens em crescimento, com possibilidade de reduo do nmero de aplicaes de fungicidas e de
atingir locais inacessveis aos fungicidas aplicados por via foliar.
Tem-se observado tambm que o produto ativo dos fungicidas apresenta a tendncia de
acumular-se nas leses de parasitas obrigatrios, nos tecidos afetados e no miclio fngico.
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Toxicidade seletiva
A toxicidade seletiva condio requerida aos fungicidas sistmicos, pois estes devem
coexistir em ntimo contato com as organelas e os sistemas bioqumicos das plantas. Essa
propriedade varia tambm com a espcie de planta envolvida. Carboxin, por exemplo, muito mais
txico desidrogenase do cido succnico de Ustilago maydis do que a do cultivar de feijo Pinto
111 (Phaseolus vulgaris). Outro produto anlogo ao Carboxin, o 2,4-dimetilthiazole-5-
carboxanilide, mais txico a Pinto 111 do que ao U. maydis. Na prtica este produto no usado
devido sua alta fitotoxidez.
A seletividade entre os sistemas do patgeno e da planta devida a vrios fatores, entre os
quais destacam-se a sensibilidade diferencial das organelas dos dois sistemas, diferenas na
permeabilidade das organelas etc. Mas alm de os fungicidas apresentarem seletividade entre a
planta e o fungo, podem ser seletivos tambm para fungos (Quadro 1). Esta propriedade no
evidente entre os fungicidas protetores, mas marcante entre os sistmicos. Os fungicidas
sistmicos podem ser especficos para determinados grupos de fungos e/ou doenas, como
ferrugens, carves, mldios pulverulentos etc.
Quadro 1. Comparao entre o espectro de atividade (DE50 em mg/l) de alguns fungicidas
modernosPatgeno Fungicidas
Carboxin Tiofanatometlico
Benomyl TalcloPhosmetil
Etridiazole Tridiazole Triforine
Phytophthora
cactorum
100 100 100 50 0,5 200 20
P. infestans 500 - - - 1 - -Pythium ultimum 100 100 100 100 0,5 200 15
Mucor mucedo 50 100 100 - 8 200 20Erysiphe graminis 20 100 7 - 20 0,006 1Penicillium
chrysogenum
2 50 2 1,6 90 5 200
Botrytis cinerea 10 3 0,4 1,9 20 40 20Fusariumoxysporum
200 70 2 100 70 50 20
Gloesporium
frutigenum
300 0,2 0,2 - 80 200 50
Verticillium albo-
atrum
5 3 3 100 40 3 80
Rhizoctonia solani 5 200 200 0,1 70 100 60
Lyr (1995).
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Estabilidade metablica
Quando o fungicida penetra nas clulas da planta, est sujeito degradao por muitas
enzimas. Para que seja efetivo, o fungicida deve resistir degradao.
Em resumo, para que um fungicida sistmico tenha sucesso no controle de uma dada
doena, deve possuir uma estrutura qumica que permita sua entrada e translocao na planta, sua
penetrao nas clulas da planta, onde dever seletivamente inibir ou matar o patgeno, sem afetar
a planta. Por fim, seu efeito na planta deve ser duradouro, sem se degradar, para manter a planta
sadia.
Vantagens do uso de fungicidas sistmicos
Atingir locais inacessveis aos fungicidas protetores. Certos fungos transmitidos pela semente,
comoDiaporthephaseolorum em soja, podem ser controlados pelo tratamento das sementes com
produtos sistmicos como o Benomyl, porque o ingrediente ativo do produto penetra no interior
dos tecidos das sementes, o que no acontece aos protetores.
Certos fungicidas sistmicos, como o Proconazole, Triadimenol, controlam eficientemente aferrugem do cafeeiro pelo fato de, entre outros fatores, translocar-se para a face inferior (local de
penetrao do fungo), quando o produto aplicado na face superior das folhas. A face inferior
das folhas do cafeeiro quase sempre no atingida em aplicaes normais de fungicidas.
Matar o patgeno no interior dos tecidos da planta aps o processo infeccioso j ter sido iniciado
(efeito curativo-erradicante). Por exemplo, o agente causal da ferrugem do feijoeiro (Uromyces
phaseolivar. typica) pode ser erradicado at 3 dias aps a penetrao nos tecidos da planta, pela
aplicao de Oxycarboxin.
Conferir proteo de partes dos tecidos da planta por perodo de tempo maior que os protetores.
Quando sementes de determinadas plantas so tratadas com produtos sistmicos, o fungicida
absorvido e translocado para a regio do hipoctilo, aps a germinao, dando proteo s
mudinhas, nos primeiros dias de vida, contra fungos que causam o tombamento como, por
exemplo, Rhizoctonia solani. H certos produtos que, quando so aplicados s sementes,
protegem as plantas por um perodo de at 30 dias aps a germinao, o que pode proporcionar a
economia de uma pulverizao.
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Possibilita o emprego de menor dose do produto. Devido os produtos sistmicos serem txicos
em baixas concentraes, possibilitam reduo de 50 a 75% na dose, em relao aos fungicidas
protetores.
Translocao do produto na planta. A translocao dos compostos qumicos denominados de
sistmicos, na planta, influenciada por uma srie de fatores. As vias normais de movimentaodesses produtos ou de seus subprodutos formados podem processar-se no sentido ascendente,
translaminar, dentro da folha (base para o pice) e entre folhas.
A translocao ascendente aquela que se processa quando o produto aplicado no solo,
absorvido pelas razes e se movimenta para a parte area das plantas. considerada tambm
translocao ascendente quando o produto aplicado nas folhas inferiores ou basais da planta e
se movimenta para as outras folhas situadas num plano superior. Na translocao translaminar, a
mais comum, o produto move-se da face superior para a inferior, ou vice-versa. importante
ressaltar que nem todo fungicida sistmico movimenta-se na planta em todos os sentidos
descritos anteriormente. Outro ponto comum entre os produtos sistmicos que dificilmentetranslocam no sentido descendente (folhas superiores para as inferiores ou razes), muito embora
alguns pesquisadores j tenham encontrado evidncias que comprovam este fato, em pelo menos
um grupo de fungicidas, o Efosite-Al.
A translocao do produto na planta ou nas folhas possibilita a proteo de locais no
atingidos pela pulverizao, redistribuindo o ingrediente ativo dentro da planta.
Comparao entre os fungicidas sistmicos e os protetores
O conhecimento comparativo entre os fungicidas sistmicos e protetores pode proporcionar
a melhor utilizao dos produtos. A seguir ser colocado, lada a lado, o comportamento de cada
tipo de produto em relao a algumas caractersticas escolhidas (Quadro 1).
Quadro 1. Comparao entre os fungicidas sistmicos e protetoresCaracterstica Fungicida
Sistmico ProtetorSolubilidade Alta BaixaTranslocao Sim NoEspectro de Ao Estreito AmploEspecificidade Alta BaixaDose Menor MaiorResistncia Comumente RaramenteNecessidade de Adjuvantes Raramente ComumenteCusto Maior MenorModo de ao Especfico Generalizado
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Caracterstica FungicidaSistmico Protetor
Efeito erradicante Sim NoFitotoxidez Alta BaixaPenetrao no tecido da planta Rpida No penetraDepsito - Facilmente removido por chuva e gua de
irrigao
Persistncia na superfcie das plantas Menor Maior, mas funo da formulao e dasuperfcie da plantaPersistncia interna Sim NoIntervalo de aplicao Maior MenorNmero de aplicaes Menor MaiorResduos Comum RaroAgente de decomposio Luz, umidade, temperatura,
microrganismos, pH, misturasUsos Atomizao ou pulverizao, tratamento de sementes, solo, ps-colheitaFormulao PM, CE, Flowable (Susp. concentrada), PS, Granulada
Vias de penetrao de fungicidas sistmicos
As principais partes da planta envolvidas na absoro de fungicidas sistmicos so: folhas,
caule, razes e sementes.
Folhas
A maioria dos fungicidas sistmicos foi desenvolvida para uso em pulverizao na
folhagem. Da o movimento translaminar ou transcuticular constituir o fato vital para o sucesso dos
compostos sistmicos. Se aceitamos que uma das funes da cutcula reduzir a perda de gua da
superfcie da planta, compreenderemos que os pesticidas, quando so pulverizados em soluo
aquosa, possuem baixa eficincia de penetrao.
A cutcula consiste de uma camada de lipdios que reveste a superfcie da planta.
Diferentemente da rizoderme, a epiderme das folhas no est adaptada para a absoro de
substncias dissolvidas. A camada mais externa da cutcula consiste de certos compostos de
hidrocarbonetos de cadeia longa (21-35 carbonos), em vrios estdios de oxidao, enquanto que a
camada interna ou cutina constituda de uma mistura de cadeias C16
a C18
interconectada por ster,
perxidos e ligaes de teres formando os polmeros. As ceras so tidas como a mais importante
barreira limitando o movimento de pesticidas atravs da cutcula. A penetrao ou movimento
transcuticular no , aparentemente, dependente da espessura da cutcula, mas de diferenas
qualitativas entre as espcies de plantas.
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Experimentos com a grande maioria dos compostos sistmicos demonstram que a
penetrao mais rpida atravs da cutcula da face inferior do que atravs da cutcula localizada na
face superior. Isto indica que suas propriedades polares favorecem a penetrao na face inferior.
Esta diferena em absoro pelas duas faces explicada pela presena de maior quantidade
de estmatos na face inferior. Mas possvel que haja outros fatores influenciando a taxa de
penetrao. Por exemplo, a cutcula da face inferior do gnero Malus contm menor quantidade de
cera embebida do que a da face superior. Outra diferena que poderia ser citada seria a baixa
intensidade luminosa incidida durante a formao da cutcula da face inferior, a qual poderia afetar
a oxidao e, da, a polaridade.
H evidncias tambm que a penetrao nos tecidos da folha, via estmatos influenciada
pela tenso superficial do lquido, do ngulo de contato e de qualquer fator que influencie a abertura
dos estmatos (luz, umidade relativa, temperatura, acmulo de produtos fotossintetizados).
Tem sido observado que a penetrao aumentada pela adio de certos surfactantes calda
fungicida, pela reduo da tenso superficial da suspenso. Tambm h evidncias de que, em dias
quentes do vero, os estmatos podem fechar-se ao meio dia, impedindo a penetrao de fungicidas
atravs deles. Nas horas mais frescas do dia, tarde, os estmatos poderiam reabrir -se, mas as gotas
da pulverizao na folha provavelmente j estaro secas, e conseqentemente, a absoro ser
muito baixa. A alta umidade na cmara estomtica e outros fatores do ambiente que promovem a
abertura dos estmatos favorecem a absoro. Uma vez que as partculas do pesticida tenham
secado na superfcie foliar, apenas reduzida quantidade do produto qumico ir ser absorvida.
A penetrao de fungicidas sistmicos atravs da cutcula , geralmente, reduzida. Estima-se
que, somente 5% de Benomyl penetre na face superior de folhas de pepino. Pequenas modificaes
na estrutura molecular dos compostos qumicos podem influenciar grandemente a eficincia do
movimento transcuticular de fungicidas.
A solubilidade dos fungicidas na calda de pulverizao parece ser de grande importncia na
penetrao; se a concentrao do fungicida excede a solubilidade em gua, a concentrao do
fungicida que penetra decresce. Entretanto, a quantidade que penetra aumenta com o aumento na
concentrao. Freqentemente observa-se aumento ou reduo na penetrao, quando se alteram o
pH e a solubilidade. A penetrao dos fungicidas sistmicos tambm influenciada pelo tipo de
formulao.
As formulaes de fungicidas sistmicos em concentrado emulsionvel (CE) ou disperso
em leo (DO) podem aumentar a penetrao atravs da cutcula. Os CE so provavelmente mais
eficientes porque permitem a participao rpida, lquido a lquido, entre as fases orgnicas e
aquosa na gota de pulverizao. As formulaes DO operam de modo diferente. Os fungicidas
podem no ser muito solveis em leo ou gua. O leo parece que difunde para dentro ou atravs da
cutcula e aumenta rapidamente a penetrao do fungicida e outros produtos qumicos. Acredita-se
que as formulaes lquidas CE e DO podem proporcionar economia de 2 a 3 vezes na quantidade
de fungicida requerida por hectare.
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Caule
A penetrao de fungicidas sistmicos em caule de plantas herbceas dificultada pelas
camadas epidrmicas e cuticulares, semelhantes s das folhas descritas anteriormente. O processo
de penetrao no caule anlogo ao da penetrao nas folhas.
Em plantas lenhosas, a camada externa do caule, a periderme, composta de clulas do
sber, felognio e feloderma. Na maturidade a parede celular do felum contm suberina e lamela de
cera, que so repelentes a gua. As clulas do sber e do feloderma originam-se do felognio. O
felognio pode-se formar em diferentes nveis dentro do caule nas vrias espcies de plantas.
Acredita-se que o sucesso relativo da aplicao de fungicidas pela casca do caule, nas vrias
espcies de plantas, est parcialmente relacionado ao stio de desenvolvimento do novo feloderma.
No gnero Pinus, originado logo abaixo da epiderme; neste caso, somente pequena poro morta
da casca est presente. No gnero Prunus, o feloderma inicia-se mais profundamente nos tecidos do
caule, resultando numa grande espessura de periderme e floema mortos, presentes neste tipo de
planta.
As clulas do felum so compactadas, no tendo espaos para arejamento; mas as lenticelas
na casca so compostas de clulas que permitem circulao de ar. A parede celular das lenticelas
pode ou no ser suberizada. Variao considervel no arejamento e suberizao das clulas da
lenticela existe entre as espcies. H evidncias de que fungicidas sistmicos penetram na casca de
ramos jovens de determinadas espcies de plantas, atravs das lenticelas.
De um modo geral, h variao entre as espcies de plantas na resposta pelo tratamento da
casca. Tambm tem sido mais difcil no tratamento de cascas de rvores maduras, muito espessas.
H vrios exemplos, na literatura, de aplicao de fungicidas sistmicos atravs do caule, no
controle de doenas. Tambm tem sido relatado que a adio de leo s formulaes aumenta a
efetividade do fungicida. A razo do aumento da penetrao dos fungicidas pela adio de leo no
est bem esclarecida; contudo, postula-se que o leo pode causar mudana na estrutura da suberina
e da camada de cera, que representam as principais barreiras entrada dos pesticidas. Acredita-se
tambm que o leo se dissolve atravs dessas camadas, servindo de veculo do fungicida e no
permitindo a secagem dos depsitos do fungicida na superfcie tratada. A aplicao de fungicidas
no caule pode processar-se por pulverizao, principalmente durante o perodo de repouso
vegetativo de determinadas espcies de plantas, por pincelamento ou por injeo. A tcnica de
injeo do caule tem sido pouco eficiente no controle de algumas doenas, alm de demandar
aplicaes constantes.
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Raiz
Outro stio de absoro de fungicidas sistmicos atravs das razes. As razes funcionam
como rgos de absoro de gua e de nutrientes minerais do solo. Grande quantidade de gua e
substncias dissolvidas so absorvidas pelas razes e transportadas para as partes superiores da
planta.
No campo, os fungicidas podem ser aplicados s razes das plantas atravs do tratamento no
sulco de plantio, durante o semeio, ou em cobertura, porm em sulcos, durante o crescimento das
plantas. Eles so absorvidos junto com a gua, principalmente na regio capilar das razes, regio
esta, localizada entre 5 e 50 mm do pice da raiz. Em contraposio s folhas, a rizoderme no
coberta por um cutcula bem desenvolvida.
As razes de diferentes espcies de plantas variam em sua estrutura e permeabilidade gua
e aos solutos. Uma raiz individual tambm mostra variao em permeabilidade ao longo de sua
extenso. A regio de maior absoro ocorre nas reas mais jovens das razes. Nas regies mais
velhas das razes de muitas plantas, a epiderme torna-se suberizada ou forma-se a casca. Ambos
eventos conduzem a uma progressiva perda da permeabilidade. As razes das monocotiledneas,
que no apresentam ramificaes secundrias e suberizao, so mais uniformemente permeveis
gua ao longo de sua extenso.
A epiderme de razes jovens, ao contrrio das partes areas das plantas, no coberta com
cutcula bem desenvolvida. Portanto, os fungicidas em soluo possuem relativamente fcil acesso
ao apoplasto das razes. Muitos ons inorgnicos so absorvidos ativamente pelas razes, num
processo requerendo energia metablica. Mas as evidncias indicam que os fungicidas so
absorvidos pelas razes num processo passivo. H tambm a possibilidade de um produto qumico
penetrar nas razes passivamente, decompor-se posteriormente, ou ligar-se a outros produtos dentro
das razes.
Diferentes espcies de plantas absorvem quantidades variveis de fungicidas. As razes de
plantas lenhosas, como macieira e videira, tendem a concentrar os fungicidas, enquanto que as
razes de plantas herbceas, como o trigo e cucurbitceas, no apresentam esta tendncia. O
aumento da absoro de fungicidas em razes de plantas lenhosas pode ser parcialmente explicado
por reaes de ligao do ingrediente ativo dos fungicidas dentro das razes das plantas.
A penetrao nas razes pode ocorrer via apoplasto, acima da endoderme. A, a faixa de
Caspary e a deposio de suberina e de lignina na parede das clulas da endoderme (assim como na
lamela mdia conectando as clulas) podem impedir o movimento de substncias no apoplasto. Em
alguns casos, a absoro de certos produtos qumicos (Metil Benzimidazole Carbamato) processa-se
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por difuso atravs da faixa de Caspary ou penetram a plasmalema das clulas da endoderme,
movendo-se atravs do simplasto para alcanar o xilema das razes.
Outro fator que pode interferir na absoro de fungicidas pelas razes a sua solubilizao
em lipdios. A fim de que um produto qumico seja transportado para o resto da planta, aps o
tratamento das razes, esse deve atravessar a barreira de lipdios, atravs da plasmalema das clulas
da endoderme ou pela prpria faixa de Caspary. Por outro lado, os produtos qumicos que so muito
solveis em lipdios no so prontamente liberados na rota de transpirao, mas so retidos pelos
lipdios das razes.
A quantidade de fungicidas translocada pelas razes funo da concentrao aplicada.
medida que a concentrao aumenta, obtm-se, proporcionalmente, maior quantidade de
substncias transportadas.
As pesquisas tm mostrado atualmente que determinados fungicidas sistmicos
comprovadamente na parte area das plantas, comporta-se como tal quando so aplicados tambm
no solo, na regio da rizosfera. Dentre esses, destacam-se as formulaes em p-molhvel e
granulada do Cyproconazol, e do Triadimenol quando aplicados em sulcos de cerca de 3-5 cm de
profundidade na regio de projeo da "saia" do cafeeiro. A aplicao destes produtos no solo, no
incio do perodo das chuvas em plantas de caf, tem mostrado ser eficiente no controle da ferrugem
do cafeeiro (Hemileia vastatrix Berk. et Br.). Isto demonstra que os produtos penetram nas razes,
atingem a regio do apoplasto e seguem a rota da transpirao, acumulando-se nas folhas. Pesquisas
no Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viosa revelaram que, se as
condies de precipitao pluviomtrica so adequadas, os produtos citados, resduos ou
metablitos destes podem ser encontrados nas folhas, trinta dias aps a aplicao no solo.
possvel que outros produtos sistmicos sejam translocados do solo para parte area das plantas;
entretanto, dados de pesquisas neste campo ainda so escassos, at mesmo em outras culturas.
Vrios inconvenientes surgem quando compostos qumicos so aplicados ao solo; h
problemas de distribuio, absoro e decomposio dos fungicidas no solo, que influenciam a sua
efetividade. Sempre que o produto aplicado ao solo, somente pequena poro do ingrediente ativo
absorvida pelas razes, para ser transportada para as partes superiores da planta.
A absoro dos fungicidas independente da concentrao do produto na soluo externa do
solo, j que a entrada do produto efetuada por difuso. Por outro lado, ela dependente do pH.
Fungicidas catinicos como Carbendazim, Tiabendazol e Ethirimol tm sua absoro dependente
do pH, que pode ser inibida pela adio de ctions bivalentes (Ca+2 e Mg+2)
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Semente
Em relao penetrao de fungicidas nas sementes, h inmeras indicaes de que os
protetores so absorvidos parcialmente. Contudo, tem-se observado que esta absoro ineficiente,
devido a falhas que estes produtos ocasionam no controle de fungos que apodrecem as sementes. O
valor dos fungicidas sistmicos no tratamento de sementes iniciou-se com "Von Schmeling e
Kulka" em 1966, que controlou eficientemente o carvo de centeio (que transmitido pelas
sementes internamente) pelo tratamento com Carboxin.
Uma questo que poderia surgir quanto de fungicida penetra diretamente atravs da casca,
comparado com a penetrao nas radculas emergentes. Trabalhos neste sentido foram feitos com
Benomyl, Oxicarboxin, Chloroneb e outros produtos, concluindo-se que os fungicidas atravessam
diretamente a casca das sementes, acumulando-se no seu interior em diferentes perodos de tempo.
Tem-se observado tambm, em certos casos, que o ingrediente ativo do fungicida ou de metablitos
translocam para a radcula e o hipoctilo, dando proteo a estas partes da planta. H casos em que
o tratamento de sementes protege as plantas at 30 dias aps a germinao, reduzindo, portanto, o
nmero de pulverizaes na parte area.
O uso de solventes orgnicos como veculo de fungicidas, embora uma tcnica promissora,
ainda no recomendada. Por este mtodo, os fungicidas sistmicos so dissolvidos em solventes
orgnicos como por exemplo o diclorometano, clorofrmio ou acetona. As sementes imersas nesta
mistura (solvente + fungicida) absorvem os pesticidas em escala linear, com o tempo. Pela remoo
das sementes da mistura, o solvente evapora, deixando o fungicida dentro da semente. Este mtodo
embora aumente a eficincia de absoro de fungicidas pelas sementes, apresenta alguns
inconvenientes, como fitotoxidez dos solventes s sementes, custos dos solventes, tempo gasto no
tratamento, e o risco envolvido no manuseio dos solventes que so inflamveis.
Em geral, se um fungicida comportar-se como sistmico quando aplicado em razes ou
folhas, comportar-se- tambm como sistmico quando aplicado s sementes. Muitos fungicidas so
fitotxicos, quando aplicados s sementes, devido serem empregados em altas concentraes; as
mudinhas em germinao no toleram alta concentrao do fungicida. Da tornar-se difcil ou
impossvel aplicar-se quantidade de fungicida suficiente s sementes, para controle de doenas na
parte area das plantas, durante o ciclo de crescimento da cultura. H casos em que a aplicao de
fungicida sistmico s sementes d proteo s plantas at 30 dias de idade, contra certas doenas.
Isto, se conseguido, resultaria em grande economia, pois reduzir-se- o nmero de aplicaes para
controle de determinadas doenas.
Quando as sementes so tratadas com fungicida sistmico, parte do produto absorvida e
ser diluda pelo crescimento da planta, e parte submetida decomposio e, mesmo que o
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produto permanea intacto, poder perder sua efetividade, devido ser transportado para a margem
das folhas. A poro do fungicida que permanecer no solo, ao redor das sementes, est tambm
sujeita degradao e absoro. Portanto, o tratamento de sementes visa o controle dos organismos
transmitidos pelo solo e sementes, erradicando os fitopatgenos e protegendo contra o tombamento
de mudinhas, apodrecimento de sementes, razes e hipoctilo e proteo s plantas nos primeiros
dias de vida.
Conseqncia do uso de fungicidas sistmicos
O uso indiscriminado de produtos sistmicos no controle de uma determinada doena, com o
tempo, causa o aparecimento de novas raas na populao do patgeno que se tornam resistentes ao
fungicida empregado. O fenmeno da resistncia ocorre comumente com os fungicidas sistmicos,
tanto em condies de laboratrio como no campo; ou em cultivos sob telados de plstico. Embora
haja alguns relatos de resistncia envolvendo os fungicidas protetores (por exemplo Dodine e
Dyrene), na prtica, so considerados de pouca importncia. Um organismo adquire resistncia,
quando mostra reduo na sensibilidade ou mesmo quando se torna insensvel a um determinado
pesticida nas concentraes nas quais outras raas do mesmo organismo se mostram sensveis.
O surgimento de raas resistentes aos fungicidas sistmicos ocorreu logo aps seu uso em
escala comercial. Entre os grupos da fungicidas onde se tem registrado maior nmero de formas
resistentes, destaca-se o grupo dos Benzimidazoles, sendo o Benomyl um dos produtos onde h
maior nmero de relatos. Mas, em todos os grupos de produtos sistmicos, h casos de aquisio de
resistncia, embora sejam mais comuns a certos fungicidas do que a outros.
A resistncia adquirida pelos organismos na populao explicada, em parte, como
conseqncia de mudanas no genoma do fungo; fatores no genticos tambm tm sido
observados. As mudanas genticas na clula fngica, que se originam de mutaes, podem ser
distribudas na populao. Em alguns casos, a resistncia governada por genes recessivos e, em
outros, por genes dominantes.
Uma das razes do aparecimento de formas resistentes na populao de organismos
sensveis aos fungicidas sistmicos diz respeito ao modo de ao destes compostos.
Os produtos protetores atuam de maneira generalizada, interferindo em vrios pontos no
metabolismo dos fungos; da a resistncia ser mais difcil de se processar, pois isto implica em
mudanas ou mutaes em vrios stios. Os produtos sistmicos possuem modo de ao especfico,
isto , atuam em somente um stio do metabolismo dos organismos; da no seriam necessrias
mutaes em vrios pontos, como teria que ocorrer aos protetores, para que ocorresse resistncia na
populao. Devido a este fato, facilmente os organismos adquirem resistncia aos fungicidas
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sistmicos. comum denominar os fungicidas protetores de inibidores de stios mltiplos e os
sistmicos, de inibidores especficos.
O mecanismo de resistncia dos fungos aos fungicidas pode ser explicado, em parte, devido
a trocas nas clulas fngicas, de tal modo que o fungicida no atinja o stio de ao. Isto pode
acontecer devido a decrscimos na permeabilidade da membrana do protoplasma, ou ao aumento da
capacidade do fungo de detoxificar o fungicida (converso em compostos no txicos). Quando o
produto qumico atinge o stio de ao, a resistncia pode surgir devido ao decrscimo da afinidade
pelo local de ao ao fungicida, ou a outros tipos de mudana no metabolismo dos fungos,
resultando numa compensao do efeito inibido do stio bloqueado.
Mecanismos de resistncia
Decrscimo na Permeabilidade
Fenmeno que ocorre em certos grupos de compostos como os antibiticos, onde o produto
qumico no atinge o local de ao, devido ao decrscimo na permeabilidade da membrana do
protoplasma do organismo resistente.
Aumento na Detoxificao
A detoxificao pode ocorrer por modificaes na molcula com concomitante perda da
ao fungicida aps a entrada na clula fngica.
Em alguns casos pode ocorrer o inverso da desintoxicao. O organismo pode converter um
composto inativo num produto ativo (com ao fungicida), que se denomina sntese letal. Este tipo
de converso tem sido observado "in vitro".
Decrscimo da Afinidade no Stio de Ao
Quando o fungicida alcana o local de ao sem ser metabolizado pelo organismo, a
resistncia pode ser explicada baseando-se na falta de afinidade do inibidor no stio reativo. Por
exemplo, quando um fungicida atua primariamente sobre uma enzima em particular, pequena
mudana nessa enzima como resultado de mutao gentica pode causar perda de afinidade ao
fungicida e, conseqentemente, surgir a resistncia.
Adaptao por Evitamento
Este fenmeno ocorre quando um fungicida bloqueia a reao num determinado stio de
ao do metabolismo e o fungo se adapta a esta situao, mudando seu metabolismo de tal modo
que o local bloqueado no seja utilizado. H vrios exemplos na literatura explicando este
fenmeno.
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Em determinados organismos, a resistncia adquirida pelo fenmeno da compensao.
Este mecanismo ocorre quando, por exemplo, uma enzima (stio primrio de ao de um fungicida)
essencial ao metabolismo de um organismo bloqueada por um fungicida; pelo mecanismo da
compensao os organismos aumentariam a quantidade da enzima inibida.
Em sntese, a aquisio de resistncia de um organismo a um produto qumico um fato
comprovado, que varia grandemente com os diferentes grupos de fungicidas, com o mecanismo de
resistncia e o tipo de organismo.
Como resistncia surge em condies de campo
O uso contnuo de fungicidas sistmicos tende a aumentar a presso de seleo, contribuindo
ainda mais para surgimento de raas resistentes na populao dos organismos na natureza. A
presso de seleo aumentada nos seguintes casos:
Se um fungicida sistmico ou fungicidas sistmicos relacionados quimicamente so aplicados
repetidamente, por exemplo Benomyl, Tiofanato Metlico, Metalaxyl, etc.
Se o fungicida aplicado em concentraes letais ou subletais nas diferentes partes da planta,
continuamente. Este o caso quando um fungicida aplicado freqentemente ou quando o
suprimento contnuo do fungicida mantido atravs de aplicao no solo, nas sementes e nas
partes areas;Se o fungicida usado numa rea isolada, em casa-de-vegetao, em telados de plstico ou em
grandes extenses, onde no haja competio das diferentes raas dos organismos.
Para que haja reduo da possibilidade da emergncia de raas resistentes em condies de
campo, mais de um fungicida com diferentes mecanismos de ao devem ser aplicados, de
preferncia alternadamente. Por exemplo, aplicao de fungicidas protetores alternados com
fungicidas sistmicos, se o produto sistmico for necessrio. O uso de fungicidas sistmicos deve
ser restrito no tempo e no espao, de maneira a se obter controle econmico da doena, adotando-se
mtodo de aplicao racional para que a presso de seleo no aumente desnecessariamente. Vale
ressaltar que, num programa de controle de doenas de plantas, nem sempre necessria a incluso
de um fungicida com modo de ao especfico, como os sistmicos. A recomendao final
depender de uma srie de fatores tais como disponibilidade dos fungicidas, tipo de patgeno, preo
do produto, tipo de cultura, mtodo de aplicao, nmero de aplicao e condies do ambiente
favorveis como alta umidade relativa, presena de nevoeiro, chuva, etc.
Outro motivo que recomenda a limitao de aplicao de fungicidas sistmicos diz respeito
sua influncia no equilbrio dos microrganismos no solo ou na superfcie da planta: a atividade
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dos fitopatgenos pode ser influenciada pela presena de outros microrganismos que competem por
espao, nutrientes ou que produzem antibiticos.
Quando tais organismos so eliminados, os fitopatgenos que so relativamente insensveis
ao fungicida podem ser favorecidos e causar novos problemas para a planta. Os desequilbrios
podem acontecer tambm quando dois organismos fitopatognicos, sendo um sensvel e outro
insensvel a um determinado fungicida sistmico, esto envolvidos. Uma pergunta que surge se as
raas resistentes desapareceriam da populao, quando a aplicao do produto suspensa e se o
mesmo fungicida poderia ser novamente usado? Acredita-se que as raas resistentes podem persistir
na populao por determinado tempo, sendo muito difcil de se prever com exatido; mas,
eventualmente, a populao das raas resistentes tender a decrescer, to logo a presso de seleo
seja eliminada. Por esta razo no deve ser excluda a possibilidade da reutilizao do fungicida,
mas, neste caso, tambm se sugere que um produto que tenha mltiplo stio de ao seja includo no
programa de controle.
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Questes para discusso
1-Quando que um fungicida considerado sistmico?
2-Quais as vias de translocao dos fungicidas sistmicos na planta?
3-Como que os fungicidas sistmicos so absorvidos e translocados do solo para a parte area da
planta? Cite as partes da planta (vias) pelas quais a molcula qumica deve ser translocada
na planta.
4-Como surge resistncia na populao de fungos, pela aplicao de fungicidas sistmicos?
5-Como evitar que ocorra resistncia na populao de fungos pela aplicao de fungicidas
sistmicos?
6-Por qu se deve respeitar a dose de um fungicida sistmico (registrada no ministrio da
agricultura) no controle de uma determinada doena de planta?
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