Capítulo 2Arte barroca 2
Volume 2
capí
tulo
Arte barroca2
Em sua origem, a palavra “barroco” significa algo grotesco, dis-
forme, extravagante, provavelmente pela associação com o termo
barrueco, nome dado a pérolas irregulares e malformadas. O termo
foi cunhado por críticos do movimento tempos depois de ele ter
acabado, com a intenção de criticar as obras de artistas que expres-
saram, com muita vitalidade, um período da Europa, que se encon-
trava em meio a transformações e confrontos religiosos.
O Barroco coincide com o período histórico em que os europeus
se dividiam entre o material e o espiritual, a razão e a fé. Foi, sobre-
tudo, a época em que a Igreja Católica buscava afirmar seus valores
e ideias, utilizando a arte para representar as narrativas bíblicas, na
tentativa de desenvolver nas pessoas o fervor religioso.
Observe a obra acima e reflita. Você acha que essa pintura
pertence ao período barroco?
• Arte barroca
na Europa
• Arte barroca no Brasil
• Música barroca
• Teatro no
período barroco
o que você
RUBENS, Peter Paul. A deposição da cruz. [1612-1614]. 1 óleo sobre tela, color., 150 cm × 420 cm. Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.
©LA CATEDRAL GOTICA/sol90images
2
Arte
• Compreender a arte barroca europeia.
• Conhecer a arte barroca no Brasil.
• Reconhecer a música e o teatro do período barroco.
objetivos do capítulo
Barroco europeu
O Barroco é um movimento artístico que ocorreu após o Renascimento. Esse movimento
originou-se em Roma, na Itália, na passagem do século XVI para o século XVII. Difundiu-se
por toda a Europa, especialmente pela França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Holanda, e nos
países católicos da América Latina.
A expansão da arte barroca foi financiada por diferentes grupos com interesses próprios:
a Igreja Católica (Itália) queria manifestar o triunfo de sua fé e, assim, atrair novos fiéis;
a monarquia (França e Espanha) pretendia exaltar, por meio da arte, os monarcas;
a burguesia (Holanda e Inglaterra) desejava exibir o modo de vida e a riqueza das classes
sociais detentoras do poder econômico.
No mapa, observe os caminhos da arte barroca pela Europa e conheça alguns dos seus
representantes mais significativos.
©Shutterstock/Simbos
Ingglaterra
Willliam Hogarth (pintura)
Joshhua Reynolds (pintura)
Thommas Gainsborough (pintura)
Christstopher Wren (arquitetura)
Caractterísticas: obras
patrociinadas pelas classes altas.
França
Nicolas Pououssin (pintura)
Claude Lorrarain (pintura)
Jules Hardouin-in Mansart (arquitetura)
Característica: obbras patrocinadas
pela monarquia.
Espanha
José de Ribera (pintura)
Velázquez (pintura)
Juan Gómez de Mora (arquitetura)
Características: obraspatrocinadas pela monarquia.
HHHolHolHoHo anananandananan a
Ruisdadddddd el (pintura)
FraFraFraFraFraFFrans ns ns ns nsns ns HalHHHHH s (pintura)
RRemR brarandtndnnnnn (p(p(ppp(pintura)
VerV meemeemeemeemeemeer (pinturrrrrra)aaaaaa
Caractctctctctcc erística: obrasasasasasasa
patpatpatpatpatpatpattpatrocrocrocrorocrocoor inadas pela burbububbubub gueguegueuegueeu siassss .
Bélgicgigi a
Rubensee (pintura)
VanVanan Dyck (pintututura)ra)ra
CarCarCaractactacteríeríerístististica:c obobobras papapatrooocincincinadaadadas sspellla Ia a greja Católica a e mmmonaon rquia.ia.ia.
Itálialialia
Caravaaggigg o (pintura)
CarCara lololo MadMaM erna (arqrqquituittetuetura)ra)
BerBerninn i (escescultulturaura))
BorBorromrominini (a(arqrquiteteturturt a)a
CarCaracta erístiticascas: obraasspattrococinadasdas pepela l Igrgrejaeja Católica.
3
O estilo de uma época
O estilo artístico Barroco ficou conhecido pela profusão de detalhes e pelo dinamismo na arquitetura, pintura, escultura, música, literatura e no teatro. Observe a pintura da abó-bada da Igreja do Gesù, em Roma.
A intenção do artista barroco é a de colocar, de maneira intensa e emotiva, o espectador diante de um ambiente ou de uma cena, como se fizesse parte dela.
GAULLI, Giovanni Battista (Baciccia). O triunfo do nome de Jesus. [1669-1683]. 1 afresco. Abóbada da Igreja do Gesù, Roma.
©Li
vio
And
roni
co
4
Arte
As obras barrocas apresen-tam ainda outras características importantes, como teatralidade, dinamismo, conflito e forte ape-lo emocional. Os artistas desse período buscavam retratar, com perfeição, as emoções dos per-sonagens representados. Para atingirem esse efeito, usavam cores, texturas, jogos de luz e sombra, diagonais e curvas, as-sim como faziam uso do espaço com muito critério.
atividades
1 Ao observar essas pinturas pela primeira vez, o que você viu?
2 Quais detalhes mais chamam sua atenção? As cores? As formas? As representações de pessoas mui-to parecidas com pessoas reais? As emoções expressas nas faces e nos corpos? Por quê?
©St
iftu
ng S
chlö
sser
und
Gär
ten
Po
tsd
am –
San
sso
uci,
Po
tsd
am.
CARAVAGGIO. A dúvida de Tomé. 1599. 1 óleo sobre tela,
color., 107 cm × 146 cm. Palácio de Sanssouci, Potsdam, Alemanha.
5
Artistas barrocos
Jacopo Robusti Tintoretto (1518-1594) foi provavelmente o último grande pintor da
Renascença italiana e é considerado um dos precursores do Barroco. Em suas telas, explorou
cenas dramáticas e a perspectiva em diagonal. Também utilizou recursos de luz e sombra
e uma grande quantidade de elementos. Mais tarde, Caravaggio, Rembrandt, Velázquez e
outros artistas tornariam essas características as marcas da estética barroca.
TINTORETTO, Jacopo R. Autorretrato. 1588. 1 óleo sobre tela, color., 63 cm × 52 cm. Museu do Louvre, Paris.
©M
use
u d
o L
ou
vre
©C
ole
ção
Re
al,
Lo
nd
res
TINTORETTO, Jacopo R. Ester antes de Assuero.
[1546-1547]. 1 óleo sobre tela, color., 207,7 cm × 275,5 cm. Coleção Real, Londres.
Michelangelo Merisi (1571-1610) tornou-se co-
nhecido como Caravaggio, nome da cidade onde
nasceu. Artista de temperamento intempestivo, Cara-
vaggio foi considerado o pintor mais original do século
XVII. A radicalização realista, os detalhes, a luz, a com-
posição elaborada e a inspiração no sobrenatural são
características de suas obras. Em telas como A dúvida
de Tomé (página 5), é possível ob-
servar fortes contrastes de luz e
sombra, como em um jogo teatral.
Na obra Escrita de São Jerôni-
mo (ao lado), observa-se, além do
jogo de luz e sombra, a presença
de objetos do cotidiano, muito co-
muns nas pinturas do artista.
CARAVAGGIO. Escrita de São Jerônimo. [1605-1606]. 1 óleo sobre tela, color., 112 cm × 157 cm. Galeria Borghese, Roma.
©B
ibli
ote
ca M
aru
cell
ian
a, F
lore
nça LEONI, Ottavio.
Retrato de Caravaggio. [1621-1625]. 1 giz sobre papel azul, color., 23,4 cm × 16,3 cm. Biblioteca Marucelliana, Florença.
©G
ale
ria
Bo
rgh
ese
, Ro
ma
6
Arte
Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) foi um pintor e gravador holandês considerado um dos mais expressivos artistas do Barroco europeu. Suas obras têm como características o jogo de luz e sombra, além das ex-pressões e dos gestos dramáticos de seus personagens, muitos deles retirados da Bíblia, da mitologia ou da so-ciedade holandesa. Observe a obra O festim de Baltazar. A tela descreve o momento em que Baltazar, rei da Babilô-nia, brindava aos reis pagãos, quando uma mão surgiu ao alto e escreveu uma mensagem.
REMBRANDT. Grande autorretrato. 1652. 1 óleo sobre tela, color., 112 cm × 81cm. Museu de História da Arte, Viena.
©M
useu
Kun
sthi
sto
risc
hes,
Vie
na
A inscrição em hebraico significa: Deus contou os dias do teu reino e o levou ao fim.
REMBRANDT. O festim de Baltazar. [ca. 1635]. 1 óleo sobre tela, color., 167 cm × 209 cm. Galeria Nacional, Londres.
©N
atio
nal G
alle
ry, L
ond
res
A diagonal descrita pelos braços de Baltazar divide a cena em dois planos – o superior (divino) e o inferior (terreno) – e conduz a ação para a inscrição ao alto.
Rembrandt, como de costume, não pintou apenas uma cena, mas também o momento culminante da ação. Para isso, utilizou todo o espaço da tela e até o que estava além dela. Como podemos observar, parte dos personagens invade o espaço fora da tela.
Rembrandt foi um dos mais notáveis pintores a utilizar a técnica do claro e escuro (chiaroscuro).
7
GALERIA
O jovem Narciso e a arte
LEMOYNE, François. Narciso. 1728. 1 óleo sobre tela, color., 90 cm × 72 cm. Hamburger Kunsthalle, Alemanha.
A representação da cena mitológica de Narciso feita pelo pintor francês Lemoyne, expoente do estilo rococó (posterior ao Barroco), apresenta mais suavidade.
© H
amb
urg
er K
unst
halle
, Ale
man
ha
É uma das obras mais conhecidas de Caravaggio, artista do Barroco, que usa o claro
e escuro para carregar de dramaticidade essa passagem da mitologia grega.
CARAVAGGIO. Narciso na fonte. [1597-1599]. 1 óleo sobre tela, color.,
113,3 cm × 95 cm. Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma.
©G
alle
ria
Naz
iona
le d
’Art
e A
ntic
a, R
om
a
É interessante notar como um tema pode ser retratado de forma bem distinta por artistas de épo-cas diferentes. É o que acontece com a narrativa do jovem Narciso, um belo moço que se apaixona pela própria imagem espelhada na água.
O mito de Narciso teve várias representações nos mais variados períodos. Veja algumas delas.
8
Arte
Bem mais tarde, na primeira metade do século XX, a história de Narciso foi representada por Salvador Dalí segundo os preceitos do Surrealismo, que defendiam que as obras artísticas deveriam retratar o mundo inconsciente, sem passar pelos filtros da razão.
DALÍ, Salvador. A metamorfose de Narciso. 1937. 1 óleo sobre tela, color., 51,1 cm × 78,1 cm. Tate Modern, Londres, Reino Unido.
©G
ran
ge
r/F
oto
are
na
atividades
1 Que tal recriar uma das obras que contam a história de Narciso como um quadro vivo? Reúnam-se em grupos. Cada um escolhe uma obra para recriar. Analisem os detalhes da obra escolhida e re-criem a cena, se possível tendo a pintura escolhida visível para o restante da turma, de modo que todos possam fazer uma leitura comparativa. Tirem fotos dos quadros vivos e exponham o resulta-do desse trabalho posteriormente.
2 Após estudar várias versões da cena mitológica de Narciso, crie sua própria versão.
9
Diego Velázquez (1599-1660), outro importante pintor do Barroco, nasceu na cidade de Sevilha, Espanha. Foi um pintor precoce e de grande sucesso. Aos 24 anos, tornou-se o pintor favorito de Filipe IV, rei da Espanha, tendo feito inúmeras pinturas da família. Grande retra-tista, pintou o rei, o clero, a corte, pessoas comuns e fi-guras especiais, como anões e bufões. Velázquez captava os sentimentos dos personagens e os representava na pintura.
©A
lbum
/akg
-imag
es/R
abat
ti &
Do
min
gie
/Alb
um/F
oto
aren
a
VELÁZQUEZ, Diego. Autorretrato. [ca. 1650]. 1 óleo sobre tela, color., 45 cm × 38 cm. Museu de Belas Artes de Valência, Espanha.
bufões: bobos da corte. Funcionários que tinham a função de divertir a nobreza e que, muitas vezes, por meio do humor, faziam críticas ao próprio rei.
Observe o quadro As meninas, de Velázquez.
©M
useu
do
Pra
do
, Mad
ri
VELÁZQUEZ, Diego. As meninas. 1656. 1 óleo sobre tela, color., 318 cm × 276 cm. Museu do Prado, Madri.
10
Arte
Essa é uma obra cheia de detalhes que chamam a atenção e nos deixam curiosos. Perceba alguns deles.
curiosidade?
Os personagens olham diretamente para o espectador? Sim, eles dirigem o olhar para quem os observa.
Você conhece o pintor que está à esquerda, diante da tela de grandes proporções? É o próprio Velázquez, que fez um autorretrato com paleta e pincel.
O espelho, que aparece banhado de luz na parede de fundo, reflete o rei Filipe IV da Espanha e sua esposa. Como aparece no espelho, podemos afirmar que o casal real está na posição em que estão sendo retratados e que os demais personagens, na verdade, olham para os dois.
Há várias pinturas dentro dessa pintura. Na parte superior da parede ao fundo, aparecem versões das obras-primas do pintor Rubens. Existe outro quadro além desses?
Sim, existe a tela que o pintor está criando. Conseguimos ver o que está sendo pintando por ele? Não, porque vemos apenas a parte de trás da tela.
Que estratégia o pintor utilizou para colocar a jovem princesa Margarita, de cinco anos, em destaque? Que posição ela ocupa no quadro? Ela está em um local iluminado, e sua vestimenta e seu cabelo estão retratados com tons dourados.
Como é criada a ilusão de profundidade? À direita de quem aprecia a pintura há uma janela por onde entra a luz do dia (claridade), enquanto o teto permanece escuro. Esse uso do claro e escuro no ambiente traz profundidade para a cena. Sem falar na porta aberta ao fundo, que abre a percepção da existência de novos espaços.
Imag
ens:
©M
useu
do
Pra
do
, Mad
ri
11
Pablo Picasso fez 44 releituras da obra As meninas, de Velázquez. Elas estão expostas no Museu Picasso, em Barcelona. Veja uma delas.
Pablo Picasso (1881-1973) foi um pintor espanhol e um dos principais representantes do movimento cubista. Em sua obra, buscava a simplificação geométrica da realidade e as cores em tons monocromáticos (uma cor e suas tonalidades).
conectado
PICASSO, Pablo. As meninas segundo Velázquez. 1957. 1 óleo sobre tela, color., 194 cm × 260 cm. Museu Picasso, Barcelona.
atividades
Converse com a turma sobre a pintura As meninas, de Velázquez, e a obra de Picasso, que evidencia uma visão contemporânea. Depois, faça sua releitura da obra do artista barroco.
©A
lbum
/Oro
noz/
Alb
um/F
oto
aren
a
12
Arte
Escultura barroca
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), arquiteto, escultor, ur-
banista, paisagista e pintor, nasceu em Nápoles.
Foi o principal escultor do Barroco italiano. Destaque para as
obras Davi e O êxtase de Santa Teresa.
Na escultura Davi, Bernini acentua o movimento e a dramati-
cidade, trabalhando a expressão decidida do rosto para eviden-
ciar o desejo, a coragem e a tenacidade de Davi ao enfren-
tar Golias. Diante de Davi pronto para atacar, com energia
e foco no olhar, é quase possível enxergar Golias, como uma
presença invisível, um complemento que nasce na imaginação do
espectador.
Na obra O êxtase de Santa Teresa, a
santa aparece suspensa no espaço sobre
um trono de nuvens, em roupagens volu-
mosas e com grandes pregas no tecido.
Com o rosto enlevado, ela tem os olhos
fechados e a boca entreaberta. O rosto
do anjo, que lhe lança o dardo do amor de
Deus, transmite a ideia de vida e alegria.
Ela descreveu assim esse episódio: “A dor
foi tão grande que gritei; ao mesmo tem-
po, porém, senti uma doçura tão infinita
que desejei que a dor jamais acabasse”.
Bernini consegue, esculpindo na pedra,
criar uma representação muito vívida des-
sa experiência.
r-
ra as
mati-
en-
o do
BERNINI, Gian Lorenzo. O êxtase de Santa Teresa. 1680. 1 escultura em mármore, 350 cm × 138 cm. Basílica de Santa Maria da Vitória, Roma.
BERNINI, Gian Lorenzo. Davi. [1623-1624]. 1 escultura em mármore, 170 cm de altura. Galeria Borghese, Roma.
©S
an
ta M
ari
a d
ell
a V
itto
ria
, Ro
ma
©G
ale
ria
Bo
rgh
ese
, Ro
ma
13
Arquitetura barroca
No século XVI, em vários países da Europa, ocorreu o movimento religioso conhecido como Reforma Protestante, que questionava muitas ideias e ações da Igreja Católica. Como reação por ter perdido poder e grande número de fiéis, a Igreja Católica fez a Contrarreforma e utilizou a arte para divulgar sua doutrina e engajar seus fiéis. O escultor Bernini foi um dos artistas que realizou obras grandiosas em Roma, em plena época do fervor da Contrarreforma.
O Barroco foi o estilo artístico que serviu aos interesses da Contrarreforma de fortalecer a fé católica. Além disso, expressou fortemente os contrastes da época: a espiritualidade da Idade Média e o racionalismo do Renascimento.
Reforma, do latim reformare, significa dar nova forma, e foi exatamente isso que ocor-reu com a arquitetura barroca. Essa nova forma significava, em primeiro lugar, libertar-se das regras e convenções das formas clássicas, dominantes no Renascimento. Com isso, os pro-jetos arquitetônicos passaram a associar elementos curvos (espirais, contorcidos) e retos, a fim de criar estruturas dinâmicas, de intensa emoção, grandeza e opulência.
Em alguns países, com a arte a serviço dos ritos da Igreja Católica, igrejas e catedrais transformaram-se em ambientes elaborados, que associavam arquitetura, escultura e pintu-
ra. Foi assim com a Basílica de São Pedro, em Roma, projetada pelos arquitetos Carlo Maderna e Gian Lorenzo Bernini.
A construção emblemática da concepção barroca de liberdade formal aparece no Palácio de Versalhes, em uma época em que a França ostentava poderio mi-litar e cultural e, sob o governo do rei Luís XIV, torna-va-se a referência mundial das artes visuais.
©12
3RF/
Oks
ana
Kur
bat
ova
©Sh
utte
rsto
ck /
V
lad
imir
Muc
ibab
ic
Basílica de São Pedro, construída entre 1506 e 1626, Roma
Entrada principal do Palácio de Versalhes, França
14
©G
UIL
LA
UM
E B
AP
TIS
TE
/AF
P/G
ett
y I
ma
ge
s
Arte
©S
hu
tte
rsto
ck/P
eco
ld
O Palácio de Versalhes, que fica a 17 quilômetros
de Paris, foi construído para ser a casa do rei e de vários
membros da corte francesa que lhe faziam companhia.
A construção é imensa, com grandes salões e um jardim
que se estende por vários quilômetros, com terraços,
fontes e cercas vivas. É um cenário construído na medi-
da da grandiosidade que Luís XIV queria criar para suas
aparições públicas.
As atividades de criação artística realizadas durante os estudos do Barroco podem ser expostas por sua turma no evento comunitário Artes em festa, que vai acontecer no final do ano escolar.
Nesse momento, vocês estão na fase de planejamento do evento. Como estão os preparativos? A direção da escola já combinou com vocês uma data para a realização?
Todas as turmas do Ensino Fundamental – Anos Finais estão sendo estimuladas a par-ticipar desse evento. Uma boa ideia seria firmar parceria com as outras turmas na organi-zação do Artes em festa, para a realização de uma grande festa em torno das linguagens artísticas na escola.
Lembrem-se de organizar os trabalhos realizados em sala de aula que podem ser apresentados nesse evento. Um bom planejamento é fundamental! Para entender me-lhor como isso pode ser feito, responda às perguntas seguintes.
Qual é o espaço mais adequado para o acondicionamento das obras produzidas, de
forma que elas fiquem em boas condições para a exposição?
Como vocês vão capturar as cenas, danças e músicas criadas nas aulas? Vão utilizar
aparelhos celulares, gravadores, câmeras de vídeo, máquinas fotográficas?
Como vão organizar os arquivos digitais com esses registros? Em uma pasta no com-
putador que possa ser acessada de tempos em tempos para a inclusão de novidades?
Você e seus colegas são responsáveis pela produção desse evento, e isso começa com a criação da memória do trabalho desenvolvido em sala de aula. Fiquem atentos e organizem-se para levar uma experiência rica e completa para a comunidade escolar, do tamanho das experiências artísticas vividas pela turma ao longo do ano letivo. Prepare-se e organize-se com sua turma! Use a criatividade e curta o Artes em festa!
artes em festa
Vista aérea do Palácio de Versalhes,,pep rtrto o dede PPararisis,, nana FFrarançnçaa
FaF chchaada leleste dod PPalácá io de VeV rsrsala hehes,s,ss vvisistata ddo o jaarrdim
15
Detalhe da Assunção da Virgem, de Manoel da Costa Ataíde, na Capela da
Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais
©P
uls
ar
Ima
ge
ns/
J. L
. Bu
lcã
o
afrescos: pinturas realizadas em tetos ou paredes, em que pigmentos em
pó, diluídos na água, são aplicados na argamassa ainda fresca.
Barroco brasileiro
No Brasil, o Barroco se desenvolveu durante os séculos XVIII e XIX, estando diretamen-
te ligado à construção e à ornamentação de igrejas, edifícios públicos, chafarizes e mo-
radias. Nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, esse estilo foi
mais utilizado, principalmente em virtude da riqueza advinda do plantio de cana-de-açúcar
e da mineração.
Manoel da Costa Ataíde
(1762-1830), conhecido por
Mestre Ataíde, é considerado
um dos expoentes do barro-
co mineiro. Ele criou pinturas
e afrescos para o interior das
igrejas de Minas Gerais, utili-
zando uma paleta de cores vi-
vas, rica em tons de vermelho,
branco, amarelo, azul, sépia e
marrom. Em suas obras, o jogo
de luz e sombra dá a ilusão de
movimento e amplidão. Uma
característica peculiar de sua
obra são os traços mestiços em
imagens de anjos e santos.
Em uma de suas obras
mais importantes, ele coloca
vários anjos tocando instru-
mentos musicais, criando uma
atmosfera sonora para a cena
da subida de Maria ao céu,
após sua morte.
16
Arte
atividades
Observe a fotografia e identifique os elementos do Barroco brasileiro que correspondem ao Barroco europeu.
©P
uls
ar
Ima
ge
ns/
Ru
be
ns
Ch
av
es
pedra-sabão: material que suporta temperaturas altas, sem modificar suas propriedades físicas. Bastante resistente, apresenta cores que vão do cinza-claro ao grafite. Muito usada em Minas Gerais, ela ficou famosa graças às esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Um dos principais representantes do Barroco brasileiro é Aleijadinho, responsável pelo extraordinário conjunto es-cultórico do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Lá estão as esculturas dos doze profetas, fei-tas em pedra-sabão.
Antônio Francisco Lisboa (1730-1814) foi escultor, arquiteto, entalhador e carpinteiro.
Tornou-se conhecido como Aleijadinho em função de uma doença que o afetou e deformou
terrivelmente os membros do seu corpo, principalmente as mãos. Nasceu em Ouro Preto,
quando essa cidade ainda era Vila Rica, capital da nova capitania de Minas Gerais. Era filho
natural de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto português, e de Izabel, escravizada africana.
Em função de equívocos em relação ao nome de seu pai (que aparece grafado na certidão
de nascimento de Aleijadinho como Manoel Francisco da Costa), teve sua existência negada
pela Igreja e por alguns historiógrafos.
Em sua fase mais produtiva, no fim de sua vida, trabalhou com a ajuda de auxiliares e
criou uma vasta obra, incluindo as 64 esculturas de madeira que representam as cenas da
Paixão de Cristo, nas capelas que também fazem par-
te do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. Nessas
obras, Aleijadinho trabalhou em estreita parceria com
Mestre Ataíde, responsável pela encarnação daquelas
estátuas.
encarnação: técnica de decoração estatuária. Como o nome sugere, encarnação é a imitação do efeito da carne humana nas partes visíveis do corpo das
estátuas. A técnica de imitação de tecidos nas vestimentas das estátuas chama-se estofamento.
Faça uma pesquisa das esculturas de Antônio Francisco Lisboa que representam as cenas da Paixão de Cristo, em Congonhas, Minas Gerais.
pesquisa
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, Minas Gerais
17
Estudiosos da vida e obra de Aleija-dinho dividem o trabalho do artista em dois momentos: antes da doença (diag-nosticada em 1777) e após o início dela, sendo esse último período o mais fértil. Como entalhador, fez o altar da Igreja de São Francisco de Assis, na cidade de Ouro Preto. Mas foi como escultor que ele de-monstrou todo seu talento como artista. Aos 70 anos, esculpiu, em pedra-sabão, uma de suas obras mais impressionan-tes, Os doze profetas, para adornar o adro da igreja no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos.
Os doze profetas esculpidos por Antonio Francisco Lisboa
©P
ulsa
r Im
agen
s/M
auri
cio
Sim
one
tti
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
©P
ulsa
r Im
agen
s/M
arco
s A
men
d
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s©
Pul
sar
Imag
ens/
Rub
ens
Cha
ves
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s©
Pul
sar
Imag
ens/
Rub
ens
Cha
ves
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
©P
ulsa
r Im
agen
s/R
uben
s C
have
s
Imagine que você é um artista barroco e crie uma escultura. Faça o planejamento e depois, com argila ou barro, dê forma à sua escultura.
18
Arte
pesquisa
Música barroca
A música que se caracterizou como barroca durou aproximadamente 150 anos, mani-festando-se entre 1600 e 1750. Foi nessa época que nasceram a ópera e a orquestra. No
Barroco, a música tocada por instrumentos diversos ganhou força. Os compositores davam maior atenção aos diversos instrumentos e ex-ploravam timbres e tonalidades, valorizando o contraponto e os acor-des na criação de formas musicais variadas, como a ópera, o oratório, a fuga, a suíte, a sonata e o concerto.
Na pintura e na escultura, o Barroco era exuberante, com ornamentos em profusão. De maneira semelhante, a música barroca era repleta de enfeites e contrastes.
Para criar efeitos na música, os compositores barrocos utilizavam recursos como melodias diferentes executadas ao mesmo tempo, variando o número de instrumentos em sua execução.
Ao se ouvir uma música barroca, é possível perceber a variação entre momentos em que muitos instrumentos estão sendo executados simultaneamente e outros, com a execução de poucos instrumentos, criando contrastes semelhantes aos do claro e escuro na pintura. Por meio do diálogo e jogo entre vários coros e, principalmente, da oposição entre solista (vocal ou instrumental) e coro e/ou orquestra, surgiam os contrastes entre as diversas massas so-noras, ressaltando a impressão de efeitos de claro e escuro.
Entre os instrumentos mais importantes dessa época, destacam-se o órgão, o cra-vo e o violino, cujas sonoridades foram exploradas nas composições de Antonio Vivaldi (1678-1741), Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Georg F. Händel (1685-1759).
Que tal ouvir algumas composições de Vivaldi, Bach e Händel e discutir com a turma as percepções do estilo de cada um?
Procure identificar o contraste sonoro criado pelo uso de diferentes quantidades de instrumentos e vozes.
©Sh
utte
rsto
ck/C
ynth
ia L
iang
contraponto: execução simultânea de duas ou mais melodias distintas.
acorde: união de três ou mais notas tocadas ao mesmo tempo.
Órgão da Basílica de Esztergom, Hungria
19
Cravo
Criado na Europa Medieval, provavelmente no início do século XIV, o cravo foi muito execu-tado na música de câmara e na ópera, predominantemente no Barroco, até o século XVIII. Hoje, embora não seja muito popular, está presente em formas musicais que mesclam músicas de épocas diversas.
©G
érar
d J
ano
t
O cravo é um instrumento de teclado, com cordas que produzem som ao serem pinçadas (semelhante ao que ocorre com o movimento dos dedos ao tocar as cor-das do violão). A partir do século XVIII, ele sofreu altera-ções e deu origem a um novo instrumento, o piano, de tamanho maior, com teclas mais grossas e pedais.
A maior diferença entre o cravo e o piano é interna, na tecnologia utilizada na produção dos sons. O som do piano é fruto da batida de uma pequena peça – chamada martelo – sobre as cordas, quando o músico aperta uma tecla. A in-tensidade do som pode ser controlada pelo músico: quanto maior a força empregada ao apertar a tecla, maior a inten-sidade. Além disso, os pedais servem para suavizar, prolon-gar ou abafar a vibração das cordas.
No cravo, o músico não tem nenhum controle da intensidade do som.
conectado
Violino
O violino é um instrumento de quatro cordas (da mais grave à mais aguda: sol, ré, lá, mi), que emitem som quando friccionadas com um arco ou pinçadas com os dedos. Considera-se que seu formato atual data do século XVI, quan-do Andrea Amati e Gasparo da Salò aperfeiçoaram instrumentos de três cordas.
Em 1700, o luthier Antonio Stradivari (1644-1737) fez modi-ficações que tornaram o som do violino mais nítido, sonoro e vibrante. Embora fosse italiano, ele registrava seus instru-mentos com seu nome em latim, assim seus violinos eram chamados Stradivarius em vez de Stradivari. Até hoje, são considerados sinônimos de perfeição em violino.
luthier: palavra de origem francesa. Designa o
profissional que cria e restaura instrumentos de corda com caixa de ressonância, como o violino, o violão, os alaúdes, as violas, as guitarras, os
bandolins, entre outros. As oficinas são chamadas de luteria.
©Sh
utte
rsto
ck/L
ebed
insk
i Vla
disl
av
20
Arte
Músicos barrocos
Importante compositor e virtuoso violinista, Antonio Vivaldi nasceu em Veneza, Itália,
em 1678. De família humilde, tornou-se sacerdote. Foi professor de violino, maestro de con-
certos e diretor do Ospedale della Pietà, uma entidade com a tripla função de escola musical,
orfanato e convento, em Veneza, à qual se
dedicou por mais de 30 anos, exercendo in-
fluência em toda a música veneziana.
Suas obras mais conhecidas são As qua-
tro estações, concertos para violino, cordas
e cravo, nas quais expressa as sensações
humanas diante das mudanças de estações
e as emoções associadas a elas. A obra é
acompanhada de quatro sonetos, também
atribuídos a Vivaldi, e na partitura ele faz re-
ferência a sons descritos nos sonetos, como
latidos de cães, cantos de pássaros e baru-
lhos do vento. Vivaldi faleceu em 1741, em
Viena.
©M
use
o B
ibli
og
rafi
co M
usi
cale
, Bo
lon
ha
Retrato de um violinista veneziano do século XVIII, geralmente apontado como sendo Vivaldi (Museu Internacional e Biblioteca de Música de Bolonha)
Johann Sebastian Bach, compositor
e organista virtuoso, nasceu em Eisenach,
Alemanha, em 1685. Vindo de uma família
de músicos, tinha sede de conhecimento e
muito talento, características que o levaram
a tornar-se um músico completo. Trabalhou
em diversas cidades como violinista e orga-
nista e atuou como cantor e mestre de coro
na Igreja de São Tomás, na sua cidade natal.
Foi também mestre de capela e diretor de
música de câmera do príncipe Leopoldo de
Anhalt-Köthen. Hoje é considerado um dos
maiores músicos de todos os tempos. Bach
faleceu aos 65 anos, em 1750, em Leipzig,
deixando uma vasta obra, como os Concer-
tos de Brandemburgo, a Tocata e fuga em ré
maior e a Arte da fuga.
©A
lte
s R
ath
au
s, L
eip
zig
HAUSSMANN, Elias Gottlob. Johann Sebastian Bach holding his Riddle Canon, BWV 1076. 1746. 1 óleo sobre
tela, color., 79,5 cm × 63,5 cm. Altes Rathaus, Leipzig.
21
Ópera
O desenvolvimento das estruturas musicais, já iniciadas anteriormente pelos mestres
flamengos e venezianos, serviu de suporte para que surgisse, na Itália do século XVII, uma
nova forma musical, a ópera. Ela integra, em uma só obra, canto, música, poesia e teatro.
A ópera teve origem vinculada ao Renascimento, ao perseguir dois objetivos principais:
os primeiros compositores do gênero procuravam reviver o estilo musical do teatro grego
antigo (ideal renascentista) ao mesmo tempo que se opunham ao estilo da música renas-
centista. O resultado é o surgimento de obras musicais e teatrais para orquestra e cantores,
baseadas em histórias que se desenvolviam com persona-
gens que cantavam. Eram encenações em que a música e
o texto dramático tinham igual importância.
Assim, os artistas florentinos (de Florença, Itália) cria-
ram um novo tipo de arte. As obras La Dafne (1594) e Euri-
dice (1600), de Jacopo Peri, são reconhecidas como as pri-
meiras óperas. Entretanto, foi com o compositor e maestro
Claudio Monteverdi (1567-1643) que essa arte adquiriu
forma e grandiosidade. É atribuído a ele o primeiro grande
clássico, L’Orfeo ou Orfeu.
Entre outras óperas, ele compôs O combate de Tan-
credo e Clorinda, Ariana e A coroação de Popeia.
Teatro della Pergola, Florença, 1656
©W
ikim
ed
ia C
om
mo
ns
©Q
uin
t &
Lo
x/A
lam
y/F
oto
are
na
CALLOT, Jacques. Interlúdio no Teatro Medici. [ca. 1617]. 1 gravura, 27 cm × 20 cm. Galeria dos Ofícios, Florença.
22
Arte
Algumas das partes que podem compor uma ópera são:
abertura – peça orquestral que antecede uma ópera ou outra obra de longa duração.
Nas óperas venezianas de meados do século XVII, as aberturas tinham geralmente uma
seção lenta, em compasso binário, seguida de outra mais rápida, em compasso ternário;
ária – canção isolada ou que faz parte de uma obra maior. Nas óperas, é escrita para solis-
ta ou solista acompanhado. É o momento em que solista ou solistas podem exibir suas
habilidades tanto cênicas quanto musicais;
dueto – consiste em peça vocal ou instrumental, ou em trecho executado por dois in-
térpretes, com ou sem acompanhamento. Na ópera, são comuns os duetos entre
enamorados;
coro – em certos tipos de ópera, além da presença dos personagens principais, é prevista
a participação de um conjunto de vozes ou coro, que pode ter diversas funcionalidades
dramáticas, como as de representar a coletividade ou a voz do povo, alguém que co-
menta a ação do protagonista. O coro pode cantar em uníssono, com todos cantando a
mesma coisa, ou dividir-se em dois ou mais grupos vocais distintos.
Por ser um espetáculo de representação teatral cantado e orquestrado, no qual cenário,
figurinos, texto e interpretações se integram, a ópera cria um universo carregado de emotivi-
dade e dramaticidade, constituindo um espetáculo de uma das formas mais completas de arte.
©S
hu
tte
rsto
ck/I
go
r B
ulg
ari
n
Montagem da ópera Turandot, de Giacomo Puccini, pela Dnipro State Academic Opera and Ballet Theatre, da Ucrânia
23
atividades
Você conhece histórias de óperas?
1 Pesquise uma delas e conte, abaixo, a história.
2 Em seguida, represente-a com um desenho ou uma pintura em estilo barroco. Lembre-se de trazer para sua representação bastante dramaticidade.
3 Com a turma, crie uma cena de um trecho da ópera pesquisada. Para isso, reúnam-se em grupos e distribuam os personagens. Lembrem-se de que a história é encenada com textos cantados.
24
Arte
Espaços da ópera
Assim como ocorre
nas representações de pe-
ças teatrais, os espaços e
os cenários destinados às
apresentações de ópera
buscam reproduzir o local
onde a cena se passa. Sen-
do assim, há cenários que
imitam ambientes externos
(rua, floresta e até o espaço
sideral), e outros, os inter-
nos (interior de casas, igre-
jas e outras construções).
Há casos também em que
o palco é dividido, mostran-
do ambos os ambientes
simultaneamente.
As óperas contam histó-
rias envolvendo, geralmen-
te, vários personagens. Há
cenas cantadas por coros.
Além disso, há a orquestra,
formada por vários músicos
que tocam ao vivo durante
a apresentação do espetá-
culo. Por isso, normalmen-
te, esses espetáculos são
apresentados em grandes
teatros. Há algumas edifica-
ções construídas exclusiva-
mente para a apresentação
de peças de óperas (onde
também são apresentadas
outras artes cênicas).
O primeiro teatro para
óperas, o Teatro San Cas-
siano, foi inaugurado em
Veneza, em 1637. Observe,
nas imagens, exemplos de
casas de espetáculo ao re-
dor do mundo destinados à
apresentação de óperas.
©S
hu
tte
rsto
ck/r
.na
gy
Royal Albert Hall, Londres
©G
low
ima
ge
s/P
an
the
rme
dia
Ba
sic/
Gü
nte
r E
ng
el
Teatro Amazonas, Manaus
©S
hu
tte
rsto
ck/a
ba
de
sig
n
Ópera Garnier, Paris
25
Montagem e acústica
A encenação de uma ópera exige grande investimento em cenários e figurinos. É indispensá-
vel também a infraestrutura para o teste da orquestra e do coro e para a adequada disposição
de luzes e decorações. A sala do Liceu de Barcelona tem a forma italiana clássica de ferradu-
ra, com largura máxima de 27 metros e comprimento de 33 metros. O público se distribui em
plateias e camarotes em cinco níveis. Foi inaugurado em 1847, e sua execução esteve a cargo
do arquiteto Miquel Garriga i Roca. Em 1994, um incêndio acidental destruiu grande parte do
teatro. As rápidas obras de reconstrução permitiram que fosse reaberto, de maneira grandiosa,
em 1999.
A reconstrução do teatro foi feita respeitando o estilo original, apesar de a oportunidade ter
sido aproveitada para incorporar recursos de alta tecnologia à infraestrutura.
No material de apoio, você pode visualizar um esquema gráfico que mostra cada uma das
partes que integram a estrutura do Gran Teatre del Liceu.
conectado
©S
hu
tte
rsto
ck/T
on
o B
ala
gu
er
FaFachchadada dodo GGraran n TeTeatatrere del
LiLiceceu,u, ddde e BaBaBaarcrceelononna,a,a ccconono hehecicidodotatambmbémém ppppppororororo LLLicici eueu
Sydney Opera House, Austrália ©123RF/Tomislav Konestabo
Os teatros de ópera e balé combinam excelência arquitetônica, perfeição acústica e tecno-
logia avançada, com o objetivo de oferecer o melhor espetáculo.
26
Arte
atividades
Agora que você observou as partes que compõem um teatro próprio para ópera, crie um palco ou um cenário de ópera em miniatura. Para confeccioná-lo, pesquise imagens sobre o tema e elabore um esboço, utilizando o espaço abaixo.
Selecione os materiais, como papelão, palitos de sorvete, tampas, papéis diversos coloridos, barban-tes, retalhos de tecido, cola, canetas coloridas, lápis, régua, tesoura, etc. Crie a maquete, observando as imagens dos cenários em miniatura que já trabalhamos. Como base, use uma caixa de papelão.
27
Música no Brasil: da Colônia ao início do século XX
Em nosso país, entre os séculos XVII e XVIII, a música vocal das diversas nações indíge-nas e a música religiosa, difundida pelos jesuítas, se entrelaçavam com os ritmos trazidos pelos africanos.
Lundu
Música e dança afro-brasileira que mistura elementos das rodas de batuque trazidas pelos escravizados e ritmos europeus, como a polca. O lundu se caracteriza por um ritmo vi-brante, alegre e provocante, tratando com humor e sensualidade temas do cotidiano de se-nhores, escravizados e sinhazinhas. Por esse motivo, no fim do século XIX, foi considerado indecente pela sociedade cristã do Brasil. O lundu serviu de base para o maxixe e o samba.
O maxixe (música e dança) ganhou corpo e forma em uma versão mais estilizada (me-nos provocante e sensual que o lundu) e se tornou a preferida das orquestras e, mais tarde, do teatro de revista.
arte brasileira
Ambiente do Brasil Colônia, uma dança de lundu, gravura de Johann Moritz Rugendas, 1835
©Jo
hann
Mo
ritz
Rug
end
as
28
Arte
Modinha
A modinha é uma composição musical suave, romântica e choro-sa. Surgiu no Brasil, no século XVII. Em 1770, foi apresentada na corte de Lisboa por Domingos Caldas Barbosa (1740-1800), poeta, com-positor, cantor e violeiro.
O gênero foi denominado de modinha para diferenciar-se da moda portuguesa, que tinha uma forma requintada, com caracterís-ticas da música de ópera italiana. Assim, no Brasil do início do século XIX, era o meio de expressão poé-tico-musical de temática amorosa.
São tantas as obras artísticas que a turma vai produzir ao longo do ano, que é impor-tante manter organizado esse acervo, para depois escolher o que vai para o evento Artes em festa.
E você já pensou em registrar seu processo de criação artística? Afinal, o processo é tão importante quanto o resultado. Para isso, você e seus colegas, como alunos e artistas, podem contar aos demais um pouco mais sobre a experiência de produção artística.
Vocês podem registrar, em textos, áudios ou vídeos, as respostas a algumas perguntas:
Como nasceu a ideia de sua obra de arte?
Como essa ideia se desenvolveu em uma obra artística?
O que você pensou e como se sentiu durante a criação?
E depois da criação?
Separem alguns registros para compor a exposição artística no Artes em festa, no fim do ano letivo. O público vai adorar saber!
artes em festa
RUGENDAS, Johann Moritz. Costumes de São Paulo. 1 litogravura, 34,6 cm x 26 cm.
Coleção Banco Itaú, São Paulo.
©Jo
hann
Mo
ritz
Rug
end
as
29
Teatro elisabetano
Enquanto as artes visuais se desenvolviam na Itália, na In-
glaterra governada pela rainha Elizabeth (1558-1603), um tea-
tro vigoroso era criado por artistas como William Shakespeare,
um dos nomes mais importantes da dramaturgia mundial.
Nos seus enredos, muitas vezes, a temática classicista
da mitologia grega misturava-se ao imaginário medieval de
santos, fadas, duendes e criaturas excepcionais. Explorou
elementos trágicos e cômicos, em uma estrutura de tempo
e espaço flexíveis para seus heróis.
A obra de Shakespeare sobreviveu ao teatro elisabeta-
no e deixou para a humanidade produções como Hamlet,
Otelo, A megera domada, entre outras. Embora o número exa-
to seja desconhecido, atribuem-se a ele geralmente 38 peças,
que revelam alguns momentos distintos em sua estética.
A fase inicial de sua carreira é marcada por comédias e abordagens históricas, sendo re-
presentativas desse período peças como A megera domada (1590-1594), Henrique VI (1590-
1591), Ricardo III (1592), A comédia dos erros (1594), Sonho de uma noite de verão (1595),
Romeu e Julieta (1595) e O mercador de Veneza (1596).
Outro momento de sua jornada artística ocorreu entre o fim do século XVI e, aproxi-
madamente, o ano de 1608, quando passou a se dedicar às tragédias, entre as quais estão
diversas obras-primas, como Hamlet (1599-1601), Rei Lear (1605-1606) e Macbeth (1606).
Na última fase da sua vida, dedicou-se à escrita de peças classificadas por alguns estudio-
sos como tragicomédias, obras que misturam elementos trágicos com aspectos cômicos, ou
romances, segundo outros autores, estabelecendo, nessa época, colaborações com outros
dramaturgos. São desse período A tempestade (1610-1611) e Conto de inverno (1609-1610).
TAYLOR, John. William Shakespeare. Retrato de Chandos. [ca. 1610]. 1 óleo sobre tela, color., 55,2 cm × 43,8 cm. Galeria Nacional de Retratos, Londres.
©G
ale
ria
Na
cio
na
l d
e R
etr
ato
s, L
on
dre
s
dramaturgia: arte de escrever peças de teatro. O escritor de uma peça teatral é chamado de dramaturgo.
©Shutterstock/ID1974
Encenação de Hamlet, de William Shakespeare, no Teatro Acadêmico Central do Exército Russo, em 2010
30
Arte
atividades
1 Transforme o diálogo da cena V de Romeu e Julieta, que vem a seguir, em um texto atual. Procure colocar situações e vocabulário dos dias atuais. Depois, apresente-o aos seus colegas e professor.
ROMEU (a um criado)
Quem é aquela senhora que dá a mão àquele cavalheiro acolá ao fundo?
CRIADO
Não sei.
ROMEU
Oh! Ela ensina as luzes a arderem com esplendor. Quem a visse assim colocada na face da noite havia de dizer que era uma rica joia na orelha dum etíope; que beleza tão preciosa para ser usada! Mal empregada preciosidade para a Terra. Um cisne de neve entre muitos corvos é o que me faz lembrar aquela senhora entre as outras. Quando acabar a dança hei de espreitar o lugar onde se vai sentar; quem me dera ter a felicidade da minha mão grosseira tocar na sua. Amaria o meu coração alguma vez? Olhos meus, desmenti isso; nunca, por nunca, vi beleza assim!
SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Tradução de Domingos Ramos. Porto: Lello& Irmão, [S.d.]. Primeiro ato, cena V, p. 64-65.
Diálogo adaptado para os dias atuais.
2 Organizem-se em grupos para encenar os textos criados. Dividam os papéis, ensaiem as falas e as
ações dos personagens e apresentem para a turma.
31
1 Observe novamente as pinturas e esculturas barrocas apresentadas no livro e descreva, a partir dessa leitura, as características do período.
2 Escreva um pequeno poema sobre o que essas obras transmitem a você.
3 Qual é a relação entre os temas abordados na pintura barroca e o seu cotidiano?
o que já conquistei
32
Material de apoio7°. ano – Volume 2
Arte
Página 27 – Gran Teatre del Liceu
©so
l90imag
es
1
7
6
2 3
45
©so
l90imag
es
1
Estrutura do teatro1. Palco
Composto de quatro plataformas com rodas (carros), que podem ser movidas a um nível mais baixo para
mudar o cenário.
2. Salão de ensaios
Na parte superior do teatro, a Sala Mestres Cabanes abriga ensaios gerais e de balé.
3. Sala
Inspirado no Teatro alla Scala, de Milão. Sua capacidade máxima é de 2 292 espectadores.
4. Fosso da orquestra
Espaço que abriga conjuntos de músicos, localizado no plano inferior, ao nível do palco.
5. Salão dos espelhos
É uma das poucas áreas que não foram afetadas por um grande incêndio em 1994.
6. Ventilação
Tanto na parte superior como no nível do palco, há dutos de ar.
7. Subterrâneo
O nível mais baixo está a 24 metros abaixo do palco.
Top Related