7/28/2019 Consumo, violncia e juventude - Ilanud Brasil
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Consumo,
ViolnciaeJuventude
SumrioExecutivo
Julho|2010
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ProjetoConsumo,ViolnciaeJuventude SumrioExecutivo
FICHATCNICA
Realizao
GovernodoEstadodeSoPaulo|SecretariadaJustiaedaDefesadaCidadania|FundaodeProteoe
DefesadoConsumidorDiretoriadeRelaesInstitucionais
InstitutoLatino-AmericanodasNaesUnidasparaPrevenodoDelitoeTratamentodoDelinquente
IlanudBrasil
DiretoriaExecutiva
PaulaMiraglia
CoordenaoGeral
AlineYamamoto
Pesquisadoraresponsvel
NatliaBouasdoLago
EquipedePesquisa
DennisvanWanrooij
MarianaZanataThibes
PesquisadoresdeCampo
AdaltonJoseMarques
ClaudiaDIpolittodeOliveiraScir
GlauciadaSilvaDestrodeOliveira
JosAgnelloAlvesDiasdeAndrade
NatliaFelixdeCarvalhoNoguchi
TalitaPereiradeCastro
ApoioFabianaRizzodeMouraLeibl
MarinaNunesRodriguesdeMenezes
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ProjetoConsumo,ViolnciaeJuventude SumrioExecutivo
|ndice|
|Apresentao|.......................................................................................................................................3
|Introduo|...........................................................................................................................................4
|NotassobreaMetodologia|..................................................................................................................6
Definiodaamostra .................................................................................................................................... 6
|Asdinmicasdoconsumoedaviolncia|...............................................................................................8
DoPerfil:quemsoosadolescentes? .......................................................................................................... 8
Doshbitos:oquefazerdavida?............................................................................................................... 11
Avontadedecomprar ................................................................................................................................ 14
Daspercepes:comoosadolescentesenxergamaviolncia?................................................................. 16
Dasinfraescomoosadolescentespodemserviolentos?.................................................................... 18
|Concluseserecomendaes| ............................................................................................................20
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ProjetoConsumo,ViolnciaeJuventude SumrioExecutivo
|Apresentao|
A despeito da frequente meno ao consumo como fator relevante compreenso das dinmicas daviolncia, sobretudo as relacionadas autoria de infraes pela juventude, os estudos que relacionam
essestrstemassoquaseinexistentesquandomuito,trabalhamaquestodajuventudealiadaauma
dasoutrasduasquestes.
O presente projeto foi delineado partindo desse cenrio, que muito reproduz e pouco conhece as
implicaesentreconsumo,violnciaejuventude.
Nesse relatrio, socompiladasas informaescoletadasno mbitodapesquisa Consumo, Violncia e
Juventude,contratadapelaFundaoProcon-SPerealizadapelooIlanudentreosmesesdenovembrode
2009amaiode2010.
A iniciativa, de carter piloto, obteve informaes sobre os temas citados junto a trs grupos de
adolescentes:i)aquelesemcumprimentodemedidassocioeducativasemmeioaberto;ii)moradoresde
um distrito de alta vulnerabilidade social (Brasilndia); e iii) moradores de um distrito de baixa
vulnerabilidadesocial(Perdizes).
Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para a reflexo acerca das relaes entre consumo e
violnciaem setratandodeadolescentes e jovense, sobretudo,estimularaproduode conhecimento
sobreessestemas.
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ProjetoConsumo,ViolnciaeJuventude SumrioExecutivo
|Introduo|
A pesquisa teve comoponto departidaa reviso dabibliografia existente sobre consumo, violncia e
juventude para, posteriormente, realizar a coleta de dados junto aos adolescentes em cumprimento de
medidas socioeducativas em meio aberto, bem como aos grupos de controle, compostos pelos
adolescentesresidentesnosdistritosdeBrasilndiaePerdizes.
Comoobjetivodeconheceraproduocientficasobreostemasdapesquisa,foramselecionadosartigos,
dissertaes,teses,livroserelatriosquecontinhamconceitoseelementosrelevantesconstruodos
instrumentoseroteirosparaapesquisadecampo,bemcomoanlisedosdados.
De modo geral, o levantamento bibliogrfico aponta para uma produo consistente sobre juventude
aliada a umdos outrosdois temas, violncia ou consumo. No entanto, so escassos os trabalhos queatentamparaaidentificaoeanlisedasrelaesentreostrsassuntos,conjuntamente.Issoreforao
carterinovadordoprojetoeaimportnciademelhorconheceraspossveisimbricaesentreeles.
importantefrisarquearevisobibliogrficafoiconsideradanaanlisedosdados,massemprecomo
cuidadodesuperarosdiscursosdecriminalizaodapobrezaenoreduziroenvolvimentoematividades
ilcitas incapacidadeoudificuldadede inserona sociedadede consumo.Nessesentido,oconsumo
investigadocomoelementoa serconsideradona construodas identidades,sobretudoas juvenis, sem
pretenderanalis-locomocausanicaparaprticasviolentasouilegais.Oprojetopartedapremissaque
todoequalquer ato violento oudelituosopossuinaturezamulticausal1enopretendebuscarsolues
genricasparaestesfenmenos.
Porfim,valedizerqueapesquisabuscouinvestigaraviolnciaenquantocategoriaquevaialmdosatos
considerados ilcitos e tipificados pelo Cdigo Penal, incluindo no escopo da ao violenta prticas
cotidianasnopassveisdeumapuniolegal.
Garantiadedireitoseaviolncia
Osadolescentesejovenstambmso,hoje,asprincipaisvtimasdaviolnciaurbananopas.Deacordo
comoIHA,ndicedeHomicdiosnaAdolescncia,lanadoemjulhode2009 2,emmdia2,03emcada
1.000adolescentesmorreroantesdecompletar19anosdeidadenoBrasil.Noentanto,aviolncialetal
contraadolescentesnosedistribuideformahomogneanoterritrio.
Noquetangeaoperfildasvtimas,oestudomostraqueaprobabilidadedeservtimadehomicdioquase
dozevezessuperiorparaosexomasculino,emcomparaocomofeminino,emaisdoqueodobroparaos
negrosemcomparaocomosbrancos.
1Compreenderaviolnciapassapelainvestigaodeinmerosfatoressociais,culturais,econmicos,aexistnciadepolticasderepressoqualificada,etc.(Londoo,1998,yArriagadayGodoy,1999).2
O IHA(ndicedeHomicdiosnaAdolescncia)foicriadocomoobjetivodeexemplificaroimpactodaviolncialetalnestegruposocialdeumaformasimples,sintticaequeajudassenamobilizaodaspessoasparaagravidadedoproblema.
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Dessaforma,importanteressaltaradeterminaosocialdofenmenodaviolncianajuventude,oque
equivaleadizerqueoriscoaqueum jovemse encontraexpostodeenvolver-seemsituaesviolentas
variaconformeocontextosocialemqueeleestinserido.
Aindaqueospoucosdadosexistentessobreaautoriadoscrimesapontemparaumasignificativapresena
dajuventudeentreosperpetradoresdeaesviolentas,sobretudoaose tratardejovensentre18e 24
anos,hhojeumaforteperspectivadecriminalizaodaadolescnciabrasileiraeasuperestimaodos
delitoscometidospor adolescentes nouniverso decrimes, sobretudoquando so delitoscontra avida.
InformaesdaSecretariadeDireitosHumanosdaPresidnciadaRepblicaindicamqueapenas0,2%do
universodeadolescentesnopascumpremedidasdeprivaodeliberdadeemdecorrnciadaprticade
atosinfracionais3.
Por fim, reconhecendo a violncia como um fenmeno multicausal, so muitos os aspectos a serem
investigadosparaasuaanliseeentendimento.Oconsumo,geralmente,apontadocomoumdosfatores
que pode contribuir para a violncia. Assim, a pesquisa procurou se debruar sobre tal hiptese,
discutindo-a e qualificando-a a partirda abordagem realizada comadolescentes e jovens de diferentes
realidades do municpio de So Paulo, com maior destaque para aqueles que, pela prtica de atos
infracionais, foram inseridosno sistemade justia juvenil (destinadoaosadolescentes de12 a 18 anos
incompletosquepraticaramdelitos).
3SecretariadeDireitosHumanos.LevantamentoEstatsticodoNmerodeAdolescentesCumprindoMedidasSocioeducativas,no
Brasil,emjaneirode2004 .Disponvelem:http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/.arquivos/.spdca/mapa2004.pdf
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|NotassobreaMetodologia|
Para identificar as relaes existentes entre consumo, violncia e juventude, utilizou-secomo principalmetodologia a realizao de entrevistas orientadas por um questionrio quanti-qualitativo que buscou
abarcartemascomooshbitosdosadolescentes,atividadespreferidas,prticasedesejosdeconsumoeas
percepessobreaviolncia.
A pesquisa de campo consistiu na aplicao desse questionrio junto a trs grupos de adolescentes: i)
aqueles em cumprimento demedidas socioeducativas emmeio aberto nomunicpio de So Paulo; ii)
adolescentes moradores de Perdizes, um distrito de baixa vulnerabilidade social4; e iii) adolescentes
moradoresdaBrasilndia,umdistritodealtavulnerabilidadesocial,sendooprimeirooprincipalfocode
anlisedapesquisaeosdemais,osgruposdecontrole.
Alm disso, antes da etapa de campo, foram realizados dois grupos de consulta para verificao doinstrumentodepesquisaedasuaeficcianodilogocomosjovens.UmdelesaconteceunobairrodaVila
Nova Cachoeirinha, regio demdia/alta vulnerabilidade juvenil e o outro emMoema, local de baixa
vulnerabilidadejuvenil.Asopiniesepercepesdosjovensqueparticiparamdadinmicacontriburam,
de forma efetiva, para a elaborao do questionrio e auxiliaram na compreenso dos elementos
observadosemcampo.
Outras duas atividades de consulta foram desenvolvidas, envolvendo especialistas nas temticas da
pesquisa. A primeira reunio, realizada em14 de janeiro de2010, teveo propsito dediscutir temas,
abordagens e ideias para auxiliar na construo do questionrio e identificar aspectos relevantes de
anlise; a segunda, por suavez, aconteceu em29de abril de2010 para a discusso da sistematizaopreliminardosdadoscoletadosemcampo.
DefiniodaamostraAdefiniodaamostradosadolescentesemcumprimentodemedidassocioeducativasemmeioaberto,
quecompeo focodapesquisa,bemcomoaseleodosbairrosdePerdizeseBrasilndia,obedeceuas
especificidadesdecadagrupo.
Comomencionadoanteriormente,osadolescentesresidentesemdistritosdealtaebaixavulnerabilidade
foramtratados,parafinsdapesquisa,comogruposdecontrole,semrepresentar,portanto,umaamostraestatstica fiel ao universo de jovens dessas regies5. Os dados coletados junto a esses grupos foram
utilizadosnaconstruodecritriosdecomparaoemrelaoaosadolescentesquecumpremmedidas
socioeducativas.
A escolhapor focar a pesquisa nosadolescentes em cumprimentodeMSEparte da hiptese bastante
reproduzida pelos atores do sistema de justia de que as experincias infracionais dialogam com o
consumo.Aimportnciadosgruposdecontrolereside,justamente,nanecessidadedetestarumapossvel
4Paraadefiniodosdistritosdebaixaealtavulnerabilidade,utilizou-seondicedeVulnerabilidadeJuvenil(IVJ),elaboradopela
FundaoSeade.5Ocarterpilotodapesquisaeseucurtoperododeexecuomotivaramtalescolhametodolgica.
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relao entre a prticade atos de violncia,no necessariamenteconsiderados delitospela leipenal e
eventualmenteligadosaoconsumo,emadolescentesdedistintosperfissociaisequenopassarampelo
sistema de justia. Menos que uma anlise entre diferentes classes sociais, considerou-se como fator
relevantenainvestigaoaseletividadedosistemapunitivo,quenotadamentereproduzestigmassociaise
criminalizamjovenscomdeterminadosperfis.
Grupo1:Adolescentesemcumprimentodemedidassocioeducativas
Apesquisa realizouentrevistas comadolescentes inseridosemdois tiposdemedidassocioeducativas,a
PrestaodeServioComunidade(PSC)eaLiberdadeAssistida(LA),ambasexecutadasemmeioaberto.
NomunicpiodeSoPaulo,ocumprimentodessasmedidasacompanhadoporprofissionaisdosNcleos
deProteoPsicossocialEspecial(NPPEs)6
.
Dototalde4.629adolescentescumprindoLAe/ouPSCnos51NPPEsdomunicpio7,foramrealizadas129
entrevistas,incluindoadolescentesdosexomasculinoefeminino.Aamostrarepresenta,assim,2,78%do
universo.Asentrevistasbuscaramcontemplarumarepresentaoregionaldosncleos.Todasas5regies
(Norte,Sul,Sudeste,LesteeOeste)foraminvestigadasem,pelomenos,2ncleosdiferentesemcadauma.
Grupo2:Adolescentesresidentesemdistritosdealtaebaixavulnerabilidade
Emrelaoaosgruposdecontrole,adolescentesresidentesemregiesdealtaebaixavulnerabilidadee
quenocumpremmedidassocioeducativas,foramrealizadas81entrevistas,distribudasentreosbairrosdeBrasilndiaePerdizes,respectivamente.Aescolhadaslocalidadesfoifeita,sobretudo,apartirdondice
deVulnerabilidadeJuvenil(IVJ)daFundaoSeade.
AsentrevistasforamrealizadasnoEspaoCrianaEsperana(ECE)8,nobairrodaBrasilndia;emPerdizes,
foramentrevistadosestudantesde3colgiosdistintos 9.
6OsNPPEssoorganizaesno-governamentaisqueexecutamapolticadeatendimentosocioeducativodomunicpiodeSoPaulopormeiodeconvniocomaSecretariaMunicipaldeAssistnciaSocial(SMADS).7AinformaosobreouniversodeadolescentesinseridosnomeioabertofoiconcedidapelaPrefeituraMunicipaldeSoPauloatravsdaSecretariaMunicipaldeAssistnciaSocialSMADS.Osdadosreferem-sesistematizaodosatendimentosrealizadosnoprimeirosemestrede2009.8 Coordenado pelo Instituto Sou da Paz, o espao oferece cursos e atividades voltadas cultura e esportes a crianas e
adolescentesdaregio.9ColgiosGlobal,PentgonoeSoDomingos
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|Asdinmicasdoconsumoedaviolncia|Aapresentaodosdadossegueaestruturadoquestionrio,organizadopor:i)perfil;ii)hbitos(atividadescotidianaseprticasdeconsumo);iii)percepessobreaviolncia;eiv)aautoriadeinfraes.
OfocodaanlisesoosadolescentesquecumpremLAe/ouPSC10,sendoqueasinformaescoletadas
junto aos distritos de Perdizes e Brasilndia sero apresentadas apenas quando relevantes para a
comparaocomoprincipalgrupopesquisado.
DoPerfil:quemsoosadolescentes?
Demodogeral,asinformaesobtidasconfirmamosdadosjexistentessobreadolescentesquecumpremmedidassocioeducativas:identificou-seumamaiorpartedepretosepardos,comdefasagemidade-srie
noqueserefereaosestudos,umaltondicedeevasoescolar 11eumarelaoprecocecomomundodo
trabalhonagrandemaioriadasvezes,otrabalhoinformal.
Na realizao do campo, buscou-se fidedignidade s informaes j existentes quanto ao perfil dos
adolescentes emcumprimentodemedidas socioeducativas emmeio abertonoque se refere a sexo e
idade. Assim, a maior parte dos 129 adolescentes em cumprimento deMSE entrevistados do sexo
masculino(92%),sendoqueapenas8%sodosexofeminino 12.
Com relao idade, partiu-se da informao do Mapeamento Nacional que apontava uma maior
prevalncia de adolescentes entre 16 e 17 anos em cumprimento deMSE emmeio aberto. Assim, apesquisabuscouessamesmaproporo, tendo52%dosadolescentesentrevistados entre16e 17anos;
25%entre12e15anos;e23%entre18e21anos.
Cor
Porserumaspectodiretamenterelacionadovitimizaopelaviolnciaurbana,outroelementorelevante
anlisedoperfildosadolescentesasuacorouraa.Nasentrevistas,apesquisaabordouessaquestoa
partirdaautodeclarao13dosadolescentes,ouseja,dequemaneiraelesseidentificamquantosuacor 14.
Verificou-se,entreosadolescentesquecumpremmedidassocioeducativas,umaconsidervelprevalncia
depretosepardos,quejuntosrepresentam64%dosadolescentes.Ainda,27%sedeclararambrancos,3%
indgenase1%amarelos.
10 Quando o textose refere a adolescentes, semespecificao, as informaes dizemrespeito queles emcumprimentode
medidas socioeducativas, foco da pesquisa. Nos casos em que forem citados os entrevistados de Perdizes e Brasilndia, taldiferenciaoserapresentada.11InformaesdoMapeamentoNacionaldeMedidasSocioeducativasemMeioAberto(Ilanud,2007)apontamqueamaiorparte
dosadolescentesemcumprimentodemedidastementre16e17anosecursaoensinofundamental.12Ressalta-sequeapesquisanotemcomoobjetivoretratarigualmenteosgneros,muitomenosfazerumaanliseaprofundada
deles, mas represent-los conforme o contexto analisado. A proporo pesquisada obedece as informaes coletadas noMapeamentoNacionalsupracitado.13Apesquisaescolheuadotaressaprticanasentrevistasusandocomorefernciaasuautilizao,peloIBGE,nacoletadedados.
14
Aautodeclaraofoifeitaapartirdaleitura,pelopesquisador,dascategoriasdecor/raaestabelecidaspeloIBGE:branca,preta,parda,indgena,amarela.
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Entre osadolescentes dosgruposdecontrole,humagrandemaioria deentrevistados autodeclarados
brancosemPerdizes,eumamaioriadepardos,naBrasilndia.
Pode-se perceber, portanto, a prevalncia de adolescentes pretos e pardos cumprindo medidas
socioeducativas,japontadaemdiversaspesquisasanteriores.Taldadopodeserproblematizadoapartir
daconstataodequeoSistemadeJustiaseletivo,reproduzestigmassociaiseatinge,portanto,pessoas
maisvulnerveisporquestesdeclasse,locaisderesidncia,escolaridadee,tambm,coreraa.
Religio
Assimcomoacorpodeserumfatordevitimizao,aprticadeumareligiopodeserentendidacomoum
fatordeproteosocial15.
Contudo,amaioriadasrespostas(65%)entreadolescentesemcumprimentodemedidassocioeducativas
indicaqueelesnopraticamatividadesreligiosas.EssesnmerosserepetememPerdizes,onde60%dos
entrevistadosdizemnopraticarqualquerreligio.
NaBrasilndia verificou-se,poroutrolado, umaprevalnciadeadolescentes quepossuemalgumcredo
(59%dosentrevistados).
Escolaridade
Osdadosdapesquisaindicamque64%dosadolescentesemMSEafirmamestudar,enquanto36%esto
foradaescola.
Aquantidadedeadolescentesquenoestudasignificativa,aindamaisquandoselevaemcontaqueum
dos elementos do cumprimento da liberdade assistida e da prestao de servios comunidade a
inseronaeducaoformal.Agrandeproporodeadolescentesemcumprimentodemedidasqueest
fora da escola indica que a evaso escolar16 dialoga com a situao de vulnerabilidade comumente
relacionadaprticadeumatoinfracional.
DosadolescentesemMSEqueestudam,59%cursamoensinofundamental.H,portanto,umdficitde
escolaridadeseconsiderarmosque75%dessegrupotemmaisde16anos,idadecompatvelcomoensino
mdio.EssequadronosereproduznaBrasilndia,tampoucoemPerdizes.
Trabalho
Dos adolescentes emcumprimentodemedidassocioeducativas,81%delestrabalhaou jtrabalhouemalgummomentodesuavida.
Nota-sequetrabalharinterpretado,namaiorpartedasvezes,comoumaatividadequegerarenda,seja
elaformalouinformal.Aolongodasentrevistaspde-seperceberqueotrabalhoformalumasituao
excepcionaleasatividadesempregatciascomumenterelacionam-seaserviostemporriosouinformais.
Renda
15 Elemento tambm apontado por alguns dos integrantes da primeira reunio de consulta com especialistas em consumo,
violnciaejuventude.16
OsdadosdeevasoescolardomunicpiodeSoPauloumdosfatoresutilizadosparaaconstruodo ndicedeVulnerabilidadeJuvenil(IVJ)daFundaoSeade.
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OsadolescentesemMSEresponderam,emsuamaioria(56%doscasos),quenopossuemrendamensal
individual.EssedadocoincidecomasinformaeslevantadasemPerdizeseBrasilndia.
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Doshbitos:oquefazerdavida?
Faotudoquequero 17.
Deitarnacamaeficarsossegado,comumacompanhiadolado,nohcoisamelhor.
Entenderasdinmicasrelacionadasaoquefazemcomoseutempolivre,dequemaneiraseinformama
respeitodomundoe,ainda,comocompramese compramoquequerem,ofereceelementosparauma
compreenso das prticas que os envolvem, as estratgias utilizadas para concretizar essas prticas e
tambmasmaneirasdeconstruirsuasidentidades.
Demodogeral,percebe-sequeosadolescentesrealizamatividadespoucodiversificadasnoseucotidiano.
Atelevisopossuipresenasignificativanoseudiaadiaeelesquasenoparticipamdeatividadesque
envolvamaorganizaoemgrupossejamelasrelacionadasaONGs,igrejas,esportesouartes.Oshbitos
edesejosdeconsumoso,porsuavez,majoritariamentecompostosporprodutoscomoroupasesapatos
epelavontadedepossuirumamotoouumcarro(muitasvezes,osdoisaomesmotempo).
Atividadesmaisfrequentesepreferidas
Em ordem de relevncia, as cinco atividades mais realizadas18 so19: ouvir msica, assistir televiso,encontraramigos,ficar/namorar eassistirfilmesemcasa.A sistematizaodafrequncia comaqualos
adolescentesrealizamasatividadesindicaqueorepertriodeopesrestritoaosespaosdasuacasa
(ouvirmsica,assistirTV,assistirfilmesemcasa)esrelaescompessoasprximasdoconvvio,como
amigos(as)enamorados(as).
Pode-se dizer que os adolescentes pesquisados, independente do bairro onde residem ou do seu
envolvimentocomatosinfracionais,possuemsemelhanasnoquesereferesprticasmaispresentesem
seucotidiano.Essaconstataofortalecidanoquesereferessuasatividadespreferidas:asprticas
esportivas aparece em primeiro lugar de preferncia tanto nos grupos de controle como para os
adolescentes que cumprem uma medida socioeducativa. A vontade de encontrar os amigos e usar ocomputadortambmsocomunsaostrsgrupos.
17 A partir dessemomento do relatrio, todo tpico que se inicia ter como epgrafe umaoumais frases dos adolescentes
entrevistadospelospesquisadoresdecampo.18Asatividadesmaisrealizadassoaquelasqueosadolescentesafirmamrealizarpraticamentetodososdiasouaomenosumavez
nasemana.19Asatividadesmaisrealizadaspelosadolescentesforaminvestigadasapartirdeumaperguntacom22 aespr-estabelecidas,
maisapossibilidadedeinclusodeatividadesnacategoriaoutra.Paraveraquesto,consultaroquestionrionoVolumeIIdesserelatrio.
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Comrelaoaoreconhecimentodelimitaesparaarealizaodeatividades,osadolescentesemMSE,em
sua maioria (60%), afirmam no deixar de realizar as atividades que gostam, caracterstica tambm
encontradaentreasrespostasdosresidentesnaBrasilndiaaindaqueemmenorproporo(51%).
J osmoradoresdePerdizes afirmam, emmaior proporo, deixar de realizar o que gostam (62% das
respostas).Oprincipalobstculorealizaodeatividades(sendoasmaiscitadasasprticasesportivas)
tambmafaltadetempo,ressaltandoquenestegrupo,hadolescentesqueindicamanopermisso
dospaisouresponsveiscomoumimpeditivo.
AquantidadedeadolescentesemMSEqueafirmamnoterimpeditivosparaaprticadassuasatividades
preferidas relevante, ainda mais se considerarmos que essa fase da vida marcada por limitaes
(geralmenteimpostaspelosadultos)quesesomamsdificuldadesrelacionadasaocontextoemquevivem,
commenorofertaepioracessoadeterminadosservioseequipamentos.
Sendoassim,ainexistnciadeimpedimentospodeserinterpretadatantocomoumarealpossibilidadede
sefazeroquesequerindependentedeobstculoscomodistncia,limitaesfinanceiraserestriesdos
familiares,mastambmpodedarindciosdaexistnciadeumrepertriolimitadodeatividades(oque
torna mais fcil realiz-las), de um menor controle social (nesse caso, exercido pela famlia) e,
consequentemente,deumamaiorautonomia-ou,aomenos,deumacrenadequeessaautonomiaexiste
epodeserpraticadasemrestries.
Alm disso, as informaes obtidas indicam uma participao pequena dos adolescentes emMSE em
atividadescoletivas,embora encontraramigossejaumadasaesmaispresentesemsuasvidas,tanto
entreaquelesquecumpremmedidasquantoentreosouvidosnosbairrosdePerdizeseBrasilndia.
Dosmeiosdecomunicao
ATVeainternetrepresentam,juntas,75%dosmeiosdecomunicaomaisacessadospelosadolescentes,
commaiorpresenadaprimeira(43%)emrelaosegunda(32%).
Osadolescentesdosgruposdecontroleindicamqueatelevisotemmenorrelevnciaemsuasvidascomo
principalmeiodecomunicao.Emambososbairros,ainternetjaformamaisutilizadaparaacesso
informao,comdestaqueemPerdizes(onde80%dosentrevistadosafirmamutilizarmaisainternetdo
quequalqueroutroveculo).Valedestacarqueosjornaiserevistassaparecemcomomeiosdecomunicaomaisutilizadosentreos
entrevistadosdaBrasilndia,edeformapoucosignificativa.
Taisinformaessugeremqueosadolescentespesquisadosnopossuemohbitodeler,sobretudose
considerarmosapoucamenoderevistasejornaiscomomeiosdecomunicaoeofatodealeiturano
aparecer como umaatividade frequente e serpouco citadaentre aspreferidaspara o tempo livre.No
entanto, preciso considerar que os jovens podem acessar outras ferramentas de leitura, geralmente
associadasaocomputador.
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Asrespostasrelacionadasaosprincipaisacessosinternetdocontadequeasredessociais(como Orkute
Facebook)eferramentasdecomunicaoinstantnea(como MSNMessenger,GoogleTalk eSkype)so,
juntos,osmaisindicadospormetadedosadolescentesemMSE.
Identificou-setambmqueafrequnciadousodainternetmaiorentreosentrevistadosdosgruposde
controle,sendoqueosresidentesemPerdizessoosquemaisaacessam.Maisde30%dosadolescentes
emMSEnoutilizamaredevirtualouofazemraramente,enquantoquemetadedosentrevistadosde
Brasilndiaafirmaseconectarinternetpraticamentetodososdiasdasemana 20;emPerdizes,todosos
entrevistadosaacessam,nomnimo,algumasvezesporsemana.
Os indicadores de frequncia no uso da internet entre todos os entrevistados apontam que a
democratizaodessemeiodecomunicaoestligadaaocontextosocialdosjovens.Osadolescentesem
MSEsoosquemenosautilizam,seguidospelosentrevistadosdaBrasilndia.Perdizes,obairrodebaixa
vulnerabilidade juvenil, o nico onde todos os entrevistados acessam a internet, mesmo que no
diariamente.
Ainda,apresenadatelevisonavidadosadolescentesemMSEfoiumfatorbastantesignificativoentreas
respostasrelacionadassatividadesfrequentesesformasdeacessoinformao.
Ainda quea TV seja omeio de comunicaomais utilizadopelos adolescentes, a internet obtevemais
citaesquandoindagadosarespeitodapreferncia.Detodomodo,tambmnainternetconsidervelo
nmerodeannciosedemarketingdirecionadosajovens,bemcomodefacilidadesdecompraqueatraem
essesegmento.Asprpriasredessociais,como OrkuteYoutubepassaramahospedarannciosemseus
sites.Juntos, televiso e internet, criam poderosos padres de necessidades, desejos, sentimentos e
comportamentos,levando,muitasvezes,frustrao,insatisfaoebaixaautoestimadadasasdificuldades
emalcanara visodefelicidadee sucessoveiculadasnessesmeiosde comunicao,muitoatreladas
imagemecondiosocial.
Arespeitodainfluncia21queaspropagandasexercemnasvidasdosadolescentesemMSE,maisde70%
respondeuqueelanoexiste.OsentrevistadosemPerdizeseBrasilndia,porsuavez,indicaram,emsua
maioria,aexistnciadeinflunciadaspropagandasemsuasvidaseselembramcommaisfrequnciadas
publicidadesexistentes.
Nesse aspecto, preciso considerar que a influncia desses meios de comunicao nem sempre
conscienteoquemuitoexploradopelosprofissionaisdemarketing.
20Destaca-sequeaquantidadedeadolescentesqueafirmouacessarainternetpeloEspaoCrianaEsperanafoimuitopequena.
21
Asrespostasrelacionadasinflunciadaspropagandasnavidadosadolescentesapontaramaexistnciade:i)total;ii)bastante;ouiii)poucainfluncia.
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Avontadedecomprar
Oque,paravoc,importanteconsumir?
Roupa.Semroupavocnonada.
Todomundotemnecessidadedemostrarquetemcoisademarca,senotem,vocmenos.
Osadolescentesforamquestionadosarespeitodasltimascoisasquehaviamcomprado,eaproporode
respostas relacionadas a roupas e sapatos foi consideravelmente mais alta do que qualquer outroproduto22.Emseguida,osobjetosmaiscitadosforamosacessrios,tambmdiretamenterelacionados
formadesevestir.Juntos,roupas,sapatoseacessriossomammaisdedosprodutosmaiscitadosentre
asltimascomprasdosadolescentesemMSE.
EntreosentrevistadosdeBrasilndiaePerdizes,as roupase sapatos tambmforammaismencionadas,
seguidasporcomidaebebidanoprimeiroepelosacessriosnosegundo.
Para investigar os desejos de consumo que no se limitam s reais possibilidades de compra, os
adolescentes foram questionados sobre o que comprariam, se pudessem, independente do preo. A
despeitodavariedadederespostas,queincluramnosobjetos,mastambmvaloresesensaes 23,mais
de1/3dosadolescentesemMSEafirmaramavontadedeterumcarroe/ouumamoto.Damesmaformaqueavestimenta,ficouevidentequeodesejodeterumamotoe/ouumcarroincluiaspectossubjetivos
ligadosasensaesdepertencimentoemelhorposiosocialperanteosamigos,familiares,comunidade
etc.
Osquestionamentosacercadosdesejosdeconsumodosadolescentes foramseguidosdeum dilogoa
respeito das formas para concretiz-los. A grande maioria dos entrevistados, sejam aqueles em
cumprimento deMSE como os dos grupos de controle, aponta o trabalho como o principal meio de
alcanar seus desejos de consumo. Entre os adolescentes emMSE, o trabalho foi citadopor 77% dos
entrevistados,incidnciasuperiorencontradanosdemaisgrupos.
Apesarde representar apenas 4% das respostas,as prticas infracionais foram citadas como forma de
acesso aos desejosdeconsumo pelos adolescentes emMSE e indicadas, ainda que demaneira pouco
expressiva,nasentrevistasdeBrasilndiaePerdizes.
AsrespostasdePerdizesapontamparaumsensodeplanejamentodoquesefazercomodinheiro,ouseja,
economizar para conseguir comprar alguma coisa posteriormente, e indicam a no necessidade de
contribuir para o oramento da prpria famlia, o que faz com que a utilizao do dinheiro seja
integralmenteparasi.
22
Essaquestoeraaberta,ouseja,nohaviacategoriaspr-estabelecidascomorespostas.23Taiscomoamor,paz,igualdadesocialeracial.
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importanteteremvistaqueaaodeeconomizarprojetaousodorecursoparao futuro(prximoou
distante)eque,nocasodeadolescentesquevivememcontextosdemaiorvulnerabilidade,ondeastaxas
de homicdios atingem predominantemente essa faixa etria, as perspectivas para o futuro so,
provavelmente,menospresentesemsuasvidas.
Alm disso, os adolescentes emMSE afirmam gastar o seu dinheiro com produtos diversos: os itens
relacionados aparncia (roupas, sapatos, produtos de higiene e beleza) somam 28% das citaes,
produtosalimentciosnoligadosprimeiranecessidade(lanchesforadecasa,guloseimaserefrigerantes)
representam25%,eosgastoscomlazertemcomodestaqueevidenteasfestasebaladas(12%).
Osartigosrelacionadosaparnciademonstramaimportnciadaconstruodaimageme,porsuavez,da
identidade, superando em importncia os produtos alimentcios, que seriam os itens mais bsicos
sobrevivncia.Ainda,percebe-sequefestasoubaladasso,reconhecidamente,espaosfundamentaisde
sociabilidadedosadolescentes.
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Daspercepes:comoosadolescentesenxergamaviolncia?
Porqueacriminalidadeaquimuitovulgar,muitonacara.
Osadolescentesforamquestionadossobreoqueconsideramumcomportamentoviolento,emaiorparte
dosquecumpremmedidasocioeducativa(34%)mencionouaagressofsica.
EntreosjovensdePerdizeseBrasilndia,osresultadosseguemamesmatendncia,comdestaqueparaas
agressesfsicas,seguidaspelasagressesmoraiseverbais. EmrelaoaoslocaisondeosadolescentesemMSEmaispresenciamviolncia,foramdestacadosoespao
pblico(rua),com46%eaTV/internet,com35%.AmaiorpartedosadolescentesdeBrasilndia(51%)tambmcitouaruacomooespaonoqualpresenciammaisviolncia,seguidapelaTV/internet(35%).Em
Perdizes,curiosamente,aproporoseinverte:51%afirmapresenciarviolncianaTV/internete31%citaa
rua.EssedadopodeserexplicadopelofatodePerdizesserumbairroconsideradodebaixavulnerabilidade
social,noqualaprobabilidade(eosdadosmostram)doadolescentepresenciarumfatoviolentonoespao
pblicomenorsecomparadoaumbairrodealtavulnerabilidade.
Osadolescentestambmforamquestionadossobreapercepoque tmdaviolnciaem seudiaa dia.
Nesta questo, poderia se esperar que os adolescentes emMSE percebessem maior violncia em seu
cotidiano.Noentanto,oresultadodapesquisaapontouemsentidocontrrio:desseuniverso,54%afirmou
tercontatocomaviolncianodiaadia,enquantoemBrasilndiaePerdizes,essaproporofoide71%e62%respectivamente.Essedadopodeserinterpretadonocomoumindciodequeexistemaisviolncia
em Brasilndia e Perdizes, mas sim que a percepo dos entrevistados acerca da violncia est
intimamente relacionada ao seu contexto social, e que o mesmo fato pode receber diferentes
interpretaesdependendodolocalondepresenciado.
Essaaparente incoernciapode tambmser interpretadacomopartedeumaestratgiaquerelacionaa
construo de uma concepo sobre a violncia reflexo sobre as suas prprias prticas enquanto
violentas ou no. Em outras palavras, o esforo de definio do que um ato violento pode levar a
ponderaessobreosprpriosatos,eaexistnciadejustificativasparadeterminadaformadeproceder
fazempartedaelaboraodoveredictosobreaao,aserentendidacomoviolentaouno.Assim,algoquepoderiaserconsiderado,aprincpio,violento,podenoserencaradocomotalseprecedidoporuma
justificativaqueoabone.
OseventosviolentosmaiscitadospelosadolescentesemMSEforamasagresses,aviolnciapolicialeas
brigas.OsentrevistadosdaBrasilndiafalaramsobreasbrigase asagresseseemPerdizes,asbrigas,a
discriminao,preconceitoebullyingeosassaltosouroubos.Observa-sequeasbrigasfiguramentreos
principaisepisdiosdeviolnciapresenciados nostrsuniversos emquesto.Adiferena se localizana
presenadaviolnciapolicialentreosadolescentesemMSE,edopreconceito,bullyingeosassaltosentre
osadolescentesdePerdizes.
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Seria possvel argumentar que as percepes dos adolescentes sobre a violncia so informaes por
demaissubjetivasparaseremconfiveis.Noentanto,notou-sequeapercepodelesestrelacionada
vivnciaconcretadesituaesviolentas.DentreosadolescentesemMSE,45%dissejtersofridoalgum
tipodeviolncia.EmBrasilndia,de formasemelhante,46%dosentrevistadosafirmatersidovtimade
violncia.EmPerdizesessaporcentagemfoide35%.Apesardasdiferenasnassignificaesqueaviolncia
adquire nessesuniversos,os resultadosmostramqueparteconsiderveldosentrevistadossenteque j
sofreualgumtipodeviolncia,independentedobairroondereside.
Noquedizrespeitoaotipodeviolnciasofrida,emtodososuniversoshouvedestaqueparaasagresses.
Entre os adolescentes emMSE, contudo, a segunda situao maismencionada foi a violncia policial,
enquantoemPerdizeseBrasilndiafoioroubo.Olocalondemaisocorremasagressesarua,emtodos
oscasos.Nos gruposde controle,contudo,destacaram-seasagressesocorridasnaescola, informao
queserelacionacomodestaquedadosporessesadolescentessformasdeagressoclassificadascomodiscriminaes,preconceitosebullying,queocorrem,majoritariamente,noambienteescolar.
Aovislumbraraautoavaliaodosentrevistadossobreseuscomportamentos,aporcentagemdosquese
consideramnuncaouraramenteviolentossobepara71%dosadolescentesemMSE.Issotalvezmostreque
eles se enxergam mais como vtimas do que como perpetradores da violncia. Em Perdizes, essa
porcentagemde83%eemBrasilndia,de68%.Aqui,valeretomarqueconsiderar-seviolentopassapor
interpretarasprticaspossivelmenteviolentasluzde fatose justificativasquepodemvira amenizaro
proceder,tornando-o,aosolhosdoseuautor,umaaonoviolenta.
Comefeito,aoseremquestionadosarespeitodaautoriadealgumcomportamentoviolentonoltimoano,
53% dos adolescentes emMSE responderam positivamente, o que, aparentemente, contradiz o dado
anterior. Porm, possvel aventar que haja uma notvel diferena entre se considerar uma pessoa
violentaecometerpontualmentealgumatodessanatureza.Dessaforma,ofatodeteremsidoautoresde
alguma ao violenta, para os prprios, no seria suficiente para caracteriz-los enquanto pessoas
violentas. Dentre esses 53% dos disseram ter praticado algum ato violento, 22% foram autores de
agressese17%deassaltosouroubos.
A pesquisa tambm indagou sobre a possibilidade dos adolescentes j terem exercido algum
comportamentoviolentoparacomprarouteralgumacoisaquedesejammuito.Osresultadosmostraramqueamaioriadeles(59%)respondeunegativamente.Dentreaquelesquedisseramqueusaramouusariam
deviolncia paraobter algo desejado, 76% apontouo assalto ou roubo. Por fim,o que mais chama aatenoque81%dosadolescentesafirmamquenenhumobjetodeconsumoseriarazoparaquetivesse
algumcomportamentoviolento.
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Dasinfraescomoosadolescentespodemserviolentos?
Porqualatoinfracionalvocfoiacusado?
157.Quandoavtimasaidotrabalhooudobancoecoloca-seum38o.
Verificou-sequedentreosentrevistados,o cumprimentoda LA, isoladaoucumuladacomaPSC, tevea
representaomaissignificativaentreasrespostas.
Emseguida,constatou-sequeagrandemaioriadosadolescentesfoiautordeatosinfracionaisequiparados
acrimescontraopatrimnio:rouboefurto.Otrficodedrogastambmtemgrandedestaqueentreosdelitosmaiscometidos.
Oshbitosedesejosdeconsumosofatoresrelevantesnocotidianodosadolescentes,emsuasatividades
realizadasepreferidase,assim,nosprocessosdesocializaoeconstruodeidentidades.Nessesentido,
oconsumo tambmpodeserumdosdiversoselementospresentesnosprocessosdeenvolvimentodos
adolescentescomprticasilcitas,partindodaconcepoqueindicaoconsumonocomoumaatividade-
fim,massimummeiodesealcanardeterminadasformasdesereagirconstitutivasdasidentidades.
Questionadosarespeitodasmotivaesparaaprticadoatoinfracionalpeloqualforamacusados,quase
metadedos adolescentesapontaquestesrelacionadasaosbensdeconsumocomojustificativas (48%).
Elementos relacionados identidade e apontados de formamais explcita tambm foram significativosentreasrespostas,com19%dascitaes24.
Asmotivaessistematizadasnacategoriaoutrossoapresentadasnatabelaabaixo,bemcomoascitaes
quecorrespondemsdemaiscategoriasbensdeconsumo,identidadeenecessidade.
24 As categorias foram criadas a partir da sistematizao das respostas pergunta aberta, apenas para facilitar a anlise e
considerandooelementomaisexplicitadonafaladosadolescentes.Sabe-se,noentanto,quetaisjustificativaspodemapresentarinmerasimplicaeseque,portanto,sopassveisdeseremencaixadasemmaisdeumacategoria.
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Tabela1:Motivaesparaaprticadeatosinfracionais
Motivo Especificao CitaesQueriamuitooobjeto(CD) 1
Comprarmoto 3
Comprardrogas 5
Vontadedetercoisas(maisrapidamente,semtrabalhar) 9
Comprarroupas,tnis 20
Terdinheiro 17
Motivosligadosbensdeconsumo Comprarbebidaemfestas/baladas 7
Total 62
Independncia 4
Causarimpresso(comasmeninas) 4
Provocaes,brigas(entregruposouinterpessoais) 7
Darumroldecarro/moto 2
Motivosligadosidentidade
Influnciadeamigos 8
Total 25
Motivosligadosnecessidade Ajudarme 2
Total 2
Seproteger 1
Estavabbado 1
Revoltacomavida 1
Semmotivo/euquis 4
Outros Pagardvida/contas 4
Total 11
Noquisresponder 13
Diz-seinocente 12
Seminformao 4Fonte:IlanudPesquisaConsumo,ViolnciaeJuventude2010.
Analisandoas informaesapresentadas pelos adolescentes para aprtica doato infracional possvel
identificar osdiscursos existentesaolongode todooquestionrio,que permeiam tantooshbitosdos
adolescentesquantoassuasconsideraessobrecomprarequererdeterminadosprodutos.
Assim,asmotivaesparaa prtica deatos infracionais relacionadas aos bensde consumocorroboram
comahiptesedequeaculturadeconsumo,demaneiramaisgeral,eodesejodepossuirdeterminados
bens,deformaespecfica,sofatoresque,adespeitodenoseremnecessariamentenicosoudemaiorrelevncia,integramasdinmicasdaviolncia.
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|Concluseserecomendaes|
[Querotercarroemoto]porquesoascoisasprincipaisparasequerernavida.Depoisvemroupa,tnise
outrascoisas.
Seeudesseavoc200reaisagora,oquevocfaria?
Eunotavaaqui,tavacheirando.Noescreveisso.Estariacomprandoumasroupinhas.
Oconsumodeveserentendido,nocontextodapesquisa,comoumelementoquefazpartedaconstituio
das identidades na adolescncia e juventude. Em uma sociedade de consumo, sentir-se includo e teracesso a determinados produtos e servios ganha ainda mais importncia nas etapas de definio
identitriae deautoafirmao.Asprticasdeconsumoeosbensemsimesmosestorelacionadosaos
modos de ver-se e servisto,afirmar-se e diferenciar-sede pessoas e grupos. Nesse sentido, os relatos
sistematizadospelasentrevistasmostramquesevestirdecertamaneiraeterapossibilidadedeacessar
objetos(comoroupas,sapatoseacessrios)traduzemumadeterminadamaneiradeveromundo,dese
relacionarcomospares,deatribuirsignificadosaosprodutosetc.
Aanlisedosdadosindicaqueelementosrelacionadosaoconsumo,juventudeeviolnciadialogamentre
si. No entanto, evidente que determinados desejos de consumo tpicos da adolescncia no esto
diretamenteligadosprticadeatosviolentos,sejamilcitosouno25
,eporissonopodemseranalisadosisoladamentedocontextoemqueessesadolescentesestoinseridos.Mesmoaprticadeatosinfracionais
cujarelaocomoconsumoparecesermaisevidentetambmresultadodemltiplosfatorese,dentre
outrosaspectos,podeserumatalhoparaaconquistadedeterminadosbensquefazempartedosdesejos
comunsaosegmentojuvenil.
Nesseaspecto,asinformaesdosadolescentesautoresdeatosinfracionaisoumoradoresdasregiesde
BrasilndiaePerdizesmostraramque,aindaqueoshbitosedesejosdeconsumosejamosmesmos,as
formasdeacessoaeleseograudeexposioviolnciasediferenciam.
possvel perceber, a partir dos dados coletados, que o perfil dos adolescentes em cumprimento de
medidassocioeducativasbastantesemelhanteaoconstatadopeloIHA26
comoogrupocomaltoriscodesofrerhomicdios,poismajoritariamentecompostoporadolescentesejovensdosexomasculino,negros,
debaixaescolaridadeeresidentesderegiesperifricasouconsideradasvulnerveis.Nomesmosentido,
dadosde2009indicamqueaviolnciaumapresenaconstantenavidadequase1/3dapopulaojovem
dopas27commaiornfaseaosjovensnegros,dosexomasculinoeemcondiesprecriasdetrabalho.A
violnciapolicial,amplamentecitadapelosadolescentesemMSEcomoconstanteemsuasvidas,umdos
fatorespresentesnasrespostasdequase60%dosjovensentrevistados,segundoomesmoestudo.Dessa
25Levandoemcontaquenemtodasasaesviolentassotipificadaspelalegislaoenquantocrimesecontravenes.
26ndicedeHomicdiosnaAdolescncia,apresentadonaIntroduo.Disponvelem:http://www.unicef.org/brazil/pt/IHA.pdf
27
BRASIL,Ministrio da Justia, Pronasci, FrumBrasileiro deSeguranaPblica, ILANUD,InstitutoSou daPaz,SEADE.ProjetoJuventudeePrevenodaViolncia:primeirosresultados. Braslia,novembrode2009.
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forma,oadolescentemoradordaperiferia,muitasvezesestigmatizadopelosensocomumcomopotencial
criminoso,retratadoporessaeoutraspesquisasprincipalmentecomoumapotencialvtimadaviolncia,
incluindoapolicial.
Comefeito,taisfatoresderiscopodemserencontrados,emalgumamedida,entreosadolescentesda
Brasilndia,masse distanciamradicalmentedo perfildos entrevistadosde Perdizes.Por suavez,alguns
fatoresdeproteoestomaispresentesentreosadolescentesdePerdizeseBrasilndia,secomparados
comosadolescentesemcumprimentodemedidas.
ExemplodissoaaltaproporodeadolescentesemMSEquenoestudam.Assumindoqueaconcluso
doensinomdioumfatorquecontribuiparaaentradanomercadodetrabalho,sobretudooformal,a
defasagem educacional constatada entre esses adolescentes reduz as oportunidades de emprego e,
consequentemente, traz impacto no acesso aos bens de consumo. Esse dficit de escolaridade no
encontrado, nas mesmas propores, entre os entrevistados na Brasilndia e tampouco entre os
adolescentesemPerdizes,quenovivenciamessaexperincia.
Relacionado aocontexto educacionalest o fato dequeosadolescentes se inseremprecocemente em
atividades de trabalho que, em geral, caracterizam-se pela informalidade no garantem direitos, no
oferecem estabilidade e no proporcionam chances de crescimento profissional. O hiato causado pela
inexistncia de uma renda estvel contribui para a impossibilidade do estabelecimento de hbitos de
consumoregulares.
Analisandoasinformaescoletadasemseusdiferentescontextos,tendoemvistaasdistintassituaesde
vulnerabilidadedosadolescentes(queincluemofatordarenda,masvomuitoalmdeleeconsideram,especialmente,ograudeexposioviolncia)possvelafirmarqueexistenoumarelaodireta,mas
uma relao mediada entre consumo e violncia. Isso significa que entre a constatao de que os
adolescentestmdesejosdeconsumocomuns(pormimpossveisdeseremconcretizados)eaprticade
umaaoviolentaoudelituosaparaconquist-lo,hinmerosfatoresqueparticipamdessarelao.Os
dadosapresentadosfornecempistasdesseselementos,quepodemsermaisbemaprofundadosemfuturas
investigaes sobre o tema. Alguns exemplos so: nos casos de adolescentes que vivem em contextos
sociais parecidos, aescolaaparececomoumfatorde proteo socialrelevante, enquantoemsituaes
distintas,aexposioviolncia,omenorcontrolesocialeouso/abusodedrogasaparecemcomofatores
derisco.
Assim, a presente pesquisa apontou para a necessidade demelhor conhecer as atuais concepes da
adolescncia, com ateno s informaes que indicam aparentes incongruncias entre concepo e
prtica,entreao e representao, emdiferentesassuntos abordadosnoquestionrio,massobretudo
sobre violncia. Os adolescentes se representam de uma maneira e com uma determinada distncia
daquiloqueconsideramviolncia,masseucotidiano,seushbitos,suamaneiradeinterpretaromundoe
at mesmo nveis de tolerncia variados revelam uma prtica distinta. Assim, investigar com mais
profundidadeosmltiplossignificadosqueserviolentopodeganharumaetapafundamentalparaum
estudoposterior.
Observou-sequeosadolescentesprocuraminseriraviolnciaemumadeterminadaconjuntura,incluindo
naanlise justificativasquepodem relativizarumaaoque,aprincpio,seriaconsideradaviolenta.Em
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outraspalavras,a presena decontradieslanaluz aelementos subjacentesaosdiscursos,que so
relacionadosaostrstemasdapesquisaedevemserinterpretadosnocontextodeaodojovemedesua
histria.
Portodososaspectosdebatidosnorelatrioqueressaltamasrelaesdeconsumoenquantocategoriade
anlise relevante juventude uma vez que ela permeia os hbitos, as preferncias e as formas de
socializaodosentrevistados,estasdevemserconsideradasnasintervenesquevisamcompreenderas
vulnerabilidadesdeadolescentesejovense pensaremaesde preveno violncia. imprescindvel
queasiniciativasqueestudamouatuamemtaistemasatentemparaopapelqueoconsumoassume,em
algumamedida,navidade todasaspessoas,eparaas formasdeentrelaamentoentreo consumoeas
vulnerabilidadesqueafetam,demaneiramaisaguda,essepblicoespecfico.
Portanto,apresentepesquisanosnofinalizaessecampodeanlisecomoapontaanecessidadedese
realizarem estudos posteriores, com grupos mais amplos de adolescentes, que possam perscrutar os
diferentes fatores apresentados nesse relatrio. Assim, realizar investigaes focadas em questes
especficastaiscomooacessoinformao,oshbitosdelazereasprpriaspercepessobreaviolncia
podem aprofundar as aparentes incoerncias encontradas e avanar nessa temtica ainda pouco
explorada.
Tendoissoemvista,apresentamos,comorecomendaes,questesqueapareceram,aolongodaanlise,
de forma tanto explcita quanto latente, e que so passveis de serem trabalhadas para melhor
compreender como e emquemedida as temticasdo consumo, da violnciae da juventude dialogam
entresi.
Recomendaes
IdentidadesJuvenisePrevenoviolncia
Aadolescnciaeajuventudesoperodoscruciaisparaadefiniodasidentidades.Esseprocesso,porsua
vez, influenciado por uma srie de fatores existentes na socializao, entre eles a prpria lgica de
consumoeaformulaodeconcepessobredeterminadasformasdesereagirquepodeenvolver,por
exemplo,atosviolentos.Amaioriadosadolescentesentrevistados,independentedoperfilsocial,sentemapresenadaviolncia
emsuasvidas.Noentanto,aquelesemsituaodemaiorvulnerabilidadesocial,estoaltamenteexpostos
a situaes diversas de violncia. Esses matizes precisam ser considerados em qualquer iniciativa de
pesquisaouintervenocomessepblicoquetratemdaprevenoviolncia. Procurou-sedemonstrar,ainda,queaviolncianofenmenodiretamenterelacionadopobreza,assim
comotambmnoosoosdesejosdeconsumo,jqueelesultrapassamemgrandemedidaadimensoda
necessidade. Dessa forma,foi possvel vislumbrarhbitos edesejos semelhantesembairrosde estratos
sociais diferentes.Amaiordiferena reside,contudo, noacessoa esses bens, notavelmentemenor em
bairros pobres.Assim, sugere-se que o consumo, bem como as formasde consumo consciente, sejam
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includos entre as temticas pertencentes ao repertrio dos projetos que atuam com juventude em
diversosmbitosformao,sensibilizao,profissionalizao,lazer,cultura,esportesetc.
importante, ainda,criar espaosdedilogo comadolescentes e jovens,para refletiremsobre formas
saudveisdelidarcomoconsumoeseremcrticosarespeitodasinformaesecontedosqueacessam,
bemcomospropagandasdequesoalvo.
Assim,sesabemosqueaspolticasdeprevenoviolnciavoltadasjuventudedevemcompreenderas
matizesquemarcamouniversojuvenilequepermeiamosespaosdesociabilidadeeaconstruode
identidades,buscandoproblematizardiversosfatores,comoainflunciadefamlia,amigos,comunidadee,
entreoutros,precisoampliaressesrequisitoseincluiroconsumotambmcomotema.
Mdia
Apesquisaindicouqueasrelaesentreosadolescenteseamdiamerecemsermaisbemaprofundadas,
sobretudoporque,emgeral,osentrevistadosnegamainflunciaqueelaexerceemsuasvidasaopasso
queespecialistasapontamessafaixaetriacomoalvocrescentedapublicidade 28.
Como foipossvel constatar, a televiso possui significativa relevnciana vida dosadolescentes e, sem
dvida, seus contedos (programas, novelas, propagandas etc) influenciam na modulao de desejos,
comportamentos, opinies, percepes e sentimentos. Ao lado dela, outro meio de comunicao que
ganhacadavezmaisadeptosnessafaixaetriaainternet,elementoquedoutrocorposdinmicasde
acesso informao, chamandoatenoasdiferentes formasde relacionar-secomas pessoaspormeio
dessaredevirtual.Asredessociaisestoentreosprincipaisusosdainternetporadolescentesejovens,no
havendodvidadequesetornouumimportanteespaodesociabilidadee,comoqualqueroutro,tambm
sujeitoaatosdeviolncia.
Dessaforma,importanteentendercomoessesmeiosdecomunicaopodemserutilizados.Seporum
lado,os programaseprojetosvoltados juventudepodemaproveitaressasferramentaspara facilitara
abordageme estreitar o contato comos adolescentes, osprofissionaisdamdia tambmseempregam
dessamesmaestratgiaparadialogardiretamentecomessepblico.
Assim,fundamentalpromoverasensibilizaodosatoresdamdia,entrejornalistasepublicitrios,para
as correlaes existentes entre consumo e juventude e, sobretudo, as formas como esses fatores serelacionamviolncia.
Alm disso, faz-se necessrio aprofundar a investigao sobre a recepo e o possvel impacto das
propagandasnavidadosadolescenteseincluir,nessesestudos,aanlisesobreasconstruessociaisque
so apresentadas e reafirmadas pelas propagandas, tais como as concepes sobre liberdade, sucesso,
popularidade,gnero,poder,sexualidadeetc.
28
Ocrescimentodapropagandadirigidaaadolescentesejovensfoiumelementoapontadopelosespecialistasparticipantesnasreuniesdeconsultarealizadas.
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Asentrevistasrealizadascomtrsgruposdeadolescentesemcontextosecomperfisdistintosmostraram
quehmuitosaspectosemcomumnoqueserefereaoshbitosdevida,aosdesejosecompreenses
sobreaviolncia.Entrediferenase semelhanas, precisoproblematizarosencontrose desencontros
para que se possa pensar em aes preventivas a situaes violentas. Trata-se de compreender essas
realidadesecontribuirparaaformaocrticadessaspessoas,sempartirparaproposiesqueimpliquem
maisformasdeprivaodedesejosevontadesparaaquelesegmentomaisvulnervel,jprivadosdeuma
sriederecursos(sociais,humanos,ldicos,afetivosetc).
A riqueza e complexidade dos temas e do universo pesquisado no se esgotamnas informaes aqui
apresentadas resultantes de uma iniciativa pilotoquemais teve a habilidade de direcionarolharese
proporumcampodeinvestigaoquetrazerrespostasassertivassobreessecampodeanlise.
Essa riqueza , assim, um convite produo de outros estudos, quantitativos e qualitativos, que se
proponhamaaprofundaralgumasdasquestesaquiapresentadaseampliemoconhecimentosobreessa
relaoaindapoucoinvestigada:oconsumoeajuventudealiadossreflexessobreaviolncia.
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