Componente Curricular: Patologia e Profilaxia
Módulo I
Profª Mônica I. Wingert
Turma 101E
PATOLOGIA E PROFILAXIA
Florence Nighthingale
HIGIENE
Higiene significa limpeza; asseio; interrelação entre o homem e o meio ambiente, no sentido da preservação
da saúde. Existem vários tipos de higienização, a individual (banho, cabelos, unhas e mãos, boca, dentes e
vestuário), coletiva (saneamento básico, água, esgoto, lixo, vetores), a mental (equilíbrio, costumes morais e
sociais), do trabalho (riscos físicos, químicos e biológicos), e ambiental (limpeza de moveis, utensílios e
estrutura).
Profilaxia é a aplicação de meios que tendem evitar doenças ou contágios. As medidas profiláticas
interompem a interação entre o agente causador da doença e o organismo. Alguns exemplos de doenças
sujeitas a profilaxia são peste bubônica, hepatite, verminoses, DSTs, infecções hospitalares.
Higiene e profilaxia estão intimamente ligadas, pois a higienização, em todas as suas formas, evita a
transmissão e/ou contágio por agentes infecto-contagiosos, logo é uma medida profilática.
Higiene é parte da medicina que estuda os meios próprios para conservar a saúde, permitindo o
funcionamento normal do organismo e a harmonização das relações entre o homem e o meio no qual vive.
Dentre as condições desejáveis para uma habitação higiênica, temos como necessário o ar puro, isento de
poeiras, gases tóxicos e de germes tóxicos. A iluminação solar e outra condição básica, pois mata os
micróbios.
Todos os cômodos devem ser rigorosamente limpos diariamente, para isso é preciso uma atenção especial
com o lixo domestico, que não deve ser acumulado. Deve haver em todas as casas medidas que visam
proteger a saúde da população, chamado de saneamento básico, os principais serviços deste esta relacionado
com: o abastecimento de água, coleta de lixo, rede de esgotos entre outros.
Quando falamos em higiene, falamos em um conjunto de ações que visam proteger o individuo ou toda
população em geral.
HIGIENE CORPORAL
A pele tem milhões de glândulas especiais que produzem suor, e outras que produzem uma substância
parecida com o sebo. A falta de banho provoca o acumulo progressivo dessas substâncias, que se somam às
sujeiras exteriores (poeiras, terra, areia, etc.). A conseqüência de um banho mal tomado é o aparecimento de
vermelhidão na pele, além do odor desagradável, o risco de aparecimento de piolhos e sarna, micoses,
seborréia, infecções urinárias e corrimento vaginal nas meninas.
O banho é importantíssimo e é indispensável à saúde do corpo. O banho de duche é o mais econômico, o
mais prático e o mais higiênico. Depois do banho, certifica-te que estejam bem limpos e secos os espaços
entre os dedos, virilhas, ouvidos, nariz e outras dobras.
Inúmeras doenças, principalmente da pele, dermatoses, impetigo, larva geográfica e micose de praia, por
exemplo, decorrem de falta de higiene. O cheiro do corpo pode afetar o relacionamento social, o banho
diário utilizando-se uma escova para escovar as axilas com espuma de sabão e a aplicação de um
desodorante comum ao local, após o banho, é talvez a melhor solução para se evitar o mau cheiro axilar.
Para o mau hálito são apontadas causas variadas, como refluxos do estômago que alcançam a garganta,
inflamação das gengivas, simples presença de alimentos envelhecidos retidos entre os dentes, cárie dentária
e também às amígdalas que, mesmo que estejam sadias, em alguns casos têm uma estrutura que facilita a
retenção de resíduos. A pessoa deve procurar junto aos profissionais em cada área a possível causa do
problema. O cabelo, independentemente do estilo, deve estar sempre limpo e bem cortado, e a barba feita.
Barba e cabelos crescidos e sujos geram, além de mau cheiro, coceiras devidas à foliculite e a parasitas do
couro cabeludo. Após um dia de suor e poeira, tomar um bom banho lavando bem a cabeça. O aperto de
mão quando esta está suada, suja e pegajosa e as unhas dos dedos estão crescidas e abrigam sujeira, causa
repulsa.
BANHO: ASPERSÃO, IMERSÃO E BANHO DE LEITO
*BANHO DE ASPERSÃO: Banho de chuveiro
-Objetivo: Manter a higiene e conforto do paciente.
-Aplicação: Aos pacientes internados com prescrição de enfermagem.
-Responsabilidades: Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.
-Materiais: Roupas de uso pessoal, sabonete, shampoo, hidratante corporal, escova de dentes, pasta de dente,
toalha de banho, roupa de cama.
* BANHO DE IMERSÃO: Banho de banheira
-Objetivo: No hospital, o banho de imersão tem como finalidade terapêutica, como de diminuição de
temperatura corporal. A banheira deve ficar separada do restante dos móveis, com acesso por três lados e
com espaço ao redor para aproximar uma maca ou uma cadeira de rodas.
O principal objetivo, ao longo do processo de internação, é que o doente adquira o máximo de função em
todas as partes do corpo e que regresse às suas atividades diárias o mais rapidamente possível, permitindo a
sua reintegração na vida social.
-Aplicação: Em pacientes internados com prescrição médica, auxilia no alívio à dor e ao desconforto durante
o trabalho de parto, dentro de uma abordagem não farmacológica e facilidade na movimentação articular,
melhora da musculatura respiratória e melhora da consciência corporal e o equilíbrio.
-Responsabilidades: Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.
-Materiais: Assepsia da banheira, roupas de uso pessoal, sabonete, shampoo, hidratante corporal, escova de
dentes, pasta de dente, toalha de banho, roupa de cama.
As sessões com banho de imersão não devem ultrapassar 20 a 30 minutos para conservar a temperatura
corporal (referindo-se apenas ao tempo que demora o banho), de forma a evitar tremores e stress metabólico
adicional.
*BANHO DE LEITO
-Objetivo: Manter a higiene total ou parcial e conforto do pacientes proporcionando o conforto físico e
mental e possibilitam ao enfermeiro avaliar a condição da pele, a mobilidade articular e a força muscular do
paciente.
-Aplicação: Aos pacientes internados acamados e impossibilitados de saírem do leito com prescrição de
enfermagem.
-Responsabilidades: Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.
-Materiais: Roupas de uso pessoal, sabonete, shampoo, hidratante corporal, escova de dentes, pasta de dente,
toalha de banho, roupa de cama, Jarro com água morna; balde, luvas de banho, cuba rim, Talco ou creme;
Pente;comadre ou papagaio, luvas de procedimento, Bacia e biombo.
LIMPEZA DAS MÃOS:
As mãos são os principais veículos de transmissão dos microrganismos de um indivíduo para outro. A
lavagem das mãos é uma rotina simples, eficaz, e de maior importância na prevenção e controle da
disseminação de infecções. Uma eficaz lavagem e desinfecção das mãos implica em manter as unhas curtas
e sem esmalte; ausência de anéis, pulseiras e relógios de pulso; utilização de uma técnica que abranja toda a
superfície das mãos. Patógenos podem ser transmitidos pelas mãos através de microbiota presente na pele
do paciente ou em objetos próximos a ele; capacidade de sobrevivência do microrganismo por alguns
minutos nas mãos; lavagem ou antissepsia inadequada ou omitida; agente inapropriado para higiene das
mãos contaminadas para outro paciente. A lavagem das mãos deve ser feita sempre antes de prestar
cuidados a doentes cujas barreiras naturais contra a infecção estejam comprometidas, antes de prestar
cuidados a doentes particularmente debilitados, antes de manipular medicamentos ou material esterilizado,
após ocorrer contaminação das mãos com fluidos orgânicos, manipular roupa suja ou materiais
contaminados, utilizar os sanitários ou remover as luvas.
Se houve ou se suspeita de exposição à possíveis agentes patogênicos que formam esporos, incluindo casos
de Clostridium difficille, deve-se lavar as mãos adequadamente com água e sabão.
O uso de uma solução à base de álcool é o método escolhido para desinfecção das mãos de forma rotineira,
se as mãos não estiverem visivelmente sujas.
Nunca devemos comer ou mexer em alimentos sem antes termos lavado as mãos.
UNHAS
Cortar as unhas e mantê-las sempre limpas são medidas importantes para prevenir certas doenças. Quando a
pessoa coloca a mão na boca, a sujeira armazenada debaixo das unhas pode dar origem a verminoses e
outras doenças intestinais. Além disso, devemos valorizar os aspectos estéticos relacionados à beleza das
unhas.
Recomenda-se não utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, colares, piercing, brincos) durante o período
de trabalho.
Manter os cabelos presos e arrumados e unhas limpas, aparadas e sem esmalte.
Não utilizar unhas postiças.
Os profissionais do sexo masculino devem manter os cabelos curtos e barba feita.
O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) deve ser apropriado para a atividade a ser exercida
Ah!... Seria muito bom procurar eliminar o hábito de roer unhas.
CABELOS
A boa higiene de uma pessoa hospitalizada se reflete na limpeza dos cabelos e do couro cabeludo, na
limpeza de todo o corpo e na higiene íntima. A cavidade oral e a limpeza das gengivas, prótese e dos dentes
também é fundamental.
Finalidade
A lavagem dos cabelos é um procedimento de extrema importância no plano assistencial aos pacientes e na
transmissão de microorganismos. As medidas de higiene cobrem várias necessidades físicas básicas que os
pacientes são, normalmente, incapazes de satisfazerem sozinhos. É de responsabilidade dos profissionais de
enfermagem incluir na avaliação a higiene corporal dos pacientes, de forma a prestarem à assistência da
prática de hábitos rotineiros de higiene quando o paciente for incapaz de realizá-lo.
Frequentemente, os doentes se sentem preocupados com os odores desagradáveis, um motivo que torna a
boa higiene essencial ao indivíduo doente. A sensação de limpeza e frescor melhora seu estado de ânimo. O
cuidado com os cabelos dos pacientes é um dos elementos que promovem a sensação de conforto por estar
vinculado a sua aparência pessoal. Ressaltando a higiene do cabelo, pois o cabelo é a moldura do rosto dos
pacientes.
Sendo que na higienização dos cabelos podemos:
- Promover a limpeza dos cabelos e couro cabeludo;
- Proporcionar conforto ao paciente;
- Estimular a circulação do couro cabeludo;
- Evitar o aparecimento de caspa, pedículos e infecções.
Devem estar sempre lavados (duas vezes por semana no mínimo) e penteados. Devem ser cortados
regularmente.
Nos cabelos acumulam-se poeiras e gorduras que precisam ser eliminadas. É sempre agradável
observarmos cabelos limpos, brilhantes, cheirosos e bem cortados.
Os cabelos grandes e sujos facilitam o aparecimento e a multiplicação de piolhos.
VESTUÁRIO
A roupa e o calçado devem estar sempre limpos e serem adequados ao tempo que faz: frescos no Verão,
quentes no Inverno e impermeáveis nos dias de chuva. Devem ser cômodos e folgados.
O vestuário é importante para manter a temperatura corporal. Veste sempre, junto ao corpo, roupas de
algodão, pois não retém o suor o que evita o aparecimento de mau cheiro. Não esqueças também de mudar
diariamente as tuas roupas intimas.
Evita roupas justas e de fibras sintéticas. Prefira roupas confeccionadas em algodão, principalmente as meias
e roupas íntimas.
Auxiliar o paciente com a escolha adequada das peças do vestuário evitar situações como a exemplificada
pelas ilustrações ao lado. Observe quando o paciente apresenta dificuldades para fazer suas escolhas
independentemente, e comece a auxiliá-lo. É importante que todas as pessoas da família sejam bem
informadas do que acontece com o paciente, especialmente os netos, que por desconhecerem o que está
acontecendo com o paciente, podem inconscientemente causar situações de constrangimento, depressão,
irritabilidade e agressividade.
HORAS DE SONO
O sono é a forma que o nosso organismo tem de descansar. O sono assegura o repouso do cérebro.
As horas de sono variam de pessoa para pessoa e são diferentes conforme a idade, etc.
Deitar e levantar sempre à mesma hora ajudam a criar um ritmo de sono regular.
Uma pessoa da tua idade deve dormir entre 8 a 9 horas por dia. O tempo normal de sono varia de 6 a 8
horas, nos adultos.
O sono deve vir naturalmente, sem esforço. Não "brigues com o travesseiro". Em vez disso, tenta relaxar,
até que te sintas sonolento.
- Faz do quarto um ambiente confortável, sem iluminação excessiva e com temperatura agradável.
-Tenta controlar os ruídos do quarto.
-Evita chá preto, café e refrigerantes, sobretudo à noite.
- Deitar na cama somente para dormir.
- Evitar ver TV na cama.
DENTES
Aqui, fica apenas o lembrete para que não te esqueças de fazeres a correta limpeza dos dentes a fim de evitar
o aparecimento de cáries e de mau hálito.
Além disso, quem não gosta de ter um sorriso bonito? Quem não sente mal-estar quando está junto de
alguém com mau hálito?
Uma boa “escovação” demora, no mínimo, três minutos com movimentos verticais, horizontais e circulares.
Atenção: A escova de dente deve ser trocada a cada três meses.
Usar fio dental pelo menos uma vez ao dia.
EXERCÍCIOS FÍSICOS
O Exercício Físico, como todo mundo já sabe, faz muito bem à saúde. Traz muitos benefícios ao Sistema
Respiratório e Cardiovascular, fortalece os músculos, é bom para regularizar o
intestino, baixar o colesterol, perder peso e muitas outras coisas. É recomendado para
todas as idades, sendo que para os idosos é sempre melhor consultar um médico antes
de começar a rotina dos exercícios físicos. Para um bom desenvolvimento e
crescimento, começar a atividade física desde criança é o ideal. Jovens e adultos
levam uma vida mais tranqüila e saudável quando tem o hábito de se exercitarem.
Caminhar é um dos melhores exercícios físicos, um estudo feito na Universidade de Harvard revelou que
este tipo de atividade reduz até 50% o risco de males cardíacos nas mulheres. Previne a hipertensão arterial,
reduz os níveis de colesterol, ativa a circulação sanguínea, diminui em 17% o risco de um infarto, aumenta a
capacidade cardiopulmonar e melhora também a freqüência cardíaca.
Para quem faz atividade física tem também que estar sempre de olho na quantidade de água que está
perdendo. A reposição de água é muito importante para o organismo. A dica é beber água antes, durante e
depois da caminhada.
Quando um indivíduo está praticando atividades físicas, o corpo libera uma substância chamada endorfina
que é responsável pelo bem estar, auto-estima, assim esta pessoa desenvolve melhor seu lado psicológico.
Quando falamos em higiene, não podemos esquecer que tudo em nossa volta precisa de cuidados para
manter-se limpo e organizado só assim terá uma vida mais saudável.
Entre todas essas ações de cuidados com a higiene, o ministério da saúde, especifica cada uma delas como:
Higiene da mulher;
Higiene da criança, primeira infância, segunda infância, terceira infância;
Higiene na adolescente;
Higiene dos idosos.
HIGIENE NO LOCAL DE TRABALHO
A higienização do local de trabalho deve ser completa e constante para impedir a contaminação, levando a
proliferação e/ou agravo de doenças transmissíveis; retirando além de ácaros e poeiras, os microorganismos
presentes no ambiente de trabalho; e evitando, ainda, ratos, baratas e aranhas.
A higiene do local deve ser feita com produtos de limpeza sem cheiro forte, para não gerar alergias ou
incomodo aos pacientes; de maneira planejada e eficaz para melhor aproveitamento do tempo; sem invadir o
espaço dos presentes ou gerar qualquer tipo de conflito com os mesmos. Manter o ambiente arejado e com
iluminação solar são ações que não possuem custo e auxiliam na higienização do espaço físico.
Saúde do Trabalhador
Sabemos que adequadas condições de trabalho são essenciais à preservação e manutenção da saúde física e
mental. Portanto, a discussão do tema saúde e trabalho deve necessariamente considerar as relações
existentes entre o homem que trabalha e o ambiente onde exerce sua atividade.
Ao longo do tempo, esse ambiente sofreu modificações, do mesmo modo que as relações de trabalho.
Atualmente, a evolução técnico-científica exige do trabalhador maior habilitação para o exercício de suas
atividades, colocando-o diante da competição pelo mercado de trabalho. Além disso, a crescente expectativa
de lucros por parte dos empresários aumentou significativamente a exploração da força de trabalho,
piorando as condições de vida e trabalho.
A compreensão da idéia de que as condições de trabalho estão subordinadas à expectativa de obtenção de
lucros facilita o estudo do meio ambiente de trabalho, espaço onde os trabalhadores sofrem as conseqüências
dos baixos investimentos em medidas de prevenção e controle individuais e coletivos.
A compreensão da idéia de que as condições de trabalho estão subordinadas à expectativa de obtenção de
lucros facilita o estudo do meio ambiente de trabalho, espaço onde os trabalhadores sofrem as conseqüências
dos baixos investimentos em medidas de prevenção e controle individuais e coletivos.
Hoje, a inter-relação entre as áreas de saúde, meio ambiente e educação tem contribuído para as discussões
que envolvem a qualidade devida do trabalhador. Nesse sentido, algumas organizações têm investido na
realização de cursos de humanização do serviço, em ações voltadas para a melhoria das relações entre os
trabalhadores, redução do estresse e fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletiva. O que
devemos lembrar é que essas medidas não são benefícios graciosamente oferecidos pelos empregadores.
Cada conquista obtida envolve lutas e um jogo de forças entre o Estado, as empresas e a sociedade civil,
organizada em sindicatos e associações. É um direito conquistado. Além disso, você, trabalhador (a), não
pode perder de vista que, por mais que tenham ocorrido mudanças, ainda há muito a ser corrigido.
Como profissional da área de saúde, faz-se necessária sua compreensão acerca do controle dos agentes
físicos, biológicos e químicos fundamental para a garantia da saúde. Há como discutir esse assunto sem
tentar explicar, mesmo que de forma breve, as razões que levam os empregadores a menosprezar as medidas
de prevenção e controle da saúde de seus trabalhadores?Após refletir sobre a relação trabalho e saúde, como
é o dia-a-dia enfrentado pelos profissionais de enfermagem nos ser-viços de saúde? Será que seus direitos
têm sido garantidos e a legislação, cumprida?
Por exemplo, já pensou a respeito do pagamento da insalubridade? Vale a pena nos submetermos a um
trabalho que nos tira o que temos demais precioso, nossa saúde, em troca de um percentual a mais no
salário? É claro que não!Entretanto, muitos desses trabalhos considerados insalubres devem ser realizados.
Porém, queremos trazer para reflexão a idéia de que muitas das condições insalubres às quais os
trabalhadores brasileiros estão submetidos poderiam ser eliminadas com investimentos em tecnologias mais
avançadas.
Mais uma vez, deparamos com a estreita relação entre trabalho, meio ambiente e saúde, que precisa ser
melhor compreendida. Você, auxiliar de enfermagem, pode estar indagando: o que tenho a ver com isso?
Onde não existam esses problemas no trabalho. Talvez seja verdade! Possivelmente, essas questões não
sejam tão acentuadas na unidade de saúde ou hospital em que você trabalha, mas dizem respeito a uma
abrangência presente em qualquer esfera da vida, especialmente na área de saúde.
O profissional possui responsabilidades que se referem tanto às questões ligadas à própria condição de
trabalho quanto à identificação de problemas relacionados à saúde do trabalhador, à vigilância sanitária e
aos serviços de saúde das empresas.
A lesão por esforços repetitivos, os níveis de ruídos dos equipamentos, o uso de produtos tóxicos, a falta de
investimentos na adoção de certas tecnologias disponíveis no mercado que poderiam reduzir os riscos de
doenças e a não melhoria das condições do ambiente de trabalho continuam sendo uma realidade.
Os trabalhadores precisam conscientizar-se das responsabilidades que devem ser cobradas dos governos e
das empresas que desobedecem às normas e às políticas de preservação do meio ambiente e de saúde do
trabalhador. Tais políticas como a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, por exemplo, são resultado de
movimentos sociais que, de forma organizada, procuram identificar o descumprimento de determinadas
normas e políticas e influenciar a adoção de estratégias que favoreçam a sociedade, em geral, e os
trabalhadores, em particular.
O objetivo das lutas que cada organização social busca empreender é a melhoria do acesso do homem a
alternativas mais adequadas no trato da questão da saúde e do meio ambiente.
Chamamos a atenção, no entanto, para o fato de que a principal questão a ser discutida não é simplesmente a
existência de normas, mas se estas são ou não respeitadas ou cumpridas. Cada um de nós deve compreender
a seriedade requerida pelo assunto.
Os muitos avanços que ainda devem ser alcançados dependem da organização de trabalhadores conscientes
de seus direitos, conhece-dores da realidade que os cerca e na qual estão inseridos, e cônscios de suas
possibilidades.
Como auxiliar de enfermagem, você deve procurar conhecer o perfil epidemiológico de morbimortalidade
dos trabalhadores do estado ou município em que trabalha, ou seja, de que adoecem e morrem, a fim de que
sua atuação profissional não seja descontextualizada.
Apesar de existir uma política geral de saúde do trabalhador, em vista da dimensão territorial do país e das
características políticas, sociais, econômicas, culturais e de desenvolvimento de cada região e ou estados uns
são mais industrializados, como São Paulo; outros, mais agrícolas há significativas diferenças que
impossibilitam comparar a situação de saúde dos trabalhadores nos diferentes estados brasileiros.
Para melhor entendimento, procure conhecer os dados relativos ao seu estado e ou município e tente sugerir
ações que possam ser implementadas para a melhoria do quadro.
Uma das dificuldades que certamente você encontrará é o fato de que, muitas vezes, os dados oficiais não
correspondem à realidade, pois várias doenças profissionais sequer são notificadas. Esse problema, a sub-
notificação, é gravíssimo porque, além de demonstrar a insensibilidade e ou desconhecimento daqueles que
deixam de fornecer informações, revela que muitos ignoram ou desconsideram que a elaboração de um
planejamento adequado depende do fornecimento de dados reais. Há muitas razões que justificam a
existência da sub-notificação.
Grande parte dos trabalhadores brasileiros, por exemplo, não possui carteira assinada e geralmente
desconhece seus direitos. Quando sofre uma doença profissional, não tem nenhum tipo de proteção. E o que
o auxiliar de enfermagem pode fazer frente a essa situação?
Primeiramente, precisa saber que essa questão é tão importante que mereceu, por parte do Ministério da
Saúde, a criação do Programa de Saúde do Trabalhador cujo objetivo é a promoção, proteção, recuperação e
reabilitação da saúde do trabalhador, atuando com vistas a:
-intervir na realidade atual, modificando-a por meio de ações voltadas para o investimento na qualificação
dos processos de trabalho;
-melhorar as relações que ocorrem no ambiente de trabalho, investindo em recursos humanos, qualificando o
profissional, melhorando as relações interpessoais e reduzindo o estresse físico e mental;
-orientar a adoção de medidas que promovam a redução da incidência de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais;
-adotar medidas de orientação ao trabalhador, às empresas e à sociedade em geral. A indagação sempre feita
em situações como esta é: a quem compete agir? A ação compete a todos, no limite exato de suas
responsabilidades sociais, legais e compromisso ético:
-compete ao Estado: - porque é responsável pela assistência médica ao doente e àquele que sofreu acidente
no trabalho, por meio do devido atendimento na rede pública de saúde;
-compete às empresas: – que devem estabelecer as condições necessárias à existência de um ambiente de
trabalho com condições sanitárias adequadas e desenvolver ações que objetivem a criação de um ambiente
mais humanizado, de respeito e compromisso com a qualidade de vida de seus trabalhadores, incluindo-se a
manutenção dos serviços de saúde e a responsabilidade pelos danos causados à saúde do trabalhador;
-compete aos sindicatos: - que devem conscientizar os trabalha-dores sobre os direitos, bem como pressionar
setores do governo e da classe empresarial para que cumpram sua responsabilidade;
-compete ao trabalhador: - exigir as condições mínimas necessárias ao desenvolvimento de suas atividades,
de modo a garantira manutenção de sua saúde, e se dispor a participar de programas de capacitação;
-compete a todos: - estar atentos às situações de descumprimento legal e exigir que os órgãos competentes
assumam suas responsabilidades.
A busca de qualidade de vida no trabalho
Esse aspecto passa, necessariamente, por uma nova forma de olharas empresas e seus trabalhadores. França,
referindo-se ao enfoque biopsicossocial que deve nortear essa nova realidade, afirmam que no contexto do
trabalho esta abordagem pode ser associada à ética da condição humana a qual busca desde a identificação,
eliminação, neutralização ou controle dos riscos ocupacionais observáveis no ambiente físico, padrões de
relações de trabalho, carga física e mental requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas,
dinâmica da liderança empresarial e do poder formal e informal até o significado do trabalho em si,
relacionamento e satisfação.
O enfermeiro e o auxiliar de enfermagem do trabalho devem estar atentos para que sua atuação não se
restrinja as ações de prevenção de atendimentos a quem sofre acidentes e ou apresenta doenças relacionadas
à ocupação.
Esses profissionais precisam ver-se como indispensáveis no processo de modernização das empresas,
motivando-as a implementar programas que busquem a humanização e melhoria das relações de trabalho,
entendendo que prevenção, manutenção, promoção e recuperação da saúde dependem de investimentos que
valorizem os aspectos humanos, do envolvimento de todos e do comprometimento com o crescimento
harmônico dos recursos humanos o que, conseqüentemente, trará melhor qualidade de vida no ambiente
profissional.
Enfermagem: trabalhador da saúde
Ao cuidar de seus clientes, os integrantes da equipe de enfermagem devem também preocupar-se com os
cuidados necessários à preservação de sua própria saúde, seja na realização de técnicas de acordo com o
preconizado, seja exigindo dos responsáveis às condições necessárias para tal, uma vez que são bastante
suscetíveis a situações de risco e acidentes.
Assim, devem exigir um tratamento digno, pois têm o direito de ser devidamente capacitados para o
exercício de suas atividades, bem como receber acompanhamento e controle de suas condições de saúde, e
equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas, aventais, calçados, sapatilhas, óculos, lençóis, etc.)
necessários ao desenvolvimento do trabalho o que não pode ser negligenciado.
Como conseqüências de nossa especificidade de trabalho, corremos o risco de vir a ter os seguintes
problemas.
Lombalgia
Afeta significativa parcela dos trabalhadores da área de enfermagem, daí a importância de se educar o
trabalhador para que faça os movimentos adequados,visando evitar futuras complicações
Acidentes com material pérfuro-cortante
Os profissionais devem ser orientados quanto aos diversos riscos no manuseio desses materiais, tendo em
vista os riscos aí envolvidos e o descaso quanto ao seu manuseio e eliminação. Exemplo: corriqueiramente,
vemos profissionais reencaparem às agulhas após sua utilização, o que é completa-mente incorreto.
Contato com produtos químicos
Mais acentuado no ambiente hospitalar, seja durante o manuseio de medicamentos que acabam sendo
inalados quando de seu preparo, seja pelo contato com produtos utilizados em desinfecção, esse fato
igualmente não recebe a devida atenção.
Contato com secreções e eliminações
A probabilidade de adquirir uma doença infecto-contagiosa representa sério problema entre os profissionais
de saúde. Para sua minimização, as instituições devem dar especial atenção aos programas de educação
continuada, vacinação, monitoramento periódico da incorporação de novos hábitos e fiscalização da
utilização dos equipamentos de proteção individual.
Estresse
O permanente convívio com situações limite faz com que o profissional de saúde tenha maior
susceptibilidade ao estresse, seja devido ao contato com a miséria e o sofrimento humanos,seja pela
impotência diante da dimensão dos problemas, dificuldades e complexidade do trabalho em equipe. No caso
da mulher, soma-se ainda a percepção de desvalorização de seu trabalho e a sobrecarga de atividades
externas (o cuidado com familiares e a casa, por exemplo).
Irritação, cansaço e desânimo
Freqüentes no dia-a-dia, estes problemas refletem as condições insatisfatórias de trabalho, merecendo
investimento sério e urgente. O trabalho da enfermagem, além de desgastante e pesado, em geral não tem o
devido reconhecimento - como melhores salários, benefícios e valorização dos responsáveis por seu
gerenciamento.
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