CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA:
Contexto e Implicações na prática
educacional
LEILA OLIVEIRA DI PIETRO
Formada em Pedagogia, Habilitação em Supervisão Escolar/UFSC
Mestre em Educação/UFSC
Responsável pelo Acompanhamento e Verificação Pedagógica dos Cursos de Ed. Inicial e Técnica do Senac/SC
Março de 2010
OBJETIVOS DO ENCONTRO
•Analisar a relação trabalho e educação
•Analisar o conceito de competências
•Refletir as implicações na prática educacional
1920 1970 1980 1990 Século XXI
Taylorismo/Fordismo
Teoria do Capital Humano
Toyotismo
Sociedade do Conhecimento
???
Algumas implicações da organização dos processos produtivos na educação
Relação trabalho e educação
Saviani (1991) divide o trabalho entre:
- Produção de bens materiais.
- Produção de bens não materiais.
Relação trabalho e educação
COMPETÊNCIA:
É UM CONCEITO POLISSÊMICO?
Processo de industrialização e servicialização: transversalidade da lógica de serviço presente nas atividades de trabalho contemporâneas. (Almeida, 2005)
Mudança da qualificação para competências.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS
•O estímulo à educação por competência apresentado na legislação brasileira e no Relatório Jacques Delors (1998) delineia a escola considerada necessária a partir de 4 pilares:
Aprender a Conhecer, Aprender a Viver juntos, Aprender a fazer e Aprender a Ser.
Objetivo: Aprender a aprender
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS
EDUCAÇÃO
CONCEITO DE COMPETÊNCIA
•a abordagem anglo-saxônica: hard e soft.
•a abordagem francesa: saber-fazer (savoir-faire) e saber-ser (savoir-être). (ALMEIDA, 2005)
As duas abordagens do conceito de competências geralmente referenciadas:
Competências vinculam aos modelos epistemológicos que as fundamentam:
Matriz condutivista ou behavioristaMatriz funcionalistaMatriz construtivista e a Matriz crítico-emancipatória (DELUIZ, 2001)
Cinco correntes metodológicas relevantes para a construçãode sistemas de gestão com base na noção de competências:
Enfoque ocupacional, Enfoque comportamental,Enfoque construtivista, Enfoque fenomenografia Enfoque Funcional. (BARBOSA & RODRIGUES, 2006)
IMPLICAÇÕES DO CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA
Responsabilização no indivíduo
Ampliação das exigências qualificacionais
Flexibilização do Conteúdo/currículo
Ampliação do Controle: Valores e Atitudes
Evidência nas habilidades
Instrumentalização dos conteúdos interdisciplinares
Reforço a Metodologia de Projetos.
Para Rodrigues (2008),
A lógica da qualificação corresponde à épocado estado de Bem-Estar Social.
Da competência corresponde às políticas neoliberais.
Forma-se uma classe trabalhadora cada vez mais identificada com o capital: o fetiche da competência.
Concluímos, então, que a pedagogia contra-hegemônica pode ser construída na perspectiva histórico-crítica, resgatando o trabalho como o concreto princípio educativo. (Ramos, 2003)
MAS O QUE É COMPETÊNCIAS?
É a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação, valores, conhecimentos e habilidades
necessários para o desempenho eficiente e eficaz de diversas atividades. (Resolução CNE/CEB
04/1999; PERRENOUD, 2000)
SABER
Conhecimentos = aprender a conhecer = Dimensão Conceitual
O que é conhecimento?
SABER FAZER:
Habilidades = Aprender a Fazer = Dimensão Procedimental
O que é habilidade?
SABER SER:
Valores/Atitudes = Aprender a ser e Aprender a conviver = Dimensão Atitudinal
O que é valor/atitude?
IMPLICAÇÕES NO PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE
Planejamento
Execução
Avaliação
Replanejamento
Processo de Ensino-Aprendizagem
IMPLICAÇÕES NO PLANEJAMENTO DOCENTE
COMO SE ENSINA?
COMO SE APRENDE?
O que é Ensino?
Ensinar = Etimologicamente do latim ensignare significa fazer um sinal, marcar com um sinal. Quem ensina (busca “fazer um sinal”) tem objetivos para isso e os define a partir de determinados conteúdos.
O que é Aprendizagem?
Aprender = Etimologicamente aprender, significa apreender que é segurar, pegar, agarrar, prender. Quem aprende adquire conhecimento.
O que é uma Educação só com foco no Ensino?
O que é uma Educação só com foco na Aprendizagem?
O que é uma Educação com foco no processo Ensino- Aprendizagem?
Planejamento com coerência entre: conteúdo, metodologia e avaliação
Construção de Conhecimentos
Demonstração de Valores e Atitudes
Atividade
Ex.: Criticidade e Autonomia
APRENDIZAGEM
Execução
Desenvolvimento de Habilidades
QUANDO : OUÇO, VEJO E FAÇO......
LEMBRO E APRENDO MAIS, EU ARTICULO MAIS!
Critério de Avaliação
Desempenho eficiente e eficaz de diversas atividades:
Como queremos?
O que o aluno precisa fazer para demonstrar que ele aprendeu
O QUE INDICA, APONTA, MOSTRA...
Como saberemos se uma praia é deserta ou habitada?
CRITÉRIOS
O que queremos?
Regras, normas, ou seja, a Intenção do Processo Avaliativo
PRÁTICA PEDAGÓGICA
O professor também deve estar atento para a necessidade de envolver o aluno com as diferentes atividades educativas propostas para a sua formação, de maneira que todos os alunos percebam com clareza o porque de se estar realizando cada tarefa/atividade. (BURNIER, 2001)
Romper com a alienação do aluno com relação aos objetivos e aos processos educativos.
(ENGUITA, 1994)
Propor atividades educativas diversificadas.
Estar atento a todos os acontecimentos corriqueiros da sala de aula.
Intervir, orientando, questionando, suscitando o debate e a reflexão, estimulando a pesquisa.
Acompanhar criteriosamente as atividades propostas:
- cuidando da organização do espaço físico.
- da disponibilidade dos recursos necessários.
- da utilização máxima e produtiva do tempo.
- do registro.
- da disponibilização clara de todas as informações orientadoras do processo. (BURNIER, 2001)
Compartilhamento das aulas por mais de um professor, que pode ser permanente ou ocasional.
Quando um colega assiste a uma aula nossa, temos um outro olhar sobre nossas posturas e ações, alguém de fora sugerindo, apontando para atitudes que muitas vezes nos passam despercebidas.
Um dos princípios de uma Pedagogia das Competências é o Trabalho Coletivo. (BURNIER, 2001)
Avaliação
Aprender não é acabar com dúvidas, mas conviver criativamente com elas. O conhecimento não deve gerar respostas definitivas, e sim perguntas inteligentes. (DEMO, 1998)
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaios sobre a afirmação e a negação do trabalho. 7a reimp. São Paulo: Boitempo, 2005.
ALMEIDA, Paulo P. Trabalho, serviço e serviços. Contributos para a Sociologia do Trabalho. Porto: Afrontamentos, 2005.
BARBOSA, A. C. Q.; RODRIGUES, M. A. Alternativas metodológicas para a Identificação de Competências. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 32, n. 2, maio/ago., 2006.
BRASIL. Lei n° 9.934 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 de mar. de 2005.
BRASIL. Resolução CNE/CEB n° 04/1999. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Brasília, 1999. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/legisla06.pdf>. Acesso em 10 de dez. de 2006.
BRÍGIDO, R. V. Certificação e Normalização de Competências: Origens, Conceitos e Práticas. Boletim técnico do SENAC. São Paulo, vol. 27. n 1. jan-abr., 2001. Disponível em <http://www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/271/boltec271a.htm>. Acesso em 12 de mar. de 2005.
BURNIER, S. Pedagogia das competências: conteúdos e métodos. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro: v. 27, n. 3, p. 48-60, set./dez., 2001.
DELORS, Jacques. Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez/Brasília: MEC/UNESCO, 1998.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
DELUIZ, N. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na educação: implicações para o currículo. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro: v. 27, n. 3, p. 12-25, set./dez., 2001.
DEMO, Pedro. Aprender: o desafio reconstrutivo. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, set./dez., 1998. p. 33
DI PIETRO, L. O. Desescolarização ou escolarização da sociedade? Desafios e perspectivas à educação. Florianópolis, 2008. 169 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.
ENGUITA, M.F. A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
HARVEY, D. Condição pós-moderna. 14 ed. São Paulo: Loyola, 2005.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Livro 1. 22 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. 966p.
PERRENOUD, P. Avaliação: da Excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica. Primeiras aproximações. São Paulo: Cortez/ Autores Associados, 1991. RAMOS, M. N. É possível uma pedagogia das competências contra-hegemônica? Relações entre pedagogia das
competências, construtivismo e neopragmatismo. Trabalho, Educação e Saúde, 1(1):93-114, 2003.
RODRIGUES, D. A impossibilidade da ressignificação das competências numa perspectiva marxista. Trabalho
Necessário. Ano 6. n. 7. UFF, Niterói: 2008.
PARA REFLETIR:
• Que práticas pedagógicas contribuem para o desenvolvimento de competências?
• Quais implicações do conceito de competências para o meu planejamento (ou planejamento docente)?
• Que repercussões a discussão sobre competências trazem para a prática docente?
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