1. COMO ESCREVER PARA A WEBElementos para a discusso e construo
de manuais de redao online Guillermo Franco Traduzido por Marcelo
Soares Uma iniciativa do Centro Knight para o Jornalismo nas
Amricas, da Universidade do Texas em Austin
4. Nota do tradutorA edio brasileira deste livro tem muito
poucas alteraessignicativas em relao ao original. Procurou-se
manter dentro dopossvel o tom do material. No caso das referncias
onde o original eraem ingls, procurou-se comparar com o original.O
ponto que demandou maior esforo de adaptao foi o uso dosnumerais.
Em espanhol, o sistema numrico completamentediferente do sistema
brasileiro. Foram mantidas as recomendaesdo livro, exceto as
especcas do espanhol. Para adapt-las, foramconsultados manuais de
redao brasileiros.Nas recomendaes sobre aspectos do texto,
referncias especcas adicionrios em espanhol foram mantidas e
traduzidas quando a mesmagura de linguagem, por exemplo, tambm
existe em portugus, masmantendo a referncia fonte espanhola.A frase
mais difcil de traduzir neste livro tinha apenas 4 palavras:Mutis
por el foro. Est no captulo 3, num grco sobre essainadequao de
alguns ttulos. Era um ttulo de uma notciacolombiana sobre a saturao
do noticirio com informaes sobreo seqestro da senadora Ingrid
Betancourt. J traduzi histrias emquadrinhos que demandaram
pesquisar Plutarco, Shakespeare, ahistria da Ma e at noes sobre
esclerose lateral amiotrca.Nada disso, porm, demorou tanto a
compreender quanto essas quatropalavras. Perguntei ao autor o que a
frase queria dizer. Ele respondeu:at em espanhol a frase crptica. A
traduo (Sada pelo frum)no boa. Mas, como se pode ver ao longo das
recomendaes do 2
5. livro, sequer o foi a prpria idia de usar o ttulo.Mesmo se
fosse uma expresso comum na Colmbia, h outraquesto interessante
suscitada pelas recomendaes do livro. Sendoo seqestro de Betancourt
notcia no mundo inteiro, nada maisnatural do que algum brasileiro
(ou americano, ou japons, ou sueco)interessado no assunto procurar
informaes a respeito no principaljornal colombiano, disponvel na
Internet para todos os leitores domundo. Por melhor que possa ser o
artigo, o ttulo enigmtico corre orisco de alienar esse
leitor.Marcelo Soares Marcelo Soares jornalista, Marcelo foi um dos
membros fundadores da Asso- tradutor e instrutor em So ciao
Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) Paulo. Colabora,
entre outros, e trabalhou como correspondente do website do com o
Los Angeles Times, o Centro Knight para o Jornalismo nas Amricas
an- International Consortium for tes de tornar-se o primeiro
gerente da Abraji, em Investigative Journalism e a 2004. Na
associao, editou o boletim Apurao, MTV Brasil. Em 2006, coor- com
dicas de reportagem investigativa, e organizou denou na ONG
Transparn- o primeiro congresso internacional da entidade, em cia
Brasil o projeto Exceln- 2005.cias, um banco de dados que cruza
informaes Desde 2006, colabora com o jornal Los Angelespblicas
sobre parlamentares. O projeto ganhou o Times em reportagens sobre
o Brasil. Em 2008, par-prmio Esso de Melhor Contribuio Imprensa
ticipou da criao do blog Jornalismo nas Amricas,naquele ano. do
Knight Center para o Jornalismo nas Amricas. Enquanto cursava
jornalismo no nal dos anos 90, Como instrutor de tcnicas de
reportagem comna Universidade Federal do Rio Grande do Sul, exer- o
auxlio do computador, deu aulas em redaes eceu diversas funes
auxiliares no jornal Correio do faculdades de diversos estados,
incluindo os jornaisPovo, de Porto Alegre. Uma delas foi a
implantao Folha de S.Paulo e A Tarde, a TV Globo e a Universi-do
website do jornal, em 1997. Em 2000, participou dade de So Paulo
(USP).do Programa de Treinamento em Jornalismo Econ-mico do jornal
Folha de S.Paulo, e trabalhou por um Paralelamente sua atividade
jornalstica, Marce-ano e meio na editoria de poltica do jornal. lo
traduz quadrinhos Marvel para a Panini Comics Brasil. 3
6. Guillermo Franco Guillermo Franco um jornalista com 23 anos
de experincia, sendo os ltimos oito dedicados ao jornalismo digital
e Internet. Ele desenvolveu toda sua carreira na Casa Editorial El
Tiempo (CEET), proprietria do jornal EL TIEMPO e do portal
eltiempo.com; este ltimo o website mais visitado da Colmbia. Entre
o ano 2000 e outubro de 2008, Franco foi Gerente de Contedo de
Novas Mdiasr da CEET e editor do eltiempo.com, sendo responsvel
pela estratgia de contedo dos websites da organizao. Em 2006,
reassumiu seu cargo, depois de serbolsista Nieman na Universidade
Harvard (http://www.nieman.harvard.edu/newsitem.aspx?id=100035), no
ano letivo de 2005-2006, quando se dedicou ao estudo daInternet em
todas as suas vertentes.Franco foi co-autor das duas maiores
pesquisas sobre jornalismo digital e websitesda Amrica Latina: The
State of Online Journalism in Latin America, ou Situao doJornalismo
Online na Amrica Latina
(http://www.poynter.org/content/content_view.asp?id=64532), de
2004, e Online Newspapers in Latin America: Latest Trends inStafng,
Content and Revenue, Jornais Online na Amrica Latina: as Mais
NovasTendncias em Pessoal, Contedo e Receita
(http://www.poynter.org/content/content_view.asp?id=124337 ), de
2007, ambas publicadas pelo Poynter Online.Uma das reas de
interesse de Franco a redao para a Web, campo que estudadesde
4
7. 2004, quando apresentou seus primeiros trabalhos no Simpsio
Internacional deJornalismo Online, promovido pela Fundao Knight na
Universidade do Texas emAustin. Ali, apresentou o estudo Youve Got
My Attention. Please, Dont Repeatyourself!, ou Estou Prestando
Ateno. Por Favor, No Repita!
(http://online.journalism.utexas.edu/2004/papers/guillermo.pdf),
que demonstrava como o mau usodos recursos da diagramao impressa
para apresentar textos na Internet afetavanegativamente a
usabilidade das pginas iniciais, particularmente as dos
jornais,tornando ineciente a publicao de informaes.Atualmente, em
um projeto pessoal, Franco ajuda a desenvolver programas
dejornalismo online na Colmbia e outros pases da Amrica Latina,
trabalhando comoprofessor e conferencista e aplicando bibliograa em
espanhol sobre a Internet e ojornalismo digital.Aplicou, por
exemplo, a verso em espanhol do estudo We Media: How theaudiences
are shaping the future of news and information, ou Ns, a Mdia:
Comoas Audincias Modelam o Futuro das Notcias e da Informao
(disponvel emespanhol no endereo
http://www.hypergene.net/wemedia/espanol.php). Esse
estudo,originalmente em ingls, foi preparado pelo Media Center do
American Press Institutee a traduo foi publicada em seu website
ocial em janeiro de 2005. Segundo osautores, o documento foi
baixado mais de 115 mil vezes pela comunidade de falaespanhola.No
nal de 2007, Franco prefaciou a verso em espanhol do livro
Jornalismo 2.0 Como sobreviver e prosperar. Um guia de cultura
digital na era da
informao(http://knightcenter.utexas.edu/Periodismo_20.pdf), de Mark
Briggs, que em poucosmeses ultrapassou os 100 mil downloads,
tornando-se outro verdadeiro best-seller se que cabe a expresso.
5
8. Para Daniela, Gabriela e Consuelo 6
9. AgradecimentosEste trabalho no seria possvel sem a
generosidade da Casa Editorial El Tiempo(CEET), que permitiu, a mim
e minha equipe (a Redao do eltiempo.com e dosoutros websites da
organizao), fazer experincias bem-sucedidas com tcnicas
paraapresentar textos na Internet, durante vrios anos. Em
particular, gostaria de citar osnomes de Luis Fernando Santos,
Presidente da CEET; Ricardo Pombo Gaviria, Gerenteda Unidade de
Novas Mdias da CEET; Luis Carlos Gmez, Juan Jos Ramrez,
FreddyMoreno, Julio Csar Guzmn, Diego Santos, Rafael Quintero,
Mauricio Aragn, editoresadjuntos do eltiempo.com em diferentes
momentos; Carlos Restrepo, CarolinaLancheros, Soa Gmez, Paula
Cardona, Carlos Sno, redatores de eltiempo.com, eLuis Eduardo
Jimnez, infograsta.A esta lista deve-se agregar aqueles que
permitiram ampliar meus horizontesjornalsticos, em particular a
Fundao por um Novo Jornalismo Iberoamericano eseu diretor, Jaime
Abello, que me apoiou em cada uma das minhas iniciativas,
inclusiveeste documento; e Rosental C. Alves, diretor do Centro
Knight para o Jornalismonas Amricas na Universidade do Texas em
Austin, que me guiou academicamente.Tambm preciso citar outros que
contriburam com este documento, como DanielSamper Pizano (no texto
A frase curta aumenta a vida til do redator), MauricioJaramillo (no
texto Microblogs, o mundo em 140 caracteres e outros
formatosemergentes), e Alberto Gmez Font, coordenador geral da
Fundao do EspanholUrgente (Fundu), que respondeu s dvidas
gramaticais suscitadas pelo texto original.No menos importantes
foram o impulso e estmulo permanentes de Juan FelipeCastano,
gerente de portais de informao, e Diego Carvajal, diretor de
contedosno noticiosos em novas mdias, ambos da Casa Editorial El
Tiempo.A Fernando vila, agradeo por ter-me iniciado no tema da
redao e ser meu guiapermanente, atravs de sua palavra e publicaes,
neste trabalho. 7
10. COMO ESCREVER PARA A WEB AGRADECIMIENTOSRevisores deste
trabalho: Mauricio Jaramillo, redator de tecnologia da Casa
Editorial El Tiempo. Fernando Milln, diretor do jornal ADN,
Colmbia. Mauricio Romero, editor do Portafolio.com Julio Csar
Guzmn, editor de Entretenimento da Casa Editorial El Tiempo. Marcos
Foglia, gerente de novas mdias da Clarn Global, Argentina. Jaime
Dueas, subeditor da seo Internacional do El Tiempo. Freddy Moreno,
editor noturno do El Tiempo. Camilo Baquero, ex-redator do
eltiempo.com. Diagramao do manual: Nstor Fabin Crdenas (Diretor de
Arte do El Heraldo) Fotomontagem da capa: Alejandro Cepeda Beltrn
(Publicitrio) 8
11. PrlogoUma resposta aos pedidos de formaoPor Rosental C.
AlvesConheci Guillermo Franco em agosto de 2000, quando foi um dos
alunos de umadzia de pases da Amrica Latina que assistiram a um
curso de jornalismo onlineorganizado no Mxico pela Fundao por um
Novo Jornalismo Iberoamericano.Nesses oito anos, apesar da distncia
geogrca que nos separa, acompanhei de pertosua brilhante carreira
e, sempre que pude, convidei-o a participar da conferncia
anualsobre jornalismo online que organizo na Universidade do Texas
em Austin.Duas coisas me impressionam na trajetria de Guillermo
Franco. Uma sua paixopelo jornalismo digital e pela perspectiva de
que se criem narrativas mais adequadase mais ecientes para a
Internet e demais plataformas digitais. A segunda
caractersticaimpressionante seu abnegado esforo por compartilhar
conhecimento com seuscolegas na Amrica Latina.Este livro mais uma
demonstrao da generosidade de Guillermo Franco, j expressaem
diversas tradues para o espanhol de documentos em ingls sobre
jornalismodigital e frequentes apresentaes para colegas de todo o
hemisfrio.Em 2004, Guillermo Franco e seu colega Julio Csar Guzmn
(tambm aluno daquelecurso no Mxico em 2000) publicaram no Poynter
Online sua primeira pesquisa sobreo estado do jornalismo digital na
Amrica Latina, intitulado The State of the OnlineJournalism in
Latin America. Ali se delineava um perl bsico do jornalista digital
daregio, mas sobretudo se explorava suas necessidades em termos de
formao.A maioria dos jornalistas de Internet nos jornais da Amrica
Latina tem entre 20 e 30anos de idade, ganha menos que seus colegas
do impresso e pensa ser vista como umgrupo de prossionais de menor
nvel. O trabalho desses jornalistas se concentra naredao e na edio,
mas muito pouco em reportagem. Embora no tenham formaoem jornalismo
online, sentem que precisam adquiri-la, especialmente aprendendo
comocriar contedo multimdia e como escrever para a Internet, diz o
trabalho. 9
12. CMO ESCRIBIR PARA LA WEB PRLOGONa segunda verso, de 2007,
Online Newspapers in Latin America: Latest Trendsin Stafng, Content
and Revenue (Jornais Online na Amrica Latina: as Mais
NovasTendncias em Pessoal, Contedo e Receita), tambm publicada pelo
Poynter Online,as mesmas necessidades de capacitao voltaram a
aorar, mas com um componenteadicional: apareciam no contexto da
urgncia de integrar redaes online e doproduto impresso, como
estratgia para expandir a operao dos jornais na Internet.Embora o
foco dessas pesquisas fosse os meios de comunicao tradicionais que
tmoperaes na Internet, eu me atreveria a dizer que suas concluses
coincidem emparte com as necessidades de capacitao de todos os
jornalistas da Amrica Latina e,em geral, de qualquer um que deseje
se aventurar nesse novo meio de comunicao.Digo em parte porque so
muitas as habilidades de que os jornalistas precisam parase
desenvolver no ambiente digital.Este documento, que busca ser parte
da resposta a essas necessidades de formao,pretende compartilhar
conhecimento e experincia com todos os interessados noassunto na
Amrica Latina, seguindo a mesma direo e losoa de outros
esforosapoiados pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Amricas,
da Universidade doTexas em Austin.Franco, que foi editor entre 2000
e 2008 do eltiempo.com, o website de maior trfegoda Colmbia,
experimentou com sua equipe, como poucos, as diversas formas
deapresentar textos na Internet.Lembro como, na edio de 2004 do
Simpsio Internacional de Jornalismo Online,que organizo a cada ano
na Universidade do Texas em Austin, Franco fez umaapresentao sobre
a forma ineciente como os websites de grandes jornais domundo
apresentavam na poca textos em suas pginas iniciais.Frente a frente
com os editores de vrios deles, Franco se atreveu a mostrar
comoessa inecincia nascia do fato de que ainda estavam presos s
formas de apresentar ediagramar contedos para meios impressos.
10
13. PRLOGOMuitos dos nossos websites na Amrica Latina, grandes
e pequenos, associados ameios de comunicao tradicionais ou
independentes, seguem presos ao mundoimpresso, mesmo quando sequer
nasceram nele. Este, talvez, seja um bom comeopara criar algo novo
na Internet.Rosental C. Alves Rosental C . Alves professor ne
jornalistas, executivos e acadmicos do mundo da Universidade do
Texas em inteiro. Austin, onde ocupa a Ctedra Alves comeou sua
carreira acadmica nos Estados Knight de Jornalismo e a Cte- Unidos
em maro de 1996, depois de 27 anos como dra Unesco de Comunicao.
jornalista prossional, incluindo sete anos como pro- diretor
fundador do Cen- fessor de jornalismo no Brasil. tro Knight para o
Jornalismo nas Por mais de uma dcada, foi correspondente es-
Amricas, na mesma universi- trangeiro na Espanha, Argentina, Mxico
e Estados dade, criado em Unidos do Jornal do Brasil, do Rio de
Janeiro, um dos 2002 graas a uma doao de dois milhes de d- mais
importantes jornais brasileiros.lares da Fundao James L. e John S.
Knight, que per- Alves criou o primeiro servio brasileiro de
not-mitiu alcanar milhares de jornalistas com programas cias online
em 1991, usado pelos corretores da Bolsade treinamento
auto-sustentveis que buscam elevar de Valores do Rio de Janeiro. Em
1995, comandou aos nveis ticos e prossionais, para contribuir com a
criao da edio online do Jornal do Brasil, trans-liberdade de
imprensa e com a democracia no hemis- formando-o no primeiro jornal
brasileiro disponvelfrio. Em 2007, a Fundao Knight fez outra doao
de na Web.1,6 milhes de dlares para que o Centro reenfoquesuas
atividades dando mais nfase ao treinamento dos Na Universidade do
Texas em Austin, criou o pri-jornalistas no uso de ferramentas
digitais. meiro curso de jornalismo online. L, tambm d aulas de
reportagem internacional e de estudos la- Membro de diretorias de
vrias organizaes na- tino-americanos.cionais e internacionais
relacionadas ao jornalismo(entre elas o Conselho Reitor da Fundao
por um Alves, que exerce o jornalismo desde os 16 anos,Novo
Jornalismo Iberoamericano FNPI), Alves foi formou-se em jornalismo
pela Universidade Federalpalestrante, trabalhou como consultor de
jornais e do Rio de Janeiro.conduziu diversos cursos em vrios pases
para trei- Foi o primeiro brasileiro laureado com uma bolsanar
jornalistas e professores de jornalismo no uso Nieman na
Universidade de Harvard (ano acadmi-dos novos meios de comunicao.
co de 1987-1988). Lecionou jornalismo na Univer- Desde 1999,
organiza o Simpsio Internacional sidade Federal Fluminense e na
Universidade Gamade Jornalismo Online na Universidade do Texas em
Filho, no Rio de Janeiro, comeando sua carreiraAustin, um encontro
nico em seu gnero, que re- como professor aos 21 anos. 11
14. CMO ESCRIBIR PARA LA WEB PRLOGOA nova sintaxePor Fernando
vilaGuillermo Franco estudava comunicao social e jornalismo na
Universidade Centralde Bogot, onde eu ensinava Redao Jornalstica e
ele era um dos meus alunos. Suaturma era formada por um grupo de
garotos motivados por diversos aspectos dacomunicao, mas
desinteressados, em sua maioria, pelo mundo da imprensa o quefazia
as aulas terminarem sendo um dilogo entre ele e eu, os dois nicos
apaixonadospelo jornalismo escrito. At hoje o dilogo
continua.Franco foi at muito pouco tempo atrs o editor do
eltiempo.com, um dos websitesmais consultados do mundo espanhol, e
eu continuo em minha quixotada de tentarfazer os outros se
interessarem por escrever melhor, ou ao menos por escrever
semerros.No tempo em que Franco e eu conversvamos sobre como se
devia escrever paraos meios escritos, era dogma o esquema inventado
pelos reprteres da Guerra deSecesso e sistematizado pela AP a
pirmide invertida. Era preciso escrever um lide(lead, em ingls) que
respondesse aos cinco dobrevs: who, what, where, when, why,alm do
inescapvel how. Esse lide se desenvolvia num corpo de quatro
pargrafos emordem decrescente de importncia e se condensava num
ttulo de at seis palavras.A pirmide invertida perfeita devia
permitir a eliminao sucessiva de pargrafos,do ltimo at o segundo,
sem que o leitor desse pela falta de nenhum deles, casorecebesse
apenas uma parte da verso original da notcia.Embora o esquema tenha
continuado em uso, sem melindres, pelas agncias denotcias, os
acadmicos e seus alunos logo comearam a reavali-lo.
Apareceramoutras formas de contar os fatos noticiosos, e esse
tradicional recurso caiu em desusonos jornais em geral e nos dirios
em particular, em vrios pases, a tal ponto que setornou cafona
mencion-lo em qualquer Redao moderna. A pirmide invertidapassou a
ser como diz Franco a pirmide pervertida. 12
15. PRLOGOA chegada da Internet e a sua popularizao como meio
informativo no apenas recuperoua famosa pirmide como tambm a
modernizou e exigiu para ela um novo estilo. Hoje,est claro que a
notcia da Internet deve ser redigida com esse esquema tradicional,
s queadaptado a novas exigncias. Existe, pois, um novo estilo de
pirmide invertida.InovaoA velha pirmide narrava trs vezes o fato.
Primeiro num ttulo de seis palavras, emseguida no lide e nalmente
no corpo. Anunciava-se o fato (ttulo), ampliava-se com osdados
essenciais (lide) e logo se glosavam esses dados (corpo). A nova
pirmide narrauma s vez, sem repetir, desde o ttulo, que vem a ser o
mesmo lide, at o nal docorpo. Ttulo e lide passam a ser um s, e o
corpo agrega informao.Essa nova forma exige palavras curtas,
conhecidas e precisas. uma necessidade paraos textos da rede, que
inevitavelmente termina sendo uma necessidade para todosos meios de
comunicao. Inclusive o romance e o conto, a reportagem e a crnica,
oensaio e o informe cientco escritos em papel devem acomodar-se a
esse novo estilo, odas palavras curtas, conhecidas e precisas. Um
estilo que nos exige escrever m em vezde propsito, porque mais
curto; trabalho em vez de labor, porque mais conhecido, ecolibri em
vez de ave, porque mais preciso (se for efetivamente um colibri).A
frase deve ser curta, sem excesso de incisos e nem de
circunstncias. O ritmo defrase longa + frase curta + frase longa
resulta ideal para formar um pargrafo ecaze de impacto. O ncleo de
cada frase, o verbo, deve ser forte e direto, esclareceu, eno fraco
e sinuoso, prestou esclarecimentos.Advrbios e adjetivos no podem
ser valorativos, mas descritivos e exatos. Alm disso,deve-se
extremar o cuidado com guras e jogos de palavras.A redao na
Internet requer mais do que nenhuma outra a economia de palavras,
oque nalmente veio a tornar-se misso de todo texto escrito. Locues
como coma maior brevidade possvel ou no dia imediatamente anterior
j so peas de museu, 13
16. CMO ESCRIBIR PARA LA WEB PRLOGOpois foram substitudas
denitivamente pelos equivalentes o quanto antes e ontem(se que
efetivamente foi ontem).A inovao, alis, vai alm do simples estilo e
atinge a sintaxe. Quantas vezes exigimos de nossosredatores a ordem
sujeito-verbo-objeto-advrbio, a InBev comprou a Budweiser e a
cervejariaAnheuser-Busch de seu conselho de administrao, numa
operao comercial que supera os 52bilhes de dlares, e quantas vezes
teremos exigido de nossos alunos que mudassem a vozpassiva, Uribe
foi reeleito pelos Colombianos, pela ativa, os Colombianos
reelegeram Uribe.Pois bem, o novo estilo, o estilo da Internet, nos
exige mudar esses paradigmas. A informaona tela lida vista ,
segundo informa Franco neste documento, congurando um padroem F,
onde os usurios s veem o primeiro tero dos ttulos, a primeira frase
dos pargrafose os interttulos quando exploram a pgina. Assim,
esquerda deve ir a palavra maissignicativa, no necessariamente a
primeira palavra do sujeito da frase. Em consequncia, oque um meio
de comunicao tradicional poderia anunciar como Guerrilha das FARC
sedesmobiliza, na rede preciso anunciar como Desmobilizada a
guerrilha das FARC.A nova sintaxe que sem dvida o oferece menos
restrio voz passiva,recupera o recurso dos dois pontos, unica o uso
de cifras para todas as quantidadese em muitos casos, especialmente
ttulos e interttulos, prescinde dos artigos.Mais almA revoluo nos
aspectos da redao e da sintaxe profunda e no se restringe aoprprio
meio, alterando o estilo de todos os demais meios e de todos os
gneros.Basta pensar em algo que escapa ao alcance deste trabalho: o
romance, o mais alto gneronarrativo, j adota o sistema de
apresentar captulos por trechos, com a possibilidadede fazer uma
leitura no linear, de interagir com os personagens, de escolher
diversoscaminhos para chegar ao nal, de saltar pginas e at de
escolher o desenlace.Quem sabe Cortzar tenha antecipado isso em O
Jogo da Amarelinha, como o 14
17. PRLOGOgnio que foi. Os novos escritores de hoje conectam
suas narrativas na rede e traamlabirintos onde os leitores se
perdem, criticam, intervm na trama e dialogam com oautor.A redao na
Internet signica uma mudana de estilo, uma mudana sinttica,
umareviso dos gneros tradicionais de escritura e um desao para os
produtores decontedos informativos comerciais, recreativos e
educativos da rede.Fernando vila Licenciado em Artes pela poradas
de Redao Jornalstica na Universidade de Universidade Nacional da
Rosrio e sete cursos de Comunicao para a pasto- Colmbia, em 1975,
com es- ral da Universidade Javieriana. Foi, alm disso, decano
tudos complementares em de Jornalismo na Escola Prossional Inpahu.
Educao, Filosoa e Litera- vila estendeu seu trabalho aos meios de
comuni- tura. Foi bolsista Adveniat do cao, como chefe de redao da
agncia Colprensa, Nono Programa de Gradua- chefe de redao da
revista Arco, Defensor da Lingua- dos Latino-americanos da gem do
jornal El Tiempo e responsvel pela capaci- Universidade de Navarra,
tao e atualizao de jornalistas de meios impressos,em Pamplona,
Espanha, 1980, onde se graduou com rdio e televiso, em diversas
empresas e associaes,tese em Redao Jornalstica. Participou de
cursos como a Casa Editorial El Tiempo, o Grupo Editorialde
atualizao prossional, como Elaborao de Ma- Norma, o Canal Caracol,
a Caracol Radio, meios deterial Didtico, Universidade da Sabana,
1982; Jorna- informao da Polcia e do Exrcito, alm das publi-lismo
Cientco, Universidade de Antioquia, 1987, e caes Semana, El Pas, La
Patria e Andiarios.Criao Literria, Escola de Escritores de Madri,
2006a 2008. Sua obra didtica se espalha por numerosas co- lunas de
imprensa, como El Lenguaje en El Tiempo A partir de sua tese sobre
Redao Jornalstica e de (El Tiempo) e Verbo y Gracia (mbito
Jurdico), fre-sua dedicao ao ensino nas escolas de comunicao
quentes intervenes no rdio e na televiso e duassocial e jornalismo,
que comearam a consolidar-se dezenas de livros publicados, entre os
quais se des-na Colmbia na dcada de 1980, foi desenvolvendo tacam
Onde vai a vrgula, Diga-o Sem Erros, Comoteorias e didticas de
redao, paulatinamente aplica- se Escreve, Redao Jornalstica, Em
Busca do Verbodas a outros campos, como a publicidade, a redao
Preciso e Espanhol Correto para Dummies. Estecomercial e
ultimamente criao literria. ltimo o primeiro livro escrito
originalmente em Alm da ctedra de Redao Jornalstica em v- espanhol
dentro da prestigiosa coleo para dum-rias faculdades de comunicao e
mais de mil cur- mies (da IDG Books, de Nova York), editados
pelasos dados em empresas comerciais e entidades do Norma para os
Estados Unidos e quinze pases daEstado Colombiano, j foi responsvel
pelo ensino Amrica Latina, e pela Granica, para a Espanha e ada
redao em sete temporadas da Especializao Unio Europia, embora
indito no Brasil.em Jornalismo da Universidade dos Andes, sete tem-
15
18.
ndiceIntroduo..................................................................................................................................................................................................................................................................................................
20Captulo
1......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
25Comportamento do usurio: o que dizem as pesquisas1.1 EyeTrack07:
A destruio do mito da leitura supercial?
..................................................................................
261.2 O ponto de entrada da pgina
................................................................................................................................................................................................
321.3 Leitores escaneadores e leitores que leem palavra por palavra
.................................................... 361.4 Padro
com que os usurios percorrem a tela do
computador....................................................
39Tabela: Resumo das principais pesquisas
........................................................................................................................................................................................
46Captulo
2......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
47Incorporao do conceito de usabilidade para aferira qualidade de
um texto no ambiente da Web2.1 Denio de usabilidade prova de
jornalistas
...........................................................................................................................
47 16
19. NDICE2.2 Medindo a usabilidade de um texto
..........................................................................................................................................................................
48Captulo
3......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
52Use a pirmide invertida!3.1 Denio de pirmide
invertida............................................................................................................................................................................................
533.2 Justicativa do uso da pirmide invertida para apresentar
contedos na Web
.................................................................................................................................................................................................
553.3 Nvel bsico de utilizao da estrutura de pirmide invertida:
texto linear colocado numa s pgina da Web
.................................................................................
563.4 Segundo nvel de utilizao da estrutura de pirmide invertida:
texto linear dividido tematicamente em uma s pgina da
Web.................................................................................................................................................................................................................
583.5 Terceiro nvel de utilizao da estrutura de pirmide invertida:
texto linear dividido em subtemas que aparecem em diferentes pginas
da
Web................................................................................................................................
593.6 Critrios de tamanho de textos no ambiente online
..................................................................................................
643.7 Estraticao da informao no ambiente Web
........................................................................................................................
663.8 Pirmide invertida e modelos de titulao
...............................................................................................................................................
703.9 Como proceder com textos que no podem ser reescritos com
estrutura de pirmide
invertida.......................................................................................................................................................................
803.10 Frmulas que no se ajustam ao formato da pirmide
invertida.................................................. 803.11
Redao e otimizao para mecanismos de
busca.............................................................................................................
813.11.1 A linguagem metafrica, uma forma de confundir o usurio e
os buscadores
......................................................................................................................................................................
88Captulo
4......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
89Construa a pirmide4.1 O conceito da pirmide invertida horizonta
.......................................................................................................................................
904.1.1 Troque a ordem dos elementos da frase de forma a comear com
as palavras que, a seu juzo, tenham mais relevncia e
gancho................................... 94 17
20. CMO ESCRIBIR PARA LA WEB NDICE4.1.2 Use a voz passiva
sempre que for
necessrio..................................................................................................................................
974.1.3 Os dois pontos: um recurso vlido para levar para o lado
esquerdo as palavras mais portadoras de informao
.............................................................................................
994.1.4 Palavras que no funcionam para iniciar ttulos (ou
pargrafos, interttulos ou itens de uma
enumerao)...........................................................................
1034.2 Minimize a pontuao, racionalize o nmero de idias que coloca
nas frases (e controle seu
tamanho)..........................................................................................
1064.3 Reviso de recomendaes de manuais de edies impressas que no
se aplicam s edies
digitais....................................................................................................................
110 Quadros - Quando a frase longa bem
usada......................................................................................................................................................................
117 - Use verbos fortes
.................................................................................................................................................................................................................................................
119 - Seja impiedoso com a repetio de informaes
...........................................................................................................
120Captulo
5......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
121Rompa a uniformidade do texto5.1 Interttulos que identicam
blocos temticos como frmula para romper a uniformidade do
texto...........................................................................................................................
1215.1.1 Modelos de utilizao dos interttulos: como entidades
externas ao bloco temtico que identicam ou como partes dele
...................................... 1235.1.2 Exemplo de utilizao
dos diferentes modelos de interttulos e um mesmo texto
................................................................................................................................................................................
1285.2. Enumeraes como frmula para romper a uniformidade do
texto................................ 1385.2.1 Recomendaes para a
construo de
enumeraes...............................................................................................
1385.3 Utilizao da cor para romper a uniformidade do texto e atrair
o usurio
.................................................................................................................................................................................................................
1465.3.1 O negrito (bold) como recurso de cor para romper a
uniformidade
.........................................................................................................................................................................................................
1465.3.2 Entrevistas de pergunta e resposta (ping-pong) como um
caso de ruptura da uniformidade pela utilizao do
negrito....................................................................
147 18
21. NDICE5.3.3 O link como um elemento destacado pela cor para
romper a uniformidade do texto
............................................................................................................................................................
1515.4 Pargrafos curtos como outra forma de romper a uniformidade
do
texto........................................................................................................................................................................
151Captulo
6......................................................................................................................................................................................................................................................................................................
154Textos em outros formatos e plataformas6.1 Blogs e a redao para
a
Web...................................................................................................................................................................................................
1546.2 Microblogs (o mundo em 140 caracteres) e outros formatos
emergentes/Por Mauricio
Jaramillo............................................................................................
1566.2.1 Experincias jornalsticas com o Twitter
............................................................................................................................................................
1616.2.2 O futuro da microblogagem
.......................................................................................................................................................................................................
1636.2.3 Algumas recomendaes para seu
microblog...................................................................................................................................
1646.2.4 Dicas de redao para o Twitter
...........................................................................................................................................................................................
165Tabela: guia rpido para o processamento de textos
..................................................................................................................................
170EplogoO futuro do texto na Internet
..................................................................................................................................................................................................................................
171Apndice e exemplos
......................................................................................................................................................................................................................................................................
180 19
22. IntroduoDe volta ao velho em um novo meioEscrever para a
Web signica, em grande parte, retornar a dois fundamentos doofcio
jornalstico: a boa redao e a boa edio. O resto, denitivamente em
menorproporo, determinado pelas particularidades deste novo
meio.Apesar de parecer simples enunciar essa frmula, um fato
vericvel que so poucosos que percorreram o caminho da redao para a
Web, seja por desconhecimento,indiferena ou franca renncia. A vtima
disso sempre foi o usurio, muitas vezessacricado para proteger
injustamente o ego de um autor.Na primeira dcada de sua existncia,
a World Wide Web foi usada principalmente comoum novo canal de
distribuio de contedo. Ainda no se desenvolveu como novo meio(...)
para a maioria, o contedo da Web simplesmente o contedo
impressopublicado online. At que todas as capacidades da tecnologia
sejam aplicadas para criare usar, o meio continuar em fase de
desenvolvimento, diziam no ano 2000 Nora Paul e 20
23. INTRODUOCristina Fiebich, pesquisadoras do Institute for
New Media Studies and New Directionsfor News, da Universidade de
Minnesota, em seu trabalho Cinco elementos da narrativadigital (5
Elements of Digital Storytelling),
(http://www.inms.umn.edu/elements/) uma dasmelhores tentativas de
caracterizar a Internet como um novo meio.Hoje, esse diagnstico
continua vigente, e correndo o risco de ser repetitivo um
dossintomas que o tornam presente a profuso de textos que no foram
adequados aoformato digital. Autores especializados no tema no
duvidam em armar que o contedona Internet est falido. Em ingls,
inclusive, cunhou-se o termo shovelware para descrevero contedo
(que inunda a rede) pego de qualquer fonte e posto na Web sem levar
emconta sua aparncia ou usabilidade (shovelware deriva da palavra p
em ingls, designandoo movimento do material de um lugar a outro,
sem valor agregado).Para que a Web alcance esse status completo, os
desenvolvedores de contedo e osusurios devem tirar vantagem de seus
atributos, ambiente e funcionalidades. A Webdeve passar por um
processo de maturao o mesmo pelo qual todos os novosmeios passaram.
O exemplo clssico desse processo so as notcias de televiso.
Nocomeo, eram simplesmente textos de rdio lidos diante da cmera.
Hoje, porm,todas as capacidades do meio so usadas, com cmaras de
mltiplos ngulos, vdeosgravados ao vivo, fotos e grcos sendo
empregados para contar as notcias do dia,diziam Paul e Fiebich em
seu trabalho.Os textos tambm deveriam passar por um processo de
maturao. Este estudo, originadode um trabalho acadmico orientado
pelo mestre Rosental C.Alves, diretordo Centro Knight para o
Jornalismo nas Amricas na Universidade do Texasem Austin, se
concentrar em como ajustar os textos para a Web. Embora esteja
voltadoa websites de meios de comunicao, especialmente de jornais,
os conceitos que ofereceso aplicveis a qualquer tipo de stio de
Internet. De fato, esses sites podem capitalizar oconhecimento
jornalstico para apresentar seus contedos textuais.Como valor
agregado, o documento apresenta em portugus todas as pesquisassobre
o assunto, trazendo tambm contribuies originais e bibliograa de
apoio 21
24. CMO ESCRIBIR PARA LA WEB INTRODUOpara o processo de redao,
e leva esses dados ao terreno da prtica por meio daincluso de
exemplos que, embora tirados de meios de comunicao colombianos,so
compreensveis em outros contextos. Muitos deles incluem erros
originais, queso usados como recurso para ilustrar. Porm, numa
etapa posterior, esperamos incluirexemplos desenvolvidos em outros
pases da Amrica Latina.Ao buscar informao sobre esse assunto na
Web, livros e entrevistas que realizamos, nosdeparamos com todo
tipo de viso, mas privilegiamos as que estavam respaldadas
porpesquisas. Ao revisar este documento em seu conjunto, dois nomes
ganhamrelevncia (pelo nmero de vezes em que so citados): Poynter
Institute eJakob Nielsen. Este manual uma homenagem aos dois, mas
em especiala este ltimo, uma referncia obrigatria em temas de
usabilidade eInternet, que compartilha seu conhecimento
generosamente em seu website useit.com. um convite para que at seus
detratores o conheam antes de polemizar.Como fazem muitos
escritores, poderiamos utilizar conhecimento alheio semreconhecer a
autoria, mas no sucumbimos tentao: cada pargrafo, cada aluso,remete
a seu respectivo autor. A forma como se estruturou o documento deve
servista como um guia de referncia bibliogrca.Alguns conceitos
(tanto os prprios como os dos autores citados), que podem
sercontroversos, assim como todo o manual em seu conjunto, devem
ser consideradosum ponto de partida para a discusso sobre o tema da
redao para a Web.Esta no uma obra acabada, mas em constante
construo, com a incorporaode novos conceitos, pesquisa ou
bibliograa, mas fundamentalmente com ascolaboraes dos usurios.
Estamos convencidos parafraseando ao guru dojornalismo
participativo Dan Gillmor, autor do livro We the Media (lanado com
ottulo Ns, os Media, em Portugal) de que eles sabem mais do que eu;
de queesta no uma ameaa, e sim uma oportunidade e de que podemos
usar esteprincpio para criar juntos algo a meio caminho entre uma
palestra e uma conversa,que nos eduque a todos. 22
25. INTRODUO Entre na discusso Procure no Facebook o grupo Como
escrever para a Web
(http://www.facebook.com/group.php?gid=47605591799&ref=mf)
Grupo administrado por Camilo Sixto Baquero, Julio Csar Guzmn e
Guillermo Franco 23
26. O USURIO,ESTPIDOS!* * Parafraseando conselho dado por James
Carville a Bill Clinton sobre o tema mais importante da campanha
presidencial de 1992: a economia, estpido!. 24
27. CAPTULO 1 Comportamento do usurio O que dizem as pesquisas
As pesquisas de Eyetrack (rastro ou caminho do olho) e os estudos
de usabilidade do papel central viso e ao comportamento dos
usurios.Justo quando eu tinha quase todas as respostas, mudaram
todas as perguntas. Essa a sensao que experimentam aqueles que
acompanham de perto desde 1994 asdiversas pesquisas que, com
diversas metodologias, trataram de determinar a formacomo os
usurios navegam nos stios da Internet, suas pginas iniciais e
interiores, e aforma como consomem o contedo, em particular os
textos.Algumas concluses so to contraditrias que fazem com que seja
lcito questionarse houve uma evoluo no comportamento dos usurios ou
se as diferenas podemser atribudas metodologia e metas das mesmas
pesquisas.A maior contradio: o EyeTrack07
(http://eyetrack.poynter.org/), o mais recenteestudo realizado pelo
Poynter Institute, centro de pesquisa e educao em jornalismocom
sede na Flrida (Estados Unidos), proclamou que as pessoas leem
emprofundidade nos websites de jornais, at mais do que nas edies
impressas. Quasetodas as pesquisas anteriores ao EyeTrack07,
principalmente as feitas por Jakob Nielsen, 25
28. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1o guru da usabilidade
(http://www.useit.com/ ) para os ns deste manual, a palavra
serusada como sinnimo de facilidade de uso , e pelo prprio Poynter
diziam que a leituraera breve e supercial. Embora as pesquisas de
Nielsen no tivessem em mente os websitesjornalsticos quando foram
realizadas, suas concluses e recomendaes eram aplicveis aeles.
Curiosamente, seus autores recomendavam usar princpios jornalsticos
para apresentaros contedos textuais. Os resultados das pesquisas do
Poynter, feitas com sites jornalsticos,foram extrapolados pelos
especialistas, com algumas observaes, a outros tipos de
website.Neste captulo revisaremos e compararemos as concluses das
principais pesquisas.Mais que dar respostas denitivas, procuramos
possveis explicaes.No presuma nada; parta da posio conhecida como
pressuposto da soma zero,onde cada regra est aberta a ser desaada e
alterada, escreveu Howard Finberg nanota sobre as pesquisas de
caminho do olhar intitulada O Eyetrack no a soluo,Eyetrack Is Not a
Solution,
(http://www.poynterextra.org/EYETRACK2004/solution.htm).Arriscamos,
porm, uma hiptese: as contradies entre as diferentes pesquisasno
invalidam e nem reavaliam o conceito fundamental: elas o renam e
reforam. preciso estruturar os textos para o ambiente digital (ou
online, expresso queusaremos como sinnimo de digital neste manual,
arriscando sofrer crticas dospuristas da linguagem), tendo em mente
o comportamento e os objetivos do usurio.Convidamos os leitores
deste documento a procurar as fontes primrias das pesquisas,para
propiciar a discusso sobre elas.1.1 EyeTrack07: A destruio do mito
da leitura supercial?Para chegar concluso de que h uma leitura
profunda nos websites jornalsticos, noEyetrack07, assim como no de
2000 (mas no no realizado em 2004), os participantesusaram culos
que incluam cmeras que rastreavam e registravam o movimento
dosolhos. Da o nome Eyetrack, que em traduo livre signica rastro ou
caminho do olho. 26
29. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1 Cortesa Poynter.org Imagem
de uma sesso do EyeTrack07.No caso do Eyetrack07, eram duas cmeras:
uma registrava os movimentos do olho;a outra, o ponto em que
observavam a tela ou a edio impressa. Os pesquisadorescodicaram
mais de 300 elementos nas pginas que os participantes (605
pessoas)observaram. Ao total, foram registradas, documentadas e
analisadas mais de 102 mildetenes ou xaes do olho.Para uma indstria
de jornais nervosa, uma preocupao entre muitos se acapacidade de
ateno dos leitores foi irreversivelmente reduzida. Ao menos entreos
582 leitores do EyeTrack07 (aqueles dentre os 605 totais cujos
registros desesso foi possvel usar) no foi assim. Nesse estudo,
independente do formato oudo meio (impressos, em formato standard
ou tablide, ou online) cerca de doisteros dos textos escolhidos
foram lidos. E, desaando a noo de que os leitoresonline
particularmente se movem rapidamente para dentro e para fora dos
textos, 27
30. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1nossos leitores online
leram inclusive com mais profundidade do que os leitores
doimpresso, diz o resumo ocial da pesquisa, publicado pelo Poynter
e de autoria dePegie Stark Adam, Sara Quinn e Rick Edmonds.De
acordo com os pesquisadores, os participantes online do EyeTrack07
leram 77%do texto que escolheram. Essa cifra alta se for comparada
com o que leram osparticipantes dos formatos impressos em formato
standard, 62%, e os do tablide, 57%.Os pesquisadores estabeleceram
que esse comportamento maior leitura online doque impressa no
dependia do tamanho dos textos. Tambm estabeleceram que osleitores
online tendiam a completar a leitura dos textos selecionados mais
do que osleitores do impresso: 63%, comparado com 40% em standard e
36% em tablide.Percebemos, porm, que medida que o texto aumentava,
a leitura diminua, dizPegie Stark Adam, em comentrio no texto ocial
da pesquisa. Essa observao relevante para a forma como se deve
estruturar os textos, e ser discutida em umcaptulo posterior.As
concluses da pesquisa de 2007 contrastam com as da pesquisa
EyeTrack de 2000(http://www.poynterextra.org/et/i.htm), realizada
pelo Poynter e pela Universidadede Stanford, segundo a qual os
textos curtos eram trs vezes mais vistos que oscompridos e que, em
geral, a leitura era supercial; mas tambm assinalava e issocoincide
com a de 2007 que, quando se encontrava algo de interesse, a
leitura eramais profunda (lia-se mais de 75% do texto escolhido).
Os autores dessa pesquisaforam Marion Lewenstein, Greg Edwards,
Deborah Tatar e Andrew DeVigal.Na pesquisa Eyetrack III
(http://www.poynterextra.org/EYETRACK2004/index.htm),de 2004,
realizada tambm pelo Poynter em associao com o Estlow Center
forJournalism & New Media e a empresa Eyetools, no se mediu a
profundidade deleitura dos artigos escolhidos. Porm, a
supercialidade de leitura foi parcialmenteposta em evidncia pela
ateno visual que recebiam os pargrafos de acordo comseu tamanho.
28
31. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1 Cortesa Poynter.org Imagem
de uma sesso da pesquisa EyeTrack do ano 2000.Na pesquisa, os
pargrafos mais curtos tiveram melhor desempenho que os
maiores.Nossos dados revelaram que textos com pargrafos curtos
recebiam o dobro deateno visual que aqueles com pargrafos mais
longos. O formato de pargrafoslongos parece desestimular sua
observao, dizem Steve Outing e Laura Ruel.A supercialidade da
leitura tambm foi posta em evidncia pela forma como osusurios liam
apenas o primeiro tero dos ttulos (veja os mapas de calor e o
padroem F, mais adiante).Nesta pesquisa (EyeTrack III),
diferentemente das de 2000 e 2007, os participantesno usavam culos.
A cmera que rastreava os movimentos de seus olhos estavalocalizada
na base da tela do computador, qual olhavam. Com esta tecnologia,
que 29
32. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1 Imagem de uma sesso da
pesquisa EyeTrack III, de 2004. A cmera que segue o movimento do
olho dos usurios est posicionada na base do monitor do computador.
Cortesa Poynter.orgpode ser classicada como no invasiva, o
comportamento dos usurios era maisnatural.De acordo com os autores
do EyeTrack07, sua pesquisa pode corrigir os trabalhosanteriores
(em particular o Eyetrack de 2000 e o Eyetrack III), que sugeriram
a leiturasupercial online, porque utilizou em sua aplicao contedos
reais do dia em quese zeram as sesses, e no prottipos (contedo no
real). O uso de prottipospode indicar efetivamente que elementos do
design capturam a ateno do olhar,mas o uso de material dinmico dava
a resposta do leitor a textos reais do impressoe do online. No nico
outro estudo EyeTrack que usou textos noticiosos reais emvez de
prottipos (a pesquisa de 2000 do Poynter e da Universidade de
Stanford),os participantes leram 75% do texto que selecionaram, diz
o documento ocial dapesquisa.Jakob Nielsen no se pronunciou em sua
pgina sobre as concluses do EyeTrack07,mas em maio de 2008 publicou
uma coluna com o sugestivo ttulo Quo pouco leemos usurios?, How
Little Do Users Read?,
(http://www.useit.com/alertbox/percent-text-read.html), onde
quanticava isso a partir do trabalho intitulado No exatamente
30
33. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1na mdia: um estudo emprico
do uso da Web, Not Quite the Average: An EmpiricalStudy of Web Use,
fevereiro de 2008,
(http://portal.acm.org/citation.cfm?id=1326566),de Harald
Weinreich, Hartmut Obendorf, Eelco Herder e Matthias Mayer.Para
isso diz Nielsen , os autores do trabalho original monitoraram os
navegadoresda Web de 25 usurios e registraram informaes de tudo o
que faziam enquantodesenvolviam suas atividades normais.Nielsen
analisou 59.573 page views (pginas vistas). Dentre elas, ele
removeu aquelasnas quais os usurios caram menos de 4 segundos, pois
era claro que elas eramsaltadas sem serem usadas; aquelas que
duravam mais de 10 minutos, pois quaseseguramente o usurio havia
deixado a tela aberta enquanto fazia outras coisas; eaquelas com
menos de 20 palavras, porque provavelmente eram mensagens de erroou
no carregaram integralmente. Com as 45.237 page views que sobraram,
Nielsenconstruiu frmulas para descrever o comportamento do usurio
em pginas quetenham entre 30 e 1.250 palavras. (leia mais sobre o
tamanho dos textos no captulo4).Nielsen presumiu em sua frmula que
os leitores neste caso liam 250 palavras porminuto (pois eram de
classe alta e tinham altos nveis de alfabetizao e educao).Para um
leitor mdio, esperava uma velocidade de 200 palavras por minuto.A
frmula parece indicar que as pessoas gastam um pouco do seu
tempoentendendo o design da pgina e as caractersticas de navegao,
bem como olhandoas imagens. Claramente, ningum l durante cada
segundo de uma visita a umapgina, diz Nielsen em seu artigo.Numa
visita mdia, os usurios leem a metade da informao s naquelas
pginascom 111 palavras ou menos. No conjunto completo dos dados, a
pgina mdiacontinha 593 palavras. Assim, os usurios tero tempo para
ler 28% das palavras sededicarem todo o seu tempo leitura. Sendo
realistas, os usurios lero s 20% dotexto numa pgina mdia. 31
34. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1Nielsen lembra que,
segundo revelava a pesquisa feita para seu livro Prioritizing
WebUsability (http://www.useit.com/prioritizing/) as pessoas liam
apenas 10% do texto quesupostamente concordaram em ler.1.2 O ponto
de entrada da pginaAs pesquisas Eyetrack 2000 e Eyetrack III
coincidem em que o ponto de entrada spginas iniciais o texto. Mas a
de 2007 matiza isso ao estabelecer uma diferenaentre o texto dos
ttulos destacados e o das listas de textos e pargrafos que
osdescrevem.Aonde vo os olhos depois de dar partida na pgina
inicial de um website denotcias? Ao texto, com maior probabilidade.
No s fotos ou grcos, como sepoderia esperar. Em vez disso, as notas
breves e as legendas conseguem mais xaesprimeiro, em geral. Os
olhos dos leitores online a seguir voltam s fotos e grcos,algumas
vezes s aps voltar primeira pgina depois de clicar sobre um
artigocompleto, diz o documento ocial do EyeTrack 2000.Jakob
Nielsen, ao analisar os resultados do EyeTrack 2000 na coluna
Fragilidadesmetodolgicas no estudo EyeTrack do Poynter, Methodology
Weaknesses in PoynterEyetrack Study,
(http://www.useit.com/alertbox/20000514_ weaknesses.html), disseque
o predomnio do texto como ponto de entrada poderia ser mais forte
se fossemusadas nos testes conexes normais (como as da maioria dos
usurios naquelemomento), e no de alta velocidade, porque os grcos
teriam demorado mais acarregar. Alm disso, criticou a forma como
foram selecionados os participantesda pesquisa, atravs de anncios
em websites de jornais, porque a seu juzo issointroduzia um vis
reforado pelo fato de que o pr-requisito era ler notcias onlineao
menos trs vezes por semana.Esse vis na seleo torna impossvel
generalizar as concluses do estudo segundoas quais os usurios
gastam em mdia 34 minutos em cada sesso de leitura e quegastam a
maioria desse tempo em sites de jornais tradicionais. Aqueles que
preferem 32
35. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1Sites de jornal vs. Outros
sites possvel aplicar as descobertas das pesquisas realizadas com
websites jornalsticosqueles websites que no o so (corporativos, de
comrcio eletrnico ou intranets)? Aresposta : s vezes. Seria
necessrio discutir as concluses de cada estudo
pontualmente.Advertindo que a maioria dos websites da Internet no
de jornalismo, Jakob Nielsenrespondeu a este pesquisador enumerando
uma srie de limitaes para aplicarcompletamente as concluses do
Eyetrack 2000 a outros sites (neste caso, em particular,as
concluses principais eram aplicveis a todo tipo de site). Observe
que estasobservaes tambm poderiam ser aplicadas ao Eyetrack III, de
2004, e ao Eyetrack07: A confiana no um Os usurios editorial e o
equilbrio tema que preocupe os provavelmente gastam jornalstico
estimula o jornais, que costumam menos tempo em pblico disposio ser
reconhecidos por outros sites. Dez de ler uma maior sua
integridade. Outros minutos seriam porcentagem do material. uma
visita longa A tarefa de ler notcias sites precisam lutar pela para
a maioria implica uma disposio credibilidade e devem dos websites.
para processar mais reduzir o uso da retrica palavras do que a mdia
promocional, slogans dos usos da Web, que publicitrios e outros Os
usurios leem menos so direcionados a elementos que gerem palavras
em outros sites encontrar informaes desconfiana. do que leem nos
dos especficas e solues jornais. A integridade concretas. 33
36. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1os sites de notcias no
tradicionais provavelmente no teriam sido recrutados paraeste
estudo. E seria improvvel que aqueles que gastam pouco tempo lendo
notciasonline encontrassem o anncio e respondessem a ele, disse.De
acordo com as concluses do EyeTrack III, os ttulos predominantes
atraem aateno com mais frequncia quando se abre a pgina (...) As
fotograas, ao contrriodo que se poderia esperar (e ao contrrio das
concluses da pesquisa de rastro oucaminho do olho de jornais
impressos de 1990), no so tipicamente o ponto deentrada na pgina
inicial. O texto domina as telas de PC tanto no que diz respeito
ordem em que visto quanto no tempo gasto com ele.Entre 1994 e 1997,
Nielsen havia proposto quase o mesmo atravs de estudos quetinham
metas, usurios e metodologias diferentes. Alm disso, bvio que a
rede tinhaum grau inferior de desenvolvimento.Nielsen dizia que o
texto era o foco da ateno dos usurios da Web, a razopela qual se
conectavam Internet e a primeira coisa que viam ao carregar umanova
pgina. O que havia de mais notvel em sua pesquisa que ela no se
referiaexclusivamente a websites de notcias, mas a qualquer site.
At hoje, Nielsen nomudou de opinio sobre o texto.As concluses das
pesquisas EyeTrack 2000 e EyeTrack III, de 2004, bem como as dasde
Nielsen, representavam uma volta de 180 graus em relao primeira
pesquisaEyeTrack, de 1990, que avaliou o comportamento dos usurios
de jornais impressose determinou que eles eram atrados primeiro
pelas fotos de uma pgina, antes depermitir que sua ateno se
desviasse em busca do texto.Ao descrever os textos, tanto em listas
de matrias quanto em pargrafos queas descrevem, como dispositivos
direcionais (junto com a navegao do stio), oEyeTrack07 quer dizer
que so dispositivos a partir dos quais o usurio toma adeciso de ir
a um contedo especco. Para o Eyetrack07, esse o ponto de entradados
usurios s pginas. Em contraste, segundo a mesma pesquisa, os
leitores dos 34
37. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1jornais standard
simplesmente comeam com os ttulos (lembre que, em
1990,acreditava-se que iniciavam pelas fotos), e os leitores de
tablides comeam pelasfotos.Quase a metade dos leitores online (48%)
viu primeiro os dispositivos direcionais aoentrar na pgina, diz o
relatrio ocial da pesquisa. (...) Os grcos foram o segundoponto de
entrada mais popular, e atraram 25% dos leitores online como
primeiraparada visual. Para ns de codicao, os grcos incluram
reportagens de El Tiempoe do trnsito, acompanhados de elementos
visuais informao seguramente maisatualizada online do que no
jornal. Apareciam normalmente na parte superior dapgina inicial,
perto da barra de navegao, que estavam entre os elementos
maisvistos, diz o relatrio do estudo.Segundo os autores, parece que
os usurios estavam examinando as direcionais embusca do que os
interessava, e a seguir selecionavam e liam os textos.Os
pesquisadores do EyeTrack07 qualicam como dramtico contraste entreo
impresso e a verso online a forma como foram vistos os principais
ttulos.Comparando aos 53% de leitores do formato standard que viam
um ttulo comoponto de entrada inicial, apenas 8% dos leitores
online viu os ttulos da pgina inicial,que era coroada por uma
matria em texto, dizem. Ao contrrio dos leitoresdo impresso, os
leitores online no pareciam ver inicialmente o que o editor
haviaselecionado para destacar..., acrescentam.Apenas para marcar
um contraste com as pesquisas anteriores sobre esse temaem
particular, basta mencionar que o Eyetrack III, de 2004, determinou
que o olhodos usurios aterrissava primeiro no canto superior
esquerdo da pgina inicial,normalmente dedicado matria principal ou
ao ttulo dominante. 35
38. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 11.3 Leitores escaneadores
e leitores que leem palavra por palavraAs concluses do EyeTrack07
sobre a profundidade da leitura online contrastamcom as armaes de
Nielsen, segundo as quais as pessoas no buscam ler
grandesquantidades de texto na tela por conta de sua baixa resoluo,
que torna a leituracerca de 25% mais lenta. Em 2005, a Microsoft
informou ter obtido melhoria de 5%nas velocidades de leitura (nos
estudos de sua tecnologia ClearType para melhorara
resoluo-legibilidade de tipos de letra). Nielsen escreveu sobre o
assunto: No o suciente para tornar as telas de computador to boas
quanto o papel, mas pelomenos um passo adiante.Nielsen assegura at
hoje que, de fato, a proporo de usurios que leem palavrapor palavra
numa pgina Web mnima. A maior parte, 79%, tende a no ler
textoscompletos (http://www.useit.com/alertbox/9710a.html), tal
como estabeleceramNielsen e seu colega John Morkes. Em vez disso
diz Nielsen escaneiam, oufolheiam, o texto (ou, se preferir, leem
supercialmente) e escolhem palavras-chave,frases e pargrafos de seu
interesse, enquanto brincam sobre as partes do texto quelhes
interessam menos.Para explicar as diferenas relacionadas com a
profundidade de leitura entre asconcluses de Nielsen (que, em
geral, documentam muito pouco) e as do EyeTrack07,qualquer um pode
arriscar a tese de que os leitores agora esto dispostos a lermais,
sem que a resoluo das telas o impea. A disposio a ler em telas
poderia terpassado por um processo similar ao do scroll vertical
(rolagem da tela). Nas primeiraspesquisas (1994), o mesmo Nielsen
no o recomendava, pois considerava quereduziria a usabilidade
(facilidade de uso). Por sinal, em 1997, numa coluna
intituladaMudanas na usabilidade na Web desde 1994, ou Changes in
Web Usability Since1994 (http://www.useit.com/alertbox/9712a.html),
ele dizia que era permitido e quej no era um desastre de
usabilidade para a navegao das pginas.Parece, porm, que h uma
explicao mais plausvel: a pesquisa do Poynter poderiater
direcionado os usurios para que lessem, enquanto as de Nielsen lhes
pediam para 36
39. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1Quando o escaneamento se
incrementaAs pesquisas estabeleceram que o comportamento de leitura
palavra por palavra, emcomparao com o de escaneamento da pgina,
afetado por alguns fatores, como onvel de alfabetizao e o tamanho
da letra.O nvel de alfabetizao do usurio determina a ocorrncia de
um ou outrocomportamento, segundo estabeleceu Jakob Nielsen em maro
de 2005. De acordocom ele, a diferena mais notvel entre os usurios
com nveis mais baixos dealfabetizao (Lower-Literacy Users),
(http://www.useit.com/alertbox/20050314.html), e os que so
alfabetizados em nveis mais altos, que osprimeiros no conseguem
entender um texto com apenas uma olhada. Devem lerpalavra por
palavra e, com frequncia, gastam um tempo considervel para
entenderpalavras com muitas slabas. Os pesquisadores do Eyetrack
III descobriram que ouso de tipograas menores motiva o que eles
chamam viso focalizada
(http://www.poynterextra.org/EYETRACK2004/main-spanish.htm), ou
seja, ler as palavras,enquanto as tipograas maiores promoviam o
escaneamento. Obviamente, oconselho no reduzir a tipograa, se voc
quer que as pessoas leiam.encontrar informao. A diferena entre ler
e pesquisar poderia explicar muito sobreas diferenas entre os
resultados.Outra diferena foi que, devido sua natureza (pedir aos
usurios que lessem ojornal, bem como a tela), o estudo do Poynter
estava limitado a recolher dadosmanualmente com uma delidade muito
mais baixa que os estudos de Nielsen ou oprprio Eyetrack III, que
usavam a tecnologia dos computadores. Por isso, o Eyetrack07no pde
construir mapas de calor (registro grco sobre onde se concentram
osolhares dos participantes das pesquisas), como zeram as outras
duas pesquisas. Issolhes permitiu determinar a existncia do chamado
padro em F (ver seo 1.4 destecaptulo) ao escanear a pgina, ou que
os usurios s leem o primeiro tero dos 37
40. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1ttulos. Isso demonstrava
pouca leitura. Tambmlhes permitiu medir a ordem na qual as
pessoasviam as coisas, que o Poynter decidiu no registrar.O
EyeTrack07 divide os usurios em duascategorias (escaneadores e
metdicos), quepodem se assemelhar s estabelecidas porNielsen
(escaneadores ou leitores de palavra porpalavra); diga-se que a
proporo entre eles maisprxima: 53% escaneadores, 47% metdicos.A
pesquisa descreve os leitores metdicos comoaqueles que liam de cima
a baixo.No folheavam com muita frequncia. (...) quandose
conectavam, usavam os menus descendentes e ... preciso estruturar
osas barras de navegao para localizar as matrias, textos para o
ambientediz o relatrio nal do estudo. Podem ter lido online levando
em conta o comportamento e osparte de uma matria, olhar fotos ou
outros itens objetivos do usurio.do pacote, mas geralmente no
voltavam depoisde abandonar o texto.Os autores do EyeTrack07
atribuem ocomportamento de escaneamento s mltiplaspossibilidades
oferecidas por uma pgina inicial queaponte para de 40 a 60 matrias,
por meio de itensou de pargrafos descritivos, e outros
dispositivosdirecionais, como as barras de navegao.A pesquisa
Eyetrack07 destaca que, em setratando tanto de escaneadores quanto
demetdicos, existe pouca diferena na quantidade 38
41. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1de texto lido depois que
cada leitor seleciona uma matria: os metdicos leem 78% eos
escaneadores 77% (muito superior ao dos leitores de impressos).
Esta armaoda pesquisa EyeTrack07 parece sugerir que nas pginas
interiores no se escaneia.Nielsen, porm, no faz essa distino.Ao
comentar os resultados da pesquisa Poynter de 2000 (Eyetracking
Study of theWeb Readers),
(http://www.useit.com/alertbox/20000514.html), Jakob Nielsen
diziaalgo que pode ser aplicado aos resultados do EyeTrack07: O
comportamento maiscomum caar informao e ser brutal em ignorar
detalhes. Mas, depois que apresa foi pega, os usurios algumas vezes
mergulharo mais profundamente. Assim, ocontedo da Web precisa dar
suporte a ambos os aspectos do acesso informao:busca e consumo. Os
textos precisam ser escaneveis, mas tambm devem dar asrespostas que
o usurio busca. Dito de outra maneira: para Nielsen, escanear o
comportamento dominante, e no a leitura detalhada. Mesmo quando
ocorre aleitura, ela prossegue s depois de o usurio ter escaneado
uma seo especca quecontm informaes importantes.O contedo da Web
precisa dar suporte a ambos os aspectos do acesso informao: busca e
consumo. Os textos precisam ser escaneveis, mas tambmdevem dar as
respostas que o usurio busca.Uma possvel explicao alta incidncia da
leitura palavra por palavra no Eyetrack07(que mostrou menor nvel de
escaneamento) que precisaria ser validado revisando-se diretamente
os websites utilizados que o design das pginas teria impedido
oescaneamento. De fato, muitos websites noticiosos, por terem
design pobre, no opermitem.1.4 Padro com que os usurios percorrem a
tela do computadorUtilizando a tecnologia do EyeTrack, no ano de
2006 Jakob Nielsen encontrou o queclassicou como um padro em forma
de F (F-Shape Pattern for Reading Web 39
42. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1Content),
(http://www.useit.com/alertbox/reading_pattern.html), com
trscomponentes: um movimento horizontal na parte superior da rea de
contedo; umsegundo movimento horizontal um pouco mais abaixo, s que
mais curto do queo anterior; nalmente, um movimento vertical na
parte esquerda da tela. Nielsenadverte que o padro em F algumas
vezes toma a forma de E, e at de L invertido,com a barra horizontal
na parte superior da tela.Na prxima imagem, conhecida como mapa de
calor (heat map), a cor vermelhamostra as zonas onde mais se
concentram as visualizaes. 40
43. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1 Padro de leitura em F De
acordo com as pesquisas de Jakob Nielsen, existe um movimento
horizontal na parte superior da rea de contedo, da esquerda para a
direita, e ao voltar h um movimento vertical pela parte esquerda da
tela; h um segundo movimento horizontal, mas mais curto que o
anterior e, nalmente, um movimento vertical na parte esquerda da
tela. As setas indicam a trajetria. 41
44. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1 Padro de leitura em E O
padro em F adverte Jakob Nielsen, algumas vezes toma a , forma de
E. As setas indicam a trajetria. 42
45. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1 Padro de leitura em L
invertido O padro em F adverte Jakob Nielsen, algumas vezes toma a
, forma de L invertido, com a barra horizontal na parte superior da
tela. As setas indicam a trajetria. 43
46. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1Anteriormente, a pesquisa
EyeTrack III havia apontado como j mencionamos queo olho dos
usurios aterrissava primeiro na parte superior esquerda da pgina
inicial,normalmente dedicada matria principal ou ao ttulo
dominante, o que refora asconcluses de Nielsen. Ela tambm
determinou como se concentravam os olhares sobreos ttulos e
pargrafos
(http://www.poynterextra.org/EYETRACK2004/main-spanish.htm).Nesta
imagem, a cor laranja mostra a rea mais vista; a azul, a menos
vista. Em outraspalavras, como diz a pesquisa, quando h uma lista
de ttulos numa pgina inicial,o usurio os escanea ou folheia
verticalmente, sem l-los completamente; ele seconcentra na parte
esquerda deles. Se as primeiras palavras no os capturarem,passam
reto. Na mdia, um ttulo tem menos de um segundo da ateno do
usurio.Este comportamento dos usurios na leitura de ttulos e
pargrafos poderia serinterpretado, como dissemos antes, como outra
manifestao de supercialidade daleitura.Em mdia, um ttulo tem menos
de um segundo da ateno dos visitantes. Para osttulos especialmente
os maiores parece que as primeiras duas palavras deveriamcativar
verdadeiramente a ateno se voc deseja captar os olhos, dizem
SteveOuting e Laura Ruel, os pesquisadores.Percebemos que, quando
se olha os pargrafos que seguem os ttulos nas pginasiniciais de
notcias, com frequncia se olha s o tero esquerdo deles.
Noutraspalavras, a maioria das pessoas olha apenas o primeiro par
de palavras e s continualendo se animada por elas, acrescentam.
44
47. COMPORTAMENTO DO USURIOCAPTULO 1A tarefa de encontrar
informaoGrande parte dos usurios de websites de jornais vai a eles
para atualizar ainformao. As visitas do website so disparadas por
um comportamento rotineiro,em vez de um objetivo em especial.Este
mtodo dos usurios para chegar informao foi chamado de
monitoramentono trabalho Anlise taxonmica de que atividades na
World Wide Web tmimpacto signicativo nas decises e aes das pessoas,
Taxonomic Analysis ofWhat World Wide Web Activities Signicantly
Impact Peoples Decisions andActions, (http://
www2.parc.com/istl/groups/uir/publications/items/UIR-2000-17-Morrison-CHI2001-WebTaxonomy.pdf
), publicado em 2001 pelos pesquisadoresJulie B. Morrison, Peter
Pirolli e Stuart K. Card, do Centro de Pesquisas de PaloAlto
(PARC), da Xerox. Outros mtodos descritos na mesma pesquisa (que
noparticularizava os websites jornalsticos) so: Explorar: busca de
Encontrar: os Coletar: busca de informao em geral. A usurios buscam
um mltiplos fragmentos busca no motivada fato, documento ou de
informao. Quem por um objetivo em pedao de informao busca est
aberto a particular. por um especcos. A busca qualquer resposta,
objetivo. motivada sem esperar uma em particular. Uma meta dirige o
comportamento de quem busca. As categorias gerais de tarefas
referentes a qualquer tipo de website, segundo a pesquisa do PARC
da Xerox so comparar-escolher (avaliar mltiplos produtos ou
respostas para tomar uma deciso), adquirir (encontrar um fato ou
documento, localizar um produto, baixar alguma coisa) e entender
(compreender algum tema, o que inclui localizar fatos ou
documentos). 45
48. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 1Resumo das principais
pesquisasPesquisa Autor Orientado a: Concluses ObservaesSondagens
Nielsen Websites em - Texto o focode usabilidade Norman Group geral
da atenoJakob Nielsen - Leitura supercial1994/ - 79% dos usurios
escaneiamEyetrack 2000 Poynter- Websites de - Texto o ponto Uso de
Universidad de jornais de entrada da pgina websites sem Stanford -
Leitura supercial contedo real - Quando se seleciona um texto, l-se
cerca de 75%Eyetrack III/2004 Poynter Websites de - Ttulos
dominantes Uso de jornais atraem primeiro a websites sem ateno dos
olhos contedo real dos usurios - Os olhos entram pela esquina
superior esquerda - Os pargrafos curtos foram mais vistos que os
longos - Leitura supercial - Leitura do primeiro tero dos
ttulosEyetrack Nielsen Nielsen Websites em Padro de leitura em
F2006 Norman Group geralEyetrack07 Poynter Websites de - Leitura
online - Pode ter2007 jornais profunda, at mais induzido a que no
impresso leitura - Dispositivos - Coleta manual direcionais, o
ponto de dados de entrada - No permitiu - 53% dos usurios fazer
mapas escaneia, 47% de calor metdicoNot Quite Harald Websites em -
Baixa leiturathe Average: Weinreich, geral na Internet.An Empirical
Hartmut - Os usurios leemStudy of Web Obendorf, 28% das palavras
seUse (No Eelco Herder dedicarem todo seuexatamente e Matthias
tempo leitura.na mdia: um Mayer. - Mais realista, osestudo emprico
Reviso: Jakob usurios leem sdo uso da Web). Nielsen 20% do
textoFevereiro, 2008. numa pgina mdia 46
49. CAPTULO 2 Incorporao do conceito de usabilidade para aferir
a qualidade do texto no ambiente da Web A forma de estruturar os
textos na Internet est determinada mais por razes funcionais que
por simples motivos estticos, literrios ou artsticos.2.1 Denio de
usabilidade prova de jornalistasA usabilidade denida como a
efetividade, ecincia e satisfao com que um grupode usurios especcos
pode realizar um conjunto especco de tarefas num ambienteparticular
(International Standards Organization ISO).Como esta denio pode
soar abstrata para um leitor mdio, neste documento nospermitimos
com propsito pedaggico reduzi-la de palavra que descrevea
facilidade de uso. O conceito pode ser aplicado a uma ampla
variedade deprodutos e servios, como software, hardware, websites,
controles remotos deeletrodomsticos e at a qualidade dos textos. O
conceito de facilidade de uso de umtexto no se refere complexidade
do tema, mas forma como est estruturado.Ao ser questionado sobre
por que importante a usabilidade (Usability 101:Introduction to
Usability), (http://www.useit.com/alertbox/20030825.html),
JakobNielsen, conhecido como o guru da usabilidade, responde: Na
Web, a usabilidade 47
50. COMO ESCREVER PARA A WEB CAPTULO 2condio necessria para a
sobrevivncia. Se um website difcil de usar, os leitores oabandonam.
Se a pgina inicial falha em mostrar claramente o que uma empresa
oferecee o que os usurios podem fazer no website, eles o abandonam.
Caso os usurios sepercam num website, eles o abandonam. Se a
informao do website difcil deler ou no responde as perguntas-chave
dos usurios, eles o abandonam.2.2 Medindo a usabilidade de um
textoA usabilidade uma caracterstica mensurvel, quanticvel. De
fato, numtrabalho j considerado clssico, Nielsen avaliou e
quanticou a usabilidade dos textosde um website turstico sobre
Nebraska, (http://www.useit.com/alertbox/9710a.html)