CLIMATE CHANGE AND HEALTH
A Position Paper of the ACP
Developed by the Health and Public Committee of the ACP
Brasília, 27 de Outubro de 2016
Capítulo Brasileiro do American College of Physicians
Henrique Grunspun, M.D, FACPGovernadorACPBrasil
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Premissas
O dano climático é uma realidade agora
A atividade humana emite gases estufa na atmosfera (p.ex. CO2), esses gases captam calor e alteram o clima na Terra.
É uma catastrófica ameaça ao planeta e à saúde humana.
Com ações coordenadas poderemos criar ambientes mais saudáveis e seguros.
Lidar com as alterações climáticas trará benefícios
‐melhora da qualidade do ar.
‐melhora da saúde física e mental.
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Princípios
O clima está mudando em ritmo e padrão não explicáveis exclusivamente por fenômenos naturais.
O aumento do CO2 e outros gases (metano e óxido nitroso), pela queima de combustíveis fósseis, é a causa desse fenômeno.
O dano aos seres humanos e aos ecossistemas já está em andamento.
Se ações agressivas forem tomadas agora, há chances de diminuirmos as alterações climáticas.
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Aquecimento Global: Efeito Estufa
• Os gases de efeito estufa formam um cobertor em torno da Terra.
• O efeito estufa é crucial para a vida no planeta.
• Conforme a concentração de gases de efeito estufa aumenta,
mais calor é captado e menos calor escapa para o espaço e a
temperatura média da atmosfera inferior e da Terra aumenta:
Aquecimento Global.
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First, the Greenhouse Effect…
• Sunlight is either absorbed by Earth's surface (providing heat and energy) or reflected into space
• But some infrared radiation is absorbed by greenhouse gases (GHG) – carbon dioxide, methane, nitrous oxide, water vapor, etc.
• Too much GHG in the atmosphere leads to the “greenhouse effect,” the gases trap heat, warming the Earth and altering the climate balance.
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Alterações Climáticas: Definições
Qualquer mudança considerável seja na temperatura ou nas precipitações que se estenda por longos períodos de décadas ou mais.
Resultante de fatores naturais e ou da atividade humana.
Aquecimento da troposfera, desencadeada pelo aumento de gás carbônico e outros gases de efeito estufa que captam calor na atmosfera.
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Indicadores das alterações climáticas
Aumento da temperatura média global.
Diminuição do gelo e geleiras no Ártico e Antártida.
Aumento do nível dos oceanos.
Aumento da temperatura das águas marítimas.
Aumento da acidez dos oceanos.
Incêndios Florestais
Secas
Enchentes
Ondas de calor
Extremos Climáticos
CONSEQUÊNCIAS
Extremos Climáticos:
Furacões
Tornados
Chuvas torrenciais
Tempestades de neve ou areia
CONSEQUÊNCIAS
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Contexto
As alterações climáticas impõem um risco catastrófico à saúde humana e podem minar as conquistas alcançadas nesse último meio século.
A realidade da mudança climática e do aquecimento do planeta é indiscutível e, apesar das controvérsias, o ACP concorda com a visão de que a influência humana no clima é clara.
A queima de combustíveis fosseis, o desmatamento, as alterações do uso da terra na agricultura e na produção de alimentos e as emissões das usinas de energia liberam dióxido de carbono e outros gases estufas na atmosfera, que captam calor elevam a temperatura na superfície e causam as várias alterações climáticas.
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Moscou: uso de máscaras por turistas, devido a excesso de fumaça, durante onda de calor no verão de 2010
Paris: março de 2015, altíssima taxa de poluição
Chicago: julho de 1995, nuvem de poluição sobre a cidade
Aquecimento Global: Efeito Estufa
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Contexto particular
O setor de saúde é o segundo maior consumidor de energia atrás somente da indústria alimentícia.
Os hospitais produzem grandes quantidades de lixo e são grandes emissores de gases de efeito estufa.
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Efeito das Alterações Climáticas na Saúde
Grande ameaça à saúde no século XXI.
250 mil mortes anualmente de 2030 a 2050.
Todas as populações serão afetadas, particularmente, as crianças, os idosos e as populações de países em desenvolvimento.
Aumento de casos de: doenças relacionadas ao calor, doenças respiratórias, doenças infecciosas, doenças de origem alimentar e transtornos mentais.
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Impacto das Alterações Climáticas na Saúde do Homem
Altas taxas de doenças respiratórias e cardiovasculares
Altas taxas de doenças relacionadas
ao calor
Aumento da prevalência de
doenças transmitidas por vetores
Aumento da prevalência de
doenças transmitidas pela água
Falta de segurança na qualidade
alimentar e da água
Aumento na prevalência de
doenças mentais e emocionais
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Grupos Mais Vulneráveis
Idosos
Crianças
Doentes crônicos
Populações pobres de países subdesenvolvidos
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Doenças Relacionadas ao Calor
Desidratação, câimbras, rash cutâneo.
Heat exhaustion.
Heat stroke.
Exacerbação de doenças cardíacas e respiratórias.
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Efeitos do calor/ Sinais clínicos
Quadros moderados: rash cutâneo e fadiga. Exaustão, devido ao calor:• Sede, fraqueza e tontura.• Cãibras e cefaleia.• Náuseas e vômitos.• Transpiração excessiva e taquicardia. Heat Stroke:• Confusão, síncope, coma.• Pele seca ou com suor. • Hipertermia (> 40oC).
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Grupos de risco ao calor extremo
Idosos: menos suor, menos sede, menor capacidade de regulação térmica.
Portadores de cardiopatias, de pneumopatias e de nefropatias:sobrecarga circulatória e alterações hidroeletrolíticas.
Crianças (0 a 4 anos):menor capacidade de regulação térmica e alta atividade motora
Esportistas Trabalhadores braçais Moradores de rua Doentes mentais
Doenças Respiratórias e
Cardiovasculares
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Efeitos Respiratórios da PoluiçãoAlergias e Asma
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Doenças Respiratórias Asma, Alergias, DPOC
Aumento da poluição do ar.
Aumento do pólen em áreas densamente povoadas.
Aumento de fungos (mofo) devido a inundações.
Aumento das concentrações de ozônio em dias quentes e maior
incidência de inflamação das vias respiratórias.
Aumento do material particulado no ar (fumaça e carvão).
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Doenças Cardiovasculares e Poluição
Material particulado causa estresse oxidativo, disfunção
endotelial, alteração na coagulação e disfunção autonômica.
Aumento de IAM e Angina instável em 4,5% para cada
aumento de 10ug/m3 de material particulado.
Aumento de ICC descompensada hospitalizadas associadas ao
aumento de material particulado.
Doenças Infecciosas
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Infecções Causadas por Vetores e Água Contaminada
Malária Chikungunya Dengue Zika Filariose Doença de Lyme Vírus do oeste do Nilo
Doenças transmitidas pela água
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Contaminação Bacteriana
Aumento de temperatura é associado a aumento de incidência de
Toxigenic E. Coli (O157:H7) em água e alimentos contaminado, diarreia e vômitos, podendo levar a falência renal até o óbito
Campylobacter causa comum de intoxicação alimentar, em carnes, produtos lácteos não pasteurizados ou água contaminada
Salmonella causa comum de intoxicação alimentar
Leptospira disseminada pela urina de roedores infectados no solo e na água.
Association between precipitation and waterborne disease outbreaks/Toxigenic E. Coli
Amy Greer, PhD et al. CMAJ 2008;178:715-722
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Bacteria: Vibrio e Legionella
Aquecimento do clima e da água facilita o desenvolvimento e a resistência de patógenos, facilita a transmissão e aumenta a vulnerabilidade humana.
Vibrio fortemente influenciada pelo clima em águas pluviais e marinhas.
• V. Cholera: causa estimada de 3‐5 milhões de casos e 100.000‐120.000 mortes
no mundo. Crianças são mais suceptiveis em áreas endêmicas.
• V. parahaemolyticus: virulento , presente em mariscos e ostras.
Legionella causa doença respiratória, transmitida pela água: Água mais aquecida facilita a colonização e a propagação.
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Doenças Parasitárias
Cryptosporidium: propagação através de água contaminada por resíduos da agropecuária.• Desinfetantes comuns, à base de cloro, são ineficientes.
Giardia lamblia: segundo parasita mais comum nos EUA • Cistos encontrados na superfície da água, contaminada por fezes humanas
ou de animais.
Cyclospora: frequentemente associada a produtos frescos produzidos em áreas contaminadas.
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Viroses
Vírus são resistentes ao calor e ao tratamento de esgoto .
Vírus são encontrados em mariscos contaminadas por água de esgotos.
• Hepatite A• Norovirus (Norwalk)
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Segurança Alimentar
Diminuição da produção de alimentos por temperaturas extremas, mudança nas precipitações, níveis de gás carbônico e ozônio.
Queda na qualidade dos alimentos.
Vida aquática comprometida pelo aquecimento das águas.
Queda do rendimento da produção de milho, arroz e trigo.
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Escassez de água
Diminuição dos aquíferos.
Contaminação de aquíferos com água do mar.
Falta de água em regiões urbanas.
Competição por água potável.
Estiagens que podem causar colapso na agricultura e
movimentos migratórios.
Doenças Mentais e Emocionais
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Transtornos Mentais e Emocionais
Desastres naturais por alterações climáticas podem afetar negativamente a saúde mental.
Extremos na temperatura causam estresse e declínio da saúde mental.
Eventos traumáticos causam insônia, depressão e síndrome de stress pós‐traumático.
Transtornos mentais causados por deslocamentos, mudanças e finanças pessoais.
Agravamento de conflitos sociais, pandemias e disputa por recursos naturais.
Mortes precoces, emergências médicas e hospitalizações.
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Migrações em massa
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Morte e Vida Severina
O RETIRANTE TEM MEDO DE SE EXTRAVIAR PORQUE SEU GUIA, O RIO CAPIBARIBE, CORTOU
COM O VERÃO.
João Cabral de Melo Neto
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Populações vulneráveis
Crianças. Idosos. Raça negra. Indivíduos com deficiências. Doentes. Pobreza e miséria. Gestantes.
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Contexto moderno
Migrações internas atuais
Haiti: Furacão
Venezuela: Instabilidade Política. Alterações Climáticas?
Bolívia: PobrezaAlterações climáticas?
A Grande Oportunidade no Setor de Saúde do Século XXI
Incêndios Florestais
Secas
Enchentes
Ondas de calor
Extremos Climáticos
CONSEQUÊNCIAS
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Soluções
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Acordo de Paris sobre as mudanças do clima
Manter a elevação da temperatura global abaixo de dois graus, de preferencia 1,5 graus Celsius.
Recomendações
Position Paper
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Recomendações Gerais
Esforço global para reduzir as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa.
Ações para lidar com impacto das mudanças climáticas na saúde.
Previsões dos impactos climáticos e avaliação de vulnerabilidade.
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Recomendações gerais
Projetar o possível impacto do clima nas doenças.
Avaliar as intervenções na saúde pública.
Desenvolver e implementar planos de adaptação em saúde
Se as emissões de gases de efeito estufa não forem
controladas as mudanças climáticas atingirão um patamar
em que adaptações serão ineficazes.
Avaliar e melhorar as ações em saúde.
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Recomendações gerais
Estratégias de atenuação:
Uso eficiente da energia. Uso de energia com baixa emissão de carbono. Remoção de gás carbônico:
diminuir o desmatamento e aumentar o reflorestamento. Mudanças de comportamento e estilo de vida: conservação e
demanda energética.
Os investimentos serão compensados na economia com a saúde e as medidas irão beneficiar tanto a saúde pública como o meio ambiente.
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Recomendações Setor Saúde
O setor de saúde é o segundo maior consumidor de energia, atrás somente da indústria alimentícia.
Os hospitais produzem grandes quantidades de lixo. O sistema de saúde, particularmente hospitais, devem adotar
políticas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e estar preparados para o impacto das mudanças climáticas.
Estima‐se que a eficiência energética e uso de energia renovável promoverá redução de 30% do uso de energia no setor saúde, sem que aja prejuízos na qualidade do atendimento.
O sistema de saúde deve estar preparado para prestar atendimento em situações de temperatura extremas e lidar com o excesso de demanda.
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Recomendações Setor Saúde
Medidas de atenuação:
Transporte. Eficiência e conservação de energia. Energias alternativas. Construções verdes. Gestão sustentável do lixo. Ações de melhoria nos serviços de alimentação e nutrição. Conservação da água.
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Recomendações setor saúde
Transporte: Reduzir as emissões de frotas. Ações para redução das emissões no caso de deslocamentos
de grandes distâncias. Priorizar a contração de fornecedores que prezam a
eficiência energética ou uso de combustíveis alternativos. Preferência à fornecedores locais. Envio de bens e serviços de modo energeticamente eficiente
e otimizado.
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Recomendações setor saúde
Energia: Construções com eficiência enérgica. Instalações com capacidade de energia renovável. Compra de produtos com eficiência enérgica. Consumo de energia verde. Adoção dos princípios de construções verdes. Avaliar o impacto do transporte nas escolhas de bens e serviços. Uso de plantas nativas e plantação de árvores. Uso de materiais para construção de fornecedores locais. Equilíbrio das emissões/resíduos gerados com construções. Aquisição de madeira com certificação ambiental.
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Recomendações setor saúde
Lixo:
Reciclagem e compra de materiais reciclados.
Coleta e reciclagem de óxido nitroso.
Descarte do lixo localmente.
Evitar o desperdício.
Promover o reutilização de 90% dos resíduos provenientes
de construções.
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Recomendações setor saúde
Alimentos: Reduzir o consumo de proteína.
Consumo de alimentos da região e alimentos de época.
Preferência por alimentos orgânicos, sempre que possível.
Evitar o desperdício.
Promover a compostagem.
Eliminar o consumo de água engarrafada.
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Sugestões verdes
Eficiência Energética – Desligar aparelhos eletronicos quando não em uso; instalar iluminação energeticamente eficiente; termostatos regulados 23 no verão, 20 no inverno.
Energia renovável– Comprar preferencialmente energia renovável.
Economia com Água – Usar águ de torneira em lugar de engarrafada, concertar vazamentos, instalar acessórios eficientes (limitadores de fluxo e outros)
(Source: My Green Doctor)
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Recomendações aos Médicos
Incentivar os médicos de modo individual ou em grupo a defender adaptações e medidas de atenuação em relação as mudanças climáticas.
Incentivar a comunicação dos benefícios relacionados a saúde em lidar com as mudanças climáticas, por meio de linguagem clara e objetiva.
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Recomendações aos Médicos
Mensagens (talking points): As mudanças climáticas são reais e causadas pelo homem. As mudanças climáticas afetam a todos negativamente de
várias maneiras. Iniciar ações para proteção da saúde de membros mais
vulneráveis da comunidade incluindo crianças, idosos, portadores de doenças crônicas e pessoas carentes.
Agir significa criar situações de ganho pois o combate as mudanças climáticas beneficia a saúde global e beneficia todas as comunidades.
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Recomendações aos Médicos
Informando claramente os pacientes e o público em geral sobre as ameaças causadas pelas mudanças climáticas os médicos ajudam a “despolitizar” a questão e promovem o cooperativismo no desenvolvimento de estratégias de adaptação e alívio.
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Recomendações em Educação e Ensino
Os médicos devem procurar treinamento e educação
acerca das mudanças climáticas e seus efeitos sobre a
saúde humana e de como responder aos desafios futuros.
As escolas de medicina e os provedores de educação
médica continuada devem incluir e promover ações
educacionais sobre as mudanças climáticas.
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Recomendações a Políticos e Governos
Os lideres e instituições governamentais devem se
comprometer a financiar pesquisas sobre as
mudanças climáticas para promover mais
conhecimento dos seus efeitos sobre a saúde humana
e desenvolver novas estratégias de adaptação e
alívio.
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O ACP Recomenda
Que todos os médicos e toda comunidade mundial de saúde
Se engajem em práticas sustentáveis que reduzam as emissões de carbono.
Apoiem os esforços para reduzir e promover a adaptação aos efeitos das alterações climáticas.
Se engajem na educação do público em geral, dos colegas, e dos legisladores sobre os riscos para a saúde causados pelas alterações climáticas.
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O ACP acredita que
Combater as mudanças climáticas é uma oportunidade de melhorar significativamente a saúde humana e evitar desfechos ambientais graves.
Os médicos podem desempenhar um papel importante nesse objetivo.
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Conclusões
Há amplo consenso entre cientistas do clima que nosso planeta está se aquecendo, apesar do debate contínuo e de visões dissidentes de um pequeno número de pessoas da comunidade científica.
O American College of Physicians concorda com o consenso, baseado em evidências, que as alterações climáticas resulta principalmente da atividade humana e que, a menos que se faça um esforço agressivo e concentrado para frear as emissões de efeito estufa, um dano irreversível será causado, incluindo os efeitos negativos na saúde humana, tais como risco elevado de doenças cardiovasculares e respiratórias, falta de segurança alimentar e da água, crescimento de doenças infecciosas e comprometimento da saúde mental.
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Conclusões
Os médicos, tanto individualmente como em grupo, são encorajados a agir adotando mudanças no estilo de vida que reduzam os impactos ambientais, aumentando ações de sustentabilidade em suas práticas locais e nos sistemas de saúde em que atuam, educando o público sobre os potenciais efeitos e consequências das alterações climáticas, e apoiando políticas, locais em seus países e globais no planeta, para reduzir as emissões de efeito estufa e lidar com os efeitos das alterações climáticas sobre a saúde.
A profissão médica, sendo uma fonte objetiva e confiável de informação dos efeitos das alterações climáticas sobre a saúde, deve estar na linha de frente na oportunidade em fazer da Terra um lar sustentável para as futuras gerações.
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SUGESTÕES
Endosso do Position Paper do ACP.
Uso das diretrizes desse documento em ações educacionais.
Divulgação de políticas ambientais hospitalares em
campanhas internas e de mídia em geral.
Organização de debates públicos sobre a questão da
preservação ambiental, das mudanças climáticas e seus
impactos na saúde.
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Vidas Secas
Um dia ... Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito...Seria que as secas iriam desaparecer e tudo andaria certo?Não sabia.
Graciliano Ramos
Proteger as pessoas.Proteger o planeta.
Nós podemos e devemos fazê-lo!
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