... 7.. 11. Identifique os processes de formaqgo das palavras: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) aeromovel
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) otorrino c) aeromodelismo d)alfanumBrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e) agrot6xico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f) auto-escola
1 12. Cite cinco prenomes formados pela combinago de nomes de pessoas
81 r (geralmente o pai e a ma) .
Interprete, quanto A formaqa'o, as seguintes palavras :
a)Papambvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b)Bombom . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) Petrodolar d)Carroya . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e) carrossel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f)BomBril
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . g) caminha0
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . h) ziriguidurn
Classes e Func6es
A morfologia trata da estrutura e dos processos de flexa'o e formaggo das palavras. Cabe-lhe ainda, segundo as gramdticas, a tarefa de classificar os vocabulos, problema que merece uma completa tevisb em face de nunca haver obtido soluq6es satisfatorias. Antes de tudo, exige-se a preocupa~a'o de respeitar a coerEncia estrutural que o pr6prio sistema lingiiistico apresenta.
c Dessa maneira, toda classificaga'o deve obedecer a.crit6rios estabelecidos e testados dentro do sistema. De nada adianta forqar deduq6es corn base nos mecanismos formais, se estes ngo possibilitam opostq6es ou se os vocSbulos se organizam mediante outros critirios.
1 A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), ao propor a uniformiza- qZo do ensino da lingua portuguesa, ofereceu pma classificaqa'o que nLo resis- te A menor critica. Apesar disso, adquirindo forqa de lei, a portaria que instituiu a NGB, se teve seus m6ritos, impediu de certa forma que outtas orientag6es fossem mais divulgadas e discutidas.
Sendo assirn, todos os compEndios escolares dividem os vocdbulos em dez classes, com a seguinte distribuiqtio:
i Substantivo Adjetivo
V d v e i s Pronome Artig 0 Numeral Verbo
Sem pretender analisar detidamente essa proposta, julgamos que a NGB foi incoerente nos seguintes itens: !
1. Usou a expressgo "ClassificagZo das palavras" quando apropriada- i mente deveria ter dito "classificaqZo dos vociibulos", j i que a i inseriu o artigo e os conectivos.
2. Criou urna classe para urn s6 morfema (o artigo) e deixou inclassifi- civeis indmeros vocibulos e expressaes sob o r6tulo de "palavras denotati- vas", a exemplo de eis, tambh, somente, inclusive etc.
3. Considerou as inte rjeig6es como palavras, quando a rigor sZo frases de situaggo: Socorro ! Valha-me Deus!
4. Misturou criterios heterogeneos. Assim estabeleceu duas classes distintas para substantivos e adjetivos, opostas I dos pronomes que, como sabemos, podern ser tambdm substantivos e adjetivos.
5. Criou a classe dos nurnerais, como se fossem distintos dos substan- tivos e adjetivos.
6 . Interpretou. o grau como "flexZoW, o que teria sido suficiente para enquadrar os advdrbios entre as palavras variiveis.
NIo obstante, se hA pontos falhos na proposta da NGB, C difidl formu- i
lar outra que a substitua. 0 principal problema d que a tarefa de classificqZo nZo d do fimbito restrito da morfologia. Se o vocibulo apresenta forma, fun- qZo e sentido, d evidente que os critdrios rnbrfico, sintitico e semlntico se conflitam em qualquer tentativa de classificaqgo. 1
i Por esse prisma, entendemos que n50 se deve confundir classe com
funqgo. 0 nome, o pronome e o verbo sgo classes; o substantivo, o adjetivo e o advCrbio s2o funq6es. As classes sZo estudadas dentro da rn~rfologia~asfuh- g6es pertencem ao dominio da sintaxe. Ou entgo, desfaqam-se as fronteiras para uma interpretaqzo conjunta, que deve constituir a morfossintaxe. Isto 6 aceithvel. 0 que nZo parece correto 6 invadir os lirmles estabelecidos, mistu- rando coneeitos e critdrios heterogeneos.
Observernos algurnas definig6es: I a) Substantive 6 a palavra que designa os seres em geral. I V&-se logo que o substantivo, ernbora deva ser conhecido num context0
frasal, e s g sendo definido pel0 critdrio semiintieo; Ou seja, d precis0 antes ser possivel identificar o ser pva considerar como substantivo a palavra que o ! i representa. Mas, al6m de filos6fica a questgo do conhecimento do ser, 6 pro- blemhtica para o caso, uma vez que, por um lado, rnuitos nomes nZo designam !
seres (justiga, fd, doenqa, trovZo, embarque, iddia etc.) e, por outro, qualquer 4
vocibulo ou expressgo assume corn facilidade a fungZo de substantivo (o sim, o viver, o aqui-e-agora etc.). John Lyons (1979:34) escreveu com certa ironia:
"A dnica razZo. que temos para dizer que verdade, beleza e eletricidade s b "coisas" 6 que as palavras que as exprimem siio substantivos".
b) Adjetivo C a palavra que expressa qualidade.
Nem todos os adjetivos expressam qualidade. Em homem solteiro, iigua quente e corpo morto, os adjetivos nIlo traduzirZo qualidade, a nZo ser que antes se determine este conceito, o que jii nZo sed asslmto gramatical. Por isso, alguns autores discriminam outras nog6es, tais como a de estado, defeito, condiggo etc. Todavia, 6 indtil acrescentar essas noq8es, porque o adjetivo nEo se caracteriza pelo sentido, sendo na realidade urna fun$%. Ngo interessa muito o significado que a palavra tem para o caso. Ela pode indicar qualidade e funcionar como substantivo (beleza, o belo) ou entzo como adjetivo (belo quadro). Jnversamente, As vezes ngo expressa qualidade e tern a fun~go de adjetivo.
c) Advdrbio 6 a palavra que indiea.uma circunsthcia.
Urna definigb tem que ser precisa. Se o aluno nZo souber o que d uma circunsthcia, corno sen5 capaz de reconhecer um advkrbio? Aldm do mais, cria-se problerna sernelhante aos discutidos anteriormente, ou seja, nem sem- pre as circunsthcias sZo traduzidas mediante o uso de advdrbios. Se s e trata de uma funglo, ngo se deve recorrer exclusivamente ao sentido, que d e resto seri As vezes vago ou subjetivo.
Posto nesses termos, compreendemos que as classes morfol6gicas para o 16xico portuguZs sZo bem reduzidas.
A oposiqZo mais evidente B a que divide os vociibulos em variAveis e invaridveis. No grupo dos variiveis, encontrarnos dois paradigmas distintos, o dos verbos e o dos nomes. Assim, 6 possivel identificar os verbos pelas desi- nencias modo-temporais e n6mero-pessoais e os nomes, pelas flexaes de gZ- nero ou de ndrnero.
Nem I? necesstirio conhecer o significado da pala1{ra para classifici-la como nome ou como verbo. Qualquer pessoa de mediana instrugZo diri sern eno que a forma "bacorejariamos" B de verbo, rnesmo igno~ando o sentido.
Contudo, d viivel conceber que, em termos sernhticos, nomes e verbos correspondem a diferentes representagiks da realidade expressa pela lingua- gem. 0 s verbos atualizam representaq8es dinhicas; os nanes traduzem visdes esthticas. Em sentido mais profundo, nomes e verbos seriam aspectos d e uma s6 e mesma essencia. Talvez por isso, em geral os semantemas nZo se caracte- ~izarn como verbais ou nominais. Apenas a flexzo 6 que indica a dinamicidade para os verbos (temporalidade) ou a estaticidade para os nomes (ausencia da variagb tempolespago).
A terminologia "nome" B preferivel a qualquer outra. Por que n b adotA-la, se s b freqiientes express6e.s corno " f l e ~ o nominaln e "forma nominal"? Ao adotMa, estaremos tambt?m consenando um paralelo com o
termo "pronome". A gramitica define o pronome como a palavra que substi- tui o "nome". Mas, na hora de usar este termo, esquece-o e fala em substan- tivo. Como se o pronome, conforme j i expusemos, na'o pudesse tambCm ser substantivo.
A oposiqgo entre nomes e pronomes C mais sem8ntica do que m6rfica. Pelo mecanismo derivational, existe para os nomes a possibilidade da expres- sa'o de grau, o. que pode valer como traqo distintivo em relaqa'o aos pronomes. Pelo paradigma flexional, segundo vimos, as diferenqas sZo mminimas, j i que as categorias de pessoa, de caso e de genero neutro, pr6prias de certos pronomes, nZo se concretizam atraves de processos flexionais. Assim sendo, o que define mesmo os pronomes 6 o sentido deitico ou anaf6rico. Enquanto os nomes representam, os pronomes apenas indicam.
Como meio de bem ilustrar essas duas esferas conceituais, C 6til aplicar a distinqa'o entre simbolo e sinal. Considerama simbolo tudo aquilo que tenha propriedade de representar alguma coisa. A bandeira branca, a cruz, a balanqa sZo exemplos de simbolos de nossa heranp cultural, pois represen- tam respectivamente a paz, o cristianismo e a justiqa. As palavras igualmente substituem objetos ou vaiores e assim constituem a espCcie de simbolos mais utilizada pelo homem. De outro lado, o sinal nada representa por si mesmo, mas tem a funqZo de indicar algum aspect0 ou chamar a atenqa'o para um de- terminado simbolo ou objeto. 0s semiforos e outros sinais de trgnsito podern servir como bons exemplos. Com efeito, eles apenas apontam urna direczo a seguir, sem estarem a rigor traduzindo algum conceito.
Armando a comparaqa'o,. diremos que os n6rnes (substantives e adjeti- vos) fixam o campo representativo da linguagem, constituem simbolos. 0 sintagma "casa amarela" C formado de dois termos, ambos de natureza representativa. 0 primeiro expressa a idCia de um objeto (casa); o segundo simboliza urna cor atribuida a ele. Dentro do sintagrna, entretanto, "casa" se apresenta como termo principal ou determinado (substantivo), ao passo que "amarela" funciona como determinante (adjetivo). Trata-se de urna aplicaqZo sintitica e, dessa forma, somente o context0 diri se o nome C adje- tivo ou substantivo.
0s pronomes, ao contririo, futarn o campo mostrativo da linguagem e valem como sinais. Se ao sintagma "casa amarela" antepusermos o vocibulo "esta", percebemos de .imediato que "esta" nada simboliza, s e ~ n d o para situar o objeto nas coordenadas de espaqo e tempo em relaqZo ao falante. No sintagrna, "esta" C termo dependente de "casa", o que Ihe confere o cari- ter de adjetivo. Se figurarmos um eixo paradigmitico, qualquer termo que seja usado na posiqiio de "amarela" ou de "esta" seri adjetivo:
alguma de botiio minha de alvenaria a nova esta casa amarela
qualquer que ruiu uma de JosC velha que comprei
Nem sempre os dditicos sgo termos determinantes. Conforme as rela- qBes sintagmiticas, eles podem ser adjetivos ou substarrtivos. Comparemos a estptura abaixo:
Isto (6) meu.
0 possessive "meu" 6 determinante (adjetivo) de "isto" (substantivo), mas .ambos os termos siio pronomes, em face do cariter indicative que pos- suem. 0 primeiro, contudo, traz a possibilidade de expandir-se num sintagma implicito: isto = este Iipis (ou qualquer outro nome).
Toda palavra seri, por conseguinte, urn nome (se a representa~Zio for estdtica, .sem varia96es temporais), um verbo '(se sofrer variaqces temporais, isto 6, se expressar uma representaggo d i n w c a ou processual da realidade) ou um pronome (se apenas situar urna representaqb no espaqo/tempo).
Seja o enunciado: "Aquele menino caiu ali".
Observamos que a 6nica foma sujeita a variaqoes temporais 6 . "caiu" (Cf. cai, cairi, cairia, caia etc.)'. Trata-se, pois, de um verbo. As palavras "menino" e "aquele" morficamente se nivelam, ji que ambas podem sofrer as mesmas variaq&s (aquela menina, aqueles meninos). Mas, enquanto "meni- no" vale como sirnbolo, representa urna imagem mental, "aquele" vale como um sinal. Poi isso, "menino" e "aquele" sZo. r e ~ p e c t i v ~ e n t e nome e prono- me. Constatamos ainda que "ali" traduz tambim urna indicaqzo de espaqo e enquadra-se, portanto, na classe dos pronomes.
Quem sempre classificou "ali" exclusivamente como advirbio ou nZo percebeu a diferenqa entre classe e funqa'o deve sentir-se bastante confuso. A classe C identificada por critCrios m6rfico e sembtico. A funqgo C de natu-
reza estritarnente sintfitica, ou seja, varia de acordo com o relacionarnento dos termos.
SZo trSs as funq8es bisicas: a de substantivo, a de adjetivo e a de advdr- bio. Um mesmo nome, dependendo do contexto, assumiri cada uma das tr2s funqses.
Enfatizemos o process0 de relacionarnento dos termos num sintagma. Urn sintagma 6 uma combinaqPo de elementos prirnirios ou principais (deter- minados) e secundirios ou subordinados (deterrninantes). 0s subordmados podem ser principais em relaqio a termos terciirios (determinantes de deter- minates).
f6cil de compreender com um exemplo. Tomemos o sintagma nomi- nal "menino alegre". 0 termo determinante i "alegre" e o determinado, "menino". Por isso, "alegre" 6 adjetivo e "menino", neste bintimio, fmciona como substantivo. Se, porim, antes de "alegre" acrescentarmos o vacibulo "muito", percebemos que "alegre" t deterrninado em relaqa'o a "muito", que assim e um termo terciArio ou advdrbio.
Se quisermos usar outra terminologia, chamaremos o substantivo de niicleo, o adjetivo de adjunto e o advdrbio, de subjunto. 0 fundamental, porCm, 6 perceber bem as relaq6es entre os termos.
Na frase: .
Aquele menino caiu ali. identificarnos as classes do seguinte modo: a) nome (menino); b) verbo (caiu); c) pronomes (aquele, ali). Pela andise das funqBes, vemos agora que "meni. no" C substantivo e "aquele", adjetivo. Para reconhecer a funqPo do termo "ali", basta ver com qual elese relaciona. E logo deduzimos que "ali" deter- mina o verbo, o qual, ao nivel da oraqZo, & determinante do sujeito. Se o verbo 6 determinante, "ali" funciona como subjunto ou advirbio. Trata-se, pois, de urn pronome adverbial ou, se preferirem, de urn adverbio pronomi- nal.
ConvCm esclarecer que o verbo t determinante do nome ou pronome (sujeito) ao niveI do sintagma oracional. EIe nZo determina o substantivo "menino", pordm o sintagma nominal "aquele menino". Ao nivel do sintag- ma verbal, o nome t determinante do verbo a que se associa como comple- mento ou adjunto.
As diversas modalidades de relaqZo sintagrnatica devem, por isso, ser levadas em conta para que se evitem sCrios equivocos. At6 sintagmas oracio- nais funcionam como adve'rbios ou adjetivos, desde que sejam determinantes.
No enunciado:
Aquele menino caiu porque tropeqou numa pedra. notamos que "tropeqou numa pedra" C determinite de "caiu", sendo assim um subjunto. Como se trata de um sintagma oracional (conttm urn verbo),
diremos que "tropeqou numa pedra'" C urn advdrbio oracional ou, mais comu- mente, uma oraqgo adverbial.
0 mdtodo i muito simples. Faqamos algumas comutaqses para com- preendb-lo melhor:
Este Nenhum Algum
Aquele
As setas indicani as seguintes funqks:
"aquele" - adjetivo em relaqZo a "menino" "menino" - substantivo em relaqifo a "aquele" e "alegre" "muito" - advhrbio (determinante de "alegre") "alegre" - adjetivo (detenninante de "menino") "caiu" - determinante de "aquele menino muito alegre" e deter-
minado em relaqio a "bem ali". "bem" - advdrbio (determinante de "ali") "ali" - adv6rbio (determinante de "caiu")
Advdrbio
Distrafdo
Interessan. te
Quanto i constituiq%o, determinantes e determinados podern ser termos simples, compostos, locucionais ou oracionais. 0 s termos referentes a "casa" sio todos adjetivos, embora com diferentes constituiqaes:
Advdr%io
menino
Verbo Adjetivo I Substantive 1 Advdrbio
I I I I ] I A A A
Adjetivo
. .
. t%o .
muito
.
.
. .
sem graqa inteligente
alegre
de our0
que conheci
A
- -
caiu
!
A
. '
.
. muito
bem
_
bestarnente . - sem querer. longe.
ali.
. quando escorregou. corn0 urn
pato.
A
Por fim, sem que exergam funqzo determinativa, existem certos vo- cibulos que apenas servern corno elo entre dois outros ou entre duas qraq8es. / SZo 0s charnados conectivos.
I Eles se dividem em duas espicies, conforme a relaqZo entre os termos determinantes e. determinados seja ao nivel da palavra ou da oraqa'o. As pre-
I posiqbes subordinam uma palavra a outra (livro de JosC); as conjunqbes subor- dinam uma oraqa'o a outra (quero que voc6 venha logo).
Essa diferenqa 6 , entretanto, tumultuada quando houver urna seqiiencia em vez de um sintagma. Na seqiiEncia, a relaqfio entre os termos nEo 6 de subordinaqZo (hiputaxe) mas de coordenaqa'o (parataxe).
I i
Em Maria e Janete inexiste qualquer dependencia sintdtica de um termo para outro. 0 conectivo esti ligando vocibulos da mesma fun920 e da mesma
i classe, estabelecendo entre ambos urna relag20 de coordenago. De mod0 ani- logo, em "Va depressa e volte logo", o conectivo une duas orag6es coordena- tivas. Ou seja, ocorrendo urna seqiiencia, o elemento de ligagfio indiferencia- damente sera urna conjunqa'o, na'o importando qne se trate de sequ6ncia de palavras ou de oraqaes. Deduz-se, entao, que para maior clareza e coerencia, este assunto mereceria urn outro tratamento.
Em linhas gerais, s%o essas as principais consideraqbes acerca do pro- blema da classificaqfio dos vocibulos. Hi, porCm, dois eoment&rios finais que
, devem ser feitos sobre os numerais e os artigos que, como sabemos, consti- ! tuem classes aut8nomas na proposta da NGB.
Quanto aos numerais, parece simples concluir que na realidade perten-
j cem B classe dos nomes e, desse modo, exercem as funqSes de substantivo ou de adjetivo. Em "TrSs 6 impar", o nome que traduz a idCia de n h e r o 6
i substantivo. Em "tres impares", j i se torna adjetivo. A NGB dividiu os numerais em cardinais (urn, dois, tr6s. . .), ordinais
(primeiro, segundo, terceiro. . .), multiplicativos (dobro, triplo. . .) e fracio- narios (meio, um terqo, um quinto. . .). Trata-se de urna divisa'o que so tem 1 causado perturbaq6es. 0 s ordinais se confundem com os adjetivos, os fracio-
! narios com os substantivos. Alunos e professores discutem se "milhZo", "dezena", "dlizia" etc. sfio numerais ou substantivos coletivos. Se traduzem idCia de nlimero. . .
Assim, o critdrio de classifica$20 baseado na significaqao do vocdbulo quase sempre se torna incoerente. Se h i uma classe para os nomes que se referem a n~imero, deveria haver outras para os designativos de cor, de senti- mento, de nacionalidade, de forma geomitrica etc.
I j casa
i
Quanto ao artigo, em estudo mterior (Monteiro, 1978a), discutimos a sua inclusao na classe dos pronomes. Depois de analisar os aspectos de ordem diacr6nica, que comprovam a sua origem pronominal, armamos urna sene de argumentos favoriveis a uma interpretagzo sincr6nica do artigo como pro- nome.
Entendemos, pois, que o artigo mantkm a forqa demonstrativa ou sig- nificado dZitico dos pronomes. A esse propbito, Mattoso CImara Jr. (1 972: 1 56) ensina:
amarela (adjetivo simples) verde-amarela (adjetivo composto) de sap6 (locuqa'o adjetiva) que comprei (oraqa'o adjetiva)
Ele (o artigo) encerra urna indica~zo espacial evidentemen- te, pois assinala que se trata de um "ser" definidamente situado. Assim, nas linguas indo-europCias que o possuem, h i um valor de- monstrativo, sincronicamente inegivel, que coincide corn a ori- gem demonstrativa do vocdbulo.
No caso do artigo definido,, a funq2o deitica C sentida por qualquer usuhrio da lingua e se torna bem precisa no ato da fala. Como exemplifica Mattoso Cha ra Jr. (1972:157), "o livro em portugu6s 6 - muito rnais do que um livro que se acha em lugar conhecido dos interlocutores - urn livro que os interlocutores sabem qua1 6." 0 mesrno lingista; em outra obra (1 976:95), comenta:
Ao lado da indicaqzo de posiqzo, entretanto, tambtm pos- sui o portugue^s, como todas as linguas romihicas, um adjetivo pronominal que introduz para o nome substantivo, com que concorda, a categoria do "definido". urna forma pronominal nova, charnada tradicionalmente "artigo":
Invocarnos tambCm o fato de o artigo definido ser considerado prono- me demonstrativo, pelas nos& -gramiticas, quando antecede i preposigZo de ou ao relativo que. verdadeiramente urna falta de critCrio dar duas clas- ses B mesma forrna, simplesmente com base na presenqa ou omiss%o de urn substantivo. Verifiquemos os exemplos abaixo, tornados de Augusto Magne (1 950:47):
*
a) A consffincia i a virtude do homem e a paci6ncia a'do cristzo. (Almeida Garrett)
b) A fronte do sacerdote .se verga para o chlice consagrado; a do lavrador, para a terra; a que espalha o grzo da verdade, para o sulco soaberto nas consciencias novas. (Rui Barbosa)
No primeiro exemplo, o a grifado deixou de ser artigo pel0 firiico fato de o substantivo virtude nlo estar repetido. As gramiticas o consideram pro- nome. No outro exemplo ocorre o mesmo: se a palawa.fronte fosse reiterada
depois do a, este seria artigo; como esti omissa, C um demonstrativo. Assim, temos, de acordo com as descriq6es gramaticais:
Artigo Pronome
A virtude do cristzo A do cristao A fronte do lavrador - A do lavrador A fronte que espalha o N o A que espalha o gr3o
Muito mais Mgico seria classificar como pronome o artigo em qualquer situagzo. AlCm de simplificar o estudo da lingua, esta medida elirninaria incoertncias como as examinadas acima, possibilitando urna visa0 mais cien- tifica dos fatos lingiiisticos.
Comentdrios an2ogos valem para o artigo indefinido. Todo estudante do portuguds sente dificuldade em reconhecer, de acordo com os ditames da gramitica, quando a f o m a urn B pronome, numeral ou artigo. 0 que ocorre, realmente, 6 que a dist in~zo entre pronome e artigo nzo existe, como pode- mos comprovar por alguns argumentos.
Inicialmente, basta refletirmos que o plural uns, umas C sempre um pro- nome (Macambira, 1970:428). Se tomarmos urna frase em que o urn seja classificado como artigo, t8o logo o pluralizemos, ele passa a ser pronome. Ora, se a forma do plural C pronome em qualquer-contexto, por que no sin- gular n8o haveri de ser?
Afirmamos ainda que, sob urna perspectiva semhtica, o vocibulo urn equivale a urn indefinido, sendo substituivel pox algum, qualquer etc. A fra- se: "Um homem sempre C capaz de amar" pode ter a forma um mudada para qualquer, sem muito prejuizo de distorqao semsntica. No plural, caberia perfeitamente a substituiqtio por alguns.
Essas razaes, aliadas certeza de urna descri@o mais coerente e simplifi- cada, nos levarn a admitir que o artigo indefinido C urna forma paralela e quase sin6nima do pronome algum.
Eis, finalmente, a sintese das ide'ias sobre o problema da classificagZo dos vocdbulos:
a) Sob o ingulo estritamente morfol6gic0, e' impossivel .explicar as classes gramaticais propostas pela NGB.
b ) HA duas classes fundamentais, a dos nomes e a dos verbos, opostas pelos paradigmas flexionais. Semanticamente, os nomes correspondem a urna vistio estitica da realidade enquanto os verbos traduzem representaq6es dinirnicas.
d) Substantives, adjetivos e advCrbios n8o szo classes gramaticais. S ~ O , na verdade, funq6es que os nomes ou pronomes exercem em contextos fra- sais.
e) 0 s numerais fazem parte da classe dos-nomes e assim podem . . ser
substantives ou adjetivos. . , . .
f) 0 s artigos d o pronomes, sempre em funq3o adjetiva. . .
g) As inte rjeic6es nao sgo ppdvras, porCm frases de sitilaq%o. , '
h) 0 s conectivos subordinam palavras (preposig6es) ou oraqBes (con- jungBes). Podem tambim relacionar elementos da mesma fungZo.
c) 0 s pronornes se distinguem dos nornes porque adotam um signifi- cad0 dditico ou anafbrico.
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