A vida de alguém se torna
referência e ideário na nossa
vida quando de alguma
forma nós nos identificamos
com esta pessoa.
Clara, como sol,
iluminou o meu caminho...
Atas do
Processo de
Canonização
Bula de
Canonização
Legenda
1194 – Nascimento de Clara na casa paterna,
em Assis.
Filha mais velha
de Hortolana
e de Favarone,
teve duas irmãs,
Catarina (Inês) e
Beatriz.
“Quando sua mãe a estava esperando,
foi à igreja e estando diante da cruz a orar
atentamente, pedindo a Deus que a
socorresse e ajudasse no perigo do parto,
ouviu uma voz que lhe disse: No parto, terás
uma luz que vai iluminar o mundo.” PC 3 e 6
•Aprendeu a ler e
escrever, o que
sabia fazer muito
bem.
•Sensibilidade
com os pobres –
doações.
•Vivência Religiosa
•Formação na cultura da nobreza
Os nobres são exilados de Assis
pelos burgueses.
A família de Clara refugia-se em Perusa,
onde permanece até 1204.
Clara estava prometida em casamento
a um jovem nobre da cidade de Assis.
Clara se encontrou frequentemente
com Francisco
“Francisco era a coluna e a única
consolação depois de Deus”;
foi o fundador, o plantador e o auxílio...
(Test 38, 48)
Quais são
as pessoas concretas
que em nossa história
de vida tornaram-se
referências –
plantadores de nossos
sonhos e ideais
de vida?
Francisco e Clara
se encantaram
mutuamente pelo modo
de seguir Cristo e viver
o Evangelho.
Conseguimos
nos deixar encantar
pela vida de um(a)
irmão(ã) que convive
conosco e em nosso
tempo?
Domingo de Ramos.
Clara sai de casa e se consagra a Deus
na Porciúncula.
“O domingo de ramos, com a bênção
e procissão de ramos de palmeira,
desde muito possui um caráter
nupcial. Liturgicamente é celebrada a
entrada festiva de Jesus em
Jerusalém, e misticamente a união de
amor de Jesus com sua esposa, a
Igreja, e para o povo esta era uma
ocasião favorável para se procurar
uma noiva ou se acertar um noivado.” Anton Rotzetter
“Francisco tinha visto bem a razão
para sugerir a Clara a fuga de casa,
no início da Semana Santa.
Toda a vida cristã, e portanto também
a vida de consagração especial,
constituem um fruto do Mistério pascal
e uma participação na morte e na
ressurreição de Cristo.
Na liturgia do Domingo de Ramos, dor
e glória entrelaçam-se, como um tema
que depois se desenvolve nos dias
seguintes, através da obscuridade da
Paixão, até à luz da Páscoa.
Com a sua escolha, Clara revive este
mistério. No dia dos Ramos recebe,
por assim dizer, o seu programa.
Depois, entra no drama da Paixão,
cortando os seus cabelos e com eles
renunciando inteiramente a si mesma
para ser esposa de Cristo na humildade
e na pobreza.
Francisco e os seus companheiros já são a
sua família. Depressa chegarão irmãs...
No seu significado profundo, a
«conversão» de Clara é uma conversão
ao amor.
Ela já não terá as vestes requintadas da nobreza
de Assis, mas a elegância de uma alma que se
despende no louvor a Deus e no dom de si mesma.
No pequeno espaço do mosteiro de São Damião,
na escola de Jesus-Eucaristia contemplado com
afeto esponsal, desenvolver-se-ão no dia-a-dia as
características de uma fraternidade regulada pelo
amor a Deus e pela oração, pela solicitude e pelo
serviço. É neste contexto de fé profunda e de
grande humanidade que Clara se faz intérprete
segura do franciscano ideal, implorando aquele
«privilégio» da pobreza(...).” Papa Bento XVI
Seguir Jesus Cristo na condição
dos pobres de seu tempo.
Francisco dá às Irmãs a sua
primeira forma de vida.
1216 – Por pressão de Francisco,
Clara aceita a regra de São Bento
e o título de abadessa.
Mas também
consegue
o “Privilégio
da Pobreza”
de Inocêncio III.
Clara, como Francisco, descobriu que
é impossível seguir Jesus Cristo e
viver sozinha o Evangelho.
O critério básico
para as decisões
na vida da comunidade
de irmãs
é o bem comum.
Uma das marcas da
organização
da convivência
comunitária
realizada por Clara
é a participação
co-responsável.
As decisões importantes
devem contar com a participação
e o consenso de todas: admissão de candidatas;
eleição da abadessa e sua deposição;
contração de alguma dívida;
eleição das discretas e das responsáveis
pelos diversos ofícios;
capítulo semanal – que tem como finalidade a
revisão de vida, a distribuição das tarefas de
cada uma, a decisão sobre o destino das
esmolas e outros aspectos que forem
necessários ao bem comum.
“Todas as irmãs
devem ser ouvidas,
porque muitas vezes
é à menor
que Deus manifesta
sua vontade.”
Regra de Santa Clara
Em São Damião,
todas as irmãs
eram obrigadas
ao trabalho,
e não havia distinção
entre trabalho mais nobre
e trabalho menos nobre.
Clara dava o exemplo.
Em outros mosteiros femininos da época
havia se criado uma dupla categoria
de monjas:
as coristas e as conversas ou serventes.
Em 1234, entra na Ordem das Damas
Pobres, Inês de Praga. No mesmo ano,
Clara lhe escreve sua primeira carta.
Clara escreveu seu Testamento
provavelmente pelo ano de 1247.
Em 1250, agrava-se o estado de saúde de
Clara e, provavelmente, por este tempo
começa a escrever a sua Forma de Vida.
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•Clara escreve sua última carta a Inês de
Praga.
•Dia 09 de agosto, após visita a Clara,
Inocêncio IV manda apressar a aprovação
de sua Regra.
•Dia 10 de agosto, a bula com a aprovação
da Forma de Vida é levada para Clara em
seu leito de morte.
•Dia 11 de agosto, Clara passa para a vida
eterna. Os solenes funerais contaram com a
presença do Papa e dos cardeais.
Regra
Testamento
Bênção
Cinco cartas
A base da espiritualidade
que perpassa os seus escritos
é a experiência de Jesus Cristo
amado e pobre.
Inês de Praga nasceu em 1205 e era filha
do rei da Boêmia, Otocar I.
Quatro cartas conhecidas.
Pelas cartas, Clara anima, inspira força e
estimula Inês com o que a ela mesma dá
vigor espiritual e suavidade ao coração.
Clara escreve a primeira carta após
receber a notícia de que Inês
desejava seguir seus passos.
Podemos deduzir que a carta foi escrita por
Clara antes do dia 11 de junho de 1234 –
dia de Pentecostes, quando ocorreu uma
festa de despedida oferecida pela corte
real de Praga a Inês.
“... indigna fâmula de Jesus Cristo e serva
inútil das senhoras enclausuradas do
mosteiro de São Damião, sua serva
sempre submissa, recomenda-se
inteiramente e deseja, com especial
reverência, que obtenha a glória da
felicidade eterna. Sabedora da boa fama
de vosso santo comportamento e vida, que
não só chegou até mim, mas foi
esplendidamente divulgada em quase toda
a terra, muito me alegro e exulto no
Senhor.”
O motivo que perpassa toda a carta de
Clara é a “sagrada troca” que Inês fez:
•Ser esposa de Jesus Cristo em lugar de
ser esposa de Frederico II;
•a troca das pompas e honras do mundo
pela santíssima pobreza e as privações
corporais, com toda a alma e com todo o
afeto do coração;
•deixar as coisas temporais pelas eternas;
• deixar os bens terrestres pelos bens
celestes....
Pobreza - Contemplação
Relação intensa
com Jesus Cristo
Privações - Esponsalidade
“Ó bem-aventurada pobreza,
que àqueles que a amam e abraçam
concede as riquezas eternas.
Ó santa pobreza, aos que a têm e desejam
Deus prometeu o reino dos céus (Mat 5,3),
e são concedidas sem dúvida alguma a
glória eterna e a vida feliz!
Ó piedosa pobreza, que o Senhor Jesus
Cristo dignou-se abraçar acima de tudo,
ele que regia e rege o céu e a terra,
ele que disse e tudo foi feito!(Sl 32,9;148,5).”
O contexto da segunda carta está situado
no fato de papa Gregório IX exigir que os
bens do mosteiro e do hospital de Praga
fossem administrados por Inês.
Clara se coloca do lado de Inês na luta
pela pobreza.
“O fio condutor da segunda carta
é o Caminho.”
“Não confie em ninguém, não consinta com
nada que queira afastá-la desse propósito,
que seja tropeço no caminho (cfr. Rm
14,13), para não cumprir seus votos ao
Altíssimo (Sl 49,14) na perfeição em que o
Espírito do Senhor a chamou. ... Se alguém
lhe disser outra coisa, ou sugerir algo
diferente, que impeça a sua perfeição ou
parecer contrário ao chamado de Deus,
mesmo que mereça sua veneração, não
siga o seu conselho.”
A terceira carta é uma carta de consolação
a Inês e o consolo se traduz na imagem da
morada: Inês é morada de Deus.
“Você vai conter quem pode conter você
e todas as coisas (cfr. Sb 1,7; Cl 1,17),
vai possuir algo que, mesmo comparado
com as outras posses passageiras deste
mundo, será mais fortemente seu.”
“Tenho a maior alegria e transbordo com a
maior exultação no Senhor ao saber que
está cheia de vigor, em boa situação e
obtendo êxitos no caminho iniciado para
obter o galardão celeste.
Ouvi dizer e estou convencida de que você
completa maravilhosamente o que falta em
mim e nas outras Irmãs para seguir os
passos de Jesus Cristo pobre e humilde.
Eu me alegro de verdade, e ninguém vai
poder roubar-me esta alegria, porque já
alcancei o que desejava abaixo do céu:
vejo que você, sustentada por maravilhosa
prerrogativa de sabedoria da própria boca
de Deus, já suplantou impressionante e
inesperadamente as astúcias do esperto
inimigo: o orgulho que perde a natureza
humana, a vaidade que torna estultos os
corações dos homens.
Vejo que são a humildade, a força da fé e
os braços da pobreza que a levaram a
abraçar o tesouro incomparável escondido
no campo do mundo e dos corações
humanos, com o qual compra-se (cfr. Mt
13,44) aquele por quem tudo foi feito (cfr.
Jo 1,3) do nada. Eu a considero, num bom
uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do
próprio Deus, sustentáculo dos membros
vacilantes de seu corpo inefável.
Quem vai me dizer, então, para não exultar
com tão admiráveis alegrias? Por isso,
exulte sempre no Senhor (cfr. Fp 4,4)
também você, querida.
Não se deixe envolver pela amargura e o
desânimo, senhora amada em Cristo, gozo
dos anjos e coroa (Fp 4,1) das Irmãs.”
Maria se fez
morada de Deus e
trouxe Jesus ao
mundo
materialmente.
Inês (e todos nós)
pode trazê-lo
espiritualmente em
seu corpo ao
mundo.
“Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque
a alma no esplendor da glória (cfr. Heb 1,3). Ponha o
coração na figura da substância (cfr. Heb 1,3) divina
e transforme-se inteira, pela contemplação, na
imagem (cfr. 2Cor 3,18) da divindade. Desse modo
também você vai experimentar o que sentem os
amigos quando saboreiam a doçura escondida (cfr.
Sl 30,20), que o próprio Deus reservou desde o
início para os que o amam. Deixe de lado tudo que
neste mundo falaz e perturbador prende seus cegos
amantes e ame totalmente o que se entregou inteiro
por seu amor, aquele cuja beleza o sol e a lua
admiram, cujos prêmios são de preciosidade e
grandeza sem fim (Sl 144,3).”
“Rogo e suplico no Senhor, querida, que deixe,
com sabedoria e discrição, essa austeridade
exagerada e impossível que eu soube que
você empreendeu, para que, vivendo, sua vida
seja louvor (cfr. Is 38,19; Sir 17,27)do Senhor,
e para que preste a seu Senhor
um culto racional (cfr. Rom 12,1)
e seu sacrifício seja sempre temperado com
sal (Lev 2,13; Col 4,6).”
A quarta carta é uma carta de despedida e
Clara partilha com Inês o louvor de Deus.
O tema central desta carta é o Espelho,
no qual resplandecem a pobreza, a humildade
e a caridade que pode ser contemplada
com a graça de Deus.
“Olhe dentro desse espelho todos os dias, ó
rainha, esposa de Jesus Cristo, e espelhe nele,
sem cessar, o seu rosto, para enfeitar-se toda,
interior e exteriormente, vestida e cingida de
variedade (Sl 44,10), ornada também com as
flores e roupas das virtudes todas, ó filha e
esposa caríssima do sumo Rei. Pois nesse
espelho resplandecem a bem-aventurada
pobreza, a santa humildade e a inefável
caridade, como, nele inteiro, você vai poder
contemplar com a graça de Deus.
Preste atenção no
princípio do espelho: a
pobreza daquele que,
envolto em panos, foi
posto no presépio (cfr.
Lc 2,12)! Admirável
humildade, estupenda
pobreza! O Rei dos
anjos, o Senhor do céu
e da terra (cfr. Mt
11,25) repousa numa
manjedoura.
No meio do espelho, considere a humildade,
ou pelo menos a bem-aventurada pobreza, as
fadigas sem conta e as penas que suportou
pela redenção do gênero humano.
E, no fim desse mesmo espelho, contemple a
caridade inefável com que quis padecer no
lenho da cruz e nela morrer a morte mais
vergonhosa. Assim, posto no lenho na cruz, o
próprio espelho advertia quem passava para o
que deviam considerar: ó vós todos que
passais pelo caminho, olhai e vede se há outra
dor igual à minha (Lm 1,12). Respondamos a
uma voz, num só espírito, ao que clama e grita:
Vou me lembrar para sempre e minha alma vai
desfalecer em mim (Lam 3,20). ”
“Filha bendita, como a língua do corpo não
pode expressar melhor o afeto que tenho por
você, peço que aceite com bondade e devoção
isto que eu escrevi pela metade, olhando ao
menos o carinho materno que me faz arder de
caridade todos os dias por você e suas filhas.”
“Que o Senhor
esteja sempre
com vocês e
que vocês
estejam sempre
com Ele.”
Bênção de Santa Clara