Parasitologia
CIMICIDAE
• INTRODUÇÃO
Neste ebook, destacaremos os conhecidos “percevejos de cama”. Eles perten-cem ao Reino Animalia, Filo Arthropoda, Classe Insecta, Ordem Hemiptera, Fa-mília Cimicidae, Gênero Cimex e Espécies: Cimex hemipterus e Cimex lectula-rius (mais comum). São hematófagos estritos (ou seja, se alimentam exclusivamente de sangue) e ectoparasitos de diversos animais de sangue quente (parasitas externos), entre eles o homem, morcegos e aves. Sua presença denota, de maneira geral, condi-ções miseráveis e de baixo nível social.
Presença de cimicídeos no colchão
• EPIDEMIOLOGIA
Os percevejos de cama são cosmopolitas (encontrados em praticamente todos os lugares do mundo). No Brasil, a espécie Cimex lectularius é mais frequente na região sul e sudeste, em centros urbanos; e a espécie Cimex hemipterus nas áreas mais quentes e zonas rurais.
• MORFOLOGIA E FORMAS EVOLUTIVAS
Não possuem asas (ápteros) e apresentam o corpo oval e achatado no sentido dorso-ventral, com cerca de 4,5 a 7 mm de comprimento (apesar de muito pe-quenos, são visíveis a olho nu), coloração marrom-avermelhada (comumente) e coberto por numerosas cerdas pilosas. A cabeça é larga e de contorno aproxi-madamente pentagonal. Os olhos são protuberantes, se apresentando sob a forma de saliências laterais cobertas de omatídeos (unidades formadoras dos olhos). Na face lateral da cabeça, é notada a presença de placas, mandibular e maxilar e gena (“bochecha”) de aspecto simples. As antenas possuem 4 seg-mentos e o rostro 3 segmentos aparentes. Os estiletes mandibulares são finos e dotados de extremidade apical serrilhada.
Cimex lectularius. Imagem de domínio público.
Existem algumas diferenças entre os adultos das espécies:
Cimex lectularius Cimex hemipterus
Percevejos pequenos (cerca de 5mm de comprimento).
Percevejos um pouco maiores (cerca de 6,5 mm de comprimento).
Apresentam cor marrom-averme-lhada
Apresentam cor marrom-averme-lhada
Protórax quatro vezes mais largo do que alto e cerdas com rebarbas em um dos lados
Protórax duas vezes mais largo do que alto e cerdas lisas
Mais adaptado ao homem Mais comum em aves e morcegos
1) Ovos:
Apresentam coloração branco-amarelada, com aproximadamente 1mm de comprimento e geralmente são postos deitados (na horizontal) geralmente pelo lado convexo (face dorsal do embrião), sendo aderentes ao substrato (como colchões) devido à substância adesiva (semelhante a um “cimento”) que os re-cobre. Cada fêmea realiza a oviposição de 3 ovos por cópula. A temperatura mais favorável para essas espécies é na faixa de 28º a 33ºC, sendo o desenvol-vimento total de ovo até adulto, de cerca de 30 dias.
Ovos de cimicideos
2) Ninfas:
As ninfas apresentam menor tamanho que os adultos (1,5 a 4,5mm), consti-tuem 5 estádos de maturação, ainda não possuem o desenvolvimento completo dos órgãos sexuais, a pilosidade corporal é de menor intensidade,
apresentando apenas dois segmentos nos tarsos, porém há são hematófagas – sendo o sangue necessário para a ecdise.
Ninfa antes do repasto sanguíneo
Após alimentação
• HÁBITAT:
Formam abrigos próximos de suas fontes alimentares (como nos colchões e travesseiros, onde o ser humano fica em contato por muito tempo); Locais secos e com pouca ou nenhuma luminosidade e mínimo fluxo de ar;
Período de inatividade alimentar na maior parte do dia – saindo para realizar hematofagia ou à procura da fonte alimentar (mobilidade); Fototropismo negativo (gostam de locais mais escuros); Tigmotaxia positiva – tendem a procurar locais onde a superfície corporal entre em contato com o substrato Hábitos gregários (ficam reunidos): ovos, ninfas e adultos em um mesmo abrigo.
Ovos, ninfas e adultos agregados em colchão
1) Intradomicílio: Podem ser encontrados no colchão, carpetes, tapetes, es-trado da cama, capa para sofá, fenda da parede, entre outros.
2) Peridomicílio: casinha do cachorro, viveiros, galinheiros...
3) Ambiente urbano: cinemas, motéis, hotéis, restaurantes, meios de transpor-tes públicos, hospitais.
• REPRODUÇÃO:
Os percevejos de cama apresentam dimorfismo sexual: um adulto macho e um adulto fêmea.
São características da fêmea: ovipositor na porção ventral (do oitavo ao novo segmentos), órgão de Ribaga (ou espermalégio - que é observado externa-mente formando um sulco dorso-ventral no abdome, chamado seio paragenital, onde o macho insemina a fêmea, perfurando a membrana pleural e acessando a sua hemocele, onde são lançados os espermatozoides), presença do trato re-produtivo interno completo.
Órgão de Ribaga – fêmea
São características do macho: abdome se afunilando em direção à extremidade posterior, nono segmento abdominal longo e assimétrico, visualização do órgão copulador.
Abdome afunilado
Órgão reprodutor masculino
As espécies de Cimex apresentam uma modalidade incomum de cópula: inse-minação extragenital traumática.
Como isso ocorre?
1) Os machos possuem órgão copulador em forma de adaga, que não introdu-zem na abertura sexual da fêmea, mas o encravam lateralmente no abdome, com lançamento dos espermatozóides diretamente no seu interior.
2) Após hábito hematófago, a fêmea realiza a oviposição de forma isolada, no interior dos abrigos. Este processo dura cerca de onze dias, sendo postos 3 ovos por dia e por fêmea. Havendo suprimento sanguíneo (hospedeiro fonte) disponível, essa reprodução dura por longo tempo, podendo ser originados 500 ovos por fêmea.
• CICLO BIOLÓGICO:
O ciclo biológico das espécies de Cimex é regulado sobretudo pela tempera-tura. Com duração média de 30 dias em faixas próximas de 34ºC (acima disso OU abaixo de 15ºC, passa a ser deletéria). Em torno de 18ºC, pode durar de 128 a 265 dias. O ovo irá eclodir após alguns dias, sendo influenciado pela temperatura. A incu-bação e posterior eclosão dura de 5 a 6 dias, ao redor de 28ºC. E encurta 4 dias quando a temperatura está em 33ºC. Abaixo de 15ºC, os ovos terão seu de-senvolvimento interrompido ou dificilmente irão eclodir. Ou seja, a faixa ideal fica entre 28º a 33ºC. Da mesma forma, duram e seguem as etapas seguintes: O ovo dará origem à ninfa de 1 estádio (1,5 mm) > ninfa de 2º estádio (2 mm) > ninfa de 3º estádio (2,5 mm) > ninfa de 4º estádio (3 mm) > ninfa de 5º estádio (4,5 mm) > adulto (4,5 a 7 mm).
Ciclo biológico Cimex sp., adaptado de Austin (2000).
• QUADRO CLÍNICO:
Algumas pessoas são assintomáticas e não apresentam qualquer tipo de rea-ção sintomatológica. No entanto, em algumas, pode haver grande incômodo, repulsa, insônia, letargia, ansiedade, estresse físico e psicológico. Além disso: 1) Crises asmáticas; 2) Reações alérgicas generalizadas; 3) Prurido intenso; 4) Edema; 5) Inflamação;
6) Urticárias; 7) Infecções secundárias.
Lesões provocadas por Cimex sp.
• DIAGNÓSTICO:
Essencialmente clínico e epidemiológico, baseado nos sinais dermatológicos apresentados pelo paciente e visualização dos ninhos em possíveis locais de contato com o hospedeiro.
• TRATAMENTO:
Conforme sintomatologia. Se pode usar cremes e pomadas tópicas anti-hista-mínicas ou com antibióticos (em casos de infecção secundária). Anti-histamíni-cos, vira oral, são uma opção.
Caso o prurido seja mais intenso, o uso de corticosteroides tópicos de baixa po-tência também pode ser indicado: Triancinolona 0,1%. Evitar coçar o local.
• PROFILAXIA:
1) Higiene de roupas de cama, tapetes e móveis;
2) Emprego de inseticidas:
A. Piretróides;
B. Organofosforados;
C. Carbamatos;
D. Reguladores de crescimento;
3) Inspeção criteriosa dos ambientes intra e peridomiciliares.
• INTRODUÇÃO• EPIDEMIOLOGIA• MORFOLOGIA E FORMAS EVOLUTIVAS• HÁBITAT:• REPRODUÇÃO:• CICLO BIOLÓGICO:• QUADRO CLÍNICO:• DIAGNÓSTICO:• TRATAMENTO:• PROFILAXIA:
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