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CHAPA QUENTE

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Marcos Fabrício Lopes da Silva

CHAPA QUENTE

São Paulo 2015

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda

Projeto Gráfico Jacilene Moraes

Revisão Vanise Macedo

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________

S578c

Silva, Marcos Fabricio Lopes da Chapa quente / Marcos Fabricio Lopes da Silva. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2015. il.

ISBN 978-85-7923-985-4

1. Poesia brasileira. I. Título.

15-26044 CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1

________________________________________________________________31/08/2015 31/08/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

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PrEFáCio

“Chapa Quente”, de Marcos Fabrício, se utiliza de um lirismo rústico, comum a muitos grandes poetas, para falar da banalidade do cotidiano que o autor traz à tona com suas frases não convencionais pois, como ele mesmo deixa claro, “quando escrevo não me passo a limpo”. Esse lirismo se esconde no humor surpreendente, no erotismo e também na dor que o autor pesca na trivialidade da vida. Quer sejam metáforas ou não, como na frase: “o striptease da cebola terminou em lágrimas”. Bytes, teclados, corpos siliconados fazem parte desse turbilhão de imagens e questões mescladas à ironia e também à denúncia de um mundo dividido entre os “bons” e os “maus” – estratégia típica desse momento em que essa falsa assepsia impede a reflexão na qual os “bons” estão no comando da violência: “atrás de um

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doido varrido tem sempre um normal de vassoura”. Mas é a relação amorosa, é a solidão humana que o poeta metaforiza, quando diz, como se estivesse distraído: “o amor faz bagunça no quarto arrumado da solidão”. É então que o lirismo rústico surge, evidenciando a alegria do movimento amoroso que rompe a gélida solidão – condição na qual os humanos, quer queiram ou não, são fadados à submissão. É isso que o livro sintetiza: a submissão humana ao amor, à alegria, à solidão, à morte.

Verenilde Santos Pereira Jornalista e escritora amazonense

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O amor me deixa sem palavras para viver com gestos

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o transparente e o florido

o transparente me corrompe

sou melhor vestido pelo florido

que compreende tão bem

os meus espinhos

essa carne trêmula

doida para falar com o fogo

aquele tipo de chama acesa

que a água viva não coloca defeito

pois o melhor recreio do frescor

consiste em provocar a sede

do bendito beija-flor

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Seu nome que nem refrão

durmo, e você me acorda por dentro

pelo avesso transpiro lunaticamente

telepatia demais à espera de chamego

acordo, e seu rosto sai do sonho

tomando conta do meu dia inteiro

como o tempo que não dorme nunca

amo sofrendo do coração

com a cabeça martelando

seu nome que nem refrão

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entre bares

e bytes,

viver é melhor que teclar

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O homem prático é aquele

que nunca arranja tempo

para ser sensível

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Digestão cavalar

extraio a raiz quadrada da minha insônia

elevo a enésima potência do meu sonho

descubro com quantos sonos se faz um travesseiro

somo os dias acordados querendo dormir

subtraio as noites dormidas precisando acordar

multiplico o produto da nossa digestão cavalar

divido o copo d’água com o bêbado do bar

e ele me manda praquele lugar

onde o raio faz mais trovoada

da bela dama, ficou a fama do seu balançado

fora do compasso, dei voltas e voltas na lua

de que vale o seno sem a tomada de cena

de que vale o cosseno sem estar com você

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tangenciando os problemas

as soluções escapam em progressão geométrica

no gráfico do tédio nem o santo ajuda

beijos de língua

não podem ser mais barrados

no baile dos entusiasmados

o meu lado mais o seu lado

dão um disco de vinil

o buraco no meio não é feio

pois dançar conforme a música

faz balançar até a lei do silêncio

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Trabalho do cão

No primeiro dia da criação,

furei a fila

e entrei de penetra na festa do Divino.

Ele me deu um tapinha nas costas

como se eu fosse um velho conhecido.

De quebra, o Sangue Bom

me ofereceu uma viagem a Terra

Aceitei no ato. Embarquei na primeira cegonha.

Cá estou por essas bandas.

Há tempos,

estou quebrando a cabeça

para aprender a jogar

com esta bola quadrada

chamada vida.

Dá um trabalho do cão.

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feiticeira

a primeira vez que vi feiticeira

achei que era a raiz quadrada da minha tara

popozuda e siliconada

achei também que aquele par de pernas

dava asas pra minha cobra

quando vi feiticeira de novo,

achei que a malhação acadêmica

havia criado um avião supersônico

(turbinado de todos os lados,

viagem de primeira classe?)

da terceira vez não vi mais nada

a não ser mais uma sarada revistada

mania de peitão arquivada

nos porões da ditabunda