CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI
NUTRIÇÃO
EMMANUELLE SOUSA FERREIRA
VERA LÚCIA RODRIGUES SOUSA
A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
INFANTIL: uma revisão de literatura integrativa
TERESINA-PI
2019
EMMANUELLE SOUSA FERREIRA
VERA LÚCIA RODRIGUES SOUSA
A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
INFANTIL: uma revisão de literatura integrativa
Trabalho de conclusão de curso apresentado
ao Centro Universitário UNINOVAFAPI,
como requisito para obtenção de aprovação
nessa instituição.
Orientadora: Profa. M.ª Theonas Gomes
Pereira
TERESINA-PI
2019
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na publicação
Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035
Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/10
F383i Ferreira, Emmanuelle Sousa. A Influencia da televisão no comportamento alimentar infantil /
Emmanuelle Sousa Ferreira; Vera Lucia Rodrigues Sousa –
Teresina: Uninovafapi, 2019.
Orientador (a): Prof. Me. Theonas Gomes Pereira;
Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2019.
16. p.; il. 23cm.
Monografia (Graduação em Nutrição) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2019.
1. Publicidade. 2. Comportamento alimentar. 3. Consumo alimentar. 4. Televisão. 5. Alimentação
4
A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
INFANTIL: uma revisão de literatura integrativa
FERREIRA, Emmanuelle Sousaa
SOUSA, Vera Lucia Rodriguesb
PEREIRA, Theonas Gomesc
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar, a partir de produção científica, a influência das
propagandas na televisão sobre o comportamento e o consumo alimentar infantil. Tratou-se de
uma revisão de literatura do tipo integrativa. A busca de artigos foi feita na base de dados
Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando os seguintes descritores: criança,
publicidade, comportamento alimentar, consumo alimentar e televisão. Foram levantados
estudos conduzidos no Brasil, sendo selecionados seis artigos, incluindo artigos originais de
revisão em português, publicados entre 2012 a 2018. Das seis produções científicas
levantadas, destacou-se o ano de 2016 como o de maior produção, com dois artigos sobre a
problemática abordada. Em relação ao enfoque temático, o mapeamento dos artigos
possibilitou o enquadramento da produção analisada na categoria temática do estudo: tempo
de televisão e consumo alimentar. Assim, espera-se, com este trabalho, contribuir para a
ampliação da produção de conhecimento científico sobre o tema, direcionando pesquisas
futuras, a fim de ampliar os espaços no conhecimento.
Palavras chaves: Publicidade. Comportamento alimentar. Consumo alimentar. Televisão.
Alimentação Infantil.
ABSTRACT
To evaluate the influence of television advertising on behavior and infant food consumption
from scientific production. This is an integrative literature review. The search for articles was
done in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) database, using the following
descriptors: child, advertising, food behavior, food consumption and television. Studies were
conducted in Brazil, six articles were selected, including original review articles in
Portuguese, published between 2012 and 2018. Of the six scientific productions surveyed, the
year 2016 stands out as the largest production with two articles on the issue addressed. In
relation to the thematic focus, the mapping of the articles allowed the framing of the
production analyzed in the thematic category of the study: television time and food
consumption. Thus, with this study, we hope to contribute to the expansion of the production
a Graduanda do 8º período do curso de Nutrição do Centro Universitário Uninovafapi. b Graduanda do 8º período do curso de Nutrição do Centro Universitário Uninovafapi. c Professora Mestre do curso de Nutrição do Centro Universitário Uninovafapi.
5
of scientific knowledge on the subject, directing future studies in order to expand the spaces
in knowledge.
Keywords: Advertising. Food behavior. Food consumption. Television. Infant Feeding.
RESUMEN
Este trabajo tuvo como objetivo evaluar, desde producción científica, la influencia de la
publicidad en la tele sobre el comportamiento y el consumo alimentar infantil. Se trató de un
repaso de literatura del tipo integradora. La búsqueda de los artículos se hizo en la base de
datos Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando los siguientes descriptores:
niño, publicidad, comportamiento alimentar, consumo alimentar y televisión. Se han
planteado estudios conducidos en Brasil, siendo elegidos seis artículos, incluso artículos
originales de repaso en portugués, publicados de 2012 hasta 2018. De las seis produciones
científicas abordadas, se destacó el año 2016 como el de más grande producción, con dos
artículos sobre la problemática estudiada. En relación al enfoque temático, el mapeo de los
artículos ha posibilitado el encuadramiento de la producción Analizada en la categoría
temática del estudio; tiempo en la tele y consumo alimentar. Así, es esperado, con este
trabajo, contribuir para la ampliación de la producción de conocimiento científico sobre el
tema, direccionando pesquisas futuras, con la finalidad de ampliar los espacios en el
conocimiento.
Descriptores: Publicidad. Comportamiento alimentar. Consumo de alimentos. Televisión.
Alimentación infantil.
1 INTRODUÇÃO
A formação dos hábitos alimentares na vida das pessoas acontece de modo gradual,
principalmente durante a primeira infância, e atribui-se aos pais o papel de primeiros
educadores nutricionais, sendo a família fator fundamental na construção do hábito alimentar
das crianças. Assim, é importante avaliar a influência do estilo de vida dos pais no
comportamento delas, pois os hábitos de ingestão parental mostram-se determinantes e
potenciais no consumo frequente das crianças. (HENNESSY et al, 2012)
Além de ser construída com o passar do tempo, a alimentação de um indivíduo é
também influenciada por valores culturais, sociais, afetivos, emocionais e comportamentais,
que necessitam ser cuidadosamente associados às propostas de mudanças. (KNEIPP et al,
2015). Todos esses fatores, culturais, sociais e do ambiente familiar, apresentam valores,
6
inclusive, influenciados pela mídia, uma importante ferramenta que conduz informações à
população, sendo que essa influência pode ser positiva ou negativa. (MIOTO, 2006)
O fato é que o contexto social adquire um papel preponderante no processo de
desenvolvimento do comportamento alimentar, principalmente nas estratégias que os pais
utilizam para que a criança se alimente ou para que aprenda a comer alimentos específicos.
Esse comportamento pode apresentar estímulos, tanto adequados quanto inadequados, na
obtenção das preferências alimentares da criança e no autocontrole da ingestão alimentar.
(RAMOS, 2000)
Logo, muitas mudanças relacionadas ao estilo de vida, como, por exemplo, passar a
maior parte do tempo em frente à televisão, influenciam as crianças, refletindo na diminuição
das brincadeiras entre amigos. A consequência disso, portanto, é a indução a hábitos
sedentários, tendência alimentada pela sedução da tecnologia moderna. (MIOTTO, 2006)
A televisão, por exemplo, é um dos meios de comunicação mais utilizado pelas
crianças em fase escolar, sendo considerada como um fator externo de grande relevância na
mudança de hábitos alimentares, interferindo na diminuição da ingestão de frutas, verduras,
arroz e feijão. (ÁVILA, 2006). Tem sido apontada como um fator que influencia a
alimentação, promovendo, principalmente, hábitos alimentares pouco saudáveis. Essa
associação ocorre, entre outras razões, porque na grade da programação televisiva é veiculado
um grande número de propagandas direcionadas a crianças, divulgando alimentos
industrializados e de baixo valor nutricional. Isso estimula a ingestão e a aquisição desses
alimentos em detrimento a uma alimentação mais saudável. (RODRIGUES; FIATES, 2012)
Baseada nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um levantamento sobre a
publicidade infantil, em que se constatou que diversos países, como Noruega e Suíça, proíbem
propagandas para crianças com menos de 12 anos. Já a Áustria e a Bélgica proíbem
propagandas antes e depois de programas infantis; a Dinamarca, por sua vez, faz restrições
quanto à utilização de figuras e animais de programas infantis nos comerciais; a Itália faz
restrições a propagandas, que, se desobedecidas, podem causar penalidades financeiras; e a
Austrália proíbe propagandas durante programas voltados ao público infantil; enquanto que na
Malásia, no Paquistão e na Tailândia, as propagandas são pré-avaliadas e têm que ser
aprovadas pelo governo. (PRODANOV; CIMADOM, 2016)
Em contraste a essa realidade, Moura (2010) informa que, em uma análise dos
comerciais da televisão brasileira, constatou-se que 44% das propagandas de alimentos
voltadas ao público infantil eram de alimentos ricos em açúcar e gordura, e chamou atenção
7
para o fato de que somente uma ou duas propagandas, de 10 a 30 segundos, para crianças de
dois a seis anos, pode influenciar a preferência por determinados produtos.
Esse assunto envolve uma visão ambivalente da infância, e verifica-se, pela análise do
ordenamento jurídico brasileiro, que não há uma legislação específica que proíba a
publicidade destinada às crianças e aos adolescentes de forma expressa. No entanto, a
exemplo do artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o artigo 16 da Diretiva
sobre Televisão (Diretiva do conselho 89/552/CEE) proíbe a publicidade que explore a
inexperiência e a credulidade das crianças, assim também como o artigo 22, o qual proíbe a
publicidade que se mostre perigosa – física, mental ou moralmente – para crianças. E, no
Brasil, há também o artigo 227 da Constituição da República, que assegura prioridade
absoluta às crianças e adolescentes, que são tratados como titulares de direitos fundamentais.
(MARTINS, 2005)
Nesse sentido, a publicidade no Brasil deveria seguir os exemplos internacionais, em
que há a proibição da publicidade infantil na programação da TV aberta. Outros exemplos
seriam o do Chile e do Peru, onde estão proibidos anúncios de alimentos e bebidas
considerados prejudiciais à saúde. (SAMPAIO, 2013)
Petersen (2012) relata que, atualmente, pais e professores não conseguem mais
controlar e governar a infância dentro e fora das escolas, pois ela “vai sendo tecida, construída
socialmente, culturalmente, politicamente, entre o sujeito e o mundo que o cerca”. Os meios
de comunicação e o consumo fazem parte dessas relações sociais e culturais e “pode-se dizer
que acabam atuando com um poder subjetivo, tão eficiente na constituição das infâncias, que
vão produzir múltiplos sentidos no ser criança na contemporaneidade”.
Assim, com o olhar voltado aos efeitos da publicidade na TV sobre o comportamento
alimentar em crianças, este estudo se justificou pela dimensão dos riscos em que o consumo
de alimentos inadequados pode trazer para a obesidade infantil. Partindo desse pressuposto,
apresentou-se a seguinte questão norteadora: qual a produção técnico-científica relacionada à
influência da TV sobre o comportamento alimentar das crianças? Com base nesse
questionamento, elaborou-se o seguinte objetivo: traçar o perfil das produções técnico-
científicas, publicadas no período de 2012 a 2018, sobre a influência da TV no
comportamento das crianças.
8
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa tratou-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão integrativa.
Para a identificação dos artigos acerca do assunto, realizou-se uma busca na base de dados
Library Online Scientific Electronic– Scielo, utilizando-se, de forma isolada e combinada, os
seguintes descritores não controlados: “criança”, “publicidade”, “comportamento alimentar”,
“consumo alimentar”, “televisão” e “alimentação infantil”. Ressalta-se que o foco foram
pesquisas publicadas de 2012 a 2018, período que torna possível a análise de publicações
mais recentes sobre o referido tema.
Utilizou-se a estratégia de pesquisa descrita na Figura 1, pela qual foi possível
encontrar 80 (oitenta) artigos relacionados ao tema, sendo que 74 (setenta e quatro) artigos
foram excluídos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e 6 (seis) foram
classificados como potencialmente elegíveis para análise.
FIGURA 1 – Fluxograma de estratégia de busca para seleção dos artigos incluídos na revisão –
Teresina (PI), 2019.
Fonte: Scientific Electronic Library Online – Scielo
Como primeira análise, observou-se o título e o resumo dos artigos. Foram incluídos os
artigos que se enquadraram nos seguintes critérios: estudos de revisão; estudos transversais
com questionários sócio-demográficos, com perguntas relacionadas à televisão e ao
Estudos identificados na base de dados
SCIELO Nº: 80
Artigos excluídos Nº: 74
Artigos eleitos Nº: 6
9
comportamento alimentar de crianças; estudos realizados em cenários do território brasileiro,
publicados em língua portuguesa, no período correspondente aos anos de 2012 a 2018, e que
possuíam textos disponíveis na íntegra. Foram rejeitados aqueles que não atendiam aos
critérios de inclusão acima descritos.
Depois, foram lidos os títulos e os resumos de 80 (oitenta) artigos identificados. Após a
leitura dos resumos, foram excluídos 74 (setenta e quatro) artigos que não contribuiriam para
o estudo, selecionando-se apenas seis, os quais possuíam relação ao tema. Em seguida,
delimitou-se a temática e as variáveis para a análise e a discussão dos dados.
Após essa etapa, realizou-se a leitura minuciosa dos artigos e, por conseguinte, foram
analisadas as pesquisas de interesse para este estudo, conforme representação do enfoque
temático, período de publicação, participantes da pesquisa, metodologia aplicada e
resultados. Ao término do recorte dos dados, do ordenamento do material e da classificação
por similaridade semântica, as temáticas foram agrupadas, de acordo com as semelhanças de
conteúdo, e distribuídas nas categorias de análise temática.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à abordagem metodológica utilizada nas 6 produções científicas,
prevaleceu a pesquisa do tipo quantitativa, com o total de 6 artigos, seguida de uma
abordagem experimental (Quadro 1). Em relação ao enfoque temático, o mapeamento dos
artigos possibilitou o enquadramento da produção analisada na categoria temática do estudo:
tempo de televisão e comportamento alimentar.
A televisão, diante dos comportamentos alimentares das crianças, é uma
influenciadora nas escolhas de alimentos não saudáveis. Dentre os motivos para o aumento
dessa influência comportamental há um estilo de vida sedentário e um excessivo consumo de
alimentos de alta densidade energética. Contudo, acredita-se que o tempo excessivo dedicado
a assistir à televisão possa ser um marcador para a identificação de baixos níveis de atividade
física e também de práticas alimentares pouco saudáveis. (RODRIGUES; FIATES, 2012)
O quadro a seguir apresenta um compilado de estudos realizados sobre a influência das
propagandas da televisão no consumo alimentar.
10
Quadro 1 - Artigos publicados sobre a influência da televisão no comportamento alimentar infantil. Brasil, 2012 a 2018.
Autor/Ano
Título / Ano
Tipo de estudo / Local
Objetivos
Resultados
(MAS et al,
2017)
Fatores alimentares e
nutricionais
associados ao hábito
de assistir à
televisão, entre as
crianças de uma
escola de Bento
Gonçalves, Rio
Grande do Sul.
(2017)
Um estudo de caráter
transversal, descritivo,
analítico e quantitativo,
com 94 crianças de
ambos os sexos, de
idade entre 6 e 10 anos,
em uma escola
particular do município
de Bento Gonçalves/RS.
Avaliar a relação entre
televisão, estado
nutricional e consumo
alimentar de crianças,
entre 6 e 10 anos de
idade, de uma escola
particular de Bento
Gonçalves/RS.
78,7% das crianças relataram assistir a 4
horas ou mais de televisão diárias;
comparadas àquelas com menos de 4 horas,
42,6% apresentam com excesso de peso e
8,7% apresentam valor superior de excesso
de peso. Não se observou diferença
estatística diante dos resultados.
(PRODANO
V;
CIMADOM,
2016)
Influência da
Publicidade nos
hábitos alimentares
de crianças em idade
escolar. (2016)
Caráter exploratório e
descritivo com 26
escolares, com idades de
sete a oito anos, de uma
escola particular da
cidade de Novo
Hamburgo.
Identificar como a TV
influencia na alimentação
infantil; o tempo que a
criança assiste à TV; os
tipos de alimentos que
ela consome; e entender
como os pais e a
professora veem a
alimentação dos seus
filhos e alunos.
Os resultados mostram que a maioria das
crianças gasta seu tempo livre em frente à
televisão, em média de 3 horas diárias, em
que são expostas a anúncios que as
influenciam a pedir aos seus pais produtos
anunciados durante à programação, e, no
lanche da escola, acabam consumindo
produtos industrializados, levados de casa.
11
(ENES, 2016)
O tempo excessivo
diante da televisão e
sua influência sobre
o consumo alimentar
de adolescentes.
(2016)
Estudo transversal e
longitudinal, com 815
adolescentes, com
idades entre 10 a 19
anos, de escolas
públicas de Piracicaba.
Investigar a associação
entre o tempo diante da
televisão e o consumo
alimentar de
adolescentes.
Observou-se que os adolescentes
permanecem mais tempo em frente à
televisão, tendo um consumo excessivo de
alimentos ultra processados, como
refrigerantes, salgados e doces, além do
baixo consumo de frutas.
(KNEIPP et
al, 2015)
Excesso de peso e
variáveis associadas,
em escolares de
Itajaí, Santa
Catarina, Brasil.
(2015)
Estudo transversal com
438 escolares do 1° ao
5° ano de três escolas da
área urbana da rede
municipal de Itajaí.
Avaliar a associação das
variáveis
socioeconômicas e
demográficas dos
comportamentos
relacionados à saúde, e as
características do
ambiente familiar, com a
prevalência de excesso
de peso em alunos do 1º
ao 5º ano.
Crianças que possuíam o hábito de realizar
as refeições em frente à televisão possuíam
maior prevalência de excesso de peso.
12
Fonte: Pesquisa Direta
(UEDA et al,
2014)
Publicidade de
alimentos e escolhas
alimentares de
crianças. (2014)
Este estudo propôs um
delineamento
experimental
diferenciado como: a
replicação intra e
sujeito, com 24 crianças,
de 7 a 9 anos de idade,
de escola pública do
Distrito Federal.
Neste estudo, procurou-
se observar o efeito de
vídeos (vídeos neutros,
vídeos com alimentos
saudáveis e vídeos com
alimentos não saudáveis)
sobre o comportamento
de escolha de cada
criança, avaliado em
cinco sessões
sequenciais, em que se
alteraram os tipos de
vídeo.
A maioria das crianças assiste à televisão
durante as refeições, assim, há um aumento
da exibição da publicidade de alimentos
saudáveis e há diminuição da publicidade de
alimentos não saudáveis, e isso pode
contribuir para a alimentação e peso
saudáveis.
(RODRIGUE
S; FIATES,
2012)
Hábitos alimentares
e comportamento de
consumo infantil:
influência da renda
familiar e o hábito
de assistir televisão.
(2012)
Estudo quantitativo,
com 23 grupos,
realizado em duas
escolas: uma pública e
outra particular,
composta por 111
estudantes de 7 a 10
anos de idade, em
Campinas.
Comparar hábitos
alimentares e
comportamentos de
consumo de crianças de
diferentes níveis de renda
familiar com o hábito de
assistir à televisão.
Estudantes da escola pública relatam ingerir
e adquirir guloseimas e terem maior
liberdade para fazer compras, comparados
aos estudantes da escola particular.
13
O estudo de Mas (2017) avaliou a relação entre televisão, estado nutricional e consumo
alimentar de crianças entre 6 a 10 anos de idade, e observou que 78,7% das crianças relataram
ficar mais de 4 horas diárias em frente à televisão. O estudo não encontrou diferença
estatística entre as horas de televisão e o estado nutricional dos indivíduos. Segundo o autor, o
excesso de peso é uma doença crônica causada por fatores genéticos, ambientais e
comportamentais, como o hábito de assistir à televisão, que tem sido associado à adoção de
hábitos alimentares não saudáveis.
Nesse sentido, Prodanov e Cimadom (2016) chamam a atenção para o fato de que o
hábito de assistir à televisão faz com que crianças e adolescentes adotem um padrão alimentar
não saudável, pois são expostos a inúmeros anúncios que podem influenciar as preferências
alimentares e o consumo em curto prazo. Contudo, o resultado da pesquisa mostrou que 44%
dos estudantes assistem de 1 a 2 horas diárias, enquanto que a maioria (56%), de 3 a 4 horas
ou mais. E ao utilizar fotos de alimentos com personagens de desenhos nos rótulos e fotos de
lanches naturais, 63% das crianças optaram pelos lanches industrializados, e apenas 37%
escolheram o lanche natural.
Concordando com a pesquisa acima citada, o estudo de Enes (2016) investigou a
associação entre o tempo diante da televisão e o consumo alimentar de adolescentes, e indicou
que o tempo de televisão exerce uma influência negativa nas escolhas alimentares com baixo
valor nutritivo. Segundo o autor, a falta de associação entre o hábito de assistir à televisão e a
baixa ingestão de legumes e frutas representa um estilo pouco saudável. O estudo revelou um
percentual elevado de 55% dos participantes que permaneciam mais de 2 horas diárias em
frente à televisão. Para o autor, é provável que o tempo excessivo de exposição à televisão
possa contribuir com a prática alimentar não saudável.
Kneipp et al. (2015) vem reforçar, em estudo sobre a associação das variáveis
socioeconômicas e demográficas, dos comportamentos relacionados à saúde e das
características do ambiente familiar com a prevalência de excesso de peso em alunos do 1º ao
5º ano, que entre as crianças que possuíam o hábito de realizar as refeições em frente à
televisão, às vezes ou sempre, a prevalência de excesso de peso foi superior a daquelas que
não possuíam esse mesmo hábito. O autor relata ainda que estudos internacionais com
crianças mostram que a televisão aumenta a ingestão de alimentos e a obesidade. Essas
investigações demonstraram que as ampliações no aumento do percentual de gordura corporal
e a elevação do diabetes na infância estão fortemente associadas à exposição prolongada à
televisão.
14
Já de acordo com o estudo de Ueda et al. (2014), houve um pequeno efeito da variável
manipulada (apresentação de vídeos neutros e com alimentos saudáveis e não saudáveis), ou
seja, até 13% de variação das escolhas de alimentos após a exibição das publicidades. Porém,
no decorrer das cinco sessões, realizadas com os dois grupos estudados pelo autor, somente
após a apresentação da segunda sessão, com vídeo saudáveis, foi que houve um aumento da
média de percentual de escolhas saudáveis, no entanto, na apresentação da segunda sessão,
com vídeos não saudáveis, ocorreu uma diminuição dessa média, contudo, houve diferenças
entre as sessões 1, 2, 3 e 4. Assim, todos os alimentos que foram apresentados na publicidade
da pesquisa foram escolhidos, e podem refletir o efeito da história alimentar e da publicidade
no ambiente natural, e essa seleção de publicidade foi desconhecida pelas crianças, já que
representava um controle experimental, como a feita no presente estudo. As crianças
apresentavam em média 4 horas diárias de exposição à televisão.
Segundo Rodrigues e Fiates (2012), as crianças estão cada vez menos dependentes de
seus pais no aprendizado de valores consumidores. A tarefa da instrução tem sido atribuída,
entre outros agentes, à TV, atualmente uma das principais fontes de informação sobre novos
produtos para crianças. Os autores destacam em seu estudo que as crianças relataram assistir à
TV em todos os horários possíveis, não se limitando apenas à programação infantil. Nos
horários de maior audiência desse público, o número de propagandas de alimentos pouco
saudáveis é ainda maior que durante o resto da programação. A falta de controle dos pais
sobre o tempo em que os filhos assistem à TV tem sido relacionada ao baixo nível
educacional da mãe e a hábitos alimentares pouco saudáveis. No caso da televisão brasileira, é
grande o número de propagandas de alimentos, em sua maioria, produtos de baixa qualidade
nutricional.
Portanto, diante dos estudos analisados, pode-se afirmar que os hábitos alimentares
saudáveis devem partir de casa. A educação alimentar e nutricional é essencial para que as
crianças se alimentem de forma adequada, porém o hábito de assistir à televisão tem sido
associado a influências negativas e de baixa qualidade nutricional, sendo assim, prejudiciais à
saúde, acarretando em problemas futuros para essas crianças.
4 CONCLUSÃO
No que tange à temática abordada nos estudos, conclui-se que a televisão influencia no
comportamento alimentar das crianças. Na maioria das análises, observou-se que, quando a
criança é exposta a propagandas, estas podem modular o seu comportamento em relação a sua
15
escolha, mediada pelo modelo de consumo que a TV impõe, já que a criança ainda não é
capaz de decidir por si mesma, por meio de uma análise crítica.
As publicações mostram que esse comportamento proporciona o aparecimento de
sobrepeso e de obesidade porque as propagandas veiculam alimentos ricos em açúcar e em sal
e pobres em fibras. Observou-se a ausência de normas, de legislação, de políticas e de
programas que regulem esse tipo de publicidade no sentido de resguardar o direito da criança
à saúde e à alimentação adequada.
Nessa perspectiva, acredita-se que há uma necessidade de que o Estado invista na
promoção, na proteção e no apoio à regulação da propaganda de alimentos direcionados ao
público infantil, além da necessidade de se aumentar a oferta e a divulgação dos benefícios de
uma alimentação saudável, bem como da construção de espaços saudáveis e da
implementação de normas e programas em prol da garantia da segurança alimentar e
nutricional.
16
REFERÊNCIAS
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Revista Nutrição, Campinas, v. 5, n. 3, p. 143-149, 2006.
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o consumo Alimentar de adolescentes. In: Revista de Nutrição, v.29, n.3, p. 391-399. Junho,
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Communities. J Acad Nutr Diet, 2012.
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Catarina, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 8, p.2411-2422, ago. 2015.
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televisão entre crianças de uma escola particular de Bento Gonçalves/RS. In: Revista
Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória 19 (2): 34-45, abr-jun, 2017.
MIOTTO, A.C.; OLIVEIRA, F. A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de
baixa renda do Projeto Nutrir. In: Revista Ciência de Saúde Coletiva, 2006.
MOURA, N. C. Influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes.
In: Revista Segurança Alimentar e Nutricional. Campinas, 17 (1):113-122, 2010.
PETERSEN, M. Consumo e infância: “de mãos dadas a caminho da escola”. Dissertação de
Mestrado (Processos e Manifestações Culturais). Novo Hamburgo/RS: Universidade Feevale,
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PRODANOV, S. S.; CIMADOM, H. M. S. A influência da publicidade nos hábitos
alimentares de crianças em idade escolar. In: Revista conhecimento online, v 1. 2016.
17
RAMOS, M.; STEIN, L.M. Desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. Jornal
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RODRIGUES, V. M.; FIATES, G.M. R. Hábitos alimentares e comportamento de consumo
infantil: Influência da renda familiar e do hábito de assistir à televisão. In: Revista de
Nutrição. v. 25, n. 3, p.353-362, jun. 2012.
SAMPAIO, R. Publicidade e Criança: Comparativo Global da Legislação e da
Autorregulamentação. São Paulo: Associação Brasileira de Anunciantes, 2013.
UEDA, M.H. et al. Publicidade de Alimentos e Escolhas Alimentares de Criança. In:
Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 30, n. 1, p. 53-61, 2014.
18
DECLARAÇÃO
Declaramos para os devidos fins, que o projeto de pesquisa intitulado: “A
influência da televisão no comportamento alimentar infantil: uma revisão de literatura
integrativa”, das alunas Emmanuelle Sousa Ferreira e Vera Lúcia Rodrigues Sousa,
orientadas pela Profª Theonas Gomes Pereira, cadastrado na Coordenação de Pesquisa,
processo nº 050/2019.
Teresina, 18 de junho de 2019
Profa. Dra. Eliana Campêlo Lago
Coordenadora de Pesquisa e Mestrado Profissional em Saúde da Família
19
20
21
CURSO: NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (8a. Série)
PROFA.: NORMA SUELI ALBERTO
DECLARAÇÃO DE REVISÃO ORTOGRÁFICA
Declaro para os devidos fins que eu, Francisco Leandro Sousa Silva , CPF n. 921.412.773-
53 , licenciado(a)/especialista/mestre/doutor(a) em Letras pela Universidade Estadual do
Piauí (UESPI) , realizei a REVISÃO ORTOGRÁFICA do Trabalho de Conclusão de Curso de
Nutrição intitulado A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
INFANTIL: uma revisão de literatura integrativa, de autoria de Emanuelle Sousa Ferreira
e Vera Lucia Rodrigues Sousa e orientado pela Professora Mestre Theonas Gomes
Pereira , do Centro Universitário Uninovafapi, no período letivo 2019 .
Assinatura legível do revisor
Data: 16 / Junho /
2019
22
23
CURSO: NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (8a. Série)
PROFA.: NORMA SUELI ALBERTO
DECLARAÇÃO DE TRADUÇÃO
Declaro para os devidos fins que eu, Marcos Vinicius Ferreira Nascimento,
CPF n.004 068 153 - 05, licenciado(a)/especialista/mestre/doutor(a) em Letras pela
Universidade/Faculdade Universidade Estadual do Piaui (UESPI), realizei a
TRADUÇÃO para a língua Inglesa do resumo do Trabalho de Conclusão de Curso
de Nutrição intitulado A Influência da Televisão no Comportamento Alimentar
Infantil: Uma Revisão de Literatura Integrativa, de autoria de Emmanuelle Sousa
Ferreira e Vera Lúcia Rodrigues Sousa e orientado pelo(a) Professor(a) Theonas
Gomes Pereira, do Centro Universitário Uninovafapi, no período letivo 2019.1.
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Assinatura (legível) do(a) tradutor/a
Data: 18/06/19
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