POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO
Mestrado em Turismo, Inovação e Desenvolvimento
1º Ano – 1
º Semestre
Património e Técnicas de Interpretação
Centro Histórico de Guimarães
Alunos:
Carlos Domingues, n.º 6161
Ano Lectivo: 2010-2011
Docente
Doutora Olga Matos
Viana do Castelo, 31 de Janeiro de 2011
Índice
Agradecimentos ........................................................................................................................ 1
Índice de tabelas, gráficos e imagens ......................................................................................... 2
Índice de abreviaturas ............................................................................................................... 3
Abstract .................................................................................................................................... 4
Resumo..................................................................................................................................... 4
1. Introdução ......................................................................................................................... 6
2. Metodologia ...................................................................................................................... 6
3. Exposição do Problema ..................................................................................................... 6
4. Hipótese ............................................................................................................................ 7
5. Revisão bibliográfica ......................................................................................................... 7
a.UNESCO ....................................................................................................................... 8
b.Convenção para a Protecção do património Mundial, Cultural e Natural ......................... 8
c.O Comité do Património da Humanidade ........................................................................ 9
d.Centro do Património Mundial...................................................................................... 10
e.ICOMOS ...................................................................................................................... 10
6. Guimarães ....................................................................................................................... 11
a.Centro Histórico e a reestruturação urbana .................................................................... 12
b.A classificação de Património Cultural da Humanidade ................................................ 14
c.O Centro Histórico de Guimarães ................................................................................. 15
i.O Castelo .................................................................................................................. 16
ii.A capela de S. Miguel do Castelo ............................................................................ 17
iii.O Paço dos Duques ................................................................................................. 18
iv.A Muralha .............................................................................................................. 19
v.Largo da Oliveira ..................................................................................................... 20
vi.As Ruas do Centro Histórico ................................................................................... 20
7. Análise: a gestão do Centro Histórico de Guimarães ........................................................ 23
a.Filosofia de Gestão ....................................................................................................... 23
b.Processo de Planeamento .............................................................................................. 28
c.Pessoal e orçamento...................................................................................................... 30
d.Imagem e Marketing / Programa de Promoção .............................................................. 33
e.Analise dos Visitantes................................................................................................... 35
f.Deslocamento dos visitantes e acessos ........................................................................... 37
g.Serviços para os visitantes ............................................................................................ 39
h.Plano de interpretação .................................................................................................. 41
i.Programa de manutenção............................................................................................... 43
j.Planeamento urbano e Cidades Património da Humanidade ........................................... 46
8. Conclusão ....................................................................................................................... 47
a.Recomendações ............................................................................................................ 47
9. Referências Bibliográficas ............................................................................................... 50
10. Apêndices ................................................................................................................... 53
a. Entrevista realizada ao Dr. Vítor Marques, Do Turismo de Guimarães1
11. Anexos ........................................................................................................................ 54
a. Notícia: Conheça o plano de intervenção no Paço e Castelo de Guimarães Paço e Castelo
de Guimarães1
~ 1 ~
Agradecimentos
Para a realização deste trabalho foi fundamental a colaboração do Senhor Doutor
Vítor Marques, Presidente do Turismo de Guimarães, que se disponibilizou a prestar
comentários sobre a gestão do Centro Histórico e a ceder estudos realizados pelo
Turismo de Guimarães.
Foi também muito importante o acompanhamento providenciado pela Doutora
Olga Matos, que sempre esteve disponível, e cuja orientação, críticas e sugestões, se
revelaram fundamentais para a realização deste trabalho.
Agradeço também à Anabela Martins, por me ter acompanhado nas longas e
exaustivas visitas ao Centro Histórico de Guimarães.
Por fim, gostava de agradecer à minha companheira, Lara Sofia Loureiro, pelo
seu apoio, carinho e motivação.
~ 2 ~
Índice de tabelas, gráficos e imagens
Ilustração 1 - Casa da Rua Nova.................................................................................. 13
Ilustração 2 - Exemplo de reabilitação de espaços públicos ......................................... 14
Ilustração 3 - Castelo de Guimarães ............................................................................ 16
Ilustração 4 - Capela de S. Miguel do Castelo ............................................................. 17
Ilustração 5 - Lage da pia baptistal da Capela de S. Miguel do Castelo ........................ 17
Ilustração 6 - Paço dos Duques.................................................................................... 18
Ilustração 7 - Torre do Largo do Toural....................................................................... 19
Ilustração 8 - Representação do local da Porta de Nª Sª da Guia .................................. 19
Ilustração 9 - Oliveira do Largo de Oliveira ................................................................ 20
Ilustração 10 - imagem de Santuário construído por moradores da Rua Nova .............. 21
Ilustração 11 - Pormenor de passagem entre duas casas em rua estreira ....................... 22
Ilustração 12 - Área inscrita na lista do Património Mundial - Monumento Nacional e,
zona tampão - Zona Especial de protecção .................................................................. 24
Ilustração 13 - Placa Informativa da Capela de S. Miguel ............................................ 27
Ilustração 14 - Placa informativa do Castelo de Guimarães ......................................... 27
Ilustração 15 - Mapa com delimitação do Centro Histórico ......................................... 29
Ilustração 16 - Estacionamento no largo em frente à Igreja da Misericórdia................. 30
Ilustração 17 - Fotografia do horário de funcionamento dos Postos de Turismo ........... 31
Ilustração 18 - Funcionários a cuidar um dos jardins do Centro Histórico .................... 32
Ilustração 19 - Pormenor da página na internet do Município de Guimarães ................ 34
Ilustração 20 - Pormenor da página na internet do Turismo de Guimarães ................... 34
Ilustração 21 - Serviços camarários a efectuar limpeza no Centro Histórico ................ 40
Ilustração 22 - Local junto ao arquivo municipal de Guimarães ................................... 41
Ilustração 23 - Mapa disposto pelo Centro Histórico ................................................... 43
Ilustração 24 – Pormenor do Mapa disposto no Centro Histórico................................. 43
Ilustração 25 - Manutenção dos jardins e espaços públicos .......................................... 44
Ilustração 26 - Vegetação no telhado do Convento do Carmo ...................................... 44
Ilustração 27 - Pormenor de vegetação na Torre da Praça do Toural ............................ 45
Ilustração 28 - Base do Cruzeiro lateral ao Museu Alberto Sampaio ............................ 45
Ilustração 29 - Fio eléctrico a cruzar a fachada de Igreja ............................................. 49
Ilustração 30 - Fios eléctricos junto num Edifício do Centro Histórico ........................ 49
~ 3 ~
Índice de abreviaturas
CHG – Centro Histórico de Guimarães
CPM – Centro do Património Mundial
GTL – Gabinete Técnico Local
ICCROM - Centro Internacional para o estudo de Preservação e
Restauração de Propriedade Cultural
ICOMOS – Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios
PCH – Património Cultural Da Humanidade
PRAUD - Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Degradadas
PRID - Programa de Recuperação de Imóveis Degradados
PROCOM - Programa de Modernização do Comércio
PRU – Programa de Reabilitação Urbana
RECRIA - Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de
Imóveis Arrendados
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura
~ 4 ~
Abstract
Guimarães is a city with a huge historic importance for the portuguese people for
its relation with the Independence of Portugal. In it came to birth the one that would
come to be the first King of Portugal and in it took place the battle of S. Mamede that
ensured the independence of the Condado Portucalense.
The Historic Centre of Guimarães is classified as World Cultural Heritage since
2001, an indication representative of it’s singularity. But being classified as World
Heritage is not just enjoying a prestigious title, it also means responding to a series of
requirements that are not always easy to meet.
Initially we will conduct a literature review on topics related to the classification
of World Cultural Heritage and the Historic Centre of Guimarães.
Then we will examine the compliance to the standards imposed by the UNESCO
Convention of 1972 to see how far they are being met. To this end, we will collect
information by visiting the Historical Center and with an interview conducted with Dr.
Victor Marques, from the Tourism Zone of Guimarães.
Finally, some recommendations are made which aim to help improve the
management of the Historic Center of Guimarães and provide a better experience for
visitors.
Resumo
Guimarães é uma cidade com imensa importância histórica para os portugueses
pela sua relação com a independência de Portugal. Nela veio há luz aquele que viria a
ser o primeiro Rei de Portugal e nela se travou a batalha de S. Mamede que garantiu a
independência do Condado Portucalense.
O Centro Histórico de Guimarães está classificado como Património Cultural da
Humanidade desde 2001, menção representativa da sua singularidade. Mas estar
classificado como Património da Humanidade não significa apenas usufruir de um título
com prestígio, significa também dar resposta a uma série de requisitos que nem sempre
são fáceis de cumprir.
~ 5 ~
Numa primeira fase iremos realizar uma revisão bibliográfica sobre os temas
relacionados com a classificação de Património Cultural da Humanidade e com o Centro
Histórico de Guimarães.
De seguida, iremos analisar o cumprimento das normas impostas pela UNESCO
na Convenção de 1972 para verificar até que ponto estão a ser cumpridas. Para tal,
iremos recolher informação através de uma visita ao Centro Histórico e de uma
entrevista realizada ao Dr. Vítor Marques, da Zona de Turismo de Guimarães.
Para finalizar, são realizadas algumas recomendações que visam ajudar a
melhorar a gestão do Centro Histórico de Guimarães e a proporcionar uma melhor
experiencia aos seus visitantes.
~ 6 ~
1. Introdução
O Centro Histórico de Guimarães está classificado como Património Cultural da
Humanidade desde 20011.
Esta classificação veio reconhecer o processo de reabilitação patrimonial levado a cabo
no Centro Histórico de Guimarães, pelo Gabinete Técnico Local, durante cerca de vinte anos. A
candidatura de Guimarães preencheu três requisitos que comprovam a sua singularidade e lhe
atestaram mérito para ser classificado como Património Mundial pela UNESCO.
Para muitos, o mais difícil já foi conseguido, conseguir a classificação da UNESCO,
mas a verdade é que uma outra fase igualmente difícil começou no momento da classificação,
manter os critérios que lhe valeram a classificação e assegurar o cumprimento das normas
definidas pela UNESCO. Tal como diz o Senhor Presidente da Câmara Municipal de
Guimarães, Dr. António Magalhães, “Ser Património Cultural da Humanidade premeia a nossa
história, mas determina responsabilidades acrescidas no futuro”2.
Este trabalho visa avaliar se estas normas estão a ser seguidas e cumpridas
rigorosamente, para posteriormente poderem ser produzidas criticas e propostas algumas
recomendações.
2. Metodologia
Para a realização deste trabalho foram usadas fontes primárias e fontes secundárias. As
fontes secundárias visam, inicialmente, recolher informações relativamente à UNESCO, à
Convenção do Património Mundial, e à caracterização do Centro Histórico de Guimarães para
desta forma poder realizar uma revisão bibliográfica que permita criar um contexto.
De seguida, as fontes primárias consistem em informações obtidas através da realização
de uma extensiva visita ao Centro Histórico de Guimarães e de uma entrevista realizada ao Dr.
Vítor Marques, Responsável pelo Turismo de Guimarães, por fim a atingir algumas conclusões
e conceber recomendações e criticas quanto à gestão do Centro Histórico de Guimarães,
Património Cultural da Humanidade.
3. Exposição do Problema
A classificação de qualquer Centro Histórico como Património Cultural da Humanidade
é um enorme conquista para qualquer cidade de qualquer país, e é o reconhecimento do singular
valor cultural e patrimonial que aí se pode encontrar.
Estar classificado como Património Cultural da Humanidade avoca uma projecção
internacional que pode trazer imensos benefícios socioecónomicos para Guimarães, pois é uma
1 Grupo de Missão Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 (s.a., p. 18) 2 Guimarães, Câmara Municipal de Guimarães (2001, p. 4)
~ 7 ~
forma de reconhecimento e valorização que pode atrair visitantes, investidores e ainda pode
fomentar a identidade local, ou neste caso, identidade nacional. Assim sendo, podemos afirmar
que o Centro Histórico de Guimarães é um recurso turístico de extrema importância, não só para
Guimarães, mas para Portugal. Na publicação da ICOMOS, é afirmado que “estar listado como
Sitio Património da Humanidade aumenta a atractividade para turistas de qualquer
propriedade”3.
Para manter a actual classificação de Património Cultural da Humanidade, Guimarães
tem de seguir e executar as indicações impostas pela UNESCO. “…É do interesse de todos
assegurar que nada prejudica a classificação obtida”4. Porém, gerir e manter um centro histórico
com uma dimensão considerável e um número razoável de edifícios não é uma tarefa tão
simples como manter um só edifício, daí que haja a possibilidade de haver aspectos que estão a
ser descurados e que podem ser trágicos para a classificação do Centro Histórico de Guimarães.
O problema em estudo neste trabalho é então analisar a gestão que está a ser executada
sobre o Centro Histórico de Guimarães para assegurar que estão a ser cumpridas todas as
normas impostas pela UNESCO e assim, manter a actual classificação de Património Cultural
da Humanidade e preservar este sítio cultural para a humanidade.
4. Hipótese
Para qualquer trabalho ou estudo, o estabelecimento de uma hipótese a testar é um
elemento fundamental para a definição de estratégias a seguir para atingir os objectivos e
comprovar essa mesma hipótese enquanto certa ou errada.
Para a realização deste trabalho, a questão estabelecida e para a qual se vai procurar
obter uma resposta é:
O Centro Histórico de Guimarães segue as indicações da UNESCO para manutenção de
sítios classificados como Património Cultural da Humanidade?
5. Revisão bibliográfica
Para podermos chegar ao fundo da questão, e determinar que tipo de gestão está
a ser efectuada no Centro Histórico de Guimarães, é necessário recolher algumas
informações que nos irão ajudar a entender o enquadramento temático deste trabalho e a
conhecer noções vitais para a realização do mesmo. Vamos começar então com uma
revisão bibliográfica a estes aspectos e noções.
3 ICOMOS (1993, p. 4)
4 idem
~ 8 ~
a. UNESCO
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura) foi criada a 16 de Novembro de 19455. Uma vez que a UNESCO é um órgão
internacional, e dada a natureza da sua actividade, esta possui várias línguas oficiais, são
elas o inglês, o francês, o espanhol, o russo, o árabe e o chinês6.
Importa referir que está sediada em Paris e que também dispõe de escritórios
regionais e nacionais em vários países, pois conta com 191 Estados-membros e 6
Estados Associados7.
. O seu principal objectivo é o de “contribuir para a paz, desenvolvimento
humano e segurança no mundo, promovendo o pluralismo, reconhecendo e conservando
a diversidade, promovendo a autonomia e a participação na sociedade do
conhecimento”8.
Num ponto de vista mais específico, a UNESCO estabeleceu diversos objectivos
estratégicos específicos para as áreas da Educação, Ciência, Cultura e Comunicação. Os
objectivos específicos para a área da Cultura são:
“Promover a elaboração e a aplicação de instrumentos
normativos de âmbito cultural.
Salvaguardar a diversidade cultural e promover o diálogo entre
culturas e civilizações.
Fortalecer os vínculos entre ciência e desenvolvimento, através
do desenvolvimento das capacidades e o aproveitamento
partilhado do conhecimento”9.
Em 1972, a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura, reuniu em Paris e concebeu a Convenção para a Protecção
do património Mundial, Cultural e Natural10
.
b. Convenção para a Protecção do património Mundial,
Cultural e Natural
Como é referido anteriormente, a Convenção para a Protecção do património
Mundial, Cultural e Natural foi concebida em Paris, em 16 de Novembro de 1972.
5 UNESCO – CNU Portugal (Acedido em 15-01-2011) 6 idem 7 ibidem 8 Idem ibidem 9 Ibidem Idem ibidem
10 World Heritage Centre (Acedido em 16-01-2011)
~ 9 ~
É um documento com 38 artigos e cujos principais aspectos retratados são:
“Definições do património cultural e natural;
Relativamente à Protecção nacional e protecção internacional do
património cultural e natural, cada um dos Estados parte na
presente Convenção deverá reconhecer que a obrigação de
assegurar a identificação, protecção, conservação, valorização e
transmissão às gerações futuras do património cultural e natural
situado no seu território constitui obrigação primordial.
Cria junto da Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura, um comité intergovernamental para a protecção
do património cultural e natural de valor universal excepcional
denominado Comité do Património Mundial.
É ainda constituído um fundo para a protecção do património
mundial, cultural e natural de valor universal excepcional,
denominado Fundo do Património Mundial”11
.
c. O Comité do Património da Humanidade
O Comité do Património da Humanidade é a entidade que administra a
Convenção referida no tópico anterior e consiste em representantes de 21 nações de
entre as 146 que participaram na realização da Convenção em 1972. Há eleições para
eleger os membros do Comité de dois em dois anos12
. O Comité reúne-se uma vez por
ano13
.
As principais funções do Comité do Património da Humanidade são14
:
Assegurar a implementação da Convenção do Património Cultural da Humanidade;
Definir o uso do fundo do Património Cultural da Humanidade;
Inserir elementos classificados como Património Cultural da Humanidade na lista de
Património em Risco;
Remover a classificação de Património Cultural da Humanidade a elementos que
tenham perdido o seu estatuto através de deterioração ou danos.
Prestar informações ao público sobre as funções anteriores.
11 UNESCO Portugal (Acedido em 16-01-2011) 12 ICOMOS (1993, P. 2) 13
World Heritage Centre (Acedido em 15-01-2011) 14 idem
~ 10 ~
d. Centro do Património Mundial
O Centro do Património Mundial foi estabelecido em 1992 e encontra-se situado
em Paris e serve de base e de coordenador com a UNESCO sobre todos os assuntos
relacionados com o Património Cultural da Humanidade15
.
Para estabelecer uma relação com o tópico anterior podemos dizer que o Centro
organiza as sessões anuais do Comité do Património da Humanidade.
Algumas outras funções do Centro são16
:
Ajudar os estados membros a implementar políticas de conservação;
Angariar fundos para o objectivo anterior;
Monitorizar o estado de conservação dos sítios já classificados como
Património da Humanidade;
Agir quando conflitos armados, desastres naturais ou causados pelo
homem afectem Património da Humanidade;
Treinar recursos humanos para a conservação, protecção e manutenção
dos sítios classificados;
Angariar novos membros para subscreverem a Convenção;
Encorajar membros a apresentar propostas de sítios para serem
classificados.
e. ICOMOS
O ICOMOS (Conselho Internacional para Monumentos e Sítios) foi criado em
1964 através de uma resolução apresentada pela UNESCO17
. No mesmo congresso em
que esta resolução foi apresentada, foi apresentada a resolução que hoje entendemos
como a Carta de Veneza, e que consiste num conjunto de indicações a seguir quando se
procede a conservação e restauração de monumentos e sítios18
.
Em 1957, no Primeiro Congresso de Arquitectos e Especialistas em Edifícios
Históricos, foi exposta a necessidade de todos os países terem uma autoridade que
regesse a protecção de edifícios históricos e que também se alistassem ao Centro
Internacional para o estudo de Preservação e Restauração de Propriedade Cultural
15 World Heritage Centre (Acedido em 16-01-2011 (2)) 16 idem 17 ICOMOS (Acedido em 16-01-2011) 18 ICOMOS (Acedido em 16-01-2011 (2))
~ 11 ~
(ICCROM). A criação da ICOMOS veio apresentar ao mundo uma entidade
completamente voltada, e especializada, na Preservação de Monumentos e Sítios19
.
A relação da ICOMOS com a UNESCO já foi estabelecida, mas não termina
aqui. Em 1972, aquando da criação da Convenção do Património Mundial, a UNESCO
nomeou a ICOMOS como uma das três entidades conselheiras do Comité do Património
Mundial, sendo a ICOMOS a conselheira profissional e científica do Comité. A
ICOMOS recebe ainda apoio financeiro por parte do Fundo do Património Mundial para
cobrir gastos relacionados com a Convenção, como missões, desenvolvimento
intelectual, monitorização e a avaliação de pedidos de assistência técnica20
.
A ICOMOS é também responsável pela avaliação de todas as candidaturas a
Património Cultural da Humanidade, tendo em conta os critérios estabelecidos na
Convenção em 1972. Para além de ter em conta o critério básico de ser um “valor
universal excepcional”, a ICOMOS também considera a autenticidade, gestão e
conservação dos elementos em análise21
.
6. Guimarães
Guimarães é uma cidade situada no distrito de Braga, norte de Portugal, e tem
uma população de cerca de 150.000 pessoas22
. A fundação da cidade está intimamente
ligada à construção de “um mosteiro dúplice, para frades e freiras, dedicado ao Salvador
do Mundo, à Virgem Maria e aos Doze Apóstolos, sob a regra dos eremitas de São
Pacómio”23
. Este mosteiro foi mandado construir em meados do século X pela viúva
Condessa Mumadona, por ser uma das “verbas testamentárias do marido”, o Conde
Leonês Hermenegildo24
. Ainda no século X a condessa mandou erigir uma fortificação
para proteger o convento e a população das invasões normandas; esta fortificação, o
Castelo de Guimarães, ficou concluída em 968 e a população começou a crescer aos
poucos em seu redor25
.
O concelho é rodeado por rios e montes, como o Rio Ave, Rio Vizela e Rio
Selho e, pela Serra de Santa Catarina, e Montes da Penha, Falperra e Morreira26
.Todos
19 ICOMOS (Acedido em 16-01-2011) 20 ICOMOS (Acedido em 16-01-2011 (3)) 21
idem 22 O meio envolvente (Acedido em 16-01-2011) 23 Azeredo (2007, P. 5) 24
Idem 25 Azeredo (2007, P. 5) 26 Idem, P. 4
~ 12 ~
estes elementos conferem-lhe uma paisagem tipicamente minhota, com o verde a
predominar nas paisagens.
Apesar da longa existência de Guimarães, e das suas tradições, esta não ficou
presa no passado, as “numerosas fábricas de fiação, tecelagem, cutelaria e curtumes
espalhadas profusamente em toda a região circunvizinha testemunham ainda uma
intensa actividade industrial de grande tradição e qualidade”.
Guimarães é conhecida como “berço da nação” pois “a tradição diz ter nascido
ali o primeiro rei de Portugal”27
. Segundo o Prof. José Mattoso, “…o facto de
Guimarães constituir provavelmente o honor, isto é, o domínio patrimonial hereditário
dos condes de Portucale, ligou-o para sempre às origens da nacionalidade…”28
.
a. Centro Histórico e a reestruturação urbana
Como é referido no tópico anterior, a povoação Vimaranense foi-se
desenvolvendo ao longo dos tempos em redor do convento e do castelo, mandados
construir pela Condessa Mumadona. Desde a época do nascimento da identidade
Portuguesa até ao presente, Guimarães sempre ocupou um papel importante na mente
dos portugueses pois “cresceu com a consciência da carga simbólica que representava
para a Portugalidade”29
.
Infelizmente, e segundo o Dr. António Magalhães, deixou-se que este “núcleo
importantíssimo do seu casco histórico se degradasse, transformando aquela que,
tradicionalmente, era a zona nobre da Cidade, num espaço arquitectonicamente
degradado, socialmente isolado e economicamente ostracizado”30
. Segundo o sítio na
internet da Câmara Municipal, “…Até meados de 1980, este conjunto de reconhecido
valor formal encontrava-se num processo de rápida degradação física e social que
parecia impossível travar”31
.
Ao dar-se conta do valor patrimonial que possuía, e do estado de degradação em
que se encontrava, a Câmara Municipal criou em 1985 o GTL (Gabinete Técnico Local)
para “gerir um processo de recuperação do centro histórico”32
. A intenção do GTL tinha
como objectivos a “manutenção da população residente, proporcionando melhores
condições de habitabilidade, e a preservação/reposição da autenticidade dos modos de
27
Ibidem, p.6 28 Cruz, Pregitzer (2002, P. 7) 29 Guimarães, Câmara Municipal de Guimarães (2001, P. 4) 30
Idem 31 Município de Guimarães (Acedido em 17-01-2011) 32 Município de Guimarães (Acedido em 17-01-2011)
~ 13 ~
intervir no património”33
. Um outro objectivo do GTL era servir de exemplo e
incentivar privados a procederem à reabilitação das suas propriedades, este objectivo foi
obviamente atingido visto que, segundo o GTL, nos últimos catorze anos foram
intervencionados mais de 200 edifícios por iniciativa privada e sem qualquer tipo de
apoio financeiro34
. Uma das acções levadas a cabo pelo GTL para fomentar o
investimento privado por a reabilitação de espaços públicos (nomeadamente Praças),
para amplificar o valor dos edifícios que rodeiam esses espaços.
A primeira intervenção do GTL, e que lhe concedeu reconhecimento
internacional com o Prémio Europa Nostra, foi a reabilitação da Casa da Rua Nova
(Imagem 1). A GTL tem presentes em todas as suas intervenções a preocupação de
utilizar mão-de-obra local, materiais e técnicas tradicionais, não só no sentido de obter
uma unidade construtiva como uma unidade formal e ambiental35
.
O GTL também prestou apoio a privados com ajudas a candidaturas a programas
de apoios financeiros, como o PRID, PRU, PRAUD, PROCOM e RECRIA, campanhas
de sensibilização e ainda com a prestação apoio técnico a projectos de reabilitação3637
.
33 Idem 34 Ibidem 35
Idem ibidem 36 Cruz, Pregitzer (2002, P. 12) 37 Grupo de Missão Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 (s.a., P. 18)
Ilustração 1 - Casa da Rua Nova Fonte: Gesta (2007)
~ 14 ~
Vinte e cinco anos após a criação do GTL, 90% dos espaços públicos existentes
no perímetro do Centro Histórico já se encontram reabilitados e só nos últimos catorze
anos já foram intervencionados mais de 300 edifícios38
.
b. A classificação de Património Cultural da
Humanidade
A Câmara Municipal de Guimarães foi galardoada com vários prémios devido à
exemplar reabilitação que executou no seu Centro Histórico3940
. O maior
reconhecimento do esforço de requalificação levado a cabo pela Câmara Municipal de
Guimarães e pelo GTL foi a inclusão na lista das Cidades Património Cultural da
Humanidade pela UNESCO.
A Câmara Municipal apresentou a sua candidatura à UNESCO com um dossier,
elaborado com a colaboração e apoio do GTL, em que se explicavam as razões da
candidatura e se descrevia o trabalho de reabilitação que estava a ser levado a cabo no
Centro Histórico41
. O dossier foi elaborado por uma equipa multidisciplinar, composta
por Arquitectos, Historiadores, entre outros, sendo alguns deles professores
universitários. Os textos da candidatura apresentada à UNESCO podem ser encontrados
em http://www.cm-guimaraes.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=3160.
38 Cruz, Pregitzer (2002, P. 12) 39
Grupo de Missão Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 (s.a., P. 18) 40 Município de Guimarães (Acedido em 17-01-2011) 41 idem
Ilustração 2 - Exemplo de reabilitação de espaços públicos
Fonte: PDF Alexandra Giesta
~ 15 ~
“Hoje Guimarães adquiriu especial relevo ao ser elevado o seu Centro
Histórico a Património Cultural da Humanidade.42
”
A candidatura do Centro Histórico de Guimarães a Património Cultural da
Humanidade foi deferida pois preencheu três dos critérios estabelecidos pela UNESCO
na Convenção de 1972, são eles:
“- Guimarães é de um considerável significado universal, na medida em que aqui
se desenvolveram técnicas especializadas de construção de edifícios durante a Idade
Média que depois foram exportadas para as colónias portuguesas (…)”;
- A história de Guimarães está intimamente associada com o estabelecimento da
identidade nacional portuguesa e da língua portuguesa no século XII;
-Guimarães, uma cidade excepcionalmente bem preservada, reflecte a evolução
de alguns edifícios particulares desde os tempos medievais até ao presente, com
particular incidência entre os séculos XV e XIX.”43
c. O Centro Histórico de Guimarães
O Centro Histórico de Guimarães, objecto em análise neste trabalho, é um
organismo vivo, mas encontra-se constituído por diversos edifícios que, conforme é
referido anteriormente, foram sendo erigidos ao longo dos tempos, restando assim,
quais testemunhos dos tempos passados.
De seguida iremos caracterizar alguns dos edifícios que constituem o Centro
Histórico de Guimarães. A escolha de edifícios não teve um critério específico,
primeiramente foram escolhidos o Castelo de Guimarães e a Capela de S. Miguel do
Castelo pela sua ligação à criação da nacionalidade portuguesa; de seguida, o Paço dos
Duques pois é um edifício com grande importância e destaque em Guimarães, pelas
suas colecções de peças de arte, exposições constantes e serviços para turistas; a
muralha, pois era é o elemento que delimita o Centro Histórico e o protegeu no passado;
o Largo da Oliveira, considerado por muitos como o coração do Centro Histórico e, por
fim, as ruas do Centro Histórico, cenário de histórias não contadas, mas também cenário
fantástico que nos leva para o passado.
42
Azeredo (2007, P. 4) 43 Guimarães, Câmara Municipal de Guimarães (2006, s.p.)
~ 16 ~
i. O Castelo
O Castelo de Guimarães foi, conforme referido anteriormente, erigido no século
X por ordem da Condessa Mumadona. Foi construído para defender a povoação dos
ataques normandos. No século XI encontrava-se já muito degradado pelo que D.
Henrique decidiu reedifica-lo e ampliá-lo. Conforme é referido por António Azeredo, “o
facto de Guimarães constituir domínio hereditário dos condes portucalenses, haveria de
ligar esta cidade às origens da nacionalidade”44
.
O Castelo de Guimarães encontra-se perto do local em que os historiadores e
arqueólogos pensam ter sido travada a Batalha de S. Mamede, na qual, “D. Afonso
Henriques assegurou a chefia do Condado Portucalense”45
. Por este motivo, mas não só,
o Castelo é um dos monumentos mais carregados do simbolismo evocador da
independência de Portugal.
Em 1940 foram concluídas no Castelo obras de restauro, data em que celebrou o
oitavo centenário da independência de Portugal46
.
44
Azeredo (2007, P. 6) 45
Idem 46 Ibidem (P. 10)
Ilustração 3 - Castelo de Guimarães Fonte: Autoria própria
~ 17 ~
ii. A capela de S. Miguel do Castelo
A Capela de S. Miguel do Castelo encontra-se muito próxima do Castelo e é
uma pequena e simples construção de estilo românico. Esta capela está também ligada à
fundação da nacionalidade Portuguesa pois ali terá sido, segundo a tradição, baptizado
D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal47
.
É uma construção que evoca no visitante um enorme sentimento patriótico,
provocado pelas lages tumulares de guerreiros da Primeira Dinastia e pela lage que se
encontra ao lado da Pia baptismal e que possui a inscrição “Nesta pia foi baptizado El
Rei Dom Afonso Henriques …”48
.
47
Azeredo (2007, P. 13) 48 Idem
Ilustração 4 - Capela de S. Miguel do Castelo Fonte: Autoria própria
Ilustração 5 - Lage da pia baptistal da Capela de S. Miguel do Castelo Fonte: Autoria própria
~ 18 ~
iii. O Paço dos Duques
O Paço dos Duques é uma imponente construção cujas obras começaram
em1422. Foi mandado construir por D. Afonso, conde de Barcelos, pouco depois de se
tornar Senhor da Vila de Guimarães. Foi desenhado por Anton, um arquitecto de origem
francesa, que se inspirou nas construções senhoriais de França e Itália, visitadas por D.
Afonso aquando de visitas diplomáticas às cortes europeias49
.
O Paço foi moradia de D. Afonso e da sua segunda esposa, D. Constança de
Noronha, até que D. Afonso faleceu em 1461. D. Constança de Noronha continuou a
morar no Paço, tendo até transformado uma ala deste em hospital para ali poder, por
vezes ela própria, tratar os pobres e doentes.50
A partir do século XVI o Paço foi abandonado e em 1666 os frades capuchos
obtiveram licença para demolir uma ala do Paço e usar a sua pedra para construir o seu
convento. No início do século XIX o Paço foi transformado em quartel militar,
ocupação que o danificou ainda mais51
.
Em 1880 a Associação portuguesa de Arquitectos propôs que o edifício fosse
classificado como Monumento Nacional; inaugurou em 1959, após ter sido alvo de
obras de restauro52
.
49 Azeredo (2007, P. 14) 50
Idem (P. 16) 51
Ibidem (P. 18) 52 Idem Ibidem (P. 18)
Ilustração 6 - Paço dos Duques Fonte: Autoria própria
~ 19 ~
iv. A Muralha
“A muralha de Guimarães circundava outrora toda a vila de Guimarães, partindo
do próprio Castelo. O seu perímetro deveria rondar os dois mil metros.”53
Hoje apenas resta um pequeno lanço de muralha, junto à Avenida de Alberto
Sampaio e uma parte da Torre que se situa junto do largo do Toural, pois a restante
muralha foi demolida entre os finais do século XIX e a primeira metade do século XX54
.
Segundo António Azeredo, a “elevada altura dos muros e das torres fazia dela
uma das mais imponentes e bem construídas de toda a Península Ibérica”55
.
Actualmente, e nos locais onde anteriormente estariam as portas da muralha para
acesso à vila, estão inscrições com a designação “Porta” e o nome da porta que ali
estava (Ilustração 8).
53
Azeredo (P. 37) 54
Idem (P. 37) 55 Ibidem (P. 37)
Ilustração 7 - Torre do Largo do Toural Fonte: Autoria Própria
Ilustração 8 - Representação do local da Porta de Nª Sª da Guia Fonte: Autoria Própria
~ 20 ~
v. Largo da Oliveira
Segundo a tradição há muito, muito tempo atrás, foi plantada defronte da Igreja
de Santa Maria de Guimarães uma oliveira vinda de S. Torcato. A oliveira, entretanto,
secou, mas voltou a dar folha e fruto, quando, em 1342, Pero Esteves, um comerciante
vimaranense radicado em Lisboa, mandou colocar uma cruz normanda junto da oliveira.
A notícia espalhou-se como sendo um milagre de Santa Maria e, desde aí, a
praça passou a chamar-se Praça da Oliveira.
A oliveira do milagre permaneceu na praça aproximadamente até 1870, data em
que foi removida por decisão da Câmara Municipal de Guimarães mas contra a vontade
do povo vimaranense. Todavia, em 1985, aquando do restauro da praça, aí foi de novo
colocada uma oliveira.56
.
vi. As Ruas do Centro Histórico
Se os monumentos e edifícios do centro histórico de Guimarães são órgãos
“vitais”, as suas ruas são as veias que mantêm vivo este impressionante organismo.
Há inúmeros factos curiosos que se podem relatar sobre as ruas do centro
histórico de Guimarães, mas os factos mais importantes não podem ser relatados, são
aqueles que são vividos quando se percorre as ruas e se imagina os cenários de tempos
passados, com as gentes de antigamente, as suas roupas, os seus costumes e as suas
tarefas.
56 Guimarães Turismo (Acedido em 18-01-2011)
Ilustração 9 - Oliveira do Largo de Oliveira Fonte:
Autoria Própria
~ 21 ~
Ainda assim, existem alguns factos sobre estas ruas que merecem especial
relevo. Segundo António Azeredo, “muitas das ruas do centro histórico de Guimarães
receberam o nome dos mestres que nelas se acomodavam. (…) Cada mestre possuía a
sua própria confraria, o seu santo patrono, a sua capela”57
.
A verdade é que ao percorrer as ruas do centro histórico encontramos inúmeras
capelas, igrejas e santuários que apesar do seu aspecto simples, acarretaram, e
acarretam, a fé das gentes das suas ruas, que lhes dedicavam a sua devoção e o seu
tempo.
O mesmo autor refere ainda um outro aspecto importante, a atitude
relativamente às classes sociais que viviam no centro e à inexistência de uma separação
entre estas. “As ruas, apertadas dentro das muralhas, obrigatoriamente estreitas e
sinuosas, acolhiam as casas dos humildes artesãos, que ladeavam prédios de melhor
cariz, onde habitava o burguês acomodado ou rico, o clérigo, o nobre, o fidalgo, ou até
mesmo algum grande do reino. Mistura saudável de famílias de todos os meios sociais,
que reflectia um autêntico espírito de comunidade e de fraternidade”58
.
57
Azeredo (2007, P. 56) 58 Idem
Ilustração 10 - imagem de Santuário construído por moradores da Rua Nova
Fonte: Autoria Própria
~ 22 ~
Por fim, merece destaque o relato que diz que “nas ruas de Guimarães ainda
conseguimos perceber um pouco o que foi a chamada «idade de ouro dos
trabalhadores», época em que os operários chegaram a possuir quase todos casa própria,
muitas vezes com bastante dignidade, e um pouco de terreno”59
.
Na ilustração 11 é possível ver um pormenor de uma rua estreita do Centro
Histórico de Guimarães onde foi construída uma passagem entre duas casas de
diferentes lados da rua. Nesta rua, cujo nome o autor desconhece, existem cinco
passagens deste género, sendo duas visíveis na fotografia. Segundo informações obtidas
na audição do áudio-guia, nestas ruas as pessoas falavam umas com as outras de uma
janela para a outra sem que as pessoas que passavam na rua as ouvissem.
59 Azeredo (2007, P. 57)
Ilustração 11 - Pormenor de passagem entre duas casas em rua estreira Fonte: Autoria Própria
~ 23 ~
7. Análise: a gestão do Centro Histórico de Guimarães
Como foi referido anteriormente, o objectivo deste trabalho é testar uma
hipótese. É ela: O Centro Histórico de Guimarães segue as indicações da UNESCO para
manutenção de sítios classificados como Património Cultural da Humanidade?
De seguida iremos realizar uma análise às orientações descritas pela ICOMOS
na Publicação “Tourism at world heritage cultural sites: the site manager's hand
book”60
, como requisitos obrigatórios para a gestão de todos os sítios classificados de
Património Mundial, para verificar que estas estão a ser cumpridas no Centro Histórico
de Guimarães.
a. Filosofia de Gestão
A filosofia de gestão é o tópico mais complexo da gestão de um elemento
classificado como Património da Humanidade. Para começar, importa referir que para
além de o centro histórico estrar classificado como Património da Humanidade, muitos
dos edifícios que o compõem estão classificados, segundo a legislação nacional
portuguesa, como Monumento Nacional, Monumento de Interesse Municipal e
Monumento de Interesse Público.
Em Portugal, o organismo público que classifica, monitoriza, presta formação e
apoio técnico é o IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e
Arqueológico, IP). O IGESPAR é:
“um instituto público integrado na administração indirecta do estado,
prosseguindo as atribuições do Ministério da Cultura no âmbito do
património cultural arquitectónico e arqueológico. O IGESPAR, IP, foi
criado no âmbito do programa PRACE (Resolução do Conselho de
Ministros nº 124/2005 de 4 de Agosto), através do Decreto-Lei nº 96/2007
de 29 de Março, resultando da fusão do Instituto Português do Património
Arquitectónico e do Instituto Português de Arqueologia, incorporando
também parte das atribuições da extinta Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais”61
.
Segundo informações do Sítio na internet do IGESPAR, I.P., “No centro
histórico de Guimarães estão classificados 22 imóveis, conjuntos ou sítios (10
monumentos nacionais, 10 imóveis de interesse público e 2 imóveis de interesse
municipal). Encontrando-se 3 em vias de classificação.
60
ICOMOS (1993, P. 1-123) 61 IGESPAR (Acedido em 26-01-2011)
~ 24 ~
A cartografia disponibilizada engloba, para além da delimitação destes, as
respectivas servidões: zonas de protecção (13), zonas especiais de protecção (5), áreas
non aedificandi (vedadas à construção) (4)”62
.
Quanto ao Centro Histórico enquanto um todo, este encontra-se classificado
desde 2001 como Património Nacional de acordo com o N.º 7 do art.º 15 da Lei n.º
107/2001, de 8-09-2001, que diz que “Os bens culturais imóveis incluídos na lista do
património mundial integram, para todos os efeitos e na respectiva categoria, a lista dos
bens classificados como de interesse nacional”.
O Aviso n.º 15171/2010, DR, 2.ª série, n.º 147, de 30 de Julho de 2010 delimita
a zona inscrita na Lista de Património Mundial da UNESCO e a sua Zona Especial de
protecção (ZEP) (Ilustração 12).
Ilustração 12 - Área inscrita na lista do Património Mundial - Monumento Nacional e, zona tampão - Zona
Especial de protecção
Fonte: Aviso n.º 15171/2010, DR, 2.ª série, n.º 147, de 30 de Julho de 2010
62 IGESPAR (Acedido em 27-01-2011)
~ 25 ~
De seguida, vamos classificar o objecto em estudo segundo as definições da
Convenção do Património Mundial. Segundo as definições estabelecidas na referida
convenção, sobre Monumentos, Grupos de Edifícios e Sítios, o Centro Histórico de
Guimarães é um sítio pois resulta de “obras do homem, ou obras conjugadas do homem
e da natureza, e as zonas, incluindo os sítios arqueológicos, com um valor universal
excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico”63
.
Podemos referir que o aspecto diferenciador para o Centro Histórico de Guimarães é a
inclusão das “zonas” na definição de Sítios, pois o Centro Histórico de Guimarães não é
só um conjunto de edifícios históricos, é também os locais onde a história se passou,
quer seja o perímetro dentro das muralhas ou fora destas (batalha de S. Mamede).
Relativamente ao uso, e segundo as indicações da UNESCO, este deve sempre
ter em conta a preservação da malha urbana de forma a que esta seja preservada. É
necessário ainda ter em conta que o desenvolvimento comercial desregulado pode
acarretar impactos negativos para o sítio. Assim sendo, o uso deve ser sempre
inofensivo para o sitio e os seus monumentos e deve sempre que possível respeitar a
carga simbólica do lugar ou edifício. Por exemplo, uma igreja não deve ser
transformada num café, mas ser transformada em Museu é um uso aceitável.
Neste aspecto, o centro histórico de Guimarães cumpre as recomendações pois
os edifícios têm usos adequados e apropriados para a sua história: por exemplo, o
Castelo, o Paço dos Duques são visitáveis; as igrejas e capelas mantêm a sua função
religiosa; os museus permanecem abertos e visitáveis; os antigos Paços do Concelho são
sede da Entidade Turística Regional e, há edifícios ainda a serem habitados.
Relativamente a políticas de conservação, estas devem ser bem pensadas e
devem ter sempre em conta os estudos sobre este assunto. Um outro aspecto importante
a considerar é o impacto negativo que o turismo de massas pode ter no lugar, facto pelo
qual é necessário assegurar e respeitar a capacidade de carga de um sítio. Relativamente
a estes aspectos, e em entrevista realizada ao Dr. Vítor Marques do Turismo de
Guimarães, apurou-se que todas as intervenções no Centro Histórico e seus edifícios
têm sempre em conta as indicações da UNESCO e da Convenção de 1972, assegurando
assim o cumprimento das instruções sobre conservação; no que toca à capacidade de
carga, ou degradação do centro histórico devido a excesso de visitantes, é referido que
63 ICOMOS (1993, P. 73)
~ 26 ~
esta limitação não é actualmente necessária, mas que caso o seja é possível e já foram
realizados estudos sobre ela.
O tópico seguinte é a relação com a comunidade. Tendo em conta o enorme
sentimento de orgulho sentido pelos Vimaranenses devido à história de Guimarães,
podemos afirmar que a reabilitação do Centro Histórico e a sua posterior classificação
de Património Cultural da Humanidade é do agrado dos residentes. Ainda, no estudo
realizado em 2007 aos turistas pela Zona de Turismo de Guimarães64
, 24% dos
inquiridos referiram a hospitalidade dos Vimaranenses como o aspecto que mais lhes
agradou, comprovando assim uma vez mais a boa relação dos residentes com os
visitantes. Relativamente a programas que visem fomentar a identidade e o orgulho dos
residentes, a resposta dada em entrevista foi o desconhecimento destes programas, o que
leva a crer que os mesmos não existem.
Quanto aos visitantes do centro histórico, informações sobre o seu perfil irão ser
descriminadas mais à frente neste trabalho. Contudo, pode-se afirmar que existem
recursos que visem enriquecer a visita ao centro histórico, como o áudio-guia, mapas do
centro histórico e mapas da cidade e ainda, serviço de guias. Todos estes recursos
encontram-se preparados para públicos de diferentes nacionalidades e, no caso do
áudio-guia, para adultos e para crianças.
A capacidade de carga é um aspecto importante a ter em conta para preservar um
sítio histórico ou monumento. Conforme já foi referido anteriormente, não se sabe ao
certo da existência ou extensão de um estudo de capacidade de carga para o Centro
Histórico de Guimarães, mas em entrevista, o Dr. Vítor Marques afirma não ser
necessária actualmente a limitação do número de pessoas no Centro Histórico, mas caso
seja necessária esta será possível
No que diz respeito a acessos, todos os acessos ao Centro Histórico foram alvo
de reabilitação e encontram-se em excelente estado; o mesmo pode ser dito
relativamente aos espaços públicos. Vale a pena acrescentar que a visita de pessoas com
mobilidade reduzida é possível mas com algumas limitações, devendo-se ao facto de
que as ruas são em paralelos e à inexistência de rampas em alguns locais.
No que toca a questões de segurança, o Dr. Vítor refere que houve apenas uma
situação relativa ao furto de placas de sinalização no centro histórico, mas que à
excepção deste caso único, o Centro Histórico é perfeitamente seguro. A segurança é
64 Zona de Turismo de Guimarães (2007, P. 10)
~ 27 ~
um aspecto muito apreciado pelos visitantes e que influencia a sua escolha de destino;
assim sendo, Guimarães apresenta-se como uma excelente opção de visita. A segurança
é importante para os visitantes, mas também é importante para a segurança e
preservação dos elementos classificados. Os actos de criminalidade/vandalismo
encontrados estavam apenas presentes em placas informativas, como é o caso das placas
da Capela de S. Miguel (Ilustração 13) e do Castelo de Guimarães (Ilustração 14), e não
nos próprios monumentos, revelando assim os perpetuadores algum cuidado na escolha
dos materiais a “estilizar”.
Quanto ao último aspecto das filosofias de gestão, e que diz respeito aos serviços
à disposição dos visitantes, vale a pena referir a inexistência de serviços de Multibanco,
onde os turistas possam efectuar levantamento de dinheiro para proceder ao pagamento
das suas despesas. Para tal os visitantes têm de se deslocar até fora do Centro Histórico.
Quando a sanitários, existe um bloco de sanitários públicos a cerca de 300 metros do
Paço dos Duques, mas estes são inexistentes no centro histórico. No que diz respeito a
restaurantes e cafés o centro histórico encontra-se bem servido, dispondo de inúmeros
estabelecimentos que podem servir uma deliciosa refeição no cenário medieval do
Ilustração 14 - Placa informativa do Castelo de Guimarães Fonte: Autória Própria
Ilustração 13 - Placa Informativa da Capela de S. Miguel Fonte: Autoria Própria
~ 28 ~
centro histórico. Relativamente a alojamento, no coração do centro histórico encontra-se
a Pousada de Oliveira, mas na cidade de Guimarães há outras alternativas para vários
tipos de clientes. Para 2012, está prevista a abertura de mais 3 hotéis de quatro
estrelas65
; segundo Dr. Vítor Marques, esta era a maior necessidade em termos de infra-
estruturas para a cidade de Guimarães.
b. Processo de Planeamento
O processo de planeamento é um outro elemento importante na gestão de sítios
classificados de Património da Humanidade. Segundo a publicação da ICOMOS, o
principal objectivo de classificar um Sítio como Património da Humanidade é o de
preservar os valores pelo qual foi inserido na Lista do Património Mundial. Assim
sendo, a Convenção de 1972 exige às nações que criem um plano de gestão para os
sítios que candidatarem a Património da Humanidade.
Aquando da apresentação da candidatura do Centro Histórico a Património da
Humanidade foi criado um dossier que contêm toda a recolha de informação útil sobre o
Centro Histórico, incluindo uma listagem descriminada dos elementos nele inseridos66
.
Segundo entrevista ao Dr. Vítor, a responsável técnica pelo Centro Histórico é a
Arquitecta Alexandra Gesta, também Vereadora da Câmara Municipal de Guimarães, e
são realizadas acções de monitorização frequentes para detectar necessidades na
conservação de edifícios e espaços já intervencionados. Apurou-se que existe um plano
de manutenção e intervenção que determina a gestão e acompanhamento do Centro
Histórico. Sabe-se ainda que todos os planos relacionados com o Centro Histórico são
acompanhados por uma equipa multidisciplinar e que são sempre tidas em conta as
indicações da UNESCO, ICOMOS e da Convenção de 1972. A gestão do Centro
Histórico falha na medida em que não informa a UNESCO de todas as intervenções que
pretende realizar nem solicita a sua monitorização.
Na Ilustração 15, onde se pode ver visivelmente a delimitação do Centro
Histórico.
65 Jornal Público (Acedido em 26-01-2011) 66 Cruz, Pregitzer (2002, P. 7)
~ 29 ~
A relação entre a gestão do Centro Histórico e do turismo com a comunidade é
boa. Segundo o Dr. Vítor Marques, os Vimaranenses estão contentes com a
Classificação do Centro Histórico. Foi ainda realizado um estudo à população de
Guimarães que visou avaliar a sua percepção sobre o Turismo na cidade. As principais
conclusões apontam para a satisfação da população com a presença de visitantes. Uma
das questões, “O Turismo é bom para Guimarães?”, obteve 98,2% de respostas
positivas67
.
No que toca a planeamento turístico, este está a cargo do Dr. Vítor Marques, do
Turismo De Guimarães. Conforme já foi referido anteriormente, no Centro Histórico
existe à disposição dos visitantes alojamento, serviços de restauração, museus e dois
Postos de Turismo com recursos para prestar todo o tipo de esclarecimentos e ajudar na
interpretação do Centro Histórico. A travessia de viaturas no centro histórico está
condicionada e mesmo proibida em algumas ruas, facto que apenas beneficia o mesmo.
Contudo, e na praça em frente à Igreja da Misericórdia, o espaço público serve de
67 Zona de Turismo de Guimarães (s.a.)
Ilustração 15 - Mapa com delimitação do Centro Histórico Fonte: Gesta (2007)
~ 30 ~
estacionamento, factor que diminui a beleza do local e dos pontos de interesse à volta
desse mesmo espaço (ilustração 16).
Ilustração 16 - Estacionamento no largo em frente à Igreja da Misericórdia
Fonte: Autoria Própria
Apesar de todas as ruas, acessos, praças e largos do Centro Histórico estarem em
excelentes condições, não existem transportes públicos que possam servir turistas,
visitantes e até residentes. Desta forma, as pessoas são mesmo obrigadas a atravessar
todo o centro histórico a pé para visitar determinado elemento, factor que pode demover
as pessoas de efectuar essa visita. Segundo o estudo dos Postos de turismo, 40% dos
visitantes têm mais de 41 anos68
, e um serviço público de transportes poderia ser muito
valorizado por estes visitantes.
c. Pessoal e orçamento
O tópico seguinte é Pessoal e Orçamento. No que diz respeito ao pessoal, não se
conseguiu apurar todos os cargos existentes, mas segundo informações do Dr. Vítor
Marques, existem recursos humanos qualificados e em número suficiente para as
necessidades do centro histórico.
68 Zona de Turismo de Guimarães (2007, P. 5)
~ 31 ~
No que diz respeito a Museus e monumentos visitáveis, todos possuem
funcionários para atendimento ao público. A falta que se detecta é ao nível de
seguranças ou mesmo de sistemas de segurança, por exemplo câmaras de vigilância, no
Castelo de Guimarães. O mesmo não se passa no Paço dos Duques, pois em quase todas
as salas visitáveis podemos encontrar um funcionário que nos orienta na visita mas
também vigia as acções dos visitantes. Quanto ao Centro Histórico, e durante a visita
que o autor realizou ao mesmo, foi visível a presença de um agente da Policia Municipal
apenas numa das ruas. As entidades locais poderiam fazer melhor uso da Policia
Municipal, que se encontra sediada no Largo Condessa do Juncal, para esta patrulhar as
ruas do centro histórico, transmitindo desta forma aos visitantes uma sensação extra de
segurança. De criticar contudo, que a Policia Municipal funciona apenas entre as 07:00
e as 15:0069
.
Para prestar informações aos visitantes, existem em Guimarães dois Postos de
Turismo com funcionárias qualificadas para prestar todo o tipo de informações de forma
profissional e atenciosa. O aspecto negativo relativamente aos Postos de Turismo é que
estes encerram às 13:00 horas aos Domingos, dia de grande afluência de visitantes ao
centro histórico (Ilustração 17).
Ilustração 17 - Fotografia do horário de funcionamento dos Postos de Turismo
Fonte: Autoria Própria
69 Município de Guimarães (Acedido em 17-01-2011 (2))
~ 32 ~
Numa primeira visita do autor ao centro histórico, este chegou ao posto de
turismo às 13:05, sendo que já não pode efectuar a visita ao centro histórico com áudio-
guia; não foi possível efectuar sequer a visita ao centro histórico porque não possuía
qualquer material de interpretação (manual ou mapa), não há placas nos monumentos e
o máximo que possuíam no Paço dos Duques era um mapa da Cidade. Por outro lado,
de louvar o horário de abertura do Paço dos Duques, Castelo de Guimarães e de todos
os Museus pois encontram-se abertos aos Domingos e até às 17/18 horas70
. Merece
ainda especial referência o facto de que o Museu Alberto de Sampaio se encontra aberto
das 10 horas às 24 horas entre Julho e Agosto71
, proporcionando assim aos seus
visitantes uma experiência diferente.
No que diz respeito aos serviços de manutenção, estes estão devidamente criados
e articulados, de forma a manter as ruas limpas e os jardins aprumados. De facto, numa
das visitas a Guimarães o Autor encontrou funcionários a tratar de um dos jardins
(Ilustração 18).
Ilustração 18 - Funcionários a cuidar um dos jardins do Centro Histórico
Fonte: Autoria Própria
70
Município de Guimarães (Acedido em 17-01-2011 (3)) 71 idem
~ 33 ~
No que toca ao orçamento do Centro Histórico, e tendo este um conjunto de
edifícios visitáveis e de Museus, não foi possível com o pouco tempo disponível para as
visitas apurar qual o uso das receitas com bilhetes. Contudo, e na entrevista realizada ao
Dr. Vítor Marques, os fundos para manutenção do Centro Histórico provêm de fundos
privados e de programas do Governo Português, quando estes estão disponíveis. Apesar
da existência destes fundos, o próprio Dr. Vítor admite que em alguns casos os fundos
são insuficientes para as necessidades de gestão do Centro Histórico.
Merece especial referência o facto de que há incentivos financeiros que visam
incentivar os proprietários privados a reabilitar as suas propriedades e ainda, apoio
técnico por parte da autarquia e do GTL. A influência destes factores é constatada
quando verificamos que mais de 200 edifícios foram restaurados por iniciativa
privada72
, contribuindo assim para a rápida restauração do Centro Histórico enquanto
um todo.
d. Imagem e Marketing / Programa de Promoção
A classificação de PCH confere ao Centro Histórico de Guimarães um
reconhecimento do seu valor cultural para o Mundo. Assim sendo, este pode ser um
valioso recurso para o turismo se devidamente aproveitado, isto é, este deve ser
divulgado para que a sua existência e singularidade possa atrair visitantes.
“Para fins promocionais, o património é um produto no mercado mundial e que
tem de ser descrito correctamente, mas de forma entusiasmante, para atrair
visitantes.73
”
Apesar de nas Orientações da publicação da ICOMOS ser referida a importância
da projecção de uma imagem adequada para promover os sítios classificados como
PCH, não existe um plano de Marketing e de promoção para o Centro Histórico de
Guimarães. A promoção do Centro Histórico é realizada em conjunto com toda a Zona
de Turismo de Guimarães, não se dando especial relevo a esta prestigiosa classificação.
Um dos factores que leva a este lapso poderá ser a preocupação com a preparação para o
evento Capital Europeia da Cultura que irá decorrer em Guimarães durante o ano de
2012.
72
Cruz, Pregitzer (2002, P. 12) 73 ICOMOS (1993, P. 103)
~ 34 ~
No vídeo realizado para promover o Evento Guimarães CEC 2012, não há uma
única referência à classificação de PCH, factor que poderia despertar o interesse de mais
visitantes e alertá-los para a riqueza desta cidade.
Analisando as páginas na internet do Município de Guimarães e do Turismo de
Guimarães é possível tecer algumas considerações. O símbolo criado pela Convenção
de 1972 para os Sítios e monumentos classificados como PCT está presente em ambas
as páginas. Na página do Município, o símbolo de PCH está no logótipo, lugar de
destaque (Ilustração 19); já na página do Turismo de Guimarães o símbolo está ao
fundo e com uma cor que lhe confere pouco destaque (Ilustração 20).
É possível ainda verificar a presença de uma torre na palavra “Guimarães”,
referência clara ao Castelo da cidade. Apesar da importância histórica do Castelo para
Guimarães, e para Portugal, esta referência transmite ao visitante a ideia de que
Guimarães tem apenas como recurso de valor, ou o mais importante, o Castelo,
passando uma ideia incorrecta e incompleta da riqueza cultural da cidade e do seu
interesse turistico.
Ainda assim, a opinião do Dr. Vitor é de que a classificação do Centro Histórico
como PCH está a ser devidamente aproveitada para fins turísticos. Assim sendo, não vê
a necessidade de criar um plano ou medidas extra para promover o Centro Histórico.
Resta apenas referir que não se encontrou referência a eventos especificos para o
Centro histórico, segundo o Dr. Vitor, “existe uma estratégia de promoção e
desenvolvimento das actividades culturais no concelho onde está inserido o Centro
Histórico” (Apêndice 10. a).
Ilustração 20 - Pormenor da página na internet do Turismo de Guimarães Fonte: http://www.guimaraesturismo.com
Ilustração 19 - Pormenor da página na internet do Município de Guimarães Fonte: http://www.cm-guimaraes.pt
~ 35 ~
e. Analise dos Visitantes
Vamos agora fazer uma análise aos visitantes de Guimarães. Estas informações
ajudam a estabelecer um perfil do visitante de Guimarães e com esse perfil é possível às
entidades locais definirem acções a tomar por forma a aumentar a satisfação dos
visitantes.
As informações que vão ser apresentadas foram obtidas através de um estudo
realizado em 2007 pelo Turismo de Guimarães (Anexo 11. a). O estudo consistiu em
680 inquéritos realizados aos visitantes dos Postos de Turismo, tendo sido utilizada
como técnica de pesquisa a entrevista pessoal e directa aos mesmos.
“Este trabalho permite-nos desenvolver e adaptar a nossa intervenção na área
da promoção e qualificação da oferta turística”74
.
O estudo tinha como objectivos “definir o perfil do turista que visita Guimarães,
detectar os seus gostos, preferências e expectativas em relação ao destino, bem como
avaliar o eu grau de satisfação.75
”
Segundo os resultados obtidos no estudo, 82% dos visitantes tinha entre 26 e 65
anos, pertencendo à população activa, com especial relevância para o grupo etário entre
os 26 e os 40 anos (46%). Relativamente ao nível de escolaridade, 79% dos visitantes
possui formação superior, o que comprova que Guimarães é um destino associado ao
“património e cultura e atrai um tipo de turista qualificado e de camadas sociais mais
elevadas”76
. No que diz respeito ao número de visitantes, 58% destes viajam em casal,
mas 31% dos visitantes viaja com familiares ou amigos, demonstrando que Guimarães é
um destino familiar e convidativo para viagens em grupo.
Relativamente à nacionalidade dos visitantes, os dados revelaram mais de 40
nacionalidades, sendo que 84% pertenciam ao Continente Europeu. De entre os
visitantes europeus, os países com maior incidência eram Espanha e Portugal com 44%
e 20% respectivamente. É interessante que Espanha seja a origem de mais visitantes do
que Portugal, mas o aspecto positivo é que Guimarães ainda pode apostar e crescer no
turismo interno e cativar portugueses a conhecer o “berço da nacionalidade”. Guimarães
deve também apostar na promoção em Espanha, pois é um mercado com enorme
potencial e com uma relação muito próxima com Portugal.
74 Zona de Turismo de Guimarães (2007, P. 2) 75
Idem, 76 Ibidem (P. 3)
~ 36 ~
Quanto ao tempo que os visitantes despendem em Guimarães, 60% dos
visitantes permanece em Guimarães menos de 10 horas, e este é um aspecto que pode
ser negativo. Se um sitio classificado como PCH é um enorme recurso economico e
cultural77
pois atrai visitantes e estes podem gerar receitas e contribuem para o
desenvolvimento economico, é necessário que estes permaneçam no local tempo
suficiente para que possam gastar dinheiro.
À questão “dorme em Guimarães?”, apenas 36% dos inquiridos responderam
afirmativamente, indo de encontro às conclusões traçadas na questão anterior.
Relativamente à duração da estadia, 42% dos visitantes permanece uma noite, 33%
permanece duas noites e 25% permanece 3 ou mais noites.
Quanto às razões que levaram os visitantes a deslocar-se até Guimarães, 34%
dos inquiridos referiu o interesse cultural da cidade, 19% dos casos foram sugestões de
familiares e amigos, 14% deve-se à leitura de guias turísticos e em 8% foi devido a uma
visita anterior. Para ir de encontro à analize traçada sobre a falta de um plano de
promoção, é possível verificar que apenas 2% dos visitantes de devem a campanhas
publicitárias ou a programas de televisão e rádio.
Relativamante aos locais que os inquiridos já tinham visitado no momento da
entrevista, maior ocorrência para o Castelo de Guimarães (23%), o Paço dos Duques de
Bragança (20%), a Igreja da Senhora da Oliveira (17%) e para a Capela de S. Miguel
(25%). Considerando a proximidade geográfica do Castelo de Guimarães, da Capela de
S. Miguel e do Paço dos Duques, 58% dos visitantes tinha visitado os elementos mais
conhecidos e emblemáticos de Guimarães. Mas como já foi referido anteriormente,
existem outras construções merecedoras de atenção, que poderiam completar e
prolongar a estadia dos turistas.
Quanto aos locais que os inquiridos ainda não haviam visitado, mas pretendiam
ainda visitar, especial atenção mais uma vez para o Castelo de Guimarães e para o Paço
dos Duques (16% cada um), a Capela de S. Miguel (13%). Desta vez, a Igreja de
Oliveira encontra-se contrabalançada com 11% com a Igreja de S. Francisco e a Igreja
dos Santos Passos (ou de São Gualter). A presença da Igreja dos Santos Passos nas
intenções de visita dos inquiridos não é surpresa devido às famosas festas Gualterianas
que decorrem em Agosto. Vale a pena referir que 9% pretende ainda visitar o Museu
Martins Sarmento e que apenas 1% tenciona visitar outros monumentos.
77 ICOMOS (1993, P. 103)
~ 37 ~
No que se refere ao aspecto que mais agradou aos visitantes, 44% refere o
Centro Histórico, 24% elogiou a hospitalidade dos Vimaranenses e 19% os
monumentos e museus. Os 19% atribuidos sobre a Hospitalidade dos Vimaranenses
atesta a boa relação existente entre a comunidade e os visitantes, também já referida
anteriormente.
Quanto aos aspectos que menos agradaram aos visitantes, apenas 6,2%
respondeu, referindo-se sobretudo às dificuldades de transito e às dificuldades de
estacionamento. Estas últimas, também já haviam sido referidas na Filosofia de Gestão.
Quando questionados sobre se já haviam visitado Guimarães, 61% dos
inquiridos respondeu que era a primeira vez que visitava a Cidade e 39% respondeu que
já tinham visitado Guimarães anteriormente.
Por fim, e relativamente à intenção de voltar novamente, 81% indica a intenção
de voltar a Guimarães, 10% diz que não vai voltar e 9% indicou estar indeciso. O
pesado resultado atribuido à intenção de voltar (81%) indica que os visitantes ficam
muito satisfeitos com a experiencia obtida, e como tal podem recomendar o destino a
Familiares ou amigos.
f. Deslocamento dos visitantes e acessos
Para que o Centro Histórico de Guimarães possa ser apreciado e valorizado por
visitantes, é necessário que estes tenham condições atractivas para se deslocarem até
este e, uma vez em Guimarães, que tenham acessos e meios para se deslocarem pela
cidade.
Guimarães beneficia com a sua proximidade a um dos melhores aeroportos da
Europa, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que lhe permite receber visitantes de todo o
mundo. O aeroporto Francisco Sá Carneiro, com o seu elevado volume de passageiros, é
também um óptimo local para colocar informações sobre Guimarães e o seu Centro
Histórico e imagens que possam cativar possíveis visitantes.
Um outro modo de transporte é o comboio. Guimarães possui uma estação de
Caminhos-de-ferro que pode ser utilizada pelos visitantes para se deslocarem
confortavelmente até à cidade enquanto usufruem da fantástica paisagem minhota.
Guimarães possui também uma estação de Camionagem. Quer seja de autocarro, quer
seja de comboio, visitantes nacionais e estrangeiros podem deslocar-se tranquilamente
até Guimarães, podendo depois alugar um táxi ou caminhar até ao centro histórico.
~ 38 ~
Para quem prefere utilizar viatura própria, Guimarães está servida por duas auto-
estradas, a A7 e a A11, que se encontram em óptimas condições.
Embora não esteja directamente relacionado com o Centro Histórico, Guimarães
está equipada com um teleférico que pode transportar os visitantes até ao cimo do
Monte da Penha, de onde se obtêm uma vista de grande beleza.
No que toca a aspectos negativos, Guimarães tem um problema de falta de
estacionamento, que leva a que por vezes se encontrem carros em cima dos passeios e à
frente de monumentos. Para os visitantes, é um aspecto marcante da visita, pois leva a
que estes tenham de percorrer a cidade à procura de um espaço para poderem
estacionar. O Campo de S. Mamede, atrás do Castelo de Guimarães, lugar da épica
batalha, é frequentemente utilizado como estacionamento, este é um uso pouco
dignificante para um lugar com tanto valor histórico. Ainda assim, este é apenas
utilizado por alguns felizardos que o conhecem ou o descobrem, os restantes têm
mesmo de procurar na cidade.
Em entrevista ao Dr. Vítor Marques, este respondeu que o centro histórico está
visitável, mas com algumas limitações, para pessoas com mobilidade reduzida. Ao
percorrer as ruas do centro histórico damo-nos conta da ausência de rampas nos lancis
dos passeios que possam ajudar uma cadeira de rodas a passar a estrada. A ausência de
um transporte público que possa levar pessoas com mobilidade reduzida até ao centro
pode também ser um aspecto negativo, uma vez que não há muito estacionamento e
algumas ruas têm a travessia proibida. A criação de um tipo de transporte especial para
os centros históricos é aconselhada pela ICOMOS78
, “meios especiais de transporte (…)
reduzem a poluição e ruído, aliviam o desgaste do sítio. Eles ajudam ainda a controlar
multidões, e os visitantes gostam deles pela sua qualidade pitoresca”. Um exemplo de
transporte público que poderia ser colocado ao serviço dos visitantes, mas também dos
residentes, e que se encontra nos centros históricos de algumas cidades, é um mini-
autocarro.
Relativamente a sinalização, encontram-se pela cidade placas direccionais para o
Castelo de Guimarães e para o Paço dos Duques, mas nenhuma que indique onde é o
Centro Histórico ou por onde podem os visitantes entrar neste. Muito importante ainda
seria a colocação de placas direccionais que indiquem zonas onde os visitantes possam
estacionar o seu veículo para que depois possam proceder à visita a pé.
78 ICOMOS (1993, P. 56)
~ 39 ~
g. Serviços para os visitantes
Neste capítulo vamos abordar os serviços criados para os visitantes. Assim, e
para ir de encontro às orientações da ICOMOS (1993, p. 59) os serviços vão antecipar
as necessidades básicas de qualquer visitante.
Vamos começar com o alojamento. Guimarães está equipada com diversos
hotéis de 4,3 e 2 estrelas, duas Pousadas de Portugal, uma Pousada da juventude,
Turismo de Habitação e Turismo no Espaço Rural, unidades de Alojamento Local e
Parques de Campismo79
. Desta forma, Guimarães encontra-se equipada com serviços de
alojamento para todos os gostos e tipos de clientes, tal como sugerido no manual
Tourism at World Heritage Cultural Sites, em que é dito que “os visitantes de sítios
culturais necessitam de um leque de tipos de alojamento, desde hotéis de luxo a Parques
de Campismo”.
Segundo entrevista ao Dr. Vítor Marques, a maior necessidade em termos de
infra-estruturas em Guimarães refere-se a mais oferta hoteleira. A supressão desta
necessidade está já em curso, uma vez que se prevê a abertura de três novos hotéis em
Guimarães já em 201280
.
No que diz respeito à restauração, Guimarães possui diversos restaurantes, com
várias tipologias de pratos, pelo que possui oferta suficiente neste aspecto. No próprio
centro histórico existem alguns restaurantes que podem providenciar uma refeição
acolhedora aos seus clientes, ao mesmo tempo que estes desfrutam da singularidade das
construções e do ambiente hospitaleiro do centro histórico.
No que diz respeito a contentores do lixo, existem poucos, mas apesar deste
pormenor, a limpeza das ruas é evidente, comprovando a eficácia dos serviços
camarários de limpeza das ruas (Ilustração 20).
79
Guimarães Turismo (Acedido em 27-01-2011) 80 Jornal Público (Acedido em 26-01-2011)
~ 40 ~
Ilustração 21 - Serviços camarários a efectuar limpeza no Centro Histórico
Fonte: Autoria Própria
Relativamente a serviços de sanitários, estes não existem no centro
histórico. No local retratado na Ilustração 22, o odor a urina aliado com o odor de águas
paradas provoca no visitante uma enorme vontade de fugir depressa daquele local.
~ 41 ~
Ilustração 22 - Local junto ao arquivo municipal de Guimarães
Fonte: Autoria Própria
Por fim, e no que diz respeito a objectos que os visitantes possam comprar,
existem no centro histórico diversas lojas com lembranças e até peças de artesanato
regional.
h. Plano de interpretação
Antes de avançar para o plano de interpretação do Centro Histórico de
Guimarães, importa começar por definir o que é interpretação.
Segundo a Carta Internacional para a Interpretação e Apresentação de Sítios
Património Cultural da ICOMOS, interpretação refere-se a toda a gama de potenciais
actividades destinadas a aumentar a consciência pública e melhorar a compreensão do
património cultural. Estas podem incluir publicações impressas e electrónicas,
apresentações públicas, no local e em instalações directamente relacionados com o sitio,
programas educacionais, actividades comunitárias e, investigação, formação e avaliação
do próprio processo de interpretação”81
.
81 ICOMOS (Acedido em 27-01-2011)
~ 42 ~
No que diz respeito então ao plano de interpretação do Centro Histórico de
Guimarães, e segundo informações obtidas em entrevista ao Dr. Vítor Marques, existem
suportes impressos e audiovisuais disponíveis em sete línguas, e encontram-se
disponíveis nos Postos de Turismo, podem ser enviados por correio e podem ainda ser
descarregados do sítio na internet do Turismo de Guimarães. Os recursos disponíveis
incluem um guia da cidade (gratuito), um mapa para uso com o audioguia (o aluguer
tem um custo de 5€ e exige uma caução de 50€) e diversas publicações que podem ser
compradas no posto de turismo e em outras lojas de Guimarães. Quando questionado
sobre a clareza e acessibilidade da linguagem nos diversos recursos o Dr. Vítor afirma
que esta se encontra disponível para todos os visitantes.
Nos dois postos de turismo estão funcionárias qualificadas, e que podem prestar
todos os esclarecimentos e recomendações requeridos pelos visitantes. O funcionamento
dos Postos de Turismo falha na questão dos seus horários de funcionamento, uma vez
que estes fecham ao Domingo às 13h (Ilustração 16), conforme já foi referido
anteriormente. Desta forma, não há soluções alternativas para os visitantes poderem
adquirir guias e mapas que os possam auxiliar na visita ao Centro Histórico.
Verificou-se ainda a inexistência de painéis interpretativos nos monumentos, que
pudessem identificá-los e prestar informações sobre estes. Quando questionado sobre
esta questão, o Dr. Vítor referiu que os painéis anteriores foram vandalizados e por esse
motivo retirados, e que estariam a ser desenvolvidos novos painéis preparados para
interagir com dispositivos móveis.
O sítio na internet do Turismo de Guimarães está bem concebido, pois apesar de
ser um pouco confuso, contêm imensa informação sobre o Centro Histórico e ainda
sugestões/soluções para efectuar a visita. No sítio é possível descarregar o ficheiro do
audioguia e que pode ser utilizado nos telemóveis dos visitantes. Também contêm
sugestões de percursos pedestres e contactos de Guias intérpretes que podem efectuar
uma visita/interpretação do Centro Histórico com os visitantes. Ainda no sítio na
internet do Turismo de Guimarães existe uma versão para invisuais, mas esta consta
apenas de textos com as informações disponíveis no sítio, e não de meios que possam
ser utilizados por invisuais, que como o próprio nome indica, não podem ser.
Por fim, importa referir que existem diversos mapas espalhados pelo Centro
Histórico (Ilustração 23 e 24). Podemos referir que a existência e as localizações destes
mapas são de grande utilidade para os visitantes, contudo existem alguns aspectos
negativos a apontar sobre estes. Em primeiro lugar, são mapas cuja numeração difere da
~ 43 ~
numeração de todos os outros mapas que são cedidos nos Postos de Turismo, não
servido então para comparação ou melhoria da leitura dos mesmos, podendo até criar
confusão nos visitantes. Em segundo lugar, e como é visível na ilustração 24, alguns
encontram-se danificados e a necessitar de intervenção.
i. Programa de manutenção
Relativamente ao programa de manutenção, o que podemos dizer é que é
efectuada limpeza constante do Centro Histórico e, de facto, o autor deste trabalho não
encontrou lixo no chão das ruas. O Dr. Vítor na sua entrevista confirma a execução
frequente da limpeza das ruas. Podemos mesmo referir novamente a consulta à
Ilustração 20, em que é visível a realização da limpeza das ruas e espaços públicos.
Quanto aos espaços verdes, foi igualmente visível a manutenção destes, com
diversos funcionários a cortar a relva e a cuidar das plantas (ilustração 25).
Ilustração 24 – Pormenor do Mapa disposto no Centro Histórico Fonte: Autoria Própria
Ilustração 23 - Mapa disposto pelo Centro Histórico Fonte: Autoria Própria
~ 44 ~
Ilustração 25 - Manutenção dos jardins e espaços públicos
Fonte: Autoria Própria
Foi também questionado ao Dr. Vítor se era realizado o acompanhamento aos
edifícios e espaços que já foram intervencionados. A resposta foi positiva, contudo, a
presença de vegetação em diversos edifícios atesta o contrário (Ilustração 26, 27 e 28).
Ilustração 26 - Vegetação no telhado do Convento do Carmo
Fonte: Autoria Própria
~ 45 ~
Ilustração 27 - Pormenor de vegetação na Torre da Praça do Toural
Fonte: Autoria Própria
Ilustração 28 - Base do Cruzeiro lateral ao Museu Alberto Sampaio
Fonte: Autoria Própria
~ 46 ~
Importa, para finalizar este tópico, referir o Plano de intervenção previsto para o
Paço dos Duques e para o Castelo de Guimarães (Anexo 1).
Segundo a Guimarães TV, “A intervenção que abrange o Castelo de Guimarães,
Paço dos Duques, bem como os espaços exteriores envolventes, enquadra-se no âmbito
da Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura e está orçada em 2 milhões de euros,
com um financiamento de 80% de fundos comunitários”82
.
A intervenção abrange acções ao nível de:
Arranjo urbanístico do Monte Latito;
Conservação do Paço dos Duques;
Melhoria das acessibilidades para o Paço dos Duques;
Instalação de sistemas de segurança no Paço dos Duques;
Conservação do Castelo de Guimarães;
Melhoria das condições de segurança no Castelo;
Criação de Estruturas de apoio à visita do Castelo.
j. Planeamento urbano e Cidades Património da
Humanidade
Relativamente ao planeamento urbano, e reutilizando temas abordados
anteriormente, podemos referir a necessidade de mais estabelecimentos hoteleiros e cuja
necessidade já está a ser suprida com a construção de três hotéis de quatro estrelas até
2012. Podemos ainda referir a necessidade de sanitários no centro histórico, para melhor
servir os visitantes.
No que concerne às ameaças, importa ter em conta a capacidade de carga do
centro histórico, para que um número ideal de visitantes possa usufruir do Centro
Histórico mas sem o danificar. O Dr. Vítor refere em entrevista que de momento não há
necessidade de limitar o número de visitantes, mas se tal necessidade surgir um plano
será imediatamente elaborado e posto em acção.
Por fim, de louvar as declarações do Dr. Vítor, que quando questionado sobre o
término das obras no Centro Histórico respondeu “trata-se de um centro histórico vivo,
nunca o trabalho estará terminado”. Esta resposta evidencia a consciência do Município
de Guimarães para o facto de que o planeamento e acompanhamento do Centro
Histórico são uma preocupação constante.
82 Guimarães TV (Acedido em 26-01-2011)
~ 47 ~
8. Conclusão
Com base na análise realizada, podemos tecer algumas conclusões e,
posteriormente listar algumas recomendações.
O centro histórico de Guimarães é um conjunto notável de edifícios com um
enorme valor histórico e cultural, constituindo de tal forma um conjunto singular, que
em 2001 mereceu a classificação de Património Cultural da Humanidade.
Enquanto Património Cultural da Humanidade é um recurso de elevado interesse
para o turismo, pois é de elevada atractividade para os turistas e visitantes com interesse
em destinos culturais.
Para dar resposta à hipótese que foi levantada, a aplicação das normas
estabelecidas pela UNESCO, ICOMOS e presentes na Convenção de 1972 não estão a
ser seguidas na totalidade. Alguns aspectos que podemos enunciar prendem-se com o
facto de a UNESCO não ser notificada de todas as intervenções realizadas e solicitada a
sua monitorização; outros aspectos dizem respeito á ausência de alguns planos
recomendados, tal como um plano de marketing ou promoção; falta ainda a
implementação de um plano de manutenção, ou a execução mais eficaz do actual, pois
encontram-se alguns monumentos com vegetação ou sinais claros de desleixo.
De seguida iremos listar algumas recomendações que visam melhorar a
manutenção do centro histórico e oferecer uma melhor experiência aos seus visitantes.
a. Recomendações
A primeira sugestão é relativa à criação de um meio de transporte especial para
deslocar visitantes, e residentes, pelo centro. Este meio de transporte, recomendado pela
ICOMOS (1993) para Cidades Classificadas poderia deslocar os visitantes dentro da
cidade sem que estes sentissem a necessidade de utilizar a sua viatura própria,
adoptando assim uma postura mais ecológica e saudável. A própria visita iria ser
diferente; a determinada altura a gravação do audioguia diz “vamos pedir-lhe que
continue a subir (…) as pernas começam a ressentir-se da caminhada mas continue em
frente que vale a pena”. Se é um dado adquirido que o percurso é cansativo, auxiliar na
deslocação dos visitantes só poderia ser benéfico.
Se seguida, relembra-se a necessidade de mais locais de estacionamento. O
único local para estacionamento com alguma dimensão é o Largo de S. Mamede onde
se realiza a Feira Semanal. Apesar de este não ser um uso digno do local, este é de facto
~ 48 ~
a única opção. Às Sextas-feiras, quando a Feira ocupa todo o largo, estacionar em
Guimarães torna-se caótico.
Apesar de frente ao Paço dos Duques existirem sanitários em boas condições, no
Centro Histórico estes não existem. A única alternativa dos visitantes é depender da boa
vontade de proprietários de restaurantes e cafés, para que os deixem utilizar as suas
instalações.
No que diz respeito aos Postos de Turismo, o seu horário de funcionamento
deveria ser alargado aos domingos, pois é um dia de lazer em que muitas pessoas vão
passear com a sua família ou grupo de amigos. As informações presentes nos recursos
disponibilizados pelos postos de turismo (mapas, guias, audioguia) necessitam de ser
actualizadas, pois contêm informações erradas sobre horários de funcionamento de
alguns edifícios, convidam a visitar edifícios que se encontram fechados para visita e,
por exemplo, convidam a visitar uma exposição nos antigos Paços do Concelho que já
não se encontra lá. Os recursos impressos dos postos de turismo poderiam ser
distribuídos também nos hotéis da cidade e em edifícios que se encontrem abertos
(Museus, Paço dos Duques, Castelo de Guimarães) pois muitos turistas solicitam
informações sobre o que podem visitar na recepção do hotel onde estão a pernoitar ou
em serviços que se encontrem abertos.
Seria também adequada a colocação de painéis interpretativos nos monumentos
do Centro Histórico que possam identificar o monumento (a sua designação e número
correspondente nos mapas) e conter informações sobre o mesmo. Estes painéis
interpretativos encontram-se já a ser desenvolvidos e espera-se que sejam colocados
brevemente.
Um aspecto negativo e que diminui a beleza dos edifícios são os fios eléctricos
que os cruzam. Na ilustração 29 é visível um fio eléctrico a passar no meio da fachada
de uma igreja e na ilustração 30 estão retratados fios eléctricos junto a uma peça de
azulejo que os visitantes são convidados a observar pelo audioguia. Decerto que não é
tarefa fácil, mas deveria ser possível colocar os fios eléctricos mais escondidos ou
afastados das fachadas dos edifícios.
~ 49 ~
Com vista a rentabilizar o valioso recurso turístico que é o Centro Histórico
Património da Humanidade, as entidades locais deveriam apostar na criação de um
plano de marketing, tal como referido pela ICOMOS83
.
Por fim, recomenda-se a monitorização e manutenção dos edifícios e dos
espaços públicos para que estes se encontrem sempre em boas condições de preservação
e se antecipem necessidades de intervenção. Foram encontrados alguns casos em que
havia vegetação nos edifícios, questão facilmente resolvida com monitorização
constante. Um bom exemplo de necessidade de intervenção prende-se com a falta de
segurança do Castelo de Guimarães; as muralhas não têm qualquer tipo de resguardo
pelo que algum visitante mais distraído poderá cair. Actualmente, a intervenção
necessária já está prevista (Anexo 1) e irá providenciar aos visitantes uma visita ao
castelo mais segura, ao mesmo tempo que são realizadas obras de conservação no Paço
dos Duques.
83 ICOMOS (1993, P. 39-43)
Ilustração 29 - Fio eléctrico a cruzar a fachada de Igreja Fonte: Autoria Própria
Ilustração 30 - Fios eléctricos junto num Edifício do Centro Histórico Fonte: Autoria Própria
~ 50 ~
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Guimarães
~ 1 ~
a. Entrevista realizada ao Dr. Vítor Marques, Do Turismo
de Guimarães
1. Existe um plano de intervenção que descrimine a ordem de trabalhos a realizar
no centro histórico de Guimarães?
Sim.
2. Existe um plano de manutenção que vise manter o actual bom estado dos
edifícios já recuperados?
Sim.
3. Estes planos são criados por uma equipa multidisciplinar? (arquitectos,
engenheiros, arqueologistas, historiadores, conservadores e administradores)
Sim.
4. No plano de manutenção, e em todos os assuntos relacionados com o Centro
Histórico, são tidas em conta as indicações da UNESCO e da Convenção de 1972?
Sim.
5. Sempre que se pretende realizar uma intervenção no Centro Histórico, é obtido o
aval da UNESCO e solicitada a sua monitorização?
Não.
6. Quem é o responsável técnico pelo Centro Histórico?
A Arquitecta Alexandra Gesta, Vereadora.
7. Existe mão-de-obra especializada e materiais adequados e em quantidade
suficiente para executar manutenção e restauração de edifícios históricos?
Sim.
8. As funcionárias dos Postos de Turismo estão devidamente preparadas para
prestar todas as informações necessárias a turistas sobre o centro histórico?
Sim.
9. Como são financiadas as intervenções ao Centro Histórico?
Fundos privados e programas do Governo Português, quando disponíveis.
10. Há fundos insuficientes para as acções de reabilitação?
Nalguns casos..
11. Há incentivos financeiros para incentivar os proprietários privados a reabilitar e
preservar as suas propriedades?
Sim.
12. Há apoio técnico por parte da Câmara Municipal/GTL?
Sim.
~ 2 ~
13. Existe um plano de marketing e de promoção do centro histórico?
Não.
14. Considera que o Centro histórico está a ser devidamente utilizado enquanto
recurso turístico e cultural?
Sim.
15. Existe um programa de animação específico, ou um que englobe, o Centro
Histórico?
Existe uma estratégia de promoção e desenvolvimento das actividades culturais no
concelho, onde está inserido o Centro Histórico.
16. São realizados inquéritos a visitantes dos Postos de Turismo para tratamento
estatístico?
Sim.
17. Que informações nos pode dar sobre os visitantes do Centro Histórico de
Guimarães?
Ver WWW.GUIMARAESTURISMO.COM Área de profissionais.
18. Considera que existem condições suficientes e de qualidade para a travessia de
visitantes pelo centro histórico?
Sim.
19. Estão pensadas soluções alternativas, como por exemplo um autocarro para fazer
percursos pelo centro de Guimarães?
Não.
20. O Centro Histórico de Guimarães está visitável para pessoas com mobilidade
reduzida?
Com algumas limitações.
21. Existe algum tipo de preparação, prévia à visita, nos Postos de Turismo?
Não entendi a questão.
22. Porque não há placas interpretativas nos monumentos com a numeração do
monumento e a sua descrição?
As placas existentes (foram colocadas em 2001) foram vandalizadas no final do ano
passado e retiradas. Estamos neste momento a desenvolver uma nova sinalectica
preparada para aplicativos de dispositivos móveis.
~ 3 ~
23. Para quem não fizer a visita ao centro histórico com áudio-guia, quais são as
alternativas? (Guias, mapas) Nos mapas a numeração dos edifícios está estabelecida por
forma a indicar uma sugestão de ordem de visita?
Existe no Site WWWGUIMARAESTURISMO.COM, uma aplicação com uma visita
virtual que pode ser descarregada gratuitamente. Temos disponível, tanto no site
como nos postos de turismo um guia da cidade em 7 línguas diferentes com
sugestões de visita. Temos pedipapers para visitas ao centro histórico.
24. Considera que a linguagem presente nos suportes escritos está acessível a toda a
população?
Sim.
25. Os suportes de apoio à visita (escritos e audiovisuais) encontram-se em várias
línguas? Onde podem ser adquiridos?
Existem em 7 línguas, São oferecidos nos postos de turismo, enviados por correio
quando solicitado e podem ser descarregados do nosso Website.
26. É efectuada uma limpeza constante no Centro Histórico?
Sim.
27. São feitas visitas regulares e intervenções para assegurar a conservação dos
edifícios do centro histórico?
Sim.
28. Existem programas que visem fomentar a identidade e o orgulho dos
Vimaranenses?
Não sei..
29. Houve conflitos ou desagrados com proprietários privados quando estes são
condicionados nos métodos e materiais que podem usar para requalificar as suas
propriedades?
Não.
30. Considera que os Vimaranenses estão de forma geral contentes com a
classificação de Guimarães como Património Cultural da Humanidade?
Sim.
31. Na sua opinião, que infra-estruturas mais fazem falta em Guimarães?
(estacionamentos, etc)
Mais oferta hoteleira.
~ 4 ~
32. É possível limitar a utilização do centro histórico por turistas e visitantes para
proceder à preservação do centro histórico? É necessária actualmente?
É possível, neste momento não é necessária. Sugiro consulta de estudo sobre a
percepção dos residentes de Guimarães sobre o Turismo, disponível no nosso
Website, na área de profissionais.
33. O GTL tem feito um trabalho fantástico ao nível da reabilitação de diversos
edifícios do centro histórico. Quais são os objectivos do futuro? Prazo para conclusão
da reabilitação de todo o Centro Histórico (2012?)
Trata-se de um Centro Histórico vivo, nunca o trabalho estará terminado.
~ 1 ~
a. Notícia: Conheça o plano de intervenção no Paço e
Castelo de Guimarães Paço e Castelo de Guimarães84
Escrito por Pedro Pereira
Domingo, 23 de Janeiro, 13:10
Obras orçadas em 2 milhões de euros
A GMRtv mostra-lhe o plano de intervenção previsto para a requalificação dos dois
monumentos (Castelo e Paço Duques) do Monte Latito. As obras vão principiar no mês
de Maio, estando previsto serem dadas como concluídas no final do ano.
A intervenção que abrange o Castelo de Guimarães, Paço dos Duques, bem como os
espaços exteriores envolventes, enquadra-se no âmbito da Guimarães 2012 – Capital
Europeia da Cultura e está orçada em 2 milhões de euros, com um financiamento de
80% de fundos comunitários.
Valorização dos Espaços Exteriores do Monte Latito:
- Arranjo das placas ajardinadas com substituição de alguns exemplares arbóreos;
- Arranjo dos circuitos de drenagem de águas pluviais, aproveitando os canais para que
a água seja aproveitada para o sistema de rega;
- Instalação de rede de rega em determinadas áreas;
- Reorganização da drenagem de águas residuais;
- Reorganização dos circuitos de circulação entre os diferentes Monumentos do Monte
Latito;
- Colocação de novo mobiliário urbano, tal como recipientes de lixo, bancos e estruturas
de iluminação;
- Iluminação dos Monumentos do Monte Latito, conferindo uma nova imagem nocturna
dos mesmos, permitindo também uma nova fruição destes espaços.
84
Noticia retirada na integra de http://www.gmrtv.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=4500%3Aobras-conheca-o-plano-de-intervencao-no-paco-e-castelo-de-guimaraes&catid=3%3Aflash&Itemid=65
~ 2 ~
- Arranjo da área ajardinada junto à Praça da Mumadona;
- Criação de uma ligação entre a Praça da Mumadona e o Monte Latito facilitando a
convergência entre as duas áreas da cidade.
Paço dos Duques:
Conservação
- Restauro de todas as janelas e portas como forma de permitir a estabilização ambiental
e melhorar a eficiência energética no monumento;
- Colocação de um sistema digital de monitorização ambiental.
Acessibilidades
- Colocação de passadeiras e rampas que permitirão a fruição do espaço por pessoas
com necessidades especiais.
Segurança
- Instalação de sistemas modernos de detecção de intrusão e incêndio;
- Instalação de um sistema de cctv.
Investigação e Divulgação
- Lançamento de um catálogo da colecção do Paço dos Duques;
- Desenvolvimento de um sistema de legendagem digital.
Castelo de Guimarães:
Conservação
- Consolidação estrutural de partes da muralha do Castelo, com um projecto
desenvolvido por uma equipa liderada pelo Professor Paulo Lourenço, da Escola de
Arquitectura da Universidade do Minho;
- Restauro das torres ao nível de coberturas e pavimentos;
- Restauro da Torre de Menagem com colocação de vedações nas frestas como forma de
melhorar as condições de conservação do imóvel.
Segurança
- Colocação de uma escada nivelada sobre uma das escadas de acesso ao adarve;
- Colocação de um guarda corpos entre a escada e a Torre de Menagem como forma de
salvaguardar a segurança dos visitantes;
~ 3 ~
- Substituição da ponte de ligação do adarve à Torre de Menagem;
- Colocação de sistemas modernos de detecção de intrusão e incêndio;
- Instalação de um sistema de CCTV (videovigilância);
- Substituição dos sistemas de electricidade.
Investigação e Divulgação
- Criação de uma exposição com a evolução histórica do monumento a instalar numa
torre da muralha;
- Criação de um espaço de apoio ao Serviço Educativo numa das torres da muralha;
- Criação de uma exposição sobre D. Afonso Henriques e sobre a reconquista cristã a
instalar na Torre de Menagem;
- Edição de um roteiro de visita ao Castelo de Guimarães.
Estrutura de apoio à visita
- Criação de um espaço de recepção aos visitantes;
- Instalação de um espaço de loja onde seja possível a venda de «merchandising»
próprio.
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