Categorias da narrativa
Acção Espaço Tempo Personagem NarradorNarratário
Acção• A acção é constituída por sequências
narrativas (acontecimentos) provocadas ou experimentadas pelas personagens, que se situam num espaço e decorrem num tempo, mais ou menos, extenso.
• A acção é fechada quando se conhece o desenlace da história; e é aberta sempre que se verifica o contrário.
Acção
• Acção principal: consiste nas sequências narrativas com maior relevância dentro da história e que, por isso, detêm um tratamento privilegiado no universo narrativo.
• Acção secundária: a sua importância depende da acção principal, em relação à qual possui menor relevância.
Acção
• Construção da narrativa: as sequências narrativas, que fazem parte da acção, variam em número e seguem, normalmente, a estrutura: apresentação, desenvolvimento, peripécia(s), clímax (ponto culminante) e desenlace; podendo surgir articuladas de três maneiras diferentes.
Acção
• Encadeamento: as sequências narrativas seguem uma ordem cronológica, em que o final de cada uma é o ponto de partida da seguinte:
Seq. inicial
Seq. 1 Seq.2 Seq.(...) Seq. final
Apresentação
Desenvolvimento
Conclusão
Acção
• Encaixe: uma (ou mais) história é introduzida no interior da que estava a ser narrada, a qual é, por isso, interrompida, prosseguindo mais tarde:
Narrativa principal
Narrativa encaixada
Acção
• Este tipo de articulação sequencial pode ter diferentes funções:
• Efeito de retardamento do desenlace;• Justaposição temática (por exemplo, o
conto exemplar engastado na história primitiva);
• Explicação casual: pode explicitar as motivações que presidiram ao comportamento de uma personagem.
Acção
• Alternância: uma vez que a escrita é linear, não é possível contar várias histórias em simultâneo. Daí que sejam narradas alternadamente, ou seja, uma história é interrompida para dar lugar a outra(s) de origem diversa, que, por sua vez, fica(m) em suspenso, cedendo o seu lugar e assim sucessivamente.
Acção
• Alternância
Hist.1 Hist.2 Hist.1 Hist.2
Espaço
• O espaço não se resume apenas ao
lugar onde o(s) evento(s) se realiza(m),
possuindo também uma dimensão
social e psicológica importante para a
interpretação textual.
Espaço
• Espaço físico: consiste no espaço real
(geográfico; interior e exterior) onde os
acontecimentos ocorrem. As referências
ao espaço físico conferem
verosimilhança à história narrada.
Espaço
• Espaço social: consiste no ambiente social
vivido pelas personagens (ver
personagens-tipo) e cujos traços ilustram
a atmosfera social ( características
culturais, económicas, políticas...) em que
se movimentam.
Espaço
• Espaço psicológico: corresponde às
vivências íntimas, pensamentos, sonhos,
estados de espírito, memórias, reflexões...
das personagens e que caracterizam o
ambiente a elas associado.
Tempo
• As sequências narrativas ocorrem
durante um tempo que pode ser, mais
ou menos extenso e que abarca várias
acepções.
Tempo
• Histórico: consiste na época ou período da história em que se desenrolam as sequências narrativas.
• Da Diegese: consiste no tempo durante o qual a acção se desenrola, segundo uma ordem cronológica , e em que surgem marcas objectivas da passagem das horas, dias, meses, anos...
Tempo
• Do discurso: consiste no modo como o
narrador conta os acontecimentos,
podendo elaborar o seu discurso segundo
uma frequência, ordem e ritmo temporais
diferentes. O tempo do discurso pode não
ser igual ao da diegese.
TempoDiscurso singulativo: o narrador conta apenas uma vez o que aconteceu uma só vez.
Discurso repetitivo: o narrador conta várias vezes o que aconteceu apenas uma vez.
Discurso iterativo: o narrador conta uma vez o que aconteceu várias vezes. Utiliza expressões como habitualmente, todos os dias/meses/anos, muitas vezes...
•Frequência temporal
TempoO narrador conta no presente acontecimentos já passados – analepse (anisocronia temporal)
O narrador antecipa acontecimentos futuros – prolepse (anisocronia temporal)
O narrador segue uma ordem cronológica dos eventos – ordem linear (isocronia temporal)
•Ordem temporal
TempoO tempo da diegese pode ser maior do que o do discurso (anisocronia temporal) – o narrador omite (elipse) ou sumaria (sumário) o que aconteceu em determinado período temporal.
O tempo da diegese pode ser menor do que o do discurso (anisocronia temporal) – o narrador procede a descrições, divagações, reflexões...
O tempo da diegese pode ser idêntico ao do discurso (isocronia temporal) como, por exemplo, nos diálogos.
• Ritmo temporal
Tempo
• Psicológico: trata-se de um tempo
subjectivo, directamente relacionado com
as emoções, a problemática existencial
das personagens, ou seja, a forma como
estas sentem a passagem do tempo,
vivendo momentos felizes e/ou infelizes.
Personagem
• A personagem é uma entidade ficcional,
dotada de um retrato físico
(características físicas observáveis) e
psicológico (maneira de ser/pensar), e à
qual é, normalmente, atribuído um nome.
Personagem
• Classificação quanto ao relevo:
• Personagem
principal/protagonista/herói –o seu
desempenho é fundamental para o
desenvolvimento da acção, na qual possui
um papel central.
Personagem
• Classificação quanto ao relevo:
• Personagem secundária –
desempenha um papel menos
importante do que o do herói no
desenvolvimento dos acontecimentos.
Personagem
• Classificação quanto ao relevo:
• Figurante – assume um papel irrelevante
na economia da obra, cabendo-lhe a função
de ilustrar um espaço-social, uma
profissão, uma ideologia.
Personagem
• Classificação quanto à composição:
• Modelada ou redonda – trata-se de uma
personagem dinâmica, complexa, provida de
densidade psicológica, cujo comportamento é
passível de se modificar ao longo da acção.
Personagem
• Classificação quanto à composição:
• Plana – ao contrário da modelada, é estática,
sem grande densidade psicológica e o seu
comportamento não sofre modificações ao
longo da acção, sendo previsível.
Personagem
• Classificação quanto à composição:
• Personagem-tipo – representa um
estatuto social, cultural, económico,
profissional, com as qualidades e
defeitos que lhe são associados.
Personagem
• Processos de caracterização:
• Caracterização directa – as características da personagem
são proferidas directamente:
• Autocaracterização: é a própria personagem que refere
explicitamente os seus traços característicos;
• Heterocaracterização: os traços distintivos da personagem
são apresentados explicitamente pelo narrador e/ou outras
personagens.
Personagem
• Processos de caracterização:
• Caracterização indirecta – é o resultado
de deduções feitas a partir de atitudes,
comportamentos, reacções, actos de fala...
da personagem ao longo da acção.
Narrador
• O narrador, à semelhança de
qualquer outra personagem, é uma
entidade fictícia, que tem a função
de contar a história.
Narrador
• Classificação quanto à presença:
• Autodiegético – o narrador participa
na acção como personagem principal
(discurso na primeira pessoa).
Narrador
• Classificação quanto à presença:
• Homodiegético – o narrador participa
na acção como personagem
secundária (discurso na primeira
pessoa).
Narrador
• Classificação quanto à presença:
• Heterodiegético – o narrador não
participa na acção como personagem,
sendo, portanto, exterior à história
(discurso na terceira pessoa).
Narrador
• Classificação quanto à ciência/ou focalização:
• Focalização omnisciente – o narrador possui
um conhecimento ilimitado de toda a história,
bem como do íntimo das personagens. Ele sabe
tudo, assumindo uma posição de
transcendência no relato dos acontecimentos.
Narrador
• Classificação quanto à ciência/ou focalização:
• Focalização interna – o narrador relata os
acontecimentos, assumindo o ponto de vista de
uma personagem, daí que, neste caso, o seu
conhecimento se restrinja ao que a personagem
vê/sabe.
Narrador
• Classificação quanto à ciência/ou focalização:
• Focalização externa – o narrador
conhece apenas o que é observável
exteriormente, sabendo menos do que a
personagem.
Narrador
• Classificação quanto à posição : • Objectiva – o narrador é imparcial
relativamente ao que conta, não emitindo juízos de valor.
• Subjectiva – o narrador defende uma posição/opinião face ao que conta, proferindo, explícita ou implicitamente, juízos de valor, comentários, orientações ideológicas, ...
Narratário
• O narratário surge no interior da narrativa como
entidade fictícia, a quem o narrador se dirige, explícita
ou implicitamente. É, portanto, o destinatário da
mensagem do narrador, surgindo textualmente
assinalado pelo uso da segunda pessoa.
• Não confundir com leitor (receptor real e externo à
história.
Até breve.
Trabalho realizado para os meus alunos.
Maria Filomena Fonseca
Top Related