A
apresenta
15 de outubro a 14 de dezembro de 2014
CAIXA Cultural Rio de Janeiro
Alex Cerveny
Andr Andrade
Andr Renaud
Camila Soato
Clarice Gonalves
Clarissa Campello
Cristina Canale
Daniel Lannes
Danielle Carcav
Eduardo Sancinetti
Elo Carvalho
Fbio Baroli
Flvia Metzler
Julia Debasse
Marcelo Amorim
Roberto Ploeg
Rodrigo Bivar
Rodrigo Cunha
Rodrigo Martins
Thiago Martins de Melo
Vnia Mignone
CURADORIA RAPHAEL FONSECA
"Demasiado longo seria descrever as tantas e belas fantasias de posturas
diferentes que abrangem toda a Genealogia dos Pais, desde os lhos de No,
destinada a mostrar a gerao de Jesus Cristo. Em tais guras, no se pode
dizer a diversidade das coisas, como os drapeados, as expresses e uma in -
nidade de caprichos extraordinrios e novos e belissimamente considerados,
onde nada h que no se tenha levado a efeito com engenho. E todas as gu-
ras esto em escoros belssimos e arti ciosos, e cada coisa que a se admira
louvadssima e divina. Mas quem no admirar e no car atnito ao ver a
terribilidade de Jonas, a ltima gura da Capela? Com a fora da arte, aque-
la gura que se arqueia para trs anula a curvatura da abbada, que parece
assim continuar em linha reta. Vencida pela arte do desenho, pelas sombras
e luzes, a parede parece at mesmo encurvada em sentido contrrio"
(Giorgio Vasari, bigrafo de Michelangelo Buonarroti [1475-1564], acerca do afresco
do teto da Capela Sistina, na segunda edio de "As vidas dos mais famosos pintores,
escultores e arquitetos", de 1568)
SUMRIO
Apresentao 5
Caixa Cultural Rio de Janeiro
Figura Humana 7
Raphael Fonseca
Obras 12
Mini biogra as 55
Crditos 76
4
5Desde a pr-histria a representao plstica do ser humano tem sido um
dos temas centrais das artes visuais no mundo ocidental. Hoje, porm,
quando o gurativo j deixou h muito de ser uma imposio temtica, v-
rios artistas contemporneos continuam a investigar a gura humana, no
apenas como pesquisa formal, mas como um processo de re exo sobre
novas questes que a cada dia se colocam.
Ao apresentar ao pblico carioca a exposio Figura Humana, a CAIXA
Cultural Rio de Janeiro rea rma sua funo de estimular a discusso e a
disseminao de ideias e possibilitar o acesso gratuito produo artstica
contempornea.
Como uma das principais patrocinadoras da cultura no Brasil, a CAIXA
destina, anualmente, mais de R$ 60 milhes de seu oramento para pa-
trocnio a projetos culturais em espaos prprios e de terceiros, com mais
destaque para exposies de artes visuais, peas de teatro, espetculos de
dana, shows musicais, artesanato brasileiro e festivais de teatro e dana
em todo o territrio nacional.
Os projetos so escolhidos por meio de seleo pblica, uma opo
da CAIXA para tornar mais democrtica e acessvel a participao de pro-
dutores e artistas de todo o pas, e mais transparente para a sociedade o
investimento dos recursos da empresa em patrocnio.
CAIXA ECONMICA FEDERAL
6
7Ao folhearmos qualquer livro de histria da arte que pretende ser um guia
da produo de imagens no mundo ocidental, no ser surpresa nos depa-
rarmos com a repetio de uma mesma forma: o corpo humano. Tanto o seu
protagonismo no que diz respeito escultura greco-romana quanto a sua di-
versidade de posturas nas pinturas de afrescos mostram que l est a anato-
mia humana para, literalmente, dar corpo a narrativas orais ou textuais. Mais
do que isso, seria possvel ampliar essa viso eurocntrica da histria da
arte e perceber a presena humana em um diverso nmero de imagens, que
percorre um espao to extenso quanto a distncia entre o Mxico e o Ja-
po: construes maias, pinturas ukiyo-e e cabeas iorubas em todas as
culturas possvel apreender tentativas de se representar o corpo humano.
Esta exposio parte desse fascnio, talvez instintivo, entre humanida-
de e imagem para re etir a partir das possibilidades que o corpo humano
ainda capaz de proporcionar na cultura contempornea. Pretende-se, po-
rm, mais do que fazer um inventrio de guras humanas, reuni-las atravs
de uma linguagem artstica portadora de uma histria espec ca a pintura.
Tema de debates na teoria da arte desde o Renascimento, o lugar da gura
humana j foi tanto pensado por um vis matemtico, numa busca por uma
simetria perfeita entre as partes (como escrevia Alberti), quanto por meio
de um embate direto entre artista e suporte, sem a necessidade de uma
mediao pelo vis do desenho, como pregavam artistas e pensadores da
pintura veneziana. Entre o desenho e a cor, entre a arte como projeto men-
tal e a imagem como fora expressiva, a pintura no Brasil cobriu tetos de
igrejas, discutiu a modernidade nas artes visuais e foi assassinada e res-
suscitada por artistas e crticos na segunda metade do sculo XX.
O que interessa a este projeto pensar, por meio de imagens, como um
grupo de artistas trabalha de modo sistemtico junto aos conceitos de gura
humana e pintura, palavras to caras s artes visuais. Em vez de proclam-la
como um panorama da produo pictrica atual no Brasil, mais justo pensar
esta reunio de trabalhos como uma pequena amostra da complexidade da
linguagem pictrica em nosso pas pinta-se de Norte a Sul, por meio de pon-
tos de vista existenciais e modos de se construir a imagem dos mais variados.
RAPHAEL FONSECA
8Para alguns artistas aqui presentes, a relao entre imagem e texto
se faz essencial seja nos ttulos das obras, seja nas frases escritas ao
lado de corpos que encaram o espectador. Outros pintores j se utilizam da
fotogra a, e, aps trabalhar digitalmente na imagem e nas possibilidades
de montagem, projetam esse resultado sobre a tela e se entregam aos
pincis. Em contraponto, h quem se orgulhe da importncia do desenho,
dos esboos e at mesmo da escultura em suas pesquisas. As citaes a
artistas consagrados pintores ou no, brasileiros ou no tambm so
um dado que merece lembrana. Alguns dos corpos que surgem nas telas
aqui reunidas proclamam sua brasilidade em alto e bom tom; j outras
pinceladas, no que diz respeito ao tema, poderiam ter sido produzidas em
qualquer ponto do globo. Algumas telas nos incentivam ao riso, ao passo
que outras proclamam sua melancolia e seu deslocamento do mundo por
meio da solido.
Entre as pinceladas violentas que demonstram um esforo fsico tal
qual o do esporte e as proposies plsticas que lidam com miniaturas
sobre a tela, chegando s vezes ao ponto do apagamento da pincelada,
sempre se buscou um ponto de contato: o corpo humano. Distante de que-
rer tomar partido de um tipo de pintura, pretende-se aqui trazer ao pblico
9a multiplicidade de desejos, geogra as, geraes, escalas e materiais de
vinte e um artistas que de tradicionais tm apenas a carga de sua pro sso
como pintores.
Ao m do dia, assim como uma criana que comea a desenhar ima-
gens da sua famlia com lpis de cor, os artistas aqui reunidos olham suas
pinturas nalizadas, respiram fundo e partem para a prxima. preciso se-
guir na construo de novos labirintos que apenas a linguagem da pintura
capaz de fornecer do mesmo modo que, enquanto pblico, tambm sen-
timos a necessidade de olhar estes corpos pintados, tal qual um espelho.
Raphael Fonseca (Rio de Janeiro, 1988 vive e trabalha no Rio de Janeiro) crti-
co, curador e historiador da arte. Doutorando em Crtica e Histria da Arte (UERJ).
Professor do Colgio Pedro II. Escreve periodicamente para a revista Art Nexus.
Dentre as curadorias de exposies e mostras de cinema, destaque para Derek
Jarman cinema liberdade (Caixa Cultural Recife, 2014); gua mole, pedra
dura (I Bienal do Barro, Caruaru, PE, 2014); Deslize (Museu de Arte
do Rio, 2014) e City as a process (Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rssia,
2012). curador-assistente da 10 edio da Bienal do Mercosul, a ser realizada
em 2015. Organiza sua produo crtica e curatorial no blog Gabinete de Jernimo
(http://gabinetedejeronimo.blogspot.com).
10
11
12
Hoje eu canto a balada do lado sem luz/ a quem no foi permitido
viver feliz e cantar como eu, diz Maria Bethnia, em cano de
1976. Do lado iluminado desta pintura, um homem ergue seus
braos para o cu e ta o espectador. A pintura de iluminuras e o
carter bruto dos ex-votos so duas lembranas que sua anatomia
e seu uso de cores ecoam. Se um lado traz as trevas, o outro ainda
exibe a pungncia da esperana ainda possvel no s cantar
e viver feliz, mas tambm exercer a pintura e compartilhar com o
espectador os mistrios e dores dos afetos.
13
ALEX CERVENY
Balada do lado sem luz, 2014leo sobre linho, 80 x 100 cmCortesia Casa TringuloFotogra a: Everton Ballardin
14
Diferentemente dos outros trabalhos reunidos nesta exposio,
aqui no se percebe o toque do pincel. Ao optar por trabalhar
com tinta automotiva em forma de spray sobre alumnio, os
vestgios do gesto humano so substitudos pela falsa impresso
de uma ausncia de espontaneidade na construo da obra.
possvel a rmar que o planejamento, nesta obra, se fez
essencial, mas, por outro lado, foi o descompasso inesperado
entre aparelho televisivo e transmisso digital que proporcionou
a captura de uma imagem onde os rostos protagonistas so
compostos por pixels.
15
ANDR ANDRADE
Le Ne, 2011automotiva sobre alumnio, 115 x 191 cmCortesia do artistaFotogra a: Andr Andrade
16
A presena do trabalho nesta imagem se d tanto pelo ttulo, que
o lia claramente a uma empresa (de manuteno de gs), quanto
pela postura do corpo, que aqui , mais do que central, de carter
monumental. Somado ao material sobre o qual a tinta foi aplicada,
a madeira compensada, este homem tem sua monumentalidade
rea rmada por meio de um dilogo entre nossa imaginao suada
do cansao de algum que trabalha com seu corpo sob o sol e a
matria precria que d superfcie pintura.
17
ANDR RENAUD
Homem da CEG II, 2010tinta PVA sobre madeira compensada, 160 x 120 cmCortesia do artistaFotogra a: Andr Renaud
18
A estrutura de ferro que mostra a placa que indica uma
encruzilhada a mesma que permitiu uma dana. Por que no,
ento, se apropriar de dois fazeres e uni-los na mesma imagem?
As religies afro-brasileiras e a gura do Exu incorporam na
gura de uma danarina de pole dance. As pinceladas rpidas,
as cores vivas em destaque no fundo, alm da materialidade da
pintura a leo so algumas das caractersticas vistas na pesquisa
da artista. O uxo de referncias e de produo de imagens
to intenso que faz jus frase escrita a lpis sobre a tela:
amanh s hoje.
19
CAMILA SOATO
Polex, 2014leo sobre tela, 220 x 110 cmAcervo Artur Fidalgo GaleriaFotogra a: Mario Grisolli
20
Um dos menores quadros da exposio portador de uma das
cenas com mais espao de interveno do espectador quanto
interpretao. Trs guras so vistas de costas; porm, um
espelho frente mostra seus rostos. Seria possvel falar em uma
con gurao familiar? Estariam as guras a cantar? Trata-se
de trs vozes a entoar os mesmos versos ou seriam os dois da
direita comandados pela gura mais velha? Sem certezas, nos
entregamos pelos caminhos que as pinceladas deixaram nestes
rastros de cabelo sobre a tela, e que mais parecem um frame de
um lme com muitos acontecimentos por vir.
21
CLARICE GONALVES
E vem mais do que so vistos, 2012leo sobre tela, 54 x 90 cmCortesia da artistaFotogra a: Loiro Cunha
22
Em uma exposio que gira em torno do corpo humano, uma
pintura em que o protagonista se encontra de costas se torna
essencial. Aps realizar uma residncia em um presdio de
Fortaleza e de produzir uma srie de pinturas baseadas em
fotogra as que os detentos tinham em suas carteiras, um deles
perguntou artista se, diferentemente dos outros, ela no
poderia fazer uma imagem de suas prprias costas. Eis, portanto,
a origem deste orgulhoso tigre tatuado nas costas do praticante
de muay-thai, que no nos deixa esquecer que corpo no
sinnimo de frontalidade.
23
CLARISSA CAMPELLO
Itaitinga IPPOO II, 2014automotiva sobre alumnio, 139 x 101 cmCortesia da artistaFotogra a: Clarissa Campello
24
Anjos so possivelmente um dos temas que mais tm aparies
na representao pictrica no ocidente. Figuras de lamentao
dos martrios de Cristo so tambm os responsveis por incitar
um carter mais infantil, e mesmo domstico, em algumas
cenas. Nesta pintura, porm, um anjo esquerda se torna uma
possibilidade de se fazer e pensar a pintura pela chave da cor e
da tenso entre gura e abstrao enxergamos o anjo pela sua
forma e pelo ttulo da obra, mas no temos a mesma certeza em
torno do outro rascunho de gura humana ao seu lado. Junto aos
corpos que criam reas de cor, recortes verdes so espalhados
na extenso da imagem e nos fazem lembrar que, antes de
qualquer incidncia religiosa, temos diante dos nossos olhos
apenas uma pintura.
25
CRISTINA CANALE
Anjo, 2014leo sobre tela, 200 x 300 cmCortesia da artista e Galeria Nara RoeslerFotogra a: Uwe Walter
26
Ao pesquisar qualquer bibliografa sobre a relao entre pintura
e corpo humano, este tema sempre se far presente: o nu
feminino. Da Antiguidade aos grandes nomes da arte clssica
e do modernismo, por muitas vezes homens pintores lanaram
seu olhar sobre o corpo da mulher. Empoderamento do corpo
feminino ou prosseguimento da tradio do olhar masculino
sobre a nudez da mulher? My pussy ou no o poder,
de acordo com Valesca Popozuda? A resposta cabe a cada
espectador, mas a ironia da associao entre glteos e smbolo
da nao brasileira certa.
27
DANIEL LANNES
Pra frente, Brasil!, 2014leo sobre linho, 185 x 240 cmCortesia do artistaFotogra a: Leonardo Ramadinha
28
Transparncias e pequenos encontros de cores atravs de
tintas aguadas (aquarela e guache) disputam a ateno do
espectador. Acima, a repetio de um padro geomtrico orido
d a composio daquilo que, talvez, poderamos chamar de
fundo da composio. Abaixo, tornando o espao desta pintura
um pouco claustrofbico, temos um leve choque de ondas que
parecem tocar a personagem esquerda. Ao centro, porm, uma
mulher mascarada se amalgama a um cavalo de carrossel e a
um chafariz. para a sugesto de um m de Carnaval excessivo
que esta imagem aponta, mas o estranhamento da artista com a
fotogra a de uma miss chinesa que foi o ponto de partida para a
produo da tela.
29
DANIELLE CARCAV
Miss Trolling, 2014aquarela, guache e acrlica sobre papel, 135 x 110 cmCortesia da artistaFotogra a: Danielle Carcav
30
O quadro com a menor escala da exposio se faz grandioso por
sua pesquisa cromtica entre tons de azul e amarelo que
estes dois bustos se fundem em um. Mesmo unidos por um par de
culos, so perceptveis suas diferenas quanto cor das orelhas
e ao penteado nem sempre um mais um d um dois perfeito ou,
como diria o Radiohead, s vezes dois e dois do cinco. Mesmo
com suas idiossincrasias, o sol (ou o vermelho) persiste em arder
acima destes corpos, e os dentes a ados do nico rosto que se v
em detalhes uma combinao de perigo e volpia.
31
EDUARDO SANCINETTI
culos para duas pessoas, 2014acrlica sobre tela, 50 x 60 cmCortesia do artistaFotogra a: Mario Grisolli
32
Muitos so os modos de se trabalhar com pintura a partir
da diviso de uma composio em diversas telas a serem
unidas posteriormente. Dentro da pesquisa desta artista,
em alguns momentos estes limites entre as superfcies no
so apenas encaixes, eles desempenham tambm potncias
narrativas. Com guras que se encontram entre o aparecer e o
desaparecimento em torno dos tons esbranquiados da pintura,
uma mulher se camu a para o espao interno da imagem. Se
o banco direita se oferece para que sentemos e observemos
a imagem, esta gura feminina nos faz contempl-la entre os
fantasmas de Michelangelo Pistoletto e George Segal.
33
ELO CARVALHO
Caso ela queira car, 2014leo sobre tela, 95 x 140 cmCortesia da artistaFotogra a: Mario Grisolli
34
A palavra intifada vem do rabe e quer dizer agitao.
Sua utilizao diz respeito, historicamente, chamada Primeira
Intifada, ou seja, ao primeiro embate direto entre palestinos da
Cisjordnia e Israel, em 1987. Nesta tela, porm, o mesmo nome
suscita outra movimentao popular a de um grupo de adultos
e crianas que, portando armas de plstico, posaram para
uma cmera fotogr ca. Aqui temos um dos maiores desa os
da narrativa pictrica: como organizar vrios corpos em uma
mesma superfcie a partir de uma ao em comum? Na ausncia
de personagens histricos e no dilogo com o espectador
encontramos uma resposta que parte do humor, mas que
tangencia tambm a potncia da fora coletiva no espao pblico.
35
FBIO BAROLI
Intifada, 2012leo sobre tela, 220 x 480 cmCortesia do artistaFotogra a: Fbio Baroli
36
Um ambiente com decorao aparentemente domstica instiga
o espectador a duvidar daquilo que se apresenta. O tom de
dourado toma conta do espao e coloca em contato as paredes, a
estrutura dos mveis, as bordas de um espelho, um globo de ouro
e duas estruturas de apoio. Enquanto, esquerda, uma gura
feminina tem seu corpo entre o deslizar e o ser perfurado por
este aparato pontiagudo, ao seu lado, enxergamos uma cabea
semelhante ao autorretrato pintado por Caravaggio ncada nesta
pea. Sonho ou pesadelo? A pintura aqui pode ser vista como
gurativa, mas os signi cados e signi cantes esto descolados,
so um quebra-cabea sem resoluo para o espectador.
37
FLVIA METZLER
A benfazeja, 2011leo sobre tela, 130 x 110 cmCortesia da artistaFotogra a: Jaime Acioli
38
Quando se pesquisa a relao entre pintura e corpo humano,
encontrado muito material, por exemplo, sobre os pintores
de grande escala que trabalham a partir do gesto expressivo
e enrgico sobre a tela Francis Bacon, Rubens e Jenny
Saville so apenas alguns casos. Os gurantes pintados nesta
tela, porm, nos fazem lembrar que a miniatura no nega a
potncia da narrativa pelos detalhes. Agrupados em torno
de um meteoro de papel (ou, por outra visada, uma grande
fogueira), aqui esto diversas guras carimbadas do cenrio
artstico carioca a caminhar, conversar e, claro, analisar o prprio
elemento central da pintura e viva So Joo!
39
JULIA DEBASSE
A Vernissagem do Meteoro de Papel, 2014acrlica sobre linho, 132 x 112 x 8 cmCortesia da artistaFotogra a: Julia Debasse
40
Materiais paradidticos so, como seu termo anuncia, modos
de chegar didtica, a arte de transmitir conhecimentos.
As imagens, porm, que visam a essa nalidade, quando
deslocadas de seu contexto bibliogr co originrio, so capazes
de proporcionar outras camadas de leitura. Um grupo de
crianas que parece brincar de pular carnia transferido da
ingenuidade infantil para a perversidade do corpo. Uma nuvem
de cor lils uniformiza o espao pictrico e preenche este palco
com fumaa, que torna qualquer apreenso da realidade dbia,
cheia de fuligem e, algumas vezes, txica o que para uns um
salto, para outros apenas o incio.
41
MARCELO AMORIM
Iniciao, 2011leo sobre tela, 150 x 200 cmCortesia Zipper GaleriaFotogra a: Lucas Cimino
42
Caim e Abel so nomes que no se encontram em ordem
alfabtica um o primognito, o outro, o lho caula; um o
assassino, o outro, a vtima. Nesta pintura lidamos, a partir da
narrativa bblica, tambm com uma dualidade Caim esconde
seu rosto e Abel se encontra no cho. Longe de Israel, estes dois
homens esto dentro de uma residncia popular que poderia ser
facilmente encontrada no s em Recife, mas em todo o Brasil. A
temtica originria clssica, e o tratamento pictrico poderia ser
lido nesta mesma direo. Um olhar atento aos detalhes (como o
delicado tecido colorido abaixo da televiso) perceber, talvez,
que h grande distncia entre academicismo e inteligncia a
partir do domnio da linguagem formal da pintura.
43
ROBERTO PLOEG
Caim e Abel, 2012leo sobre tela, 140 x 210 cmCortesia do artistaFotogra a: Gustavo Bettini
44
No canto de um bar ou de um restaurante, eles bebem um
suco ou alguma cerveja estes detalhes no fazem diferena
nesta composio, que tem como protagonista o lugar da
conversa. A grande dimenso da pintura monumentaliza um
ato aparentemente banal podemos lembrar, por exemplo,
de obras de Edward Hopper a partir do recorte dos objetos
e da perspectiva; por outro lado, a escala larga da imagem
nos distancia deste. Trata-se da representao de uma ao
que acontece numa temporalidade lenta e mais prxima da
linguagem congeladora da fotogra a (assim como aquelas
imagens ao lado dos dois tambm esto estticas, so quadros) do
que do instante cinematogr co. Mesmo que tenha uma temtica
antimonumental, a pintura ainda pode ter seus momentos ptreos.
45
RODRIGO BIVAR
Platibanda, 2013leo sobre tela, 200 x 300 cmCortesia Galeria MillanFotogra a: Everton Ballardin
46
Mulheres e ces combinaes que possuram destaque mais de
uma vez na produo de Lucian Freud. Some a isto as diversas
fotogra as feitas do espao de trabalho do pintor (quase
como um relicrio de uma revisitao nostlgica do ateli) e
encontramos alguns ndices desta pintura. No lugar da vertente
expressiva da cor e da pincelada do artista ingls, temos uma
imagem que parece construda pela cautela de sua composio,
por meio da preciso da fatura da cor. A nobreza do co se
converte em uma bola de pelos, e ganham espao, mesmo que
nos detalhes, os objetos diminudos a partir da perspectiva
subjetivada do pintor. Mais do que uma obra feita after Freud,
poderamos v-la como uma imagem para Freud, um pequeno
monumento ao silncio de seu imaginrio.
47
RODRIGO CUNHA
Sero no estdio (after Freud), 2013leo sobre tela, 140 x 140 cmCortesia Zipper GaleriaFotogra a: Gui Gomes
48
Enquanto, para alguns pintores, se faz importante a prtica do
desenho como estudo preparatrio para o embate com a tela
(tradio repensada atualmente a partir da projeo fotogr ca
sobre a superfcie), outros artistas exercem o seu fazer a partir
da relao entre o tridimensional e o bidimensional. Neste
sentido, importante saber que a cabea de gesso, que aqui
, mais do que protagonista, agente claustrofbico da pintura,
foi primeiramente trabalhada enquanto objeto tridimensional.
Enquanto numa primeira experincia se modelou a cabea de
Michelangelo, num segundo momento um amigo do prprio
artista foi o modelo. Tenta-se modelar a sua imagem, mas o
xito no est na exatido da pea obtida, mas no processo de
manipulao da matria que contribui para que a pintura tenha
esta sobreposio de camadas de leo e reposicione os limites
das linguagens artsticas.
49
RODRIGO MARTINS
Gesso, 2014leo sobre tela, 160 x 130 cmColeo Fbio SzwarcwaldFotogra a: Rodrigo Martins
50
Pindorama sucumbe perante a ao das motosserras, mas a
tragdia transformada em imagem no economiza no que diz
respeito aos detalhes. Extensa tanto na horizontalidade quanto
na ascenso das guras pintadas, o olhar se perde diante das
diversas possibilidades de entrada nesta narrativa. A iconogra a
crist acompanha cones afro-brasileiros, alm de smbolos da
repblica brasileira e retratos estatais. rgos genitais pontuam
a cena e criam uma sobreposio de tinta vermelha. Louvada
desde a Antiguidade como uma arte silenciosa, quase podemos
imaginar os gritos e a trilha sonora desta pintura em um lugar
entre os cinemas de Ivan Cardoso e Z do Caixo.
51
THIAGO MARTINS DE MELO
O Matriarcado de Pindorama Sucumbe Dana Estatal das Motosserras do Andrgino Flico Presidencial, 2012leo sobre tela, 260 x 360 cmColeo Tatiana e Eduardo BoueiriFotogra a: Cortesia Mendes Wood DM
52
Um corpo ao centro da imagem, justo na juno entre os dois
painis, ta o interior dos olhos do espectador. Seu corpo e
suas linhas contrastam com o tom quase uniforme do azul ao
fundo, do mesmo modo como a frase imperativa esquerda
esse circo meu. De quem? Daquele que se exibe aos olhos
do pblico, tal qual num exerccio de argolas olmpicas? Do
pintor, aquele que tem controle sobre a execuo e organizao
da superfcie pictrica? Do espectador, que pode projetar as
nuances que quiser sobre estas imagens? Sem um caminho
unilateral para a resposta, aposto as chas naquilo que
possibilitou a existncia desta exposio: o fenmeno artstico.
Este circo, portanto, intrnseco polissemia das artes visuais.
53
VNIA MIGNONE
Sem ttulo, 2013acrlica sobre MDF, 90 x 180 cmCortesia Casa TringuloFotogra a: Edouard Fraipont
54
55
ALEX CERVENYSo Paulo SP, 1963
Vive e trabalha em So Paulo SP
Filho de um arquiteto e de uma professora espe-
cializada no ensino de cegos, foi criado na zona
oeste de So Paulo. Seu trabalho fundamen-
talmente narrativo, desdobrando-se em diferen-
tes tcnicas, como a pintura, o desenho e a es-
cultura. Artista de formao livre, comeou a ex-
por no ano de 1983. Recebeu, em 1986, o Gran-
de prmio na 7a Mostra de Gravura da Cidade de
Curitiba e, em 1991, participou da 21a Bienal Inter-
nacional de So Paulo. Desde ento, mostra seu
trabalho regularmente no Brasil e no exterior. Re-
cebeu, em 2012, o Prmio Funarte-Marcantonio
Vilaa pelas ilustraes do livro Pinquio (Co-
sac Naify, 2011) e, com elas, ainda participou, em
2013, da 30a Bienal de Artes Gr cas de Ljubl-
jana, na Eslovnia. Em 2014, recebeu o Prmio
Jabuti de melhor ilustrao pelo livro Decame-
ron (Cosac Naify, 2013). Possui obras no acervo
do Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Ar-
te Moderna-RJ, Museu de Arte Moderna-SP e da
Pinacoteca do Estado de So Paulo. represen-
tado, desde 2002, pela galeria Casa Tringulo.
www.alexcerveny.com
56
ANDR ANDRADERio de Janeiro RJ, 1969
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque La-
ge e nos grupos de estudo de Charles Watson e
Araken. Participou de diversas feiras de arte e ex-
posies, tais como: SP-Arte (2012 e 2014), ArtRio
(2012 e 2013), Mais pintura (Centro Cultural da
Justia Federal, Rio de Janeiro, 2013), A imagem
em questo (Parque Lage, Rio de Janeiro, 2013),
Retratos e autorretratos (Galeria MUV, Rio de
Janeiro, 2013) e Porque no me contou sobre
voc (Galeria Athena, Rio de Janeiro, 2013). Foi
selecionado para o Arte Par 2011, com curado-
ria de Paulo Herkenhoff e teve um ateli em USF
Verftet, na Noruega, em 2004 e 2005. Recente-
mente, seu trabalho foi adquirido pelo Museu de
Arte do Rio MAR.
www.andreandrade.net
57
ANDR RENAUDRio de Janeiro RJ, 1976
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Bacharel em pintura pela Escola de Belas Artes
da Universidade Federal do Rio de Janeiro e alu-
no do programa Aprofundamento da Escola de
Artes Visuais do Parque Lage (2012), foi assisten-
te no ateli Barbosa/Ricalde, alm de ter colabo-
rado na produo de Cildo Meireles, Ronald Du-
arte e outros artistas. Foi premiado no Salo No-
vssimos (2006), organizado pela Galeria IBEU-RJ,
onde realizou sua primeira individual, em 2007.
Entre outras exposies individuais, destaque para
as que fez no Tribunal Regional do Trabalho (Rio de
Janeiro, 2013) e no Galpo das Artes (Rio de Ja-
neiro, 2014). Participou, tambm, da coletiva Des-
lize (Museu de Arte do Rio, 2014).
andrerenaudcontemporaneo.blogspot.com.br
58
CAMILA SOATOBraslia DF, 1985
Vive e trabalha em So Paulo SP
Leonina com ascendente em aqurio, tem 28 pri-
maveras completadas. Sua trajetria na arte con-
tempornea se iniciou por volta dos oito ou nove
anos, quando foi Feira do Rolo e trocou sua bi-
cicleta por um pangar. Desse dia em diante, vem
trabalhando com a noo de fuleragem, conceito
cunhado pelo grupo de pesquisa Corpos Inform-
ticos, do qual faz parte, que contamina e pelo qual
contaminada desde 2009. mestre em Poti-
cas Contemporneas em Artes Visuais pelo Pro-
grama de Ps-Graduao em Artes da Universida-
de de Braslia. Sua pesquisa potica direcionada
pintura que escolhe o descuido como potncia e
que se afasta da assepsia e do virtuosismo tcni-
co, abraando o fuleiro, o tosco e o mal-acabado.
Entre suas exposies individuais, destaque para
Nobres sem aristocracia: projeto vira-latas pu-
ros n 5 (Zipper Galeria, So Paulo, 2014) e Vi-
ra-latas tecnolgicos: inseres pictricas no es-
pao urbano (Galeria Espao Piloto, Distrito Fe-
deral, 2013). Destaque, tambm, para as coletivas
do Prmio Pipa 2013 e para Abre Alas (A Gentil
Carioca, Rio de Janeiro, 2013). Vencedora do voto
popular no Prmio Pipa 2013.
www.camilasoato.com
59
CLARICE GONALVESBraslia DF, 1985
Vive e trabalha em Taguatinga DF
Graduou-se em artes plsticas pela Universidade
de Braslia em 2008. Em 2004, comeou a expor
no pas, recebendo, em 2010, o diploma de exce-
lncia no 9th Female Artists Art Annual Award
Art Addiction Online Gallery, de Londres. Em
2008, foi premiada no 13 Salo dos Novos Ar-
tistas, em Santa Catarina. 2012 foi o ano de sua
primeira individual em So Paulo. Em 2014, lan-
ou seu primeiro livro, Clarice Gonalves o som
do silncio, pela editora Briquet de Lemos, com
curadoria de Graa Ramos. Possui obras no acer-
vo do Museu de Arte de Joinville, em Santa Ca-
tarina, na Galeria de Arte da Universidade de
Gois (FAV-GO) e na Casa de Cultura da Amrica
Latina, no Distrito Federal. Participa de feiras de
arte no Rio de Janeiro e em So Paulo.
claricegoncalves.blogspot.com.br
60
CLARISSA CAMPELLOVitria ES, 1978
Vive e trabalha em Juazeiro BA
Professora adjunta da Universidade do Vale do So
Francisco UNIVASF desde fevereiro de 2013,
artista plstica, doutora (2012) e mestre (2004)
em linguagens visuais pelo Programa de Ps-
Graduao em Artes Visuais da Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro e graduada em pintura
(2001) por esta mesma instituio. Mapeada pe-
lo Programa Rumos Ita Cultural das Artes Visu-
ais 2001/2003, recebeu o Prmio Interferncias
Urbanas/Rio de Janeiro em 2008 e a bolsa de in-
centivo SPA das Artes/Recife em 2009. Concluiu
o programa Aprofundamento na Escola de Ar-
tes Visuais do Parque Lage, foi selecionada para
compor o 62 Salo de Abril, em Fortaleza, sen-
do premiada com a bolsa viagem de incentivo
produo, e integrou a mostra Sinais do fazer
Intervenes urbanas no espao cotidiano, em
Juazeiro do Norte. Tambm participou da pri-
meira Bienal do Barro (2014), em Caruaru. Seu
trabalho tem sido uma tentativa de investigar a
pertinncia da pintura na contemporaneidade.
representada pela galeria Srgio Gonalves,
no Rio de Janeiro. Vive e trabalha em Juazei-
ro, Bahia.
61
CRISTINA CANALERio de Janeiro RJ, 1961
Vive e trabalha entre Berlim Alemanha
e Rio de Janeiro RJ
De 1980 a 1983 estudou desenho e pintura na Es-
cola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de
Janeiro, onde, em 1984, foi lanada pela mos-
tra coletiva Como vai voc, Gerao 80?. Em
1991, participou da 21 Bienal Internacional de
So Paulo, recebendo o Prmio Governador do
Estado. Em 1993, mudou-se para Berlim e, nesse
ano, recebeu do Estado de Brandenburg a bolsa
de ateli/residncia no Castelo de Wiepersdorf.
De 1993 a 1996 estudou na Academia de Artes
de Dsseldorf, com bolsa do Departamento de In-
tercmbio Acadmico da Alemanha (DAAD), sen-
do orientada pelo artista holands Jan Dibbets.
Entre as exposies institucionais de que parti-
cipou, destacam-se as mostras individuais no Pa-
o Imperial, em 1995 e 2000, e no Museu de Ar-
te Moderna, em 2010, no Rio de Janeiro; no Ins-
tituto Tomie Ohtake, em So Paulo, em 2007; e
no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeiro Pre-
to, em 2013. Possui obras no acervo do Museu de
Arte Moderna-RJ, Museu de Arte Contempor-
nea-USP, Museu de Arte Contempornea-Niteri,
da Pinacoteca do Estado de So Paulo, do Insti-
tuto Figueiredo Ferraz e do Ita Cultural.
www.cristinacanale.com
62
DANIEL LANNESNiteri RJ, 1981
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
mestre em linguagens visuais pela Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (2012) e bacha-
rel em comunicao social pela Pontifcia Univer-
sidade Catlica do Rio de Janeiro (2006). Rea-
lizou, em 2014, a individual Costumes e, em
2012, a exposio Dilvio, ambas na galeria Lu-
ciana Caravello Arte Contempornea. Em 2011,
apresentou as individuais Repblica (Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro) e S lazer (Ga-
leria IBEU-RJ). Entre as exposies coletivas de
que participou, destaque para Crer em fantas-
mas (Caixa Cultural Braslia, 2013), Gramtica
urbana (Centro de Arte Hlio Oiticica, Rio de Ja-
neiro, 2012) e Arquivo geral (Centro Cultural da
Justia Federal, Rio de Janeiro, 2009). Foi indica-
do 10 edio do Programa de Prmios e Comis-
ses da Cisneros Fontanals Art Foundation (2013)
e selecionado para a short list do livro 100 pain-
ters of tomorrow, da editora Thames & Hudson,
em 2013. Possui obras em colees pblicas, co-
mo a do Museu de Arte do Rio de Janeiro, do Ins-
tituto Figueiredo Ferraz e do Museu de Arte Mo-
derna do Rio de Janeiro.
63
DANIELLE CARCAVNatal RN, 1977
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Em 2008, ingressou na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage, onde participou de cursos livres mi-
nistrados pelos artistas Joo Magalhes, Suzana
Queiroga e Daniel Senise. Suas pinturas integra-
ram exposies coletivas em alguns sales de re-
levncia nacional, como o 38 Salo de Santo An-
dr, Novssimos (Galeria IBEU-RJ) e o 35 Luiz Sa-
cilotto (So Paulo). Foi premiada, em 2010, no Sa-
lo do Mato Grosso do Sul e em Atibaia (meno
honrosa) e, em 2012, foi indicada ao Prmio PIPA.
Em 2013, realizou sua primeira individual no Rio
de Janeiro, Entre outros silncios, na Luciana
Caravello Arte Contempornea, e participou do 3
Prmio Belvedere, em Paraty (Rio de Janeiro), co-
mo artista residente.
www. ickr.com/photos/danielle-carcav/
64
EDUARDO SANCINETTIPiracicaba SP, 1982
Vive e trabalha em So Paulo SP
Graduou-se, em 2006, em artes plsticas pela
UNESP, onde apresentou como trabalho nal uma
pesquisa te rica e pr tica sobre seu processo cria-
tivo, reforando a inter-relao dos conceitos ar-
te e vida, com foco te rico e formal nas obras
de H lio Oiticica, Lygia Clark e Gilles Deleuze. Sua
produo no per odo seguinte passou a ser focada
apenas no desenho e na pintura, e o artista come-
ou a desenvolver pesquisa sobre o desenho como
base fundante da produo e do pensamento arts-
ticos. Fez curso de gravura em metal no Museu La-
sar Segall, de fotogra a preto e branco no Centro
Cultural Maria Ant nia e um per odo dos encontros
de Acompanhamento de Processo Criativo com Ju-
liana Monachesi e Guy Amado, no Ateli 397. Entre
as exposies de que participou, destacam-se co-
letivas como Nunca mais minta pra mim (Paran,
2012); Processo Amado (Galeria Mezanino, So
Paulo, 2012); Entre outros (Galeria +Soma, So
Paulo, 2009); e a 18 Mostra de Arte da Juventude
(So Paulo, 2007). J publicou em revistas na-
cionais e internacionais, como Pesquisa FAPESP,
U_MAG, Moon Mag/China, Trip, Zupi, Simples, entre
outras. Em 2010, realizou sua primeira individual na
Galeria Mezanino, intitulada Verde e vermelho.
cargocollective.com/eduardosancinetti
65
ELO CARVALHONiteri RJ, 1980
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Tem formao em pintura pela Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro e frequentou cursos da
Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre
suas principais exposies, destacam-se a indi-
vidual Mise-en-scne (Galeria IBEU-RJ, 2013)
e as coletivas Das coisas que vimos pelo cami-
nho (Centro Cultural Paschoal Carlos Magno,
Niteri, 2010), 42 Novssimos (Galeria IBEU-RJ,
2010), Como o tempo passa quando a gente se
diverte (Galeria Tringulo-SP, 2011), XI Bienal
do Recncavo Baiano (Bahia, 2012), Como se
no houvesse espera (Centro Cultural da Justi-
a Federal, Rio de Janeiro, 2014) e Novas aqui-
sies da Coleo Gilberto Chateaubriand (Mu-
seu de Arte Moderna-RJ, 2014).
eloacarvalho.blogspot.com.br
66
FBIO BAROLIUberaba MG, 1981
Vive e trabalha em Uberaba MG
Bacharel em artes plsticas pelo Instituto de Artes
da Universidade de Braslia, utiliza a linguagem da
pintura como suporte para desenvolver sua po-
tica, que lida com os conceitos da apropriao e
do erotismo. Seus trabalhos mais recentes trazem
questionamentos sobre o regionalismo e o ima-
ginrio infantil no interior de Minas Gerais. Suas
mais recentes exposies individuais foram: Mui-
to pelo ao contrrio, no Centro Cultural Banco do
Nordeste-CCBNB (Fortaleza) e Vendeta: a intifa-
da (Funarte, Recife, 2012/2013). Entre as coleti-
vas mais recentes, destacam-se: Prmio Aquisi-
es Marcantonio Vilaa/Funarte 2013 (Museu
de Arte Moderna-RJ, 2014); Duplo olhar (Pao
das Artes, So Paulo, 2014) e Convite viagem
Rumos Artes Visuais 2011/2013 (Instituto Ita
Cultural, So Paulo, 2012). Os principais prmios
que ganhou foram: Prmio Funarte de Arte Con-
tempornea Galeria Nordeste de Artes Visuais
(Recife, 2012) e 28 Salo Arte Par (Belm, 2011).
Possui obras no acervo do Museu de Arte Moder-
na-RJ, Brazil Golden Arts Investments BGA (So
Paulo), Museu Nacional de Braslia e de colees
particulares no Brasil e no exterior.
67
FLVIA METZLERRio de Janeiro RJ, 1974
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Em 2004, ingressou no curso de pintura da Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro, onde iniciou
sua produo no m do ano seguinte. A partir de
2006, comeou a participar de mostras coleti-
vas nacionais e, em 2007, foi escolhida pela cr-
tica Rebecca Wilson entre artistas de destaque
da Your Gallery Saatchi Gallery (Londres, Rei-
no Unido). Em 2009, realizou sua primeira ex-
posio individual, por meio do Programa Anu-
al de Exposies do Centro Cultural So Paulo,
que foi apresentada tambm na Fundao Joa-
quim Nabuco, em Recife, pelo Projeto Trajetrias.
Em 2011, realizou individual no Museu Victor Mei-
relles, em Florianpolis. Entre algumas exposi-
es coletivas das quais a artista participou, des-
tacam-se Arte Par, no Museu Histrico do Es-
tado do Par, em Belm, com curadoria de Pau-
lo Herkenhoff; Salo de Abril, na Galeria Antonio
Bandeira, em Fortaleza, com curadoria de Agnal-
do Farias; e Espelho re etido, no Centro de Ar-
te Hlio Oiticica, no Rio de Janeiro, com curado-
ria de Marcus Lontra. A artista tambm partici-
pou da 12 Mostra Internacional de Arte, no Mu-
seo de Arte Contemporneo MACUF, em A Co-
rua, Espanha, e de Artesur: Collective Fictions,
no Palais de Tokyo, em Paris.
68
JULIA DEBASSERio de Janeiro RJ, 1985
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Frequentou aulas na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage entre 2004 e 2009 e foi seleciona-
da para os workshops de jovens artistas na Ca-
sa Daros (2008). J participou de dezenas de ex-
posies coletivas no Brasil e de algumas no ex-
terior. Destaque para a individual Ao meu preza-
do predador (Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janei-
ro, 2014), com curadoria de Marcos Chaves. En-
tre as exposies coletivas, destaque para Tre-
pa trepa no campo expandido (SP-Arte, Labora-
trio Curatorial, 2012); 6B: desenho contempo-
rneo brasileiro (Centro Cultural da Justia Fe-
deral, Rio de Janeiro, 2012); PLAY (Museu Bis-
po do Rosrio Arte Contempornea, Rio de Ja-
neiro, 2013) e 39 Salo de Arte de Ribeiro Pre-
to (2014).
juliadebasse.tumblr.com
69
MARCELO AMORIMGoinia GO, 1980
Vive e trabalha em So Paulo SP
Em 1993, iniciou estudos sobre fotogra a na Uni-
versidade Catlica de Gois. Formou -se em comu-
nicao social em 2000 pela Universidade Anhem-
bi Morumbi, em So Paulo. Integrou o grupo de
acompanhamento de processos artsticos com Ju-
liana Monachesi e Guy Amado entre 2007 e 2008
e participou do Ateli Fidalga, grupo de pesquisa
coordenado por Albano Afonso e Sandra Cinto, en-
tre 2009 e 2010. Dirige desde 2009 o Ateli 397,
espao independente que promove a circulao,
a produo e a exibio da arte contempornea.
Amparado na apropriao de imagens coletadas
em sebos, ilustraes e imagens de cinema e pu-
blicidade, entre outros, recupera retalhos de me-
mrias afetivas que simbolizam o passado de for-
ma inexorvel. Realizou recentemente as seguin-
tes exposies individuais: Como desenhar crian-
as (Galeria IBEU, Rio de Janeiro, 2014); Primei-
ra leitura (Zipper Galeria, So Paulo, 2014); Ven-
triloquia (Temporada de Projetos, Pao das Artes,
So Paulo, 2014). Entre as exposies coletivas de
que participou, destaque para: As tramas do tem-
po na arte contempornea: esttica ou potica?
(Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeiro Preto, 2013)
e Bem vindos (Zipper Galeria, So Paulo, 2013).
marceloamorim.art.br
70
ROBERTO PLOEGValkenburg aan de Geul Holanda, 1955
Vive e trabalha em Recife PE
Veio em 1979 para o Brasil, no contexto de um es-
tudo de mestrado em teologia latino-americana.
Desde 1982 reside no Nordeste brasileiro. A mu-
dana da teologia para a pintura no foi muito ra-
dical para Roberto Ploeg. Segundo ele, teologia
e arte so de essncia metafrica porque as du-
as procuram apresentar, de maneira particular,
experincias universais em imagens literrias e
visuais. Nesse sentido, o telogo um artista da
palavra. O caminho pessoal de Ploeg foi da pa-
lavra imagem visual. Fez sua formao artsti-
ca por meio de vrios cursos em instncias cul-
turais em Olinda e Recife (MAC, O cina Guaiana-
ses, Escolinha da Arte, UFPE, IAC, Fundaj). Aps
anos de atividades como telogo da libertao
no nordeste brasileiro, ele optou de nitivamen-
te pela arte em 1995. Destaque para suas exposi-
es individuais realizadas em 2011 (Galeria Ma-
riana Moura, Pernambuco) e 2014 (Arte Plural
Galeria, Pernambuco).
robertoploeg.blogspot.com.br
71
RODRIGO BIVARBraslia DF, 1981
Vive e trabalha em So Paulo SP
Graduado em artes plsticas pela FAAP (So Pau-
lo), ganhou o Prmio Aquisio do Centro Cultu-
ral So Paulo em 2008, quando realizou sua pri-
meira individual como parte do programa de ex-
posies da instituio. Entre as individuais, des-
taque para ... ainda, assim, utuante caiara
(Galeria Millan, So Paulo, 2012), Turista azul
(Temporada de Projetos, Pao das Artes, So Pau-
lo, 2010) e as exposies nas galerias Mariana
Moura (Pernambuco, 2011) e Fundao de Arte
de Ouro Preto (2010). Entre as coletivas, desta-
cam-se Correntes (Sesc Belenzinho, So Pau-
lo, 2014), VideoBrasil (SESC Pompeia, So Paulo,
2013), Pintura gurativa (Centro de Exposies
Torre Santander, So Paulo, 2012), 7 SP seven
artists from So Paulo (C.A.B. Contemporary Art,
Bruxelas, Blgica, 2012) e Itinerrios, itinern-
cias (Panorama da Arte Brasileira, Museu de
Arte Moderna de So Paulo, 2011).
72
RODRIGO CUNHAFlorianpolis SC, 1976
Vive e trabalha em Florianpolis SC
Formado em pintura e gravura pela Universida-
de do Estado de Santa Catarina, em Florianpo-
lis. Entre suas exposies individuais, destaque
para O mundo de dentro (Zipper Galeria, So
Paulo, 2012), Temas para uma realidade (Ga-
leria Mltipla de Arte, So Paulo, 2009) e Di-
logos com Desterro (Museu Victor Meirelles,
Florianpolis, 2008). Quanto s coletivas, vale
lembrar as participaes nas feiras Art 13 Lon-
don Fair (2013), SP-Arte (2012) e ArtRio (2012),
alm de Como o tempo passa quando a gen-
te se diverte (Casa Tringulo, So Paulo, 2011);
Artistas brasileiros novos talentos (Salo
Branco do Congresso Nacional, Distrito Federal,
2009) e Rtulos (Museu de Arte de Santa Ca-
tarina, 2007).
73
RODRIGO MARTINSRio de Janeiro RJ, 1988
Vive e trabalha no Rio de Janeiro RJ
Graduado em design gr co (Pontifcia Universi-
dade Catlica do Rio de Janeiro, 2011), participou
do grupo de estudos de Charles Watson (2012-
2013) e, atualmente, cursa o programa Apro-
fundamento na Escola de Artes Visuais do Par-
que Lage. Realizou exposies individuais na Ca-
samata (Rio de Janeiro, 2011), FB Gallery (Nova
York, 2012) e Galeria Laura Marsiaj (Rio de Ja-
neiro, 2014). Participou da coletiva Idolatria v
(Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2013) e do
Prmio EDP (Instituto Tomie Ohtake, So Paulo,
2014). Ganhador do primeiro lugar do referido
prmio, realizar residncia no The Banff Centre,
no Canad.
r-martins.com
74
THIAGO MARTINS DE MELOSo Lus MA, 1981
Vive e trabalha entre So Paulo SP
e So Lus MA
J participou de inmeras exposies coletivas,
entre as quais esto: 31 Bienal Internacional de
So Paulo (2014); Imagine Brazil, Astrup Fear-
nley Museet, Oslo (2013) e Lyon (2014); Entre-
temps... brusquement, et ensuite, 12e Bienna-
le de Lyon (2013); To be with art is all we ask,
Astrup Fearnley Museet, Oslo (2013); Zona tr-
rida: certa pintura do nordeste, Santander Cul-
tural de Recife (2012); Convite viagem, Ru-
mos Artes Visuais, Ita Cultural, So Paulo (2012);
Caos e efeito, Ita Cultural, So Paulo (2011);
Os primeiros 10 anos, Instituto Tomie Ohtake,
So Paulo (2011). Suas principais mostras indi-
viduais foram: Teatro nag-cartesiano e o cor-
te azimutal do mundo, Mendes Wood DM, So
Paulo (2013); Thiago Martins de Melo, Mendes
Wood DM, So Paulo (2011); e III Mostra do Pro-
grama de Exposies, Centro Cultural So Pau-
lo (2010). Seus trabalhos integram as colees
permanentes do Thyssen-Bornemisza Art Con-
temporary, Viena; do Astrup Fearnley Museum
of Modern Art, Oslo; do Museu de Arte Moder-
na do Rio de Janeiro Coleo Gilberto Chate-
aubriand; do Museu de Arte do Rio; do Museu de
Arte Contempornea do Cear; e do Museu do
Estado do Par.
75
VNIA MIGNONECampinas SP, 1967
Vive e trabalha em Campinas SP
Exposies individuais: Museu de Arte Contem-
pornea-USP, 2014; Casa Daros, Rio de Janei-
ro, 2014; Mercedes Viegas Arte Contempornea,
Rio de Janeiro, 2013; e Casa Tringulo, So Pau-
lo, 2012. Exposies coletivas: Cruzamentos,
Wexner Center for the Arts, Ohio, 2014; Se a pin-
tura morreu o MAM o cu, Museu de Arte Mo-
derna-RJ, 2011; Moving horizons The UBS Art
Collection, National Art Museum of China, 2008;
Nova Arte Nova, Centro Cultural Banco do Bra-
sil, Rio de Janeiro, 2008; Contraditrio: Pano-
rama da arte atual, Museu de Arte Moderna-SP,
2008; 25 Bienal Internacional de So Paulo,
2002; e Projeto Antarctica Artes com a Folha, Pa-
vilho Padre Manuel da Nbrega, So Paulo, 1997.
Prmios: II Concurso de Arte Itamaraty, 2012; Sa-
lo Victor Meirelles, 2000; Salo de Arte de San-
to Andr, 1999; Salo de Arte do Paran, 1998; Sa-
lo de Piracicaba, 1998; Salo de Ribeiro Preto,
1998; e Bienal Nacional de Santos, 1997.
www.vaniamignone.com.br
76
EXPOSIO
Curadoria
Raphael Fonseca
Coordenao-Geral
Mauro Saraiva
Produo
Tisara Arte Produes
Juliana Landgraf
Jacson Trierveiler
Programao Visual
Adriana Cataldo e
Priscila Andrade | Zellig
Reviso
Feiga Fiszon
Iluminao
Rogerio Kennedy
Montagem
Moiss Barbosa
Kazuhiro Bedim
Transporte
Vanguardian Transportes
Especializados
Sinalizao
Comvix Comunicao Visual
Seguro
Af nit
Administrao
Andre Fernandes
Claudia Figueir
Monica Machado
Agradecimentos
Alessandra Castaeda
Daniela Seixas
Felipe Abdalla
Fernanda Lopes
Jonas Arrabal
Jorge Soledar
Leandra Esprito Santo
Sueli do Sacramento
Tiago Cadete
15 de outubro a 14 de dezembro de 2014
LOCALCAIXA Cultural Rio de Janeiro | Galeria 4
Avenida Almirante Barroso, 25, Centro
Entrada franca | Permitido fotografar
Classi cao indicativa: Livre
Mediadores disponveis para acompanhar
a visitao
Telefone: 21 3980 3815
facebook.com/caixaculturalriodejaneiro
Baixe o aplicativo da CAIXA Cultural
CATLOGO
Realizao
Tisara Arte Produes
Coordenao Geral
Mauro Saraiva
Projeto Gr co
Zellig
Fotos
Mario Grisolli (p. 4, p. 6,
p. 8, p. 9, p. 10-11)
Reviso de Textos
Feiga Fiszon
Tratamento das Imagens
Zellig
Produo Gr ca
Antnio Fil
Impresso
Sol Gr ca
DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP)
F477
Figura humana. Rio de Janeiro : Tisara : Caixa Cultural, 2014.76 p. : il. color. ; 28 cm.
Catlogo de exposio realizada na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro, de 15 de outubro a 14 de dezembro de 2014.
Curadoria: Raphael Fonseca.
ISBN 978-85-65710-06-0
1. Pintura brasileira Sc. XXI Exposies. I. Fonseca, Raphael II. Tisara (Firma) III. Conjunto Cultural da Caixa (Rio de Janeiro, RJ)
CDD- 759.981
Roberta Maria de O. V. da Costa Bibliotecria CRB7 5587
arealizao patrocnio
Distribuio gratuita Venda proibida
Top Related