8/18/2019 Cartaz Publicitario Um Resgate Historico
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C A RT A Z PUB LIC IT Á RIO : UM RESG A T E H IS TÓRIC O 1
ABREU, Karen Cristina Kraemer. MSc.2
UFSM/CESNORS-FW/
Resumo: Este trabalho procura investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os caminhos do cartazna sociedade ocidental, promovendo um breve resgate histórico. A história do cartaz coincide com ahistória do desenvolvimento da Humanidade. A sua transformação reflete a tecnologia, a estética e o pensamento de cada época. Os primeiros exemplares de que se tem relato eram produzidos por escribas etinham a pedra ou as placas de argila como suporte (mineral). Com o aparecimento do pergaminho(animal) e do papiro (vegetal) efetiva-se a portabilidade desses suportes.
Palavras-Chave: Cartaz, Pôster, História da Mídia Alternativa, Toulousse-Lautrec, Chéret.
I N T R O D U Ç Ã O
O cartaz, que no início de sua utilização é compreendido como um exemplar
m id c ul t da pintura, torna-se um objeto da m a ss c ul t , ao difundir informações e ideias
para um patrocinador. !"#" %"&'"()* +,--./ 01 2.3/ 4* )5&67#&* 078(565'9#5* ):;:<): *
interesse p#5=")* ): >7:? :&'9 0"@"<)* 0*# :(:1 A7 &:B"/ C 7? )5&67#&* 6*? D)*<*EF1 G/
esse fato é bem aceito na sociedade contemporânea.
Por apresentar-&: 6*?* 7? 4&78&'5'7'* 8"#"'* )" 05<'7#"F/ * 6"#'"H desperta o
olhar do público, que a valora, criando uma aura d: 40&:7)*"#':F 0"#" :&&" ?I)5"1 JK* C
só a transmissão de informação que está contemplada na peça publicitária cartaz, há
7?" #:;:#L<65" "* "#'I&'56* : 5&&* * '#"<&0*#'" 0"#" 7?" 6"':@*#5" 4)5&'5<'"F )" ?I)5"
corriqueira, na visão do público. O consumidor é capaz de encantar-se com as imagens,com as cores, com os traços e/ou com o estilo mostrado no cartaz. Há um poder de
magia, de encantamento.
1.1 - O C ART AZ PUBL I C IT ÁRIO
1 Trabalho apresentado no GT de Historiografia da Mídia, integrante do VIII Encontro Nacional deHistória da Mídia, 2011.2
Doutoranda e Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina M UNISUL; Graduada em Comunicação Social nas habilitações Publicidade e Propaganda eJornalismo/UNISINOS.
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1.
1.
1 ! D efinindo Cartaz
O cartaz ou pôster 3, como é conhecido internacionalmente, funciona quase como
um estandarte: é ele que sintetiza as informações sobre o evento a ser divulgado ou
sobre o produto ou serviço ofertado. A definição apresentada por Rabaça e Barbosa
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impresso em papel, de um só lado e geralmente a cores. Próprio para ser afixado em
ambientes amplos ou ao ar livre, em paredes ou armações próprias de madeira ou?:'"(F1
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para afixação em ambientes amplos ou ao ar livre, que traz anúncio comercial ou de
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arte. (...) Os cartazes podem ser colados (impressos em papel e substituíveis de tempos
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autor.
O conceito de cartaz disponível na wikipédia, recurso bastante usado na
atualidade pelos acadêmicos de publicidade e propaganda, apresenta sentidos próximos
daqueles apontados pelos autores acima citados, possibilitando a compreensão que o
cartaz é a peça publicitária que se mostra ao público como uma mensagem expressa em
um suporte, normalmente em papel, afixado de forma que seja visível emlocais públicos. Sua função principal é a de divulgar informação visualmente,mas também tem sido apreciada como uma peça de valor estético. Além dasua importância como meio de publicidade e de informação visual, o cartaz possui um valor histórico como meio de divulgação em importantesmovimentos de caráter político ou artístico. Os problemas estruturais eformais são resolvidos pelo projeto de design gráfico. (WIKIPÉDIA, 2010)4
3 No Brasil a palavra pôster (em Portugal, póster) é usada quando nos referimos a peças mais "artísticas", inclusiveàquelas que podem fazer parte de decoração de interiores. (N. da A.).4 Disponível em <http://www.wikipédia.com/cartaz>; acessado em 20 de março de 2010.
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A diferenciação que se faz no Brasil entre pôster e cartaz acaba por construir
sentidos de que o pôster tem valor estético e o cartaz valor funcional, em razão da
transmissão da informação que ele apresenta. Um cartaz pego da rua e colado no quarto
de um adolescente, por exemplo, independentemente das informações que transmite,
deixa se ser um cartaz com intuito comercial e passa a ser considerado um pôster, pois
sua função principal, naquele cômodo, não é mais informar sobre determinado assunto,
mas decorar o ambiente.
Sobre os modelos de cartaz usados nas sociedades contemporâneas, Rabaça e
Barbosa ensinam que quando dispostos nos pontos de venda, facilmente encontram-se
os formatos com 1, 3 e 4 folhas,
O cartaz de 1 folha pode ser também colocado diretamente em paredes etapumes. São chamados de indoor (sic) os cartazes próprios para afixação emambientes fechados, inclusive no interior de pontos-de-venda (sic), emtransportes coletivos e estações de embarque. (RABAÇA & BARBOSA,1995, p. 111 - 112).
Em relação ao aspecto histórico do cartaz, os autores esclarecem que
Embora haja registros sobre o uso de cartazes desde a antiga Mesopotâmia,esse recurso de comunicação consagrou-se principalmente a partir do século19 (sic), com o desenvolvimento das ates gráficas. Exemplos expressivosdesse período são os cartazes criados por Toulousse-Lautrec, Bonnard eChéret, reconhecidos hoje como legítimas peças de arte. (RABAÇA &BARBOSA, 1995, p. 111).
Cesar (2000, p. 51), afirma >7: * 0U&':# <K* C 4" =5'#5<: 5):"( 0"#" * Dir e t or d e
Ar t e (sic), muitos não gostam ou não levam a criação do cartaz tão a sério quanto
deveriam. (...) O cartaz é uma peça tão importante quanto qualquer outraF. Na visão
d:&&: "7'*#/ * 6"#'"H 4como meio de divulgação, é um marco na história da
0#*0"@"<)"F1
Ferlauto (apud, Cesar, 2000, p. 52), por sua vez, explica que 4* :&0I#5'*
;7<)"?:<'"( )* 6"#'"H C " 87&6" )" 6*?7<56"RK* &5?0(:&F1 V ;7<65*<"(5)"): )* 0U&':#
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é reconhecida: divulga ideias, acontecimentos ou eventos e vende produtos ou serviços;
está extremamente relacionado à economia de mercado da sociedade contemporânea.
Moles (1974, p. 56 - 57), esclarece, ainda, que é fundamental o papel do cartaz
publicitário no espaço urbano e, que seu conteúdo funcional, estético e cultural está
ligado à teoria dos signos. O cartaz relata, comprova e registra o andamento do d e s ign , o
contexto criativo construído e relevante para o conhecimento sobre d e s ign gráfico.
W*<;*#?: WX"@"& +,--,/ 01.YZ3/ 7? )*67?:<'* C 4">75(* >7: :<&5<" +do cce r e ) ou,
?"5& 0#:65&"?:<':/ ">75(* >7: 0*): &:# 7'5(5H")* 0"#" :<&5<"# "(@7?" 6*5&" " "(@7C?F1
No campo da propaganda, a estética é extremamente importante na expressão da
mensagem a ser transmitida. Por outro lado, sabe-se que esse campo não possui uma
estética própria, podendo apropriar-se de quaisquer formatos para difundir suas
mensagens envolvendo mais e melhor o público ao qual se destina.
1.
2 - B R E V E H IST Ó R I A D O C A R T A Z N A C I V I L I Z A Ç Ã O O C I D E N T A L
A história do cartaz coincide com a história do desenvolvimento da
Humanidade. A sua transformação reflete a tecnologia, a estética e o pensamento de
cada época. Nesse sentido, Turner e Muñoz +,--,/ 01 .O3/ :<&5<"? >7: 4os gestos
definiram a estrutura social do Homem de Neanderthal. A escrita e a pintura definiram o
W#*?"@<*<41
Os primeiros exemplares de comunicações públicas de que se tem relato eram
formulados por escribas e tinham a pedra ou as placas de argila como suporte (mineral),
onde eram esculpidas as mensagens dos governantes. Com o aparecimento do
pergaminho (suporte animal) e do papiro (suporte vegetal) efetiva-se a portabilidade
desses suportes.
Quando os chineses inventam o papel (pasta vegetal), o cartaz alcançou a portabilidade definitiva. Somado a descoberta da imprensa móvel, pelo ourives Johann
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Gutenberg, depois de comprová-la com a produção de sua Bíblia de 32 linhas, foi aberto
o caminho da grande difusão de informações impressas na história da Humanidade.
Cesar (2000, p. 52), ";5#?" >7: 4* 0#5?:5#* 6"#'"H 6*<X:65)* C ): ["5<'-Flour,
de 1454, feito em manuscrito, sem imagens. Não demorou para que esse novo meio de
comunicação se estendesse a todos os interessados em divulgar idéias (sic),
acontecimentos ou vender produto&F1 A :\:?0("# de Saint-Flour já apresentava as
principais características que o cartaz registra hoje. Entretanto, foi William Calixto,
contemporâneo de Gutenberg, o introdutor da imprensa móvel no Reino Unido, criando
:? .Y2- * 6"#'"H 4]X: !^:& *; ["(5&87#@F/ >7: :#" ";5\")* <"& 0*#'"& )"& 5@#:B"&
promovendo o livro religioso. Também um exemplar em letras manuscritas.
Fig. 1: Primeiro Cataz de Calixto, impresso no Reino Unido, em 1480.Fonte: Adverte. Disponível em <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.
A técnica litográfica5 ajuda a fundar a história do cartaz publicitário moderno. O
húngaro Aloys Senefelder, autor de peças de teatro, inventou essa técnica de impressão
que buscava imprimir, a baixo custo, as suas próprias partituras musicais, em 1796. Atécnica de Senefelder,
Consistia basicamente em desenhar, através de pincéis, compasso, penas eoutro material de desenho, sobre a respectiva pedra litográfica, com uma tinta pastosa composta por cera, sabão e negro de fumo. Esta descoberta vai permitir, décadas mais tarde, desenvolvimento sem precedentes na históriado cartaz. O mais revolucionário de todos é o uso da cor, até então praticamente inexistente. (ADVERTE6, 2010).
5 Também conhecida como Litografia, que origina-se do Grego lithos (pedra) e graphos/graphia (escrita, registro. (N.da A.).6 Disponível em <http://www.adverte.com.pt>, acessado em 20 de março de 2010.
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Utilizando como base uma pedra calcária, uma placa de alumínio ou de zinco, o
processo litográfico baseia-se no princípio da repulsão entre a água e substâncias
oleosas. A grande inovação é a possibilidade do uso de cores e de traços curvilíneos, se
contrapondo à tipografia, técnica bastante difundida até então na Europa, que reproduzia
textos e algumas imagens á traços retilíneos.
Muitos pintores e ilustradores adotaram a técnica litográfica devido ao baixo
investimento necessário a sua implantação, dando-lhe grande importância por permitir a
reprodução e circulação massiva de imagens. A primeira empresa de impressão
litográfica é aberta em Paris, em 1816. A partir de então, estavam estabelecidas as
condições para que o pôster artístico ou comercial se desenvolvesse e atingisse o
estatuto de grande e, muitas vezes, única mídia existente.
1.2.1 - O C ART AZ PUBL I C IT ÁRIO
Jules Chéret, pintor francês, em 1860, inicia a produção de cartazes publicitários
com estilo artístico. Foi Chéret quem combinou imagem e texto permitindo ao público a
leitura rápida e a compreensão da mensagem. Além de Chéret, Alphonse Mucha e
Henri de Toulousse-Lautrec, na França, são os pioneiros na produção de cartazes. Nos
Estados Unidos, nessa mesma época, J. H. Bufford e L. Prang foram grandes d e s ign e r s
gráficos que se dedicaram à produção cartazista tendo importante destaque no seu
desenvolvimento.
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Fig. 2: Foto de Jules Chéret mostrando seu cartaz a Toulouse-Lautrec.Fonte: <http://www.wikipédia.com/cartaz>; acessado em 20 de março de 2010.
Chéret também foi o primeiro artista plástico a compreender a importância dos
aspectos psicológicos na publicidade. Elaborava cartazes sedutores e que causavam
impacto emocional no público, utilizando a imagem feminina com alegria, vivacidade e beleza.
Fig. 3: Valentino, cartaz de Jules Chéret.Fonte: Adverte. Disponível em: <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.
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O pôster Valentino, mostrado acima, datado de 1886, de Jules Chéret foi o
primeiro cartaz impresso da era moderna, ou seja, um exemplar que corresponde ao que
compreendemos como cartaz na atualidade. V)=:#': +,-.-3 :<&5<" >7: 4* 6"&* presente
(Cartaz Valentino) indicia o elevado carácter dinâmico da sua obra: o palhaço e as
raparigas parecem saltar para fora do cartaz, efeito que acentua a inscrição curvada e
nos sugere um cartaz tridimensionalF.
Entusiasmado com seu trabalho e com os resultados obtidos, Chéret aperfeiçoa a
técnica litográfica atingindo grandes tiragens e o controle do uso das cores. Com o
domínio da técnica, aventura-se em utilizar pedras graúdas que possibilitam a produção
de cartazes de grandes formatos, visualizados à distância, os ou t door s da época.
Conta Hollis (2000, p. 06), >7: 4* :&'5(* ): WXC#:' "?")7#:6:7 <* ;5<"( )"
década de 1880, sendo logo adotado e desenvolvido por outros artistas, particularmente
por Pierre Bonnard e pelo mais conhecido de todos, Henri de Toulouse-_"7'#:6F1 A&
desenhos eram geralmente de 6*#:& 6X"0")"& : <K* &:@75"? "& 4#:@#"&F )" 0:#&0:6'5=" :
das técnicas tradicionais. ["<'EV<<" +.NNO/ 01 Y3/ :\0(56" >7: 4<* 5<I65* )* &C67(* ``/
Toulouse-Lautrec, com seus cartazes, pôs (sic) em relevo o valor da imagem, ampliando
assim as possibilidades )* "<P<65*F1
Na década de 1890, o pintor Henri de Toulouse-Lautrec lançou em Paris umestilo cartazista inteiramente novo. Lautrec criou técnicas de reprodução
litográfica que revolucionaram o processo de impressão, estabelecendo umanova linguagem para o cartaz e para a propaganda comercial. (FONSECA,1995, p. 17).
Chéret e Toulouse-Lautrec trabalharam com tintas resistentes ao tempo (clima);
a distribuição de cartazes externos torna-se viável em paredes e colunas no ambiente
urbano e em painéis de estrada ao longo dos caminhos circundantes a Paris. Fonseca
(1995, p. 17 M .23/ #:("'" >7: 4* 6"#'"H :(:=*7-se assim a uma verdadeira arte
expressiva, embora mantivesse seu caráter objetivo e utilitário. (...) Se espalha pela
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Europa abrindo caminho e formando as bases para uma nova forma de comunicação
6*?:#65"(Fa *& 0#5?:5#*& 0"&&*& )" 0#*0"@"<)" =5&7"( &7#@:? <" S#"<R" )* &C67(* `b`1
Naquele momento, todos queriam aproveitar " 4?I)5" 6"#'"HF 0"#" difundir suas
intenções comerciais ou ideológicas. Conforme Cesar(2000, p. 52), F':"'#*&/ :?0#:&"&
de remédios, indústria, etc., passaram a usar o novo meio. (...) a arte publicitária tornou-
se famosa principalmente pelo cartaz criado por Toulouse-Lautrec, publicado em 1893,
B9 7'5(5H"<)* 5?"@:<& : 6*#:&F1
Fig. 4 e 5: Cartazes de Toulouse-Lautrec para o Cabaré Moulin Roug e (1893). Fonte: <http://www.easyart.com>; acessado em 25/maio/2009.
Naquela época a imagem urbana parisiense transforma-se: é a primeira cidade a
desfazer-se do velho e a recriar-se, sendo copiada por outras tantas cidades europeias e
americanas. Costa e Rodrigues (1995, p. .N3/ ";5#?"? >7: 4" 87#@7:&5" <:6:&&5'"="
revolucionar constantemente os seus meios de produção, modificando ilimitada e
sistematicamente o mundo. (...) A '#"<&;*#?"RK* :#" 7? ;5? :? &5 ?:&?*F1 Os cartazes
#:6#5"? " 5?"@:? 7#8"<" '#"H:<)* 5<;*#?"RK* +':\'*3/ 5?"@:?/ 6*#+:&3 : 405<6:(")"& ):
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É necessário ainda, lembrar que com a transformação da indústria gráfica e o
desenvolvimento do fotolito7, os cartazes puderam ser reproduzidos em quantidades
maiores, sendo utilizado como meio de divulgação de produtos, marcas, serviços e
eventos. Sua "0(56"RK* :<>7"<'* 4?:5* ): 6*?7<56"RK* @"<X*7 0#*0*#RQ:& 5<;5<5'"&F/
afirma Cesar(2000, p. 52).
A criação de Edouard Manet para Cha m p f l e ury (Le s Cha ts ), em 1896, não se
insere na corrente dominante da época. Entretanto, o cartaz de Manet apresenta
características de produções modernas (ver fig. 7 - Cartaz da Semana de Arte Moderna
de SP/19223 : 6*<;*#?: V)=:#': +,-.-3 4C * 0#:(P)5* )* 6"#'"H )*& <*&&*& )5"&c @#"<):
enfoque no motivo principal a comunicar, redução dos detalhes ao mínimo e integração
de texto e imagem, resultando numa obra de fácil leituraF.
Fig. 6: Exemplar de cartaz de Edouard Manet, em 1896.Fonte: Adverte. Disponível em: <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.
7 Fotolito é a denominação dada à película transparente (acetato) onde são registrados imagens e textos através de um processo fotomecânico. (N. da A.).
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Fig. 7: Cartaz (All Type) da Semana de Arte Moderna, em 1922, no Brasil.Fonte: Disponível em: <http:/www.wikipedia/com.pt/Arte-moderna-8.jpg>, acessado em: 20/10/2009.
O cartaz da Casa Ramos Pinto, fundada por Adriano Ramos Pinto no século
XIX, é um emblema no mercado de vinhos do Porto/PT. A divulgação da famosa casa
de vinhos portuguesa sempre contou com imagens míticas. Conforme o s i t e adverte
(2010), o proprietário do negócio sempre soube que 4a imagem é imprescindível para o
sucesso empresarial. Encomendou vários trabalhos (cartazes) a alguns dos mais famosos
cartazistas da épocaF.
Fig.8: Cartaz da Casa Ramos Pinto, apresentando metalinguagem visual.Fonte: Adverte. Disponível em: <adverte.com.pt>, acessado em: 20 de março de 2010.
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1.3 - A PRODUÇ ÃO DE C ART AZ ES NO SÉC UL O X X
O cartaz atingiu um importante papel para a propaganda no século XX,
tornando-se a principal mídia de divulgação das transformações sociais que antecedem a
II Guerra Mundial, por seu alto grau de impacto e de provocação do interesse do
público. !"#" d*((5& +,---/ 01 -O3/ F<as ruas das crescentes cidades do final do século
XIX, os pôsteres eram uma expressão da vida econômica, social e cultural, competindo
:<'#: &5 0"#" "'#"5# 6*?0#")*#:& 0"#" *& 0#*)7'*& : 0P8(56* 0"#" *& :<'#:':<5?:<'*&F1
]"?8C? C 5?0*#'"<': 6*<&5):#"# " :\0*&5RK* ): ["<'EV<<" +.NNO/ 01 Y M 5),
)5H:<)* >7: 4"<':& )* 5?0:'7*&* "="<R* )" ':6<*(*@5"/ "& ;98#56"& &: (5?5'"="? "
produzir aquilo que o consumidor realmente necessitava e estava em condições de
")>75#5#F1
A partir da produção em grande escala, as fábricas passaram a gerar produtos
para um mercado que poderia consumir mais do que o essencial. A propaganda foi a
maneira encontrada para escoar a excessiva produção das máquinas das indústrias,
auxiliando os industriais a rapidamente dar vazão à produção. Anunciar os produtos foi
a alternativa mais eficiente à época.
Só a propaganda, com suas técnicas aprimoradas de persuasão, poderiainduzir as grandes massas consumidoras a aceitar os novos produtos, saídosdas fábricas, mesmo que não correspondessem à satisfação de suas
necessidades b9&56"&c 6*?:#/ =:&'5#/ ?*#"#/ '#"'"# )" &"P): +[VJ]EVJJV/1995, p. 5).
O pôster, que representava uma nova forma de comunicação na era industrial, e
após a publicação de um livro sobre o assunto, Le s Aff i c h e s Illu st rr ée s , em 1886,
adquiriram respeitabilidade cultural e tornaram-se objetos colecionáveis. Por suas
características, impresso industrialmente, contemplando cor(es), texto e imagem e,
persuadindo os consumidores, também é percebido como um elemento propício para a
difusão de propaganda política, além do uso comercial já enfatizado.
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Durante a Segunda Guerra, foi uma das armas mais eficientes para elevar os
sentimentos patrióticos, manter a moral do front (sic) interno e mobilizar aopinião pública. Nos anos que se seguiram ao armistício, a França, a Itália enotavelmente a Polônia aparecem com uma alta qualidade de concepção e produção gráfica de cartazes (FONSECA, 1995, p. 18).
Nos Estados Unidos também o cartaz foi utilizado como meio de divulgação das
ideias políticas e governamentais. Os exemplos abaixo apresentam alguns dos materiais
criados pelo governo norte americano durante a Segunda Grande Guerra bem como
aqueles criados pelas Forças Armadas daquele país, informando, controlando e
induzindo os pensamentos da população.
Na época posterior à Revolução Russa, a presença do cartaz na difusão das
5):5"& )* 4<*=* @*=:#<*F ;*5 :\'#:?"?:<': 5?0*#'"<': pelo envolvimento com as
vanguardas artísticas e pelo alto grau ideológico das menssagens publicizadas. Dessa
forma, o d e s ign russo foi influente na evolução do cartaz europeu moderno e na
estruturação dos conceitos difundidos pela Bauhaus, escola de d e s ign alemã.
Fig.9: Cartaz de El Lissitzky, de 1929.Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://www.wikipédia.com.pt >, acessado em: 20/03/2010.
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El Lissitzky criou cartazes construtvistas, que apontavam grandes modificações
para o início do século XX. Usando cores puras8, formas geométricas e montagens
fotográficas. O russo El Lissitzky foi o introdutor dos tipos (de letras) sem serifas na
produção publicitária, que tem seu uso privilegiado até a atualidade.
O cartaz transformou-se na medida em que a sociedade também se modificou.
Mais texto, menos imagem; mais imagem, menos texto. Mais cores, imagens
monocromáticas, apresentações all t yp e , explosão de cores, enfim, sua estética foi
adaptando-se às necessidades do público e das mensagens a serem transmitidas e
buscou referências estéticas nos movimentos artísticos de sua época. São referências na
produção cartazista do pós guerra os trabalhos de R. Savignac, na França, de George
Giusti e de Paul Rand, nos Estados Unidos.
S*<&:6" +.NNO/ 01 .23/ ;"H ?:<RK* "* 65<:?" 6*?* 4* ?:5* 5?0*#'"<': ):
comunicação de massa nesse período, (e que) utiliza o cartaz como sua principal forma
): )5=7(@"RK* +)"I " :\0#:&&K* 4* ;5(?: >7: :&'9 :? 6"#'"HF31 A st a t u s e o gla m ouratingido pelo cinema junto ao público é transferido ao cartaz por integrar o processo de
divulgação das informações sobre aquele novo meio e suas produções.
O suíço Herbert Leupin e o norte-americano (sic) Milton Glaser desenvolvemnotável contribuição para o cartaz aplicado à propaganda comercial. NosEstados Unidos, Peter Max, com seus cartazes psicodélicos, cria um estilo dearte visual que marcou os coloridos movimentos jovens do início dos anossessenta. O Japão também se destaca com uma arte cartazista de alta
significação, como os cartazes de Yusaka Kamekuka criou para a Olimpíadade Tókio em 1964. No Brasil, é de importância o trabalho divertido eirreverente de Ziraldo e os cartazes cinematográficos de Benício (José LuísBenício), que ajudaram a estabelecer a consolidação da nossa indústriacinematográfica. (FONSECA, 1995, p. 18).
A produção cartazista mantem-se na atualidade como um símbolo das
campanhas publicitárias completas. O cartaz é importante meio de comunicação no
8 Preto e vermelho são exemplos de cores puras na impressão. (N. da A.).
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ponto de venda (PDV) por atingir o público num último esforço de comunicação
mercadológica, no momento da compra.
CONSIDERAÇOES
Enquanto mídia, o cartaz está mantendo-&: <" D(5<X" ): 0#*)7RK*E )"&
campanhas publicitárias como um item importante, em especial, quando trata-se da
divulgação de eventos ou de campanhas governamentais de saúde pública, por exemplo,
convivendo, então, com o surgimento de outras mídias como a televisão, no pós guerra,e, a internet, no pós guerra fria.
Hoje os cartazes são obrigatórios para atingir o consumidor, mesmo fazendofrente a outros meios como revistas, jornais, televisão, etc. Não podem e nemdevem ser dispensados ou minorizados. (...) O cartaz (...) em quase 100% doscasos estará falando a um público local em que ele pode definir-se pelacompra ou pela ação. (...) Normalmente, o cartaz está afixado nos locais ondeo produto/serviço está exposto (...) nos pontos-de-venda (sic) e tantos outroslugares (CESAR, 2000, p. 52).
A defesa de Cesar (2000) ao meio cartaz pressupõe que a presença física da
mensagem publicitária ainda é relevante no convencimento do público. Seja uma
informação institucional, de saúde pública ou comercial, como nos primeiros
exemplares produzidos em Paris.
R E F E R Ê N C I A S
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8/18/2019 Cartaz Publicitario Um Resgate Historico
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