CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE1902 - 1987
TEMÁTICA DOMINANTE
O INDIVÍDUO
A TERRA NATAL
A FAMÍLIA
OS AMIGOS
O CHOQUE SOCIAL
O CONHECIMENTO AMOROSO
A PRÓPRIA POESIA
EXERCÍCIOS LÚDICOS
O ESTAR NO MUNDO
INFORMAÇÕES GERAIS
• 1ª FASE
• Identificação com o modernismo 1º tempo: • versos livres; coloquialismo; prosaísmo; humor (poema-piada) e ironia;
paródia; brevidade e concisão
• 2ª FASE
• Identificação com o modernismo 2º tempo:• Questionamento social e existencial (poesia do impasse); engajamento político
(socialismo); metapoesia; formas livres e tradicionais.
ALGUMA POESIA – 1930BREJO DAS ALMAS - 1934
SENTIMENTO DO MUNDO – 1940JOSÉ – 1942
A ROSA DO POVO - 1945
INFORMAÇÕES GERAIS
• 3ª FASE
• Poesia erudita e filosófica• Investigação metafísica do ser; poesia complexa (hermetismo) ligada a memória;
surgimento do erotismo.
• 4ª FASE
• Síntese e mistura das fases anteriores• Volta dos poemas curtos e humorísticos associados a influências contemporâneas
(concretismo) e prosseguimento da investigação existencial e social.
NOVOS POEMAS – 1948CLARO ENIGMA – 1951
FAZENDEIRO DO AR – 1954A VIDA PASSADO A LIMPO - 1959
LIÇÃO DAS COISAS – 1962
CLARO ENIGMA
Carlos Drummond de Andrade
ESTRUTURA
DIVISÃO
EM SEIS
PARTES
RETOMADA DO FORMALISMO POÉTICO CLÁSSICO
- Métrica e rimas regulares
- Linguagem erudita
41POEMAS
1 = ENTRE LOBO E CÃO – 18 Poemas
2 = NOTÍCIAS AMOROSAS – 7 Poemas
3 = O MENINO E OS HOMENS – 4 Poemas
4 = SELO DE MINAS – 4 Poemas
5 = OS LÁBIOS CERRADOS – 6 Poemas
6 = A MÁQUINA DO MUNDO – 2 Poemas
SITUAÇÃO DE ÉPOCA
A ROSA
DO POVO
1945
CLARO
ENIGMA
1951
GUERRA FRIA
(Ameaça atômica)
POLARIZAÇÃO IDEOLÓGICA
(Capitalismo x Socialismo)
DESILUSÃO, MEDO, ANGÚSTIA
QUESTIONAMENTO EXISTENCIAL
TEMÁTICA
FATOS
CONCRETOS
Poesia Social
CONCEITOS
ABSTRATOS
metafísica
DISSOLUÇÃO Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite.
E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?
E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito que o dia carreia consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.
Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.
DISSOLUÇÃO Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite.
E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?
E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito que o dia carreia consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.
Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.
DISSOLUÇÃO Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite.
E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?
E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito que o dia carreia consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.
Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.
Consciência do fim de uma fase e aceitação da nova realidade
Ausência e dúvidas
PósGuerra
Apatiapessimista
O poeta cala sua voz para o
mundo concreto. Volta-se para a forma (corpo)
sem alma (essência)
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
Análise
Formal
Do
poema
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
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FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
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FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
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A SOM BRAA ZUL DA TAR DE NOS CON FRAN
UM SI NO TO CAE NÃO SA BER QUEM TAN
BAI XA SE VE RAA LUZ CRE PUS CU LAR
É CO MO SEES TE SOM NAS CES SE DOAR
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FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
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A SOM BRAA ZUL DA TAR DE NOS CON FRAN
UM SI NO TO CAE NÃO SA BER QUEM TAN
BAI XA SE VE RAA LUZ CRE PUS CU LAR
É CO MO SEES TE SOM NAS CES SE DOAR
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que sono e sonho ceifa devagar ALITERAÇÃO
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
Leitura
Compreensiva
Do
poema
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
FRAGA = rocha, rochedoCONFRANGE = afligeTANGE = tocaALFANJE = espada curvaCEIFA = cortaFALANGE = grupo, multidãoCALCAMOS = comprimimos
FRAGA E SOMBRA
A sombra azul da tarde nos confrangeBaixa, severa, a luz crepuscular. Um sino toca, e não saber quem tange é como se este som nascesse do ar.
Música breve, noite longa. O alfanje que sono e sonho ceifa devagar mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens esquecidas de passar.
Os dois apenas, entre céu e terra, sentimos o espetáculo do mundo, feito de mar ausente e abstrata serra.
E calcamos em nós, sob o profundo instinto de existir, outra mais pura vontade de anular a criatura.
FRAGA = rocha, rochedoCONFRANGE = afligeTANGE = tocaALFANJE = espada curvaCEIFA = cortaFALANGE = grupo, multidãoCALCAMOS = comprimimos
Reflexão sombria sobre o amor e a vida com
base em uma melancolia filosófica
A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
A
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A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
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A MA DU RE ZAES SA TER RÍ VEL PREN
TO DO SA BOR GRA TUI TO DEO FE REN
QUEAL GUÉM NOS DÁ RAP TAN DO NOS COM E
SOB A GLA CIA LI DA DE DEU MAES TE
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A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
INGAIA = NEOLOGISMOGAIA = alegre, jovial (provençal)IN = negação (latino)
INGAIA = triste/velha
A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
INGAIA = NEOLOGISMOGAIA = alegre, jovial (provençal)IN = negação (latino)
INGAIA = triste/velha
MADUREZA = maturidadePRENDA = presenteGRACIALIDADE = friezaESTELA = coluna para inscrição (estela funerária)ÓCIOS = descansos (estar parado)QUEBRANTOS = feitiços (estado mórbido)AGUDO = intenso, desenvolvido
A INGAIA CIÊNCIA
A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
INGAIA = NEOLOGISMOGAIA = alegre, jovial (provençal)IN = negação (latino)
INGAIA = triste/velha
MADUREZA = maturidadePRENDA = presenteGRACIALIDADE = friezaESTELA = coluna para inscrição (estela funerária)ÓCIOS = descansos (estar parado)QUEBRANTOS = feitiços (estado mórbido)AGUDO = intenso, desenvolvido
A maturidade traz o conhecimento, a
“triste ciência” de que tudo se dissolve no
“sonho da existência”
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