UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA – PPGA
MESTRADO E DOUTORADO
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E
BROMATOLÓGICAS DA FORRAGEM E DA
SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO
SUBMETIDO Á DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE,
COM OU SEM APLICAÇÃO DE FUNGICIDA.
TESE DE DOUTORADO
JULIO CEZAR HEKER JUNIOR
GUARAPUAVA-PR
2020
JULIO CEZAR HEKER JUNIOR
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E BROMATOLÓGICAS DA FORRAGEM E
DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO Á DIFERENTES
SISTEMAS DE CORTE, COM OU SEM APLICAÇÃO DE FUNGICIDA
Tese apresentada à Universidade Estadual do
Centro-Oeste, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, área de concentração em Manejo de
Grandes culturas, para a obtenção do título de
Doutor.
Prof. Dr. Mikael Neumann
Orientador
Prof. Dr. Marcelo Cruz Mendes
Co-orientador
GUARAPUAVA - PR
2020
Catalogação na Publicação
Rede de Bibliotecas da Unicentro
Heker Junior, Julio Cezar
H473c Características agronômicas e bromatológicas da forragem e da silagem do
centeio cv. Temprano submetido a diferentes sistemas de corte, com ou sem
aplicação de fungicida / Julio Cezar Heker Junior. – – Guarapuava, 2020.
xvii, 77 f. : il. ; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração em Manejo de Grandes Culturas,
2020.
Orientador: Mikael Neumann
Coorientador: Marcelo Cruz Mendes
Banca examinadora: Leandro Rampim, Robson Kyoshi Ueno, Marlon Richard
Hilário da Silva
Bibliografia
1. Agronomia. 2. Cereal de inverno. 3. Ensilagem. 4. Grão farináceo. 5. Secale
cereale. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Agronomia.
CDD 630
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por pelas realizações até agora concedidas, sei
que nada disso seria possível sem ele.
A minha companheira de todas as horas, minha esposa Fabiana que sempre me
incentivou a buscar os meus objetivos, me auxiliou nos momentos difíceis, até mesmo em
virar o ano medindo pH e temperatura das silagens, auxílio com suas correções nos meus
erros de escrita, apoio financeiro e afetivo, que fizeram ser possível este momento.
Agradeço em especial meus pais, Julio Cezar e Vandege pelo incentivo dado desde a
minha infância, para estudar e sempre buscar mais na vida profissional.
Aos demais familiares que nunca mediaram esforços para me ajudar nos momentos de
dificuldade durante a minha formação acadêmica.
Agradeço o professor Mikael Neumann, pelo tempo dedicado a me orientar, pela
paciência, pela confiança em mim depositada, pelos ensinamentos de vida, pelas chamadas de
atenção e sempre com razão que foram essenciais para meu desenvolvimento acadêmico e
profissional. Ao meu Co-orientador Marcelo Cruz Mendes que sempre que precisei esteve no
apoio das atividades do projeto, ao seu orientado Jean que também contribuiu nas atividades
de campo. Agradeço também a todos os professores que fizeram e ainda fazem parte da minha
vida acadêmica.
Agradeço também aos funcionários desta instituição Elias, Ângelo, Lucília, sempre
com um café fresquinho para despertar nos intervalos de aula, dentre outros que sempre foram
muito importantes tanto no desenvolvimento dos trabalhos a campo, quanto das disciplinas e
compromissos com o curso.
A família NUPRAN a qual faz parte de todas as minhas conquistas acadêmicas, e sei
que sem sua ajuda nada disso seria possível, em especial aos grandes amigos que o grupo me
possibilitou conquistar: Robson, Fabiano, Rodolfo, Mailson, Murilo, Mateus, Denis, Bruno
Fianco, Guilherme, Felipe, Danubia, Cecilia sempre dispostos a ajudar e companheiros nos
trabalhos e nas pesquisas. Aos companheiros de pós-graduação Egon, Gabriela, Bruno
Venancio, Tânia, André Palmital e Fartura e aos novos integrantes da pós que também
ajudaram quando ainda estagiários, Fernando, Ângela, Giovanna, Emylli, e no demais
estagiários do NUPRAN que sempre estiveram dispostos a ajudar no desenvolvimento das
avaliações que mesmo no natal e ano novo estiveram firmes comigo nas avaliações de
estabilidade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
incentivo financeiro durante o desenvolvimento desta etapa.
Agradeço as empresas parceiras do trabalho, sem esta parceria o desenvolvimento não
seria possível, a Atlântica Sementes, por meio do Ederson Antunes e o Steben Crestani por
todo o auxílio durante o experimento a campo e as análises laboratoriais e a Cooperaliança
por meio do Robson e do Rodolfo, que juntos ajudaram a idealizar o projeto.
SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................................... i
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. iii
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ v
RESUMO .................................................................................................................................. vi
ABSTRACT ............................................................................................................................ viii
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 HIPÓTESES ........................................................................................................................ 4
3 OBJETIVOS........................................................................................................................ 4
3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 4
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 4
4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 6
4.1 O centeio ...................................................................................................................... 6
4.2 Silagem de cereais de inverno de qualidade ................................................................ 8
4.3 Sistemas de cortes ........................................................................................................ 9
4.4 Uso de fungicidas em cerais de inverno .................................................................... 10
4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 11
5 CAPÍTULO I – PRODUÇÃO DE FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO
SUBMETIDO A DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO
PRÉ-FLORESCIMENTO. ....................................................................................................... 16
5.1 Resumo ...................................................................................................................... 16
5.2 Abstract ...................................................................................................................... 16
5.3 Introdução .................................................................................................................. 17
5.4 Material e métodos ..................................................................................................... 18
5.5 Resultados e discussão ............................................................................................... 22
5.6 Conclusão ................................................................................................................... 30
5.7 Referências ................................................................................................................. 30
6 CAPÍTULO II – QUALIDADE NUTRICIONAL E DESAPARECIMENTO RUMINAL
DA FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A DIFERENTES
SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-FLORESCIMENTO ........ 34
6.1 Resumo ...................................................................................................................... 34
6.2 Abstract ...................................................................................................................... 34
6.3 Introdução .................................................................................................................. 35
6.4 Material e métodos ..................................................................................................... 36
6.5 Resultados e discussão ............................................................................................... 39
6.6 Conclusão ................................................................................................................... 48
6.7 Referências ................................................................................................................. 48
7 CAPÍTULO III – PERDAS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTABILIDADE
AERÓBICA DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A
DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-
FLORESCIMENTO ................................................................................................................. 53
7.1 Resumo ...................................................................................................................... 53
7.2 Abstract ...................................................................................................................... 53
7.3 Introdução .................................................................................................................. 54
7.4 Material e métodos ..................................................................................................... 56
7.5 Resultados e Discussão .............................................................................................. 59
7.6 Conclusão ................................................................................................................... 67
7.7 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 67
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 73
9 ANEXOS ........................................................................................................................... 74
i
i
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ANOVA Análise de Variância
ATP Adenosina Triose Fosfato
CEL Celulose
cm Centímetros
cmol Centimol
Cfb Classificação climática, Subtropical mesotérmico úmido
CV Coeficiente de Variação
CEUA Comitê de Ética de uso de animais em pesquisa
cv. Cultivar
dm Decímetro
DMS Desaparecimento Ruminal da Matéria Seca
DAS Dias após a Semeadura
ABij Efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;
BL Efeito do bloco
Bj Efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;
Ai Efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;
eij Erro aleatório associado a cada observação Yij
FDA Fibra em detergente ácido
FDN Fibra em detergente neutro
g Gramas
ºC Graus Célsius
HEM Hemicelulose
h Horas
ILP Integração Lavoura-Percuária
Ca Íon Cálcio
Cl Íon Cloro
H Íon Hidrogênio
Mg Íon Magnésio
O Íon oxigênio
K Íon Potássio
LIG Lignina
® Marca registrada
ii
ii
MM Matéria mineral
MN Matéria Natural
MO Matéria Orgânica
MS Matéria Seca
µ média dos tratamentos;
m Metro
m² Metro Quadrado
µL Microlitros
µm Micrometros
mg Miligrama
min Minutos
M Molar
NUPRAN Núcleo de Produção Animal da UNICENTRO
% Percentual
ha-1
Por Hectare
pH Potencial Hidrogeniônico
P Probabilidade
PB Proteína bruta
Kg Quilogramas
Yij Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;
T Tratamento
UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste
iii
iii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Produção de biomassa seca de forragem do centeio cv. Temprano, submetido à
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida. ................................................... 22
Tabela 2. Teor de matéria seca da planta e altura de planta do centeio cv. Temprano,
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
.................................................................................................................................................. 25
Tabela 3. Composição física estrutural da forragem do centeio cv. Temprano, submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 27
Tabela 4. Desaparecimento ruminal dos componentes estruturais e da planta inteira do
centeio cv. Temprano em 48 horas de exposição, submetido a diferentes sistemas de corte
com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ............................................. 28
Tabela 5. Teores de matéria mineral, proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido do
centeio cv. Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de
fungicida no pré-florescimento. ................................................................................................ 40
Tabela 6. Teores de hemicelulose, celulose e lignina do centeio cv. Temprano, submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 43
Tabela 7. Características químicas fermentativas das silagens do centeio cv. Temprano
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
.................................................................................................................................................. 60
Tabela 8. Composição química bromatológica das silagens do centeio cv. Temprano
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
.................................................................................................................................................. 61
Tabela 9. Desaparecimento ruminal das silagens do centeio cv. Temprano em 24 e 48 horas
de exposição, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-
florescimento. ........................................................................................................................... 63
Tabela 10. Perfil fermentativo (g kg-1
) das silagens do centeio cv. Temprano submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 64
Tabela 11. Tempo para máxima temperatura após abertura e perda de estabilidade aeróbia
das silagens do centeio cv. Temprano submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................................. 66
Tabela 12. Resumo da análise de variância para os parâmetros biomassa seca (PBSe, kg ha-1
),
produção de biomassa seca total acumulada (PBSt, kg ha-1
), altura de planta (HP, m), teor de
matéria seca da planta (MSP, %), teor de matéria seca da folha (MSf, %), teor de matéria seca
iv
iv
do colmo (MSc, %), teor de matéria seca da estruturas reprodutivas (MSe, %), participação de
colmo (Cc, % na planta), participação de folhas (Cf, % na planta), participação de estruturas
reprodutivas (Ce, % na planta), desaparecimento ruminal das folhas em 24h (DRF24,%),
desaparecimento ruminal das folhas em 48h (DRF48,%), desaparecimento ruminal dos
colmos em 24h (DRC24,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 48h (DRC48,%),
desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 24h (DRE24,%), desaparecimento
ruminal das estruturas reprodutivas em 48h (DRE48,%) do centeio submetido a sistemas de
corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .................................... 75
Tabela 13. Resumo da análise de variância para os parâmetros matéria mineral (MM, %),
proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra
em detergente acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento
ruminal da matéria seca em 24 horas (DMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca
em 48 horas (DMS48, %) do centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................................. 76
Tabela 14. Resumo da análise de variância para os parâmetros teor de matéria seca (TMS, %
na MN), perdas de matéria seca (PMS, % da MS) matéria mineral (MM, %), proteína bruta
(PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente
acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria
seca em 24 horas (DRMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca em 48 horas
(DRMS48, %), Ácido Láctico (ALAT, g kg-1
de MS), Ácido acético (AACE, g kg-1
de MS),
Ácido Propiônico (APRO, g kg-1
de MS), Ácido butírico (ABUT, g kg-1
de MS), Etanol
(ALAT, g kg-1
de MS), das silagens de centeio submetido a sistemas de corte com ou sem
aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................. 77
v
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Temperaturas mínimas e máximas e precipitação diária ocorrida no período de
avaliação do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida. .................................................................................................................... 19
Figura 2. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-
florescimento. ........................................................................................................................... 44
Figura 3. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, submetido a diferentes sistemas de corte. .............................................................. 45
Figura 4. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .......................... 46
Figura 5. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano com um e dois cortes no estádio vegetativo conforme o sistema de corte, com ou
sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .......................................................... 47
vi
vi
RESUMO
HEKER JUNIOR, J. C. Características agronômicas e bromatológicas da forragem e da
silagem do centeio cv. Temprano submetido á diferentes sistemas de corte, com ou sem
aplicação de fungicida. 2019. 77 p. (Tese - Doutorado em Produção Vegetal). Universidade
Estadual do centro-oeste UNICENTRO, Guarapuava, 2019.
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a produção de biomassa
seca a qualidade nutricional da forragem e o desaparecimento ruminal da matéria seca do
centeio cv. Temprano, manejado em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e
posterior confecção de silagem, com ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade
+ Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de
silagens resultantes da colheita no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no
vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de
fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4:
um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com
aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de
fungicida. O uso de cortes no vegetativo alterou (P<0,05) as características de produção do
centeio, sendo que com um corte se teve a maior produção de biomassa acumulada 12.885 kg
ha-1
, maior teor de matéria seca, menor participação de colmo e consequentemente maior
participação de espigas, e estes componente apresentaram maiores taxa de desaparecimento
ruminal. O uso de dois cortes proporcionou a menor produção de silagem, no entanto, os dois
cortes no vegetativo mostraram-se com alto potencial de produção e digestão dos
componentes estruturais, podendo ser uma alternativa de uso quando se tem a pretensão em
deixar palhadas de cobertura para a cultura seguinte. De maneira geral, a utilização de um
corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem no estádio de grão farináceo foi o melhor
manejo empregado no centeio cv. Temprano com base nos parâmetros de bromatologia e
degradabilidade ruminal, pois apresentou melhor composição dos carboidratos fibrosos após o
corte gerou melhores índices de degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando
ainda o corte do vegetativo que produziu um material de excelente qualidade nutricional. O
uso do fungicida não proporcionou grandes alterações nos parâmetros produtivos da cultura
do centeio, mostrando que uma única dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca
das plantas e melhorou o desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas. Em relação à
qualidade bromatológica a utilização ou não de fungicida, houve melhora significativas nos
vii
vii
teores de proteína bruta e matéria mineral da planta no momento da ensilagem devido aos
efeitos fisiológicos que a Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou
numericamente, maior desaparecimento da matéria seca no rúmen. As silagens dos
tratamentos que receberam um corte no vegetativo apresentaram-se melhor no contexto geral,
devido a melhor composição da fibra com menores valores de fibra em detergente neutro e
menor teores de lignina, no entanto devido ao seu maior teor de MS apresentou um processo
fermentativo menos eficiente em termos de concentração de ácidos orgânicos e de
estabilidade aeróbica, porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem degradabilidade
ruminal, atribuído a isso ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no estádio vegetativo
que tem certamente uma qualidade superior. A utilização de fungicida é indicada na cultura
do centeio, pois, proporcionou melhores índices de matéria seca e melhor composição da fibra
e, melhorou o processo fermentativo gerando menores perdas de MS sem alterar a
estabilidade aeróbica das silagens.
Palavras-chave: Cereal de inverno, Ensilagem, Grão farináceo, Secale cereale
viii
ABSTRACT
HEKER JUNIOR, J C. Agronomic and bromatological characteristics of forage and silage of
the rye cv. Temprano submitted to different cutting systems, with or without fungicide
application. 2019. 77 p. (Thesis - PhD in Plant Production). Universidade Estadual do Centro-
Oeste - UNICENTRO, Guarapuava, 2019.
The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate dry
biomass production, forage nutritional quality and ruminal disappearance of dry matter of rye
cv. Temprano, managed in different cutting regimes at the vegetative stage and subsequent
silage making, with or without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based fungicide at
the pre-flowering phenological stage. The treatments consisted of silages resulting from
harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative stage and
without fungicide application; T2: without cut at the vegetative stage and with fungicide
application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T4: a
cut at the vegetative and without fungicide application; T5: two cuts at the vegetative stage
with fungicide application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the vegetative stage
without fungicide application. The use of cuts at the vegetative stage changed (P <0.05) the
characteristics of rye production, with one cut yielding the highest cumulative biomass
production 12,885 kg ha-1
, higher dry matter content, lower stem participation and
consequently greater participation of ears, and these components presented higher rumen
disappearance rate. The use of two cuts provided the lowest silage production, however, the
two cuts at the vegetative stage showed high potential for production and digestion of
structural components, and may be an alternative use when leaving cover straw to the next
crop. In general, the use of a single cut at the vegetative stage and subsequent ensiling at the
stage of floury grain was the best management used in rye cv. Temprane based on chemical
and ruminal degradability parameters, as it presented better composition of fiber
carbohydrates after cutting and generated better ruminal dry matter degradability, also
highlighting the cut at the vegetative stage that produced a material of excellent nutritional
quality. The use of fungicide did not cause major changes in the productive parameters of rye
crop, showing that a single dose of fungicide decreases only the dry matter content of the
plants and improved the ruminal disappearance of the reproductive structures. Regarding
chemical quality considering the use or not of fungicide, there was a significant improvement
in the crude protein and mineral matter contents of the plant at the ensiling time due to the
physiological effects that Pyraclostrobin causes in the treated plants, which numerically
ix
generated a greater ruminal disappearance of dry matter. The silages of the treatments cut at
the vegetative stage were better in the general context, due to the better fiber composition
with lower values of neutral detergent fiber and lower lignin contents. However, due to its
higher DM content, it presented a less efficient fermentation process in terms of organic acid
concentration and aerobic stability, but it did not alter DM losses or ruminal degradability, to
which is attributed the use of DM harvested at the vegetative stage, which certainly has a
higher quality. The use of fungicide is indicated in rye crops, as it provided better dry matter
indices and better fiber composition and improved the fermentative process generating lower
DM losses without changing the aerobic stability of the silages.
Keywords: Farinaceous grain, Secale cereale, silage, winter cereal.
1
1. INTRODUÇÃO
Na produção animal é importante atender o máximo possível às exigências dos
animais utilizados, onde a alimentação em quantidade e qualidade se torna um dos fatores
determinantes para obtenção de bons resultados produtivos e elevados índices zootécnicos
(PAULA et al., 2009).
Um dos grandes entraves nos sistemas de produção pecuária são os gastos envolvidos
com a alimentação dos animais, que podem ser responsáveis por 70 a 90% dos custos
operacionais totais, dependendo da fase em que se encontram os animais e, o patamar de
produção desejado pelos produtores (VALADARES FILHO et al., 2006).
O grande desafio é a busca por alternativas nas diferentes fases de crescimento, que
levem a um maior desfrute das propriedades. O uso de alimentos conservados é uma
alternativa, a exemplo disso, cita-se as silagens, uma alternativa para reduzir os custos, devido
a grande produção por área. Dentre as principais culturas usadas para a produção de silagem,
o milho e o sorgo merecem destaque no verão. Entretanto, surge uma necessidade de
viabilizar outras culturas para períodos onde não é propício o cultivo do milho e do sorgo para
confecção da silagem, no sentido de reduzir os custos de produção (PINTO et al., 2007).
O uso de sistemas de produção que visam a integração da agricultura e da pecuária
tem se tornado uma opção para alcançar melhores índices zootécnicos, segundo Zanine et al.
(2006) o que permite, por meio dos recursos e benefícios, que uma atividade proporcione a
outra, uma maior diversificação da produção levando a maximização racional do uso da terra,
da infraestrutura, da mão de obra, diminuindo os custos, diluindo os riscos e agregando maior
valor aos produtos agropecuários.
Mello et al. (2004), destacam que áreas de lavouras são responsáveis por dar suporte à
pecuária por meio da produção, importantes componentes das dietas, seja na forma de grãos,
silagens com ou sem prévia desidratação e feno, ou até mesmo o pastejo direto, gerando
incremento na capacidade de suporte da propriedade, permitindo também a venda de animais
na entressafra, proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano.
Segundo Neumann et al. (2019) o cultivo de cereais de inverno para alimentação
animal, seja na forma de forragem ou silagem, se mostra como uma excelente ferramenta em
determinadas regiões do país, porém pouco explorada. A região de Guarapuava se destaca no
cenário paranaense por apresentar grandes áreas de cultivo de cereais de inverno com médias
de produções superiores à outras regiões do sul do Brasil, fato que se dá pela presença de
produtores com alta tecnificação e tradição no cultivo de cereais, como o trigo e a cevada.
Com a utilização de sistemas integrados de Lavoura-pecuária, existe uma baixa oferta
2
de forragem para pastejo no verão, visto que, as áreas são destinadas ao cultivo de soja e
milho para confecção de silagem e grãos, ademais no período de inverno grandes áreas de
cultivo de pastagens que na maioria das ocasiões são subutilizadas pela falta de animais,
servindo muitas vezes somente de cobertura para o solo.
Levando em consideração a expansão dos sistemas integrados de produção lavoura-
pecuária no sul do Brasil, a utilização de cereais de inverno que apresentem duplo propósito,
surge como alternativa para a produção de silagem, com um custo reduzido, considerando que
no final do ciclo dessas culturas, geralmente tem um excedente de biomassa de forragem
(MEINERZ et al.,2011a).
Segundo Scheffer-Basso et al. (2003), as silagens de cereais de inverno podem ser de
diversas formas colhendo-se diretamente a planta inteira com máquinas ensiladeiras nos
estádios de grão farináceo ou antes, todavia necessitando de pré-secagem, sendo normalmente
colhida no elongamento. As principais características dos cereais de inverno quando
destinados a silagens é a apresentação de valores de proteína bruta superiores ao da silagem
de milho, mas com valor energético inferior.
O centeio (Secale cereale) dentre os cereais cultivados no mundo, em área, ocupa o
oitavo lugar, sendo expressiva a sua produção no centro e norte da Europa. No Brasil os
primeiros a cultivarem foram os imigrantes europeus há dois séculos e, até hoje o cultivo é
realizado em grande parte por descendentes de europeus. Seu ciclo vegetativo é o mais
precoce dentre os cereais de inverno, porém seu ciclo reprodutivo é longo. Os grãos de
centeio possuem valor energético em torno de 85% do de grãos de milho e contêm mais
proteína e nutrientes digeríveis do que os encontrados em aveia ou em cevada (BAIER, 1994).
Lehmen et al. (2014), trabalhando com diferentes cereais de inverno para silagem
mostra que o centeio cv. BRS Serrano foi o mais produtivo em relação à biomassa seca
chagando a 13.348 kg ha-1
. Quando manejado em duplo-propósito é possível obter cortes em
estádio vegetativo com teores de proteína de 22,5%, o qual também apresentou rendimentos
superiores a 9.500 kg ha-1
de biomassa seca quando manejada para a produção de silagem
mostrando ser uma boa alternativa de cultivo (FONTANELI et al., 2009).
A produção agrícola está sempre vulnerável à limitações causadas por doenças, pragas
e plantas daninhas. Visando inibir tais problemas, os técnicos e produtores utilizam
tecnologias para garantir um aumento de produção final dos alimentos e tentar suprir as
demandas da população, são os chamados agroquímicos (PARREIRA et al., 2009). A maioria
das pesquisas realizadas nos últimos anos tem demonstrado redução dos danos na
produtividade, por conta da correta aplicação de fungicidas e do manejo de doenças foliares,
principalmente as de fim de ciclo (CUNHA et al., 2010).
3
Partindo do exposto o objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas,
composição botânica e bromatológicas da forragem e da silagem do Centeio cv. Temprano,
manejado em diferentes regimes de cortes no estádio fenológico vegetativo com ou sem
aplicação de fungicida no estádio de pré-florescimento.
4
2 HIPÓTESES
As hipóteses deste estudo são: (i) O uso de cortes nos estádios vegetativos pode
aumentar a produção de biomassa seca acumulada do Centeio devido às características da cv.
Temprano, porém o uso de cortes tende a diminuir a produção final de silagem; (ii) O uso de
cortes pode levar a uma renovação dos tecidos vegetais melhorando a qualidade da forragem;
(iii) O uso de fungicida no pré-florecimento pode elevara produção de silagem e melhorar a
qualidade nutricional das silagens.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
O objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas, composição
morfológica e bromatológicas do Centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes e
posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de
Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, além da taxa de
desaparecimento no rúmen e estabilidade aeróbica das silagens.
3.2 Objetivos específicos
Avaliar o potencial produtivo do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes
e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de
Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento;
Analisar a composição morfológica do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de
cortes e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de
Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, e seus
respectivos teores de matéria seca;
Analisar a composição bromatológica do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes
de cortes e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de
Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, e das silagens
pré-secadas resultantes;
Mensurar a capacidade de recuperação de matéria seca, bem como as perdas químicas
das silagens submetidas ou não ao uso de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina
5
no estádio fenológico de pré-florescimento, após a abertura dos silos experimentais;
Avaliar a estabilidade aeróbia das silagens submetidas ou não ao uso de fungicida a
base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, após a
abertura dos silos experimentais;
Analisar a taxa de degradabilidade ruminal, pelo método in situ, da forragem e da
silagem do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes e posterior confecção de
silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no
estádio fenológico de pré-florescimento.
6
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 O centeio
O centeio é segundo Baier (1994), uma gramínea anual de inverno, cespitosa, de 1,2 m
a 1,8 m de altura, destaca-se pelo crescimento na fase inicial vigoroso e pela alta rusticidade,
sendo resistente ao frio, à seca, a acidez nociva do solo, ao alumínio tóxico e as doenças no
início do ciclo, além de ter a capacidade de absorção de nutrientes indisponíveis a outras
espécies devido ao seu sistema radícula profundo e agressivo, as folhas são lineares, de
coloração verde-azuladas, com lígula membranosa e aurículas pequenas, com colmos
cilíndricos, eretos e glabros. A espiga do centeio é comprida e tem de 5 cm a 20 cm de
comprimento (FONTANELLI et al., 2016).
Schelegel (2013), ressalta que o centeio cresce melhor com umidade, porém no geral
é melhor em regiões de baixa pluviosidade do que as leguminosas e pode produzir mais que
outros cereais, produzindo a mesma biomassa do trigo com 70% de água, em solos mais
secos, arenosos e inférteis. As variedades diplóides são mais tolerantes à seca do que as que
são tetraploides.
Em relação à adaptação climática, vale ressaltar que o centeio é cultivado até mesmo
no círculo ártico, em altitudes de 4.300m acima do nível do mar, no Nepal, cresce em
condições de baixa e elevada fertilidade. Em comparação com demais forrageiras de estação
fria, apresenta maior produção de forragem durante os meses mais frios que as demais
espécies anuais de inverno (DE MORI et al., 2012).
Brunckner e Raymer (1990), concluíram que, durante o inverno, em locais sujeitos a
danos de geada, no sul dos Estados Unidos, a produção de massa verde do centeio foi superior
a do trigo, a do triticale e a da aveia, enquanto que a aveia e o trigo foram os mais produtivos
nos ambientes com maior potencial de rendimento. Os mesmos autores citam que o centeio
inicia a atividade fisiológica de crescimento a partir de 0°C, o trigo, a partir de 2,8°C a 4,4°C,
e a aveia, apenas acima de 4,4°C.
A época de semeadura com fins forrageiros é o outono. Indica-se de 250 a 350
sementes aptas por metro quadrado, cerca de 40 kg ha-1
a 60 kg ha-1
. As cultivares de centeio
indicadas para compor pastagens são: BRS Serrano, BRS Progresso e Temprano
(FONTANELI et al., 2016).
Na alimentação humana é empregado, na forma de farinha para produção de produtos
como pães, biscoitos etc., também em cereais matinais e em produtos dietéticos. Na produção
de bebidas destiladas claras como o uísque e vodca. Na elaboração de produtos não
alimentícios como em misturas adesivas e colas, fármacos, cosméticos, álcool, etc. não
7
podendo deixar de destacar o uso na alimentação animal, na forma de forragem sendo esta
pastejo, feno ou silagem, ou na forma de misturas que incluem o grão ou na composição de
ração. Também pode ser utilizado como cultura cobertura para o solo e, sua palha empregada
como cama para animais, cobertura morta em horticultura e fruticultura, material inerte para
enchimento em caixas e na fabricação de papel e aglomerado de palha (DE MORI et al.,
2012).
Experimentos realizados por Fontaneli et al. (2009) no estado do Rio grande do Sul,
com o objetivo de avaliar o rendimento e valor nutritivo da forragem precoce, da silagem e
dos grãos do rebrote de 14 genótipos de seis espécies de cereais de inverno, mostraram que o
centeio BRS Serrano foi maior para rendimento de forragem verde, silagem, total de forragem
(forragem verde + silagem) e rendimento de grãos do rebrote. Ademais, para rendimento de
grãos, o centeio não apresentou diferença das cultivares de trigo (BRS 277), de triticale (BRS
148 e BRS 203), de aveia (UPF 18) e de outra cultivar de centeio (BR 1).
O centeio é o oitavo cereal em termos de área colhida e de produção no mundo. Sua
produção representou, na média do período de 2002-2011, 0,7% da quantidade total
produzida de cereais (considerando o milho, o trigo, o arroz, a cevada, o sorgo, o milheto, a
aveia e o centeio). Na década de 1960, esta participação foi de 3,4%, quando o cereal ocupou
a sétima posição entre esse conjunto de grãos (DE MORI et al., 2012).
Os principais programas de reprodução nos Estados Unidos que contribuíram para a
melhoria do centeio sempre buscaram a melhora na qualidade da forragem, incluindo proteína
bruta, porcentagem de matéria seca, fibra em detergente neutro ou ácido, ou digestibilidade in
vitro da matéria seca (NEWELL E BUTLE, 2013).
No sul do Brasil, a área de cultivo diminuiu substancialmente nas últimas cinco
décadas, mas o centeio ainda mostra importante potencial na produção de cereais,
principalmente como pastagem, cobertura de solo e para alimentação humana (SCHLEGEL,
2013).
Segundo a CONAB (2018), a região centro-sul do Brasil é responsável por toda a
produção nacional de 3,7 mil ha, no Paraná, mesmo com pouca expressão econômica, a área
plantada foi de 2,2 mil hectares, o que significa 4,8% de aumento em relação à safra anterior.
Essa estabilidade de área plantada se deve principalmente ao incentivo que as cooperativas,
que utilizam o produto para a fabricação de farinha, dão aos cooperados com o pagamento de
bonificação. Mesmo sendo de ciclo mais longo, muitos produtores optam pela semeadura por
conta das vantagens da sua palhada farta e que se decompõe lentamente no sistema de plantio
direto, trazendo economia na aplicação de herbicidas nas lavouras seguintes. A colheita do
centeio está atrasada devido à ocorrência de chuvas em outubro.
8
Segundo os dados do IBGE (2018), Guarapuava (PR) é o município brasileiro com
maior área de semeadura do centeio com 1.270 ha, seguido de Antônio João (MS) 500 ha,
Panambi (RS) 320 ha, Santa Bárbara do Sul (RS) 300 ha, Palmeira das Missões (RS) 200 há,
Eugênio de Castro (RS) 200 ha, Carambeí (PR) 170 ha, São Luiz Gonzaga (RS)150 há e
Pinhão (PR) 150 ha.
4.2 Silagem de cereais de inverno de qualidade
A nutrição dos animais depende do planejamento forrageiro, para isso, é necessário
que o produtor atente-se à máxima produção durante o ano almejando melhor índice de
produção (FONTANELI et al., 2011).
Devido às condições climáticas do inverno no sul do Brasil, a prática de confecções
de silagens dos cereais de inverno têm sido utilizadas frequentemente, por não necessitar de
secagem a campo, no entanto, as silagens devem ser colhidas em estádio fenológico
adequado, pois fatores como: capacidade de tamponamento do pH, teor de carboidratos
solúveis e teor de matéria seca, são determinantes para a qualidade do produto final (COAN et
al., 2001). Além disso, geralmente nas fases finais do ciclo produtivo, há excedente de
biomassa de forragem, surgindo como uma alternativa para produção de alimento conservado
e incrementando na produção pecuária, fazendo parte do planejamento dietético da
propriedade durante o ano todo, mantendo a sua homogeneidade (BECKER, 2019).
Segundo Fontaneli et al. (2009), os cereais de inverno podem ser conservados na
forma de feno e silagem, para a produção de feno, os cultivares são colhidos normalmente no
início da emissão da inflorescência, estádio em que apresentam boa relação entre quantidade
de forragem e valor nutritivo. A planta pode ser colhida diretamente com ensiladeiras sem
secagem, nas fases de grão pastoso a farináceo, também pode ser colhido no elongamento,
porém com a necessidade da pré- secagem antes da ensilagem . Em relação ao valor nutritivo
da silagem dos cereais de inverno, o mesmo é inferior ao da silagem de milho na questão
energética, porém superior na porção proteica (SCHEFFER-BASSO et al., 2003).
A maior produção de biomassa citada é frequentemente encontrada em estádio tardio,
sendo isso vantajoso também na questão de custos de produção (BECK et al., 2009).
Para que se tenha um bom processo de fermentação no silo os cereais de inverno
devem ser colhidos no ponto correto para confecção, entre 28 e 40%, sendo propício para a
atividade de microrganismos no silo, visto que, teores abaixo de 28% propiciam em maior
teor de água e o no desenvolvimento de bactérias indesejáveis, como as que pertencem ao
gênero Clostridium, as quais consomem os nutrientes e os transformam em ácido butírico, por
9
meio de reações químicas. Por outro lado, a ensilagem de material acima de 40% de MS
acarreta problemas também em uma compactação inadequada (JOBIM e NUSSIO, 2013).
Para Pahlow et al. (2003), o oxigênio residual que fica dentro do silo devido a má
compactação, permite a proliferação de microrganismos indesejáveis, especialmente as
leveduras, que transformam ácidos importantes na fermentação como o ácido lático em
etanol, sem valor preservativo para a silagem, implicando em grandes perdas de matéria seca.
Os mesmos autores ainda ressaltam que fermentações por gêneros de bactérias indesejadas
como os Clostridium no processo de fermentação, tem a capacidade de gerar inúmeras perdas
na biomassa seca, pela produção de efluentes e produção de aminas biogênicas, que tem como
características depreciar o consumo dos animais. Contudo ainda existem bactérias do gênero,
como a Clostridium porogenes, que tem a capacidade de reduzir a proteína bruta do material
ensilado, por proteólise, levando uma redução no valor nutritivo final.
O centeio é utilizado de maneira estratégica, por conta de sua precocidade, visando à
composição da forragem de outono, normalmente é consorciado com aveia e Azevém. O
centeio pode ser fenado ou ensilado, é produtivo, normalmente tem rendimento de 70% maior
quando plantado sozinho, valor que cai quando associado à aveia e Azevém (FONTANELI et
al., 2011).
Devido à arquitetura da planta, com elevada relação folha/colmo permite uma melhor
colheita por parte dos animais, elevando o ganho de peso e a produção leiteira por área,
segundo Parsons e Chapman (2000), aumenta o rendimento da forragem permitindo o
consumo próximo a 3% do peso vivo.
Itavo (2002) infere que, a determinação do valor nutritivo do alimento está
diretamente principalmente relacionada com a sua digestibilidade e capacidade de consumo.
Ainda relata que de todos os nutrientes necessários às exigências nutricionais para mantença,
crescimento e/ou produção dos bovinos, a energia gerada pela degradação ruminal de celulose
e hemicelulose constitui a principal contribuição dos volumosos. No entanto, estes fatores
tendem a decrescer com o avanço na maturidade, por meio de deposição de material
lignificado, o que pode comprometer o valor alimentício da forragem no estádio adequado
para a realização da silagem (VAN SOEST, 1994).
4.3 Sistemas de cortes
Se implantadas precocemente, as forrageiras de inverno, especialmente aveia branca,
aveia preta, o trigo e o centeio, podem aumentar as chances de acamamento no fim da cultura
por possuem porte alto. Devido a estas características, despertou-se o interesse do
10
desenvolvimento de diferentes estratégias, visando explorar estas culturas. Um exemplo de
estratégia seria associar cortes no período vegetativo com posterior diferimento da área para
produção de silagem (MEINERZ et al., 2011b).
Em contraste, se a finalidade do sistema for à duplo propósito, com cortes e colheita
de grão ou silagem, a utilização de um número excessivo de pastejo pode gerar impacto
negativo sobre a produção de biomassa seca, o que implicaria em menor quantidade de grãos
para venda ou como participante no material a ser ensilado. Para que a produção final ocorra
sem danos deve haver um equilíbrio que fara com que haja a preservação de tecidos
meristemáticos em consonância com aporte de nutrientes necessários, tanto para a
recuperação de área foliar como para produção de grãos (HASTENPFLUNG et al., 2011).
O uso de diferentes sistemas de corte, ou pastejo, pode ser utilizado como ferramenta
com objetivo de otimizar o uso da terra, e diluir os custos de produção pela resposta que os
animais terão com o seu uso. No entanto, nem todo cereal de inverno responde da mesma
maneira a esta estratégia, sendo necessárias pesquisas para a determinação da utilização de
cada forrageira sobre a quantidade ideal de cortes tanto por pastejo quanto para o corte
mecânico anterior à produção de silagem (LEÃO, et al., 2019).
4.4 Uso de fungicidas em cerais de inverno
As condições climáticas na região Sul do Brasil age como um controle de elementos
biológicos, sendo que a temperatura é um ponto essencial para as plantas e os patógenos que
requerem temperaturas adequadas para seu desenvolvimento. Levando em conta que algumas
doenças necessitam de diferentes temperaturas para seu desenvolvimento. A umidade
estimula o desenvolvimento de vários fungos e bactérias que poderão infectar as plantas
sendo a água da chuva um importante veículo para a disseminação de doenças (REIS, 2007).
Para Vieira et al. (2006), o bom desenvolvimento das culturas de inverno, como o
centeio, depende de muitos fatores bióticos e abióticos, com destaque principalmente para as
doenças foliares no fim do ciclo, que é um dos principais problemas enfrentados pelos
produtores e, quando não são controladas adequadamente prejudicam a estrutura da planta e
comprometem a produção de grãos, devido à redução da área fotossintética. Duas formas
eficazes para controlar as doenças são: o uso de fungicidas e de cultivares resistente; sendo o
último método o melhor para o ambiente, no entanto, há um predomínio do controle por meio
de produtos fitossanitários (VIEIRA et al.,2006). Os fungicidas também podem alterar alguns
pontos do metabolismo da planta por alterações na sua fisiologia, que podem trazer
11
benefícios na qualidade nutritiva das plantas (Venancio et al., 2009).
As estrobilurinas segundo Rodrigues (2006), são biossintetizadas a partir de um
metabólito secundário produzido por uma cepa de fungo Strobilurus tenacellus e por isso são
assim chamadas. Este grupo começou a ser comercializado como fungicida em 1996, sendo
amplamente usado de forma isolada e em mistura com os triazóis.
As estrobilurinas tem como mecanismo de ação atuarem na mitocôndria das células,
inibindo o transporte de elétrons no complexo 3 mitocondrial, portanto, inibindo a respiração
dos fungos e, consequentemente, a formação de ATP. A aplicação de estrobilurinas ativam
diferentes rotas metabólicas nos vegetais, estudos têm demonstrado que ocorre a ativação da
enzima nitrato redutase, aumento da assimilação de nitrato e sua posterior incorporação nas
moléculas vitais da planta, como a clorofila. Além disso, ocorre o aumento da eficiência de
assimilação de CO2, elevação da taxa fotossintética e redução da taxa respiratória. Outro
efeito promissor é a redução na produção de etileno, que retarda a senescência das folhas,
aumentando o período que a planta permanece com a fotossíntese ativa, também chamado de
”efeito verde” (VENANCIO et al., 1999), Elas possuem um amplo espectro de ação, que
abrange ascomicetos, fungos anamórficos, alguns basidiomicetos e alguns oomicetos
(AMORIM et al., 2011). As principais moléculas do grupo são a Azoxistrobina, a
Piraclostrobina e a Trifloxistrobina.
Segundo Carrijo (2014), semelhante às estrobilurinas, as carboxamidas atuam na
respiração mitocondrial dos fungos, com a diferença que essas atuam no complexo 2 da
cadeia de transporte de elétrons, também chamado de complexo succinato-desidrogenase..
Assim, a inibição desse processo resulta no bloqueio da produção de ATP, além da formação
de várias moléculas intermediárias prejudiciais à célula. A Carboxina tem uma alta
fungitoxicidade, porém é bastante instável no organismo do fungo, sendo rapidamente
oxidada em sulfóxido, composto não fungitóxico. Os principais princípios ativos do grupo são
a Carboxina, a Oxicarboxina e o Fluxapiroxade.
Estudos no comportamento das estrobilurinas em plantas têm demonstrado, além do
controle das doenças, aumentos significativos na produtividade de grãos, biomassa seca, no
conteúdo de clorofila e proteína e no atraso da senescência foliar (YPEMA e GOLD, 1999).
4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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16
5 CAPÍTULO I – PRODUÇÃO DE FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO
SUBMETIDO A DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA
NO PRÉ-FLORESCIMENTO.
5.1 Resumo
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a produção de biomassa
seca e o desaparecimento ruminal da planta e seus componentes estruturais do centeio cv.
Temprano, manejado em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior
confecção de silagem, com ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade +
Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de
silagens resultantes da colheita no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no
vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de
fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4:
um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com
aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de
fungicida. O uso de cortes no vegetativo alterou (P<0,05) as características de produção do
centeio, sendo que com um corte se teve a maior produção de biomassa acumulada 12.885 kg
ha-1
, maior teor de matéria seca, menor participação de colmo e consequentemente maior
participação de espigas, e estes componente apresentaram maiores taxa de desaparecimento
ruminal. O uso de dois cortes proporcionou a menor produção de silagem, no entanto, os dois
cortes no vegetativo mostraram-se com alto potencial de produção e digestão dos
componentes estruturais, podendo ser uma alternativa de uso quando se tem a pretensão em
deixar palhadas de cobertura para a cultura seguinte. O uso do fungicida não proporcionou
grandes alterações nos parâmetros produtivos da cultura do centeio, mostrando que uma única
dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca das plantas e melhorou o
desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas.
Palavras-chave: Biomassa seca acumulada, desaparecimento ruminal, estádio vegetativo,
Secale cereale.
5.2 Abstract
The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate dry
biomass production and ruminal disappearance of the plant and its structural components of
rye cv. Temprano, managed in different cutting regimes at the vegetative stage and
subsequent silage making, with or without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based
17
fungicide at the pre-flowering phenological stage. The treatments consisted of silages
resulting from harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative
stage and without fungicide application; T2: without cut at the vegetative stage and with
fungicide application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide application at pre-
flowering; T4: a cut at the vegetative and without fungicide application; T5: two cuts at the
vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the
vegetative stage without fungicide application. The use of cuts at the vegetative stage changed
(P <0.05) the characteristics of rye production, with one cut yielding the highest cumulative
biomass production 12,885 kg ha-1
, higher dry matter content, lower stem participation and
consequently greater participation of ears, and these components presented higher rumen
disappearance rate. The use of two cuts provided the lowest silage production, however, the
two cuts at the vegetative stage showed high potential for production and digestion of
structural components, and may be an alternative use when leaving cover straw to the next
crop. The use of fungicide did not cause major changes in the productive parameters of rye
crop, showing that a single dose of fungicide decreases only the dry matter content of the
plants and improved the ruminal disappearance of the reproductive structures.
Key-words: Cumulated dry biomass, ruminal disappearance, Secale cereale, vegetative stage.
5.3 Introdução
A procura por produtos de origem animal cresce progressivamente com o passar dos
anos, explicado pelo aumento da população mundial e, também pela melhoria de vida
econômica das pessoas. Para atender essa demanda, melhoras nos ganhos em produtividade
nas áreas já estabelecidas se tornam essenciais à adoção de novas tecnologias (ALMEIDA et
al., 2012).
O potencial produtivo dos três estados da região sul, destacando o estado do Paraná,
são grandes para o desenvolvimento de espécies hibernais, devido as suas terras férteis e bem
drenadas, condições hídricas favoráveis e principalmente uma estação fria bem definida, a
qual permite ao produtor previamente determinar qual a melhor cultura para ser cultivada
(CLARO e OSAKI 2005).
Dentre os principais cereais utilizados na alimentação animal destacam-se a Aveia
Branca (Avena sativa), Aveia Preta (Avena strigosa), Azevém (Lolium multiflorum) e o
Centeio (Secale cereale) dentre outros. Pupo (2002) destaca que, esse cultivares tem como
objetivo a produção de grãos, que são utilizados na alimentação humana e também animal, e
estima-se que 35% das terras agrícolas cultivadas em todo o mundo tenham como finalidade o
18
cultivo de cereais de inverno.
O centeio (Secale cereale) é um cereal que desempenhou um papel importante na
alimentação das populações europeias ao longo da Idade Média, devido à sua considerável
robustez invernal. Recentemente, o centeio é cultivado em 5,4 milhões de há, e sua produção
mundial é de aproximadamente 13 milhões de toneladas. Os esforços das pesquisas nos
últimos anos têm sido na melhoria dos cultivares em relação à qualidade da forragem, haja
vista a sua grande utilização no forrageamento animal (SCHLEGEL, 2013).
Meinerz et al. (2011) relatam que devido a estas características, o interesse dos
pesquisadores em diferentes estratégias para almejar maior eficiência de alguns cereais de
inverno se tornou necessário e, ainda mencionam que um boa estratégia seria a associação
cortes no período vegetativo, com posterior utilização de material da área para produção de
silagem.
Neste contexto Leão et al., (2019), mencionam que se faz necessário pesquisas com
diferentes manejos de cortes antes da colheita para ensilagem nos cereais de inverno, pois os
mesmos não terão a mesma resposta e tal fato é indispensável para futuras recomendações no
planejamento forrageiro das propriedades, levando em conta os aspectos produtivos, de
qualidade e econômicos..
O bom desenvolvimento das culturas de inverno, como o centeio, depende de muitos
fatores bióticos e abióticos, com destaque principalmente para as doenças foliares no fim do
ciclo que são um dos principais problemas enfrentados pelos produtores e quando não são
controladas adequadamente prejudicam a estrutura da planta e comprometem a produção de
grãos, devido à redução da área fotossintética. Duas formas eficazes para controlar as doenças
são: o uso de fungicidas e de cultivares resistente; sendo o último método o melhor para o
ambiente, no entanto os controles por meio de produtos fitossanitários são os mais utilizados
(VIEIRA et al.,2006).
Partindo desse pressuposto o objetivo do trabalho foi avaliar as características
agronômicas, composição física estrutural e o desaparecimento dos componentes estruturais a
nível ruminal da forragem do centeio (Secale cereale) cv. Temprano, manejado em diferentes
regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com ou sem
aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de
pré-florescimento.
5.4 Material e métodos
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da
19
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), localizado no município de
Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do Paraná (MAACK, 2002), sob as
coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e 51º29’43” de longitude oeste e 1.026 m
de altitude. O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb (Subtropical
mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca definida e
com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente inferior a 22ºC
e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média anual é de 1.944
mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima anual de 23,5°C
e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et
al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características
químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3
; K+: 0,2 cmolc dm
-
3; MO: 2,62%; Al
3+: 0,0 cmolc dm
-3; H
++Al
3+: 5,2 cmolc dm
-3; Ca
2+: 5,2 cmolc dm
-3; Mg
2+: 5,1
cmolc dm-3
e saturação de bases: 65,8%.
A Figura 1 apresenta os dados meteorológicos de precipitação, temperaturas máximas
e mínimas durante o período experimental.
Fonte: Estação experimental do SIMEPAR/UNICENTRO, Guarapuava, PR, 2017.
Figura 1. Temperaturas mínimas e máximas e precipitação diária ocorrida no período de
avaliação do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida.
O campo experimental foi constituído de uma área total de 540m², distribuída em 36
parcelas de 9,45m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54m lineares de semeadura, onde foi
utilizada área útil de 4,2 m² (2,1m x 2m) correspondente a 24m lineares de semeadura para as
20
avaliações.
Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar
Temprano. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão
farináceo sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no
vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de
fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5:
dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no
vegetativo sem aplicação de fungicida.
A semeadura do campo experimental foi em sistema de plantio direto no dia
12/04/2017, de maneira uniforme para os tratamentos, o espaçamento entre linhas foi de 0,175
m, com profundidade de semeadura foi de 0,02 m com distribuição média de 220 sementes
por m², utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1
do fertilizante formulado 08-30-20 (N-
P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e calagem para o estado do
Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de cobertura foi realizada 51 dias
após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg ha-1
de ureia (45-00-00),
garantindo a aplicação de 200 kg ha-1
de nitrogênio.
As plantas daninhas foram controladas quimicamente, com o uso de herbicidas, na
dessecação antes da semeadura, utilizando-se herbicida à base de Glifosate (produto
comercial Roundup Original®: 2,0 l ha
-1), já no manejo da cultura, 30 dias após a semeadura
foi efetuada a aplicação do herbicida a base de metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®:
6,6 g ha-1
). O controle de pragas, de acordo com avaliações de campo, sendo utilizado o
inseticida a base de Thiamethoxam + Lambdacyhalothrin (produto comercial Engeo Pleno®:
150 ml ha-1
) um aplicação 30 e outra aplicação aos 145 dias após a semeadura.
O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial
OrkestraTM
SC®: 0,35 l ha
-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos
com aplicação de fungicida.
O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) ou a dois cortes
(T5 e T6) foram realizadas nas fases de pleno perfilhamento e antes do emborrachamento aos
88 dias e aos 135 dias após a semeadura. A altura de rebaixamento seguiu as recomendações
de Fontaneli et al. (2009).
As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios reprodutivos, sendo
definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado para a ensilagem, de
acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias, 195 dias e 209 dias
após a semeadura conforme manejos de 0, 1 ou 2 cortes, respectivamente.
O corte das plantas foi de forma manual com o auxílio de uma foice serrilhada. A
21
relação entre peso do material colhido e unidade de área permitiu estimar as produções de
biomassa verde (kg ha-1
), que corrigida pelo teor de umidade, determinou-se a produção de
biomassa seca (kg ha-1
). Duas amostras representativas de plantas de cada parcela foram
coletadas, sendo a primeira direcionada ao laboratório para a segmentação dos componentes
colmos, folhas e espigas e a segunda de planta inteira para determinação dos teores de matéria
seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a obtenção de peso constante entre pesagens
(AOAC, 1984). Tal procedimento permitiu a determinação da composição física estrutural da
planta, com base na matéria seca total.
O desaparecimento ruminal da MS dos componentes físicos colmo, folha e estruturas
reprodutivas foram estimadas pela técnica de digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon
medindo 12 x 8 cm e com poros de 40 a 60 µm, contendo aproximadamente 5 g de cada
material, moído a 1 mm, para posterior incubação no rúmen (NOCEK, 1988). O tempo de
incubação utilizado foi de 48 horas. Este procedimento foi previamente submetido à
apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO sob ofício
nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO. Para tal, foram utilizados dois novilhos da raça Jersey,
com 48 meses de idade, peso vivo médio de 550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam
alocados na unidade didática de bovinos de corte a qual foi implantada pela técnica de
ruminotomia, previamente aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da
UNICENTRO sob ofício n° 030/2014 - CEUA/UNICENTRO.
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2,
sendo 3 regimes de cortes (0, 1 e 2 cortes no estádio vegetativo) e 2 manejos de aplicação
(com e sem fungicida), com seis repetições, onde cada repetição é representada por uma
parcela de 9,45 m².
Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os
pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez
atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de significância, por meio da análise
de variância (ANOVA) e em seguida o teste Tukey de comparação de múltiplas médias a 5%
de significância, por intermédio do programa estatístico SAS (1993). O modelo matemático
utilizado para a análise de variância foi:
Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij
Onde:
Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;
µ = média dos tratamentos;
22
BL = efeito do bloco
Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;
Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;
ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;
eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.
5.5 Resultados e discussão
De maneira geral, com base nos dados do resumo da análise da variância (Anexo I),
observa-se que não houve interação significativa entre os fatores sistema de manejo de corte e
aplicação foliar de fungicida para os parâmetros agronômicos produtivos e qualitativos do
centeio cultivado para produção de silagem.
A produção de biomassa seca (Tabela 1) apresentou diferença (P< 0,05), nos
diferentes sistemas de cortes, na forragem ensilada no estádio de grão farináceo houve uma
maior produção nos sistemas sem corte no vegetativo e com um corte no vegetativo, com
médias de 9.606 e 8.934 kg ha-1
, respectivamente, já o sistema com dois cortes no vegetativo
apresentou no momento da ensilagem média inferior ao demais com 1.538 kg ha-1
.
Tabela 1. Produção de biomassa seca de forragem do centeio cv. Temprano, submetido à
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida.
Sistemas
de corte
Manejo de
Fungicida
Cortes Forragem Média
Biomassa
acumulada Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Produção de biomassa seca, kg ha-1
Sem cortes Com - - 9.595
9.606 A 9.595
9.606 B Sem - - 9.616 9.616
Um corte Com 4.012 - 9.072
8.934 A 13.084
12.885 A Sem 3.891 - 8.797 12.687
Dois cortes Com 3.946 3.059 1.657
1.538 B 8.662
8.727 B Sem 4.093 3.279 1.419 8.792
Média com fungicida - - 6.775 a - 10.447 a
Média sem fungicida - - 6.610 a - 10.366 a
Média geral 3.985 3.169 6.693 - 10.406 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após semeadura
Lehmen et al. (2014), avaliaram rendimento de silagens de cereais de inverno, onde o
centeio cultivar BRS Serrano, sem sofrer cortes antes da ensilagem, apresentou média
superior à outros cultivares com produção de 13.448 kg ha-1
. Já Fontaneli et al. (2006), ao
compararem diferentes cereais de inverno, dentre eles dois cultivares de Centeio, o BR 1 e
23
BRS Serrano, os quais apresentaram valores próximos ao do presente estudo após um corte no
estádio vegetativo com produções médias de 7.397 e 10.559 kg ha-1
, respectivamente, na
confecção de silagem. Em experimento também com centeio BR 1, no mesmo estágio de
desenvolvimento Neumann et al.(2019), avaliando vários cereais de inverno também concluiu
que o centeio tem produção superior aos demais aveia branca cv. URS Taura, cevada cv. BRS
Brau e cv. BRS Cauê, trigo cv. CD 1440, triticale (X Triticosecale) cv. IPR 111 e cv. BRS
Saturno, com produção final de 7.100 kg ha-1
, não diferindo apenas ao triticale IPR 111
(6.921 kg ha-1
).
Leão et al. (2019), avaliaram os mesmos sistemas de corte em diferentes cereais de
inverno no mesmo campo experimental, observaram o mesmo comportamento no trigo,
triticale e nas aveias preta e branca, com maiores produções de biomassa para ensilagem nos
tratamento que não sofreram cortes ou que tiveram somente um corte, em relação aos com
dois cortes nos estágios vegetativos.
A biomassa acumulada foi superior (P<0,05) no tratamento que recebeu um corte e
posterior ensilagem com média de 12.885 kg ha-1
, em relação ao sem corte e com dois cortes
com médias de 9.606 e 8.727 kg ha-1
, respectivamente. Com avaliação dos mesmos sistemas
de corte antes da ensilagem Carletto et al. (2017), avaliando o trigo BRS Umbu, obtiveram
comportamento diferente do presente estudo, onde o tratamento sem corte foi o maior com
10.926 kg ha-1
, seguido do com um corte 8.761 kg ha-1
e a menor produção no que sofreu dois
cortes 6.223 kg ha-1
, evidenciando a capacidade da utilização do centeio cv. Temprano no
manejo de duplo propósito.
Com base nos dados meteorológicos do período experimental (Figura1), é possível
observar que após a semeadura houve uma boa distribuição de chuvas até por volta dos 60
dias. Posteriormente foram registrados dois períodos longos sem precipitações e registros de
baixas temperaturas, que foram coincidentes com os dois cortes do período vegetativo da
cultura, no final do ciclo houve novamente uma boa distribuição de chuva. Contudo aliado a
temperaturas maiores foi predisponente ao desenvolvimento de doenças de fim de ciclo,
principalmente as fúngicas. Para Tonato et al. (2011), variáveis que são determinantes para
um bom cultivo e estão diretamente ligadas a produtividade das forrageiras são a temperatura,
precipitação pluvial e a luminosidade tanto na questão da quantidade de luz quanto da
qualidade da luz.
Outro ponto que merece destaque é o tratamento com dois cortes no vegetativo, ele
não diferiu do tratamento sem corte na produção acumulada, porém neste tratamento os dois
cortes do vegetativo produziram em média 7.154 kg ha-1
de biomassa seca de um material
provavelmente superior em qualidade pela fase da colheita, e se considerarmos a viabilização
24
de maquinas para colheita, que no ultimo corte não é viável se tem a possibilidade de
formação de palhada para cobertura do solo, viabilizado o uso do sistema de plantio direto da
próxima cultura. Confirmado por Boller e Gamero (1997), que mencionam que o
aproveitamento para alimentação animal de parte da biomassa das culturas de inverno, leva a
um equilíbrio do balanço energético e melhora o desempenho econômico dos sistemas
conservacionistas do solo.
Na média geral, a aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento não afetou
(P>0,05) a produção de biomassa seca de forragem ensilável e a produção de biomassa
acumulada, apresentando valores de 6.693 e 10.406 kg ha-1
, respectivamente. Ao contrário do
presente estudo Mendes (2015), avaliando o efeito de diferentes fungicidas na cultura do trigo
BRS Umbu observou diferenças significativas na produção em uma das safras avaliadas em
média 19,6% a mais do que o tratamento controle, sem fungicida. Fato que pode ser
justificado pela severidade de doenças que disseminou na cultura no final do ciclo tanto para
os tratamentos com ou sem aplicação de fungicida mesmo esta não sendo mensuradas,
gerando este comportamento que segundo Adee et al, (2005) uma cultura que sofre um dano
por infecção fúngica tendem a aumentar a desfolha e diminuir a área fotossintética, o que
acarreta em diminuição do potencial produtivo da planta.
Os teores de matéria seca (MS) da planta no momento da ensilagem (Tabela 2)
apresentaram diferença (P<0,05), sendo o maior valor obtido no sistema de um corte no
vegetativo com média de 50,38% seguido do sistema de dois cortes 47,37% e o menor valor
sem corte 44,39%. Carletto et al. (2017) obtiveram diferentes comportamentos nos teores de
matéria seca, com silagens de trigo no mesmo estádio de grão farináceo, sendo o sistema sem
cortes antes da ensilagem o menor com 45,32%, seguido de um corte 54,39% e com dois
cortes o maior com 63,59%. O mesmo comportamento foi encontrado por Leão et al. (2019),
onde avaliando diferentes cereais o sistema com dois cortes foi o que obteve os maiores teores
de matéria seca.
No parâmetro altura de planta também houve diferenças (P<0,05), mostrando que o
uso de cortes diminui a mesma, tendo a maior altura de planta o sistema sem corte com 1,18
m seguido pelo um e dois cortes com 1,02 m e 0,79m, respectivamente. Fontaneli (2006),
após realizar um corte no estágio vegetativo encontrou alturas diferentes das descritas no
presente estudo para o cultivar BRS Serrano com 1,24 m já o cultivar BRS 1 apresentou
média mais próxima com 1,12m, valores ainda maiores foram encontrados por Lehmen et al.
(2014) com o BRS Serrano, sem cortes no vegetativo com 1,60m, onde os autores justificam
que além de fatores intrínsecos aos genótipos, o clima (insolação e precipitação)
influenciaram diretamente a estrutura da planta.
25
O fator altura de planta em cereais de inverno é de suma importância, haja visto a
possibilidade de acamamento em regiões com ventos fortes e consequentemente perdas de
produção e qualidade do material, buscando então plantas de porte mais baixo, neste ponto o
manejo de cortes leva a uma desfolha, favorecendo a redução ou eliminação do acamamento,
pela redução no comprimento de colmos e produção de espigas menores (BORTOLINI et al.,
2004).
Tabela 2. Teor de matéria seca da planta e altura de planta do centeio cv. Temprano,
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de
corte
Manejo de
fungicida
Cortes Forragem Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Teor de matéria seca da planta inteira, %
Sem corte Com - - 43,58
44,39 C Sem - - 45,21
Um corte Com 16,02 - 47,48
50,38 A Sem 16,11 - 53,28
Dois cortes Com 16,19 16,64 45,29
47,37 B Sem 16,17 17,14 49,45
Média com fungicida - - 45,45 a -
Média sem fungicida - - 49,31 b -
Média geral 16,12 16,89 47,38 -
Altura de planta, m
Sem corte Com - - 1,19
1,18 A Sem - - 1,18
Um corte Com 0,41 - 1,04
1,02 B Sem 0,39 - 1,00
Dois cortes Com 0,40 0,69 0,80
0,79 C Sem 0,41 0,66 0,77
Média com fungicida - - 1,01 a -
Média sem fungicida - - 0,98 b -
Média geral 0,40 0,67 1,00 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após semeadura
Com a utilização de fungicida, na média geral, foi possível observar no presente
estudo menor (P<0,05) teor de MS das plantas com média de 45,45% contra 49,31% quando
não se utilizou fungicida. A altura de planta também foi maior (P<0,05) na ordem de três
centímetros com a utilização de fungicida apresentando média de 1,01 m contra 0,98m
quando não se usou o produto. Mendes (2015), não observou diferenças significativas na
altura de planta do trigo BRS Umbu em relação ao controle sem fungicida com a utilização de
Triazol isolado (Ciproconazol), Estrobilurina isolado (Trifloxistrobina) e a associação de
26
(Trifloxistrobina + Ciproconazol) com média de 0,79 m em todas as safras avaliadas.
Os menores teores de MS dos tratamentos que receberam o fungicida pode ser
explicado pelo efeito que as estrobilurinas, no caso da Piraclostrobina, que segundo Xue et al,
(2006) que tem como ação nas plantas tratadas uma desaceleração da senescência foliar,
devido a inibição da síntese de etileno, leva um aumento no conteúdo de clorofila e
diminuição na perda de água.
A composição física estrutural da planta apresentada na Tabela 3 mostra que não
houve diferença significativa na participação de folhas no momento da ensilagem nos
diferentes sistemas de corte, com média de 7,43%. A participação de colmos por sua vez, nos
diferentes sistemas de corte, apresentou diferença (P<0,05), sendo que maior valor encontrado
foi no sistema de dois cortes (66,04%), seguido do sem corte (57,64%) e, o menor valor o
sistema com um corte com (51,49%). Diferenças significativas também ocorreram na
composição das estruturas reprodutivas sendo que o sistema com maior média foi o de um
corte com 41,89%, o sem corte apresentou média intermediária de 34,17%, e o com dois
cortes a menor das médias 26,46%. Horst et al. (2017), trabalhando com silagens de diferentes
cereais de inverno na fase de pré-florecimento, obtiveram com o centeio Temprano, valores
de 63,35% de colmo, 23,06% de folhas e 13,59% de estruturas reprodutivas. Neumann et al.
(2019), avaliaram o centeio BR1 chegaram a valores de 46,7 % de colmo, 11,2% de folhas e
42,1% de estruturas reprodutivas.
Quando se pensa em fatores que podem afetar o consumo voluntário dos animais, o
grau de maturidade das plantas, a relação entre as porções colmo e folha e a forma de
processamento das planta são determinantes, portanto os mesmo devem ser considerados na
formulação de dietas e nas pesquisas, para se alcançar se alcançar a maior eficiência produtiva
e desenvolver e selecionar as plantas forrageiras de maior qualidade nutritiva (LADEIRA et
al., 2001).
Garcia (1989) destaca outro fator importante, que é a remoção dos meristemas apicais
que ocorre com os cortes ou pastejo e, que em resposta a planta induz o aparecimento de
perfilhos secundários, que tendem no final do ciclo a produzir espigas menores e
consequentemente menores quantidades de grãos, o que impacta negativamente na produção
final, fato que explica a menor participação das estruturas reprodutivas na planta no
tratamento com dois cortes no vegetativo.
Taiz & Zeiger, (2013) explicam que a alteração dos componentes estruturais pelo
processo de corte tende a reduzir o índice de área foliar e esta redução implicaria diretamente
na taxa de fotossíntese, gerando aumento na necessidade da mobilização de reservas, o que
gera redução na proporção de colmos e consequentemente a altura dos cereais, reduzindo
27
também a produção final MS pela falta de fotoassimilados.
Tabela 3. Composição física estrutural da forragem do centeio cv. Temprano, submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de
corte
Manejo de
fungicida
Cortes Forragem Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Participação de folhas, % na planta
Sem corte Com - - 8,73
8,18 A Sem - - 7,64
Um corte Com 80,80 - 6,71
6,61 A Sem 80,40 - 7,24
Dois cortes Com 80,53 45,81 6,91
7,49 A Sem 81,86 43,98 5,82
Média com fungicida - - 7,72 a -
Média sem fungicida - - 7,14 a -
Média geral 80,90 44,89 7,43 -
Participação de colmos na planta, %
Sem corte Com - - 59,38
57,64 B Sem - - 55,91
Um corte Com 19,20 - 50,83
51,49 C Sem 19,60 - 43,33
Dois cortes Com 19,47 54,19 63,04
66,04 A Sem 18,14 56,02 68,98
Média com fungicida - - 58,04 a -
Média sem fungicida - - 58,74 a -
Média geral 19,10 55,11 58,39 -
Participação de estruturas reprodutivas, % na planta
Sem corte Com - - 31,89
34,17 B Sem - - 36,45
Um corte Com - - 42,47
41,89 A Sem - - 41,33
Dois cortes Com - - 28,36
26,46 C Sem - - 24,56
Média com fungicida - - 34,24 a -
Média sem fungicida - - 34,11 a -
Média geral - - 34,18 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após semeadura
Com relação à aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento, esta não alterou
(P>0,05) a composição física das plantas no momento da ensilagem apresentando em média
7,43% de folhas, 58,39% de colmos e 34,18% de estruturas reprodutivas.
Venancio, (2019) avaliando diferentes cereais de inverno no estádio vegetativo com
ou sem a aplicação de Piraclostrobina, não encontrou diferenças significativas no componente
28
folha, porém, menor quantidade do colmos. Como já citado anteriormente os danos por
doenças no final do ciclo afetou ambos os tratamentos, o que não foi capaz de modificar a
arquitetura da planta por pela maior preservação dos componentes folha e consequentemente
aumentado a capacidade fotossintética das plantas tratadas.
O desaparecimento ruminal das folhas em 48h (Tabela 4) foi superior (P<0,05) nos
tratamentos que não receberam corte no vegetativo e, o que recebeu apenas um corte com
medias de 61,54% e 59,44%, respectivamente, quando comparado ao tratamento com dois
cortes que apresentou média de 51,90%. Já no desaparecimento ruminal dos colmos não
foram observadas diferenças significativas com média de 34,51%. O mesmo comportamento
das folhas foi observado nas estruturas reprodutivas onde não houve diferenças significativas
entre os tratamentos sem corte e com um corte no vegetativo com médias de 72,88% e
75,29%, respectivamente, sendo superiores ao tratamento dois corte com média 56,07%.
O desaparecimento ruminal da planta inteira se comportou da mesma forma. Os
tratamentos com corte, sem corte e com um corte foram superiores (P<0,05), ao tratamento
com dois cortes com médias de 48,91% e 51,77%, respectivamente contra 41,48% após a
exposição. Horst et al. (2017), trabalhando com o mesmo cv. Temprano sem corte no
vegetativo e em fase de pré-florescimento encontrou valores próximos de desaparecimento
ruminal da foragem, 52,93% com 48 h de exposição.
Estas diferenças encontradas no desaparecimento ruminal das folhas e estruturas
reprodutivas que impactou no maior desaparecimento da planta inteira quando não se realizou
corte ou com um corte no estádio vegetativo, como já mencionado anteriormente estão
atreladas as respostas que a cultura teve depois dos cortes, principalmente na sua produção
final de grãos que é porção melhor degrada a nível ruminal, confirmada pelo tratamento com
dois cortes que apresentou os menores valores componente estrutura reprodutiva.
Tabela 4. Desaparecimento ruminal dos componentes estruturais e da planta inteira do
centeio cv. Temprano em 48 horas de exposição, submetido a diferentes sistemas de corte
com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de
corte
Manejo de
fungicida
Cortes Forragem Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Desaparecimento ruminal das folhas em 48 horas, %
Sem corte Com - - 61,75
61,54 A Sem - - 61,33
Um corte Com 92,99 - 59,89
59,44 A Sem 92,89 - 58,99
Dois cortes Com 92,40 91,32 54,12
51,90 B Sem 91,38 90,19 49,67
Média com fungicida - - 58,59 a -
29
Média sem fungicida - - 56,66 a -
Média geral 92,42 90,75 57,62 -
Desaparecimento ruminal dos colmos em 48 horas, %
Sem corte Com - - 36,47
35,31 A Sem - - 34,15
Um corte Com 89,29 - 32,77
32,45 A Sem 89,81 - 32,14
Dois cortes Com 87,68 80,17 36,51
35,75 A Sem 90,41 78,98 35,00
Média com fungicida - - 35,25 a -
Média sem fungicida - - 33,76 a -
Média geral 89,30 79,58 34,51 -
Desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 48 horas, %
Sem corte Com - - 73,11
72,88 A Sem - - 72,66
Um corte Com - - 78,62
75,29 A Sem - - 71,96
Dois cortes Com - - 57,51
56,07 B Sem - - 54,64
Média com fungicida - - 69,74 a -
Média sem fungicida - - 66,42 b -
Média geral - - 68,08 -
Desaparecimento ruminal da planta inteira em 48 horas, %
Sem corte Com - - 46,92
48,91 A Sem - - 50,90
Um corte Com 88,99 - 54,71
51,77 A Sem 89,29 - 48,84
Dois cortes Com 89,09 70,27 43,24
41,48 B Sem 87,34 71,71 39,52
Média com fungicida - - 48,29 a
Média sem fungicida - - 46,42 a
Média geral 88,68 47,36 47,36 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após semeadura
O uso de fungicida foliar no pré-florecimento não afetou (P>0,05) o desaparecimento
ruminal em 48h das folhas, colmos e da planta inteira com médias 57,62%, 34,51% e 47,36%,
respectivamente. Já nas estruturas reprodutivas uso de fungicida levou a um maior (P<0,05)
desaparecimento ruminal com média de 69,74% contra 66,42% em 48h. Fato que se deve a
ação do fungicida que neste fator de estudo mostrou ter eficiência em manter a capacidade
fotossintética e produzir maior quantidade de grão que gerou o maior desaparecimento.
30
5.6 Conclusão
O uso de cortes no estádio vegetativo antes da ensilagem é recomendado, pois,
proporcionam dois cenários interessantes, o primeiro com maior acúmulo de matéria seca
quando se realiza um corte e a ensilagem, que mostrou não alterar a produção final de silagem
bem como o desaparecimento ruminal dos componentes estruturais, sendo em alguns casos
superior e, o segundo foi a utilização de dois cortes no estádio vegetativo que possibilitou um
produto com maior qualidade, comprovada pelos valores de desaparecimento ruminal dos
componentes e, aliado a possibilidade de não realizar a ensilagem, uma sobra de material para
cobertura do solo em manejos conservacionistas como o plantio direto.
O uso do fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico
de pré-florescimento, não proporcionou grandes alterações na cultura do centeio, mostrando
que uma única dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca das plantas e
melhorou o desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas, sendo que mais estudos
devem ser desenvolvidos neste contexto, com um maior número de aplicações, para quem
sabe expressar melhor o benefício do fungicida no controle de doenças ao final do ciclo.
5.7 Referências
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34
6 CAPÍTULO II – QUALIDADE NUTRICIONAL E DESAPARECIMENTO
RUMINAL DA FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A
DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-
FLORESCIMENTO
6.1 Resumo
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a qualidade nutricional da
forragem e o desaparecimento ruminal da matéria seca do centeio cv. Temprano, manejado
em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com
ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio
fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita
no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida;
T2: sem corte no vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com
aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de
fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6:
dois cortes no vegetativo sem aplicação de fungicida. De maneira geral, a utilização de um
corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem no estádio de grão farináceo foi o melhor
manejo empregado no centeio cv. Temprano com base nos parâmetros de bromatologia e
degradabilidade ruminal, pois apresentou melhor composição dos carboidratos fibrosos após o
corte e gerou melhores índices de degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando
ainda o corte do vegetativo que produziu um material de excelente qualidade nutricional. O
uso do fungicida proporcionou melhora significativas nos teores de proteína bruta e matéria
mineral da planta no momento da ensilagem devido aos efeitos fisiológicos que a
Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou numericamente, maior desaparecimento
da matéria seca no rúmen.
Palavras-chave: carboidratos fibrosos, piraclostrobina, proteína bruta, Secale cereale.
6.2 Abstract
The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate forage
nutritional quality and ruminal disappearance of dry matter of rye cv. Temprano, managed in
different cutting regimes at the vegetative stage and subsequent silage making, with or
without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based fungicide at the pre-flowering
phenological stage. The treatments consisted of silages resulting from harvesting at the stage
of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative stage and without fungicide
35
application; T2: without cut at the vegetative stage and with fungicide application; T3: a cut at
the vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T4: a cut at the vegetative
and without fungicide application; T5: two cuts at the vegetative stage with fungicide
application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the vegetative stage without fungicide
application. In general, the use of a single cut at the vegetative stage and subsequent ensiling
at the stage of floury grain was the best management used in rye cv. Temprano based on
chemical and ruminal degradability parameters, as it presented better composition of fiber
carbohydrates after cutting and generated better ruminal dry matter degradability, also
highlighting the cut at the vegetative stage that produced a material of excellent nutritional
quality. The use of fungicide did cause there was a significant improvement in the crude
protein and mineral matter contents of the plant at the ensiling time due to the physiological
effects that Pyraclostrobin causes in the treated plants, which numerically generated a greater
ruminal disappearance of dry matter.
Key-words: crude protein, fibrous carbohydrates, pyraclostrobin, Secale cereale.
6.3 Introdução
A produção animal tem o seu maior retorno econômico, sem dúvidas, quando
consegue explorar de forma intensiva as pastagens. No entanto, em alguns períodos do ano,
como exemplo no inverno, a manutenção dos níveis de produção animal fica comprometida
mediante o uso de pastagens, devido à diminuição da quantidade e qualidade das forragens
disponíveis (COAN et al., 2001).
O cultivo de cereais de inverno, como a aveia (Avena spp.), o trigo (Triticum sativum
L.) e o centeio (Secale cereale L.), ocupam segundo Phillips et al. (1996), aproximadamente
35% das áreas de cultivo que são utilizadas pela agricultura mundial. E ressaltam ainda que a
utilização dessas espécies é uma alternativa para produções mais precoces nos períodos de
escassez e se levar em conta a qualidade nutricional e o potencial de produção tem-se a
capacidade de melhorar o uso de recursos como a terra, infraestrutura e mão de obra, além de
proporcionar opções de uso alternativo, como a produção de silagens, sendo esta utilizada
para prevenir riscos da falta de alimento em casos de intempéries e/ou maior padronização da
dieta dos animais durante o ano (LEHMEN et al., 2014).
O centeio, segundo Fontanelli et al. (2016), é uma gramínea anual de inverno, com
hábito de crescimento cespitoso, com altura média de 1,2 m a 1,8m, possui ampla adaptação
de cultivos, podendo ser encontrado do nível do mar até 4.300m de altitude, possui boa
36
tolerância a solos com baixas fertilidade e, em comparação as demais forrageiras de inverno,
produzem mais em meses com maior intensidade de frio.
A produção final das gramíneas de inverno, principalmente do componente grão,
auxiliará no processo fermentativo e está diretamente relacionada às doenças foliares, pois, o
excesso de chuvas, o acúmulo de dias nublados, maiores temperaturas no fim do ciclo, são
favoráveis à ocorrência e o aumento da severidade das doenças, que está entre as principais
dificuldades encontradas pelos produtores no Sul do país (REIS e CASA, 2007).
O uso de fungicidas por proporcionar maior controle nas doenças, tem segundo Pepler
el al. (2005), contribuído para maiores produções devido a capacidade de manutenção de
maior área fotossintética do dossel, principalmente no final do ciclo que acarreta em maior
enchimento nos grãos. Ainda há relatos da capacidade de alguns princípios ativos alterarem a
fisiologia das plantas tratadas e consequentemente na sua composição bromatológica
(GROSSMANN e RETZLAFF, 1997).
Devido a diversificação dos métodos das análises das frações dos alimentos para a
determinação de alguns parâmetros ruminais bem como, da composição química dos mesmos
que compõe as rações do animais, torna-se necessária uma avaliação mais precisa do valor
nutritivo dos alimentos tanto volumosos quanto concentrados além de um parâmetro que é
determinante no balanceamento de rações mais eficientes, a determinação das taxas de
degradação a nível ruminal (CARVALHO et al., 2010)
Partindo deste pressuposto o objetivo foi avaliar a qualidade nutricional da forragem e
o desaparecimento ruminal da matéria seca do centeio cv. Temprano, manejado em diferentes
regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com ou sem
aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de
pré-florescimento.
6.4 Material e métodos
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN), localizado
no município de Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do Paraná (MAACK, 2002),
sob as coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e 51º29’43” de longitude oeste e
1.026 m de altitude. O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb
(Subtropical mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca
definida e com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente
inferior a 22ºC e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média
37
anual é de 1.944 mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima
anual de 23,5°C e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et
al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características
químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3
; K+: 0,2 cmolc dm
-
3; MO: 2,62%; Al
3+: 0,0 cmolc dm
-3; H
++Al
3+: 5,2 cmolc dm
-3; Ca
2+: 5,2 cmolc dm
-3; Mg
2+: 5,1
cmolc dm-3
e saturação de bases: 65,8%.
Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar
Temprano, os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita do material no estágio
de grão farináceo com diferentes sistemas de corte no estágio vegetativo, com ou sem
aplicação foliar de fungicida no pré k, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de
fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no
vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e
sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-
florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de fungicida.
O campo experimental foi constituído de uma área total de 540m², distribuída em 36
parcelas de 9,45m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54m lineares de cultivo, onde foi
utilizada área útil de 4,2m² (2,1m x 2m) correspondente a 24m lineares para as avaliações.
A semeadura foi em sistema de plantio direto dia 12/04/2017, de maneira uniforme
para os tratamentos. Na semeadura o espaçamento entre linhas foi de 0,175m, a profundidade
de semeadura foi de 0,02m com distribuição média de 220 sementes por m².
Na implantação do centeio utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1
do fertilizante
formulado 08-30-20 (N-P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e
calagem para o estado do Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de
cobertura foi realizada 51 dias após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg
ha-1
de ureia (45-00-00), garantindo a aplicação de 200kg ha-1
de nitrogênio.
As plantas daninhas foram controladas quimicamente, primeiramente na dessecação
antes da semeadura, utilizando-se herbicida à base de Glifosate (produto comercial Roundup
Original®: 2,0 l ha
-1), já no manejo da cultura, 30 dias após a semeadura foi efetuada a
aplicação do herbicida a base de metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®: 6,6g ha
-1). O
controle de pragas foi realizado aos 30 dias após a semeadura, de acordo com avaliações de
campo, sendo utilizado o inseticida a base de Thiamethoxam + Lambdacyhalothrin (produto
comercial Engeo Pleno®: 150ml ha
-1) e outra aplicação aos 145 dias após a semeadura,
conforme avaliação de campo.
38
O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial
OrkestraTM
SC®: 0,35 l.ha
-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos
com aplicação de fungicida.
O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) ou a dois cortes
(T5 e T6) foram realizadas nas fases de pleno perfilhamento e antes do emborrachamento, aos
88 dias e aos 135 dias após a semeadura. A altura de rebaixamento seguiu as recomendações
de Fontaneli et al. (2009). As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios
reprodutivos, sendo definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado
para a ensilagem, de acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias,
195 dias e 209 dias após a semeadura conforme manejos de 0, 1 ou 2 cortes, respectivamente.
O corte das plantas, contidas na área útil de cada parcela (4,2 m²), foi de forma manual
com o auxílio de uma foice serrilhada. Uma amostra de planta inteira para determinação dos
teores de matéria seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a obtenção de peso
constante entre pesagens (AOAC, 1984).
Todas as amostras pré-secas do material original e das forragens foram moídas à 1mm
em moinho tipo "Willey", onde sequencialmente determinou-se a matéria seca total em estufa
a 105ºC por 16 horas, proteína bruta (PB) pelo método micro Kjeldahl, matéria mineral (MM)
por incineração a 550ºC (4 horas) (SILVA e QUEIROZ, 2009). Foram também determinados
os teores de fibra em detergente neutro (FDN), conforme Van Soest et al. (1991), utilizando-
se α amilase termoestável (Termamyl 120L, Novozymes Latin América Ltda.), fibra em
detergente ácido (FDA) e lignina (LIG) segundo Goering e Van Soest (1970) e os teores de
Hemicelulose (HEM) e Celulose (CEL), pela equação (HEM = FDN – FDA e CEL= FDA -
LIG ) seguindo metodologia proposta por Silva e Queiroz (2009).
O desaparecimento ruminal da MS das silagens foram estimadas pela técnica de
digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon medindo 12x8cm e com poros de 40 a 60
µm, contendo aproximadamente 5g de cada material, moído a 1mm, para posterior incubação
no rúmen (NOCEK, 1988). Os tempos de incubação utilizados foram de 0, 6, 12, 24, 36 e 48
horas. Este procedimento foi previamente submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de
Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO.
Para tal, foram utilizados dois novilhos da raça Jersey, com 48 meses de idade, peso vivo
médio de 550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam alocados na unidade didática de
bovinos de corte a qual foi implantada pela técnica de ruminotomia, previamente aprovada
pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício n° 030/2014 -
CEUA/UNICENTRO.
39
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3x2, sendo
3 regimes de cortes (0, 1 e 2 cortes) e 2 manejos de aplicação (com e sem fungicida), com seis
repetições, onde cada repetição é representada por uma parcela de 9,45m².
Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os
pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez
atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de significância, por meio da análise
de variância (ANOVA) e em seguida o teste Tukey de comparação de múltiplas médias a 5%
de significância e, as taxas de desaparecimento ruminal foram conduzidas à análise de
regressão pelo teste “Proc Reg” ao nível de 5% de significância por intermédio do programa
estatístico SAS (1993). O modelo matemático utilizado para a análise de variância foi:
Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij
Onde:
Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;
µ = média dos tratamentos;
BL = efeito do bloco
Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;
Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;
ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;
eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.
6.5 Resultados e discussão
De maneira geral, com base nos dados presentes no resumo da análise da variância
(Anexo 2), observa-se que não houve interação significativa entre os fatores sistema de
manejo de corte e aplicação foliar de fungicida para os parâmetros bromatológicos e
qualitativos da forragem do centeio cultivado para produção de silagem.
Os teores de matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de
corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento são apresentados na
Tabela 5 e mostra que nos diferentes sistemas de cortes foram observadas diferenças (P<0,05)
para os parâmetros MM, FDN e FDA; enquanto que para os valores de PB não apresentaram
diferenças significativas com média de 7,73% no momento da ensilagem independente do
sistema de corte.
40
Tabela 5. Teores de matéria mineral, proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido do
centeio cv. Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de
fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de
corte no
vegetativo
Manejo de
fungicida
Cortes Forragem Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Matéria Mineral, %
Sem corte Com - - 3,04
2,90 B Sem - - 2,76
Um corte Com 7,24 - 2,69
2,59 C Sem 7,36 - 2,49
Dois cortes Com 7,42 5,45 3,32
3,27 A Sem 7,27 5,39 3,21
Média com fungicida - - 3,02 a -
Média sem fungicida - - 2,82 b -
Média geral 7,32 5,42 2,92 -
Proteína Bruta, %
Sem corte Com - - 8,02
7,62 A Sem - - 7,22
Um corte Com 20,71 - 8,83
7,95 A Sem 20,81 - 7,07
Dois cortes Com 19,72 17,08 7,87
7,63 A Sem 19,44 16,23 7,40
Média com fungicida - - 8,24 a -
Média sem fungicida - - 7,23 b -
Média geral 20,17 16,66 7,73 -
Fibra em detergente neutro, %
Sem corte Com - - 73,29
71,97 B Sem - - 70,65
Um corte Com 52,83 - 70,44
70,13 B Sem 52,55 - 69,81
Dois cortes Com 55,27 59,38 75,70
76,85 A Sem 54,32 58,76 78,00
Média com fungicida - - 73,14 a -
Média sem fungicida - - 72,82 a -
Média geral 53,74 59,07 72,98 -
Fibra em detergente ácido, %
Sem corte Com - - 49,81
46,68 A Sem - - 43,55
Um corte Com 32,59 - 41,24
41,55 B Sem 32,99 - 41,86
Dois cortes Com 28,04 38,66 46,69
47,60 A Sem 29,29 37,40 48,52
Média com fungicida - - 45,12 a -
Média sem fungicida - - 44,64 a -
Média geral 30,73 38,03 45,28 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
41
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após semeadura
A maior MM 3,27% foi observada no sistema de dois cortes, seguida da sem corte
com 2,90% e o menor valor no de um corte, 2,59%. Leão et al. (2019), no mesmo campo
experimental, com os mesmo sistemas de corte em diferentes cereais de inverno, observaram
comportamento diferente na cevada onde o tratamento com dois cortes teve o menor índice de
MM em relação os demais que não diferiram estatisticamente. Esta diferença é compreendida
quando se faz uma relação com os teores dos demais parâmetros avaliados, podendo
subentender que estes valores estão ligados aos carboidratos não fibrosos da planta, que
compõe esta relação estequiométrica, devido a maior participação de grãos na fase de
ensilagem.
A FDN foi superior no sistema de dois cortes no vegetativo com 76,85% , os demais
foram inferiores e não se diferiram, sem corte com 71,97% e o um corte com 70,13%. A FDA
foi menor no sistema de um corte com 41,55%, sendo os maiores e que não se diferenciaram
no sem corte com 46,68% e dois cortes 47,60%.
Neste cenário o uso de dois cortes no vegetativo não é desejável visto que aumentou
os teores de fibras podendo alterar o consumo dos animais, pois o como FDN tem relação
direta com a capacidade de consumo por parte dos ruminantes e o FDA com o aproveitamento
do alimento pelos mesmos (VAN SOEST, 1994).
Leão et al.(2019), obtiveram o mesmo comportamento dos valores de FDN na cevada,
já em relação ao FDA ele foi menor significativamente no tratamento de dois cortes no trigo,
triticale, aveia preta e na cevada, sendo maior no tratamento com um corte.
Lehmen et al. (2014) em silagens do centeio BRS Serrano encontraram valores
próximos do presente estudo com médias de 6,80% de PB, 73,70% de FDN e 40,40% de
FDA. Já Fontaneli et al., (2006), encontraram valores maiores de PB para o BRS Serrano com
9,20% e para o BRS 1 com 8,80% e, menores valores de FDN 63,60% e 66,90% e FDA
37,40% e 39,40% respectivamente. Neumann et al. (2019), em trabalho no mesmo campo
experimental, trabalhando com diferentes cereais de inverno, dentre eles o centeio BR1 no
mesmo estádio fenológico de grão farináceo, observaram valores de PB, FDN e FDA
próximos, com médias de 6,88, 77,78% e 40,34% respectivamente.
O processo de corte tende a reduzir o índice de área foliar e leva a mobilização de
reservas para mantença das taxas fotossintéticas e o desenvolvimento da planta, o que gera
alterações na sua arquitetura, levando a mudanças nos compostos da parede celular, estando
estes ligados a diferentes fatores bióticos dentro de cada espécie vegetal (Taiz e Zeiger, 2013).
42
Os maiores (P<0,05) valores de MM e PB foram observados com a aplicação de
fungicida com valores de 3,02% e 8,24% respectivamente, sem aplicação de fungicida as
médias foram inferiores com 2,82% para MM e 7,23% para PB.
O aumento dos teores de proteína, se dá pela ação fisiológica da Piraclostrobina, que
tem ação nas mitocôndrias das células vegetais e, atuam inibindo o transporte de elétrons do
citocromo-b para o citocromo-c na cadeia transportadora de elétrons, levando a uma redução
na produção de ATP (ANKE, 1995). Esta diminuição nos ATP segundo Fagan (2007),
também ocorre nas células vegetais levando a uma diminuição da respiração de manutenção
da planta, promovendo uma acidificação no citoplasma. Segundo Glaab e Kaiser (1999), esta
acidificação do citosol tem efeito sobre a enzima nitrato redutase que tem a sua atividade
significativamente aumentada. Köehle et al. (2003), avaliando o efeito da Piraclostrobina na
cultura do trigo comprovaram estes efeitos com redução de 10% de nitrato in vitro, sete dias
após a aplicação do produto, o que indica maior reassimilação para metabólitos mais
complexos, sendo o nitrato a principal forma que as plantas tem para absorver o nitrogênio.
Os valores de PB para Van Soest (1994), são mínimos necessários para que não haja
prejuízo à fermentação ruminal é de 7%, devido a diminuição da fermentação ruminal, além
de diminuir o consumo dos alimentos pelo baixo teor de proteína na dieta.
Com o uso de fungicida os teores de FDN e FDA não apresentaram diferenças
significativas com médias gerais de 72,98% de FDN e 45,28% para FDA. Fato, que se deve
pelas pequenas diferenças, no entanto significativas entre os demais componentes das silagens
como PB e MM por apresentarem menores razões expressaram a diferença. Outro ponto foi à
severidade de doenças de final de ciclo que atingiram ambos os tratamentos não expressando
a capacidade esperada do fungicida.
Os teores de hemicelulose (HEM), celulose (CEL) e lignina (LIG) do centeio cv.
Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-
florescimento (Tabela 6) apresentaram diferenças (P<0,05) com os diferentes sistemas de
corte. A HEM foi superior nos sistemas de um (28,58%) e dois cortes (29,24%), o menor
valor foi com o sistema sem corte (25,29%). Os teores de CEL foram superiores nos
tratamentos sem corte e com dois cortes com médias de 34,41% e 35,29% respectivamente e,
diferenciando o menor valor de celulose foi observado no sistema de um corte com 30,76%
em média. O mesmo comportamento foi observado com os teores de LIG que se apresentaram
maiores nos sistemas sem corte (12,27%) e com dois cortes (12,31%) e, o menor valor com
um corte 10,79%. Horst et al. (2017) em trabalho avaliando a forragem do mesmo cv.
Temprano em corte no pré-florescimento encontrou valores próximos ao presente estudo dos
componentes da fibra, 27,9 para HEM, 36,2 para CEL e 9,7 para LIG.
43
Nos ruminantes os componentes da fibra são determinantes para se presumir qual será
o alimento mais digestível, a grande maioria da CEL, que é aproveitada pelos ruminantes, é
digerida no rúmen, já a HEM é a porção da fibra com maior aproveitamento pelos animais,
tem como característica considerável, parte dela passar pelo microbiota ruminal e ser
fermentada somente nos intestinos (VAN SOEST, 1994).
A degradação da HEM segundo CAMPOS et al. (2003), está relacionada com a
concentração de CEL e inversamente relacionada com o teores de LIG, uma vez que parte da
HEM está mais associada a esse composto do que a qualquer a outro polissacarídeo.
Tabela 6. Teores de hemicelulose, celulose e lignina do centeio cv. Temprano, submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de
corte
Manejo de
fungicida
Cortes Forragem Média
88 DAS 135 DAS Ensilável
Hemicelulose, %
Sem corte Com - - 23,48
25,29 B Sem - - 27,11
Um corte Com 20,24 - 29,20
28,58 A Sem 19,56 - 27,95
Dois cortes Com 27,23 20,72 29,01
29,24 A Sem 25,03 21,35 29,48
Média com fungicida - - 27,23 a -
Média sem fungicida - - 28,18 a -
Média geral 23,02 21,04 27,70 -
Celulose, %
Sem corte Com - - 37,44
34,41 A Sem - - 31,37
Um corte Com 21,86 - 30,28
30,76 B Sem 22,15 - 31,24
Dois cortes Com 19,12 28,78 35,52
35,29 A Sem 20,07 27,03 35,07
Média com fungicida - - 34,42 a -
Média sem fungicida - - 32,56 a -
Média geral 20,80 27,91 33,49 -
Lignina, %
Sem corte Com - - 12,37
12,27 A Sem - - 12,17
Um corte Com 10,73 - 10,96
10,79 B Sem 10,84 - 10,62
Dois cortes Com 8,92 9,88 11,17
12,31 A Sem 9,22 10,37 13,45
Média com fungicida - - 11,50 a -
Média sem fungicida - - 12,08 a -
Média geral 9,93 10,13 11,79 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
44
entre si pelo teste F a 5% de significância.
DAS = Dias após o semeadura
De maneira geral, o uso de fungicida não influenciou (P>0,05) os teores de HEM,
CEL e LIG, apresentando as respectivas médias 27,70%, 33,49% e 11,79%. Venancio (2019),
avaliando o Trigo, a Aveia preta e Aveia branca em dois cortes nos estádios vegetativos e
pleno vegetativo, com e sem a aplicação de Piraclostrobina, no mesmo campo experimental,
não observou diferenças significativas nos teores de HEM com média de 26,96 % e 27,41%
respectivamente para cada estádio fenológico, por outro lado, os teores de CEL e LIG
apresentaram diferenças sendo que o uso do fungicida Piraclostrobina aumentou os índices de
celulose nos dois estádios, na ordem de 28,96% e 20,31% em cada estádio, e a LIG diminui
36,29% no estádio vegetativo e 21,56% no pleno vegetativo.
A Figura 2 apresenta a taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta
inteira nos diferentes tratamentos testados, o comportamento de degradabilidade foi linear
crescente em todos os tratamentos. O tratamento sem corte com fungicida apresentou em
média 0,41% de aumento na degradabilidade a cada hora de exposição à microbiota ruminal,
o sem fungicida 0,47%, o sistema de um corte com fungicida 0,44% e sem fungicida 0,49%, o
sistema de dois cortes com fungicida apresentou média de 0,42% e o sem fungicida 0,33%
por hora de exposição.
Figura 2. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-
20
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0 6 12 18 24 30 36 42 48
Des
apar
ecim
ento
rum
inal
da
MS
, %
Horas de incubação, h DMS Sem corte - Com fungicida: 28,2904 + 0,4091h (CV: 10,75%; R²: 0,7573; P: 0,0001),
onde h representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.DMS Sem corte - Sem fungicida: 29,2598 + 0,4693h (CV: 14,58%; R²: 0,6650; P = 0,0001)
DMS Um corte - Com fungicida: 33,4546 + 0,4420h (CV: 10,37%; R²: 0,7447; P = 0,0001)
DMS Um corte - Sem fungicida: 27,8903 + 0,4887h (CV: 16,45%; R²: 0,6399; P = 0,0001)
DMS Dois cortes - Com fungicida: 24,4952 + 0,4154h (CV: 14,15%; R²: 0,6959; P = 0,0001)
DMS Dois cortes - Sem fungicida: 23,3350 + 0,3342h (CV: 11,84%; R²: 0,7170; P = 0,0001)
45
florescimento.
Molina et al., (2002) ressaltam a importância e a viabilidade da técnica in situ ou do
saco de náilon suspenso no rúmen para estimar a desaparecimento ruminal da matéria seca
nos diferentes tempos de avaliação de determinado alimento, principalmente em função de
simplicidade do método e da economia. Estimativas confiáveis do desaparecimento ruminal
da MS, sejam elas de forragens ou de concentrados proteicos e energéticos, são essenciais
para os técnicos e produtores na hora da aplicação dos novos sistemas de predição das
exigências nutricionais dos ruminantes. Sendo os sistemas utilizam valores fixos de
degradabilidade para cada tipo de alimento, não levando em conta a variação que cada
alimento pode ter mesmo dentro da mesma espécie ou com manejos diferentes durante o ciclo
da cultura, como mostra o presente estudo (BUMBIERIS JUNIOR et al., 2011).
Quando é avaliado o comportamento do desaparecimento ruminal médio nos
diferentes sistemas de cortes (Figura 3) observa-se que houve comportamento linear
crescente, com maior valor de degradabilidade, 0,46% por hora de exposição, no sistema de
um corte, seguido pelo sem corte 0,44% e, o menor valor 0,37% nos dois cortes.
Figura 3. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, submetido a diferentes sistemas de corte.
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0 6 12 18 24 30 36 42 48
Des
apar
ecim
ento
rum
inal
da
MS
, %
Horas de incubação, h
DMS Sem corte: 28,7751 + 0,4392h (CV: 13,15%; R²: 0,6874; P = 0,0001) onde h
representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.DMS Um corte: 30,6724 + 0,4653h (CV: 14,46%; R²: 0,6433; P = 0,0001)
DMS Dois cortes: 23,9151 + 0,3748h (CV: 13,93%; R²: 0,6712; P = 0,0001)
46
O maior desaparecimento ruminal observado no tratamento com um corte no
vegetativo é reflexo direto da composição bromatológica do mesmo em relação ao demais,
visto que, apresentou os menores valores de LIG, devido a renovação de tecidos sem
prejudicar a produção final de grãos, que compõe a parte mais digerível da planta a nível
ruminal. Já no manejo com dois cortes no estádio vegetativo, observou-se assim como o
encontrado no estudo de Carvalho e Pires (2008), maior participação da porção fibrosa, aliado
a menor produção de grãos, o que explica os menores valores de desaparecimento. Ainda
segundo os mesmo autores, o que explica a menor degradação do tratamento sem corte em
relação ao de um corte, é o fato de que, devido às plantas serem mais velhas possuem maior
espessamento e lignificação da parede celular consequentemente levando a menor
aproveitamento.
A Figura 4 mostra que o uso de fungicida pouco interferiu na degradabilidade ruminal,
sendo que por hora de exposição ao ambiente ruminal apresentou aumento linear crescente de
0,42% e a não utilização de fungicida 0,43%.
Figura 4. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano, com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
O uso de fungicida não gerou grandes alterações nas taxas de desaparecimento, no
entanto o fungicida teve a capacidade de preservar maiores quantidades na planta de
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Des
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inal
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MS
, %
Horas de incubação, h
DMS: Com fungicida: 28,7467 + 0,4221h (CV: 15,52%; R²: 0,5959; P: 0,0001), onde h
representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.
DMS: Sem fungicida: 26,8284 + 0,4307h (CV: 18,55%; R²: 0,5419; P: 0,0001)
47
componentes solúveis, que como já mencionada se deve à capacidade de ação fisiológica do
fungicida na planta.
A Figura 5 apresenta a taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta
inteira nos diferentes tratamentos testados nos corte realizados na fase vegetativa, o
comportamento de degradabilidade foi linear crescente em todos os tratamentos. O tratamento
com um corte com fungicida apresentou em média 0,98 % de aumento na degradabilidade a
cada hora de exposição a microbiota ruminal, o sem fungicida 0,95%, o primeiro corte dos
sistema de dois cortes com fungicida 0,93% e sem fungicida 0,88%, já o segundo corte do
mesmo sistema com fungicida apresentou média de 0,95% e o sem fungicida 0,98% por hora
de exposição.
Figura 5. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.
Temprano com um e dois cortes no estádio vegetativo conforme o sistema de corte, com ou
sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Os materiais colhidos no estádio vegetativo mostraram-se, mesmo no segundo corte
com uma excelente qualidade e capacidade de aproveitamento a nível ruminal, fato que se
deve segundo Nascimento Junior et al. (2013), a composição das plantas forrageiras de
25
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0 6 12 18 24 30 36 42 48
Des
apar
ecim
ento
rum
inal
da
MS
, %
Horas de incubação, h
DMS 1º corte – Um Corte - Com fungicida: 45,8026 + 0,9848h (CV: 7,33%; R²: 0,9228; P = 0,0001),
onde h representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.
DMS 1º corte – Um Corte - Sem fungicida: 46,0648 + 0,9479h (CV: 9,21%; R²: 0,8770; P = 0,0001)
DMS 1º corte – Dois Cortes - Com fungicida: 47,7056 + 0,9315h (CV: 6,98%; R²: 0,9201; P = 0,0001)
DMS 1º corte – Dois Cortes - Sem fungicida: 48,3941 + 0,8851h (CV: 6,78%; R²: 0,9175; P = 0,0001)
DMS 2º corte – Dois Cortes - Com fungicida: 30,9469 + 0,9479h (CV: 13,33%; R²: 0,8511; P = 0,0001)
DMS 2º corte – Dois Cortes - Sem fungicida: 27,9701 + 0,9880h (CV: 11,62%; R²: 0,8991; P = 0,0001)
48
inverno, que nesta fase possuem alta proporção de contudo celular em detrimento a menores
proporções de material fibroso que leva a maior degradação. Além disto, confirma que os
teores de fibra são inversamente proporcionais a digestibilidade da matéria seca do alimento,
além de impactarem diretamente no consumo voluntário dos animais, uma vez que vão
precisar de maior tempo de ruminação e consequentemente tem um efeito de enchimento
físico mais acentuado (VAN SOEST, 1994; NUSSIO et al., 2011).
6.6 Conclusão
De maneira geral, a utilização de um corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem
no estádio de grão farináceo foi o melhor manejo empregado no centeio cv. Temprano com
base nos parâmetros de bromatologia e degradabilidade ruminal, pois, apresentou melhor
composição dos carboidratos fibrosos após o corte, o que gerou melhores índices de
degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando ainda o corte do vegetativo que
produziu um material de excelente qualidade nutricional.
Em relação à utilização ou não de fungicida, houve melhoras significativas nos teores
de proteína bruta e matéria mineral da planta no momento da ensilagem, devido aos efeitos
fisiológicos que a Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou numericamente um
maior desaparecimento da matéria seca no rúmen.
6.7 Referências
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Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, Guarapuava, PR. 2019.
53
7 CAPÍTULO III – PERDAS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTABILIDADE
AERÓBICA DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A
DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-
FLORESCIMENTO
7.1 Resumo
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) pertencente ao
setor de ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO). O objetivo do trabalho foi avaliar as características fermentativas,
bromatológicas e o desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de Centeio cv.
Temprano, manejado com ou sem corte no estádio vegetativo e com ou sem aplicação de
fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-
florescimento. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão
farináceo, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no
vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de
fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; As
silagens dos tratamentos que receberam um corte no vegetativo apresentaram-se melhor no
contexto geral, devido a melhor composição da fibra com menores valores de fibra em
detergente neutro e menor teores de lignina, no entanto devido ao seu maior teor de MS
apresentou um processo fermentativo menos eficiente em termos de concentração de ácidos
orgânicos e de estabilidade aeróbica, porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem
degradabilidade ruminal, atribuído a isso ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no
estádio vegetativo que tem certamente uma qualidade superior. A utilização de fungicida é
indicada na cultura do centeio, pois, proporcionou melhores índices de matéria seca e melhor
composição da fibra e, melhorou o processo fermentativo gerando menores perdas de MS sem
alterar a estabilidade aeróbica das silagens.
Palavras–chave: Ácidos orgânicos, desaparecimento ruminal, potencial hidrogeniônico,
Secale cereale.
7.2 Abstract
The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) belonging to the
Agrarian and Environmental Sciences sector of the Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO). The objective of this study was to evaluate the fermentative, chemical
characteristics and ruminal disappearance of dry matter of Rye cv. Temprano, managed with
or without cutting at the vegetative stage and with or without application of Fluxapyroxad
54
Pyraclostrobin-based fungicide at the pre-flowering phenological stage. The treatments
consisted of silages resulting from harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without
cut at the vegetative stage and without fungicide application; T2: without cut at the vegetative
stage and with fungicide application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide
application at pre-flowering; T4: a cut at the vegetative and without fungicide application.
The silages of the treatments cut at the vegetative stage were better in the general context, due
to the better fiber composition with lower values of neutral detergent fiber and lower lignin
contents. However, due to its higher DM content, it presented a less efficient fermentation
process in terms of organic acid concentration and aerobic stability, but it did not alter DM
losses or ruminal degradability, to which is attributed the use of DM harvested at the
vegetative stage, which certainly has a higher quality. The use of fungicide is indicated in rye
crops, as it provided better dry matter indices and better fiber composition and improved the
fermentative process generating lower DM losses without changing the aerobic stability of the
silages.
Key words: Organic acids, potential of hydrogen, ruminal disappearance, Secale cereale.
7.3 Introdução
A região sul do Brasil tem se destacado no cenário nacional devido à eficiência dos
sistemas integrados de produção agropecuária, onde se realizam rotações entre culturas anuais
de grãos no verão e, no inverno, com cultivos de plantas e/ou pastagens que antes tinham
como destino somente a cobertura do solo, no entanto nos cenários atuais estão cada vez mais
sendo utilizadas para alimentação animal (FONTANELLI et al., 2016).
Segundo Fontaneli et al. (2011), as forrageiras que tem destaque no cultivo são a
Aveia Preta e o Azevém, secundadas pelos cereais que podem ser utilizados em sistemas de
duplo propósito como o trigo, Aveia Branca, Cevada, Triticale e o Centeio. Estes materiais
tem se mostrado muito versáteis, podendo ser utilizados na nutrição dos animais em diversas
fases do desenvolvimento, no estádio vegetativo usado para forrageamento direto
(NASCIMENTO JUNIOR. et al., 2013), ou segundo Bumbieris Júnior et al. (2011), o seu
excedente utilizado para a produção de feno e pré-secado e dessa forma ter-se-á alimento
estocado para outras épocas, podendo ainda a cultura ser utilizada mais vezes, uma vez que
para produção de silagem pré-secada, a mesma é colhida antes do fechamento do seu ciclo
normal e, por fim o uso no estádios reprodutivos, utilizados para a produção de grãos e a
55
participação dos mesmos nos concentrados ou para a produção de silagem da planta inteira
(BORTOLINI et al., 2004).
A silagem segundo Pereira e Reis (2001), é um processo com o objetivo de
conservação da forragem fresca, a partir de uma fermentação anaeróbica, que ocorre
basicamente devido à conversão de carboidratos solúveis das plantas ou adicionados, em
ácidos orgânicos, graças à ação de diversos microrganismos que, no ambiente adequado, se
proliferam e proporcionam condições adequadas para a conservação do valor nutritivo
original.
Segundo Calegari (2004), o centeio é uma planta pertencente à família das gramíneas,
anual de inverno que apresenta um sistema radicular fasciculado e agressivo, tem hábito de
crescimento cespitoso, apresenta colmos cilíndricos eretos e glabros com estrutura variando
entre 1,2 a 1,8 m de altura, suas folhas de coloração verde-azuladas lineares com lígulas
membranosas e com aurículas pequenas.
A ensilagem de cereais de inverno torna-se uma alternativa para fornecimento de
volumoso de qualidade em períodos onde tem baixa oferta no campo, além de possibilitar a
substituição parcial de silagens tidas como tradicionais como o milho e o sorgo, que
apresentam um custo superior de produção, e ainda não competindo com culturas tradicionais
no verão como é o caso da soja (ZAMARCHI et al., 2014)
Um dos entraves da produção de cerais de inverno no Sul do Brasil são as condições
climáticas geralmente encontradas durante o ciclo das culturas, principalmente pelo excesso de
chuvas, que é determinante para o favorecimento do aumento de doenças (REIS E CASA, 2005).
Para Goulart et al. (1998), uma ferramenta que tem a capacidade de estabilizar a
produtividade é o uso de correto das diferentes classes de fungicidas.
Para o ajuste adequado no fornecimento dos alimentos que compõe as rações dos
animais domésticos, as avaliações do comportamento digestivo tiveram nos últimos anos um
desenvolvimento considerável, os melhores resultados de produtividade dos animais estão
diretamente ligados à qualidade da alimentação fornecida. As forragens têm dentro dos
sistemas de produção pecuários papel primordial, fornecendo a fibra, que geralmente é uma
fonte de energia com um valor reduzido, e é responsável pela manutenção da função ruminal,
além da regulação do consumo e fornecimento de compostos importantes para produção de
leite e carne (CARVALHO et al., 2010).
Partindo deste pressuposto trabalho teve o objetivo avaliar as características
fermentativas, bromatológicas e o desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de
Centeio cv. Temprano, manejado com ou sem corte no estádio vegetativo e com ou sem
56
aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de
pré-florescimento.
7.4 Material e métodos
O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) pertencente
ao setor de ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO), localizado no município de Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do
Paraná (MAACK, 2002), sob as coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e
51º29’43” de longitude oeste e 1.026 m de altitude.
O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb (Subtropical
mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca definida e
com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente inferior a 22ºC
e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média anual é de 1.944
mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima anual de 23,5°C
e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et
al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características
químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3
; K+: 0,2 cmolc dm
-
3; MO: 2,62%; Al
3+: 0,0 cmolc dm
-3; H
++Al
3+: 5,2 cmolc dm
-3; Ca
2+: 5,2 cmolc dm
-3; Mg
2+: 5,1
cmolc dm-3
e saturação de bases: 65,8%.
Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar
Temprano. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão
farináceo, sendo T1: sem corte e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte com aplicação de
fungicida; T3: um corte com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte sem
aplicação de fungicida.
O campo experimental foi constituído de uma área total de 540 m², distribuída em 24
parcelas de 9,45 m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54 m lineares de semeadura, onde
será utilizada área útil de 4,2 m² (2,1m x 2m) correspondente a 24 m lineares de semeadura
para as avaliações.
A semeadura do experimento foi em sistema de plantio direto no dia 12/04/2017, de
maneira uniforme para os tratamentos. No plantio o espaçamento entre linhas foi de 0,175 m,
a profundidade de semeadura foi de 0,02 m com distribuição média de 220 sementes por m².
Na implantação do centeio utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1
do fertilizante
formulado 08-30-20 (N-P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e
57
calagem para o estado do Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de
cobertura foi realizada 51 dias após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg
ha-1
de ureia (45-00-00), garantindo a aplicação de 200 kg ha-1
de nitrogênio.
As plantas daninhas foram controladas quimicamente, com o uso de herbicidas,
primeiramente na dessecação da área experimental antes da semeadura, utilizando-se
herbicida à base de Glifosate (produto comercial Roundup Original®: 2,0 l ha
-1), já no manejo
da cultura, 30 dias após a semeadura foi efetuada a aplicação do herbicida a base de
metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®: 6,6 g ha
-1).
O controle de pragas foi realizado aos 30 dias após a semeadura, de acordo com
avaliações de campo, sendo utilizado o inseticida a base de Thiamethoxam +
Lambdacyhalothrin (produto comercial Engeo Pleno®: 150 ml ha
-1) e outra aplicação aos 145
dias após a semeadura, conforme avaliação de campo.
O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial
OrkestraTM
SC®: 0,35 l.ha
-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos
com aplicação de fungicida.
O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) foram
realizadas nas fazes de pleno perfilhamento. A altura de rebaixamento seguiu as
recomendações de Fontaneli et al. (2009), ou seja, a 0,07 m da superfície do solo.
As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios reprodutivos, sendo
definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado para a ensilagem, de
acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias, 195 dias após a
semeadura conforme manejos de 0 ou 1 corte, respectivamente.
O corte das plantas, contidas na área útil de cada parcela (4,2 m²), foi de forma manual
com o auxílio de uma foice serrilhada. No momento da ensilagem as plantas de cada parcela
foram processadas em picador de forragem estacionário, modelo EM 6400 da marca
Nogueira® e ensiladas em silos experimentais. Após o processamento, foi observado um
tamanho médio de partícula de 3,7cm, determinado segundo metodologia proposta por Jobim
et al. (2007). Os silos foram tubos de PVC, com 10cm de diâmetro X 50cm de altura (Volume
de 0,003m³) e capacidade para cerca de 3kg, compactados de forma manual e devidamente
identificados com etiquetas. Para vedação dos silos, foi utilizada lona preta e fita adesiva.
Após a abertura do silo duas amostras representativas das silagens de cada silo foram
coletadas, sendo a primeira direcionada as avaliações de estabilidade aeróbia e a segunda para
determinação dos teores de matéria seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a
obtenção de peso constante entre pesagens (AOAC, 1984).
58
As avaliações da estabilidade aeróbica foram realizadas por meio de mensuração de
temperatura e do pH. De cada silo experimental foi retirado uma amostra de 400g do material
que foi alocada em baldes com capacidade para 1kg. Os baldes foram acondicionados em
ambiente controlado, com temperatura programada para permanecer estável a 25°C, durante
todo o tempo de avaliação. Para determinar a estabilidade aeróbica, diariamente (às 7h, às
15:00h e as 23:00h.) foram realizadas leituras de temperatura e pH e o tempo de avaliação foi
mantido até a perda da estabilidade aeróbica do material.
A leitura da temperatura das silagens foi realizada utilizando um termômetro de haste
longa modelo Gulterm 1001 digital inserido no centro da massa da forragem, as leituras de pH
foram feitas por meio do uso de potenciômetro digital, de acordo com a metodologia
estabelecida por Cherney & Cherney (2003).
O critério para definição de quebra de estabilidade aeróbia foi considerada quando o
pH aumentasse em níveis acima de 0,5 unidades, conforme citado por Weinberg et al. (2007).
Todas as amostras pré-secas das silagens foram moídas a 1mm em moinho tipo
"Willey", onde sequencialmente determinou-se a matéria seca total em estufa a 105ºC por
16h, proteína bruta (PB) pelo método micro Kjeldahl, matéria mineral (MM) por incineração
a 550ºC (4 horas) (SILVA e QUEIROZ, 2009). Foram também determinados os teores de
fibra em detergente neutro (FDN), conforme Van Soest et al. (1991), utilizando-se α amilase
termoestável (Termamyl 120L, Novozymes Latin América Ltda.), fibra em detergente ácido
(FDA) e lignina (LIG) segundo Goering e Van Soest (1970) e os teores de Hemicelulose
(HEM) e Celulose (CEL), pela equação (HEM = FDN – FDA e CEL= FDA - LIG ) seguindo
metodologia proposta por Silva e Queiroz (2009).
O desaparecimento ruminal da MS das silagens foram estimadas pela técnica de
digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon medindo 12x8cm e com poros de 40 a 60
µm, contendo aproximadamente 5g de cada material, moído a 1mm, para posterior incubação
no rúmen (NOCEK, 1988). Os tempos de incubação utilizados foram de 24 e 48 horas. Este
procedimento foi previamente submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética no
Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO. Para tal,
foram utilizados dois novilhos da raça Jersey, com 48 meses de idade, peso vivo médio de
550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam alocados na unidade didática de bovinos de
corte a qual foi implantada pela técnica de ruminotomia, previamente aprovada pelo Comitê
de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício n° 030/2014 -
CEUA/UNICENTRO.
A concentração do ácido lático foi realizada conforme metodologia descrita por Price
(1969). As concentrações de etanol e dos ácidos acético, propiônico e butírico nas amostras
59
foram determinadas por cromatografia gasosa utilizando um cromatógrafo Shimadzu®
GC-
2010 Plus equipado com injetor automático AOC-20i, coluna capilar Stabilwax-DA™ (30 m,
0,25 mm ID, 0,25µm df, Restek®) e detector de ionização de chama (FID).
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 2x2, sendo
2 regimes de cortes (0 e 1 corte) e 2 manejos de aplicação (com e sem fungicida), com seis
repetições, onde cada repetição é representada por uma parcela de 9,45m².
Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os
pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez
atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de probabilidade de confiança, por
meio da análise de variância (ANOVA) ao nível de 5% de significância por intermédio do
programa estatístico SAS (1993). O modelo matemático utilizado para a análise de variância
foi:
Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij
Onde:
Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;
µ = média dos tratamentos;
BL = efeito do bloco
Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte ou com um corte no vegetativo;
Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;
ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;
7.5 Resultados e Discussão
De maneira geral (Anexo 3), observa-se que houve interação significativa (P<0,05)
para os parâmetros, ácido acético e ácido butírico, entre os fatores sistema de manejo de corte
e aplicação foliar de fungicida, os demais parâmetros qualitativos das silagens do centeio não
apresentaram interação entre os fatores do estudo.
O teor de matéria seca (Tabela 7) foi superior (P<0,05) no tratamento que recebeu um
corte no vegetativo e depois ensilagem com média de 49,12% de MS, quando comparado ao
tratamento que não recebeu corte no vegetativo, com 45,04% de MS. Em relação às perdas de
MS, não foi possível constatar diferenças significativas entre os sistemas de corte, com média
de 4,63%. O pH por sua vez foi superior (P<0,05) nas silagens que receberam um corte no
vegetativo, com média de 4,33, em relação ao tratamento sem cortes com 4,12. Lehmen et al.
(2014), trabalhando com diferentes cerais de inverno sem corte no vegetativo, dentre eles o
60
Centeio cv. BRS Serrano com teor de matéria seca de 33,69%, encontrou valores de pH que
corroboram com o presente estudo 4,26 e perdas de matéria seca durante a ensilagem de
3,3%.
Tabela 7. Características químicas fermentativas das silagens do centeio cv. Temprano
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de corte Manejo de Fungicida
Média Com Sem
Matéria seca, % da MN
Sem corte 44,78 45,30 45,04 B
Um corte 46,94 51,31 49,12 A
Média 45,86 a 48,30 b 47,08
Perdas de MS, % da MS
Sem corte 2,48 5,13 3,81 A
Um corte 4,60 6,32 5,46 A
Média 3,54 a 5,73 b 4,63
pH
Sem corte 4,14 4,10 4,12 B
Um corte 4,30 4,35 4,33 A
Média 4,22 a 4,23 a 4,22 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste F a 5% de significância
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
Van Soest (1994), menciona que a ensilagem de materiais com teores de MS elevados,
o pH deixa de ser um parâmetro eficiente para determinação da qualidade da silagem, visto
que a baixa umidade e alta pressão osmótica tem como características a inibição da
acidificação do meio. Fato que leva a uma relação inversa entre o pH e umidade, onde o pH
passa a não mais indicar necessariamente uma silagem de menor qualidade.
O uso de fungicida no pré-florescimento determinou menor (P<0,05) teor de matéria
seca nas silagens com médias de 45,86% comparada a sem o uso de fungicida com média de
48,30%, o mesmo comportamento foi observado nas perdas de MS durante o processo
fermentativo, com médias de 3,54% contra 5,73% quando não se usou fungicida o que
corresponde a um aumento de 61,78% nas perdas de matéria seca. Fato que se deve as ação
fisiológica da Piraclostrobina em atuar na da planta levando segundo Fagan et al. (2010), a
redução na produção de etileno, com isso retardo na senescência das folhas, aumentando com
isso capacidade fotossintética das plantas, também chamado de “efeito verde”, justificando o
menor teor de MS. Fato que gerou um melhor processo de fermentação e gerou menores
perdas de MS, no entanto o pH não sofreu diferenças significativas com o uso de fungicida
apresentando em média 4,22.
61
Este teor de MS mais baixo por sua vez, tem segundo MUCK (1988), valores mais
próximos do ideal para o processo fermentativo, que é de 30% a 35%, pois a atividade de
água é importante para os microrganismos presentes nas plantas transformarem os
carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, levando há uma queda esperada do pH para
valores inferiores a cinco, com isso evitando fermentações indesejáveis, além da redução da
proteólise que é inevitável dentro do processo, o que justifica as menores perdas com o uso do
fungicida.
O teor de PB das silagens (Tabela 8) não apresentou diferenças (P>0,05) nos sistemas
de cortes avaliados, com média de 6,99%, o mesmo comportamento foi observado com a
HEM com média de 15,49%. Já os valores dos demais parâmetros avaliados foram superiores
significativamente no tratamento que não recebeu cortes no vegetativo, antes da ensilagem,
em relação ao que recebeu um corte e então ensilagem, dentre eles MM (3,95% versus
3,53%), FDN (67,18% versus 62,64%), FDA (51,93% versus 46,92%), CEL (40,95% versus
37,82%) e LIG (10,98% versus 9,10%).
Tabela 8. Composição química bromatológica das silagens do centeio cv. Temprano
submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de corte Manejo de Fungicida
Média Com Sem
Proteína Bruta, % da MS
Sem corte 7,15 6,92 7,04 A
Um corte 6,92 6,97 6,94 A
Média 7,04 a 6,94 a 6,99
Matéria mineral, % da MS
Sem corte 3,97 3,93 3,95 A
Um corte 3,65 3,40 3,53 B
Média 3,81 a 3,67 a 3,74
Fibra em detergente neutro, % da MS
Sem corte 66,80 67,57 67,18 A
Um corte 60,27 65,01 62,64 B
Média 63,53 b 66,29 a 64,91
Fibra em detergente ácido, % da MS
Sem corte 51,75 52,11 51,93 A
Um corte 44,80 49,03 46,92 B
Média 48,28 a 50,57 a 49,42
Hemicelulose, % da MS
Sem corte 15,05 15,46 15,25 A
Um corte 15,47 15,98 15,72 A
Média 15,26 a 15,72 a 15,49
Celulose, % da MS
Sem corte 41,00 40,91 40,95 A
Um corte 36,76 38,88 37,82 B
Média 38,88 a 39,89 a 39,39
62
Lignina, % da MS
Sem corte 10,75 11,20 10,98 A
Um corte 8,04 10,15 9,10 B
Média 9,39 b 10,68 a 10,04 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste F a 5% de significância
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
Fontaneli et al. (2009), avaliaram diferentes silagens de cerais de inverno dentre elas a
do Centeio, que apresentou valores de PB próximos ao do presente estudo com médias de
8,30% para PB, já as porções da fibra foram inferiores 59,80% de FDN, 36,90% de FDA. No
caso da PB Rotz e Muck (1994), também obtiveram valores próximos quando as silagens
foram realizadas no mesmo estádio fenológico 7,20%.
Horst et al. (2018), em trabalho avaliando a silagem diferentes cereais de inverno na
fase de pré-florescimento , avaliando o centeio cv. Temprano e cv. BRS Serrano, encontrou
valores de PB e MM superiores ao presente estudo 9,09% e 9,14% respectivamente de PB
para cada material e 5,19% e 5,46% respectivamente de MM. No mesmo estudo porém os
valores de FDN e FDA já foram mais semelhantes ao encontrado com 73,93% e 45,95%
respectivamente para o cv. Temprano e 71,99% e 46,98% para o cv. BRS Serrano. Neumann
et al. (2019), em trabalho com o centeio BR1 no mesmo campo experimenta e no mesmo
estádio de confecção da silagem observaram nas silagem valores de MM, PB, FDN e FDA
semelhantes com médias de 3,56%, 7,05% a 57,07% e 38,02%, respectivamente.
O uso de fungicida no pré-florecimento, levou a uma diminuição significativa nos
parâmetros FDN, com médias de 63,53% contra 66,29% do tratamento controle, o mesmo foi
observado com a LIG que apresentou 9,39% contra 10,68%, como já mencionado o FDN está
diretamente relacionado com a capacidade de ingestão, permitindo um maior consumo com o
uso de fungicidas e a diminuição da lignina permitindo maior aproveitamento do alimento. Os
demais parâmetros avaliados não apresentaram diferenças (P>0,05) com o uso de fungicida
apresentado médias de 6,99% PB, 3,74% de MM, 49,42% de FDA, 15,49% de HEM e
39,39% de CEL.
Venancio (2019), em trabalho avaliando o trigo e a aveia preta em silagens no mesmo
estádio fenológico e no mesmo campo experimental, porem com duas aplicações também
observou o mesmo comportamento com valores de FDN inferiores com a aplicação de
fungicida. Neumann et al, (2019) sugerem que estas diferenças no FDN e não encontradas no
FDA se da pela a ação do ácido presentes durante o processo fermentativo da silagem, tenha
ocorrido hidrólise da fração hemicelulose.
63
O desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de centeio cv. Temprano em
24 e 48 horas (Tabela 9), não foi afetado (P>0,05) pelos diferentes sistemas corte nem pelo
uso ou não de fungicida no pré-florecimento, apresentando médias de 41,44% e 51,07%
respectivamente nos horário avaliados.
Tabela 9. Desaparecimento ruminal das silagens do centeio cv. Temprano em 24 e 48 horas
de exposição, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-
florescimento.
Sistemas de corte Manejo de Fungicida
Média Com Sem
Taxa desaparecimento ruminal da MS em 24 horas, %
Sem corte 40,36 40,99 40,68 A
Um corte 42,53 41,86 42,20 A
Média 41,45 a 41,43 a 41,44
Taxa desaparecimento ruminal da MS em 48 horas, %
Sem corte 49,89 51,86 50,87 A
Um corte 52,76 49,78 51,27 A
Média 51,32 a 50,82 a 51,07 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste F a 5% de significância
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
Rotz e Muck (1994), em experimento com silagens de centeio em mesma fase,
encontraram valores de digestibilidade in vitro de 54,2%, mostrando a melhora que os
materiais tiveram na questão genética quanto a qualidade na digestão. Horst et al. (2017),
trabalhando com silagens pré-secadas na fase de pré florescimento do cv. Temprano e BRS
Sereno encontrou valores de desaparecimento ruminal superiores o do presente estudo,
49,59% e 51,77% respectivamente em 24 h e 69,36% e 71,20% em 48h respectivamente cada
cultivar.
O comportamento dos principais ácidos orgânicos e o etanol gerados durante o
processo fermentativo (Tabela 10) foi diferente, houve interação significativa (Anexo 3.)
entre os fatores sistema de corte e uso de fungicida para os parâmetros ácido acético e ácido
butírico. O ácido láctico foi superior (P<0,05) no tratamento que não recebeu corte no estádio
vegetativo (32,08g kg-1
de MS) em relação ao tratamento com corte (20,93g kg-1
de MS). Já o
ácido propiônico e o etanol não apresentaram diferenças significativas nos diferentes sistemas
de corte com médias de 0,81g kg-1
de MS e 1,73g kg-1
de MS, respectivamente.
O ácido acético foi menor (P<0,05) dentro da interação dos fatores no tratamento de
um corte sem fungicida com média de 2,76 g kg-1
de MS, em relação aos tratamentos um
64
corte com fungicida 7,33 g kg-1
de MS e os tratamentos sem cortes que apresentaram 6,80 g
kg-1
de MS e 8,07 g kg-1
de MS respectivamente com e sem fungicida.
O ácido butírico foi superior (P<0,05) na interação no tratamento um corte com
fungicida com média de 3,69 g kg-1
de MS em relação aos demais, sem fungicida 1,41 g kg-1
de MS e, os tratamentos sem corte com médias de 2,04 g kg-1
de MS e 1,68 g kg-1
de MS
respectivamente com e sem fungicida.
Oliveira et al. (2010), trabalhando com silagens de Triticale em diferentes datas de
colheita, observou valores de Ácido acético variando entre 19,3 a 70,5 g kg-1
de MS, o Ácido
propiônico de 0,0 a 6,3 g kg-1
de MS, o Ácido butírico 0,8 a 4,5 g kg-1
de MS e por fim o
Ácido láctico variando de 9,7 a 120,5 g kg-1
de MS, mostrando assim como no presente
trabalho uma grande variação nos resultados.
Oliveira et al. (2018), em trabalho realizado com silagem do Trigo BRS Umbu sem
cortes, apresentaram valores no geral superiores ao do presente estudo, Ácido acético 19,1 g
kg-1
de MS, Ácido propiônico 5,2 g kg-1
de MS, o Ácido butírico 5,6 g kg-1
de MS, o Ácido
láctico 17,6 g kg-1
de MS e, Etanol 7,7 g kg-1
de MS, fato compreendido pela maior
participação de grãos no momento da ensilagem do trigo.
Tabela 10. Perfil fermentativo (g kg-1
) das silagens do centeio cv. Temprano submetido a
sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de corte Manejo de Fungicida
Média Com Sem
Ácido Láctico, g kg-1
de MS
Sem corte 32,06 32,10 32,08 A
Um corte 23,30 18,56 20,93 B
Média 27,68 a 25,33 a 26,50
Ácido Acético, g kg-1
de MS*
Sem corte 6,80 A 8,07 A 7,43
Um corte 7,33 A 2,76 B 5,04
Média 7,06 5,42 6,24
Ácido Propiônico, g kg-1
de MS
Sem corte 0,21 1,09 0,65 A
Um corte 0,41 1,52 0,97 A
Média 0,31 b 1,31 a 0,81
Ácido Butírico, g kg-1
de MS*
Sem corte 2,04 B 1,68 B 1,86
Um corte 3,69 A 1,41 B 2,55
Média 2,87 1,55 2,21
Etanol, g kg-1
de MS
Sem corte 1,76 1,44 1,60 A
Um corte 2,37 1,35 1,86 A
Média 2,07 a 1,39 a 1,73 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
65
si pelo teste F a 5% de significância
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
* Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na colunas e linhas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
significância na interação dos fatores manejo de corte e de fungicida.
O comportamento esperado durante o processo de conservação das forragens na forma
de silagem é que na ausência de oxigênio ocorra rápida queda e estabilização do pH, e
consequentemente melhor conservação do material ensilado. Esta queda depende diretamente
da quantidade de açucares prontamente fermentáveis presentes no material ensilado e
convertidos em ácidos orgânicos. Se a mesma for adequada, as condições são mais favoráveis
para o desenvolvimento das espécies de bactérias ácido láticas presente no meio, no entanto e
o tipo de fermentação atingido pode ser diferente e, variar principalmente pelas distintas
concentrações dos ácidos acético e lático (TABACCO et al., 2011).
Altas concentrações de oxigênio, caso haja atrasos no fechamento do silo ou baixa
compactação da massa ensilada, levará há um prolongamento da respiração da planta e
predominância de bactérias do gênero Clostridium, além de fungos e leveduras, com isso
diminuição das bactérias ácido lática o que diminui a quantidade de ácido levando a menor
queda do pH e, causando a elevação da temperatura (McDONALD et al., 1991).
Sá Neto et al. (2013), relatam que altas concentrações de ácido butírico indicam que
houve ação de enterobactérias durante o processo fermentativo e o risco deste ocorrem, caso o
processo seja mal feito, é maior em silagens com maior disponibilidade de nutrientes para
desenvolvimentos desses microrganismos deteriorantes.
Segundo Cherney & Cherney (2003), produtos neutros podem ser gerados durante o
processo fermentativo podem dentre eles o etanol, propanol, e 2,3 propanodiol dentre outros,
a concentração de etanol pode variar entre valores de 10 a 50 g kg-1
de MS e, desde que se
permita um período de adaptação dos animais o mesmo não traz complicações e pode ser
convertido em acetato no ambiente ruminal.
O uso de fungicida não alterou significativamente a concentrações de ácido lático e
etanol nas silagens com média de 26,50 g kg-1
de MS e 1,73 g kg-1
de MS respectivamente. O
ácido propiônico por sua vez foi menor (P<0,05) com o uso de fungicida com média de 0,31 g
kg-1
de MS com 1,31 g kg-1
de MS quando se usou, indicando que possa ter ocorrido uma
alteração no processo fermentativo, neste ácido orgânico em especifico com o fungicida.
A máxima temperatura após a abertura dos silos nas silagens (Tabela 11) foi superior
(P<0,05) no tratamento sem corte no vegetativo com 216 h, em relação ao tratamento com um
corte com 176h. A quebra da estabilidade aeróbia também apresentou o mesmo
66
comportamento sendo superior (P<0,05) em horas no tratamento sem corte 240h em relação
ao com um corte 216h após a abertura do silo.
Oliveira et al. (2018) em trabalho já mencionado apresentou a quebra de estabilidade
com 141,3h após a abertura do silo. Neumann et al, (2019), por sua vez obtiveram valores de
160h para quebra de estabilidade nas silagens do centeio - BR1 não diferindo de outros cerais
como a cevada - BRS Cauê e o trigo - CD 1440 com as mesmas 160h.
A estabilidade aeróbia esta diretamente relacionada ao pH e a temperatura do material
a partir do contato com o oxigênio. As bactérias produtoras de ácido butírico e as leveduras
são suscetíveis ao ambiente ácido gerado na fermentação, por tanto níveis baixos de pH
tendem a gerar maior conservação do material (RODRIGUES et al., 2015). Já a temperatura
do material está diretamente relacionada a atividade das leveduras que em ambiente aeróbios
se desenvolvem consumindo os compostos formados na fermentação, levando a deterioração
e consequentemente aumento do pH. Neste ponto vale ressaltar o ácido acético que tem papel
importante na preservação do material agindo diretamente nas leveduras e inibindo sua ação
(KUNG JR, et al., 2003).
Tabela 11. Tempo para máxima temperatura após abertura e perda de estabilidade aeróbia
das silagens do centeio cv. Temprano submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida no pré-florescimento.
Sistemas de corte Manejo de Fungicida
Média Com Sem
Tempo para máxima temperatura, horas
Sem corte 216 216 216 A
Um corte 176 176 176 B
Média 196 196 a
Tempo para quebra da estabilidade, horas
Sem corte 240 240 240 A
Um corte 216 216 216 B
Média 228 a 228 a Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre
si pelo teste Tukey a 5% de significância.
Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem
entre si pelo teste F a 5% de significância.
Muck (2010) cita em seu trabalho que a flora epifítica, de alguns cereais de inverno,
composta por agentes heterofermentativos provoca maiores concentrações de ácido acético
1,2 propanodiol, sendo este transformado em ácido propiônico. Enquanto, Leão et al. (2017)
supõem que a maior estabilidade atribuída a algumas silagens de cereais de inverno pode estar
relacionada a esta maior produção de ácidos orgânicos com potencial antifúngico, evitando,
assim, o acréscimo de temperatura.
67
O uso de fungicida não afetou significativamente os parâmetro tempo para máxima
temperatura atingida (196 h) e, tempo para quebra da estabilidade (228h).
A estabilidade aeróbia da silagem de milho pode ser alterada com a aplicação da
piraclostrobina, Haerr et al. (2015) encontraram maior estabilidade aeróbia da silagem quando
se utilizou três aplicação de piraclostrobina. Os mesmos autores apresentaram dados de
concentrações de etanol, após a fermentação, maiores para o tratamento com piraclostrobina,
esta provavelmente pela maior concentração de açúcares no momento da colheita.
A quebra da estabilidade aeróbica da silagem é o indicativo de início de deterioração
por microrganismos (Bernardes et al., 2009). Esta proliferação de microrganismo
principalmente fungos podem vir a produzir micotoxinas, quem quando presentes geram
perdas nutricionais e redução de consumo voluntário pelos animais. Para evitar tal situação
McDonald et al. (1991), recomendam a remoção de uma camada média diária de 20 cm do
silo.
7.6 Conclusão
As silagens dos tratamentos que receberam um corte no vegetativo, apresentaram-se
melhor no contexto geral, devido a melhor composição da fibra, menor lignificação, no
entanto, devido ao seu maior teor de MS acabou apresentando um processo fermentativo
menos eficiente em termos de concentração de ácidos orgânicos e de estabilidade aeróbica,
porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem degradabilidade ruminal, atribuído a isso
ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no estádio vegetativo que tem certamente uma
qualidade superior.
A utilização de fungicida é indicada na cultura do centeio, pois, proporcionou
melhores índices de matéria seca e melhor composição da fibra e, melhorou o processo
fermentativo gerando menores perdas de MS sem alterar a estabilidade aeróbica das silagens,
porém, estudos com um maior número de aplicações devem ser realizados a fim de talvez
melhorar ainda mais estes índices.
7.7 Referências Bibliográficas
BERNARDES, T. F.; CHIZZOTTI, F. H. M. Technological innovations in silage production
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73
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Centeio Cv. Temprano nas condições encontradas no ano agrícola de 2017 para
região de Guarapuava-PR, mostrou excelente potencial para a produção de biomassa seca de
forragem para pastajo ou pré-secado nos cortes realizados nos estádios vegetativos, o corte
para silagem no entanto mostrou menor qualidade nutricional devido a alta pressão de
doenças no fim do ciclo, que não foram controladas com uma apenas um aplicação de
fungicida, não sendo apropriado para confecção de silagem, com tudo a quantidade de matéria
seca produzida foi satisfatória podendo ser mais explorado em futuras pesquisas este controle
das doenças de final de ciclo desta cultivar, para que a mesma consiga expressar o maior
potencial produtivo e então ser viável qualitativamente a confecção de silagem de planta
inteira.
75
75
Anexo 1.
Tabela 12. Resumo da análise de variância para os parâmetros biomassa seca (PBSe, kg ha-1
), produção de biomassa seca total acumulada (PBSt, kg
ha-1
), altura de planta (HP, m), teor de matéria seca da planta (MSP, %), teor de matéria seca da folha (MSf, %), teor de matéria seca do colmo (MSc,
%), teor de matéria seca da estruturas reprodutivas (MSe, %), participação de colmo (Cc, % na planta), participação de folhas (Cf, % na planta),
participação de estruturas reprodutivas (Ce, % na planta), desaparecimento ruminal das folhas em 24h (DRF24,%), desaparecimento ruminal das folhas
em 48h (DRF48,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 24h (DRC24,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 48h (DRC48,%),
desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 24h (DRE24,%), desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 48h (DRE48,%) do
centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Fonte de Quadrado médio do erro R
2 CV, % Média
Probabilidade (P<0,05)
Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B
GL* 2 1 2 5 25 - - - - - - -
PBSe 240496772,3 242720,4 78311,4 2767804,0 843035,1 0,9592 13,71 6.693 0,0001 0,5961 0,9115 0,0204
PBSt 57649284,2 60598,0 230954,7 2433912,2 1069180,7 0,8272 9,93 10.406 0,0001 0,8138 0,8072 0,0777
HP 0,4810 0,0087 0,0013 0,0005 0,0012 0,9706 3,44 0,99 0,0001 0,0118 0,3383 0,8395
MSP 107,7112 134,2122 13,2777 7,3719 7,0978 0,6995 5,62 47,38 0,0001 0,0002 0,1749 0,4170
MSf 23,7415 296,2414 50,5624 14,2302 72,8096 0,2209 10,56 80,80 0,7248 0,0545 0,5087 0,9614
MSc 30,7680 188,6960 15,8127 26,3510 30,9407 0,3484 10,90 50,01 0,3841 0,0207 0,6060 0,5266
MSe 159,9928 117,8310 23,8203 9,9567 15,5013 0,5800 6,80 57,90 0,0005 0,0107 0,2347 0,6697
Cc 640,8603 4,2711 45,6926 9,1318 9,6615 0,8549 5,32 58,28 0,0001 0,5122 0,0581 0,4694
Cf 7,5608 2,8336 0,6102 5,6505 4,8198 0,2825 29,55 7,42 0,2279 0,4503 0,8816 0,3500
Ce 713,0211 0,1003 54,8011 7,5976 11,3249 0,8475 9,84 34,18 0,0001 0,9258 0,0567 0,6492
DRF24 157,4218 45,6075 9,6624 39,9479 25,6694 0,4745 11,06 45,77 0,0068 0,1946 0,6901 0,2088
DRF48 308,4788 33,3313 14,5372 57,8740 36,1474 0,5173 10,43 57,62 0,0015 0,3461 0,6731 0,1954
DRC24 58,7797 57,6587 4,7694 2,8481 9,2880 0,4620 11,02 27,61 0,0059 0,196 0,6039 0,9039
DRC48 38,4201 19,8767 2,1222 5,8106 11,8845 0,3043 9,99 34,50 0,0564 0,2077 0,8375 0,7813
DRE24 1200,2953 155,2100 15,9979 10,4632 5,5755 0,9498 3,70 63,68 0,0001 0,0001 0,0755 0,1345
DRE48 1315,5369 99,6004 29,3491 25,1098 15,2991 0,8840 5,75 68,08 0,0001 0,0172 0,1679 0,1858
* GL: graus de liberdade.
76
76
Anexo 2.
Tabela 13. Resumo da análise de variância para os parâmetros matéria mineral (MM, %), proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN,
%), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria seca em
24 horas (DMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca em 48 horas (DMS48, %) do centeio submetido a sistemas de corte com ou sem
aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.
Fonte de Quadrado médio do erro R
2 CV, % Média
Probabilidade (P<0,05)
Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B
GL* 2 1 2 5 25 - - - - - - -
MM 1,3892 0,3422 0,0222 0,0903 0,0311 0,8228 6,04 2,91 0,0001 0,0028 0,5606 0,0337
PB 0,4187 9,1809 1,3666 0,9919 0,9497 0,4227 12,60 7,73 0,6484 0,0046 0,2561 0,4139
FDN 194,1371 2,4076 22,5572 39,7328 12,7971 0,6647 4,93 72,98 0,0001 0,6682 0,1922 0,0258
HEM 53,0222 8,9500 17,4959 0,9062 2,1228 0,7443 5,26 27,70 0,0001 0,0506 0,0618 0,8255
FDA 186,8110 2,0592 76,4618 41,5463 12,3379 0,7048 7,83 45,28 0,0001 0,6864 0,0665 0,0184
CEL 114,0218 10,1124 67,2581 24,4993 9,4577 0,6768 9,29 33,49 0,0002 0,3110 0,0636 0,0509
LIG 9,0637 3,0450 6,5558i 2,7170 2,5244 0,4313 13,47 11,79 0,0426 0,2825 0,0945 0,3972
DMS24 353,8238 43,1868 68,3061 20,6000 10,2186 0,7949 8,33 38,36 0,0001 0,0504 0,0547 0,1110
DMS48 345,6808 31,3973 80,3768 94,5694 12,2782 0,8155 7,40 47,36 0,0001 0,1224 0,0552 0,0002
* GL: graus de liberdade.
77
77
Anexo 3.
Tabela 14. Resumo da análise de variância para os parâmetros teor de matéria seca (TMS, % na MN), perdas de matéria seca (PMS, % da MS) matéria
mineral (MM, %), proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente acido (FDA, %),
celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria seca em 24 horas (DRMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca
em 48 horas (DRMS48, %), Ácido Láctico (ALAT, g kg-1
de MS), Ácido acético (AACE, g kg-1
de MS), Ácido Propiônico (APRO, g kg-1
de MS),
Ácido butírico (ABUT, g kg-1
de MS), Etanol (ALAT, g kg-1
de MS), das silagens de centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação
foliar de fungicida no pré-florescimento.
Fonte de Quadrado médio do erro R
2 CV, % Média
Probabilidade (P<0,05)
Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B
GL* 1 1 3 5 9 - - - - - - -
TMS 100,0417 35,8681 22,1567 5,3602 1,9266 0,8648 2,95 47,08 0,0001 0,0006 0,0640 0,0548
PMS 16,4011 28,7766 1,2788 5,1598 3,7198 0,5642 41,62 4,63 0,0531 0,0140 0,5664 0,2842
PH 0,2688 0,0003 0,0113 0,0598 0,0139 0,7358 2,79 4,22 0,0005 0,8916 0,3817 0,0124
MM 1,0668 0,1176 0,0704 0,3294 0,0606 0,6354 6,59 3,74 0,0008 0,1839 0,2981 0,4070
PB 0,0513 0,0513 0,1162 0,6088 0,3092 0,4130 7,95 6,99 0,6894 0,6894 0,5490 0,1421
FDN 123,8513 45,5952 23,6413 24,4730 8,2679 0,7178 4,43 64,91 0,0015 0,0330 0,1115 0,0470
FDA 150,7509 31,6251 22,5234 22,5143 7,8675 0,7290 5,67 49,42 0,0005 0,0634 0,1113 0,0522
HEM 1,3820 1,2742 0,0145 0,3345 1,3281 0,1763 7,44 15,49 0,3378 0,3429 0,9182 0,9323
CEL 58,8440 6,1408 7,3704 16,7807 5,4554 0,6563 5,93 39,38 0,0050 0,3055 0,2633 0,0416
LIG 21,2064 9,8817 4,1168 1,6052 0,6919 0,8064 8,29 10,03 0,0001 0,0018 0,0976 0,0948
DRMS24 13,8168 0,0026 2,5415 5,4638 5,1568 0,3608 5,48 41,44 0,1225 0,9825 0,4934 0,4204
DRMS48 0,9600 1,5100 36,8032 11,2182 18,2895 0,2579 8,37 51,07 0,8219 0,7778 0,1765 0,6915
ALAT 497,1785 22,1605 22,9201 10,2604 10,5798 0,8575 12,27 26,50 0,0001 0,1817 0,1751 0,4485
AACE 22,8627 10,8735 34,1173 2,8742 2,5823 0,7669 25,75 6,24 0,0156 0,0704 0,0054 0,3937
APRO 0,3972 3,9651 0,0498 0,3681 0,5100 0,5458 88,13 0,81 0,4005 0,0211 0,7616 0,5639
ABUT 1,9009 6,9682 3,7278 0,8727 0,3420 0,8371 26,51 2,20 0,0428 0,0015 0,0092 0,1208
ETA 0,2864 1,8016 0,4868 0,4444 0,3601 0,5466 34,68 1,73 0,3957 0,0521 0,2749 0,3532
* GL: graus de liberdade.
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