UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASFACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL”DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADEDISCIPLINA DE FITOPATOLOGIA
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS
NLG.
INTRODUÇÃO:
Fungos são organismos unicelulares ou filamentosos sem capacidade de
realizar fotossíntese (são heterotróficos, necessitam para a sua nutrição carbono
orgânico), e que se nutrem por absorção através da parede celular. Possuem núcleo
eucariótico (membrana nuclear, envolvendo material genético da célula, característica
que os distinguem de bactérias) e podem apresentar ciclos haplóides, diplóides,
dicarióticos e poliplóides. A energia armazenada é na forma de glicogênio.
Os fungos verdadeiros apresentam estruturas somáticas revestidas de parede
celular, nunca formam plasmódio ou pseudoplasmódio, nem se locomovem.
Os fungos conhecidos por mixomicetos, apresentam estruturas somáticas
desprovidas de parede celular, apresentam células amebóides, podendo formar
plasmódio ou pseudoplasmódio. O plasmódio é caracterizado por uma formação de
massa multinucleada de citoplasma acelular que se move e se alimenta de forma
amebóide.
Os mixomicetos não são normalmente organismos fitopatogênicos, uma vez que
se desenvolvem apenas na superfície de resíduos vegetais (fragmentos de caule e folhas
mortas caídas no solo), em ambientes úmidos, engolfando bactérias e outros
microrganismos através de seu talo, o plasmódio.
Este grupo inclui organismos tipicamente fitopatogênicos, parasitas obrigados,
envolvendo três gêneros de importância econômica: Plasmodiophora (hérnia das
crucíferas), Polymyxa (doenças de raiz em gramíneas e cereais) e Spongospora (sarna
pulverulenta da batata). Os dois últimos gêneros são também importantes por serem
agentes transmissores de vírus fitopatogênicos.
Como exemplo ilustrativo deste grupo, tem-se Plasmodiophora brassicae, agente
causal da hérnia das crucíferas. Esta doença é muito comum em todo o mundo,
afetando plantas como o repolho e a couve-flor, cujas raízes infectadas pelo patógeno
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
tornam-se malformadas e hipertrofiadas.
Os fungos são encontrados em todos os habitats (água, solo, ar, planta, animais)
e em grandes quantidades. Atuam como saprófitas, simbiontes, parasitas ou
hiperparasitas. Das 100.000 espécies conhecidas de fungos a grande maioria é
constituída por saprófitas que atuam na decomposição de matéria orgânica. 50 espécies
de fungos produzem doenças no homem e quase o mesmo número em animais. Mais de
8000 espécies produzem doenças em vegetais. Todas as plantas são atacadas por algum
tipo de fungo, e cada um dos fungos parasita ataca uma ou mais tipos de plantas. Alguns
fungos crescem e se reproduzem somente quando estabelecem uma certa associação
com as plantas que lhes servem de hospedeiro durante todo o seu ciclo de vida
(parasitas obrigados), outros requerem a planta hospedeira apenas durante certa etapa
de seu ciclo de vida (parasitas não obrigados). Outras espécies são consideradas
benéficas, por atuarem como simbiontes, hiperparasitas ou antagonistas, produtores de
substâncias orgânicas utilizadas na indústria e farmacêutica e até mesmo por servirem
diretamente como alimentos.
1. MORFOLOGIA
Normalmente as estruturas fúngicas são divididas, para fins de estudo em
duas partes: Sistema vegetativo, composto por estruturas envolvidas no
desenvolvimento e na absorção de alimentos, e o sistema reprodutivo, composto por
estruturas que tem a função específica de reprodução.
SISTEMA VEGETATIVO: O talo somático típico dos fungos é um conjunto de
filamentos que se espalham pelo substrato. Cada um desses filamentos é chamado hifa
(Fig. 1). As hifas são constituídas por uma parede celular tubular de crescimento
contínuo, contendo protoplasma, ou seja citoplasma e núcleos. O protoplasma em
alguns fungos é interrompido a intervalos regulares por uma parede transversal,
denominado septo (Fig. 2). Em muitos fungos septados, existe um poro no septo,
permitindo a conexão entre protoplasmas diferentes e até a passagem dos núcleos.
Nos Straminipila e fungos cenocíticos, o protoplasma é contínuo em todo o sistema
vegetativo (Fig. 3).
O conjunto de hifas de um fungo constituí o micélio (Fig. 4).
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
hifa
Figura 1. Poro Parede celular Núcleo
Figura 2
Figura 3. Micélio cenocítico Figura 4. Micélio septado
Em algumas espécies de fungos, ocorrem modificações no micélio que
apresentam funções específicas. Em alguns casos, o micélio forma enovelado mais ou
menos compacto, semelhante a tecidos, que são denominados pletênquimas. As
formações pletenquimatosas tomam nomes diferentes segundo o aspecto que
apresentam as hifas. Se as hifas, depois de soldadas, ainda conservam a sua
individualidade, isto é, o aspecto filamentoso emaranhado, esta formação se denomina
prosopletênquima ou prosênquima (Fig. 5). Se elas perderem sua individualidade, ou
melhor, mostram-se unidas um ás outras de tal forma que se assemelham ao parênquima
dos vegetais superiores, esta formação denomina-se parapletênquima ou
pseudoparênquima (Fig. 6).
Figura 5. Prosênquima
Figura 6. Pseudoparênquima
DIFERENCIAÇÃO DAS HIFAS:
Anastomose: União de hifas. No ponto de união a parede celular desaparece e as hifas
se comunicam.
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Ansas ou grampos de conecção - são alterações do sistema de septação encontradas
principalmente em certos estágios dos ascomicetos e no sistema hifálico de vários
basidiomicetos superiores. Estão, geralmente, associadas a um mecanismo de garantia para a
manutenção do estado dicariótico.
As principais modificações de hifas e micélio encontradas no sistema vegetativo
de alguns fungos são descritas a seguir e classificadas de acordo com suas funções:
a) FUNÇÃO DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES:
MICÉLIO: Todas as hifas têm capacidade de absorver nutrientes do meio,
diretamente através de suas paredes.
HAUSTÓRIO: Alguns fungos cujo micélio desenvolve-se entre as células do
hospedeiro, apresentam modificações em forma esférica, alongada ou digitada, que se
localizam dentro da célula do hospedeiro sem, entretanto romper sua membrana
citoplasmática (Fig. 7). A célula hospedeira permanece viva, e os fungos retiram
nutrientes através da membrana celular da planta e da parede da hifa.
Figura 7. Formas de haustórios.
RIZOMORFO: Filamento constituído por hifas vegetativas, que perderam sua
individualidade , e que se comporta como unidade orgânica, as vezes recobertas por um
cortex, formando uma estrutura semelhante a uma raiz de vegetal (Fig.8).
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Figura 8. Rizomorfas
RIZÓIDES: Pequenos filamentos, semelhantes a radicelas, encontradas nas hifas dos
fungos (Fig. 9).
Figura 9
Figura 9. rizóides
b) FUNÇÃO DE RESISTÊNCIA (Sobrevivência).
MICÉLIO: O micélio muitas vezes atua como estrutura de sobrevivência durante
períodos adversos, ou na ausência do hospedeiro especialmente quando no interior de
sementes, restos de cultura ou quando sobrevive saprofíticamente no solo.
ESCLERÓCIOS: Estrutura compacta, resistente, formada por uma massa de hifas
compactas, pseudoparenquimatosas, pode permanecer latente por longos períodos e
germinar em condições favoráveis, ou quando estimulado pela presença de hospedeiro,
germina produzindo micélio (Fig. 10). Exemplo: Clavipceps purpurea
Figura 10
ESTROMA: Estrutura somática compacta semelhante a esclerócios, formada por hifas
entrelaçadas, na qual se forma algum tipo de frutificação. Exemplo: Xylaria. (Fig. 11).
Figura 11
CLAMIDOSPORO: Estrutura de resistência formada
pelo espessamento da parede das células vegetativas de hifas ou de células de conídios
(Fig. 12).
Figura 12
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c) FUNÇÃO DE PENETRAÇÃO NO HOSPEDEIRO
MICÉLIO: Em muitos casos o micélio de fungos fitopatogênicos penetra
diretamente a cutícula do hospedeiro ou, utiliza-se de aberturas naturais como
estômatos, hidatódios, nectartódios, lenticelas ou de ferimentos causados por insetos,
nematóides, ferramentas, etc.
APRESSÓRIO: Modificações a extremidade da hifa de certos, fungos que se
apresenta como um corpo globoso, achatado, firmemente aderido a superfície do
hospedeiro e, do qual projeta-se um pino de penetração que rompe a cutícula do
hospedeiro. Acredita-se que o rompimento da cutícula ocorre principalmente por ação
de enzimas produzidas pelo fungo no local de penetração (Fig. 13).
pino de penetração
Figura 13
SISTEMA REPRODUTIVO: Com exceção de um pequeno grupo de fungos,
agrupados em Mycelia Sterilia (micélio estéril), todos os fungos apresentam estruturas
reprodutivas, ou seja estruturas com a finalidade precípua de produzir esporos, que são
as unidades propagativas dos fungos. Os esporos não possuem embrião sendo
constituído apenas de uma ou de poucas células, e em muitos casos apresentam
dormência, capacidade de resistir a condições adversas e características físicas que
facilitam o transporte por ventos, chuvas, etc. Os esporos de fungos podem portanto ter
as seguintes funções:
a) MULTIPLICAÇÃO: Esporos são normalmente produzidos em grandes números.
Um indivíduo pode produzir, em poucos dias, milhares de esporos que darão origem a
milhares de indivíduos idênticos ou originais.
b) DISPERSÃO: Muitos esporos são especialmente adaptados aos diferentes meios de
dispersão. Uma adequada relação entre peso e volume, aliada a parede espessa resistente
a dessecação faz com que os esporos de alguns fungos possam ser transportados,
viáveis, por ventos, até mesmo entre continentes. Alguns fungos apresentam esporos
chamados zoósporos, dotados de flagelos, que lhes permite movimento próprio,
geralmente dirigido ás raízes do hospedeiro por atração química de exsudatos. Alguns
grupos de fungos liberam violentamente seus esporos (balitospororos) jogando-os a
alguns centímetros de altura, facilitando o seu transporte por ventos.
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
c) SOBREVIVÊNCIA: A maioria dos esporos apresenta capacidade de resistir á
condições adversas de umidade e temperatura, podendo permanecer dormente enquanto
perdurarem ás condições adversas ou a ausência de hospedeiro.
A reprodução em fungos pode realizar-se por três processos: multiplicação
vegetativa, reprodução assexual e reprodução sexual.
1) MULTIPLICAÇÃO VEGETATIVA: São utilizadas células vegetativas ordinárias,
sem prévia diferenciação, como acontece na reprodução sexual ou assexual por esporos.
Esta pode ser por:
FRAGMENTAÇÃO DA HIFA: Cada fragmento transformando-se
em novo indivíduo.
CISSIPARIDADE: As células alongam-se e quando atingem um
certo desenvolvimento, aparece um septo transversal que as divide em duas células
filhas, de tamanho aproximadamente igual (Fig. 14).
Figura 14 –
Cissiparidade
BROTAÇÃO OU GEMAÇÃO: As células de brotação são formadas
como pequenas protuberâncias laterais da célula-mãe, que crescem e desta separam-se
pela constrição da membrana da célula no plano de origem (Fig. 15).
Figura
15 – Fases da divisão por brotação em Saccaharomyces cerevisiae
Paralelamente ao aparecimento do broto ou gema, o micélio da célula-mãe
divide-se em dois (amitose: divisão nuclear seguida ou não de divisão celular, sem que
haja formação do fuso celular e do processo mitótico) e um deles emigra para o broto ou
gema, enquanto que o outro permanece naquela. E, assim origina-se uma célula-filha de
tamanho menor que a célula-mãe, e que cresce rapidamente, até alcançar o tamanho
desta.
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2) REPRODUÇÃO ASSEXUADA: Realizada através de esporos mitóticos (divisão
celular na qual cada célula-filha recebe o mesmo número de cromossomos da célula-
mãe). Este processo é comumente encontrado em formas imperfeitas. Neste os esporos
se formam endogenamente.
3) REPRODUÇÃO SEXUAL: É precedida de uma fusão de núcleos, formando um
“zigoto”, diplóide que então sofre uma divisão meiótica (Fig.16).
n
FIGURA 16
Em alguns fungos os homotálicos, núcleos idênticos, do mesmo talo, podem se
fundir, dando início ao processo sexual. Em outros chamados heterotálicos, a
cariogamia somente ocorre entre talos compatíveis. Assim, em fungos homotálicos
esporos sexuados podem ocorrer em uma colônia iniciada por uma única célula
uninucleada. Em fungos heterotálicos, esporos sexuados somente podem ser formados
se dois indivíduos compatíveis (um casal) estiverem presentes na mesma colônia.
A plasmogamia pode ocorrer dos seguintes modos: Copulação planogamética
(isoplanogamia, anisoplanogamia, oogâmica), gametâgiogamia, copulação de
gametângios,espermatização e somatogamia. (Fig.17).
a) ISOPLANOGAMIA: Fusão de gametas morfologicamente idênticos e móveis.
Gameta 2 Gameta 1
Figura 17-a
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2) ANISOPLANOGAMIA: Fusão de gametas móveis mas, morfologicamente
diferentes.
Gameta 1
Gameta 2
Figura 17-b
3) OOGAMIA: Fusão entre gameta masculino móvel (anterídio) e
feminino imóvel (Oogônio).
Anterídio Oogônio
Figura 17-c 4) GAMETANGIOGAMIA: Fusão entre hifas diferenciadas em gametângios.
Gametângio masculino Gametângio feminino
Figura 17-d
Os esporos de fungos apresentam diferentes tamanhos, formas e cores de acordo
com a espécie. Constituem importantes caracteres, utilizado na identificação dos
gêneros e espécies. Saccardo em fins do século passado, idealizou uma classificação de
esporos baseada no formato, septação e coloração, que até o presente tem se mostrado
bastante útil na identificação de espécies, especialmente de formas assexuadas (Fig.
18.a e 18.b).
CLASSIFICAÇÃO ESPOROLÓGICA DE SACCARDO
Figura 18.b - A, Esporo Liso. B Verrugoso. C, Crestado. D, Reticulado. E,F, Ciliados. G, Equinulado. H, Papilado. I, Caudato.
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Figura 18.a - A, Esporo Liso. B Verrugoso. C, Crestado. D, Reticulado. E,F, Ciliados. G, Equinulado. H, Papilado. I, Caudato.
CLASSIFICAÇÃO DE SACCARDOHIALINOS ESCUROS HIALINOS OU
ESCUROS
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Esporos contínuos globosos, ovais, elípticos ou redondos.AMEROSPOROS
HIALOSPOROS
FEOSPOROS
Esporos com um septo transversal globoso, ovais ou elípticos.DIDIMÓSPOROS
HIALODÍDIMOS
FEODÍDIMOS
Esporos com X-septos transversais globosos, ovais ou elípticos.FRAGMÓSPOROS
HIALOFRAGMOS FEOFRAGMOS
Esporos com X-septos transversais e longitudinais globosos, ovais ou elípticosDICTIÓSPOROS
HIALODICTOS
FEODICTOS
Esporos contínuos curvos em forma de salsicha.ALANTÓSPOROS
Esporos filiformes septados ou não.ESCOLECÓSPOROS
Esporos em forma de espiral ou hélice.HELICÓSPOROS
Esporos em forma de estrela.ESTAURÓSPOROS
Os esporos são produzidos em estruturas denominadas esporóforos. De
acordo com a espécie do fungo, os esporóforos podem ir desde estruturas simples até
muito complexas (de uma simples hifa até estruturas multicelulares). Os esporos podem
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
ser produzidos externamente em relação ao conidióforo ou no interior de células
especiais do mesmo.
TIPOS DE ESPORÓFOROS
Tipo de esporóforo Tipo de esporo
Conidióforo Conídio
Sinêmio Conídio
Externo Esporodóquio Conídio
Acérvulo Conídio
Picnídio Conídio
Esporos Assexuais
Esporangióforo Esporangiosporo
Interno
Zoosporangióforo Zoosporos
Oogônio Oosporo
Externo Zigósporo Zigosporo
Basídia Basidiosporo
Esporos sexuais
Ascas nuas Ascocarpo
Cleistotécio Ascosporo
Interno Peritécios Ascosporo
Ascostroma Ascosporo
Apotécio Ascosporo
2. CICLO DE VIDA
Os fungos podem reproduzir-se portanto, de forma vegetativa, forma
sexuada e ou assexuada, apresentando diferente morfologia em cada fase. Assim,
encontram-se espécies com ciclo vital composto por várias fases, cada uma
morfológicamente distinta, como Puccinia graminis f. sp. tritici, agente da ferrugem do
colmo do trigo (Fig I), ou fungos com uma fase sexuada e outra assexuada, como
Erysiphe graminis (Fig II), agente das cinzas dos cereais, ou fungos que se reproduzem
apenas sexuadamente, como Septoria glycines (Fig III), agente da septoriose da soja,
cuja fase sexuada até o presente nunca foi observadas e fungos que se reproduzem
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
apenas sexuadamente, como Armillaria mellea (Fig IV), agente de podridões em
árvores.
Um grande número de fungos fitopatogênicos ocorre sobre os hospedeiros
apenas na forma assexuada. Assim, alem da taxonomia baseada nas características da
forma perfeita (fase sexuada) que é correta e deveria ser preferencialmente usada, faz-se
necessária uma taxonomia baseada nas características da fase assexuada, que permita
identificar e caracterizar espécies de fungos que se apresentam na fase imperfeita
(assexuada). As formas imperfeitas foram artificialmente agrupadas em classes ordens,
famílias, gêneros e espécies na classe-forma Deuteromycetes (atualmente fungos
mitospóricos). Por isso, um mesmo indivíduo (espécie de fungo), pertence a um gênero
e uma espécie durante uma fase de sua vida e a outro gênero e espécie, na outra fase de
seu ciclo.
Ciclo de Vida
Figura I - Ciclo de vida de Puccinia graminis tritici ( Ferrugem do colmo do trigo).
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Figura II - Ciclo de vida de Oidium sobre pessegueiro causado por Sphaerotheca panosa.
Figura III. Ciclo de vida de Septoria glycines.
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Figura IV - Ciclo de vida de Armillaria mellea.
TAXONOMIA DE FUNGOS.
Modernamente os fungos foram colocados dentro de três reinos:
CARACTERÍSTICA STRAMINIPILA FUNGI PROTOZOA
Nutrição Heterotrófico (sintético
ou absortivo)
Heterotrófico (absortivo
ou osmotrófico
Heterotrófico (fagotrófico
ou autotrófico) –
fotossintético
Parede Celular Celulose frequente
Quitina e glucanos
Quitina e glucanos Ausente ou composição
variada quando presente
*Fungos Incluídos Oomycota Ascomycota
Basydiomycota
Chytridiomycota
Zygomycota
Plasmodiophoromycota
* Incluídos apenas os fungos fitopatogênicos
Cada uma das categorias taxonômicas reconhecidas de fungos, de divisão até
família, apresenta um sufixo característico. Gêneros e espécies não apresentam
terminação determinada.
REINO: ......................FUNGI STRAMINIPILA PROTOZOA
DIVISÃO: ..................MYCOTA
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
SUBDIVISÃO: ..........MYCOTINA
CLASSE: ...................MYCETES
SUBCLASSE: ...........MYCETIDAE
ORDEM: ...................ALES
FAMÍLIA: .................ACEAE
GÊNERO: .................
ESPÉCIE: ..................
Na taxonomia de fungos os caracteres mais usados para classificação são os
seguintes:
a) MORFOLOGIA: A principal característica usada, especialmente com relação aos
esporos e esporóforos.
b) DESENVOLVIMENTO: A maneira como os esporos são produzidos (brotação,
fracionamento de hifas, etc.) ou que os corpos frutíferos se desenvolvem (ao redor de
hifas fertilizadas, no interior de estromas pré-existentes, etc.) muitas vezes deve ser
observada a correta identificação de algumas espécies.
c) ESPECIALIZAÇÃO FISIOLÓGICA: Em alguns casos a identificação só pode ser
feita observando-se a relação com hospedeiros ou substratos.
d) BIOQUÍMICA: Modernamente, métodos bioquímicos, como sorologia,
cromatografia e eletroforeses de proteínas, etc., vêm sendo utilizados na identificação de
algumas espécies.
Considerando-se apenas fungos fitopatogênicos, quatros são os grupos que
apresentam maior interesse:
1) Cenocíticos: Grupo cujo micélio vegetativo não apresenta septos. As classes
atualmente reconhecidas, em termos fitopatológicos são Chytridiomycetes,
Zygomycetes e Oomycetes (Chromistas).
2) Ascomicetos: Fungos que produzem esporos sexuados no interior de células
especiais denominadas ascas. Grupo de taxonomia complexa e que apresenta um grande
número de fitoparasitas economicamente importantes.
3) Basidiomycota: Produzem esporos sexuados em estruturas denominadas basídias.
Dos membros desse grupo destacam-se em fitopatologia as ferrugens (Telyomycetes),
carvões e cáries (Ustomycetes).
4) Mitospóricos: Classe-forma onde são incluídos as fases assexuadas de um grande
número de Ascomicetos e alguns do grupo Basidiomycotina, fungos com fase assexuada
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
desconhecida e fungos que não apresentam esporos. Nesta classe encontram-se as
maiorias dos fungos que parasitam plantas.
ANEXOS:
Taxonomia de fungos (Para confecção do herbários)
Reino StraminipilaDivisão OomycotaSubdivisão MastigomycotinaClasse OomycetesOrdem PeronosporalesFamilias Peronosporaceae - AlbuginaceaeOrdem PythialesFamília PythyaceaeOrdem SclerosporalesFamília SclerosporaceaeGênerosEspécie
Reino FungiDivisão AscomycotaSubdivisão AscomycotinaClasse GênerosEspécie
Reino FungiDivisão BasydiomycotaSub-divisão BasydiomycotinaClasses Ustilaginomycetes - HymenomycetesClasse UredinomycetesOrdem UredinalesFamílias Melampsoraceae, Phakopsoraceae, Phragmidiaceae
Pucciniaceae - HemileiaceaeGêneros EspécieClasse UstomycetesOrdem UstilaginalesFamílias Ustilaginaceae, TilletiaceaeGênerosEspécie
Fungos MitospóricosReino FungiClasses Coelomycetes , Hyphomycetes, Agnomycetes
Classe CoelomycetesOrdens Sphaeropsidales – Melanconiales
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
Famílias Sphaeropsidaceae - Melanconiaceae GênerosEspécieClasse HyphomycetesOrdens Hyphomycetales – Tuberculariales - StilbelalesOrdem HyphomycetalesFamílias Moniliaceae, Dematiaceae GênerosEspécieOrdem TubercularialesFamília TuberculariaceaeGênerosEspécieOrdem StilbelalesFamília StilbaceaeGênerosFamília
Dicionário de Micologia • Asca (asco): estrutura em forma de saco ou bolsa que contem
ascosporos de origem sexual nos Ascomycetes.
• Ascostroma ou Ascocarpo: corpo frutífero dos Ascomycetes.
• Ascogônio: gametângio feminino dos ascomycota, sempre presente na reprodução sexual por contato gametangial, unido a um anterídio e na espermatização, a um espermácio.
• Ascósporo: esporo sexual dos ascomycota.
• Apotécio: estrutura reproductiva de um Ascomycete en forma de disco, taça ou prato.
• Basidioma ou Basidiocarpo: corpo frutífero dos Basidiomycetes.
• Basidiosporo: esporo sexual dos Basidiomycetes
• Cenocítico: micélio não septado
• Celulose: principal composto químico da parede celular dos vegetais.
• Cleistotécio: estrutura reprodutiva de um Ascomycete com forma esférica ou semiesférica, contendo ascos com ascósporos internamente.
• Conídio: esporo assexual dos fungos mitospóricos.
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
• Esporo: estrutura reprodutiva de fungos; estrutura de resistência de algumas bactérias.
• Esporocarpo: corpo frutífero produtor de esporos.
• Esporóforo: modificações da hifa, formando estruturas para sustentar os esporos.
• Esterigma: hifas mofificadas em forma de garrafas, comuns no gênero aspergillus e Penicillium, que sustentam os conídios.
• Fíbula ou grampo de conexão: gancho unindo duas hifas, comum no micélio secundário de Basidiomyceto.
• Heterotrofismo: referido aos organismos que não são capazes de producir seu próprio alimento.
• Hifas: filamentos tubulares que constituem os “talos” fúngicos.
• Micélio: conjunto de hifas que constituem o corpo ou talo dos fungos.
• Parasito: organismo caracterizado por obsorver as susbtâncias orgânicas que necesitam para viver de um hospedeiro.
• Peritécio: tipo de ascostroma em forma de pêra, livres ou imerso em estroma.
• Plasmódio: massa protoplasmática nucleada, com deslocamento de forma amebóide.
• Quitina: composto químico que forma parte da parede celular dos fungos.
• Sapróbio: organismo que se nutre absorvendo as substâncias orgânicas que decompõe.
• Simbioses: união de dois organismos com benefício mútuo.
• Simbiótico: relativo a simbioses.
• Zigósporo: esporo sexual de Zygomycota.
LITERATURA CONSULTADA
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Características Gerais de fungos Fitopatogênicos
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RAD 03/2008.
Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 21