1III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
28 a 30 de novembro de 2016Instituto de Artes e Design (IAD) / UFJF
CADERNO DE
RESUMOS
2 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
3III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
CADERNO DE
RESUMOS
4 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Universidade Federal de Juiz de ForaReitor: Prof Dr Marcus Vinicius DavidVice-reitora: Profª Drª Girlene Alves da Silva
Pró-reitoria de Pós-graduaçãoPró-reitora de Pós-graduação:
Profª Drª Mônica Ribeiro de Oliveira
Instituto de Artes e Design Diretor: Prof Dr Ricardo de Cristófaro Vice-diretor: Prof Dr Luiz Eduardo Castelões Pereira da Silva
Mestrado em Artes, Cultura e LinguagensCoordenador:
Prof Dr Luís Alberto Rocha MeloVice-Coordenadora: Profª Drª Maria Cláudia BonadioSecretárias: Lara Lopes VellosoFlaviana Polisseni Soares
Comissão Organizadora
Profª Drª Renata ZagoAna Paula Dessupoio Chaves (coordenação)Cleber Soares da Silva (coordenação)Camila Ribeiro de Almeida RezendeJulia Dias MöllerLuciana de Oliveira InhanThamara Venâncio de AlmeidaThaiana Gomes Vieira
Comitê Científico
Professores:
Profª Drª Maria Claudia BonadioProfª Drª Raquel Quinet de Andrade PifanoProfª Drª Alessandra BrumProf Dr Ricardo Cristofaro
Alunos:
Andrés Leonardo Caballero PizaAna Paula Dessupoio ChavesCamila Ribeiro de Almeida RezendeCarlos Eduardo Mendes de Araújo CoutoCecília Samel CôrtesDaniel Brandi do CoutoEdmárcia Alves de AndradeFelipe Andrade da RochaGabriela Soares CabralIsadora Marília de Moreira AlmeidaIsis Sena SilvaJulia MöllerLaise Lutz Condé de CastroLuciana de Oliveira InhanPaula Guimarães de OliveiraTammy SenraThamara Venâncio de AlmeidaThaiana Gomes VieiraThales Estefani Pereira
Projeto Gráfico / Editoração eletrônica
Cleber Soares da Silva
Preparação de texto
Luciana de Oliveira Inhan
Caderno de Resumos do III Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens.Volume 3, Número 3, Novembro de 2016, Juiz de Fora, Minas Gerais:Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens/ Instituto de Artes e Design / Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016.
88 pg.; 21 x 29,7 cm;
ISSN 2359-0440 Publicação anual
1. Artes, Cultura e Linguagens 2. Eventos científicos – periódicos 3. Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens 4. Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens – Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais. I. Título. II Coletânea de Resumos. III. Programa.
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SUMÁRIO
7 APRESENTAÇÃO
9 RESUMOS DE CONFERÊNCIAS E MESA-REDONDA
13 RESUMOS EIXO TEMÁTICO ARTE, MODA: HISTÓRIA E CULTURA GT Antiguidade e imagem religiosa GT Arte Contemporânea e espaços de fala GT Arte, cultura e sociedade GT Colecionismo e processos artísticos GTFotografia,Imprensaeprocessos GT História da Arte GT Moda, cultura e sociedade GT O Feminino na Moda GT Teoria, Estética e Crítica
40 RESUMOS EIXO TEMÁTICO CINEMA E AUDIOVISUAL GTCinemaeaafirmaçãodeidentidadesequestõesdegênero GTAudiovisual,recepçãoenovosespaços GT Documentários e novas narrativas
49 RESUMOS EIXO TEMÁTICO INTERARTES E MÚSICA GT Estudos Interartes GT Literatura e Design GT Memória GT Música e Poética GTTeatralidadeeRepresentação
66 RESUMOS MINICURSOS
76 RESUMOS PROPOSTAS ARTÍSTICAS
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APRESENTAÇÃO
O Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens (SPACL) é um evento organizado anualmentepordiscentesdoProgramadePós-GraduaçãoemArtes,CulturaeLinguagensdaUniver-sidadeFederaldeJuizdeFora.Aterceiraedição,queocorreuentreosdias28a30denovembrode2016,noInstitutodeArteseDesign(IAD),contoucomaapresentaçãodeComunicaçõesOrais,de-rivadasdostrabalhosqueestãosendodesenvolvidosporpesquisadoresemtodoopaís,bemcomoMesas Redondas, Minicursos, Pôsteres e Propostas Artísticas.
Comoobjetivodecontemplaroshibridismoseoscruzamentospoéticosquecaracterizamocenário artístico contemporâneo, o encontro busca criar um espaço para o compartilhamento detrabalhosdecunhocientífico.Dessamaneira,emumaperspectivainterdisciplinar,oeventotemaintençãodepromoverproveitososdiálogosentreacadêmicosacercadeáreascomoartes,cinema,moda e música
Comissão Organizadora
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RESUMOS DE CONFERêNCIAS E MESAS REDONDAS28NOV2016
CONFERÊNCIA:
Da aquisição ao descarte das roupas: imigrantes brasileiras profissionalmente qualificadas e suas experiências relacionadas com a “apresentação de si” em Paris
Solange Riva Mezabarba – Doutora em Antropologia Universidade Federal Fluminense (UFF)
Amudançanoestilodevidadeumgrupodebrasileiras traz inevitável impactonomodocomogerenciamovestuárioea“apresentaçãodesi”.Umainvestigaçãoqueconsiderasuashistoriasdevidaeasbiografiasdesuasroupasnoslevamàreflexãoacercadossistemasdeclassificaçãoqueregemasescolhas,ouso,armazenamento,conservaçãoedescartedaspeças.
Aabordagembiográficaaplicadaaosobjetos(Kopytoff,1989)proporcionaalgumaclarezasobreosaspectosculturaisquemovimentamasdinâmicasdecirculaçãodeobjetosemdadassociedades.Especificamente,noqueserefereàcirculaçãodasroupasnassociedadesmodernas,opapeldasprá-ticasdeconsumoécentralnessadinâmica,comosugereSlater(2002).Oprocessodeconsumodasroupasenglobaoscritériosquedefinemescolhaseacessos,osprojetosestéticosindividuaisesuasinfluências,afruição,easpossibilidadesecritériosdedescarte.Entreogrupoestudado,aspectosdavidapráticacomoaconfiguraçãodoespaçodoméstico,osrecursosdisponíveisparaaconservaçãodaspeças,asopçõesdedescarte,asdiferencasclimáticaseadinâmicadomercadopodemserelencadoscomoelementosapesarnomodocomopassaramaconsumirroupas.Noqueserefereàcondiçãodeimigrante,hátambémaspectosrelacionadoscomoesforçoindividualdeintegração,oqueimpactanasubjetividadedasescolhas.A“leitura”doestilodevidalocalasfazreelaborar(ounão)seusprojetosestéticospessoaise“apresentaçãodesi”noespaçopúblico.
Otrabalhodecampoquedásuporteempíricoaestacomunicaçãofoirealizadoduranteoanode2015nacidadedeParis.Trintamulheresbrasileiras,profissionaisqualificadasquemigraramparaacapi-talfrancesaprotagonizandoseusprópriosprojetosmigratóriosforamentrevistadasevisitadasemseusambientesdomésticos.Elasforamconvidadasarefletirsobreasdiferençaspercebidasentreaspráticas
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envolvendoacirculaçãodassuasroupasemsuascidadesdeorigemecomopassaramalidarcomoves-tuárioe“apresentaçãodesi”nacapitalfrancesa,tambémconhecidacomoa“capitaldamoda”.
MESA REDONDA:
O problema da música, incluindo a análise de sua presença no ambiente acadêmico brasileiro e em Juiz de Fora
Luiz Castelões (org.) – Compositor e Doutor em Composição Musical (Doctor of Musical Arts)Boston University, EUA)
Marta Castello Branco – Doutora em Música Universität der Künste, Berlin, Alemanha
Daniel Quaranta – Doutor em Música UNIRIO, Rio de Janeiro
Paulo Motta – Compositor e Mestre em Ciência da Religião (Etnomusicologia Comparada) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Amesaseaproveitadeumaambivalênciadapalavra“problema”(queemmeioacadêmicosignifica“questão”masqueextra-murosassumemaiscomumenteosentidode“revés”,“obstáculo”,“dificuldade”)paraindagar“Qualoproblemadamúsica?”,emtrêsníveispreliminares:(1)aMúsicaparaalémdegeogra-fiasespecíficas,(2)aMúsicanoambienteuniversitáriobrasileiro,e(3)aMúsicaemJuizdeFora.Odebateentreosparticipantestentaráavaliar,dentreoutrascoisas,oporquêdeaMúsicaaindaencontrarobstá-culosemmeioacadêmicoadespeitodesuaantiquíssimatradiçãoteórico-prática,asrazõesdeaMúsicaservastamentedesvalorizadacomoáreaprofissionaledepesquisanoBrasileascausasdadificuldadedeestabelecimentodeummeiomusical-criativoprofissionalepujanteemJuizdeFora.
CONFERÊNCIA:
Mulheres nas equipes e fotografias brasileiras: primeiros passos
Marina Cavalcanti Tedesco – Doutora em Comunicação Universidade Federal Fluminense (UFF)
AdespeitodaexistênciadeAliceGuyBlaché,KatherineRusselBleeckereoutraspioneirasqueatuaram nas duas primeiras décadas do cinema, as funções de operador de câmera, assistente de câmeraediretordefotografiaforam–eaindasão–desempenhadasporhomensnamaiorpartedoscasos.Nãoéàtoaquedurantemuitosanosaúnicapalavraquehaviaeminglêsparadesignarcinegra-fista,equeerarecorrentementeutilizadanoBrasil,foicameraman.
Todavia,nãoécorretotomaramarcadegênerocontidanotermocomoumsimplesreflexodarealidade.É fácilperceberquetalpalavratambémcontribuiu:1)para invisibilizarascinegrafistase
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diretorasdefotografia;e2)paraaconformaçãodafotografiacinematográficacomoumaáreaondeasmulheresclaramentenãoerambem-vindas.
Apartirdoiníciodosanos1980severificaumincrementosignificativononúmerodecinegrafistasmulheresediretorasdefotografiaempaísesdaEuropaenosEstadosUnidos.NoqueserefereaoBrasil,éprecisamentenomesmoperíodoquetaismudançascomeçamaaparecer.
Seporumladosãoinegáveisasnovasoportunidadesparamulheresnasequipesdefotografia,osda-doscomprovamqueadesigualdadedegêneropermaneceforte.Constatamos,porexemplo,quedosfilmesproduzidosnoBrasilquefizeramdeummilhãoacincomilhõesdeespectadoresentreosanosde2000a2014nenhumdeleshaviasidofotografadoporumamulher.Cercadedoisterçosdelesatétinhamsuasequipesdecâmeraformadasporhomensemulheres,massemprecomumaproporçãodehomensmaior.
Ademais,existeumaquestãoquetranscendeoquantitativo.Afinal,omachismonãoimpactadire-tamenteoacesso,mastambémaformaçãoeapermanência.Alémdaspiadasevotaçõesondeseelege“amaisbonita”ou“amaisgostosa”doset–quemuitasvezessãovistascomobrincadeiras(brincadei-rasque,claro,nuncaacontecemcomoshomens)–hárecomendaçõesespecíficasparamulheres.Emumcursodeassistentedecâmeraministradoem2014,osinstrutores“disserampranuncausarcalçalegging em set.Porquearoupaémuitocoladaeaspessoasvãoficarolhandopragenteedeixardefazeroseutrabalho.Quevaiatrapalhar.Alémdepegarmal,vãoacharqueagentequeraparecer”(relatodeumaalunaquenãoquisseidentificar).
Nestacomunicaçãopretendemosapresentardadospreliminaresdenossoestudo,refletindoso-brealgunsdeseusresultados.
CONFERÊNCIA:
Mulheres no circuito integrado televisivo: corpos e erotismos na história do audiovisual brasileiro
Raphael Bispo dos Santos – Doutor em Antropologia Social Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
AbelardoBarbosa,oChacrinha,foioprimeiroshow manasevalerdorecursodeexibirsensuaisdan-çarinasnatelevisãoafimdefomentaraaudiênciadeseusprogramasnosanos1970.Todavia,apresençademulherescomoumrecursoaudiovisualno“circuitointegrado”(Haraway,2009)queéaTVnãoeraumanovidadenesseperíodo.Sendoassim,aapresentaçãotemosseguintesobjetivos:primeiramente,contribuirparaumahistóriadoaudiovisualbrasileiroapartirdeumapesquisarealizadacomaschacretes,essasauxiliaresdepalcodeChacrinha,personagenshojeconsideradas“secundárias”namemóriamaisoficialdaTV,porém,figurasdegrandeapreçopopularnoperíodoqueestiveramemcena.Emsegundolu-gar,apartirdeumaanálisedasperformancesdegêneroexecutadasporconjuntosvariadosdemulheresqueserviramdeauxiliaresdepalco,refletirsobreamaneiracomocorposeerotismosseentrelaçamnaconsolidaçãodeumalinguagemaudiovisualnosmomentosmaisiniciaisdatelevisãonoBrasil.
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12 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
CONFERÊNCIA:
A experiência na pesquisa em arte como arte
Mário Cesar de Azevedo – Doutor em Teoria, História e Crítica de Arte IA/UFRGS
Há, sem dúvida, uma espécie de trabalho extraqueosartistasdesenvolvemcomopesquisadores,pensadoreseautores,eporcertoháumateoriaquesedesprendedesuaobra.Maséurgentequesepreserveemestadodeartetodasessasaçõesecomunicações.
Nosdiasemquevivemoséimpossíveldeixardereconhecerqueaartepedeformasespecíficasde discurso,quecongreguemessasteorizações.Enquantoartistas–eporissomesmo–atravessamosumaalternânciaentresaberenão-saber(emsentidoclássico),quenoscolocamàsvoltascom“códigosqueseinventamàmedidaqueseenunciam,estabelecendoumaideia(vital)dejogo,cujasregrassãoinventadasenquantoeledecorre”,conformeescreveuAnnateresaFabrisemumartigofundamental–“Apesquisaemartesvisuais”(in:PortoArte,n.4,p.17)–aindaem1991.
Agrandediferençadaatividadeartísticaparaoutrasdoconhecimentohumanoésualiberdadein-trínseca,sejaelaimagem,texto,somououtracoisaqualquer:elacriaasimesma.Ainvençãotranscorrecom uma autonomia natural desde o criador com seus materiais até o espectador. O processo é, muitas vezes,aprópriaobra,poisháumjogomuitointensoemtornodessetrabalho.“Todaobracontémemsimesmaasuadimensãoteórica,eistoimplicaqueaobrapossuiumsentidoalémdoquevemos”edaíque“tododesafiodeumateoriaconsisteemsaberdescolarasquestõesmaispertinentesqueapráticasuscita.”Nestecaso,entendoqueaescritatraçaseuprópriotrajetoetambémserevelacomoprocessodecriação.
LANÇAMENTO DE LIVRO:
Por que design é linguagem?
Autores: Frederico Braida e Vera Lúcia Nojima
Asabordagensdentrodocampododesignnemsempretêmtratadootermo“linguagem”comocuidadoecomaprecisãorequeridos,ouentão,repetem-seosmodelosquepropõemadaptaçõessimplistas e mecanicistas dos conceitos desenvolvidos dentro do campo da linguística. Parafraseando Garroni(1972,p.55),quandobuscavacompreenderocinemacomolinguagem,oobjetivodestelivroétentaresclareceremquaissentidossãolegítimososusosdotermolinguagem,quandosetratadocampo do design.
Emrazãodesuaabordagemdidática,olivroéapontadocomoumaferramentaacadêmica,indica-doparaalunosdegraduação,pós-graduaçãoeprofessores.
13III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
RESUMOS EIxO TEMÁTICOARTE,MODA:HISTÓRIAECULTURA
ANTIGUIDADE E IMAGEM RELIGIOSA
A emblemática e a iconografia da vanitas
Andreia de Freitas RodriguesUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Apósaediçãode1531doEmblematum Liber,deAndreaAlciato(1492–1550),umcompendioderetratosmoraisdahumanidade,proliferoulargamenteentreosséculosXVIeXVIIumgêneroliterário,combinaçãodetextoeimagem,decaráterprofundamentemoraledidático,aemblemática,instaurandoumrepertórioiconográficodeimpactoequesetornoucomumeexaustivamenteusadocomomodeloparaobrasartísticasemanifestaçõesculturaisdiversasdaquelaépoca,inclusiveemespaçosibero-ame-ricanos.Talsucessoliteráriopodeserexplicadopeloreconhecimentodasaspiraçõesdaquelemomento,comoacriaçãodeuma linguagemuniversal,baseadaemimagens,aomododoshieróglifosegípcios,masexplicadaspelotexto,transmitindoassim,regrasdecondutaúteisparaahumanidade.Apresentecomunicaçãoprocurareunireanalisaralgunsexemplosdeemblemasquecircularamemediçõesdiver-sas como De Pia Desideria(1702),deHermannHugoouEmblemas de Horácio(1608),deOttovanVeenepassaramainstruiracomposiçãodediferentesobras,dogênerovanitas,ummodeloderepresentaçãomoraldesenvolvidonointeriordopensamentoreligiosoefilosófico,nocontextopóstridentino,quandoasprescriçõesestabelecidasoperavamumcontrolerigorosodaproduçãodeimagensnoâmbitocató-lico.Considerandoconceitoscomodesenganooumorte,veremosaqui,queestasimagensapontamdemaneira indelévelparaaefemeridadeeofimderradeirodavida terrena,ummodelopedagógicodeconversãoeficaz,queseutilizoudetópicasmuitasvezesretiradasdetextosbíblicosouquerevisavamaliteratura antiga clássica, como o fugit tempus, memento mori quia pulvis e et in pulverem reverteris, quodie morimur, mors omnia aequat, homo bulla ou o mais famoso deles, vanitas vanitatum et omnia vanitas.
Palavras-chave: Vanitas;emblemática;iconografia.
14 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Da gênese até a origem. O percurso de duas anedotas plinianas
Antônio Leandro Gomes de Souza BarrosUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)
AhistóriadaartequeseencontranosúltimoslivrosdaHistória Natural, a enciclopédia do mundo antigoescritaporPlínio,oVelho,situa-seemumcampoparadoxalquandoentendidanocontextodamodernadisciplinaacadêmica.Considerandoasuaextensãoeorganização(maisoumenosmetódica),otrabalhodePlíniopublicadoem77a.C.éoremanescenteantigomaisbemacabadoqueconhecemossobrehistóriadaarte.Portanto,trata-sedoancestralmaisremotodestadisciplina–reconhecidamenteoagondecisivoàsformulaçõeshistóricastantodeVasariquantodeWinckelmann.Noentanto,para-doxalmente,justoapartirdestesnotáveisautoreséigualmenteconhecidoodescartedotrabalhodePlíniocomoprincípiodeumadisciplinaacadêmica.OquenospermiteconfiguraroparadoxodePlíniocomoumahistóriadaarteantesdahistóriadaarte.
Naforçadesseparadoxoafloraumacontradiçãoentreagêneseeaorigem.GeorgesDidi-Hu-berman,porexemplo,concluique“ahistóriadaartesemprecomeçaduasvezes”contrapondoagenea-logiatemporalaopoderorigináriodeformulaçãohistórica.Elesevêlevadoànecessidadedetraçar“li-nhasdivisórias”historiográficasentreostrabalhosdePlínioedeVasaridiscriminandoentreumantigogênerojurídicodaimagoeummodernogêneroartísticododisegno,entreaimpressãotáctildiretaeailusãoópticaimitativa.Nessesentido,otrabalhodeDidi-Hubermanéproveitosoporfazervisívelcertaindependênciaedescontinuidadeentrequestõesgenéticasequestõesorigináriasnahistóriadaarte.Seguindotaisinvestigações,interessaaessacomunicaçãoreencaminharasobservaçõeseelaboraçõesdoteóricofrancêsdevoltaàHistória Natural,masemrelaçãoàsuaprópriahistóriadaarte.Istoé,inte-ressapensaresseparadoxoemtodasuaforçadecontradiçãonocamporestritodaprópriahistóriadaarte de Plínio através de duas de suas anedotas do Livro 35.Essasduasanedotasjuntasestabelecemopercursodesuahistóriadaartedapintura:umadelasnaaberturaeaoutranoencerramentodomesmocânone.Ambasanedotasreferentesàdiferentesquestõesdocomeçodessaarte:seuiníciotemporal(anarrativaabertadosprimórdiosdapinturanoEgitoenaGrécia)eseugestoinaugural(ainvençãodapinturacomoumgestodeamordesesperado).Convém,assim,retraçaroplanoorigináriodotrabalhoplinianoenquanto,simultaneamente,reabre-sesuaquestãogenealógicaatéVasari.
Palavras-chave: Plínio,oVelho;gênese;origem;anedota.
Virgens Abrideiras: forma, iconografia, funções e recepção crítica
Clara Habib de Salles Abreu Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
OobjetivodessapropostadetrabalhoétrazerparaoBrasilumdebatesobreasVirgensAbri-deiras.TaldebatejátemgrandeexpressãointernacionalmenteedestacocomoreferênciasparaessebreveresumoostrabalhosdaspesquisadorasMelissaKatzeIreneHernando.
Formalmente,aimagemchamadade“VirgemAbrideira”secaracterizacomoumtipodeesculturaquerepresentaaVirgemMaria,comousemoMeninoJesus,queseabreapartirdocentro,formandoumaespéciedetríptico.Dentroencontram-seoutrasesculturas,baixos-relevose/oupinturasquere-presentamdiversosoutrostemas.AfábricadetalmodelodeimagináriateveseuápicenaBaixaIdadeMédia,porémsobreviveu,emmenorescala,atéaIdadeModerna.Feitasdemarfimoumadeiradourada
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epolicromada,otamanhodasAbrideirasoscilaentre25cme150cm.Asdimensõesdaimagemestãodiretamente relacionadas ao seu uso. As esculturas menores, mais fáceis de serem transportadas e manipuladas,seadaptavamcomfacilidadeaoscultosprivadoseatendiamàsnecessidadespessoaisdofiel.Jáasimagensmaioresestavamcondicionadasàmanipulaçãodossacerdotessendoutilizadassomenteemdeterminadosritos,festaslitúrgicas,procissõesetc.
Iconograficamente,asVirgensAbrideirasfechadaspodemrepresentaraVirgemMariaseguindoalgunsmodelosiconográficos,comooTronodaSabedoria,aVirgemLactante,aVirgemdaExpecta-çãoouaImaculadaConcepção.EmalgunscasosaVirgemportasímbolosqueindicariasuarealezacomoacoroaeocetro,emoutrosanimaisferozesoualuacrescentesobseuspés.JáostemasqueasVirgensAbrideirasabrigamemseuinteriorsãopassagensdavidadaVirgem,deCristoerepresen-taçõesTrinitárias.
ArecepçãocríticadasVirgensAbrideirasporvezesfoiumtemapolêmico,vistoqueaVirgemAbrideiradotipoTrinitáriafoicondenadaporteólogoscomo,porexemplo,Gerson,porteóricosdaartecomoMolanus,eatémesmopeloPapaBentoXIV.Ajustificativaparaessacondenaçãoeraquetal representaçãopoderia indicarquetodaSantíssimaTrindadeteriasidoconcebidanoventredaVirgemMaria.
Concluindo,pretende-secomessetrabalhoexplorar,apartirdaanálisedealgumasesculturas,asformas,aiconografia,asfunçõesearecepçãocríticadomodelodeimagináriaconhecidocomoVirgemAbrideira.
Palavras-chave: Imaginária;VirgensAbrideiras;ArteSacra.
Cartografia dos cosmos em Aby Warburg: o conceito de orientação cósmica e o trânsito das imagens astrológicas no Atlas Mnemosyne
Jefferson de Albuquerque MendesUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Estacomunicação investigaoproblemadaorientaçãocósmicanoRenascimentoesua relaçãocomamigraçãodas imagensastrológicasnocontextoartísticoeculturalpartindodaanálisedoAtlas MnemosynedohistoriadorculturalalemãoAbyWarburg.Entende-sepororientaçãocósmicaoprocessodeordenaçãoastrológicaqueretrataoaspectodapolarizaçãoeoscilaçãodoindividuonatentativadeapreensãodoimponderáveledodesconhecido.Nointuitodepensaracontinuidadedoimagináriodasdivindadeseprofeciaspagãsdaantiguidadenostemposmodernos,Warburgempreendeumapesquisaondepretendecircunscreverainfluênciadaastrologianosprocessosdeapreensãodasrepresentaçõesdamanifestaçãohumanacomoaarteeaproduçãodeimagens,oquerevelaomoteaserinvestigadonestapesquisa.
Aoentenderaimagemcomoumoperadorqueserveparademarcarhistoricamenteacondiçãodosujeitofrenteàalteridade,Warburgareconhececomoprodutodeumtempoedeumespaço,maslembraqueéaprópriaimagemqueajudaafabricar,atravésdeseucarátermediador,arelaçãotempo-espacialdaqualelamesmaéfruto.AbordandoaquestãodosmodosdetransmissãodasdivindadespagãpelaastrologianoRenascimentopartindodapossibilidadequeosnovosmeiosparaotrânsitodasimagensganhamumoutropatamarnoqueconcerneoprocessodeproduçãodasimagensastrológicas.
Comisso,pretende-serelacionarospossíveiscaminhosmetodológicosparaospapéisdasima-gensastrológicasnaordenaçãoeorientaçãodohomemnoRenascimento,deformaarevelarcomo
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esseensejodeorientaçãoproduziuumareviravoltaestilísticaquepodeserconsideradaumprocesso,internacionalmentecondicionado,deconfrontocomasrepresentaçõespreservadasemimagens,queeramprópriasàculturaastrológicapagã.Ouseja,verificarainfluênciadaastrologianosprocessosdamanifestaçãohumanacomoapolíticaeaarteemsetratandodeprocedimentosemodosparapodercompreenderasdiversasformasdeseorientarnomundo.Comisso,ohomemproduziaconhecimentosobreodesconhecidopartindodointercâmbioemigraçõesastrológicas.
Palavras-chave: AbyWarburg;Atlas Mnemosyne;orientação;astrologia.
Filippe Nunes e o contexto contrarreformista
Julia Dias MöllerUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
AIgrejaRomanasevênanecessidadederevisãodeseusdogmasemfaceaosdilemasreformistasquecirculavamnaEuropaHumanista,comorespostaéinstauradooConcíliodeTrentoqueperduroude1545a1563.A25ªsessãodoConcíliodeTrento(1563)tratadeassuntoscomoousoeveneraçãodaimagemreligiosa.JuntamentecomasprescriçõesdoConcíliohouveramteóricosdosséculosXVIeXVII,quefazemcoroaimportânciaefunçãodaimagematravésdetextoscomotratados.ÉnomundoIbéricoqueessasideiasencontrarammaisforça.
Em1615,foipublicadoemPortugalotratadoArte da Pintura, symmetria e perspectiva. Escrito pelo dominicanoFilippeNunes,otratadocarregaemsuaessênciamuitospontosqueafirmamanobrezadaPintura. Nunesdeclamasobreoslouvoresdapinturacomotambémdemonstraseucarátermatemáticoatravés de ensinamentos da perspectiva e symmetria.Apresentadotrêspontosprincipaisquesão,afunçãodaimagem,adefiniçãodapinturaeaimportânciadodesenhodafigurahumanaopresenteartigopretendeinvestigar com apontamentos os argumentos escolásticos e contrarreformistas do tratado de Nunes.
Palavras-chave: Contrarreforma;FilippeNunes;Pintura;Portugal;Tratadística.
ARTE CONTEMPORâNEA E ESPAÇOS DE FALA
Trajetórias entre arte e cidade: viver, usar, experimentar, ressignificar
André LealInstituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ)/Candido Mendes
Oartigobuscaanalisardiferentespráticasartísticasquedialogamcomapaisagemurbanaouin-dustrialdemodogeral,quenessarelaçãoserevelacomoentrópica,nadefiniçãodeRobertSmithson.Desdeadécadade1970,passadoomomentodas‘neovanguardas’ejáemvogapráticasquepodemcaracterizaraartecontemporânea,muitosartistasvêminvestigandosistematicamenteessasrelações,tirandoaartedagaleriaelevando-aparaanaturezaevice-versa.Buscaremosaquirealizarumabrevegenealogiadessaprodução,chegandoapráticasatuaisdessetrânsitoedaressignificaçãodaprópriaideia de paisagem e de arte.
17III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
RobertSmithsonservecomopontodepartida,comsuaFloating island around Manhattan(1970-2005),naqualumabarcaçanavegaaoredordailhadeManhattanlevandoconsigoumparque.UmparquequeespelhaconceitualmenteoCentralPark,emblemadeumanaturezaartificialecontroladanagrelhanovaiorquina,equenãosecontentacomsuaestaticidade,nemcomsuacondiçãosubli-medenaturezacontemplativaesaiembuscadosgalpõesindustriaisabandonadosdasmargensde Manhattan. Não por acaso a obra foi concebida em conversas com seu amigo e pupilo Gordon Matta-Clark,segundoJaneCrawford.Matta-Clark,porsuavez,fezDay’s End(1975),suaprópriainter-vençãoentrópicaemumgalpãonasmargensdoHudsonbuscandotransformá-loemumparqueparaapopulaçãolocal.Eeramoscortesnasfachadasenopisoqueabriamoespaçoparaoutrosusoseparaa própria natureza circundante.
Passadasquatrodécadasdesseseventos,aartecontinuapromovendoaberturasdapaisagemurbanaparaexperiênciasmenosamarradaspelalógicafuncionalistaqueregeasociedadeociden-tal.AartistaespanholaLaraAlmárceguibuscaconstantementeressignificarespaçosabandonadosemdiferentescidades,sejapormeiodemapeamentosdeterrenosbaldios“interessantes”,sejanapromoçãoderestaurosefestasemedifícioscondenadosàdemoliçãoempequenaslocalidadeses-panholas.JáemLotes Vagos: ação coletiva de ocupação urbana experimental(2005-2008),osartistasLouiseGanzeBrenoSilvatambémseapropriamdeterrenosbaldiosparanelesproporusoscomuni-táriosqueostiremdesuasestaticidadesenquantodejetourbano,possibilitandonovosconvíviosdapopulaçãocomeles.Trazendoparaodiálogooutrasproduçõeshistóricasecontemporâneas,iremosanalisar comodiferentespráticasartísticasexploramapaisagemurbanadamodernidadeequaissuas potencialidades sociais.
Palavras-chave:artecontemporânea;cidade;RobertSmithson;entropia.
Em busca da coexistência: De onde e com quem o artista fala?
Bruno Gomes de AlmeidaUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Apresentepropostadecomunicaçãorefletesobrequestõesacercadaproduçãoartísticacontem-porâneaesuasinterseçõescomavidacotidianaeseusespaçosafetivosecoletivos.Astendênciaseestratégiasartísticascadavezmaisvoltadasparaavivênciaeseuslugaresdepartilha,têmdemarcadoumterritóriodeaçãomaisdelineadoemtermosdeaçõesrelacionais,sociaiseinterpessoais.
Oartistanacontemporaneidadeseacostumouaterderesponderemseutrabalhoaumapergunta sobresuaorigem:“Deondeeufalo?”Umquestionamentoqueoinduzaperfazernovamenteoscami-nhosqueocasionaramsuaexistência.Comonumexercíciodeinvestigaçãoquedepuresuasraízeseramifica-ções,quelanceluzsobresuaprocedência,sobreseulugarnomundo.Indíciodeuminteressequedeixaclaroasfronteirasoscilantescomavidareal,quetranscorrecadavezmaisnosespaçoscircundantesdaexistência.
Noentanto,deunstempospracá,nota-seogradualaparecimentodeumaartequenãoapenastentaresponderapergunta“Deondeoartistafala?”,massobretudo,“Comquemoartistafala?”.Nãobastaincorreremsuaproveniênciaelugaresnomundo,mastambém,falarsobreosseuspares,osquelheescutametambémfazemvalersuasvozes.
Essa demanda pelos interlocutores do artista é uma maneira de aprofundar a primeira pergunta. Afinal,oestabelecimentodeseuslugaresnomundosuscitadeliberações,introjeçõeseendereçamen-tos.Econsiderandoquenossosterritóriosdehabitaçãoestãocadavezmaispovoados,osentornosestão,incondicionalmente,imbricadosemnós.
18 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Dessaforma,acomunicaçãoapresentatrabalhosdediferentescontextoshistóricos,queperfize-ramessas“trilhasdodesejo”emdireçãoaumaartequeseefetivanocoletivo,nocampodasrelaçõesefluxosafetivosdavidacontemporânea.
Palavras-chave: artecontemporânea;lugaresdepartilha;sociedade.
Incerteza as a state of mind
Luciana Benetti Marques ValioPesquisadora sem vínculo institucional
Apresentecomunicaçãosurgedainquietaçãoprovocadapelotítulo“South as a state of mind”,daDocumenta14(2017).Talcomoéevidenciadaaintenção,agrandemostradeartepretendepensaroSul“comoumestadodeespírito”.Assim,entendidocomoumaprovocação,instigaàsseguintesques-tões:Qualseriao“estadodeespírito”dosul(donossosul,dosuldaqui,dosuldoBrasil)?Oquesequerdizerquandoumlugargeográficoéconfiguradocomoum“estadodeespírito”,principalmente,noqueserefereaumamostradearte?Natentativaderefletirsobretaisquestões–pensaraprópriacondiçãodeestarnosul,inclusive,consideraroqueseriaesse“estadodeespírito”nocampodaarteaqui–surgeointeresseemanalisareacompanharmaisdepertoa32ªBienaldeSãoPaulo(2016).SeaDocumentaentendeo“sulcomoumestadodeespírito”,aBienaldeSãoPaulopartedapremissada“incertezaviva”.Ouseja,aquinosul,certopareceseraincerteza...Aincertezaéapresentadacomoinerenteaomomentoatual,desdeospossíveisanúnciosdascatástrofesbiológicas, comoascrisespolíticaseeconômicas,passandopelasguerras, fome,emisériahumanas.A intençãode se funda-mentarnasincertezasnãosetratadeumacondiçãonegativa,masdeinstabilidade,depossibilidadedemovimentação.Comisso,otemadaincertezaépropostoparaservivenciadoepotencializado,enãoanulado(“tranquilizado”)embuscadeumaestabilidadeecerteza.Ocuradordamostra,JochenVolz,apostanopotencialdaartecomodesestabilizador,poisconsideraqueaartepossibilitarevelaradesordemdosistemaaqualfazemosparte,demaneiraque,somenteela,une,naturalmente,opensaraofazereareflexãoàação.Caberá,assim,àartecontemporâneapermearosterritóriosdaincerteza,dosdeslocamentosedafluidez,principalmente,quandoagrandemostradoNorteprovocacomseu título desconcertante, “South as a state of mind”,osulgeográficoficaimpreciso.Justamenteporqueesse“estadodeespírito”,emboradesconhecido,jácarregaemsiumaconotação,algumacaracterísticadealgoquelhetornereconhecível.Enfim,pensarno“Sulcomoestadodeespírito”enas“IncertezasVi-vas”abremmuitoscaminhosincertosparaserempercorridos...etalvezaincertezaquesebusqueaquisejaapossibilidadedepersonificar-secomosujeitodesimesmo,comoum“estadodeespírito”dosul.
Palavras-chave:32ªBienaldeSãoPaulo;Incerteza;artecontemporânea;mostradearte.
Arte Conceitual e Conceitualismos: a distinção entre duas vertentes artísticas
Thamara Venâncio de AlmeidaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
19III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
NesteartigopropomosapresentaralgumasdasdefiniçõesdaArteConceitual,ecomelas,algumasdasrazõesqueculminaramnacriaçãodeoutravertente,oConceitualismo.Apontaremosasprincipaiscausasemotivosquelevaramcríticosehistoriadoresdearte,emummomentoderevisãodessapráti-ca, a distinguirem esses dois termos. Muitas práticas, na vertente do Conceitualismo, utilizando novos suportesparacriaçãoartística,setornaramrecorrentesempaísesLatinoAmericanos.Aqui,deexemplo,apresentaremosaVideoarte,experimentadapioneiramenteporartistasdoGrupoFluxus,equeemergenosanos1970noBrasilcomoalicerceparaaexperimentaçãodeartistasconceituaisdoRiodeJaneiro.DesdeomomentoemqueaArteConceitualcomeçouaserpensadaeescrita,houvediscrepânciasemsuadefinição,nuncachegandoaumconsenso.Algunsartistasqueseenvolveramcomessetipodearteaindanadécadade1960,aexemplodeSolLeWitteJosephKosuth,publicaramnocalordomomentosuasideiasarespeitodessaarterecente,chamadade“Conceitual”.Essesdoisartistas,quetinhamcon-tatoediscutiamsobreoassuntonaépoca,tinhamaomenosoconsensodequenãosetratavadeummovimento.Kosuth(1969)aviacomoumatendênciaeLeWitt(1967)entendia-amaiscomoummododefazerarte,dentretantosoutros.Osescritosdessesartistas,vistoscomoquaseummanifesto,serviuparaembasaredarvisibilidadeeimportânciaaessanovaformadeseconceberumaobradearte.Nocontextobrasileiro,otextodeKosuthtevelargarepercussão,quandoapareceutraduzidoem1975,noprimeiro número da revista Malasartes.Oquevemsidorevistodeformarecorrentenasúltimasdéca-das,peloscríticosehistoriadoresdearte,éaquestãodaarteconceitualcomoumprodutoexclusivooriundodeartistasnorte-americanoseeuropeus.Algumastesesdefendemqueaarteconceitualsurgiuconcomitantemente,apartirdeumacrisegeraldaarte,emdiversoslugares,eindicam,queapartirdaexposiçãoGlobal Conceptualism: Points of Origin 1950s-1980s,de1999,realizadanoQueens Museum of ArtdeNovaYork,aquestãoabrangentesobreaarteconceitualtomoumaiordimensão,sendoconsi-deradamarcoparasuareavaliaçãohistoriográfica.
Palavras-chave: ArteConceitual;Conceitualismo;Novossuportes;Videoarte;Brasil.
ARTE, CULTURA E SOCIEDADE
Trepanação e a estética da cabeça
Hamilton de Paulo FerreiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Asrepresentaçõesdafigurahumanapossibilitamumainterpretaçãovisualdomomentohistórico,notadamentenasmanifestaçõesartísticas.Acabeça,nessecontexto,éelementodaprópriaidentidadedosujeitoedocorporepresentado,quepodeindicaremsuascaracterísticasumagamadesentimen-tosinterpretadospelasfeiçõesdeseurosto.Dessaforma,podemosmencionar,emprimeiromomento,ascabeçasdassantidadesemimagensreligiosasquesãodestacadasdasdemaisporumhalodourado,queressaltamsuascabeçaseimplicamemseureconhecimento.Nãoobstante,outrosaspectosdein-terpretaçãoreligiosatambémimplicamemumarelaçãoentreosujeitoeacabeça,comopodeserper-cebidonatrepanação,emquecrâniosencontradoscomperfuraçõesmanuaisinstauramesseprocessoamilharesdeanos,masqueatéosdiasatuaisexistemocorrências,sejamemprocedimentosmédicosparadiminuirapressãocraniana,sejamcomoobjetivodetranscendênciaespiritual,comoofazemalgumastribosaborígenes,podemosassimdescreveroabandonodaestéticadacabeçaparatrans-
20 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
cenderoespírito.Podemosarticularesseprocessoasmanifestaçõesartísticasdoséculoxx,emquea subjetividadeseapresentanaarteatéomomentoqueaconsciência–quetomalugardaalma–colocaocorpocomomatériapassivadesermoldada,assimcitamosoartistaStelarcquedescreveocorpocomoobsoleto,podendoserpotencializadopelatecnologia.Oprópriodesenvolvimentotecnológico,implicanumafragmentaçãodocorpoedesuasações,quepodemservistasnasrepresentaçõesartísticasdoséculoemquestãoque,deformageral,apontamparaacabeça,involucrodaconsciência.Osdesenvol-vimentostécnicosabsorvidospelaarteabremnovasformaçõesdiscursivasrelacionadasàcabeça,comoénotadonasaproximaçõesdaarteedaneurociência,dessemodo,podemosdestacaraatuaçãodaartetranshumanistaque,alémdecorroborarcomaobsolescênciadocorpoedacarne,detémsuasatençõesacabeça,objetivandoatransbiomorfose,quesetratadamigraçãodaconsciênciaparaumchipdecom-putador.Asconexõesartísticasetecnológicasquelevamàcabeça,comoeixocentral,podemsernotadascomoumdesdobramentoentrearelaçãodocorpofísicoeastemáticasabordadasnasvanguardasar-tísticas.Oquenospropomosédiscutirodesenvolvimentoartísticotecnológiconoséculoxx,tomandocomoalicerceargumentativoaestéticadacabeçadiscutidaatravésdatrepanação.
Palavras-chave:Trepanação;Estéticadacabeça;ArteeTecnologia.
A utilização de redes sociais como o Snapchat e Instagram e o trabalho de artistas mulheres: tema e galerias virtuais
Isadora Maríllia de Moreira AlmeidaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Ouniversodainternetvivehojeumdosseusmaisgloriososmomentos:odacriação,interaçãoecom-partilhamento;ondesãopoucasasbarreirasparaqueumamensagemsejatransmitidaaoredordomundo.Nãoselimitandoaoacessopelocomputador,cadavezmaispessoasutilizamosserviçosdeinternetmóvelnosseusaparelhoscelulares.Ainternetmóvelpossibilitaqueosaparelhoscelularesmaisnovos,oschama-dos smartphones,tenhamacessoadiferentestiposdeaplicativosprincipalmenteosderedessociais.
As redes sociais, então, permitemnão só a construçãode umapersona,mas sua exposição einteração.Existemredessociaisparapropósitosdistintos,comoosdepublicaçãodetextosefotos,queserãoosobjetosdeestudonestapesquisa.Osescolhidosforamosaplicativosderedessociais Snapchat e Instagram,quesãovoltadosparaocompartilhamentodeimagens.
Porseremaplicativosgratuitos,estesabremespaçoparaquepessoascomoartistas,tambémosutilizemcomomaneiradedivulgarseutrabalho.Commaiorfrequênciaartistasseinscrevememapli-cativoscomoestesparaqueexpectadorespossamverquesuasobrasvãoalémdasgaleriasformaisdeexibiçãodearte,criandoumaespéciedegaleriavirtual.Amaioriadosusuáriosdeinternetmóvelsãomulheres,assimcomoosperfisdoInstagram e Snapchat.
Aanálisedotrabalhodeartistasmulherespodepossibilitaroentendimentodecomooespaçoqueocupamnessesaplicativosfuncionaedecomopodemsertecidasnovasnarrativasapartirdesuaspostagens.Dessamaneira,apresentepesquisatemcomoobjetivotentarentendercomoaplicativosde redes sociais como o Snapchat e o Instagram têm influenciado o trabalho de artistasmulherescontemporâneas,queosutilizamnãosócomomeiodedivulgaçãodeseutrabalho,mascomotemadesuasobras.Analisa-seamaneiracomosãoutilizadososaplicativos,seuspropósitoseexperiênciaspossíveisatravésdomeiodigitalqueestãoinseridoscontemporaneamente.
Palavras-chave: RedesSociais;MulheresArtistas;Internet;Arte.
21III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Prática Artística e Pensamento Teórico: a Pós-Graduação como campo de ação – um estudo reflexivo e alargador do conceito de Rede
Ma. Marcillene LadeiraUniversidade Federal da Bahia (UFBA)
O artigo objetiva refletir sobre o fato artístico e seu processo na condição de atuação da Pós- GraduaçãoStricto Senso,demodoatecerconsideraçõessobretalterritório,bemcomoefetivarcontribui-çõesparaomesmo.Levantamentosbibliográficosevidenciamumatrasobastantegrandedaárea–25anos–comrelaçãoaosesforçosiniciaisdeoutrasesferasdoconhecimento.Emdadosde1991/1992enquantoaáreadesaúde,amaisconsolidada,possuía213cursosestabelecidos,aproduçãoplásticahaviaapenassete.IstopassaasercompreendidoquandoseverificaqueapesardoCNPqedaCAPESsereminstituídosnoanode1951(Leinº1.310,de15dejaneiroeDecretonº29.741,de11dejulho),aindademoraram23anosparaquesurgisseoprimeirocursodeMestrado(1974)e29anosparaoprimeirocursodedoutorado(1980). JáocredenciamentonoCNPqocorreu33anosapósseusurgimento(1984).Destadataemdianteéquepassamosaumcrescimento,aindaquepequeno,emprincípio.OprimeirogrupodepesquisainstituídoanívelnacionalfoiaAssociaçãoNacionaldePesquisadoresemArtesPlásticas(ANPAP),sendoconsolidadaem1987;anoemquetambémsurgeaFederaçãodeArte/EducadoresdoBrasil(FAEB).
Emvirtudedesteretardamentoverificam-semuitaslacunaseumadelas,comocolocaStephenWilson(2003),éidentificarqueosparâmetrosqueincluiaarteemâmbitocientíficoaindanãoseremclaros.Énestesentidoqueoartigoemquestão,circunstanciaumadascontribuiçõesescritaspormimnoprojetodeMestrado(Turma2014/2015).Parasermaisexata,dizrespeitoaumestudoreflexivoealargadordoconceitode“Rede”,passando-opara“Teia”.Otermo“Rede”temsidousadoemdiversoscamposdoconhecimento,comonaciênciaenatecnologia,enãosomentenaarte.CecíliaSalles(2006)équemprimeirooempregou,tendooincorporadoapósverificaranecessidadedeumtermoquedessecontadasnovasexigênciasvindasapartirdasmúltiplasconexões,emconstantemobilidade,queinva-diramocampoartístico.Aoconcatená-locomosestudosdofísicoFritjofCapra(2006)traçoummodode pensar e agir em processos criativos, perante seis elementos comuns e necessários a este grande sistemadeformação,sendo:Redes,Ciclos,ParceriaouAliança,Diversidade,EquilíbrioDinâmico,Ener-giaSolar.Chegueiaestaquestãotendoemvistaque“teia”relaciona-secomoconceitode“ecologia”–própriodoassuntopoéticoquearticulo.
Palavras-chave: Pós-Graduação;PesquisaemArte;MétodoCientífico;PlasticidadedoPensamen-toemCriação.
COLECIONISMO E PROCESSOS ARTÍSTICOS
A presença japonesa na coleção de Murilo Mendes
Felipe Andrade da RochaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
MuriloMendes,consagradopoetadeJuizdeFora,tambémcolecionouarteaolongodasuavida.Aimportânciadesseestudoestánabuscadehipótesesacercadamaneiracomoacoleçãodopoeta
22 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
foiestabelecida,procurandosignificarasuarelevânciadentrodocontextoculturalmodernistaatravésdo diálogo com a maneira singular de Murilo Mendes no papel de colecionador de arte. Atualmente o acervoseencontranomuseudearteMuriloMendes,instituiçãoligadaaUniversidadeFederaldeJuizdeFora,sendoparteimportantenocontextoculturalregional.Emborajáexistammuitosestudosacer-cadaobraliteráriadeMuriloMendes,poucassãoaspesquisasrelacionadascomacoleçãodeartedopoeta.AbuscapormaisinformaçõessepropõeafomentarointeressepeloacervodeartesvisuaisdeMurilo,quecontémaproximadamente200obras,deartistasbrasileirosedediversasoutrasnaciona-lidades.EssacomunicaçãotemcomofocoasobrasdosartistasjaponesesNobuyaAbe,ShuTakahashieTomonoriToyofuku,presentesnacoleçãonaformadegravuras,pinturaseesculturas.Considerandoasobrascomodocumentos,ainvestigaçãosepropõepelaanálisedatrajetóriadasmesmas,buscandoinformaçõessobreoprocessodeaquisição,e tambémsobreseusautores,mas, semdesconsideraro caráter artístico, jáqueéplausível suporqueMuriloMendes sócolecionaasobrasdeartesquedialogassem com os mesmos ideais artísticos dele (Hipótese sustenta pela crítica de arte escrita pelo mesmo).PormeiodeumaapuraçãosobreoperíodoemqueMuriloviveunaItáliaecomosesucedeuoseurelacionamentocomosartistasjaponeses,épresumíveldeterminarcanaisdeinvestigaçãosobreatrajetóriadopoetacomocolecionadordearte,eentendercomosuaredesocialfoidefundamentalimportâncianaconsolidaçãodasuacoleçãodeartesvisuais,permitindoassim,aconstruçãodeumanovanarrativasobreMuriloMendes.
Palavras-chave: MuriloMendes;Coleção;NobuyaAbe;ShuTakahashi;TomonoriToyofuku.
Murilo Mendes e Guignard: relação pessoal entre retratante e retratado
Gabriele Oliveira TeodoroUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Paraohistoriadordaarte,investigaroretratoépercebercomoasformasderepresentarafigurahumanasetransformaramaolongodotempo.
Noséc.XIXoretratofoirelacionadoàreproduçãoverossímildepessoasepaisagens,comfinsdelegitimaçãosocial.Jánomodernismoessegenêrodeixadeterumcompromissoexpressocomaveros-similhançaecomaposiçãosocialdoretratado.
AobraRetratodeMuriloMendes,de1930-deGuignard-revelaindíciosdarelaçãodeadmiraçãomútuaentreretratanteeretratado.Oretratoéconsideradoumpontoinicialdeligaçãoentreosdoisartistas. No mesmo período, Guignard e Murilo eram amigos no Rio de Janeiro. O poeta nasceu em Juiz deFora,MinasGeraisem1901.Nadécadade20,MurilosemudouparaoRiodeJaneiroparatrabalharcomoarquivistanaDiretoriadoPatrimônioNacional.Murilotinhaafetopelospintoresqueconheciaeaolongodavidacolecionouobrasdearte.Elenãoeraumcolecionadorconvencionalquecolecionavaporépocaouestilo, colecionavaasobrasqueosamigosopresenteava,eemformadeapreçoereci-procidade, seus livros de poesia possuem poemas dedicados a alguns desses pintores.
Portanto,apresentecomunicaçãopossuicomoobjetivoinvestigararelaçãodeMuriloMendeseGuignardecomoelapodetercontribuídoparaaformaemqueopoetafoiretratadopelopintor.Ame-todologiadapesquisasedeuatravésdaanálisedaobra,textos,documentoseautoresqueescrevemsobreMuriloMendeseGuignard,citandoLorenzoMammi,ShearerWest,CarlosZílio,MariaLúciaBuenoe Giulio Carlo Argan.
Palavras-chave: MuriloMendes;Guignard;Retrato;MAMM;ArteBrasileira.
23III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
“Interessa-nos a forma do limão, e não o limão.”
Luciane Ferreira CostaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Apropostaparaesteartigoéumabrevereflexãosobredoismanifestosartísticosquemarcaram,empaísesdistantes,momentoscruciaisnahistóriadaartemoderna:Il Manifesto del Gruppo Forma, as-sinadopeloartistaromanoAchillePerilli(1927-)eoutrosintegrantesdogrupo,publicadoemmarçode1947narevistaForma 1,aqualoriginouem26deoutubrodomesmoanoaprimeiraeúnicamostradogrupo no Art ClubemRoma;eo“ManifestoRuptura”,fundadoem1952,lideradopeloartistaWaldemarCordeiro(1925-1973),seuporta-vozeprincipalteórico.Estemanifestofoilançadonaocasiãotambémdaprimeiraeúnicaexposiçãodogrupo,inaugurada9dedezembrode1952noMAM-SP.Estabreveanálisepropõeevidenciarapertinênciaeainovaçãodasideiasdeambososmanifestosparaaquelaépoca.Omomentopós-IIGuerratrouxeconsigograndesexpectativasparaumasociedadeesgotadapelo sofrimento decorrente da guerra. A Itália procurava recuperar-se politicamente e socialmente do conflitodeguerra,alémdereinserir-senocontextoartísticoeuropeu.Osjovensencarregaram-sedefomentarodesejopelo“deferente”porumasociedadelivreeomomentoerapropícioparaideiasrevo-lucionáriascomofoiocasodaafirmaçãodaarteabstrataitaliana.Romafoiaporta-vozdaarteconcretaincentivadapelocríticoLionelloVenturi (1885-1961).Dooutro ladodooceano,oBrasilnofinaldadécadade1940encontrava-seemummomentodeefervescênciacultural,alémdoprogressosócio/econômico.MárioPedrosa(1901-1981)críticodearte,comofimdaIIGuerra,1945,voltadoexílioparaBrasil,sendoinicialmentequemmaisdefendeuaarteconcretanopaís,sendoSãoPauloocenáriopro-pício.Operíodoabordadopossuiumaextensafortunacrítica,maslongedeestaresteexaurido.Ambososmanifestosopunham-seàartevinculadaàrepresentaçãorealistadoobjeto,visandorompercomumpúblicohabituadoànecessidadedabelezaedocompreensível.
Palavras-chave:ManifestoArtístico;GruppoForma;GrupoRuptura;ArteModerna.
As paisagens urbanas de Oswaldo Goeldi: Um registro de memória da cena carioca
Tammy Senra Fernandes GenúUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
ORiodeJaneirofoiocernedapoéticadoOswaldoGoeldidesdeomomentoemqueeste se esta-beleceunoBrasilapósanosnaEuropa.Intensificandoostrabalhosarespeitodacidadeapartirde1930.Atravésdestasimagensépossívelreconheceraurbis apartirdavisãodopróprioartista.Suaobras,carre-gadasdesimbolismo,emoção,sentimentoecomumafortecargaexpressionistanosrevelaosubúrbio,osbecos,oslugaresexcluídosdoprocessodemodernizaçãodacidade.OpresenteartigobuscaanalisartaisimagensfeitasporGoeldicomoregistrosdememóriaarespeitodolocalemqueviveu,fazendoemergirnosespectadoresumRiodeJaneiroquesóépossívelconheceratravésdosolhosdeGoeldi.
OswaldoGoeldiseestabelececomsuafamílianoBrasilapósdezesseisanosnaEuropa,localondeob-tevecontatocomavanguardaexpressionistaqueinfluenciarátodaasuaprodução.Porém,avoltaaoBrasiléconsideradadramáticapelogravador,gerandoumsentimentodeestranhamento,comoseelenuncahouves-seestadonopaís.Talsentimentofezcomquesuasobrasfossempermeadasporestadosdesolidãoevazio.
24 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Apartirdosanosde1930,principalmente, intensifica-senasimagensurbanascriadaspeloartista,nasquaisháaqueleestadodesolidãoevazio.Nestasimagens,Goeldipeloviésexpressionista,nosapresentaomundodosoprimidosedosrejeitadosdentrodoprocessodemodernizaçãodacidade,indonacontramãodaartepropostapelaacademiaepeloqueeraesperadodeumarepresentaçãodaatualcapitaldopaís.
Porsugeriremosimbólicoenãoapresentaremumaimagemfidedignadacidade,massimumavisãoqueopróprioartistapossuíaarespeitodoRiodeJaneiro,épossívelconsiderarqueasgravaçõesde Goeldi suscitam a memória a respeito da urbis carioca.
Paraalgunsautores,atualmentehánacontemporaneidadeumapegoamemória.Istosedáprin-cipalmente devido ao ritmo acelerado da vida. Porém, um ponto em comum entre muitas das teorias arespeitodememóriaéqueestapertenceaopassado.Aoserretransmitidaaopresente,asimagensdememóriaganhamnovassignificaçõesenosfazemreconhecerumpassadohistórico.ApartirdasxilogravurasdeGoeldicomtemas dacidade,percebemosavisãodogravador.Portanto,apartirdelasrememoramos o Rio de Janeiro a época de Goeldi.
Tais argumentos, adicionados somados ao fato comprovado por cartas e entrevistas do caráter observadordogravador,nosfazemclassificarpartedesuaobracomoregistrosdememória.AosuscitarlembrançasdeumRiodeJaneiroquenãoexistemais,observarasimagensgoeldianasévercomosolhosdoartistaosubúrbiocariocaqueexistiuentreosanos20e60.
Palavras-chave: OswaldoGoeldi;Xilogravura;RiodeJaneiro;Memória.
FOTOGRAFIA, IMPRENSA E PROCESSOS
Assis Horta: o “caçador” de antiguidades de Diamantina
Cleber Soares da SilvaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Em seu Plano de trabalho para a Divisão de Estudos e Tombamento, feito para a Diretoria do Patri-mônioHistóricoeArtísticoNacional–DPHAN,em1949,LúcioCosta deixouclaraaintençãodecriareformarpequenasequipes,nasedeeemcadaumdosdistritos,queteriamaincumbênciadefazer“batidassistêmicasparaacolheitadematerialdeinventário,nãosomentenasregiõesacessíveis,comotambémeprincipalmentenasdeacessodifícil”.Cadaequipeseria“constituídadeumfotógrafoedeumtécnicoha-bilitado–possivelmenteamesmapessoa,amboscomgostoparaessaespéciedeaventura”.(COSTA,1949)
Aprincípio,AssisHortaseencaixavaperfeitamentenoperfildefinidoporLúcioCosta,poisem1937játinhaalgumaexperiênciacomofotógrafoepossuíaajuventudeeamotivaçãonecessáriaparaasvia-gensdereconhecimento,pesquisaeinspeçãonosterrenosmaisremotosdaregiãodeDiamantina(MG).
OcontatodeHortacomalgunsdosintelectuaisqueelaboraramosprincípiosdeproteçãodopa-trimônioartísticonacionalpareceterforjadoapersonalidadeprofissionaldofotógrafo.Éfundamentalapurarasrelações,diretaseindiretas,entreHortaealgunsintelectuaisrepresentantesdopensamentonacionalistamodernistaqueatuaramnoSPHANnesseperíodo.Essapesquisatemafinalidadedeiden-tificarasmotivaçõesquelevaramHortaacriar,alémdoacervofotográficodeDiamantina,oincomumconjuntodefotosdetrabalhadores,feitoemestúdio,entreosanosde1930/40.
Palavras-chave: Fotografia;Patrimônio;IPHAN;AssisHorta.
25III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Josephine King: A arte da sobrevivência
Flávia de Paiva Paula DamatoLuidy NogueiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
PropomosumaanálisedaobradaartistainglesaJosephineKing,ativaartisticamente,requisitadapelasgalerias,equeconvivecomumadoençadolorosaeavassaladora,abipolaridade.Paraasusten-taçãoteórica,teremosorespaldododocumentárioJosephine King, de Carmem Maia e Gustavo Rosa deMoura.Neste,aartistaexpõesuavida,aconvivênciacomosofrimentomentalesuarelaçãocomapintura,naqualposicionasuacriaçãoartísticacomorecursoparasuasobrevivência.Dessaformadiscutiremosainterfaceentrearteeloucura,entendendoestacomoumespaçoartístico,oquenospossibilitaolharasobrasnãopelaviadadoençaesimpelapoéticaartísticainstaurada.
Apinturaacompanhaaartistahá25anos,nestetempopôdeproduziredesenvolvertécnicasnãosódapinturacomotambémdedesenho,foimodeloem3quadrosdaamigaeartistaportuguesaPaulaRego.Aos40anos,depoisdecometermaisumatentativadesuicídio,decidepintarautorretratos,querefletiaoestadocaóticoedolorosodeseuinterior.Nestafase,apinturadaartistaéumreflexodeseussentimentosepensamentos,carregadadecores,comroupas,ocabelobagunçado,comalgunsele-mentoscomoanimaiseoutrosobjetos,nosquaissinalizaomomentoqueJosephineestavavivendo,As pinturas tornaram-se como um diário de mim mesmo (JosephineKing).PaulaRegocitaqueoassuntoabordadopelaartistaéterríveletriste,poisapresentadeformalúdicaeextravagante,todadorevi-venciadadoençaeseuestadopsíquico.
Aartistadelimitaumnovoespaçonamesmapintura,elacolocamargenscomescritosquetambémrefleteseussentimentos,pinturadessaforma,funcionacomoumdiário,queesvaziaosujeitodesuasan-gústiasesofrimentoseaomesmotempoháoprazereodesejodeservalorizadacomoartistaepessoa.AartepotencializaarelaçãodeJosephinecomomundo,permitetambémtrazeràtonasuasfrustrações,direcionandosuasdoresparaoutroplanoembuscadealívio,naconstruçãodesímbolos,eprincipal-menteparasemanterviva.Josephinepintaparasobreviveràdoença,escapardosuicídioedelamesma.
Palavras-chave:Subjetividade;História;ProcessoCriativo.
As sobras das “Sobras”: o percurso criativo de Geraldo de Barros sob a ótica da crítica de processo
Maíra Vieira de Paula Universidade de São Paulo (USP)
Nosdoisúltimosanosdesuavida,comoauxíliodeumaassistente,GeraldodeBarrosreelaboroupoeticamenteumarquivofamiliardefotografiasenegativosquehaviamficadoesquecidosemcaixaspordécadas.Talprocessodecunhofortementeexperimentalresultouemdiferentestiposdecolagensbatizadasde“Sobras.Em1997,sessentaeseis[doconjuntototalde249colagensdenegativossobrevidroqueelerealizou]foramampliadas–emumatiragemdeoitoexemplares–porChristopheBran-dt,sobasupervisãodeBarros,nolaboratórioAtelierLaChambreClaire,naSuíça.OAcervoSescdeArteBrasileira,localizadoemSãoPaulo,possuiumconjuntocompletodetaistiragensvintage,quefoi doadopelafamíliadoartista.Maisrecentemente,oInstitutoMoreiraSalles,noRiodeJaneiro,adquiriu,
26 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
sobcomodato,as249colagensdenegativossobrevidro,juntamentecomassobrasdas“Sobras”–ou seja,contatosdosnegativosutilizadosnasérie,pedaçosdescartadosdessesmesmosnegativos,assimcomodemaismateriaisfotográficos,queseencontravamnascaixas.
Esteartigopropõeumainterpretaçãodetaisampliaçõesfotográficasempapeldegelatinaeprataapartirdasferramentasmetodológicaseconceituaisdacríticadeprocesso–desenvolvidaspelapes-quisadoraCecíliaAlmeidaSallesem“GestoInacabado:processodecriaçãoartística”(1998),“Redesdacriação:Construçãodaobradearte”(2006)e“Arquivosdecriação:arteecuradoria”(2010).Dessafor-ma, por meio do acionamento dos diferentes documentos de processo disponíveis nesses dois acervos, espera-selevantarinformaçõessobreoprocessocriativodeGeraldodeBarrosnãosãopassíveisdese-remdepreendidasapartirdameraobservaçãodasobrasentreguesaopúblico.Juntocomtalmaterial,obrasanteriores, registrosdeentrevistas,cartaseoutrosdocumentosdeprocessosserãoutilizadoscomofontespotenciaisdeinformaçõesquepermitamdesvelaracomplexaredededecisões,desvios,procedimentosediálogosrealizadosporGeraldodeBarrosnacriaçãoda“Sobras”.
Palavras-chave: GeraldodeBarros;Sobras;Fotografia;CríticadeProcesso.
HISTÓRIA DA ARTE
Intersecções entre Moda e Arte: Schiaparelli e Dalí
Aline Barbosa da Cruz PrudenteUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)
OpresentetrabalhoanalisaobrasemqueaestilistaElsaSchiaparellieoartistaSalvadorDalítraba-lharamemconjunto,inspiradospelaestéticasurrealista,aqualvalorizaosonho,aalucinaçãoeaaleato-riedade,ouseja,alivreexpressãodoinconsciente.Paraissofoifeitaumarevisãobibliográficadelivrossobreasexposiçõesmodernistas,osurrealismoesobreaobradaestilista.Destaformafoipossívelsabercomouminfluenciavaaobradooutro,alémdeentendercomoocontextogeraldaépocainspirouaes-tilistaapensarnovasformasdecriareapresentarseutrabalho.Assimcomoosartistassurrealistastrans-cenderamopapeleatelaemsuascriações,levandoseusconceitos,entreoutrascoisas,paraoobjetos,ocinema,ocorpoeamoda,Elsatrouxeparaamodaousodenovosmateriais,comotecidossintéticos,novascores,ozípereatéfoiaprimeiraestilistaaapresentarumacoleçãoinspiradaemumtema.
ArelaçãoentreSchiaparellieDalísedeuprincipalmentenoanode1938,noqualaconteceuaExposiçãoInternacionalSurrealistaeolançamentodaColeçãoCircusdaestilista.Estaexposiçãotam-bémmarcouumanovaformadeexpor,deixandodeladoumasalaneutraparaexposiçãodeobras,paratornaresseespaço“ideológico”.Entreessesespaços,destacamosaRuadosManequins,noqualsãoexpostos16manequinsfemininosadornadosporartistas.EntreestesestavaomanequimdeDalícomumapeçadeSchiaparelli.Nomesmoano,aestilistalançaumacoleçãocomduaspeçasfeitasemcolaboraçãocomoartista:oSkeleton Dress,comvolumesqueformamodesenhodeossos,eoTears Dress, com estampas de trompe d’oleilfazendocomoqueovestidoparecerasgado.Emtodasasobrasanalisadasvemosatransmutaçãonocorpo,característicacomumnomodernismo,segundoMORAES,porserumaépocamarcadapelohorrordaguerra.
Palavras-chave:Moda;Arte;Corpo;Surrealismo.
27III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Estudo comparativo entre as seguintes obras: O Teatro da Crueldade (1946), de Antonin Artaud, e O Triunfo da Morte (c. 1562), de Pieter Bruegel, o Velho
Caroline Pires TingUniversidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
PieterBruegel,oVelho (Breec.1525–1569Bruxelas)eAntoninArtaud (Marseille1896–1948Paris)sãodoisartistasafetadosporguerras:nocasodeBruegel,aguerradaRepúblicaUnidadosPa-ísesBaixoscontraaEspanha;nocasodeArtaud,aSegundaGuerraMundial.Atravessandotemposeterrenos,umdiálogoseoperaentreestesdoisartistas.Artistasestesqueserelacionam,ambos,comainsanidade–comojánotaraFoucault,emsuateseHistória da Loucura. Cada um, de maneira particular, convidaoespectadorareversuacompreensãododesvario;cadaumdistancia-sedastendênciasartís-ticasdesuaépoca,explorandometáforasbíblicasparacondenarmoralmenteseuscontemporâneos.
Apesardosquatroséculosqueosdistanciam,umarelaçãoíntimaentreostrabalhosdeBruegeleosdeArtaudseestabelece.Porvezes,estarelaçãoseexpressanosescritospessoaisdeArtaud,assimcomonassimilaridadesentreseudesenhocoloridoO Teatro da Crueldade(1946)eascomposiçõesdapinturadeBruegelO Triunfo da Morte (c.1562).Opropósitodestacomunicaçãoéodetraçarumestudocomparativodestasobrasafimdetornarexplícitasasanalogiasentreosquadros.
ComoAntoninArtaudbuscainspiraçãoemBruegel,bemcomonoutrospintores?Defato,Artaudsempreforainfluenciadoporoutrosartistas,tantoporseusprecedentes,quantoporseuscontempo-râneos.Apresentaremosaquiseusdesenhos,destacandoasreferênciasqueele,Artaud,apreendeetraduzemsuapráticaartísticapessoal–sejaelavisual,literáriaoucênica.
Naprimeiraparte,analisaremososprimeirostrabalhosdeArtaud,aindasobainfluênciadopintornorueguêsEdvardMunch.EstacomparaçãonosserviráparaaanálisedoprocessodeintertextualidadequeacompanhaaobradeArtaud,quandoesteobservaoutrospintores,algoqueseiniciaprecoce-menteemsuavida.Emseguida,notaremoscomoCharlesBaudelaire–poetaaoqualArtaudprestavagrandeadmiração–refere-seaPieterBruegel,oVelho.Finalmente,focaremosemdetalhesdoTriunfo da Morte,deBruegel,queinspiramArtaudnarealizaçãodeseusdesenhose,posteriormente,tambémna de suas teorias de teatro.
Palavras-chave:Intertextualidade;Iconografiareligiosa;Teatro;Pintura.
Os murais de Antonio Nardi na capela do Seminário Nossa Senhora de Lourdes em Eugenópolis (MG)
Dirceu Ferreira BarbutoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
AntonioMariaNardi(1897-1973)foipintoredecorador.ProcedentedaItália,estudounaAca-demiadeBelasArtesdaUniversidadedeBolonha,daqualfoiprofessor.Muda-separaoBrasilem1949apósuma importanteexposiçãode suasobrasnoMinistérioda EducaçãoeCulturadoRiodeJaneiro.Acompanhadodesuafamília,fixa-seemNiterói (RJ)eaquipermanecedurantequinzeanos, realizando inúmeros trabalhos artísticosem templos católicos, destacandopinturasmurais,retábulos,quadrosevitrais.Entresuasobras,destacam-seadecoraçãodaMatrizdeNossaSenhora
28 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
doPerpétuoSocorrodoGrajaú(RJ),doSantuáriodasAlmasemNiterói(RJ),daIgrejaParoquialdaSerraNegra(SP)edorefeitóriodoSeminárioSalesianodeBrasília(DF).Muralistacomtraçosneoclás-sicosecomaadoçãodasformasgeométricasessenciaisdomodernismobrasileiro,seus desenhosvalorizamvolumesedestacamocolorido.Em1957 realizanacapeladoSeminárioAssuncionistaNossaSenhoradeLourdes,nacidademineiradeEugenópolis(ZonadaMata),aobraDipinti Murali Madonna, Gesù e Santi,pinturaóleos/alvenaria,compostapordoispainéis:opaineldafrenteéde-nominado de Gesù e Santiemede7metrosdealturapor9metrosdelarguraeopaineldefundoédenominadodeMadonnaemede3metrosdealturapor5metrosdelargura.Nota-senareferidaobra, aspectos cubistase abstratosemmeioa recursosdapintura tradicional, criandoumpainelecléticocomfigurasgeométricaseformatridimensional.ApresenteComunicaçãotemporobjetivoapresentareanalisarosreferidosmurais,contribuindoparaaHistóriadoMuralismoSacronoBrasil.AComunicaçãopretendedemonstrartambémaimportânciaconferidaaNardicomomuralistasacroemoderno,seusignificadosimbólicoereligioso.Ametodologiautilizadaparaatingirnossosresulta-dosfoibaseadanaabordagemculturalistapropostaporRogerChartier,queentendeaculturacomosendosocialmenteconstruídaatravésdaescolhadedeterminadossímboloserepresentaçõesparaexplicaravisãodemundo,osvalores, a realidadedeumdeterminadopovosituadonoespaçoetempo.Utilizamostambémdetestemunhosorais.OsmuraisdeAntonioNardiforamrestauradosnoanode2013,trazendonovamenteasuacomposição.Apesardeextensa,aobradeNardicontinuaemgrandepartedesconhecidaemnossopaís.
Palavras-chave:artesacra;pinturamural;modernismo;históriacultural.
A moda das grotescas no brasil colonial e seus remanescentes em frontões de altar e fontes lavabos
Francislei Lima da SilvaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)
GiuseppePenone,noafãpor fazerdesuasobrasarquiteturaspossíveisapartirdesua imagi-naçãore-criadora,vêetocaanatureza,retirandodela:árvores,pedraserios,elementosnecessáriosparaconstruirsuasestruturasimprováveissustentadasporcoisasdeummundomaravilhoso.Comona “foglie di pietra”(2013),umaestruturadegalhossustentapesadoscapitéisdemármoredecoradoscomfolhasdeacantoamarradosaeles.Modelaresaparentementefrágeis,masquesesustentamcomoumaarquiteturapossível.
Suapoéticanospermiteacessarmuitasoutrasestruturas imagináriasdeorganismoshumanos,animaisevegetais,combinadosedispostoscaprichosamentesobrefrontõesdealtarousobreumafontecomoornamentoparasuasbicas.
Dessaforma,buscamosanalisarediscriminarumasériedeornamentosusadosparaadecoraçãodemobiliárionostemplosdoperíodocolonialnomundoluso-brasileiro.Sãoportas,painéis,armáriose,especialmente,frontõesdealtarparaencantaroolhardosfiéisnascelebraçõesfestivasaolongodoanolitúrgicoefontes-lavabosparaousoritualnasabluçõesdosacerdote.OslavabosforamdecoradoscomelementosfantasiososeoníricosaolongodetodooséculoXVIIIatéaprimeirametadedoséculoXIX,noperíodocolonial–figurasfantásticas,quesesustentamumasàsoutras.
Quandoasgrotescasre-aparecem,ummundodecoisasimpossíveisseuneàspossíveis.GiorgioVasari,porexemplo,jáadvertiaquantoàmodadarepresentaçãodeummundoàsavessasnadecora-
29III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
çãomuraldepaláciosnarenascença,considerando-alicenciosaeridícula,e,portanto,fantasiosaemdemasiado.Dessaforma,aquelesqueviamessascoisasfalsaserradamentesedeleitavam,nãoimpor-tandoseelasexistissemounão.Sendonessesentidoqueafonte-lavabotambémsetornaesseespaçodedeleite,porexcelência.Aolavarasmãos,aocumprirorito,portanto,relacionava-secomumespaçometamorfoseadopelapresençaestranhaecativantedeexemplaresremanescentesdeummundoma-ravilhosoaindaemplenoséculoXVIII,povoadoporcriaturasmonstruosas.
Nossointeressepelasformasgrotescasesereshíbridosnãosedácomoumregressoouretornofetichistaenostálgicoaousodeornamentosemotivosdecorativosdopassado,massimdeumaapro-ximaçãoeumacercamentoaalgunsdeles,natentativadecompreenderoquepodehaverdeprodutivoparaoestudodosremanescentesdegrotescasnomundoluso-brasileiro.
Palavras-chave:artecolonialluso-brasileira;grotescas;imagináriocolonial.
Boemia, ser ou não ser?
João Victor Rossetti BrancatoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Opresenteresumoapresentacomopropostaanalisaralgunsaspectosdaimagemdoartistabrasi-leironaPrimeiraRepública.PartindodateladeHeliosSeelinger,“Bohemia”,expostanoSalãodeBelasArtesde1903,equeatualmenteseencontranoacervodoMuseuNacionaldeBelasArtes,RJ,esta-beleceremosrelaçõescomoutrossuportes,fotográficosetextuais,afimdetentarcompreenderpor quaiscaminhospassavaa ideiadeserartistanessemomento.Abordaremos, sobretudo,ocontextocarioca,campofértildepossibilidadesejáamplamenteestudado,aexemplodahistoriadoraMonicaVellosoem“ModernismonoRiodeJaneiro:turunasequixotes”.
Estapesquisa,queempartevemsendodesenvolvidaduranteomestrado,buscacomplexificarahistoriografiasobreomodernonocampodahistóriadaarte,que,porumlado,elevouosartistaspaulistasdaSemanadeArteModernade1922àcondiçãodemitosdaartebrasileirae“verdadei-ros”portadoresdosignodomoderno.Poroutrolado,trabalhoscomoodeVelloso,quejábuscamdescontruiressavisão,atêm-seaumavisãodemodernidadecariocasemprerelacionadaaohumoreàboemia,oquenemsempreéverdade.Éocasodoartista,professorecríticodearteAdalbertoPintodeMattos(1888-1966),queatuandoemrevistasdoRiodeJaneirocomoO Malho, Para Todos e Illustração Brasileiraaolongodadécadade20construiuoutraimagemdeartista,conflituosaatémesmocomoidealde“artistaboêmio”.Dessaforma,suaproduçãoterádestaquenessetrabalho,mas relacionaremos tambémcomoutrosescritosdaépoca,comoasentrevistasdeJoãoAngyoneCosta,reunidasnolivro“Ainquietaçãodasabelhas”,de1927,assimcomoainfluênciaestrangeira,comHenryMürgereCharlesBaudelaire.
Outrostrabalhosquevêmdiscutindotaisquestõestambémserãodegranderelevânciaparaesse,comoodeCamilaDazzi,quesepreocupaempensaraimagemdeartistasmodernosnofinaldoséculoXIX,edeArthurValle,aoabrircaminhosparaaspossibilidadesdesedesenvolverosstudio studies no Brasil.Essapesquisaé,dealgumaforma,somentepossívelapartirdessesreferenciaisteóricos.
Palavras-chave:studiostudies;artebrasileira;AdalbertoMattos;modernidade.
30 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
MODA, CULTURA E SOCIEDADE
Revista ilustrada O Cruzeiro: análise das colunas Elegancia e Belleza e Graça, Saude e Belleza
Ana Paula Dessupoio ChavesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Apesquisavisaanalisarascolunas“EleganciaeBelleza”e“Graça,SaudeeBelleza”,ambasestãoinseridas na revista ilustrada O Cruzeiro.Orecorteseráde1928à1943,comfoconostextosquetra-zemocontextodapraia.Comtomdeaconselhamento,aseção“ElegânciaeBelleza”,assinadaporElzaMarzullo foivoltadaparaquestõesdehigiene,dicasdebelezaeprofilaxiadedoenças.Conselhosepadrõesdecondutatambémsãoveiculadosmostrandoasqualidadesdaboasociedade.Emconjunto,estesartifícioscontribuíamparaaconstituiçãodefeminilidadesemdiferentesestágiosdavidadasmu-lheres,sendoelasjovensouadultas. Alémdisso,traziatambémconselhosdebelezaparaamulher,quevariavamdedietaseexercíciosparatonificarocorpoaconselhosdemaquiagensevestimentas.Comoumaformadeinteração,arevistacolocavadentrodessacolunadúvidasdosleitores,chamadade“Cor-respondencia”,quealiáseraalgorecorrentenaimprensafeminina.Nestaseção,aleitoraganhaespaçoparasugestão,elogios,dúvidasereclamações.Issopossibilitavaainteração,reforçandoumarelaçãodeintimidadecomoveículo.Demodogeral,quemmaisenviavacartasparaoperiódicoeramasmulheres.Umdosassuntospresentesnascartaserajustamentesobrepraia,oquepodeserjustificadoporserumambientecadavezmaisvisitado.Alémdisso,afunçãodelazerdestelocaltinhasidohápoucotempoimplantadae,dessaforma,surgiamváriasdúvidaspelosbanhistasquequeriamseatualizaraosnovoshábitos.Assimcomonacoluna“EleganciaeBelleza”,naseção“Graça,SaudeeBelleza”tambémrecebiadúvidasenviadospelosleitores.EscritaporSylviaAccioly,elaensinavadiversasatividadesfísicasquepodiamserrealizadasprincipalmentenapraia. Nacoluna,aautora,queera“directoradoInstitutoFe-mininodeCulturaphysica”,respondiaàsleitorassobresolicitaçõesdepalavrasdeestímulosdedicadasàculturafísica.Osexofemininoeratratadoaindacomofrágilequeprecisavaseexercitarparaficarpróximodaforçadoshomens.Seguirosconselhoseraumamaneiradeelevaramoraldasmulhereseassimelaspoderiamservistapordentrodosideiasdaboasociedade.O Cruzeiro apresentava a ideia deuma“novamulher”,comcaracterísticasmodernaseatualizadascomastendências.Operiódicode-senhaumaimagemrelacionadaàsmudançasdeumpaísqueestavaabertoarecebernovasinfluênciaseasmulheresacompanhamessatendênciaatravésdosensinamentostrazidospelascolunas.
Palavras-chave: O Cruzeiro;moda;praia;comportamento;mulher.
Look do dia: uma análise da trajetória da blogueira Thassia Naves
Carolina Feitoza Doria CardosoUniversidade Federal Fluminense (UFF)
OtrabalhoseapresentacomopartedoprojetoemandamentonoMestradoemMídiaeCotidianodaUniversidadeFederalFluminenseevisacompreenderatrajetóriadablogueiraThassiaNaves.
Aplataforma,criadaemUberlândiaem2009,foradocircuitodesemanasdemoda,figuraentreos blogsmaislidosdopaísetemabrangêncianacionaleinternacional.Suaautoraéconvidadaparades-
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filesconcorridoseexercepublicidadeparamarcaspremiumedeluxo,especialmentenossetoresdemodaebeleza.
Em2013,oblogenvolveu-seempolêmicaaosernotificadopeloCONAR.Em2014,ablogueiracomemorouoseuaniversárioemumafestapatrocinadapormarcasbrasileiraseestrangeiras.Osdiasqueantecederamacomemoraçãoeafestaemsirenderamextensomaterialescritoeaudiovisualpu-blicadosnoblog.Em2016,ThassiaNavescobriuoFestivaldeCannesaconvitedaRevistaGlamour.
Estesrelatosilustramaimportânciadesteblognaindústriadamoda,bemcomoparaosmilharesdese-guidores.Sendoassim,oobjetivodestetrabalhoécompreendercomoajovemsemenvolvimentocomprofis-sionais,marcasoumeiosdecomunicaçãodemodaconstruiusuafiguracomoumíconeformadordeopinião.
Trabalha-secomahipótesedequeablogueirapercorreuumcaminhodeexigênciassociaisnamedidaemquecompreendeuosatributosnecessáriosparasualegitimaçãocomoumapersonalidadeimportante.
Realiza-se um trabalho descritivo-comparativo desta trajetória abordando linguagem verbal eimagéticaemtrêsmomentos:oprimeiroanodeexistênciadoblog,em2009;oano2012,quandopercebe-seumapreocupaçãocomaprofissionalizaçãodafiguradablogueiraenquantoprofissão;eoanoatual,2016.Alémdisso,utilizam-seferramentasdeavaliaçãodealcancedoscanaisdablogueiraepublicaçõesrelacionadasaestilodevidaemoda.
Aquestãoéabordadaapartirdetrêspilares:opapeldoconsumonasociedadecontemporânea,opapeldastendênciasnaatualidadeearelaçãodestescomacomunicação.Paraisto,utilizam-sefontesdaAntropologia,comoMarcelMausseMaryDouglas;daSociologia,comoLipovetskieNorbertElias; edaComunicação,comoMartin-BarberoePierreLevy.
Palavras-chave:Cotidiano;mídia;construçãodaidentidade;blog;ThassiaNaves.
Moda na Terceira Idade – Ações Sustentáveis
Consuelo Salvaterra MagalhãesUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Otrabalhoaquipropostotrata-sedeumafaseposterioràpesquisarealizadacomogrupodaTer-ceiraIdadedeSeropédica/RJsobotítulo:Moda na Terceira Idade – uma visão sustentável.Apesquisaabordouaimportânciadamodanaterceiraidadenumavisãosustentávelnaqualforamtrabalhadososconceitosdeconsumoesustentabilidadeemdiferentesesferas,mascomfoconamodadovestuáriopessoal.Existeatualmenteumcomportamentodeconsumoquegera,namaioriadasvezes,odescarteprecoce de peças do vestuário tornando-se responsável pelo desperdício, comprometendo o meio am-bienteeestimulandoacompranãoplanejada.Nosdiasdehoje,adinâmicadamodatendeapropiciarodescarteprecocedeitensdevestuários,acessóriosetc.Afrequênciadelançamentosdenovascoleções,asreleiturasdetendências,entreoutrasações,levamitenspoucousadosaodescarte.Oestabelecimen-todeumcicloprecocededescartetem-setornadoumaquestãoecológicaaserconsiderada,demaneiraquearepaginaçãoartesanaldeitensparanovosusosdeixadeterumcaráterestritamentedeescolhapessoalepassaatercertafunçãosustentável.Assimsendo,oprojetodeextensãoModa na Terceira Idade: ações sustentáveisorigináriodoprojetodepesquisaacimacitadoobjetivouprocedercomopartepráticadosconceitosdesustentabilidadetrabalhadosnareferidapesquisa.Este trabalhotevecomo objetivogeralformar multiplicadores de ações sustentáveis atinentes à moda do vestuário e seus acessó-rios, moda casa e decoração do lar.Oprojetoconstituiu-sepor2cursoscom10oficinas,quaissejam:Quando customizar é repaginar,5oficinaseEstampando com sucatas e vegetais,5oficinas.Cadauma
32 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
dessasoficinasteveaduraçãode4horaseforamoferecidassemanalmente.Apartirdasprimeirasofici-nasjáfoipossívelperceberresultadospositivospostoque,umaparticipantedogrupoinformoujáhaverrecebidoencomendadeumdosprodutosaprendidosapartirdeoficinasdesteprojeto,assimcomodeprojetosanterioresoferecidospelaÁreadeVestuárioeTêxteisdoDepartamentodeEconomiaDomés-ticaeHotelaria,alémdaelevaçãodaautoestimaesatisfaçãodosparticipantescomaoportunidadeepossibilidadedevislumbrarnovoshorizontescomseutrabalhoartesanal.Osparticipantesdoprojetodeextensãoforamtodososqueresponderamnossoinstrumentodeinvestigação,porocasiãodapesquisa.Naquelemomentonospropusemosaofereceroficinasparatodososrespondentes.
Palavras-chave: Sustentabilidade;Idoso;Customização.
A moda das butiques de Ipanema: uma metamorfose nos trajes dos anos de 1960 e 1970
Isis Sena SilvaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Duranteasdécadasde1950e1960, foipossívelobservar,deformageral,naEuropa,EstadosUnidos,mastambémnoBrasil,melhoriasnasituaçãoeconômicaeumsignificativoavançoindustrial.Cenárioestequepossibilitouàscamadasmédiasdasociedadeoacessoabensdeconsumoqueante-riormentemostravam-seexclusivosdasclassesmaisaltas.Essastransformaçõeseconômicasetambémculturais tiveramconsequências importantesna culturaenoestilodevidadessaselites.Assim,osmoldesclássicosdamodavistosemboapartedoséculoXXpassaramaseramplamentecontestadospor jovenscostureiros.AcidadedoRiodeJaneiroseguiuessepadrão internacionalatéosanosde1950,ondemodadestacava-secomoumaocupaçãodosateliêsemesmoassenhorasdeclassemédia possuíamalgumvestidoparisiense.Percebe-seassimqueoestiloclássicoquedominouamaiorpartedoséculoXXaindaditavaasregras.NoBrasil,mulheresdeduasgeraçõesdividiramambososestilos,oque,decertaforma,propiciaramaexpansãodamoda.Durantemuitotempoessemercadoesteveligadoaomodelodaalta-costuraeàelitesocioeconômica,masapartirdosanosde1960,umamudan-çaradicalnamodaseapresentou:esseuniversopassouagiraremtornodajuventude.Diantedessecenárioamodaassumiunovoscontornos,ligando-seaosfatosmaisrelevantesdomundo.Apublici-dadetambémteveumpapelessencialnessemomento,abrindoespaçoparaamodaemperiódicosedestacandotambémasvitrinesdepequenaslojascheiasdecharme,asbutiques.
Palavras-chave:Butiques;Ipanema;1960;1970.
Desenhos de figurinos de Alexandra Exter para Romeu e Julieta
Priscyla Kelly Vieira AbreuUniversidade Federal de Uberlândia (UFU)
AbordaremososdesenhosdefigurinosdaartistarussaAlexandraExterparaapeçaRomeu e Julie-ta, dirigidaporAlexanderTairov,em1921.Pretende-semostrarqueostrajescriadosporExterrevelamtantoasobrevivênciadecaracterísticasconservadorasemsuamodelagemquantoousoinovadorde
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formasecoresvanguardistas.Alémdisso,apontaremosareincidênciadeoutroselementosvisuaisquefazemalusãoaoamoremperdição,comoasespiraiseasformasemredemoinho,asugeriraanteci-paçãoaodesenlacetrágicodahistória.ApropostaéapresentaranálisescomparativasdosdesenhosdeExtereimagenscomabordagemtemáticasemelhante,principalmentedepersonagensfemininos.
Entreoutrosassuntos,observaremosquetradicionalismodostrajesdesenhadosporExteréate-nuadopelotoquedevanguardadaartista,ascoresenérgicaseageometriadasformas.ParaJulieta,Exterdesenhouumfigurinodistintodasdemaisrepresentações.Aposedapersonagemsugereummo-vimentodedançae,aocontráriodeoutrosfigurinosfemininosprojetadospelaartista,asaiadovestidodeJulietaécurtaeasmangassãoajustadasaosbraços,amostraraspernaseosombros,excepcionalàsrepresentaçõesrecorrentesdapersonagem.
Pormeiodeanálises iconográficas,apontaremosqueosdesenhosdeExtercontêmelementoscomumenterepresentadosnasfigurasdospersonagens,areforçaroquãomarcanteéaimagemque seconstruiudestes.Aomesmotempo,observaremosque,mesmocomtantoselementostradicionais,osdesenhospossuemcaráterforteemarcante.Asformasrítmicaseavivacidadedascoresdasvesti-mentasconferemaospersonagenscertadistinção,principalmentenodesenhodapersonagemprin-cipal,quedestemidaemsuapose,afrontacomseugestodançanteoutrasrepresentaçõesdeJulietaslamuriosas ou em sono profundo.
Palavras-chave:Arte;Roupa;Vanguarda.
O FEMININO NA MODA
Wearing Their National Costumes... Traje Nacional: Latinidade e Beleza no Miss Universo
Andrés Leonardo Caballero PizaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Desde1952oconcursodoMissUniverso temsido realizadoemdiferentespaísesdomundo,principalmentenosEstadosUnidos,sendounsdosconcursos internacionaisdebelezamais impor-tantesetradicionaisdoglobo.Noconcursoparticipamcandidatasdemaisde80paíseseterritóriosindependentes,sendoessasmulheres“embaixadorasdabeleza”desuasnações.Diferenteselementosvisuaisesimbólicosacabamconstruindorepresentaçõesdoslugaresqueestasmulheresrepresentam,surgindoaperguntadecomonoconcursodebeleza,nestecasooMissUniverso,emprega-seafigurafemininacomomeioderepresentaçãodesímbolosnacionaisparaacriaçãoeinvençãodeidentidades,ondeanualmenteseelegeumaMissUniversoquerepresentaráabelezadeseulugardeorigem,ser-vindo este como plataforma para avançar em suas carreiras como atrizes, apresentadoras ou modelos. Trata-sedaapresentaçãodeumprojetodepesquisaqueprocuraentendercomodesdeesteeventoseconsegueavisibilidadedeumterritóriopormeiodeelementosprópriosdoconcursocomoousodeumafaixacomonomedanaçãoquerepresentaamiss,assimcomoodesfiledotrajenacionalqueasuavezexpõeasriquezas,culturasetradiçõesdoterritóriorepresentado.Poroutroladotambéméimportanteanalisaroperfildasmisses,paraistoserãoanalisadasasentrevistas,perguntaserespostasquesão feitasàsmissesparaassimcompreenderqualéo tipodepersonalidadequeestãoprocu-randoestemodelodemulher,oqualtambémestáligadoaquestõesde“honra”e“moral”damulher
34 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
contemporâneadecadacertâmenequepodemrepresentarànaçãoeexpressarseupapelnasocie-dade.Finalmente,tambémserãoanalisadasalgumasfotografiasdosúltimosconcursosquedealgumamaneirapadronizameobjetificamamulher-missemrelaçãoaoconsumodaimagemfemininaesuascaracterísticasfisiológicas.
Palavras-chave:Concursodebeleza;missuniverso;mulher;identidade;trajenacional.
A imagem como texto: as fotografias de Eliane Lage como reforço para seu padrão de comportamento
Gabriela Soares CabralUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
ACompanhiaCinematográficaVeraCruz(1949-1954)tentoutrazerparaoBrasilumapropos-tadecinemaemescalaindustrialseguindoosmoldesdojáconsolidadocinemanorte-americano. Nesteperíodo,Hollywoodesuacinematografiadominavamomercado internacionalbaseando-sestar system,basedaestruturabem-sucedidadeseumododeproduçãoedifusão.Estesistemarepro-duzosgrandesatoreseatrizescomooprincipalprodutoparaavendadosfilmes,transformando-os,assim,emgrandesastrosfabricadoscomoprodutosaseremconsumidospelosespectadores.Por-tanto,paraexecutarestaambição,aVeraCruzbuscouimplantarumsistemadedivulgaçãobaseadonesteestrelismohollywoodiano,difundindoatravésdemateriaisefotografiasparaaimprensaespe-cializadarealizadaporseuDepartamentodeImprensa,estrelasparaumpúblicojáacostumadocomos ícones do cinema internacional.
Nestecontexto,aimprensacumpriuumpapelmediadorentreainfluênciacinematográficaeseusespectadores,atravésdeimpressosespecializadosemcinema,tambémconhecidoscomorevistasdefãs.Marcadospelocultoàsestrelas,estaspublicaçõestraziamentrevistas,reportagens,fofocas e foto-grafiassobreseusastroseosbastidoresdesuasproduções,comoformadefortaleceradifusãomodode vida norte-americano. Alémdisso,estesveículos foram responsáveispordisseminarpadrõesdeaparênciaecondutafemininos,construídospelosestúdios,parasuasleitoras.
NestesistemaestrelarnacionalpropostopelaVeraCruz,algunsnomessedestacaram,dentreelesElianeLage(1928-),lançadapeloestúdiocomoprincipalrostodeseuelencofeminino.Assim,confor-meapresentadoporMaciel(2008),aatriztevesuaimagemcultivadapararepresentarumamulhersim-plesedespojada,marcadapelopapeldeesposaemãezelosa.Alémdisso,apresentavaumaposturadedesinteressepelopostodefigurapública,negandosuavocaçãodeatriz.Portanto, este artigo pretende entender,atravésdaanálisedefotografiasdeElianeLagepublicadaspelarevistaA Scena Muda, como asrevistasdefãseoDepartamentodeImprensadaVeraCruzutilizavamimagensparareforçarestepapelrepresentadopelaatriz.Paraarealizaçãodoexamedestasfotos,seráutilizadoométodohistóri-co-semióticosugeridoporAnaMariaMauad(2005).
Palavras-chave:Estrelismo;feminilidade;ElianeLage.
35III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Vestuário e feminismo: a roupa como resistência na luta pela igualdade de direitos
Laise Lutz Condé de CastroUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Opresentetrabalhobuscainvestigar,aindaqueemfaseinicial,comosesucederamasmudançasnosideaisdosmovimentosfeministasedequeformaovestuárioeocomportamentodasmulheresrefletemessas transformações.Serádadaênfasenocenáriobrasileirocompreendidoentreosanos1960,quandoseiniciouachamada“SegundaOnda”domovimentofeministaatéomomentocontem-porâneo,ondeseráassimdenominadocomouma“TerceiraOnda”aindarecenteepoucoinvestigada.
O feminismo está em voga atualmente e se tornou assunto presente em rodas de conversas informais, nosmeiosdecomunicaçãoeatémesmonaspautaspolíticas.Oquejáeraconsideradoestagnadoeatémesmo“enterrado”poralgunsestudiosos,“ressurge”comnovosdiscursosevertentes.Éimportanteres-saltarqueofeminismoageemondasequesegundoMichellePerrot(1972),possuiintervalos,pontuaemdeterminadosperíodos,éinstávelepossuiproblemáticasinconstantes.Aocontráriodeoutrosmovimentoscontemporâneos,ofeminismonãosebaseiaemorganizaçõesestáveiscapazesdecapitalizá-lonemempartidospolíticos,apesardealgumastentativasfrustradas,apoiando-seempersonalidades,associaçõesmaisfrágeisegrupos/coletivosefêmeros.Apartirdessapremissa,podemosconsiderarqueomovimentoressurgiuemumanovaondacontemporâneacomnovasproblemáticasdistintasdasprimeirasquejáforamobjetodediscussãonomeioacadêmico,comonoséculoXIXeiníciodoXXenosanos1960/70.
Deve-seobservartambémqueovestuáriosemprefoipautaconstantenosdebatestantoatuais,quantopassadosdomovimento,devidoàimportânciadeseupapelnaconstruçãosocialdaidentida-de,sendoassim,alvodecríticaspelasfeministasdevidoàsdiversasrestriçõeseimposiçãodepadrõesaosquaisamulherésubmetidaparaaaceitaçãosocial.Destaforma,omovimentofeministasemprebuscoumaneirasdeutilizarovestuáriocomoformaderesistêncianão-verbal,criandonovaspossibili-dadesdetrajes,adaptandooutrosepropagandoseusideaisdelutaatravésdasroupas.
Palavras-chave:Feminismo;vestuáriofeminista;resistêncianão-verbal.
A moda feminina nas leis suntuárias de Valladolid do século XIV
Thaiana Gomes VieiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
OpresentetrabalhoéelaboradosobaorientaçãodaProfessoraMariaClaudiaBonadio,daUni-versidadeFederaldeJuizdeFora.Otrabalhorefere-seaumadasetapasdasreflexõesdaminhapes-quisaindividual,comafinalidadederedigiradissertaçãodomestradoemArtes,culturaelinguagens,nalinhadepesquisa“ModaeArte:HistóriaeCultura”.Oobjetivonãoérealizarumadescriçãolinearsobreahistóriadamoda,maspensaramodacomoobjetorepresentativodahistória,poissearticulaadiversos fenômenos sociais.
NessacomunicaçãovamostratardamodafemininanaBaixaIdadeMédia,especificamentedoséculoXIV,momentoemque consideramoso surgimentodamoda, emValladolid.Opropósito épensarautilizaçãodepeçasdemodacomoexpressãodacondiçãosocial,econômicaepolíticadossujeitosinseridosnessaregião.
36 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Osdocumentosqueanalisaremosnãosãoasindumentáriasemsi,masleisquepretendemman-teros consumosadequadosàshierarquiasda sociedade, impedindoouminimizandoamobilidadesocial,oupelomenos,avisibilidadedessamobilidade.Emresumo,buscamosverificarcomoas leiscontrolamasvestimentas,sejamdascamadasascendentes,dosgrupossociaismarginalizados(comoporexemplo,judeus,mourosouprostitutas),asrestriçõesdosadornos,coresetecidos,eanalisarpor-queeramestabelecidas.
Paraisso,pesquisamosasAtasdascortesdeValladolidde1351e1385.Analisamosoquealeioutorgaeporqueamesmaforacriada.Para indagaras leisutilizamosaanáliseretórica,emquesedestaca afigura retóricautilizadanos textoseé adequadopara textos jurídicos. Para investigar as circunstânciasdeproduçãodo texto,oemissoreque lugarsocialepolíticoeleocupa,a regiãode criação,ascondiçõeseconômicasdeelaboraçãodasfontes,aaçãodeeditoresnasmesmas,entreou-tros,utilizamosaanálisedahistoriografiasobreotema.
Asconclusõesestãoabertas,masasreflexõesapontamparaconsequênciaseconômicasesociaisapartirdaelaboraçãodasleis. IndicamValladolidcomoregiãoexpressivanocontextodaPenínsulaIbéricanessemomentoecomumacamadaaltasignificativaepreocupadacomossujeitosqueestãoascendendosocialmente.Alémdeumainquietaçãocomaaparênciafeminina.
Palavras-chave:Leissuntuárias;Moda;IdadeMédia;Valladolid;PenínsulaIbérica.
TEORIA, ESTéTICA E CRÍTICA
A questão da reprodutibilidade técnica na produção artística de Andy Warhol
Cecília Samel Côrtes FernandesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
WalterBenjamindesenvolveusua teoriasobreaperdadaauradaobradearteem1935, teo-ria querefleteamudançadarelaçãodoespectadorcomaobradearte.Comoadventodafotografia,areproduçãodeobrasdeartesetornoumuitomaisfácil,oquegerouadifusãodeobrasatéentãoinacessíveisaograndepúblico.Entretanto,essefatotomaumaspectonegativonotextodeBenjamin,queafirmaqueasobrasoriginaisacabaramsendodesconsideradas,havendoumapriorizaçãodare-produçãofotográfica.Issoresultadaperdadaauradessasobrasoriginaisedabanalizaçãodousodafotografia.SegundoBenjamin,afotografiatinhaumgrandepotencialartístico,contudoelefoiperdidodevidoàautomaçãodoseuusoeprocesso.AndyWarhol,umadasprincipaisfigurasdapopart,preten-diaaproximaraculturademassascomaculturaeruditatrazendoimagensdoseucotidianoparasuasobras.Em1962,oartistacomeçouausarométododeserigrafia,queéummétododeimpressãoquepermiteumareproduçãofácileprecisadeimagensefotografias.Atécnicaauxiliouaexpressarmelhorareproduçãoemmassadasfábricas,assimcomoosprodutosesimulacrosdaculturadeconsumoqueWarholretratava,comoaslatasdesopaCampbelleacélebresériedeimagensdeMarilynMonroe.Comessesconceitoseinformaçõesemmente,épossívelfazerumaleituradeWarholapartirdaperspectivadeBenjamin.Devidoaocaráterpessimistadofilósofoemrelaçãoàeradareprodutibilidadetécnica,épossívelpensarnousodaserigrafiacomooápicedaperdadaaura.Omotivoparaissoéousoemmas-saebanalizadodareproduçãodeimagenseaintegraçãopraticamentecompletadosmeiosindustriais
37III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
àarte.Contudo,restamasquestões:eseaserigrafiafosseencaradacomoumaexpressãodopotencialartísticodafotografia?Nãoseriatalvezumatentativadecríticaveladaàculturadeconsumoutilizandoseusprópriosmeios,mesmocomaatitudesuperficialedistantedeWarhol?Seriatodaapersona artís-tica warholianaeseuprocessocriativoummeiodecriticarasuperficialidadedasociedade?
Palavras-chave:Reprodutibilidadetécnica;Serigrafia;AndyWarhol;WalterBenjamin.
A crise do design e da cidade no pensamento de Argan
Edmárcia Alves de AndradeUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Opresenteartigotratadasanálisesqueohistoriadordearteitaliano,GiulioCarloArgan,elaborouarespeitodacrisedodesign,dacrisedacidadeedacrisedaartecomociênciaeuropeia.Arganapre-sentaumasériedeconsideraçõessobreasociedadeocidentalqueseestruturouapartirdopodereco-nômico,fundamentadonolucro,semterhavidoumprojetodedesenvolvimentodemocrático,oqualoautordenominadesign. Arganfaz,também,umaanálisedascidadesenquantoobjetopensadopelosujeitoeidentificaacrisedacidadeàausênciadaapresentaçãodeummodelorevolucionárioàquelevigente,tratando-acomoumdosfenômenosmaisperigososdomundo.Esteartigomostraasreflexõesdoautorsobreaspectosdasociedadequeforamconstruídosapartirdavisãocapitalistaeprocuraes-tabelecerrelaçõesentreaanálisecríticadeArgansobretaisquestõeseoscaminhosqueoelepróprioapontaparaasoluçãodascrisesabordadas.Algunsconceitos,ressignificadosporArgan,tornaram-seabaseparasuaanálisecríticasobreacrisedodesign.Estesconceitosaparecemcomomecanismosparaacompreensãodopensamentodoautor.OpróprioconceitodedesigndeveserentendidosobaóticadeArgan,queoevocacomoformadeprojetaraexistência,tendocomoobjetivoobem-estarcoletivo.Oautornãofazreferênciaaodesenhoindustrial,masaodesignentendidocomoaconstruçãodaculturaocidental.Arganelaboratambémumaprofundaanálisesobreascidades.Seuolharsobre odesenvolvimentodestasécomoumprocessodecriação.Oautorcolocaacidadecorrespondente aoobjetoeasociedadecorrelataaosujeito.Destemodo,acidadeéumagrandeobradearte.Aevo-luçãodascidadespodeserconsideradacomopartedoprocessodecriaçãonodesenvolvimentodaprópriahistóriadaarte.OquesepercebeéopensamentoatualdeArgansobreváriosaspectos,aoaplicá-loshoje,noséculoXXI,eapreocupaçãodoautoremencontrarsoluçõesurgentesparaatrans-formaçãodasociedade,atravésdeumprojetodaexistência,chamadoporelededesign.
Palavras-chave: Argan;Design;Crise.
A arte da Memória e as Máquinas para Pensar (Projeto financiado FAPEMIG)
Maria do Céu Diel de OliveiraUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Hojeemdia,criatividadeeinvenção,senãosãosinônimos,sãoconceitosbemparecidos.Paracriar ou simplesmente pensar, os seres humanos ativam um instrumento mental, uma máquina. Mnemosinenãoésóamãedetodasasmusasmastambémafábricadetodasasidéiasepensamentos
38 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
sobrememóriaeinvenção.ÉconhecidaadivisãoclássicadaRetóricaemcincopartes:Inventio, Disposi-tio, Elocutio, Memoria e Actio.Porém,noAdHereniumexisteumapremissaondeoorador,figurandoumacasaconhecida,vaicolocandoemquartosevãosasimagensqueprecisalembrar.Assim,natradiçãomanualisticamedievalainvençãoprecedeamemória.Comosucedemuitasvezescomamanualistica,acompreensãodeumadisciplinadomanualnãose espelhanocotidiano.Muitaspráticascaiamnestacontradição.AartedaMemória,paraumorador,nãoconsistiaemusarumsistemapararepetiratéoultimodetalheumdiscursoconstruídoantecipadamente. Estaeraavantagemdesecultivaramemóriaartificial.Hojeemdia, criatividadee invenção, senãosãosinônimos, sãoconceitosbemparecidos.Paracriarousimplesmentepensar,ossereshumanosativamuminstrumentomental,umamáquina. Mnemosinenãoésóamãedetodasasmusasmastambémafábricadetodasasideiasepensamentossobrememóriaeinvenção.ÉconhecidaadivisãoclássicadaRetóricaemcincopartes:Inventio, Disposi-tio, Elocutio, Memoria e Actio.Porém,noAdHereniumexisteumapremissaondeoorador,figurandoumacasaconhecida,vaicolocandoemquartosevãosasimagensqueprecisalembrar. Portanto,ficaclaroqueaartedamemóriadaqualseserviaooradornãoeradefatofundamentadanarecitaçãoenarepe-tiçãoesimnaartedainvenção,umaartequecolocavaapessoaamover-secomcompetêncianaarenadedebates:responderasinterrupçõeseperguntasedesenvolverasidéiasquechegavamnaqueleins-tantesemperderumfiodentrodoesquemadodiscurso. Estaeraavantagemdesecultivaramemóriaartificial.TodosaquelesquequeseocupamemestudaramemóriaartificialtêmgrandedébitocomFrancesYeats.Semnegaraforçadestapesquisa,Carruthersexplicitaque:“Yeats era convicta que a força desta Arte era somente uma pratica que permitira a repetição, deixando assim a arte da Memória estática e privada de movimento”. Destaforma,outramaneiradecompreenderamemóriaéentendê-lacomoumaartecompositiva.Portanto,netapesquisa,buscorelacionarainvenção,amemóriaeasmáquinaspara pensar na contemporaneidade.
Palavras-chave: Memória;Arte;PedagogiaVisual.
Abstracionismo Informal em São Paulo: a obra de Zita Viana de Barros
Mariana Duarte Garcia de LacerdaUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
PesquisatendocomoobjetooestudoasmanifestaçõesdaabstraçãoinformalemSãoPauloeasdiscussõesnaarteabstrata,apartirdaproduçãodeZitaVianadeBarros,realizadaentre1960e1970,com a identificação, catalogação e análise dos trabalhos produzidos e contextualização das obrasfrenteaocenárioartísticonacional.ConsideraçãosobreoentendimentodotrabalhodeZitaVianade BarroscomoAbstracionistaInformal.
ApesquisalevouaumaretrospectivadaHistóriadaArteBrasileiranosanos50e60,repensandosuascategoriasdevidoàtípicaindependênciabrasileira,especialmentepormeiodoquestionamentoaoabstracionismo,apartirdeumpontodevistadiferentedaquelededefesadaarteabstrataconstru-tiva,quetemsidoatônicadacríticadearteeestudodehistórianoBrasil.
Ainterpretaçãoimagéticadasobrasrelacionadasnessetrabalho,foramrealizadastendoemmenteoarcabouçofilosóficoemetodológicodesenhadoporCharlesPeirce,noqualaestéticaforneceasbasesparaaética,que,porsuavez,forneceasbasesparaasemiótica,numarelaçãodedependênciaevolutiva.
Apartirdainterpretaçãodasobrasestudadasedainterpretaçãosemióticadahistória,traçamosumentendimentodoAbstracionismoInformalcomoresultadodacombinaçãododiscursoindiretoda
39III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
filosofiaZencomaliberdadeocidental.Apartirdestamistura,teriasido,então,instituídaanoçãodeumaconsciêncianaintuiçãoenasensibilidadedentrodaperspectivaocidentalque,antes,dividiatudoentreracionalidadeeinconsciente.Abstracionismosurge,então,comojunçãodemodelosdistintoseconstruçãodeumidealnovoqueunisseracionaleemocional,gestoeestrutura.
Revisãodacríticadaépocaeposteriorquefazinterpretaçãoafetadapeloquadropolítico-social,desvinculadodaproblematizaçãoartísticarealizadanoperíodo.Propostadenovaleituradesafetadadasquestõesexternasàarte,típicasdomodelodaGuerra-Friavigentenoperíodo.
Palavras-chave: ArteBrasileira;AbstracionismoInformal;Gravura;ZitaVianadeBarros.
Monalisas: Debate acerca da transformação de La Gioconda em ícone pop
Steffany Christine Duarte BertoldiUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
OobjetivodotrabalhoéapresentarumanarrativaenquantoprocessonaconstruçãodomitodaobradoquadroMona Lisa.Narrativaestaqueexpõefatosrecônditossobresuatrajetóriaqueculminounomitomundialmentereconhecido, reproduzidoeprincipalmentereconfiguradoaosmoldesatuaisdasociedade.Apropostaébuscarconjunturascorrelacionadasquefavoreceramessaperpetuaçãodaimagemnãoseabstendoadebatervaloresligadosàaspectosartísticos,masprincipalmentenoreco-nhecimentoglobaldaobracomoummitosemperderseucaráterauráticoaindaquereproduzidanocontextodasociedadecontemporânea.
Mona LisaéumaobraartepintadaemmadeiradeálamopelomestreitalianoLeonardodaVinci,quepostoainvestigações,suscitadiversosmistériosqueaconfiguramcomotal.Quadroeste,prova-velmenteéoretratomaisfamosodahistóriadaarteedevalorincalculável.
OmitodafiguradaMonaLisasobrepujaoquadroemsi.Elesedesenvolvenaconstruçãodesuatrajetóriadeformaqueoquadroderivadocontextoartísticoparaumajustamentodecunhosocial,quecorrompecomdiversospadrõesartísticos,incluindoprotocolosdeaproximaçãodaobra.
Paraalémdaobra,MonaLisaéumíconedaculturapop,reverberadapelaprojeçãodamídiaaoserfenomenalmentereproduzida.SuacargasimbólicatransbordaoMuseudoLouvre,subvertendoalógicaexclusivistadomundodasartesepermeiaváriascamadassociais,inclusiveasmaispopulares.AobradeDaVincinãoéapenasumquadrofamosoemummuseu,maspersonagemdefilmes,músicas,cartões-postais, objetosdecorativos, souveniresetc.Aobraqueadquiriuumaautonomiaenquantodetentora do apogeu da alta cultura no campo das artes, atingiu um status quo ao ser inserida nos pa-tamares da cultura de massa.
Ao longodo trabalhocoubeanósquestionarsobreaveracidadedas informaçõesquese temsobreaobra.Asafirmaçõesqueretratamosestãosemprepassíveisànovasdescobertas,postoquesetratadeespeculaçõesquesomenteopróprioautorpoderiaesclareceranós.Aobranãoédatadanemassinada,contribuindoaindamaisparaasuasimbologiamisteriosaeenigmática.
Palavras-chave: MonaLisa;arte;ícone;reprodução.
40 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
CINEMA E A AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADES E qUESTõES DE GÊNERO
Konãgxeka: a produção de um filme de animação indígena em Minas Gerais
Charles Antônio de Paula BicalhoUniversidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
RelatosobreagêneseeoprocessodeproduçãodofilmedeanimaçãoKonãgxeka: o Dilúvio Ma-xakali,comênfaseemaspectosdoproductiondesignoudireçãodearte,bemcomodesigngráfico.RealizadopelaprodutoraPajéFilmes,sobosauspíciosdasétimaediçãodoProgramadeEstímuloaoAudiovisual–FilmeemMinas,Konãgxeka seutilizadetécnicasdeanimaçãoderecorteemimagensbidimensionaisproduzidaspelosíndiosMaxakalideAldeiaVerde,nomunicípiodeLadainhaemMinasGerais,paracontaraversãodestepovodahistóriatradicionaldodilúvio.Universal,anarrativadodilú-vioapresentainúmerasversões,deacordocomopovoquearepresenta.
FaladoemlínguaMaxakali,ofilmeprimapelacoerênciaemsuavisualidade,baseadanostraços,nascoreseemoutrasreferênciasculturaisMaxakali,preservadasgraçasàproduçãoautenticamenteindígena,devidoàpresençadeartistasilustradores,cantores,escritores,tradutoresecineastasgenui-namenteindígenasnaequipedeprodução.SãodestacadosaspectosdadireçãodeartedofilmequesebaseiamnanoçãodedesignetnográficoouetnodesignenospressupostosdadosporautorastaiscomoLudmilaAyresMachadoeVeraHamburger.
FaladoemlínguaMaxakali,Konãgxeka éumarealizaçãodaprodutoraPajéFilmes,fundadaemBeloHorizonteem2008,comointuitodefomentaraproduçãodefilmesindígenas.Ouseja,filmescomaparticipaçãodemembrosdecomunidadesindígenasemfunçõescentraisdarealizaçãoaudiovisual,comodireçãoeprodução,ouqueseinspirememaspectosdarealidadeedaculturaindígenas.
KonãgxekatemnadireçãoocineastaindígenaIsaelMaxakali,queémembro-fundadordaPajéFilmes,eéocineastaindígenamineiromaisprolífico,tendomaisdevintefilmesdesuaautoria,sejamproduzidospelaPajéFilmes,sejamdeinciativasdeoutrasfontesprodutoras.OsíndiosMaxakalifa-lamsualínguaancestralchamadaigualmentedeMaxakali.Konãgxeka é como eles designam o dilúvio em sua língua. Konãg querdizer“água”.Xeka querdizer“grande”.Omarouoceanoétambémdesigna-do de konãgxeka pelosMaxakali.Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali é, portanto, o nome dado ao filme de curta-metragemdeanimaçãoparacontar,demodoaudiovisual,aversãoMaxakalidomitododilúvio.
Palavras-chave:Filme;Animação;Produção;Design;Indígena.
RESUMOS EIxO TEMÁTICOCINEMAEAUDIOVISUAL
41III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
As representações diegéticas do sujeito feminino em A garota dinamarquesa
Sumaya Machado Lima Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
EsteartigoanalisaanarrativacinematográficadeA garota dinamarquesa (The danish girl, 2015) dirigidoporTomHooper,baseadonolivrohomônimodeDavidEbershoff(EditoraRocco,368pgs),ins-pirado,porsuavez,navidadeLiliElbe(EddieRedmayne),pioneiranarealizaçãodecirurgiadereade-quaçãogenitalecujodramaaindacomoopintorEinarMogensWenegerésentirqueháduaspessoasemsi,lutandoporsupremaciaea(re)definiçãodesuaidentidade.OfilmeabordaavidadeLilidesdequandoelaaindaeraconhecidacomoumfamosoartistadinamarquêscasadocomaGerdaWeneger(AliciaVikander),abem-sucedidapintoraeilustradoraderevistascomoaVogue, La parisienne e ou-tras.Nodesenvolvimentodoartigo,alémdeumasíntesedofilmeeumabreveanáliseestéticadesuadiegese,procura-seelaborarumaleituradopapeldaspersonagens,utilizando-seoconceitodespace off deTeresadiLauretis,teóricacríticafeminista.EmsuaobraThe Tecnology of Gender, Lauretis indaga comomudançasnaconsciênciasobresiafetamouresultamemmudançasnosdiscursosdominantese,nasuaconclusão,afirmaqueosujeitotemagenciamentoparamodificaraideologiadogênero,quandodeslocaoespaçoquecontémodiscursodegêneroeoespaçofora(istoé,quandoobserva“opontocego”ouospace off), o outro lugar desses discursos. Oartigocomentaaconceituaçãodespace off e o utilizaparaanalisararepresentaçãodosujeitofemininonofilmeA garota dinamarquesa, bemcomoasestratégiasdemicro-poderesentreossujeitosdosdiscursos.Finalmente,apartirdaanálisedessarepresentação,otextopropõeumaleiturasobreodramadereafirmaçãodeidentidadedaprotagonista,desdobrandoaanáliseparaocoletivosemelhante,ouseja,paraomovimentotransgêneroesuaatualcondiçãosócio-políticanoBrasil.
Palavras-chave:cinema;arte;transgênero;feminismo;cultura.
Identidade curda e o cinema: articulações em uma comunidade em diáspora
Tiago Duarte DiasUniversidade Federal Fluminense (UFF)
Tal trabalhobusca analisar as articulações entre os diversos processos de construçãodeumaidentidadeétnicacurdaemumcontextodediásporaemCopenhague,eopapeldoCinemaemtalcontexto,baseadonaexperiênciaetnográficadoautor.Aanáliseseráfeitaapartirdotrabalhodecam-pofeitoemumeventojáconhecidopelaapopulaçãocurdalocal,queéoFestivaldeCinemaCurdo,acontecimentoanual,queiráparasuaquintaediçãonoiníciodoanoquevem.Taleventoconsistenaexibiçãodediversosfilmesesuasdiversas formasdeexpressão (curtas-metragens,documentários,longametragens),equeretratamdiversasperspectivasrelacionadasaidentidadecurdaemdiversoscontextos,comogênero,idade,trabalho,imigraçãoetransnacionalismos,alémde,debatesconduzidos
42 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
pordiversos membrosdapopulaçãocurdalocal(ouaindadeoutrospaíses)etambémdeperformanceartísticas,musicaisedapresençadaculináriacurda.Assim,mesmooeventosendofocadonaexibiçãodefilmesrelacionadosaidentidadecurda,outrosfatorestambémrelacionadosatalidentidadeestãopresentesduranteos4diasdefestival.
Alémdaanáliseetnográficadopapeldocinemaenquanto recursonarrativonaconstruçãodaidentidadecurda,seráanalisadatambémopapelespecíficoqueumfilmechamadoSong of my Mother, dirigidoporErolMintasequenarraahistóriadeumprofessor,quejuntocomsuamãe,éforçadoasemudardoCurdistãoturcoparaIstanbuldevidoaosconflitosétnicosqueocorremnosanos90.Aanálisedetalfilme(quefoiofilmedeaberturadofestival)serárelacionadoaosprocessosdeconstruçãoiden-titáriacurdapresentesdentrodetalpopulaçãoemdiáspora.Utilizando-sedalinguagemcinematográ-ficacomoformadeexpressãoartística,apopulaçãocurdalocalsereafirma,etnicamente,comocurdosemumcontextodinamarquês.Talreafirmaçãopassapordiversasnarrativasrelacionadasacriaçãodeumaidentidadecurdanãosomenteemoposiçãoaosestadosquecontémoterritóriocurdo,mastam-bémemoposiçãoaumaidentidadedinamarquesadominante.Detalmaneira,ocinema,comoformadeexpressãoartística,reforçaaexistênciadeumidiomaculturalcurdo,noqualtalpopulaçãobuscamanterumafluênciaouadquiri-la.
Palavras-chave:Curdistão;etnicidade;identidade;etnografia.
Cinéma beur: o complexo jogo da categorização
Ryan Brandão Barbosa Reinh de AssisUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Nestetrabalho,problematizaremosanomenclaturacinéma beur, apresentada, pela primeira vez, emjulhode1985,naediçãodenº112daCinématographe,paradesignarumconjuntodefilmesque,aomomentodapublicaçãodarevista,eramrealizadosnaFrança.NaspalavrasdeCarrieTarr(2005)eWillHigbee(2014),osanos1980apontaramparaumamudançanaformacomoeramrepresentadas, pelocinemanacional,asminoriasétnicasqueintegravamopaís,graças,porexemplo,àemergênciadeproduçõesdirigidasporesobrebeurs,asaber,comoeramconhecidosos/asfilhos/asdaqueles/asqueimigraram,paraaEuropa,apósaSegundaGuerraMundial,daregiãosetentrionaldocontinenteafricano. Dentro deste movimento, se encontravam inseridas as narrativas realizadas pelos cineastas deascendêncianorte-africana,nascidosouentãocriados,desdepequenos,naFrança,quepossuíamprotagonistasdeorigemsemelhanteequeeramdominadasportemáticascomoasdaintegração,iden-tidadeepertencimentonoHexágono.Entretanto,aindaque,aolongodesteperíodo,oimpactogerado,juntoàcríticafrancesadecinema,poressasproduções,tenhasidogrande,numericamente,eramrestri-tas. Por isto, o corpusdefilmesatreladosaomovimentobeur tende a ser ampliado, para incluir, além das obrasdoscineastasdeascendêncianorte-africana,nascidosouentãocriados,desdepequenos,na França,como,porexemplo,MehdiCharef(Le Thé au harém d’Archimède,1985)eRachidBouchareb(Ba-ton Rouge, 1985),asrealizações de diretores quemigraram,jáadultos,paraproduzirnanaçãoeuro-peia,comoAbdelkrimBahloul(Le Thé à la menthé,1984),MahmoudZemmouri(Prends dix milles balles et casse-toi,1981;Les Folles années du twist,1983)eMerzakAllouache(Un Amour à Paris,1987),bemcomoosfilmesdirigidospor francesesnativos, quenãopossuíamascendêncianorte-africana,mas
43III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
quefalavamsobreestapopulação,comoFrancisGirod(Le Grand frère,1982),GérardLauzier(P’tit con, 1983)eSergeLePeron(Laisse Béton,1983).Noentanto,conformepretendemosdiscutirnopresentetrabalho,alémdotermobeur,porsisó,serbastanteproblemático,aogerarcríticas,inclusive,porpartedaquelesqueeramvistos, inicialmente,comointegrantesdomovimento, incluir todasessasprodu-çõesdentrodeumamesmacategoriaeliminaasdiferentesperspectivasdapopulaçãodeascendência norte-africana,oque,maisumavez,noslevaaquestionarseaterminologiaempregadapelarevistaseriaamaisadequada.
Palavras-chave:França;imigrantesnorte-africanos;cinéma beur; nomenclatura.
AUDIOVISUAL, RECEPÇÃO E NOVOS ESPAÇOS
Color Grading: as novas possibilidades da cor no cinema
Carlos Eduardo Mendes de Araújo CoutoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
O cinema é arte e técnica e formade comunicação. Sua linguagemé composta por fatores eelementoscomoplanos,montagem,cenário,cor,atributossonoros,entreoutros.Umdoselementosdeterminantesparaaconstruçãodeumaobracinematográficaéacor.Pormeiodelaedesuascaracte-rísticas,cria-seumuniversoeseatribuisentidoàsaçõesnofilme.
Umdosfatoresquepossibilitaramumaconsiderávelmudançanamaneiracomoacorpodesertrabalhada em umdeterminado filme para transmitir conceitos estéticos, significados e conduzir a narrativafoiaevoluçãotecnológica.Aindústriacinematográficapassou,nosúltimosanos,porumpro-gressivoprocessodedigitalizaçãoemtodasassuasetapas.Oprocessofotoquímicofoi,poucoàpouco,sendosubstituídopelodigital,desdeagravaçãodasimagens,passandopelacriaçãodeefeitosespe-ciaisepelacorreçãodecoratéchegar,porfim,àexibiçãodosfilmesemsalasdecinema.
Oprocessodecorreçãodecoremumfilme,utilizando-sedesoftwareseequipamentosdigitais,passouaserchamadogenericamentedeColorGradingesetornoupadrãonaindústriacinematográfi-ca.Acorreçãodecordigital(CG)trouxecomoconsequênciasosurgimentodenovaslinhasdetrabalhona práxiscinematográfica,ampliaram-seconsideravelmenteasformasdemanipulaçãodeimagensenovascategoriasepossibilidadescromáticaseestéticassurgiram.
OobjetivogeraldotrabalhoseráestudaroColorGrading-oprocessodecorreçãoemanipulaçãodecoresrealizadoemsistemasdigitais.Esclareceremoscomofoiaevoluçãohistóricaetécnicadosequipamentosdecorreçãodecor,desdeoprocessoquímicoaosmodernossoftwaresdeColorGrading,estudaremosadigitalizaçãoeaworkflowdecorreçãodecordeumlonga-metragemnacional,desdeo inputdomaterialfilmadonasmáquinasaoexportdofilmeprontoparaassalasdecinema,eporfim,asnovascategoriasestéticasecromáticas introduzidaspeloCG,dentrodasobrascinematográficasestrangeiras e nacionais.
Palavras-chave:Cinema;Cor;CorreçãodeCor.
44 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Preparação de atores em ficção televisiva seriada: o trabalho de Andrea Cavalcanti
João Carlos de Oliveira JúniorUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Opresenteartigonascecomodesdobramentodadissertaçãoapresentadaao InstitutodeArtese DesigndaUniversidadeFederaldeJuizdeFora,cujoobjetivofoirealizarumestudodecasosobreapre-paraçãodeatoresemtelenovelasdaRedeGlobo.EstapublicaçãoserestringeaapresentarcomosedáadinâmicadetrabalhodesenvolvidaporAndreaCavalcanti,umadasinstrutorasdedramaturgiadaemissoraemquestão.Busca-serealizaromapeamentosdastécnicasporelautilizadasafimdecompreendercomosedáoprocessodepreparaçãoequaisseusimpactosnaperformancedoator.Aproblemáticainicialcon-sideraahipótesedequeastécnicasporelautilizadaspossuemligaçãocomateoriateatral.Apartirdisso,toma-seporbaseparaaanálisecomparativaosmétodosdepreparaçãodeelencodesenvolvidosaprioriparaoteatro.AmetodologiaqueviabilizaacomparaçãoentreosprocessosfoiconstruídaadotandoporbaseosconceitosdetipoidealedeevidênciacunhadosporMaxWeber.Figuramcomotiposideaisosmétodosdepreparaçãoteatral,nosquaisresidemaorigemprimáriadosconceitosdeinterpretaçãocênica.Nasequência,atravésdeentrevistasinéditas,foramcoletadosdadosqueilustravamtrabalhorealizadoporAndreaCavalcantinapreparaçãodosatoresparatelenovelasdaRedeGlobo.Estesdadosforamagrupadosemcategoriasetratadoscomo:a)dereplicaçãodastécnicasteatrais;b)comoadaptaçãodelas;ouc)comonovasproposições.Taisafirmaçõespuderamserfeitasatravésdacomparaçãodiretaentreambososdis-cursos–revisãodeliteraturaversusentrevistasdecampo.Destaforma,foramidentificadasdozetécnicasdepreparação,entreasquaistemos:oitoreplicaçõesdiretas,trêsadaptaçõeseumanovaproposição.Osresultadosserãoagrupadosemtabelascujadiscussãolevaàconstataçãodahipóteseproposta.
Palavras-chave:AndreaCavalcanti;Globo;Preparaçãodeatores;Telenovela.
Minutos Lumière: o cinema na escola e a passagem ao ato criativo
Claudinei César de ArrudaUniversidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)
CompartilhoaquiumpequenoexcertodeumadasexperiênciasvivenciadasnocineclubedeumaescoladaredepúblicamunicipaldacidadedeCharqueada,no interiorpaulista. Instauradonoanode2014,ocineclubetempropiciadoaexibiçãodefilmes,debateseoencontrodiscentecomocinemacomoarte,divergindodeobrasditas“comerciais”edepropostasqueapostamexclusivamentenautilizaçãodocinemanailustraçãodediferentesconteúdosqueconstituemoscomponentescurricularesdaeducaçãobásica.Noperíodoquecompreendeuaterceirasemanadomêsdejunhoeaprimeiraquinzenadomêsdeagosto,sobocaráterextracurricular,umpequenogrupodealunos–de8ºe9ºanos–participoudeumasequênciadeencontrosvoltadosàhistóriadocinema,perpassandopornomescomoosdosirmãosAugusteeLouisLumière,TomasEdison,RobertPauleGeorgeMéliès.Osdiscentestambémforamapre-sentadosaalgunselementosprópriosdalinguagemcinematográfica,contemplandoosdiferentesmovi-mentosdecâmeraedenominaçõesdeplanos,fomentandoadiscussãoacercadaimportânciadodescon-dicionamentodoolhardiantedaspossibilidadesconferidaspelamanipulaçãointencionaldoinstrumentodecaptaçãodeimagens.Encerrandoasequênciadeatividadesprogramadas,ogrupofoiapresentadoà
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proposta“minutoLumière”,concebidapelocineastafrancêsAlainBergala,emalusãoaosirmãosLumièreeaospequenosfilmesproduzidosporeles.Osalunosforamsuscitadosàpassagemaoatocriativoou,emoutraspalavras,àproduçãodeplanosfixos,ininterruptos,detemáticalivreecomaduraçãode“umminuto”.OretornoouaretomadadosgestosqueiniciaramaSétimaArte,atravésdaapreensão–pelosolhosepelaslentes–deumfragmentoirreversíveldorealaparente,apartirdoconfrontocomomeioedaescolhaintencionaldosdiscentes,celebraorenascimentodocinema.Nosmomentosdeexibiçãoedepartilhadosplanosproduzidos,percebe-seumconsensoentreosalunos:o“imprevisível”ouaquiloqueescapado“controle”intencionalnocursodominutofilmado,repercuteemelementosde“encanto”emseusregistros.Emtemposmarcadosporinúmerosretrocessos,sobretudonoquedizrespeitoaopanoramaeducacionalbrasileiro–efaçamosaquioexercícioderememorararecentemedidaprovisóriaqueanunciaapossívelreformanoEnsinoMédio,tornandofacultativo,entreoutros,oensinodearte–,comunicaredivulgaratividadescomoestasignificainspirareencorajaroutrosatosderesistência,soboresguardodapremissadequeaopossibilitarainterlocuçãoentreaarteeaeducação–nestecaso,ocinemaenquantoarte–aescolasuscitaoutrasformasdeleituradomundo,fomentandotambém,olharesdedenúnciae,portanto,olharesquestionadores,capazesdedesvelarasinúmerasmazelassociais.
Palavras-chave:cinema;cinemaeeducação;cinemanaescola;linguagemcinematográfica;minu-tos Lumière.
Cineclube Buraco do Getúlio: o audiovisual como prática de resistência cultural
Luísa Antonitsch Mansilha MelloUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Oscineclubespodemcontribuirparaodesenvolvimentodaspotencialidadesartísticaseculturaisde seus participantes, assim, ensinar e estimular os seus envolvidos a pensar e desenvolver um fazer artísticopróprio.Nessesentido,éimportantecompreendercomoelestrabalhamasferramentasaudio-visuais e os processos educativos.
EsseprojetobuscaentenderadinâmicadocineclubeBuracodoGetúlio,queacontecenomunicípiodeNovaIguaçu,naBaixadaFluminense,RiodeJaneiro,eperceberasnovasformasdeintervençãosocialeestéticaatravésdocinema.Éimportanteverificaroresultadodotrabalhodocineclubeemseuterri-tóriosociocultural,comoeleconseguemodificarapercepçãodeveromundo,earealidadeemâmbitolocal.Dequemaneirafornecemmeiosatravésdeatividadesculturaisparaaumentarosensocríticodaspessoas,modificarsuasações,inquietaredespertarpensamentosnaáreadaculturaedofazerartístico.
Alémdoembasamentoteórico,foidesenvolvidaumapesquisaetnográficaatravésdeentrevistascomosintegranteseparticipantesdoBuracodoGetúlio,trabalhodecampoeparticipaçãonassessões,oquepossibilitouaobservaçãodapráticadesociabilidadedoscineclubes.Observareparticiparéfundamentalparamaiorentendimentodasrelaçõesqueseformamnaqueleespaço.
OcineclubeBuracodoGetúlioéum importante incentivadordocinemaedaculturanacionalparaaregiãodaBaixadaFluminense,locaisemquefilmesbrasileirosedeartecostumamdemorarparachegar.Elesproporcionamocontatodosmoradoresdoseuentornocomumaformadeolhardiferenteparaosfilmes,quefogemdopadrão hollywoodiano,difundidopelamaioriadoscinemasexistentes nopaís.Asatividadescineclubistasvãoalémdaexibiçãodefilmes,promovemdebates,oficinas,alémdeproduziremfilmesqueretratamarealidadelocal.
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Ocineclubesurgiusemapretensãodeserumprojetosalvacionistaparaaspessoasdoentorno,mascomumcaráterquestionadoreinstigador,ondeaspessoaspudessemassistiraessesfilmesin-dependentessemprecisarsedeslocardeseusterritórioseirparaoeixoCentroeZonaSuldoRiodeJaneiro.Funcionamcomoumpologeradordetrocasediscussão.Osprojetosdesenvolvidosporelesintervêmsubjetivamentenavidaenocotidianodosmoradoresdaregião.Éperceptíveloprocessoderesistênciaculturalgeradopelocineclubeeoencadeamentodemudançasaoimpulsionarnovasprá-ticas no campo do audiovisual.
Palavras-chave: Cineclube;Audiovisual;Resistênciacultural;Potencialidades.
DOCUMENTÁRIOS E NOVAS NARRATIVAS
O cinema digital e a subjetividade no documentário brasileiro contemporâneo: uma análise do filme Os dias com ele
César Ramos MacedoFundação Getúlio Vargas (FGV)
Comoarteindustrial,ocinemaéumaatividadequedurantetodasuahistóriafoiinfluenciadapelodesenvolvimentodastecnologiasdeprodução.Énotávelqueoelementotecnológicoéapenasmaisum,dentretantosaspectos,queserelacionamcomasmudançasincorporadasaolongodotempopelalinguagemaudiovisuale toma-locomoúnicoseria incorreremumdeterminismotecnológicosobreopróprio fazer cinematográfico. Este trabalho, portanto, propõeenquanto recorte, umaanálisedasmudançasestilísticasobservadasnodocumentáriobrasileirocontemporâneo,sobretudoamudançanaabordagemdoobjetodocumentalparaumaperspectivasubjetiva,conformedefendidoporCarlosAlbertoMattos(2012),sobaóticadodesenvolvimentodasnovastecnologias,especialmenteapósadécadade1990comaimplementaçãodatecnologiadigital,semdeixardeladoaanálisedosfatoreshistóricos,políticoseideológicos.
Paraissorealizaremosumretrospectohistóricododesenvolvimentodastecnologiasdeprodu-ção,desdeaintroduçãodacaptaçãomagnéticadesomnoBrasilestabelecendoasuarelaçãocomaestilísticadocinemadiretobrasileiroeodeslumbredosrealizadoresdesteperíodocomavoz do outro, conformepropostoporJeanClaudeBernardet(2003)emseulivroCineastas e a Imagem do Povo.
Abordaremosadifusãosocialdascâmeraseapopularizaçãodosaparelhosdevídeoocorridanadécadade80quesecolocamenquantoumaalternativaaoaltocustodacaptaçãoempelículaefaci-litamasproduçõesaudiovisuaisatéentãocarentesnoqueserefereapolíticasdeincentivo,propor-cionammaiormovimentaçãoeagilidadeàsequipes,sendoutilizadosnoprojetodojácitadoCoutinhoSanta Marta, duas semanas no Morro (1987).
Porfim,emnossaanálise,podemosverificardequeformaautilizaçãodosuportedigitalnapro-duçãododocumentárioOs Dias com ele (2013) influenciounaabordagemsubjetivadadiretoraaoretrataromomentohistóricodaditaduramilitarnoBrasil. EstabelecendoumcontrastedofilmedeMariaClaraemrelaçãoadocumentáriosproduzidosrecentementenoBrasilem16e35mm,comonocaso de Santiago (2007)deJoãoMoreiraSalles,queporsevaleremdeumformatoextremamentecaro,muitasvezesacabamporimprimirumritmofrenéticoaofilmecomoobjetivodeeconomizarnocusto
47III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
finaldaobraconformeabordadoporIlanaFeldman(2012)emseuartigoJogos de Cena – Ensaios sobre o Documentário Brasileiro Contemporâneo.
Verificaremosdequeformaosuportedigitalproporcionouacapturadeplanoslongoseaçõesqueocorriamnoespaçoextracampo,noqualoembateentrepaiefilhasedesenrolava,estabelecendoumcontrastecomasperguntasextremamentedirecionadasdosfilmesproduzidosempelícula.Emcontatoestabelecidoviainternet,jáobtiveumparecerfavoráveldadiretoraMariaClaraemconcederumaentrevista,emcaráteracadêmico,arespeitodoprocessodeproduçãodofilme,quepoderáofere-cerumagrandecontribuiçãoparaelucidarahipótesepropostapelopresenteestudo.
Palavras-chave:Documentáriobrasileirocontemporâneo;cinemadigital;subjetividade.
Documentário brasileiro, encenação e invisibilidade: Juízo, um estudo de caso
Daniel Brandi do CoutoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Aencenaçãonogênerodocinema-documentalsefazpresentedesdeseusprimórdios.SejanosprimeirosregistrosfeitospelosirmãosLumière,comoemA saída dos operários da fábrica, ou em Na-nook do Norte-consideradoprotagonistadogênerodocumentário-,diversosautoresapontamtraçose característicasqueevidenciamousodaencenaçãocomoestratégiapara representara realidadenestesfilmes.
NoquetangeaproduçãorealizadanoBrasil,aencenaçãotambémsemanifestaemdiversasobrasdesdedeoiníciodaproduçãodogêneronopaís,masénacontemporaneidadequerealizadoresdediversasvertentesdodocumentáriosemostrammaisabertosarevelaremsuasestratégiasdetrabalho,lidandocomasubjetividadeportrásdarepresentaçãodorealecomoslimiteselacunascomosquaissedeparamnaconstruçãodeumaobra.
MariaAugustaRamoséconsideradaporcríticosepesquisadoresdecinemacomoumadocumen-taristadepoucaintervençãoemseusfilmes,adeptaaoumfazercinemaquecomunga,emdiversosaspectos,comomodoobservativocategorizadoporBillNichols(2005)ecomdirect-cinema dofinaldosanos50.EmseudocumentárioJuízo,adiretorapousaacâmeranaVaradeInfânciaeJuventudedoRiodeJaneiropararegistrarojulgamentodejovensinfratores,massedeparacomalimitaçãodonão-registrodosréus,que,deacordocomoEstatutodaCriançaedoAdolescente,devemtersuasiden-tidadespreservadas.Comoestratégia,substituiodepoimentodestespelodepoimentodenão-atoresquevivememcaracterísticassociaiseeconômicasanálogasaosjovensjulgados.
Opresentetrabalho,mesmoqueemfaseinicial,investigaaopçãodadiretorapelousodaence-naçãoediscutecomoométodoatuanãosomentecomoformadelidarcomumaimposiçãolegalnoregistrodejovensinfratores,mascomoestratégiacapazdepotencializaroregistrodarealidade,dandovisibilidadeaumaparceladapopulaçãomarginalizadapelosistema.Apartirdoconceitode“Invisibili-dadeSocial”doantropólogoLuizEduardoSoares(2005),torna-sepossívelprojetarquestõeselevantarhipótesesqueapontamparaametodologiautilizadanodocumentárioJuízo como forma de conferir aosjovensregistradoscertavisibilidadesocial,mesmoqueatravésdaencenação.
Palavras-chave:Documentário;encenação;invisibilidadesocial.
48 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
A construção sonora observada nas obras de Marcos Pimentel: a protagonização dos ruídos e silêncios como elementos narrativos
Raphaela Benetello MarquesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
OtrabalhopretendeconstruirumaanálisebiográficadodocumentaristaMarcosPimentelatravésdaobservaçãodesuatrajetóriafílmica.
O mineiro Marcos Pimentel é documentarista formado pela Escuela Internacional de Cine y TelevisióndeSanAntoniodelosBaños(EICTV–Cuba)eespecializadoemCinemaDocumentáriopelaFilmakademieBaden-Württemberg,naAlemanha.Oautorrealizoudocumentáriosemcinema,vídeoetelevisão,exibidosemdiversosfestivaisnacionaiseinternacionais,quetotalizam87prêmiosnaárea.
AolongodosanosapalavrafoiperdendoespaçonosfilmesdePimenteldandolugaraoruídoeaosilêncio.Aospoucosaentrevistanãofoimaisutilizadaeosruídoscomeçaramaprotagonizaraprodução.Emumabreveanáliseépossívelperceberaintençãodoautoremutilizarapaisagemsonoracomoelemento narrativo na construção fílmica.No documentário “Sobreviventes” (Mini-DV, 2002),umadesuasprimeirasobras,osomaindaseapresentaamaneiraclássica,comapalavraaindapresen-te.Jánatrilogia“Pólis”(35mm,2009),“Taba”(35mm,2010)e“Urbe”(35mm,2009),apalavranãoémaisobrigatóriaeassumepapelacessóriodiantedaamplitudederuídospercebidos.Atrilogianãoapresenta diálogos, entrevistas ou voz over, utilizandoapenasdesomambienteetrilhasincidentaisnaconstruçãodeumaidentidadefílmica,eatribuindoabandasonorasignificadoseinterpretaçõesquevãomuitoalémdocontentorimagético.
“Sopro”(2013,35mm),primeirolonga-metragemdePimentel,dácontinuidadeasuatrajetóriadeconstruçãosonorabaseadaemsonsincidentais,ruídosesilêncios.OcotidianodeumavilaruralnointeriordoBrasilérelatadoatravésdeimagenscompoucomovimentoesonsambientes,música,rádio,compoucapresençaverbal,apenasemruídosoucanções,Portodosessesaspectos,“Sopro”ratificaaprotagonizaçãosonoracomoelementomarcantenatrajetóriafílmicadeMarcosPimentel.
Palavras-chave: MarcosPimentel;documentário;som;silêncio;ruído.
Arquivos domésticos e montagem na construção da memória: uma análise do documentário Cemitério da Memória
Vanessa Maria RodriguesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Estacomunicaçãoparteda ideiadeseresgatarepreservaracervosaudiovisuaisparticularesparaareutilizaçãodosarquivosnaproduçãodedocumentáriosquedespertemlembrançasafetivas.Ofocoépensarostradicionaisfilmesdefamílianosaspectosíntimosdeumgrupofamiliarespe-cífico,masqueaomesmotempoganham,porintermédiodamontagem,umaatmosferaquepassasimultaneamentedoâmbitoprivadoparaointeressecoletivo.Oprocessodeediçãonessecasoéofatorprimordialquevaicruzar,ressignificareconstruirumnovosentidoparafragmentosdeváriosarquivospessoaiseaparentementedesconexosentresi.
49III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Pensamosqueosfilmesdefamília,porseremregistrosdaintimidadecotidiana,aindaquedeslo-cadosparacontextosdiferentesdooriginal,carregamnaessênciavestígiosdopassadoquesãoúteisparaacriaçãodelaçosdeafinidade:mesmoquemnãotemrelaçãodiretacomasimagens,seidentificacomoqueémostrado,umavezqueascenasremetemafatosefetivamentevividosequetêmproxi-midadecomhistóriasasquaistemosreferência.Dentrodessaperspectiva,osarquivosdomésticostêmrelevânciacomoformadepotencializaçãodamemória.
Amarramosessasdiscussõesemduaspartes.Naprimeira,queseráumaespéciedealicerceparasechegaràsegunda,entramosnoméritodavalorizaçãodamemóriacomoparteconstituintedopas-sado,presenteeeloparaofuturo;comoosfilmesdefamíliapodemajudarnesseprocessodereme-moração,entendimentoeidentificaçãoafetivacomdiferentesépocas;earelaçãodamontagemcommemóriaearquivoaocriarcondiçõesparaeclodirnovospontosdevistaatravésdareutilizaçãodosacervosfamiliares.Jáasegundaparte,éumacontinuaçãodaanterior,analisadasobaóticadodocu-mentário Cemitério da Memória (2003),curtadeMarcosPimentel.Ofilme,emsuamaiorparte,éfeitocomtrechosdefilmesdefamíliagravadosemJuizdeForaaolongodasdécadasde1930a1990etemaintençãodeesboçarahistóriadoséculoXXpormeiodepersonagensdesconhecidosetrazeràtonamemóriasesentimentossobreesseperíodo.
Palavras-chave: Memória;Montagem;Filmedoméstico;Ressignificação.
RESUMOS POR EIxO TEMÁTICOINTERARTES E MÚSICA
ESTUDOS INTERARTES
O resgate do visual retro nos jogos digitais – Estudo de caso de A Lenda do Herói
Gabriel Patrocinio Universidade de évora (Ué)
Nadécada70,oconsolesimpleschamadoTelejogoproduzidopelaPhilips e Ford consistia em projetarnatelevisãomonocromática,ganhourapidamenteaaceitaçãodopublicoemumanovamídiadeentretenimento.OjogoPongconsistiaem:doisretângulosnavertical,umdecadaladodovisor,quedesciamesubiamdeacordocomoscomandosdosjogadores,umquadradorebatendoemcadaretângulo,simulandoumjogodeping pong,compontuaçõesevencedores.
Essefoioiniciodosjogoseletrônicos,queaopassardosanos,comosavançostecnológicos,foramficandocadavezmaiscomplexosemtermosdenarrativas,aparatostecnológicosegráficosvisuais.Acompanhamosainserçãodetrilhasonoraesonoplastiaelaboradaparaodeterminadocontextodo
50 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
jogo,alémcoreseformasqueforamacrescentadasparamodificaraexperiênciadojogador,comtemasfictícioseconstruindoclássicosqueseriamrelembradosatéosdiasdehoje.
Comocrescimentoconstantedejogosejogadoresespalhadospelomundo,atualmenteomerca-dodegameséumdosmaislucrativosnoramodeentretenimento,gerandocercadeUS$60,4bilhões,ultrapassandoaindústriacinematográficacontacomfaturamentodeUS$31,8bilhõesnoanode2010.
Comessesdados,vimoscadavezmaisinvestimentodefabricantesdeconsolescomprocessa-mentotecnologicamenteavançadoparaaceitargráficoscadavezmaisrealistas.Estúdiosdejogoscomosartistasgráficosprojetandopersonagensfictíciosdojogo,simulandotexturasdepele,cabelo,olhos,entreoutroselementosvisuais quesetornamtãoimersivosparaojogadorqueotornacadavezmaisfielaquelarealidadevirtual.
Algunsjogosseopõemaessaproposta.Comelementosdecartoon,desenhosorientaiseilustração,encontramosalgunsjogosquenãosepreocupamemsimularessafidelidadehumanadospersonagensemseusaspectosvisuaisoumecânicascomplexas,comoeramamaioriadosjogosantesdadécadade90.
Comessahipótese,temoscomopropostaparaopresenteartigo,analisarcomoobjetodeestudoojogobrasileiro“ALendadoHeroi”,investigandoapropostadeutilizarvisuaisdejogosdasprimei-rasgeraçõesnoanode2016,tendoqueatualmenteenfrentaressemercadocompetitivoeexigente,utilizandorecursosgráficospoucoconvencionaisnosdiasatuais,semperdersuaessênciaenarrativa,muitomenosoengajamentocomojogador.
Palavras-chave: Retrô;Jogos;Gráficos;ALendadoHerói;Visual.
A Poética da Escultura Gambarê e o Teatro
Joaquim Pires dos ReisUniversidade Federal de São João Del Rei (UFSJ)
OartigotrásparaareflexãodoleitoroconceitodateatralidadedasesculturasGambarê,doce-ramistaFranciscoAlessandri,graduadoemArtesAplicadasdaUniversidadeFederaldeSãoJoãoDelReiemestrandodocursodeArtes,UrbanidadeseSustentabilidadenamesmauniversidade.Gambarêéumaexpressãopositivadaculturajaponesaqueencorajaohomemaseguiremfrenteesuperarosobstáculosdavida.TemcomofontesdeinspiraçõesaToyArt,nomenclaturaquedenunciaaculturaalienadadohomemperanteelemesmoeseumeio.Eaestéticadosolhosebocaspretaseperfura-dasdasesculturasfuneráriasjaponesasconhecidascomoHaniwas.EporfinalnocartunistaJ.CarlosatravésdasMelindrosas,personagensquesedestacamporsuascaracterísticasdúbias,umamisturadedivinoeprofano,depurezacontidademalícia.EsseprojetotemcomofinalidadecontribuirparaodebatedoestudodacerâmicanoBrasilenomundo.EdivulgaroestiloceramistaGambarêqueretrataa faltadeurbanidadepresentena individualidadedohomemmoderno.Naestéticadassuasobrasocaspordentro,sempreaparecemburacosnosolhos,bocaecoraçãodenunciandoovazioangustianteedepressivodacriseexistencialnaqualahumanidadeseenveredou.Ateatralidadedassuasobrasfoianalisadaatravésdametodologiadepesquisaqualitativa.Eaponta-sequeessasesculturasfalamatravésdaexpressãodocorpoeiconizamopensamentohumanizadodoceramistaChicoAlessandri.Elassetransformamemsignosteatralizadosdesensaçõesqueaguçamopotencialvisualeconvidamoespectadoraumainteraçãosóciaafetiva.
Palavra Chave:Teatro;Gambarê;Escultura;Interarte;Transdiciplinar.
51III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Cinema e desenho: gestos em close-up
José Carlos Suci JúniorUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Otrabalhoqueseráapresentado fazpartedapesquisadedoutoradoemandamento, sendoumdesdobramentodadissertaçãodemestradoapresentadaaoInstitutodeArtesdaUniversidadeEstadual de Campinas.
Pensaroprocessocriativoemarteeapontarreferênciasteóricas,conceituais,artísticasepes-soais é uma prática recorrente nos escritos e nas falas dos artistas visuais, sendo importante para acompreensãoecomplementaçãonaeducaçãovisualenainterpretaçãoquefazemosdotrabalhoartístico.Estetrabalhoprocuraabordarcomoasrelaçõesentreenquadramentoscinematográficos,apoética do close-upeosrecortesdeplanodeterminamedialogamcomaconstruçãodeobrasfeitasemdesenhopeloautordestetrabalho.Considerandoquediscorrereestabelecerdiálogosentrede-senhoecinemaéumprocedimentoraro–jáquerealizaressetipodeaproximaçãoetrabalharsobretensõesdaísurgidassãomaiscomunsnoâmbitodapinturaedafotografia–,podemostomarcomopertinenteaanálisedessediálogoapartirdamodalidadedodesenhoparaareflexãoacercadepro-cessoscriativosnessalinguagemtãotradicionaldaArte.Paraisso,pensarnumareferênciaancoradaemenquadramentosfílmicospareceválido,jáque,nessalinguagem,aimagemseconstróidentrodeumespaçoqueaenquadraeque,assimcomonapintura,nagravuraenodesenho,éumespaço(cha-madotambémdequadro)tidocomoumdosprimeirosmateriaissobreosquaisocineastatrabalha.
Sendoassim,aapresentaçãodoprocessocriativodasobraspresentesnotrabalhonorteiaacom-preensão acercadaproduçãoemdesenho contemporâneoe as referências cinematográficas comoalicercenacomposiçãodaimagememdesenho.ObrascinematográficasdeLucréciaMartel,MichaelHanekeeHarunFarockisãotomadascomoreferênciasparaaconstruçãodedesenhosapartirdaes-truturaestéticaetambémdoconceitopresentesemseusfilmesatravésdousodoenquadramento,doselementoscolocadosemcenaedatemáticainvestidaemsuasproduçõesatravésdousodoclose-up, que,sendoumplanoqueenfatizaumdetalhe,se relacionaesecolocacomorecurso imagéticonopensamentovisualdasobras,produzidasempequenosformatos,sequencialmente,erepresentandocorposeobjetosaproximados.Procura-se refletir, assim, sobredequemaneiraépossívelpensarapresençadeumalinguagemdaarteemoutramodalidadeapartirdeumareflexãoentrelinguagens,jáqueparasecompreenderaartecontemporânea,deve-sedeixardeladoavisãodoespecialistaetomarpartidodaartecomoumarede,emquetodasaslinguagensestãoligadas,dialogandoconstantementeentre si, tornando-se até interdependentes.
Paraembasarnossadiscussão,lançaremosmãodosautoresJacquesAumont,FernandoCocchia-raleeFaygaOstrower.
Palavras-chave: Desenho;enquadramento;artecontemporânea.
52 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Tatuagens digitais: novas abordagens de interação através de realidade aumentada
Stephanie Martins Pinto da Costa João QueirozUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Aconcepçãoeodesenvolvimentodeartefatosepiteliaismultimidiáticosdesenvolvidosatravésde Realidade Aumentada (Augmented Reality) temcriadoumnovodomínioexperimentalemArte&Tecnologia,DesigndeInterfaceeDesigndeInteraçãoquepodeserdesignadocomoTatuagemAumen-tada (Augmented Tattoo).Sumariamente,experimentaçõesnestedomínio:(i)combinam“objetosreaisedigitais”emambientesfisicamentereais,sobreasuperfíciedapele, (ii) sãoexecutadosdeformainterativaporseususuáriosemtemporeal,e(iii)atuamemregistrosdoambienterealcombinadoaobjetosvirtuais.Apeletorna-seumespaçodinâmicoesemioticamenteestruturadodeformamultimo-dal(visual,auditiva,hápticaoucinestésica),sensívelavariaçõesambientais,incluindosensibilidadea interação social, e potencialmente sensível a variações orgânicas (sistemasnervoso, endócrino eimunológico).Nossoprincipalpropósitoaquiéintroduzirpreliminarmentealgunsdosprincipaisproje-tos desenvolvidos recentemente neste domínio (Tatuagem Aumentada) e apresentar um novo sistema, aindaemfaseinicialdetestes,resultadodacolaboraçãocomoLaboratóriodeSistemasInteligenteseCognitivos(LASIC),daUniversidadeEstadualdeFeiradeSantana(UEFS),Bahia.Encontram-seentreaspropriedadesmaisimportantesdestenovosistema:(i)capacidadededetecçãodasuperfíciedapeleatravésdeummarcadorsimpleserobusto,mesmoemcondiçõesadversasdeiluminação,naturalouartificial,(ii)variadoescopodemovimentosdousuáriodiantedacâmeradosistema(iii)reconhecimen-todeeventuaisdeformaçõesnapeledousuário,(iv)tolerânciaemrelaçãoapossíveisoclusõesentreapeleeacâmerae(v)facilidadederemoçãodomarcadordacenaeajustedatatuagemsobreaimagemda pele, mimetizando uma tatuagem tradicional inscrita.
Palavras-chave:tatuagemdigital;realidadeaumentada;interartes;interaçãotangível.
LITERATURA E DESIGN
S. – o navio de Teseu
Christiane Camara de Almeida Vera Lúcia NojimaPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Esteartigolevantaquestõesacercadosaspectossensoriaisdolivroimpressonaatualidade.Apre-sentaumestudo,sobopontodevistadodesign,daconstruçãoliteráriade“S.-OnaviodeTeseu” pu-blicadopelaEditoraIntrínseca,queéumlivrodeliteraturaadultacomediçãoeproduçãocomplexas. Trazinformaçõesecuriosidadessobreacriaçãoeaproduçãoamericanaedestaquesdeumaentrevistarealizadanaeditorabrasileirasobreapublicação,adaptaçãododesignea repercussãodo livronoBrasil. Evidencia aintegraçãodasnarrativastextuais,visuaisetáteisquepossibilitamumacontextu-alizaçãográficatão importantequantooseutexto literário.Relata tambémcomoodesigneditorial
53III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
de“S.”pormeio derecursosvisuaisetecnológicos,taiscomo adiagramação,asescolhasgráficasedeacabamentodoprópriolivro,asquarentaeoitopeçasavulsasque,encartadasempáginasespecíficas,acompanhamapublicação,permiteminteraçõesmúltiplasfundamentaisàconstruçãodenovasnar-rativas. Alémdisso,háumblog,umsiteeumarádionosquaisahistóriacontinuasendoconstruída,compartilhadaerevisitadapelosfãs,trazendonovasignificaçãoaoconceitode‘livro’.
LançadonoBrasilemnovembrode2015comumatirageminicialdedozemilexemplares,“S.”seesgotounaeditoraemapenastrêsmesesesetornouumfenômenoeditorial,apesardeessemercadoviverummomentocríticoemquediversascriseseconômicastêmprejudicadoopoderdecompradosleitores,e,ainda,emqueamaiorpartedapopulaçãonãoconsomeliteraturaimpressa. Presume-se, então,queousodalinguagemsincréticadodesign destelivropropiciaacoautoriaepromovenovasexperiências,resultandonumprocessomaleáveledinâmico, quesetornam fundamentaisparaaimer-sãonaleituranaatualidade.
Palavras-chave:Design;Livro;S.;J.J.Abrams.
Hold on to something: uma leitura do presente amplo e da estetização cotidiana a partir do design de livros
Larissa AndrioliUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Em seu livro Nosso presente amplo,HansUlrichGumbrechtdesenvolveuumareflexãoacercadecomoasociedadeadentrou,porvoltadoséculoXVII,numperíododominadopelalógicacartesiana.Estalógicapressupõequeaidentidadedoserhumanoestánoatodepensarenoscolocanecessa-riamenteemumalinhatemporalbemdividida,comumpassadoqueédeixadosempreparatráseumfuturoqueseestendenumhorizontedepossibilidades.Entretanto,àmedidaquesomoscadavezmaisinseridosemumaculturadigitalquenãopermitequeopassadosedissipe,mascontinuesempreali,equeaproximacadavezmaisofuturodopresente,nosvemosnoqueelechamadepresenteamplo.Senaprimeiraconfiguraçãonósnecessitávamosdelimitarosmomentosemqueteríamosexperiênciasestéticas,oquesedánasegundaconfiguraçãoéaestetizaçãodocotidiano,umadissoluçãodasfron-teirasentreessesmomentosespecíficosdeexperiênciaestéticaeavidacorrente.Assim,oquepassa-mos a viver é uma tentativa de retomada do nosso corpo como lugar de apoio, uma necessidade de se seguraraalgotangível,paraquenãonospercamosnaamplidãodopresentequetemosagoraaonossoredor.Édaíquesurgeaconceituaçãodeproduçãodepresença:emborajátenhamostidoculturasfo-cadasnocorporal,agoravivemosumatentativaderetomadadesseparadigmaedepausanaproduçãodesentidosobreomundo,permitindoquepossamosnosaproximarcadavezmaisdeumaexperiênciacomaartequeestejapróximadecomoestanostocaemodificaoambientefisicamente.Apartirdestalinhateórica,estetrabalhopretendeabordarcomooslivrosdeartistaeodesigndelivrosestãoinse-ridosnestalógicaecomoépossívelanalisarasalteraçõesdomercadoeditorialcomoestratégiasderespostaaessanecessidadedetoque,tangibilidadeepresença.Ocorpus a ser analisado é composto por Tree of codes,deJonathanSafranFoer,publicadopelaeditoralondrinaVisualEditions,eBartleby, o escrivão,deHermanMelville,publicadonoBrasilpelaextintaCosacNaify.
Palavras-chave: produçãodepresença;experiênciaestética;designeditorial;livrodeartista.
54 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Mídia e paratextos: entrecruzamentos na cultura digital
Marina Burdman da FontouraPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Otextoliteráriopodehojeserencontradoemdiferentesplataformas,tornando-seacessívelnocomputador, em tabletseatéemcelulares.Osparatextoseditoriais,definidosporGérardGenettecomoaparatosquegiramemtornodotextoprincipaldeumlivro,têmacompanhadoestesdeslocamentos.Sem deixar de exercer suas antigas funções, eles assumem diferentes formatos e proliferam noambientevirtual,tendomuitasvezesmaisacessosdoqueotextodaprópriaobra,consideradoprincipal,veiculadofrequentementenaplataformaimpressa.Blogs,sitesepáginasemredessociaissãoalgunsdosexemplosdeplataformasemqueosparatextosseapresentamnaatualidade.
Comapresençado texto literáriona internet, tambéma ideiadeobraprincipalestásofrendomutações,cabendocadavezmaisaoleitorhierarquizarosdiscursosdeacordocomseusinteressesnomomentodaleitura.Levandoissoemconta,pretende-se,nestetrabalho,discutirosparatextosnãosócomoumfenômenodemercado,mastambémàluzdasquebrasnahierarquizaçãodosdiscursosprovocadaspelatecnologiadigital.Assim,levantaremosahipótesedequecadaescritaproduzidanaredeassumiriaaomesmotempoasfunçõesdetextoedeparatexto,apontandoparaacoexistênciademúltiploscentrosnumaproduçãoliteráriaeestimulandoinfinitas leiturasereconexõesentreosfragmentos disponíveis online.
Comoobjetosdeanálise,foramselecionadosotrailerdolivroTodos nós adorávamos caubóis, de CarolBensimon;acolunaAs 15 coisas que sei sobre meu próximo livro,deLuisaGeisler,publicadanoblogdaCompanhiadasLetras;ahashtagVida de escritor (#vidadeescritor), veiculada no Instagram da editoraRocco;eofolhetimDelegado Tobias,deRicardoLísias,publicadopelae-galáxiaequehojesedesdobraemdiferentesformatos,inclusivenodepeçateatral.Comessecorpus, pretende-se pensar a produçãoliteráriaemdiferentesregistros,chamandoatençãoparaodiálogoeatrocaentreasplatafor-maseparaosoutrosmodosdeproduçãoartísticapossibilitadospeloadventodastecnologiasdigitais.
Palavras-chave:paratextos;blogs;mercadoeditorial;culturadigital.
ZUM: projeto editorial de uma revista contemporânea
Rafaela Lins Travassos Sarinho Veja NojimaPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Estetrabalhoobjetivatraçarumnovoolharsobreomercadoeditorialcontemporâneo,atravésdoentendimentodaproduçãoderevistas,temaqueatéentãotemrecebidopoucaatençãoacadêmica,atentandoparaasdinâmicasdemercado,financiamento,atoresenvolvidosemudançaspelasquaisosetor vem passando nos últimos anos.
Deformaaqualificarsatisfatoriamenteesteuniverso,faz-senecessáriocompreenderopapeldoeditoredodesignernoprocessodeediçãoenasdiversascamadasinerentesaestaatividade,bemcomodeoutrosatoressociaisenvolvidosnaproduçãodosnovosmeiosdecirculação.
Esteartigoobjetivafomentarodebatesobreosrumoseditoriaisqueabarcamaconcepçãodeumsupostonovomodeloeditorialderevistas,tomandocomoobjetodeestudo,arevistaZUMdoInstituto
55III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
MoreiraSalles.Paraalcançartaisobjetivos,foramcoletadoseexpostosalgunsdiscursosdoeditoredadesignerdarevistaementrevistascedidasablogs, revistaseoutrosveículosdecomunicação,erealizadoumrelatoacercadosprocessosdeproduçãoedeoutrosimportanteselementosconceituais.
AZUMseapresentaaomercadoatravésdeumavolumosaquantidadedepáginas,compostasemgramaturasdiferentese coresentrepostas, revelando-se comoobjetivodeproporcionarpequenasexperiênciasdecontemplaçãoaopúblicoleitor.Outraparticularidade,estánofatodaZUMrestringiravendadeseusexemplaresàlivrariascomumcustorelativamentealto,secomparadoagrandesrevistasemcirculaçãonoBrasil.
Oartigorevelaqueautilizaçãodesteedeoutrosrecursosjávemsendoamplamenteexploradoporeditorasbrasileirasdelivros,sendoavalorizaçãodoprojetográficoresponsávelporreascenderaproduçãodelivrosemnúmerosdeleitoreseemtiragensdenovosexemplares.Apartirdisso,otraba-lhorevelacomoestecomportamentovemrevelandoanecessidadedeumanovadinâmicadentrodaproduçãoderevistas.
Verifica-se,assim,queaconcepçãoeditorialdaZUMapresentanovosparâmetrosnaconstruçãodeumprojetoeditorial.Oselementospresentesnessesprocesso,condensamelevantamumainfini-dadedefenômenossociaiscomoentendimentodosquaisespera-sequeesseartigopossacontribuir.
Palavras-chave: Design;Editorial;Revistas;ZUM.
Criando e-picturebooks: experiências de storytelling digital produzidas por alunos do Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design da UFJF
Thales EstefaniUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Ahistóriadodesenvolvimentodeexperiênciasdigitaisdeleituraébastanterecente,tendocomoimportantesmarcos, por exemplo, a criaçãodoprimeiroe-book (livrodigital), em1971; o primeiroe-reader(dispositivointeiramentededicadoàleituradelivrosdigitais),lançadoem1999;eodesen-volvimentoedisseminaçãodedispositivoscomputacionaisportáteis,comotablets e smartphones,hácerca de uma década.
Essesartefatos,dentreoutros,têminfluenciadoaconcepção,produçãoedifusãodelivrosnosúltimosanos,principalmente,pormeiodaaplicaçãodetecnologiasrecémdesenvolvidas,aintroduçãodenovosprofissionaisnacadeiaprodutiva,novasformasdeinteraçãocomosleitores,novasmoda-lidadesderelaçãocomoambientefísico,eacriaçãodenovasredesdecomercializaçãoeacessoaexperiênciasdestorytelling digital.
Oaumentoconsistentedainformatizaçãoemdiversasatividadescotidianasnoscolocaconstan-temente diante de dispositivos computacionais interativos, com multiplicidade de mídias (áudio, vídeo, textoetc.)eacessoàinternet.Ostorytellingdigitallocaliza-se,então,nocentrodessanovaconfigura-ção,representandoumaalternativaparacontarhistórias,adaptando-asaessaubiquidademultimídia/interativaemquevivemos.
Oobjetivodeste trabalhoéapresentaraexperiênciadeproduçãodee-picturebooks (artefatos digitais de storytellingmultimídiaeinterativos)poralunosdoprimeirosemestredoBachareladoIn-terdisciplinaremArteseDesigndaUFJF,noperíodo2016.AatividadefoidesenvolvidanadisciplinaSemináriodeAtualidadesCulturaisI,comopartedoestágioemdocênciadoentãomestrandoThales
56 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Estefani,soborientaçãodoprof.Dr.JoãoQueiroz.Aimportânciadasmudançasatuaisnessemundodaartecooperouparaaescolhadeaplicaressaexperiênciapráticaemumadisciplinaquesepropõeatratar de atualidades culturais.
Apartirdaapresentaçãodosconceitostrabalhadosnadisciplina,dosmétodosdedesenvolvimentoedosresultadosapresentadospelosalunos,busca-sedemonstraraspotencialidadesdostorytelling digital interativocomoparadigmabastanteespecíficoparacontarhistórias,oquereestruturaamaneiradepensaraprópriahistóriaecomocoordenarhabilidadesedemandasartísticasbastantediversasnesseprocesso.
Palavras-chave: e-book;e-picturebook;digitalstorytelling;docência;ensinosuperior.
MEMÓRIA
Sobre Memória e Memoriais Arquitetônicos
Bruno Cordeiro da FonsecaUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Opresentetrabalhosepropõeadebateralgumasquestõesdosconceitosdememóriaesuamaterializaçãoemmemoriaisarquitetônicos.AbordadoarelaçãodessesmemoriaiscomImagem, Re-presentação, Identidade. OfimdoséculoXXéummomentoimportanteparaadiscussãodoconceitodeMemóriaeseusdesdobramentoscomrelaçãoàidentidade,pertencimento,representatividade.Dentrodessadiscussão,umdosprimeirosatrabalharotemaéohistoriadorPierreNora,ondetratadoslugares,objetoseartefatos,osquaischamadeLugares de Memória,queformariamuma“memó-rianacionalfrancesa”.DentreastipologiasqueessesLugares de Memória podem adotar, um especial destaquepoderiaserdadoaosMemoriaisArquitetônicosedificadosemespaçopúblico,arquiteturascomobjetivodecristalizarumamemóriaafimdesetornaruma“memóriapertencenteatodos”.
MemoriaisArquitetônicossãocriadosapartirdeumdiscursodequesedeveprestarhomenagem,prestarmemória,aalguémoufatoocorridooutema,ougrupo.Asrelaçõesdentrodosmemoriaisnãosãofrutodoacaso,masestrategicamentecriadasparafinsdefinidos.Asociedade,ouavontadedealgumainstituição,refleteoquerepresentaseusvaloreseoqueelaquerperpetuarcomoamemória.Assim,oesforçodosgovernosemcriarespaçosdememóriacomum,edificadosnoespaçopúblicosejustificamnofatodesequerercriarmemóriascomuns,valorescompartilhados.Portantoessesobje-tospossuemumafinalidadebemdefinida,sempresurgemapartirecomumavontadepolítica,umdiscursoestéticoeasreferênciasaoseutempoelocaldeconstrução,isoladosdeseucontexto,essesmemoriais sãoapenas formas soltasemumapaisagem.A formacomosão representadospode,ounão,contribuircomarelaçãodeidentidadeepertencimentoqueosvisitantesterãocomoobjeto.OteóricodaarquiteturaIgnasiSola-Moralestraçaumparaleloentreaformadecontroleepoderdocapi-talismo“colonial”eopoderatual,easarquiteturasqueresultaramcomorepresentaçõesdessepoderpara assimdebater queuma aparente “flexibilização”, “desmaterialização” das estruturas depoderteveseureflexodiretonasarquiteturasque,hoje,aparentam,oubuscam,umalevezaoufluidezou contrariaumaestagnação.Porfimpretendelevantaroquestionamentoseasarquiteturasdestinadasamarcarumamemória,hoje,revelamumatentativadefluidez,dainstabilidadedamemória.
Palavras-chave: MemoriaisArquitetônicos;Memória;Identidade.
57III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Vincent, Van Gogh e as cartas para Théo: relações epistolares e a narrativa em quadrinhos de Barbara Stok
Luciana FreeszFrancine Natasha Alves de OliveiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
NestetrabalhopretendemosanalisaraobraVincent (2012), novelagráficadaautoraBarbaraStok,estabelecendorelaçõescomostextosdascorrespondênciasqueopintorVanGoghtrocoucomseuirmãomaisnovo,Théo.Naorganizaçãodasepístolas,reunidasnapublicaçãoCartas a Théo, encontramos várias informaçõespertinentesarespeitodaformaçãoedoamadurecimentodoartistaplásticoVincentVanGogh,oferecendo-nos,porsuavez,todaatrajetóriadeformaçãodoseupensamentoestético.Nascartas,oartistaescrevesobreadificuldadededesenhareenfatizacontinuamenteaimportânciadoexercícioedapráticadeestudosparaseatingiroobjetivoprincipaldarepresentaçãopormeiodaimagem.VanGoghsepreocupa,assimcomomuitosoutrosartistas,emaprimorarseusestudosemanatomiaanimalouhumana.Seuobjetivo,asleisdeproporção,deluzedesombra,deperspectiva,que,segundoopintor,todosdevemosconhecerparapoderdesenhar,étraduzidonatentativadedesenvolversuashabilidadesapartirdoolharpelanatureza.VanGoghnosafirmaque,semoreferidoconhecimento,estaremostravan-douma“lutaestéril”(2012,p.55).AnovelagráficaVincent,deBarbaraStok,narraatrajetóriadopintordesdesuapartidadeParis,em1888,paraacidadedeArles,nosuldaFrança.Stok,assimcomoVanGogh,édeorigemholandesa.AautoranasceunacidadedeGroningenem1970,trabalhandocomofotógrafaejornalistaantesdedecidirsetornarumaautoraeilustradoradequadrinhos.Em1998,estreoucomolivro “Barbaraal tot op het bot (Barbara:TheBareBones)”.Emsuasobras,temascomoconcertos, noitadas, embriaguez,osprimeirospassosnocaminhoparaoamoreomedodamortesãoabordadoscomleveza.Seutraçooriginal,suanarrativadelicadaesuamaneiradeampliarpequenosdetalhesdaexistênciafize-ramsucesso.AobraVincentéseuoitavolivro,umanovelagráficanaqualaautoratrabalhouportrêsanos,comapoiodoMuseuVanGogh,deAmsterdã,equefoipublicadaemváriospaíses.Partindo do princípio dequeascartasdoartistacarregamtraçosautobiográficos,buscamosfazerumparaleloentreosdepoi-mentosdopintoreanarrativaemartesequencialconstruídaporStok.
Palavras-chave:Literatura;Quadrinhos;VanGogh;Cartasdeartistas;Imagem.
O outro, o momento, o espaço urbano: interpenetrações narrativas construídas pelo desenho
Maísa Carvalho TardivoCláudia Maria França da SilvaUniversidade Federal de Uberlândia (UFU)
Recortedepesquisademestradoemcurso,cujapropostaestánoestudodainteraçãoentresu-jeitosanônimosedemaioridade(idosos)eapesquisadora,pormeiodetécnicasderepresentaçãoemartesvisuais(desenho–comorecursotradutivoeexpressivo);entrevistaseobservaçõesdemodosdecomportamentos(abordagemetnográfica).Pensamosnossujeitosenvolvidoscomo“personagens”quehabitamoespaçopúblicodaspraças-lugaresondemuitosidosossereúnemesociabilizam.Apartirdeestímulosparaoiníciodeumaconversa,osidosospassamanarrarsuasexperiênciasevivênciaspor
58 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
meiodamemóriaconstruída,paraquesejamcapturadasplasticamenteatravésdoDesenho.Pormeiodoscomponenteselementaresdestalinguagem,busca-seexperimentaratraduçãodeumamemóriavivida,percebendoarelaçãoconstruídaentreossujeitosquenumprimeiroinstantesãoestranhosumaooutro,masqueapartirdomomentoemquepassamatrocarexperiênciasnumatodetransmissãodememóriaedetraduçãodeumalinguagemaoutra,começamasepercebereaseencontrarememumamesmahistória.Considerandoqueopresentetrabalhobuscareunir,pormeiodepráticasdeDe-senho,adesenhistacomintérpretedessastransmissõesorais,viaconstruçãodeimagenseosujeitoquerememorasuasexperiências,umdosobjetivosdapesquisaédiscutiraArtecomoparteintegrantedaspráticascotidianasdaspessoas,nosapoiandonateoriaestéticapragmatistadeJohnDewey(1859-1952)quedefineArtecomoexperiência.Alinguagemoraleocontatocompessoasmaisvelhassãotomadoscomopontodepartidaparaessaprática.Aexperiênciaartística focalizaanecessidadedeseconsideraroprazereasatisfaçãoenvolvidosnestaexperiência,cujoimpulsoédadopeloprópriocontextonoqualse insereo indivíduo.Háoprazerdadesenhistaemcontemplaroespaçourbano,acompanhandosuatransformaçãopeloritmoquearege.Prazernodiálogoestabelecidoentreduaspessoasdesconhecidas,quevãosedescobrindoe interligandohistórias.Satisfaçãoemoferecer-separaaescutaeesseatosetornarimportanteparaooutro,aopontodevê-losorrir.Econectadoatodosessesprazeres,ésomadaaexperiênciadodesenhar,quesetornaúnicaatodosossujeitosenvolvidos.Partícipedavida,aartesedásobnovasformasemodosdepercepçãonaatualidade,apareceemluga-resincomuns,epropiciaabuscadoprazereoexercíciodasensibilidade.
Palavras-chave: Oralidade;Tradução;Desenho;Experiência;PragmatismoEstético.
MÚSICA E POéTICA
Percursos e fronteiras do modernismo musical brasileiro
Carlos Ernest DiasUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Acomunicaçãopropõearetomadadomodernismomusicalbrasileirocomotemaemdebate,partindodapremissaquenemtodasasquestõeslevantadaspelomovimentoarespeitodaculturamusicalbrasileiratenhamchegadoaumbomequacionamento.Fatoshistóricoseculturaisqueporaquitiveramagudareper-cussão,comooIICongressodePragaem1948sãopoucodebatidos.Damesmaforma,outrosfatospolíticosesocioeconômicos,comoaRevoluçãode1930,oEstadoNovo(1937-1945)eogolpecivil-militarde1964provocaram,anossover,umadescontinuidadenareflexãoacadêmicaarespeitodoprocessoculturallevan-tadopelomodernismo,provocandocertoabandonodessadiscussãoporpartedaintelectualidadebrasileira.
AnãoinclusãodotemanasbibliografiasemusonoBrasiltambémnãocontribuiparafomentaressedebate.Damesmaformaaseparaçãodaspráticasmusicaisemdisciplinaseambientesestanquescomoopopular,oerudito,otecnológicoeomassivo,somadasàsseparaçõesexistentesnaspráticasmusicológicas,divididasentreteóricas,analíticas,históricaseetnomusicológicas,erguemmurosaondenãodeveriahaver.
Trata-se,portantodeumapropostaderevisãonãoapenasdeconceitos,masdeatitudesqueper-manecemsendocruciaisparaodesenvolvimentodaculturamusicalbrasileira,aqualseramificaemdiversosgêneroseestilos.Estarevisãopassanecessariamenteporumaabordageminterdisciplinardofenômenomusical,estabelecendoumconstantediálogocomoscamposdaCultura,daLiteratura,daHistória,dasCiênciasSociaisedosEstudosCulturais.
59III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Sabemosqueéliteralmenteimpossívelaumaculturapermanecerintocadaealheiaainfluênciases-trangeiras.Noentanto,umacoisaéaculturadeumpaísserinfluenciadaporoutras,eoutracoisaéessaculturasersaqueadaouimpedidadesedesenvolverapartirdeseuspróprioscritériosereflexões.Defen-demosaopiniãodeque,mesmoemtemposdeinternetedemundializaçãodacultura,énecessárioqueseconsidereeserespeiteahistóriaculturaleotempodematuraçãodaconsciênciaprópriadecadapovo.
Sugerimosquehajaumaamplaabordagemdasquestõesquepermearamatrajetóriamodernista,eque, sobretudo,secoloqueempautaomodernismomusicalemnossoscurrículosdeHistóriadaMúsica ou de História e Música.
Dessaforma,desejamoscontribuirparaatemáticadeumadasmesasdesteSeminário,quetratadoproblemadamúsica,incluindoaanálisedesuapresençanoambienteacadêmicobrasileiroeemJuizdeFora,nosentidodeconvergirideiasenorteardireçõesquefavoreçamaodesenvolvimentoefe-tivodopaís,baseadoemsuaprópriahistóriacultural.
Palavras-chave: modernismo;música;cultura;brasilidade;interdisciplinaridade.
Música instrumental, música improvisada ou brazilian jazz? O desenvolvimento de uma esfera de produção não-cancional no Brasil a partir dos anos 60 e sua inserção no campo de pesquisa acadêmica
Daniel Menezes LovisiUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Otermo“músicainstrumental”éutilizadoporumagrandeparcelademúsicos,críticos,jornalistaseprodutoresparafazerreferênciaaumafatiadaproduçãomusicalbrasileiraquecomeçouaganharcorpoemmeioàsmudançasestéticassurgidascomoadventoda“bossanova”,emfinsdadécadade50.Apesardepodermoslocalizaraíomomentodeemergênciadessaproduçãomusicalsituadaforadouniversodacanção,foinofinaldosanos60enoiníciodadécadaseguintequeelaganhoumais adeptos,ampliouseuslimitesestéticosefirmou-secomoumbraçoimportantedamúsicapopularbra-sileira,queentãoseconsolidavasobasiglaMPB.
Nessacomunicaçãopretendotratardaemergênciadocampoda“músicapopularbrasileirainstru-mental”(MPBI)confrontandootermocomossimilares“músicaimprovisada”ebrazilian jazz,quebuscamfazerreferênciaàmesmaesferadeprodução.Aoapontaressasdiferentesterminologiastenhocomoobje-tivoinvestigarasrelaçõesentreamúsicabrasileiraeojazz,bemcomoaslutassimbólicastravadasnoam-bientedamúsicapopularaolongodosanos60,queenvolviamasnoçõesde“tradição”e“modernidade”.
Passandopelosmovimentospós-bossa,comoa“cançãodeprotesto”eo“tropicalismo”,tratodasprincipaiscaracterísticasquecontribuíramparaaformaçãodouniversodamúsicainstrumentalbrasi-leiraeparaoestabelecimentodealgumasdesuaslinhasestéticas.
Apósacaracterizaçãodocampoprocuromostrarcomoamúsicainstrumentalvemsetornandotemadepesquisaacadêmica,interessandoamusicólogoseoutrosprofissionaisdediferentesáreasdoconhecimento.EssespesquisadoresenfrentamosdesafiosdesededicaraumaproduçãoaindapoucoestudadapelaMusicologia,disciplinacujoconjuntodeferramentasanalíticaseoinstrumentalteóricoprecisamseradequadosàsespecificidadesdeumobjetofugidio,que,demodocontrárioaoqueacon-tececomamúsicaclássica,nemsempreestáfixadonapartitura.
Palavras-chave:Músicapopular;jazz;tradição;modernidade;musicologia.
60 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
A poesia da canção: o universo lírico e social de Gonzaguinha
Jackson Gil AvilaJussara Bittencourt de SáUniversidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
Essapesquisadecorredosestudosrealizadosnogrupodepesquisa“Linguagem,EstéticaeProcessosCulturais”,doProgramadePós-GraduaçãoemCiênciasdaLinguagem,daUniversidadedoSuldeSantaCa-tarina–UNISUL.Nossapropostapartedoprincípiodequeaarteéaunidadedoeternoedonovo,realizadapeloseparaossereshumanos.Aartedáaver,aouvir,apensar,asentireadizer;aartecomotransfiguraçãodoexistentenumaoutrarealidade.Aliteraturaeamúsicasãomanifestaçõesartísticasquetêmseuentre-laçarnascanções,ouseja,composiçõesqueconjugamletra,melodiaeharmonia.Ascanções,porsuavez,podemrepresentar,transfiguraretransformaromundo;sendo,aomesmotempo,tensãoerelaxamento;expectativapreenchidaounão;organizaçãoeliberdadedeaboliraordemestabelecida.Aoestudarmosascançõesnocontextomusicalbrasileiro,destacamosLuizGonzagaJúnior(Gonzaguinha). Oolharsobresuascomposiçõesprovocou-nosodesenvolvimentodestapesquisa.Nossoobjetivoéanalisararepresen-taçãopoéticaemsuascanções.Paratanto,selecionamosascanções:Grito de Alerta, Feliz, Mamão com Mel, Artistas da Vida, É e O que é o que é.Procuramosanalisaraestéticaquesedesenhaemseusversos. Estaéumapesquisaqualitativa,configurando-secomoumestudodecaso.Apesquisabibliográficadeuaporteaospressupostosteóricosquefundamentaramasanálises.EmnossoestudoobservamosquecançõesdeGonzaguinharepresentamouniversolírico-amoroso,evidenciando-ocomoumpoetaquecantaoamornassuasdiversasnuances,comdiálogosentrediferentesestéticas.Outrascançõestransfiguramocarátersocialdaobra,deflagrando-ocomoumcompositorquesinalizatransformaçõesdavidapelaarte.Avida,conformecantamosversosdoartista,“ébonita,ébonitaeébonita”.
Palavras-chave: Gonzaguinha;música;poesia;lírico;social.
Individualidade de interpretação e vocabulário melódico na Música Popular Improvisada: análise de dois improvisos do guitarrista americano Jonathan Kreisberg
Rafael GonçalvesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Opresentetrabalhopretendediscutirarelaçãoentreperformanceecomposiçãomusicalnore-pertóriodeMúsicaPopularImprovisada(englobandoosgênerosJazzeMúsicaInstrumentalBrasileira).CombaseemautorescomoNicholasCook,IngridMonsoneEricHobsbawnmostracomo,nestegrandegêneromusical,osintérpretesmuitasvezesutilizamcomposiçõesdeoutremapenascomopontodepartidaou impulsoparasuacriaçãoartística– tamanhaamodificaçãoesofisticaçãoque imprimememsuas releituras.Nestesentido,argumenta-se, combaseemdepoimentose referências deartis-tascomooguitarristaPatMetheny (1954-),omúsicoJacobdoBandolim(1918-1969),opianistaHal Galper(1938-)eotrompetistaWyntonMarsalis(1961-),queodesenvolvimentodeindividualidadedeestilodeinterpretaçãomusicaléumvalorperseguidopelosartistas.Otrabalhomostracomoháumesforçoporpartedos intérpretesparaaaquisiçãodeumvocabuláriomelódicopara improvisa-ção–osprocessosdeestudoe“emulação”deartistaspredecessores, estudodefrasesefragmentos
61III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
musicaisparaaplicaçãopráticaemtemporealdeperformance. Comopartedotrabalho,foramfeitasduastranscriçõesmusicaisanotadasempartitura,dosimprovisosnasmúsicasCaravan e My Favorite Things,interpretadaspeloguitarristaamericanoJonathanKreisberg,noCDOne(2013).Essasmúsicasfazem parte do repertório standarddejazzesãoapresentadascomoreleituraspelomúsico. Sãofeitasanálisescomparativasdoselementosdevocabuláriomelódicoempregadospelointérpretenosdoisimprovisos(usodeescalasalteradas,aproximaçõescromáticas,arpegioscomnotasdeextensão,po-lirritmia)quepodemevidenciarumamaneiraouestilodeinterpretaçãoprópriodomúsico.Otrabalhocompara,ainda,arecorrênciadovocabuláriomelódiconainterpretaçãodeMy Favorite ThingsnaversãodoCDOne(2013)comeemumainterpretaçãoaovivodoartistanaFrança,em2013.Ecomparaasver-sõesdeMy Favorite ThingsdeKreisbergcomasdosaxofonistaJohnColtrane(1926-67)analisadaspelamusicóloga Ingrid Monson no seu livro Saying Something: Jazz Improvisation and interaction (1996).Nestesentido,argumenta-sequepodemosconsiderarqueovocabuláriomelódico,quandoapresentaelementos recorrentesnas improvisações,podeserevidenciadoatravésdaanálisemusical,eéumelementoqueexpressaaindividualidadeepersonalidademusicaldointérprete.
Palavras-chave:Improvisação;análisemusical,vocabuláriomelódico;JonathanKreisberg.
Segmentação de dados acústicos e cinemáticos de uma performance musical: uma revisão bibliográfica
Thais Fernandes SantosUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Estacomunicaçãofocanasescolhasmetodológicasdesegmentação,envolvendodadosdeáudioemovimentoemumaperformancemusical.Umamplonúmerodepesquisasveemdesenvolvendoestudossobrearelaçãoentreomovimentodomúsicoeosomproduzidoporeles.Opontodepartidaéoconhecimentoediscussãoenvolvendoaspublicaçõescientíficasnaárea.
Sabemosqueosmúsicosrealizamescolhasinterpretativasqueestãocondicionadasà manipula-çãodosom,natentativadeenfatizare/ouminimizardeterminadosaspectosqueosmúsicosexpressamdurante suas performances.
Outro importante aspecto da análise de uma performance está relacionado com o movimento produzidopelosintérpretes.Determinadosmovimentosrealizadospelosmúsicosestãoamplamenterelacionadoscomaproduçãodosom,enquantooutrosgestossãoclassificadoscomo“acompanhan-tes”,umavezqueestesnãopossuemrelaçãodiretacomaproduçãosonora.
Aescolhadasegmentação,nessetipodepesquisa,fazpartedametodologiaenvolvidanoestudo,dadoqueessadeterminacomoserãoosrecortesaseremanalisadosequaiscaraterísticasestessegmentosterão.
Algumaspesquisasseguemaideiadeumasegmentaçãomaisautomatizada.Determina-seumaferramentaqueexecutaosrecortesnosinalcinemáticoe,emseguida,noacústico.Outraalternativaseria o uso de descritores de movimento, como a velocidade tangencial, segmentando o sinal pelo mí-nimodeenergiadascurvasenvolvidas.Existemainda,segmentaçõesbaseadasnaintuiçãodosgestosgerados pelo som produzido pelos músicos.
Pesquisasapontamparaanecessidadedeobservaçãodossinaiscontínuosqueenvolvamaspec-tostemporais,comoosom.Nota-sequeestudosenvolvendoocírculodepercebereagir,nasativida-desinterativashumanas,deveriamseatentarparaasreferidascaracterísticastemporais,umavezqueestas fazem parte do processo.
62 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Esseartigobuscafazerumarevisãobibliográficasobreasdiferentessegmentaçõesrealizadasempesquisasqueenvolvamosomeomovimentohumano,destacandoaimportânciadoaprofundamentodadiscussãometodológicanessaáreadepesquisaebuscandofazeravançaroconhecimentoacumu-lado pela área.
Palavras-chave: Análisedeperformance;Métodosdesegmentação;Performancemusical;Movi-mentohumano;Manipulaçãosonora.
TEATRALIDADE E REPRESENTAÇÃO
Onde está a Baronesa? ou Sobre conceitos e procedimentos utilizados pelo Grupo Ária na criação de uma mini-ópera
Davi de Oliveira PintoEutiquio Fernandes da FonsecaEmerson Fernandes PereiraUniversidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
OGrupodePesquisa“Ária:TeatroeMúsicaemDiálogo”buscaa interlocuçãoentreo teatroeamúsica.AprimeiramontagempartiudeumfatorelativoàvidadaBaronesadeCamargos,ilustremora-doradaOuroPretonovecentista.Criou-seumamini-ópera,denominada“OndeestáaBaronesa?”,emquesecantaecontaesseacontecimento,parodiandocódigoscênicosemusicaisdosgênerosóperaeconcerto.Agora,sepretenderefletir,nestapropostadecomunicaçãooral,sobrealgunsdosconceitosedosprocedimentosqueestiverampresentesnoprocessodecriaçãodolibretoedamúsica,bemcomo noprocessodasuarespectivaencenação.Oconceitodediálogoremeteaumainvestigaçãodaspossibili-dadesdeoteatroeamúsicaseremtrabalhadosconsiderandoassuasespecificidades,mas,semqueumaartesufoqueaoutra.Aocontrário,oesforçoéfeitoparaqueasduasartesseimbriquemnaconstituiçãodeumresultadoartísticoeestéticocujatramaespetacularseestrutureexatamentenatentativadeumequilíbriodas forças teatraisemusicaisem jogo.A teatralidade tambémé focalizada, sendopossíveldizerque,aomesmotempoemquesebuscoureferêncianaópera,cujateatralidadeéexplicitamentedada,tambémseescolheuaperspectivadoconcerto,noqualateatralidadenãoestátãonitidamentemanifesta.Da tensãoconceitualdecorreuumtrabalhocênico-musicalhíbrido,noqual,deumlado,ocenário,porexemplo,deixoudeterfuncionalidade,focalizandoaaçãodramáticanoqueosatoresfazementresiduranteaapresentaçãoe,deoutro,aposturafixatípicadeumconcertotambémsemodificou,sendotransformada,porvezes,emumamovimentaçãotipicamenteteatral.Oprocedimentodocontrastenacaracterizaçãodosatores,usandotrajessociais típicosdecantoresquandoseexibememconcer-tos,conjugadoscomperucasquequebramtodaaseriedadedofigurino,foiumaescolhanaperspectivadetornarcômicaaaparênciadospersonagens.Oprocedimentodavocalização,ouseja,cantaralguns trechosusandoapenasvogais(“ó”e“á”,nocaso),umacitaçãodeumcódigooperístico,tambémaportoucomicidade,devidoaocontextoemqueéexecutado.Porfim,oconceitodepatrimônioculturalentra emcena,pois, amini-ópera foi idealizadapara se apresentarnaCasadaBaronesa, casarãohistóricosituadonaPraçaTiradentes,marcandoumaaproximaçãoentreacriaçãocênico-musicaleocampodaEducaçãoPatrimonial,peloviésdamediaçãoartísticadeumbempatrimonialedificado.
Palavras-chave:teatro;música;diálogo;ópera;patrimônio.
63III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
A Noiva do Condutor - Uma Opereta de Noel Rosa na atualidade
Marcelo Nogueira Mattos Angela Maria da Costa e Silva CoutinhoInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ)
Aoperetaécaracterizadacomoumapequenaóperadeefervescentecomicidade,commelodiasirresistíveisemuitadança,trazendocertalevezatantonostemascomonadramaturgia,decaráterhí-bridoefluido,ondeapresentacertamisturadecanto,dançaefala.
OdestinodaproduçãodoteatrobrasileironofinaldasegundametadedoséculoXIX,deveu-seaestreiaemfevereirode1865daoperetaOrphéeauxenfers. As operetas francesas faziam tanto sucesso quelevouautoreseartistasbrasileirosaseapropriaremdomodeloeadaptandoosenredosparaarealidadebrasileira.
Diantedestarealidade,podemosindagar:Comoseestabelecememnossocenárioatualarelaçãoentreasoperetasbrasileiraseasfrancesasparaaproduçãoeparaopúblico?
Sendoassim,oobjetivodesteestudoéapresentaraopereta“ANoivadoCondutor”apartirdeumaatualizaçãodaobraoriginaldeNoelRosa.Estaobraqueéoobjeto destapesquisatemenredoemúsicasinéditaseoriginaisescritasporNoelRosaeArnoldGluckmann.Aoperetacontaahistóriadeumcondutordebondesquesefazpassarporumadvogadoparaconquistarocoraçãodesuaamada.Oenredocolocaemxequeosvaloresmoraisdospersonagens,revelandooapegoaodinheiroeaostatus social.
“ANoivadoCondutor”emsuagênesefoiconcebidaparaserrealizadanumprogramadeRádiocomduraçãode30minutos,recebeem2014umaatualizaçãoparaoteatromusical.Essanovamon-tagemcomemora80anosdesdequefoiescritae30anosdepoisdagravaçãoemLPcomMaríliaPêraeGrandeOtello.OespetáculoalémdetrazerascançõesdeNoelRosacontribuiparaumadiscussãosobreoteatromusicalcontemporâneoquetemosciladoentreasimportaçõesestrangeirascoloniza-das,osqueaproveitamaestéticacolonizada,masimpõemtemáticagenuinamentebrasileirae,maistardiamente,osquetêmdevoradooNorteecriadoumaobratropicalista,opondo-seaomainstream.
Observamosqueaoperetaoriginalpossuía10canções,nessanovamontagemacrescentamosmais16,totalizando26canções.Ointuitodessaampliaçãodoroteiromusicaléiralémdaestruturaoriginaldaobrae(re)apresentá-lacomumaatualização.Diferindo-sedosmaneirismosdeumainter-pretaçãomaistipificada,acrescentandotextossobreoRiodeJaneiro,sobreVilaIsabelesobrehábitosexistentesnasociedadecarioca,comotambéminseriropróprioautordentrodatrama,ganhandoumaintertextualidadecomsuabiografiaetextosdeautoresdaBelle Époquebrasileira.
Palavras-chave:NoelRosa;opereta;teatromusical.
A Era dos Festivais e a narrativa por trás do Festival de MPB em 1967
Talita Souza MagnoloChristina Ferraz MusseUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Apropostadoartigoé,pormeiodepesquisabibliográfica,revisitarahistóriadatelevisãobrasilei-ra,tendocomofocoarealizaçãodasduasprimeirascompetiçõesmusicaistelevisionadas,inicialmentepelaTVExcelsior:osFestivaisdeMúsicaPopularBrasileira1965e1966.Deacordocomanarrativa
64 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
dealguns,1ºFestivalNacionaldaMusicaPopularBrasileiraterialançadoasbasesdaMPB“talcomoaconhecemoshoje”(DIAS,2016),aindaqueoutrasexperiênciasderealizaçãodecompetiçõesmusicaistenhamocorridoanteriormente,massemoalcancedasuaversãotelevisiva.Ointuitodesteretrospec-toserácompreendereentendercomoaEradosFestivaissedeuequaisforamasprincipaiscaracte-rísticasqueserviramdelegadoparaoFestivaldeMPBde1967,realizadopelaTVRecord.Acredita-sequepormeiodoresgatedohistóricodarealizaçãodosprimeirosfestivaisdemúsicacompromoçãodeemissorasdeTVnoBrasil,serápossívelpercebereventuaistendênciasdemudançaemesmodemanutençãonosformatostelevisivosquereúnemmúsicaeelementosdedisputacomoestratégiasdeatraçãodopúblicoedeorganizaçãodamensagemtelevisual.
SãodestacadosaspectosdahistoriografiadaTVExcelsioredarealizaçãodosfestivaiscomomar-codesuatrajetória,atéchegaràrealizaçãodoFestivalde1967.Paraestetrabalho,oFestivalde1967seráconsideradoumaconstruçãonarrativaporpartedaTVRecord,quelançoumãodautilizaçãodeváriasestratégiascomunicativasecomerciaisparadeixar,deumavezportodas,nahistóriadamúsi-canacional,umespetáculoqueéconsideradopormuitosautoreseartistas,comoZuzaHomemdeMello(2010),CarlosCalado(1997),CaetanoVeloso,SolanoRibeiroePauloMachado(UMAnoiteem67,2010),umdosmaisimportantesfestivaisnacionaisqueaconteceramnaquelaépoca.OprincipalobjetivodesteartigoéentenderasestratégiaseestruturasdoFestivalde1967comonarrativasquepossuíamumaintençãoe,graçasaisso,provocavamreaçõesesentimentostantonaplateiacomotam-bémnosartistasqueparticiparamdacompetição.Paraisso,seránecessáriotrazerumabrevediscussãosobreasnarrativas,entendendoprimeiramentecomoelaseramvistaseestudadasedepois,comavirada linguística, a retomada de uma análise mais crítica e como os discursos e as formas de contar ganharamsentidoecomeçaramaserpercebidoscomoportadoresdesignificadosesignificações.
Palavras-chave:Festival;Televisão;Narrativa;DitaduraMilitar;Música.
A dança entre escalas: variações sobre o dançar em diferentes contextos
Yasmine Ávila RamosUniversidade Federal de São Carlos (UFSCar)
EstetrabalhofazpartedaminhapesquisademestradosobreaformaçãodocorpodobailarinoapartirdaanáliseetnográficadejovensqueseiniciamemumprocessodeprofissionalizaçãoemdançadentrodaEscoladeDançadaFUNCEB(FundaçãoCulturaldaBahia),emSalvador.Apartirdeobserva-çõesobtidasemtrabalhodecampo,analisa-seumasituaçãonaqualadançafoiusadacomoestratégiapolítico-corporalparaangariarfundos–simbólicosemateriais–paraumainstituição.NoeventodereinauguraçãodeumprédiopúbliconaqualaEscoladedançafoiconvidadaaparticipar,quecontavaespecialmentecomapresençadogovernadordoestado, foiescolhidooformatodeumcortejonoqualeramapresentadasasdançaspopularesdaBahia,estabelecendoassimumdiálogodiretoentre aEscoladeDançaeaculturadoestado.Estaescolhaprivilegiouumatécnicadedançaemespecífico,adespeitodasoutras4quetambémeramoferecidascomobasedoensinonaquelaescola.Destemodo,coloca-seemevidênciacomoadançaévistaapartirdediferentesescalas,adependerdocontextoemqueestáinseridaeosobjetivosquesedesejaalcançar.Dadançapautadaempadrõesinternacionaisenaexpertisedatécnica,comoéocasodobalé,dançamodernaecontemporânea,osatoressociaissemovememoutrosdomíniosqueprivilegiamadançaenquantotradição,memória,resgatecultural,
65III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
autenticidadecomoformadediálogoebarganhacomopoderpúblico.Trata-sedemudançasdees-calasfeitapelosatoressociais,quetalcomoindicaMarilynStrathern,tambémimplicaemperdasdeinformação:háumapassagemdaprecisãodatécnicaparaadançavistaapartirdeumavisãomacro,representandoaBahiaatravésdadança.Comisso,deseja-sepensarcomoadançaganhasignificadosdiferentesadependerdodomínioedaescalaemqueelaéacionadapelosprópriosatoressociais.
Palavras-chave: dança;escalas;domínios;EscoladeDançadaFUNCEB.
66 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
RESUMOS / MINICURSOS
O significado na obra de arte: uma introdução à iconologia como método de análise da imagem
Clara Habib Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Julia Dias MöllerUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Justificativa do minicurso: A Iconologia é um método utilizado na História da Arte para a com-preensãodossignificados,porvezesherméticos,dasimagensfigurativas.Opresenteminicursotemcomoobjetivoumaintroduçãoàiconologia,partindodahistóriadametodologiaedosteóricosqueadesenvolveramparaaanálisepráticadeimagensdabaixaIdadeMédia,RenascimentoeBarroco.Ointuitoprincipaldocursoéequiparoalunoparaqueestepossaentenderossignificadosdasimagenseseguiremsuapesquisaindependente.
Objetivo: Introduçãoaosautoresquedesenvolverama iconologiacomométododeanálisedaobradearte.ObservaçãodaaplicaçãodestesmétodosemanálisedeobrasdabaixaIdadeMédia,Re-nascimentoeBarroco.Apresentarfontesbaseparapesquisaiconológica.
Design de estamparia têxtil
Claudia Carvalho Gaspar CiminoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Justificativa do minicurso: Ominicursobuscaevidenciarasrelaçõesexistentesentrearte,design,históriaecultura,comfoconodesenvolvimentodecoleçõesdeestamparia,ampliandoasdiscussõessobreesteassuntonomeioacadêmicoefomentandonovaspesquisasaesterespeitonaáreademoda.
Objetivo: Estudar as relações existentes entre o design, arte, cultura,moda, história, tecnologia deproduçãoemercado.Atravésdaanálisedetendênciasdemodaepesquisasparadesenvolvimentodeprodutosecriaçãodecoleções,ampliaroconhecimentosobreacriaçãodeDesigndeSuperfície,tendocomofocoodesenhodeestamparia,suacriaçãoedesenvolvimento,cores,estiloseutilizaçãonamoda.Pesquisademoda,demercadoeestilodasestampasparalançamentodecoleções.
Texto como Acontecimento
Daniele de Sá Alves Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Gabriela Machado Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
67III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Objetivo: Desejamos,comestaoficina,experimentarumespaçodepercepçãoehabitardocorpoquepossapassarpelautilizaçãodocorpoemseuestadoindeterminado.Queremosexperimentaraconstruçãodemovimentos,vozes,sons,imagens,textoscomoacontecimentos.Queremosre-significaroespaçodeaprendizagemcolocandoofoconoencontroentrecorposquepodegerarformasestéticasdehabitar(habitar-se)eafetar(afetar-se)(n)omundo.
Experiência ex.pe.ri.ên.cia sf(latexperientia)1Atoouefeitodeexperimentar.2Conhecimentoadquiridograçasaosdados
fornecidospelaprópriavida.3Ensaiopráticoparadescobriroudeterminarumfenômeno,umfatoouumateoria;experimento,prova.4Conhecimentodascoisaspelapráticaouobservação.5Usocautelo-soerovisório.6tentativa.7Perícia,habilidadequeseadquirepelaprática.(DicionárioMichaelis.SãoPaulo:Melhoramentos,2012)
Propomosumprocesso,umaaçãoquecontinua,ondeaformadevidageradacomasindicaçõesdosmediadorespossaproduzirumtextoqueváalémdodiscursoequesejaumaprovocação.Umaprovocaçãoquesemanifestanocorpo,corpodapalavra,corpodosom,nogesto,naimagemenascomposições/corporificaçõesgráficas.
Oficina: Desacelerar – En(con)trar (n)o ritmo
Luciana Benetti Marques Valio Objetivo: AOficina“Desacelerar–en(con)trar(n)oritmo”pretendeproporcionarumavivênciate-
órico/práticaaosparticipantesapartirdaconduçãodeumtemapré-definido–nocaso:Desaceleração –,oqualsepropõeatangenciarquestõesatuaisdeecologiaeconvivência(serhumanoenatureza).Assim,pretende-seacompanharepropiciarreflexõessobreoprocessodecriaçãodecadaparticipantedesdeaelaboraçãoatéaconfecçãodeumObjetoArtístico.
Arte, técnica e cultura: a contribuição da Escola de Frankfurt
Virgínia Rodrigues Strack Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Justificativa do minicurso: Esteminicursosejustificacomoumprocedimentopedagógicoalter-nativo,queintentalevarosalunosemfasedegraduaçãoemestradoaorganizaremdemaneiralivreedesmistificadora,osconhecimentosjáaprendidossobreotemadachamada“EscoladeFrankfurt”. Apartirdaretomadadodebateteóricoconhecidodosalunos,adinâmicadominicursopretendequeosparticipantescoloquemquestionamentos,curiosidadeseesclareçamdúvidasconceituaisesobreautorestãopolêmicosecomentados,comoTheodorAdornoouMaxHorkheimer,conhecidosporseu“catastrofismoesclarecido”.Aoacionarrecursosaudiovisuaisparailustraraexposiçãoteórica,podere-moschamaraatençãoparaquestõessociológicasrelevantes,comotambémparaquestõesdiretamen-terelacionadasàvidaacadêmicadosparticipantesesuapráticaartística.
68 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Objetivo: Emtermosgerais,osobjetivosdominicursosão:1–Apresentarasváriasinfluênciasteó-ricasehistóricasnaformaçãodachamada“EscoladeFrankfurt”;2–Discutir,apartirdacontribuiçãodosdiversosautores,osconceitosrelevantesnaconstruçãodesuasteorias;3–Refletirsobreapertinênciadopensamentofrankfurtianoparaodebatesobreaartenacontemporaneidade.
Documentário e narrativas na construção do outro e do eu
Daniel Brandi do Couto Cristiano RodriguesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Justificativa do minicurso: Oquantoconheçodemimquandobuscoooutroeoquãoconheçoooutroquandobuscoamim?Odocumentárioenquantonarrativaaudiovisualdesenvolveuaolongodesuatrajetóriadiferentesformasediscursosquepermitiramaogênerotransitarnãoapenasnorelatoouargumentaçãodistanciadaepassivaacercadofato-outro,mastambémcomoformadedescoberta,significaçãoereflexãododocumentaristadeuniversosmaisíntimos,subjetivosepessoais.Aslacunas,osnão-ditos,oenfrentamentodasimpossibilidadesearevisitaçãodememóriasearquivospermitemaosrealizadoresnovasformasdetratarcriativamenteoreal,atribuindonovossignificadosepercep-çõesdediferentestemáticas.Énonascerdessenichoquesedestacamosdocumentáriosdebusca,osfilmesdearquivo,oensaísmo-fílmicoeoutrasvertentesquepermeiamouniversodogêneroeacabamaproximandorealizadoreobjeto-documentadonumarelaçãomarcadaporumaconstantetrocaerefle-xãoquecolocamemevidência-eatémesmodúvida-seusmétodos,abordagensequestionamentosacercadooutroedesimesmos.Ocrescentenúmerodeproduçõesquepodemserabarcadasnestetema,suasconstantestransformaçõesestéticasenarrativasnospermitemfomentaradiscussãoeoestudodessasnovasvertentesdogêneronacontemporaneidade.Destemodo,faz-senecessáriodis-cutireentenderoscaminhosdessestiposdefilmeereconhecerasnovaspotencialidadesdousododocumentáriocomoformadeexpressãodooutroedoeu.
Objetivo:• Propornovosolharessobaproduçãodefilmesdocumentáriosaosparticipantesdominicurso.• Propiciaradiscussãoeestudodenovosgêneroseabordagensdentrododocumentáriocon-
temporâneo.• Apresentarferramentasquepermitamacriaçãodenarrativasapartirdemicro-históriaseabor-
dagens pessoais.• Discutirodocumentárioenquantopotênciaparaprojetarnovosolharessobreooutroeoeu.
Travessias entre um devir-surdo e um devir-cego em experiências de criação cinematográfica
Glauber Resende Domingues Maria Leopoldina (Dina) Pereira Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Justificativa do minicurso: Atualmentetemosvistoquerecentesfilmestêmsidoconcebidoscomvistasaatenderadiversospúblicos.Considerandotaisaspectos,umapequenapartedaproduçãoci-
69III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
nematográficaatualteminseridoemsuasproduçõestecnologiasdeacessoaocinemacomooclosed captionoualegendagemparasurdosouajanelaemLIBRAS,bemcomoaaudiodescriçãonassalasdecinema(FRESQUET&MIGLIORIN,2015). Comvistasaprovocartravessiasarriscadassobrecomoéocon-tato de pessoas cegas e pessoas surdas com o cinema, propomos o presente minicurso, tendo como pano defundoafilosofiadadiferençadeDeleuze&Guatarri(2012)noquedizrespeitoaconceberaexperi-mentaçãocinematográficacomodevir.Nestaperspectiva,podeocinemacriaremouvintes/videntesumdevir-surdoouumdevir-cego?Nossapropostaéaexperiênciaradicaldeviver‘napele’oser surdo/cego, aindaqueouvintes/videntes.PartindodaafirmaçãodeGomes(2012;p.29),deque“Escutarnãoéouvir,assimcomoolharnãoéver”,propomosexperienciar a surdez e a cegueira no fazer cinema. O conceito de experiênciaétrabalhadoapartirdeWalterBenjamineJorgeLarossa,pensandoqueelaé,antesdetudocoletiva,eque,“osujeitodaexperiênciatemalgodesseserfascinantequeseexpõeatravessandoumespaçodeterminadoeperigoso,pondo-seneleàprovaebuscandonelesuaoportunidade,suaocasião”(LARROSA,2004,p.162). Oconviteentãoécorrerperigo,realeimediatocomocinema!
Objetivo:Ominicursotemporobjetivoprincipalprovocarafetaçõesemdevircomomododeexperimentarcinemaqueéfeitoporpessoascegasesurdas.Comodesdobramentosdesteobjetivo,pretendemos:assistirafilmesquetragampersonagenssurdose/oucegosparaumaprimeiraaproxima-ção;experienciararealizaçãodeumMinutoLumière(BERGALA,2008)ondeasimagensfaçampensar,despertemoutrossentidosdeleituraqueprescindamdaaudiçãoe/ouquesejamproduzidoscomumolharcego;e,porfim,discutiroquepodeocinemafrenteàsurdezeàcegueira.
Apreciação Musical: uma abordagem crítica
Eduardo Paes Barretto FilhoUniversidade de Aveiro (Ué)
Justificativa do minicurso:“Adoromúsica,masnãoentendonada...”.Essetipodecomentário,queemergecomcertafrequênciaemnossasociedade,suscitaalgumasquestõesreflexivas:Quetiposdecompetênciassãoesperadasparadenotarum“entendimento”damúsica?Seráqueofatodealguémnutrirumarelaçãode“adorá-la”jánãoimplicaemumacertacompreensão?
Hojeemdia,estamosimersosnumavasta,intensa,ecambiantegamademanifestaçõesmusicais.Nesseturbilhãodeinformações,porvezesnossentimosinquietoseperdidos.Masse,comodizem,“éprecisoseper-derparaseencontrar”,entãotalcenáriojáentrevêapossibilidadede,aomenos,cumpriraprimeiracondição.
Propondoserumespaçodeencontrodepessoasinteressadasemescutar,refletiredebateracercadasexperiênciasde“musicar”(SMALL,2009),apertinênciadaoficinaApreciação Musical: uma abordagem críticajustifica-seportantocomoumaútilferramentaparaquecadaumpossatrilharseuprópriocaminho.
Ointuitoépodervislumbrarnovasecriativaspossibilidadesdeescutaapartirdequestionamen-tosedapluralidadedeperspectivas.Hádiferentesmaneirasdeseouvirmúsica?Quaisseriamelas?Comoexercê-las?Porquê?
Objetivos gerais: Escutaredebatersobremúsicasdediversosperíodosegêneros.Aprincípio,aoficinaserápautadaemmanifestaçõesmusicaisocidentais.
Objetivos específicos: Munirosformandosdecompetênciasquelhespermitamadquirirconhe-cimentosacercadosperíodosestilísticos,formas,gêneros,instrumentações,compositores,sãoalgunsdosobjetivospropostosporestaoficina.Masnãosó.O intuitoéquepossa irmaisalém,passandotambém,eprincipalmente,porproblematizartaisconceitos,demodoaqueosformandosabandonemumaatitudepassivaesejamestimuladosainteragir,questionarediscutircriticamentetodooprocesso.
70 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
RESUMOS / PÔSTERES
ACTlab | laboratório de ações artísticas
Carmem Lúcia Altomar Mattos Paula AmbrosioUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
OACTlab,laboratóriodeaçõesartísticas(2008)éumwebsitequetemcomopropostaconstituirumespaço–físicoevirtual–abertoeinterdisciplinarparaaproduçãodetrabalhospráticos.Umaini-ciativacolaborativaquepossibilitaodiálogoentreestudantes,artistasepesquisadoresparaqueestespossamdesenvolver,testar,analisarecompartilharsuasideiaseprocessosdetrabalho.Entreasativi-dadesdesenvolvidasestãoadivulgaçãodeeventosartísticoseculturaisqueacontecemportodapartedomundo(Painel),aelaboraçãodeconteúdo/pesquisa(RevistaeBlog)eformação/ensino(GaleriaeEducação).Cadaumadessasaçõesestabeleceumaformadeexercício,ressaltandoaexperimentaçãoapartirdousodediferentesconhecimentosesuasaplicações,comomododepotencializaropensa-mento crítico e criativo através do fazer.
Palavras-chave: AçõesArtísticas;Interdisciplinaridade;Experimentação.
Character Design: Conceitos para a criação de um personagem para jogos digitais
Gabriel PatrocinioUniversidade de évora (Ué)
Opapeldoheróinosjogosdigitais,émaisdoqueumavatarpararepresentarojogadornaqueleambientevirtual.Opersonagempossuimotivações,profissão,desejos, fraqueza,estratégiaeoutrosarquétiposrelacionadosaojogo,ouseja,nãosãoapenasfiguras,massimrepresentaçõesvisuaiscomnomeecontextoqueparticipamdanarrativa.Issoocorrenãoapenascomoherói,mascomosoutrospersonagensdojogo,comoosvilões,inimigosepersonagenssecundários.
Utilizaçãodeformasecoressãoessenciaisparaodesigndopersonagemcomoobjetivoderepre-sentartodaessacargaemocionalemotivacionalparacriaroscódigosvisuais.Comobasedeestudoemnosso pôster, nos inspiramos no autor Carl Golden no artigo “The 12 commom Archetypes” como Lema, Desejo,Objetivo,Estratégia,entreoutros.
Aplicaremos esses conceitos em nossa personagem Helga,protagonistadojogoHalag.Aafinidadecom o tema proposto, é apresentar como foi construída essa personagem utilizando esses conceitos, mostrandoasilustraçõesrepresentandoosarquétiposdapersonagem.
Nossoobjetivocomoposterémostraraconstruçãoearepresentaçãodopersonagem,cujooautorédesignergráficodoHalageresponsávelpelosaspectosvisuaisdojogo.Apresentaremosemformadeinfográfico,comascaracterísticasdapersonagemeseuresultadovisual,parainteressadosemcharacterdesign,ilustração,personagens,narrativagráficaejogosdigitais.
Palavras-chave: Character;Design;Criação:Jogos;Conceitos.
71III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
O Espaço Social do Museu de Arte de São Paulo: O vão livre da arquitetura de Lina Bo Bardi
Ítalo Anderson Lopes Pinheiro ClarindoUniversidade Anhembi Morumbi
OtrabalhotemcomoobjetivoapresentarumacompreensãodovãolivredoMASP–MuseudeArtedeSãoPaulocomoespaçosocialatravésdainvestigaçãodarelaçãoforma-espaço-público,mostrandocomoaformaconcebidaduranteoprojetodoedifíciofavoreceasuaapropriação,quemsãoosusuá-rios deste espaço e como se apropriam dele e o utilizam.
Palavras-chave: EspaçoCultural;EspaçoSocial;LinaBoBardi;Arquitetura;SãoPaulo.
Elke Hering – uma proposição educativa dos alunos do Parfor da Universidade Regional de Blumenau, para o ensino/aprendizagem de escultura na educação básica, a partir do acervo do Museu de Arte de Blumenau
Leomar PeruzzoMaytê MittelmannUniversidade Regional De Blumenau (Furb)
Opresentetrabalhoconsistiunainvestigaçãodepropostasparaoensinoeaprendizagemdaes-culturanaEducaçãoBásica.DaescassezdemateriaiseregistrosemtornodaartelocaleemespecialsobreaartistaElkeHering,surgiuoMaterialEducativo:ElkeHering:umaproposiçãoeducativaparaoensino/aprendizagemdeesculturanaEducaçãoBásicaapartirdoacervodoMuseudeArtedeBlume-nauedesenvolvidonocursodeLicenciaturaemArtesVisuais/PARFORdaUniversidadeRegionaldeBlumenau-FURB.Oiníciodoprojetoocorreunoestágioinformal,ondeosalunosestagiárioslevan-taramanecessidade,juntoaoMuseudeArtedeBlumenau-MAB,dedesenvolverrecursoparasupriramediaçãonaapreciaçãodeobrasescultóricasdaartistablumenauensecitadaanteriormente.Umdospropósitosfoielucidarconceitosemtornodaartelocalcontemporânea,poderserbaseparavivênciasartísticasinovadorasetambémsermaterialdeapoioaeducadoresnosdiversosníveisdeensino.Asaçõesdoprojetodirecionaram-separaapesquisabiográficadaartista, levantamentodeobraspre-sentesnoacertodoMABeporfimodesenvolvimentodeproposiçõesemarteparaquepudessemsersuportenoensinodeArteparadiferentespúblicos.OMEpossuiestruturasimples,defácilcompre-ensãoemanuseio,destinadoaprofessores,mediadoresculturaise interessadosemexploraraçõesdeensino/aprendizagemenvolvendo a linguagemescultórica contemporânea. Compostoporbrevebiografiadaartista,intituladade:ElkeesuaArte;imagensdasprincipaisesculturaspresentesnoacervodoMAB.Temummomentodestinadoparaoseducadoreschamadode:ConversacomoProfessor.UmGlossárioetrêsproposiçõespedagógicasdenominadas:“OTridimensional”,“MemóriasImpressas”e“ArteCorporal”.Aestruturametodológicaatendeanecessidadedecontextualização,fruiçãoeprodu-çãoartísticanoensinobásicoousuperior.Ampara-senaAbordagemTriangular,criadapelaprofessoradoutoraAnaMaeBarbosa.Asproposiçõesoferecempossibilidadesparainúmerasaçõespedagógicasquepodemseradaptadaseexploradasdeacordocomanecessidade/realidadedosinteressados.Es-tãoorganizadasemmomentosdistintos,denominadosde“RodaContextual”-contextualização.“Roda
72 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Observadora”apreciaçãoe“RodaCriativa”-produçõesemarte.ComoresultadooMEmostraqueexisteflexibilidadenaabordagemelaboradapelosestudantesdeArtesVisuaisdoPARFOR/FURB,eoferecevisibilidadeparaaconstruçãodoconhecimento,valorizandotodasasetapasdeumprocessodeapren-dizagememarte,bemcomooprodutofinal.OMaterialEducativodepoisdeprontofoivivenciadonoestágioformalemArtesVisuaisIVcomturmasdoEnsinoMédio.
Palavras-chave: MaterialEducativo;Esculturacontemporânea;Ensino/aprendizagemdaarte.
Um caipira faz sucesso no cinema: a influência da obra de Mazzaropi na construção de uma identidade sociocultural brasileira
Letícia Maia DiasWillian Dias da SilvaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Adécadade1930evidenciouváriosquestionamentosacercadaidentidadenacional,atribuindocentralidadeacultura,umavezqueatravésdelaerapossívelidentificaradiversidadedasociedadebrasileira. Assim,ocinemaconfigurou-seenquantoprincipalmeiodereproduçãodestadiversidadecultural,sendoresponsávelporapresentarecriarumaideiadebrasilidade.Nestesentido,forampro-duzidosinúmerosfilmessobreasmanifestaçõesculturais,religiosas,históricaselinguísticasdopovobrasileiroenquantoexpressõeslegítimasdaidentidadenacional.
Nestecontexto,AmácioMazzaropi,líderdebilheteriaatéadécadade1970,surgiueconsolidou-sena indústriacinematográfica.Aoapresentar-secomoumcaipira,eleestabeleceuumarelaçãodeaproximaçãoeidentificaçãocomopúblico,jáqueamaioriadapopulaçãonaépocarevelava-serural.Ademais,seusfilmestambémmostravamastransformaçõespolíticas,econômicasesociaisvivencia-dasportodaasociedade,permitindooreconhecimentodeoutrossegmentosemsuasproduções.
Logo,suaobraofereceuumaamplafontedeestudosreferentesahistoriografiadocinemaesuasimplicaçõessocioculturaisnoâmbitonacional.Postoisto,oobjetivodotrabalhoemquestãoéanalisarcomoestaformanarrativafeitaporele,aoaproximaropúblicodasquestõesvivenciadasemtodoopaís,mesmoquedemodocômico,permitiuporintermédiodocinemaaconstruçãodeumaidentidadesocialcompartilhadaportodaumageraçãodebrasileiros.
Palavras-chave: Cinema;Mazzaropi;Identidade;Sociedade;Cultura.
As representações femininas na litografia industrial do início do século XX a partir do acervo de Lotus Lobo
Luciana de Oliveira InhanUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Nofinaldadécadade1960,aartistalitográficaLotusLoboadquiriuumgrandeacervodema-trizeslitográficasoriundasdaestampariamineira.Elascontinhamdesenhosdeembalagensdevá-riasmarcas,desenvolvidosespecialmenteparaaindústriadelaticíniosentreasdécadasde1910e
73III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
1960. Nesteperíodo,apesardeoshomensseremosprincipaisprovedoresdacasa,eramasmulheresquemdecidiamascomprascotidianas,comomanteiga,banhaebiscoitos,eporestemotivo,essesprodutosbuscavamartifíciosnaprópriaembalagemparaatrairasconsumidoras.Apartirdaestraté-giadeidentificação,asempresascostumavamrepresentarfigurasfemininasassociadasaoprodutoque,pordiversasvezes,tambémlevavanomedemulher.Comomuitasdessasfábricaseramdeori-gem familiar, os produtos costumavam levar o nome e/ou a foto de algum parente, no entanto, essas referênciaspoderiamserexternascomodeatrizesdecinema.Aintençãodestepôster,portanto,éapartirdoacervodeLotusLobo,identificarasváriasformascomoafigurafemininaerautilizadanasembalagens,encontrarsuasrelaçõesdesemelhançaesehaviaumpadrãoderepresentaçãonain-dústria mineira de laticínios neste período.
Palavras-chave: Litografiaindustrial;designgráfico;LotusLobo;mulher.
A adaptação cinematográfica da obra shakespeariana
Luisa Pereira ViannaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
WilliamShakespeareéumdosmaissimbólicos,influenteseclássicosdramaturgosdaliteratura.Suasobrasforamtraduzidasemváriosidiomasereproduzidasnaliteratura,noteatro,enocinema.
Visto isso,opôsterpretendeprovocarumaanálisedasprincipaisadaptaçõescinematográficasquecircundamaobrashakespeariana.Aanálisedaráênfaseàsadaptaçõesdasobras,para,principal-mente,trazeràluzasdistintaspropostasdosdiretoresdecinema.
Mostraremosasinfinitaspossibilidadesquepodemexistiremumaadaptaçãocinematográfica,apartirdetextostãoricosecomplexoscomoosdeWilliamShakespeare.
DaremosênfasetambémaotrabalhodoimportantediretoritalianoFrancoZeffirelli.AnalisaremossuaversãodeRomeu e Julieta, queéconsideradapormuitosamelhoremaisfieladaptaçãodatrágicahistóriadeamor,alémdevisualmentebelaeimpactante.
Destaforma,atravésdoenfoquenadramaturgia,opôstertemporobjetivomostrarqueaobradoautoréatemporaleatualíssimanosembatespolíticos,culturaisesociaisdomundocontemporâneo.
Palavras-chave: Shakespeare;adaptação;cinema.
O leque como objeto de linguagem no Teatro Noh
Mariana Raymundo RodriguesCentro Universitário Una (UNA)
AdiscussãosobreaformacomooslequessãoutilizadosnaspeçasdomilenarteatrojaponêsNoh,comoinstrumentosdelinguagemecomunicaçãoentreseusatoreseopúblicoéofococentraldestapesquisa.Atéqueponto–ecomo–olequeconcretizadiscursossemânticosfoiaindagaçãoquenor-teouestapesquisaAnalisando-seahistóriadaevoluçãodolequenoJapão,apreendendoosconceitosdoteatroNohecompreendendoousodolequeemsuaesfera,concluiu-sequeoacessórioage,simul-
74 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
taneamente,comotransmissorereceptordelinguagem,carregadodesignificadoemdoispólosdife-rentes–aqueledagamadeemoçõesqueopersonagememiteatravésdoartefato,bemcomoaqueledaaudiência,quecomsuainterpretaçãoeintenções dásentidoaosmovimentosdoatoreseuleque.
Palavras-chave:Leque;TeatroNoh;Linguagem.
Arezzo e Gisele Bündchen: Identificação, Moda e Consumo
Matheus Bertolini AmorimUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
ArelaçãoentreModa,ConsumoeIdentificaçãosempreestiveramconvergidas.Nesseartigoacon-vergênciaoumesmotransversalidadeentreostemasculminamnoestudodecasodascampanhasdaArezzocomGiseleBündchen.Ofocoéentenderaalteraçãodoposicionamentodamarcaeoaltopoderdeinfluênciaqueatopmodelexercequandovinculadaaalgumainstituição.Alémdisso,umparalelosobreoconsumoeaidentificação,atravésdaproduçãoedosprodutosdentrodaesferadoconsumidoredacomunicação.Umaprospecçãoaoqueébuscadoaoconsumirnocontextodamodaeasrelaçõespessoaisqueessefatorgeraindividualmentetantonaprojeçãoindenitáriacomonareversãodostatuseobjetodedesejo.
Palavras-chave: Arezzo;GiseleBündchen;PublicidadeePropaganda;Moda;ProjeçãoeIdentificação.
Reperformance como poética e como processo de ensino-aprendizagem
Priscilla D. G. de PaulaBruna Gonçalves de SousaMatheus de Simone MacielUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Oprojeto“Reperformancecomopoéticaecomoprocessodeensino-aprendizagem”sepropõeaestudare realizar releiturasdeperformancesemblemáticas realizadasnoséculoXX,promovendoassimtantoacriaçãoartísticaquantonovosprocessosdeensino-aprendizagememperformance,apli-cados à formaçãodo artista no ensino superior. Trabalhamos a reperformance, ou seja, o processode repetir ou refazer de forma diversa performances históricas conforme suas documentações. Destamaneira,produzimosnãoapenasnovostrabalhosartísticosapartirdasreapropriações,mastam-bémmaterialdidáticoenovasmetodologiasdecriaçãoeaprendizadoemarte,apartirdaexperiênciaedomaterialáudiovisualoriundodoregistrodostrabalhosreperformados.
Palavras-chave: artecontemporânea;artesvisuais;performance.
75III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Simmel e a moda: uma análise filosófica
Talita Botelho de PaulaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
OfilósofoalemãoGeorgeSimmel(Berlim,1858-Strasbourg,1918)ficouconhecidoporsuapro-duçãobibliográficaassociadaàsociedade,economia,culturasendoumgrandenomeparaodesenvol-vimento de uma sociologia formal. Simmel, em Philosophische Kultur (Leipzig,Kröner,1911)colocouamodacomoobjetodeinvestigaçãonocapítulonomeado“Die Mode”.Essacontribuiçãonosproporcio-naapossibilidadedeumaanalisefilosóficadamesmacomoumprocessosocial.
Aindaqueamodapareçaestarmaispróximadasabordagensteóricasdasociologiaeantropo-logia,Simmelnosmostra,colocandoamodasobaluzdafilosofia,umareflexãosobreamodaquevaialémdessescamposetransitanoqueSimmelchamoudeamplitudeuniversaldaexistência.
Oautorexecutaessareflexãoaosepautardedoutrinasfilosóficasparaapresentaradinâmicadamoda. A doutrina dos opostos de Heráclito está presente no dualismo apresentado por Simmel ao pon-tuarqueointeressepelomovimento,representadopelatransiçãoentreforçasopostas,énaturaldoser.Amimesecomoumatendênciapsicológicaàimitaçãoquepermiteaosindivíduossatisfazeraânsiadeapoiosocial.Dessaforma,Simmelcolocaamodacomoaquiloquepermite,atravésdesuadinâmica,adistinçãoeinserçãosocial,sendoumfatordefusãoentreosingularnouniversal.Assim,amodacomoobjetodeumaanalisefilosóficaatravésdaobradeSimmeléoobjetivodesseartigo,destacandoasdoutrinasdafilosofiadentrode“Die Mode”.
Palavras-chave: Simmel;moda;filosofia;cultura.
76 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
PROPOSTAS ARTÍSTICAS
“TRANS-”
Ana Marina CoutinhoUniversidade Estácio de Sá – RJ (UNESA/Rio)
www.flickr.com/ana-coutinhowww.facebook.com/anamarinacoutinho
Aobrapresenteconstituiasériefotográficain-titulada“TRANS-”,queemlatimsignifica“movimen-toalém”, “movimentoatravés”. O títulodaobraéumaprovocaçãoaoexpectador,podendoeleacres-centaraoprefixo“trans-”radicais,como“-formar”,“-portar”,“-cender”.Paracadaolhar,umanovapala-vra;paracadapalavra,umnovosignificado.
Apartirdeumapropostadetrabalhoacadê-mico,aautorainiciouseusestudossobregêneroesexualidade,inspiradanaintimidadedehomensDrag Queens da cidade do Rio de Janeiro. A série apresentatrêsDrags,AuroraBlack,MorfinaRidereKatrinaBouganville,desdeomomentoemquecomeçam a se montar, até estarem completamen-te transformadas.
AfotografiapresenteéumretratodaDragQueen Katrina Bouganville, ainda em processodetransformação.
Sem identidades
Audrian Cassanelliwww.facebook.com/audriancassanelliphotos
Pôster com Fotografias 3x4 que sofreramdiversos processos de desgaste (cortar, assar, queimar,cozer,arranhar),comaintençãodepro-mover um apagamento da identidade do artista das imagens,mas acabarampor criar diferentesidentidades,fazendodecadafotografiaúnicaemsuaimperfeição.
77III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Vela
Cecília Samel
FotografiadeCecília Samel, fotógrafa ama-dora.“Vela”éumafotoquefoitiradanoCentralPark, emNovaYorkem2014.Osbarcospodematé parecer grandes sozinhos no lago, contudosãominiaturas que são navegadas por controleremoto.Osolsepondodeuessebelocontrasteentreoreflexodaluznaáguaeoreflexodasár-voresedesuassombras.Afotografiaempretoebrancorealçaaindamaisessecontraste.
Experimento de composição com gaze e transparência I
Clara DowneyUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
www.behance.net/clara_down9bb6
Composição feita com gaze, fita adesivatransparenteenankin.Partindodaideiaderepro-dutibilidadeedequeaobraseriaescaneada,fizexperimentoscomtransparênciaeseuefeitodesobreposiçãodepoisdedigitalizada.Useiagazecomo forma de carimbo, produzindo um efeitográficorepetidotrêsvezes,afimdeproporumareproduçãomanualeseuefeitodesigual.Trata-sedeumtrabalhodecomposição,inspiradonapro-postadereprodutibilidadetratadanaexposição.
78 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Areais do tempo
Daniela Corrêa da Silva PinheiroUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)
www.danielapinheiro.com
Estetrabalhofazpartedoprocessodepes-quisadaartistaDanielaPinheironoMestradoemArtesVisuaisdaUniversidadeEstadualdeCampi-nas(Unicamp),soborientaçãodeEdsonPfutzen-reut.Aimagem investigaarelaçãoentrememória,fotografiaeoprocessocriadorpautadapelaex-perimentação e pelo uso da técnica do proces-sohistóricodoséculoXIX,chamadocianótipoecomoeleretornaafotografiacontemporânea.
No processo criativo envolvido instiga-se a pensarasmultiplicidadesqueumaimagempodeportar,aspossibilidadesdefazererefazerdepoisderealizadooregistro,expandiraimagem.Umentre-laçamentoentreamemóriaeotempopresentedarememoraçãoaorevestirafotografiacomcamadasdeexperiênciasacumuladasaolongodosanos,mixandoasvivênciasdamemória.Assombrasdeumpassadoqueécontemporâneodeumpresente;açõesquesereferemaumaqualquercoisaqueestáalémdoqueévisível.
Aoresgataressatécnicaetambémapropriar-sedealgumasmemóriasdoarquivodefamília,aartistadireciona-secontraofluxocontemporâneodeproduçãoeconsumodiantedasimagensasquaisnãotemostempodeleralémdasuperfície.Assim,otrabalhopropõeumareflexãodeporquetrabalharcomoprocessohistóricodecianotipiadoséculoXIXatualmente?Queleiturasefazdessaimagem,quandoestapassaaserreproduzidadigitalmenteparacircularnosmeiosdecomunicaçãocomosite,mídiassociais?
The Crow
Euna Kyungwww.facebook.com/sketoodles
Wheniwasdrawingthisiwasthinkingofagirlwhoisthequeenofthecrowworldandshehaspowertohealtheirwoundsandscars:D
79III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Carregando
Felipe Andrade da RochaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
http://myf4r.tumblr.com/
Nesse trabalho procurei registrar desenhosanimados que fazem parte do meu cotidiano equeinfluenciamnomeucomportamentoaolon-go do dia. É um auto-retrato.
“Ovo frito no óleo sujo de bife”
Fellipe Eloy Teixeira AlbuquerqueUniversidade federal de São Paulo Campus Guarulhos (Unifesp)
www.palavraschavearte.com
Aobrafazmençãoaapropriaçãoculturaldi-fundido principalmente por meio dos meios de comunicação.Ascoressãovariaçõesquentesdoamarelo, onde um círculo mais intenso dessa cor lembraumagemacercadaporumpedaçodejor-nalcomClassificados.Taladoçãoéumaestraté-giaparaprovocarnoespectadorreflexõessobreoconsumoehábitoscomuns.Porexemplo,aideiadequecoresquentesestimulamafomeeoape-titesãoevocadasparaassimcomonocasogastro-nômico, usamos a cor amarela em torno da “forma deovo”paraquechameaatençãodoespectadorsejadirecionadaaocentroeassimenvoltaemumemaranhado de letras, o conteúdos das mensa-genstextuaissejamimperceptíveis.
Tentamosnosaproximardeváriasoutrastáticasestéticasdesenvolvidasporoutrosartistas,comoporexemplo,amisturaentretextoeimagem,recorrentenaobradeLeonilson.CertapurezanoexcessodebraçoecoresclarasarremeteriatambémàsobrasdedesignerdaBauhaus.Aindaencontramosnaestrutura,posiçãoecontrastedeelementosalgumasdascaracterísticasdo formalismodeHeinrichWölfflin. Para aproximar comalgumas técnicas recorrentesna arte contemporânea, ousodo jornalcomo recorteé sobrepostosobrealgunspontosde relevoecolado, simulandoumassemblage. Em suma,escolhadotítuloéumaapropriaçãodenoçõesdaarteconceitual,ondeaescolhadonomedizmuitosobreaobra,naverdadeonometentainduzirumaformulaçãointeligívelsobreotododaobrapara o espectador.
80 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
quase cabeça
Hamilton FerreiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
O corpo que, aliado ao conhecimento datécnica, torna-se amorfo, impossível de ver sua simetria. Suas possibilidades enquanto matériao tornam fragmentado, obsoleto e a tecnologiatransformadoradasarticulaçõesebiomoléculas,potencializa e, simultaneamente, instaura seu processodeeliminação.Procura,então,encontrarsuaformaemoutromeio,pois jánãoé físico,épossibilidade.
Osbraçoseaspernasnãosãomaisnecessá-rios,nãoháoquesustentar,funçõesdosórgãos,mesmo a respiração, não temmais sentido, se-guindoquaseasrecomendaçõesdaantigaalma.Mas agora torna-se tão consciente de si, que aprópria consciência, ainda esperando sua vez, émantidaemseuinvólucro,acabeça.Ocorpoquefora um dia receptáculo dessa alma, agora torna-secabeça.
Venus Negra
Leidy Marcela Robles PeñaUniversidad Industrial de Santander
http://negra-soy.blogspot.com/http://ladym-robles.blogspot.com/
STATEMENT:Enmitrabajoengeneralhacre-cidouninterésmuyespecíficoporabordartemasquetienenqueverconlaidentidad,elestereoti-po,elrolsocial,lamujeryla“belleza”comoarmaafavoryencontradesímisma.Partodeunami-rada introspectiva, deobservar cuidadosamentecomoseconstituyeesoquellamamosidentidadybuscoen la raíz familiar,en laquepredominaelmatriarcadoyquizásporesomiojorecargadohacíalamujer,latradiciónoral,losdichos,elpeloylascostumbresheredades.
Sinembargo, abordo la ideade loefímero,eldesgasteyloprocesual,presentesenlosmate-rialesconlosquetrabajo,pueselfenómenodelatransformacióndelamateriaolasreaccionesyal-
81III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
teracionesderivadasdelpasodeltiempomehanpermitidojugarconeldeterioroyelusodeele-mentosdecarácterorgánico,comoelchocolate.Eluso reiterativodedichomaterial se relacionaenmuchasdelaspiezasdemitrabajoconlosen-sorial o con el acto de comer, entendidos como un mecanismo por medio del cual era más fácil, abordartemasdifícilesdedigerirsocialmente.
VenusNegra:Esunapiezaescultóricaefímerarealizadaenchocolatequeasemeja lacabezadeunamujernegra.DichaesculturaformapartedelainstalacióndenominadaBIENCOMIDA.(2015).
Aperitivo
Lina Maria Quintero Forerohttp://linamariaquintero.blogspot.com.co/
Declaración:Me interesan las prácticas co-tidianas domésticas, los objetos y materialeselaboradosenplásticoyhechosenserie.Heex-ploradoobjetos como labolsaplástica azul, losjuguetesinfantilesenespeciallosdiseñadosparalasniñascomoeslacocinita.Conestosobjetosylosconceptosderivadosdeellos,mehepermiti-dojugarydesarrollarunapropuestaescultóricaypictóricaquebuscaindagaryexperimentarsobreloqueconsumimosyloquedesechamos.
Título:AperitivoEloriginalesunapinturade80x80cmquerealicécontintaslitográficassobrelienzo.Hacepartedeunaseriedetrabajosenlosutilizolosjuguetesplásticos(enespeciallacoci-nita),algunosdemishijos,otrosrobados,regala-dos y comprados; donde realizo composicionessobrias y en apariencia divertidas e inocentes.Buscandogenerarcontrasteyjuegoconloscon-flictos y acuerdos que poseo con la comida, elsexoylassustanciassicoactivas.
82 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Marca/Marco I
Marcillene LadeiraUniversidade Federal da Bahia (UFBA)
A reprodutividade técnica é tomada nesta propostaartísticacomoefetivaçãodeumconceito estabelecidonasérie“CampodasVertentes”queareferidaobraintegra.Alatadealumínio,artefa-toexemplardopós-consumo,foiumresíduosó-lido“apropriado”deumrecorteespaço-temporalfiguradoporoutraobra,denominada“Vek”,con-siderada comonúcleodo centro criativo, a qualrepresentou “maresde lixo”. Apósesta “coleta”,passeiaexpressarumaaçãoquepromoveocon-ceito de “reciclar.Énestesentidoqueaimagemperdeaauradoobjetoúnico,propostoporumapinturafigurativarealizadanatécnicadoóleoso-
bretela,passandoàreprodutividadedaimagemestabelecidapelasnovastecnologiasdeimpressão.Hánestefazeruma“transfiguraçãodolugarcomumparaoambientedearte”,aomesmopasso,umarememoraçãoaoperíodoPop(décadade1960);noentanto,entronaatualidadeaoevidenciarproble-masinerentesaomomentovivido:trata-sedoexcessodelixoedagravecriseambiental;aquelaquetempostoemriscoaprópriasobrevivênciadevidanaterra.Poresteângulo,têm-seaexpressão“arteevida”,bemcomooqueseentendepor“estéticadamarca”–daíaevidênciaa“Coca-Cola”.Quantoaosprocedimentostécnicos,àfotografiatambémépostaemevidência,aparecendoemdiferentesmo-mentos.Outrosconceitosoperacionaistambémsãoarticulados:o respeito à natureza, a transitoriedade da existência e a liquidez (dos tempos, das linguagens, dos procedimentos, ...).
Sale sola de noche María
María A. Martínez Wandurragahttps://www.flickr.com/photos/maria-nochehttps://www.instagram.com/mariachucena88/
Veomiobracomounrobodescaradodeloselementos de la cotidianidad. Estos mismos, al ser tomados ymanipulados, sufren unprocesodeapropiacióncuyoobjetivoeselde transfor-maroanularsusignificadoinicial,dandodeestamaneraunanuevamiradasobre loquesecon-sidera como ya conocido. El objetivo que bus-co, es el de llamar la atención del espectador alnegar la identidadoriginaldeloqueveparaconfrontarloconsuspropiasexperienciasdebe-
83III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
lleza,sensualidadyreconocimientodelmundo.Esteprocesocreativosebasaenlabúsquedadeimágenesatractivasquecoexistenenlaculturavisualyquetienenasuvezunacargaemocionalysimbólicavistadesdeuncolectivo;elusodelalínea,elpunto,soportesnoconvencionalesylaausenciadecolorenzonasespecíficasayudanaserposibleestepropósito.
Imagem 1 da série “As coisas nunca estiveram tão boas e eu nunca me senti tão bem”
Marília Fiúza
A imagem apresentada é uma versão digi-talizadadeumafotografiafeitaemfilmepretoebrancoefazpartedeumasériechamada“Ascoi-sasnuncaestiveramtãoboaseeununcamesentitãobem”.TalsériefoiproduzidacomotrabalhodeconclusãodomeucursodegraduaçãopelaEsco-laGuignard(UEMG).Naépoca,euexperimentavamuito com light-paintingemúltiplasexposições,oque,empretoebranco,mepermitiamoefeitoestético e dramático pretendido na época.
Aosaberdotemaparaesseedital,alémdelembrar imediatamentedeWalter Benjamin,mepropus a pensar em uma imagem fotográfica.Primeiramente porque fotografia é o meio comoqualeutenhomaisintimidadeeidentificação.E segundo, pois para Benjamin, a fotografia foia técnicade reproduçãode imagensquesede-senvolveu de formamais rápida na história dasartes. Foiatravésdelaqueoprocessoderepro-duçãodeimagensalcançouumoutrosignificadodofazer,ondejánãoeramaisprecisohabilidadesmanuaisartísticas,massim,apenasoolhar.Benja-minaindaafirmaqueoretrato–orostohumano–foioúltimolaçodafotografiacomovalordecultodaobradearte,umavezqueessecultosetornouumcultodasaudadeedalembrança.
Aescolhadaminhaimagemsebaseou,en-tão,nodiálogoentreBenjamineafotografia,noretratoenorostodisforme,naproduçãomanualenareproduçãodigital.
84 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Orí gem
Matheus Assunção Braz Monteirohttps://www.facebook.com/matheus.assuncao.56http://ma-theusportfolio.tumblr.com/
O ponto de partida para o desenvolvimento domeutrabalhoéminhaorigemafro-brasileiraeabuscade legitimaçãodessa identidade. Traba-lhandoquestõesdesdeadiásporaafricana,invisi-bilidade,resgatedastradiçõeseculturaafricana,sankofa,negritude,cultos,ritosesaberespopula-res.Tomocomocentralnestaobraaquestãodias-póricaeadordadistânciadocorponegrobrasi-leirodeMãeÁfrica.Orí gem, Orí doyorubácabeçaé um conceito metafísico relacionado ao destino pessoaldoindivíduo,caminho,retornoéorí.
A pesquisa busca como referencial artistascontemporâneos que trabalhem coma temáticaafro-brasileira.QuestõesdocotidianocomoRosa-naPaulinoe seu trabalho sobre a invisibilidadeda mulher negra e questões diaspóricas. PauloNazareth, artista contemporâneo que trabalha aquestão da identidade afro-basileira marginali-zadaembuscade respostasatravésdaviagens.AyrsonHeráclito,astradiçõesdocandombléearessignficaçãoatravésdafotografia.
Animator/Illustrator
Nikko Ronsayrohttp://nikkoguy.tumblr.com/
I’mananimatorandillustratorfromVancouver,Canada. I havea focusonmovement inmywork. The piece is an exploration of shapes and their interaction with one another. Whether they beabstractandfreestandingorcomingtogethertobuildform.
85III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Sin título (383.2016)
Rosabel Martínez Pinzónhttp://mrosabel.tumblr.com/https://www.flickr.com/photos/mrosabel/https://www.pinterest.com/mrosabel/https://twitter.com/MRosabelhttps://instagram.com/rosabel_martinez/https://www.facebook.com/MRosabel
Es fotografía digital de rostros femeninos donde el color pierde sus “connotaciones realis-tas”ypermiteenfatizar laaparienciadedibujoopinturadelaimagenydapasoaretratosextrañosdegestosinusuales.Rostrosquesedesdibujanporelmovimientoylaescasaluz,dondeelcontrasteentre el negro y el blanco o ese toque de colorsuave,peroperceptiblemuestraunbellorostroenmediodelarepeticiónylasuperposición.
Mis imágenes son seresque salendeotros seres. Perfectos y a veces ideales. El resultadoesproductodeldeteriorodelaimagenalserreiteradamentefotografiada.Mutan,sedeforman,sedupli-can,sondifusos,etéreosoterrenalesolosdos;duales,indefinidos,tétricosoangelicales.Losquierocuestionando,hablando,callados,temidos,gritandooespantando...enmovimiento,quepermitanqueelobservadorsedespisteysedetengaaseguirmirandoenbúsquedadealgoconocidoquelepermitaapropiarloasulenguajeasuslecturasyllegueasuaprobaciónorechazo.
Sesitúanenespaciosindefinidos,elfondohacepartedelaforma,sonunosolofundidosconlaintensióndereafirmarlaatemporalidad,suprimirlageografíayquitareltiempoconlaintensióndesean eternos, pero fugaces a la vez.
Lafotografíasiemprehaestadopresenteenmídesdequemeinvolucréenelmundodelarte.Lanecesidaddesalirmedelosparámetrosestablecidosmellevóaexperimentar,aprobarysuperarmeconcadatoma.Laluztenueosuausenciasonlaspautasquemarcanmitrabajo.
Intentosacardeesaprimeraimagenelúltimosuspiro,alejarmedeloriginalyproducirotraima-gen,otroser,etéreo,sutil,peroterrenalenloextrañoeinusitado.
Laimagensaleasídelacámara.Todosucedeenlatoma,cuandoobturoestácasitododicho.Co-rreccioneseneleditorparapasardecolorablancoynegro,oaunaescaladecolormuysutil.NadamásSiempreestoyexplorandootrasmanerasdeproducirmisimágenes,reinventándome,mirandoloqueotroshacen.Creoqueconeltiempolograrquelaimagensedeterioremásparadarpasoaunanuevaimagen sin rastros de su origen.
Quieroquemisimágenesmantenganuncarácterefímeroenvariossentidos.Porunladoquenopierdanlanaturalezadelafotografíaquecaptauninstanteyporelotroqueconelpasodeltiempovayanperdiendosumaterialidad.Quieroqueseamásrápidoesedeterioroalimprimirlasenunmate-rialqueseadhieredirectamenteaunasuperficie(pared,piso,techo)yque,alacabareltiempodelamuestra,sedesechanporquehansidoborradasporlospasosdelaspersonasoporquenosepuedenrecuperaryaquealdespegarsedelaparedsedañan.
Alpostearlasimágenesenlawebcierroelciclo,medesprendodeellasypermitoqueseandetodos.Regresanamípretenciosasporquehansidopublicadasenotraspáginasyvistapormuchas,muchaspersonasentodoelmundo.
86 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS
Pre Chill
Spencer Soareswww.spencersoares.comtwitter:@pizzascrubinsta:@pizza.scrub
SpencerSoares–Theworldweliveinnowisadifferentplanetthantheonefromfifteenyearsago.LyinginbedonaSundayandtextingfriendsisaacceptablewaytospendonesfreetime.Thisis fascinating.We can be alone but surroundedbyothers.Itriedtocapturethishere.Asmuchaspeoplewant to lookdownonourmodern lives,theysaythatthisgenerationdoesnotknowhowtosocialize,how tobewitheachother, it is theonlythingthatwedo..
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