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RESPONSABILIDADE SOCIAL

16 Jornal do Comércio - Porto AlegreJCJCEmpresas & NegóciosSegunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Banco de Alimentos ganha o BrasilO Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul comemora dez anosde atividades com a doação recorde de 2,8 mil toneladas em 2010. E não quer pararpor aí: os planos para 2011 incluem cruzar asfronteiras do Estado e espalhar sua propostapelo País

Depois de uma década de atuação no Estado, inicia! va cruza fronteiras

Bernhard comemora o número de en! dades beneÞ ciadas

Giordano Benites Tronco,especial para o JC

As toneladas de arroz, feijão, leite em pó e outros produtos que chegam todos os meses ao Banco de Alimentos nem sempre foram tão numerosas. No primeiro ano, apenas cinco toneladas foram ar-recadadas pelo projeto social cria-do pelo Conselho de Cidadania da Federação das Indústrias do Esta-do do Rio Grande do Sul (Fiergs).

“No início, era só meia dúzia

de apoiadores. Foi um ano em quetrabalhamos mais no cadastro deinstituições benefi ciadas”, explicao presidente-executivo do Banco deAlimentos, Paulo René Bernhard.Uma vez organizado, o projeto ga-nhou apoio de empresas do setorprivado e cresceu exponencial-mente: desde 2000, o ano de suafundação, foram doados dezesseismilhões de quilos de alimentospara asilos, creches e abrigos. Ali-mentos, estes, que seriam jogadosfora caso nada fosse feito.

O projeto cresceu, espalhou-sepor dezessete cidades do Rio Gran-de do Sul e chegou ao Rio de Janeiro.O plano para este ano é continuara expansão: em 2011 serão abertasfi liais em São Paulo e Pernambu-co. Em cinco anos, a meta é queos Bancos de Alimentos já estejamem todo o Brasil, com a federaçãode indústrias e empresas de cadaestado responsável pelo Banco deAlimentos de sua região.

A fórmula utilizada é bemsimples: levar o que sobra paraquem precisa. As empresas daFiergs voluntárias no trabalho

organizam um sistema de redis-tribuição de produtos não utiliza-dos por supermercados para as entidades carentes. São produtos que não passaram pelo teste de qualidade e não puderam ir às prateleiras, por motivos que não invalidam seu consumo. Todo o trabalho de transporte é feito pelo Banco: o custo para os supermer-cados é zero.

Outras formas de captação in-cluem doações de empresas, que compram alimentos dos mercados e doam ao Banco de Alimentos, e arrecadação nos eventos da Fier-gs, onde o ingresso inclui a doação de alimentos não perecíveis.

Para o presidente do Banco de Alimentos, a má distribuição da comida no Brasil é algo fácil de se resolver, basta orientação. Neste aspecto, Bernhard acredita que o

ambiente empresarial tem muitoa contribuir. Um exemplo é Sindi-cato das Empresas de Transportede Carga e Logística (Setcergs), quegerencia a estrutura da distribui-ção dos alimentos e mantém doiscaminhões doados por transpor-tadoras para o projeto. “O respon-sável pela logística é membro deuma empresa de transportes. Ouseja, ele sabe o que está fazendo”,conclui Bernhard.

A especialidade de cada em-presa é utilizada para obter osmelhores resultados possíveis. APuras, que trabalha com refeiçõesempresariais, é responsável peloBanco de Refeições Coletivas: aofi m do horário de refeição dasempresas, ela se disponibiliza abuscar o excedente dos refeitóriose transportar para a instituiçãomais próxima. Em 2010, 20 em-

presas, através da participação noprojeto, sanaram a fome de maisde mil pessoas diariamente.

O Banco de Alimentos tam-bém tem o apoio do Sport ClubInternacional, que realiza even-tos cujo ingresso é a doação dealimentos não perecíveis. Aparceria culminou num recen-te jogo contra o Vitória, no dia28 de novembro, em que o Interentrou em campo com uma ca-miseta alusiva aos dez anos daorganização.

O ingresso para a partida eramcinco quilos de alimentos não pe-recíveis. O jogo terminou em em-pate, o que não quer dizer que nãohouve vencedores. “No total, fo-ram arrecadadas 50 toneladas dealimentos”, contabiliza o gerentede marketing do Inter, Rui Galvão.Ponto para a solidariedade.

Além da doação de alimentos, instituições recebem oficinas e cursosEm Porto Alegre, são 331 as institui-

ções benefi ciadas pelo Banco de Alimen-tos. Elas foram selecionadas após a elabo-ração de um banco de dados, onde foram analisados 1.021 possíveis destinatários para as doações. “Estivemos em cada uma delas e checamos as reais condições, pois

o foco sempre foi apoiar quem realmente precisa”, afi rma o presidente da organiza-ção.

Se a instituição não possuir uma cozi-nha adequada, o Banco de Alimentos faza doação de eletrodomésticos. Além dis-so, são oferecidos cursos sobre educação

alimentar para as cozinheiras, onde são ensinadas receitas para uma alimentação saudável, além de ofi cinas culinárias para as crianças das creches. Ambas são minis-tradas por nutricionistas e profi ssionais de gastronomia. Além da parte recreativa, as crianças aprendem sobre a boa alimenta-

ção. “Nas ofi cinas, um tomate que era cha-to se torna legal, porque foram elas quefi zeram aquela comida”, relata a nutricio-nista Adriana Lockmann. O projeto edu-cacional fez tanto sucesso que deu origema um livro com metodologias de ensinonutricional para o público mirim.

FOTOS MARCELO G. RIBEIRO/JC

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