93 f. Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Saúde e Medicina
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia
AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E COGNITIVAS EM IDOSOS COM ALTA PERFORMANCE
COGNITIVA (SUPERAGERS)
Autor: Alessandro Amorim Aita Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas
Soares Chariglione
Brasília - DF
2020
ALESSANDRO AMORIM AITA
AVALIAÇÃO DE MEDIDAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E COGNITIVAS EM IDOSOS COM ALTA PERFORMANCE COGNITIVA (SUPERAGERS)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione
Brasília 2020
AGRADECIMENTOS
Aos meus queridos e amados pais, Leonardo e Sônia, pela dedicação e
incentivo permanentes ao longo da minha vida.
Aos meus irmãos, Dr. Giuliano e Dra. Daniele, pelo exemplo de ser humano,
profissional, caráter e integridade.
Aos meus sobrinhos, Maria Fernanda, Valentina, Giovana e Heitor, pelo
aprendizado diário de tornar-me um melhor ser humano.
À minha orientadora, Profa. Dra. Isabelle Chariglione, psicóloga e docente, pelo
profissionalismo, dedicação e apoio na jornada.
Ao coordenador do mestrado em Gerontologia, Prof. Dr. Vicente Alves, pelo
exemplo de dedicação, empenho e profissionalismo na condução das disciplinas e
acompanhamento dos alunos.
Aos membros da banca de defesa Profa. Dra. Corina Satler e Prof. Dr. Henrique
Salmazo, pelas contribuições importantes, profissionalismo e apoio.
Ao Dr. Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Radiologia do Hospital
AC Camargo onde fiz residência médica, pelo incentivo e apoio sempre nos estudos
e trabalhos.
À Dra. Kátia Torres Batista, cirurgiã plástica, pelo incentivo e apoio na área
acadêmica, sempre.
À Dra. Janice Lamas, radiologista e pesquisadora, pelo exemplo e apoio no
estudo e trabalho.
A toda equipe da Universidade Católica de Brasília, incluindo a equipe
administrativa e acadêmica, composta pelos professores das disciplinas cursadas
durantes o mestrado, que contribuíram para a realização e concretização desse
sonho.
RESUMO
AITA, A. A. Avaliação das medidas físicas, psicológicas e cognitivas em idosos com alta performance cognitiva (SuperAgers). 2019. 106 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2020.
O envelhecimento passa por processos biológicos, psicológicos e cognitivos, sendo multidisciplinar e multidimensional. A compreensão das alterações cognitivas que acompanham o envelhecimento normal é de importância crescente, sobretudo pelas trajetórias cognitivas dos idosos que parecem resilientes e resistentes às repercussões das alterações anatômicas, patológicas e funcionais associadas ao envelhecimento. Os SuperAgers são idosos com alta performance cognitiva, que têm desempenho cognitivo comparado a idosos com idade de 20 a 30 anos a menos. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos com elevado desempenho cognitivo. Os objetivos específicos foram investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e psicológicas, investigar a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força muscular, além de verificar as medidas cognitivas que mais se relacionam à alta performance em idosos e analisar as medidas de desempenho dos idosos em relação ao tempo. A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência e composta pelos idosos do Grupo de pesquisa NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado foi de um ano e com três medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de intervenções. O estudo foi iniciado com 85 idosos, mas esse recorte refere-se a uma amostra de 27 idosos com idade média de 71 anos (DP=±3,59). Foram analisados os aspectos físicos, psicológicos e cognitivos por meio das variáveis: composição corporal, capacidade cardiorrespiratória, força muscular, qualidade de vida, ansiedade, depressão, memória episódica, cognição global, atenção e funções executivas. Os resultados corroboram resultados encontrados na literatura nacional e internacional por ter avaliado majoritariamente mulheres idosas (N=23, 86,19%). Os idosos estavam distribuídos equitativamente quanto à escolaridade e ao estado civil. As variáveis físicas foram condizentes às faixas etárias, onde 75% dos idosos apresentam sobrepeso e se encontram dentro dos parâmetros adequados na escala de ansiedade (M=4,52, DP=±4,24) e depressão (M=2,59, DP=±2,15). As medidas cognitivas foram boas preditoras no que se refere à performance cognitiva, em função do tempo, diversas variáveis tiveram aumento em seus desempenhos, correlações foram observadas entre as medidas cognitivas e psicológicas, sendo possível a apresentação de um possível modelo logístico para a explicação das variáveis preditoras para uma alta performance cognitiva e resiliência ao declínio cognitivo. Sendo assim, dada a expansão da população idosa mundialmente, entende-se a importância deste trabalho, na medida em que a saúde cognitiva está se tornando cada vez mais objeto de pesquisas, sendo necessárias mais pesquisas sobre a resiliência cognitiva, que também pode ser denominada de SuperAging ou envelhecimento bem-sucedido de memória.
Palavras-chave: Envelhecimento. Composição Corporal. Cognição. Neuropsicologia.
ABSTRACT
AITA, A. A. Evaluation of physical, psychological and cognitive measures in elderly with high cognitive performance (SuperAgers). 2019. 106 f. Dissertation (Master in Gerontology) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2020.
Aging goes through biological, psychological and cognitive processes, being multidisciplinary and multidimensional. Understanding the cognitive changes that accompany normal aging is of increasing importance, especially due to the cognitive trajectories of the elderly who seem resilient and resistant to the repercussions of anatomical, pathological and functional changes associated with aging. SuperAgers are elderly people with high cognitive performance, who have cognitive performance compared to elderly people aged 20 to 30 years less. The aim of this study was to evaluate the relationship between physical, psychological and cognitive aspects in elderly people with high cognitive performance. The specific objectives were to investigate cognitive measures and their relationship to physical and psychological measures, to investigate body composition, cardiorespiratory capacity and muscle strength, in addition to checking the cognitive measures that are most related to high performance in the elderly and to analyze measures performance of the elderly in relation to time. The sample used in this study was convenience and composed of the elderly in the NeuroCog-Idoso research group. The clipping presented here was one year and with three measures: baseline, after six months and after a year of interventions. The study started with 85 elderly people, but this cut refers to a sample of 27 elderly people with a mean age of 71 years (SD = ± 3.59). The physical, psychological and cognitive aspects were analyzed through the variables: body composition, cardiorespiratory capacity, muscle strength, quality of life, anxiety, depression, episodic memory, global cognition, attention and executive functions. The results corroborate results found in the national and international literature for having evaluated mostly elderly women (N = 23, 86.19%). The elderly were equally distributed in terms of education and marital status. The physical variables were consistent with the age groups, where 75% of the elderly were overweight and are within the appropriate parameters on the anxiety scale (M = 4.52, SD = ± 4.24) and depression (M = 2.59, SD = ± 2.15). Cognitive measures were good predictors with regard to cognitive performance, as a function of time, several variables had an increase in their performance, correlations were observed between cognitive and psychological measures, making it possible to present a possible logistic model for the explanation of predictive variables for high cognitive performance and resilience to cognitive decline. Therefore, given the expansion of the elderly population worldwide, the importance of this work is understood, as cognitive health is becoming more and more the object of research, requiring more research on cognitive resilience, which can also be called of SuperAging or successful aging of memory.
Key Words: Aging. Body Composition. Cognition. Neuropsychology.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Maintenance, reserve and compensation: the cognitive neuroscience of healthy ageing. .......................................................................................................... 47
Figura 2. Fluxograma do Desenho do Estudo. .......................................................... 51
Figura 3. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas físicas. Brasília, DF, 2020. ..................................................................................................... 69
Figura 4. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas psicológicas. Brasília, DF, 2020. ............................................................................... 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição das variáveis sociodemográficas. Brasília, DF, 2020. .............. 66
Tabela 2. Descrição das variáveis Físicas, Psicológicas e Cognitivas. Brasília, DF, 2020. ......................................................................................................................... 67
Tabela 3. Estimativa do Modelo Logístico. Brasília, DF, 2020. ................................. 71
Tabela 4. Alterações dos dados físicos, psicológicos e cognitivos ao longo do tempo. Brasília, DF, 2020. ..................................................................................................... 72
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACE-R Addenbrooke´s Cognitive Examination-Revised - Exame Cognitivo de Addenbrooke
ApoE Aapolipoproteina E
ASHT American Society of Hand Therapists
AVD Atividade de vida diária
BAI Escala de Ansiedade de Beck
CA Circunferência abdominal
CC Composição corporal
CCR Capacidade cardiorrespiratória
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CERAD Consortium to establish a registry for Alzheimer Disease
CP Circunferência da panturrilha
CV Capacidade vital
DEXA Absorciometria de feixe duplo
DTI Diffusion tensor imaging
EBS Envelhecimento bem-sucedido
FPPD Força de preensão palmar direita
FPPE Força de preensão palmar esquerda
GDS Geriatric Depression Scale - Escala de Depressão Geriátrica
HAROLD Hemispheric reduction in old adults
HPOA High performing older adults
IP Índice de Interferência Proativa
IR Índice de Interferência Retroativa
MEEM Miniexame do Estado Mental
MLP Memória de longo prazo
NHANES-III National Health and Nutrition Examination Survey
OMS Organização Mundial da Saúde
PALA Porto Alegre Longitudinal Study
PET Tomografia por emissão de positrons
RAVLT Rey Auditory-Verbal Learning Test
RBMT Rivermead Behavioral Memory Test
RC Reserva cognitiva
RCQ Razão cintura-quadril
RM Ressonância magnética
SOC Seleção, otimização, compensação
TC Tomografia computadorizada
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UCB Universidade Católica de Brasília
US Ultrassonografia
VE Ventilação pulmonar
WHOQOL World Health Organization Quality of Life Group
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18
2.1 ENVELHECIMENTO E SEUS PROCESSOS BIOLÓGICOS E FÍSICOS ........... 18
2.2 ENVELHECIMENTO CEREBRAL, COGNIÇÃO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS
.................................................................................................................................. 25
2.3 LONGEVIDADE E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO ................................ 33
2.4 SUPERAGERS ................................................................................................... 38
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 49
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 49
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 49
4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 50
4.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 50
4.2 AMOSTRA ........................................................................................................... 51
4.3 INSTRUMENTOS ................................................................................................ 52
4.3.1 Medidas Físicas .............................................................................................. 52
4.3.2 Medidas Psicológicas .................................................................................... 53
4.3.3 Medidas Cognitivas ........................................................................................ 54
4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 55
4.5 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 56
5 ARTIGO: UM ESTUDO LONGITUDINAL SOBRE PERFORMANCE COGNITIVA E
SUAS VARIAÇÕES EM MEDIDAS PSICOLÓGICAS, COGNITIVAS E FÍSICAS EM
IDOSOS COGNITIVAMENTE TÍPICOS E COM COGNIÇÃO SUPERIOR ............... 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 85
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 103
APÊNDICE B - Anamnese ..................................................................................... 104
11
1 INTRODUÇÃO
Como médico radiologista, sempre fui interessado em conhecer melhor e
investigar condições subjacentes, interpretar exames no contexto clínico apropriado,
com a visão e perspectiva multidisciplinar, além de participar de reuniões científicas,
com interesse acadêmico, trocas de experiências, educação continuada, aprendizado
contínuo. Aliado a isso, o relevante interesse em aspectos psicológicos, humanos e
seus temas correlatos sempre esteve presente em minha vida. O mestrado na área
de Gerontologia, diante da transformação epidemiológica do momento em que se vive,
foi uma escolha assertiva no contexto da compreensão do envelhecimento, sobretudo
com tema relativamente novo: SuperAgers (superidosos, subgrupo de idosos
longevos - acima de 80 anos).
O envelhecimento é compreendido como um processo multidisciplinar e
multidimensional caracterizado pela redução da capacidade de manter o equilíbrio
homeostático sob condições de sobrecarga funcional, com implicações que resultam
em alterações orgânicas, fisiológicas, psíquicas, sociais, funcionais. O modo como
essas alterações ocorrem ao longo do tempo contribuirão para o envelhecimento
senescente, isto é, saudável ou acompanhado por doenças (senilidade). A avaliação
das condições físicas, psicológicas, cognitivas dos idosos permite ampliar a
compreensão das necessidades de saúde e dos padrões de envelhecimento. As
informações geradas podem transformar-se em subsídios para implantação de
programas, planejamento e intervenções adequadas (ROSA et al., 2003).
Com o envelhecimento e aumento da expectativa de vida, os SuperAgers têm
sido o segmento populacional que mais cresce (KNAPPE et al., 2015), inclusive, o
número de centenários no mundo tem previsão de aumento para 2,2 milhões em 2050
(PAPALÉO NETTO et al., 2015). No Brasil, até 2042, de acordo com o IBGE (2018),
o número de idosos deverá dobrará dos 28 milhões apurados em 2017.
O termo SuperAger (HARRISON et al., 2012) foi originalmente
operacionalizado em Northwestern, há mais de 10 anos, baseado nos seguintes
critérios: idade acima de 80 anos; performance de memória episódica igual ou superior
ao nível de indivíduos cognitivamente típicos com 50-60 anos; performance em outros
domínios cognitivos, não relacionados à memória, no mínimo na média ou superior
para a idade (ROGALSKI, 2019). Esses critérios foram validados através de estudos
que identificaram achados anatômicos, biológicos, psicossociais e genéticos
12
associados ao fenótipo SuperAger (ROGALSKI, 2012, 2013, 2019). A idade é um fator
relevante na definição e alguns estudos, como o de DANG et. al. (2019), que incluíram
idosos a partir de 60 anos. Construtos teóricos sobre os idosos com mais resiliência
propuseram a descrição desses indivíduos como resilient-agers (BOTT et al., 2017),
cognitively elite (LIN et al., 2017), optimal memory performers (DEKHTYAR et al.,
2017), tendo sido utilizados critérios validados de psicometria. As diversas
proposições supracitadas demonstram que até o presente momento não existe uma
definição única ou consensual para a caracterização do SuperAger.
O crescimento da longevidade e o aumento do número de longevos fez com
que o conceito de envelhecimento bem-sucedido (EBS) ganhasse mais importância,
já que um dos objetivos é manter saúde e bem-estar, reduzindo as incapacidades
relacionadas à idade mais avançada (KNAPPE et al., 2015). Uma parte da literatura
gerontológica tem trabalhado os conceitos de EBS, positivo sob o enfoque
multidimensional e de qualidade de vida, utilizados para identificar idosos sem declínio
funcional na cognição, humor-comportamento, mobilidade e comunicação. As
definições iniciais enfatizavam dimensões psicológicas como satisfação com a vida e
autopercepção positiva. A definição mais difundida é a de Rowe e Kahn, que utilizaram
perspectiva mais biomédica, estabelecendo três componentes: baixa probabilidade de
doenças, alta capacidade funcional física e cognitiva e engajamento ativo com a vida
(KNAPPE et al., 2015).
Segundo Cho, Martin e Poon (2015), várias pesquisas têm sido conduzidas nos
últimos anos para avaliar os determinantes, conceitos e aplicações do envelhecimento
bem-sucedido, e propuseram, para sua definição, modelo alternativo aos de Rowe e
Kahn, que focava nos aspectos psicossociais. Há uma tendência atual de considerar
modelos multidimensionais, incluindo critérios físicos, cognitivos, psicológicos e
sociais (DEEP; JESTE, 2006). O Envelhecimento bem-sucedido pode coexistir com
doenças e limitações funcionais quando mecanismos psicológicos e sociais
compensatórios são utilizados (YOUNG; FRICK; PHELAN, 2009).
De acordo com Harada, Love e Triebel (2013), há alterações estruturais e
funcionais cerebrais com o envelhecimento e o desenvolvimento das pesquisas em
neurociência pode auxiliar na explicação das alterações cognitivas relacionadas à
idade. Os estudos variam de acordo com o desenho proposto, variáveis analisadas,
modelo transversal (cross-sectional) ou longitudinal, e isso influencia as análises,
sendo necessárias mais pesquisas. Modelos neuropsicológicos indicam que o declínio
13
cognitivo é uma consequência do aumento da idade, após os 60 anos (HARADA;
LOVE; TRIEBEL 2013; SALTHOUSE, 2009). Há controvérsias em relação à idade de
início de declínio cognitivo e, conforme apresentado por SALTHOUSE (2009), esta
ausência de consenso tem implicações práticas e teóricas, no entendimento e nas
ações voltadas para esse público, o que inclui a construção e a aplicação de
intervenções cognitivas. Uma importante evidência em estudos transversais (cross-
sectional) sugere que as alterações relacionadas ao declínio cognitivo começam
relativamente cedo na idade adulta com as tendências em variáveis neurobiológicas
associadas ao funcionamento cognitivo, ao volume cerebral regional cerebral, à
integridade mielínica, à espessura cortical, aos acúmulos de bandas neurofibrilares, à
concentração de metabólitos e à quantidade e índice de conectividade de
neurotransmissores (SALTHOUSE, 2009).
Duas importantes publicações baseadas em estudos transversais mostram
declínios em funcionamento cognitivo comparativamente em amostras de 250 ou mais
adultos em função do tempo (SALTHOUSE, 2004; SCHAIE, 2005). Uma parte da
discrepância em relação à idade de início do declínio se associa à questão do tipo de
estudo: longitudinal (comparações within-person) e transversal (between-person). Há
variabilidade nas trajetórias cognitivas e que aumentam com a idade, indicando que
as diferenças individuais crescem com o avançar da idade (DANG et al., 2019).
Algumas dessas diferenças têm sido explicadas por efeitos como doença
neurodegenerativa pré-clínica, a exemplo de Doença de Alzheimer em amostras de
idosos (HARRINGTON et al., 2017), assim como a presença de idosos que parecem
ser resilientes ao declínio cognitivo.
A performance cognitiva é um dos maiores determinantes de envelhecimento
saudável, sendo que o declínio cognitivo está relacionado à perda da funcionalidade
e bem-estar nos idosos (BORELLI et al., 2018b). As alterações cognitivas nos idosos
podem interferir no envolvimento das atividades sociais (PINTO; NERI, 2017), na
qualidade de vida, expectativa e bem-estar (WILSON et al., 2012), na capacidade
funcional (TRINDADE et al., 2017). Portanto, a manutenção da cognição é
componente importante da qualidade de vida e longevidade. Após a década de 1970,
passou-se a assumir a condição cognitiva como um processo multidimensional,
multifatorial com trajetórias individuais (CORRÊA, 2010).
A reserva cognitiva (RC), que consiste na capacidade do cérebro de suportar
maior quantidade de neuropatologia antes do limiar, onde a sintomatologia clínica se
14
inicia, é considerada uma construção dinâmica e seu estado deve-se a um conjunto
de variáveis como as genéticas, escolaridade, tipo de trabalho desempenhado ao
longo da vida, atividade de lazer, estilo de vida, nível socioeconômico (SOBRAL;
PAÚL, 2015). As alterações cognitivas nos idosos não são estáticas e algumas
habilidades declinam mais rapidamente, ressaltando que existem habilidades que se
mantêm estáveis, como a linguagem e o julgamento ao longo da vida (MALLOY-DINIZ;
FUENTES; COSENZA, 2013).
Uma associação entre cognição e função física existe e pode variar entre
idosos cognitivamente típicos e idosos com declínio cognitivo (CHARIGLIONE et al.,
2018). Alguns estudos sugerem que a performance física e cognitiva são relacionadas
por algumas vias (hormonais, fisiológicas, sistêmicas): capacidade cardiorrespiratória
(CCR) - cardiorespiratory fitness - foi associada a 11% de incremento em funções de
atenção visual (LIU-AMBROSE et al., 2010), melhor função muscular e redução de
43% do risco de demências (BARNES, D. et al., 2013). Do ponto de vista funcional,
uma maior força implicaria uma melhor performance funcional, assim como atividades
relacionadas a autocuidado, manutenção da independência e interação social. Do
ponto de vista fisiológico, a insulina, o cortisol e o GH (hormônio do crescimento), além
de marcadores inflamatórios, poderiam ter associações com indicadores de reserva
cerebral e função muscular, além de fatores neuroprotetores, como o aumento da
disponibilidade de BNDF (brain-derived neurotrophic fator) (MORLEY; MALMSTROM;
MORLEY, 2013).
No contexto de aspectos físicos e biológicos, a função cardiovascular e a
respiratória são importantes, pois no envelhecimento ocorre a redução da
complacência do ventrículo esquerdo, da complacência arterial, do consumo máximo
de oxigênio (VO2 máx), assim como alterações na ergoespirometria. Estudos de
Wendell et al. (2014) mostraram que indivíduos com VO2 máximo reduzido tiveram
declínio maior na performance em medidas de memória visual e verbal, e NHANES-
III (National Health and Nutrition Examination Survey), a atividade física apresentou
correlação positiva com performance em testes cognitivos.
Hörder et al. (2018) mostraram que a alta performance cardiovascular foi
associada como redução do risco de demência em uma população de mulheres, com
follow-up de 44 anos. Chariglione et al. (2018) avaliaram as correlações entre variáveis
físicas e cognitivas em mulheres idosas, corroborando os achados de outros estudos
15
(DOUGHERTY et al., 2017), que sugeriram que a performance cardiovascular está
relacionada ao volume hipocampal.
Diante da longevidade em expansão no mundo e no Brasil, torna-se relevante
o estudo dos SuperAgers. Essa tendência demográfica acarreta implicações políticas,
sociais, médicas e econômicas (DIPIETRO et al., 2012). Um fator importante refere-
se ao fato de ainda não existir uma definição consensual sobre os indivíduos com
trajetória cognitiva excepcional, e os critérios de inclusão dos estudos, como idade e
variáveis cognitivas, podem ter influenciado resultados previamente apresentados na
literatura. Nesse sentido, verifica-se nesse momento um crescente interesse pelas
trajetórias cognitivas do envelhecimento bem-sucedido (sucessful cognitive aging
trajectory) (BORELLI et al., 2018b). Em estudo sobre a definição operacional de
SuperAgers, esses autores incluem avaliação de domínios cognitivos não
relacionados à memória e reforçam que a avaliação desses idosos não implica
somente selecionar uma classe simples de indivíduos com critérios neuropsicológicos.
Os autores propõem, ainda, uma definição mais ampla, compreensível e que inclua
indivíduos com pouca escolaridade e com funcionamento cognitivo não usual,
especialmente para os países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. A
nomenclatura proposta por Borelli et al. (2018b) do termo HOPA (high performing older
adults) foi inicialmente proposta por Cabeza (2002). Nessa apresentação, Borelli et al.
(2018b) fazem a proposição de que idosos que não tiveram declínio até os 75 anos
de idade têm maior probabilidade de manutenção cognitiva, podendo ser esse o age
cut-off.
Nyberg et al. (2010) demonstram que o declínio se intensifica após 60-65 anos
e, marcadamente, após 74 anos, com atrofia não linear envolvendo inicialmente
regiões pré-frontais e parietais. Outros estudos têm demonstrado que os idosos de
alta performance cognitiva apresentam maior volume cortical (especialmente córtex
cingulado), menor prevalência do alelo E4 da apolipoproteina E (ApoE), maior
quantidade de neurônios Von Economo e menos marcadores neuropatológicos que a
média de idosos (GEFEN, 2015; ROGASLKI et al., 2012; 2013).
Bott et al. (2017), em estudo observacional investigativo, incluíram idosos
funcionalmente íntegros entre 60 e 80 anos (University of California San Francisco
Memory and Aging Center) e avaliaram o impacto de fatores genéticos (genes APOE
e4, CR1), inflamatórios( interleucina -6), cardiovasculares, estilo de vida (atividade
física), neuroanatômicos (volume do corpo caloso) em velocidade de processamento
16
cognitivo, tendo sido divididos em três grupos. Os autores observaram maior volume
de corpo caloso nos idosos resilientes (maior velocidade de processamento cognitivo),
no baseline, menores níveis de interleucina-6 e insulina comparativamente ao idosos
do grupo com menor velocidade de processamento cognitivo (SubAgers).
A velocidade de processamento cognitivo robusta e estável foi correlacionada
com maior volume do corpo caloso no baseline, níveis mais baixos de inflamação e
insulina, e maior frequência de atividade física, enfatizando a relevância de fatores
neuroanatômicos, biológicos e de estilo de vida na identificação e predição das
trajetórias cognitivas (BOTT et al., 2017). Este estudo também evidenciou alta
frequência de APOEe4 e CR1AA-AG nos SuperAgers, que são alelos que foram
associados à potencialização da deposição de beta-amiloide, risco de demência e
declínio cognitivo, indicando prováveis componentes de fatores neuroprotetores.
Segundo Thambissety et al. (2013), estudos recentes não encontraram associação de
APOE e CR1 e risco adicional de demência. Portanto, há tendência em não se
considerar APOE e4 como fator isoladamente associado ao aumento de risco de
demência.
Dang et al. (2019), em estudo que examinou o risco em oito anos de progressão
clínica em idosos acima de 60 anos com memória episódica superior (SuperAgers)
comparativamente aos idosos cognitivamente típicos (average), evidenciaram
prevalência de beta-amiloide e APOE e4 equivalente entre os dois grupos e redução
do risco de 69-73% de progressão clínica para declínio cognitivo e demência dos
SuperAgers comparativamente aos cognitivamente típicos. Os grupos foram divididos
entre presença ou não de beta-amiloide, sendo que a presença de maior depósito de
beta-amiloide foi associada a maior declínio cognitivo independente da classificação
de SuperAger-cognitivamente típico.
Borelli. (2019), em estudo desenvolvido de correlação da neuroimagem
molecular, estrutural e funcional em superidosos, ao investigar espessura cortical,
volumetria (RM estrutural), atividade metabólica (PET com FDG), conectividade
funcional (RM funcional) e depósito de placa amiloide (PIB - Pittsburg Compound B),
demonstrou maior espessura do cíngulo anterior e conectividade funcional aumentada
nessa região, sendo que o acúmulo amiloide foi similar entre os grupos de superidosos
e o grupo controle (C80).
Examinar os fatores que podem expandir a reserva cognitiva e retardar o início
de declínio é importante para indivíduos em processo de envelhecimento, tendo papel
17
na Gerontologia, na saúde e na economia mundial, políticas públicas de saúde e
demais setores. Os SuperAgers têm aspectos biológicos, neurocognitivos e de
exames de imagem que podem diferenciá-los dos demais idosos.
O estudo multidimensional de idosos do grupo de pesquisa Neurocog-Idoso e
a investigação de SuperAgers com a relação entre as variáveis obtidas constituem
pilar do presente projeto. O grupo NeuroCog-Idoso é coordenado pela Profa. Dra
Isabelle Chariglione e conta com a colaboração de professores da graduação em
Psicologia e da Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília,
além da Universidade de Brasília. O Neurocog-Idoso é registrado pelo diretório nos
Grupos de Pesquisa no Brasil – Lattes e conta com a participação de discentes nas
áreas de graduação e pós-graduação, nos níveis de Mestrado e Doutorado.
Há, de acordo com a literatura, evidências de que não somente a cognição,
como variáveis biológicas, sociais, comportamentais, apresentam variabilidade
interindividual e que deve haver um subgrupo, por diversos fatores, que não
apresentam maiores alterações nas variáveis supracitadas, sendo que nestes se
incluem os SuperAgers.
Investigar a relação entre os perfis cognitivos, de composição corporal e
aspectos psicológicos constitui a motivação do presente trabalho, que será composto
por quatro itens em seu referencial teórico, discutindo o envelhecimento e seus
processos biológicos e físicos, envelhecimento cerebral, cognição e aspectos
psicológicos, a longevidade e o envelhecimento bem-sucedido e os SuperAgers. Em
seguida, serão apresentados os objetivos gerais e específicos e uma detalhada
descrição dos materiais e métodos utilizados na realização desta pesquisa. Por fim, e
não menos importante, uma prévia do artigo intitulado: “Um estudo longitudinal sobre
performance cognitiva e suas variações em medidas psicológicas, cognitivas e físicas
em idosos” com os principais resultados deste estudo, a ser submetido após a
averiguação e contribuições da banca de defesa; e as considerações finais do trabalho
aqui proposto e realizado nesses últimos dois anos.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ENVELHECIMENTO E SEUS PROCESSOS BIOLÓGICOS E FÍSICOS
O envelhecimento consiste em processo biológico, universal, estocástico, além
de ser dinâmico, variável e progressivo, em meio ao qual se desenvolvem
modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas do corpo humano
que podem reduzir, potencialmente, a capacidade adaptativa do indivíduo ao
ambiente, podendo comprometer sua integridade e favorecer o aparecimento de uma
grande diversidade de doenças crônicas, que impactam a saúde e a qualidade de
vida, especialmente em pessoas com idades avançadas (PASCHOAL, 2011).
Portanto, os processos de envelhecimento são contínuos e graduais, com
variabilidade entre as populações.
Como fenômeno mundial, a transformação da pirâmide etária, o
envelhecimento populacional e o aumento de longevidade são observados. Essa
tendência demográfica implica mudanças políticas, sociais, médicas, econômicas
(DIPIETRO et al., 2012). A expectativa é de 57 milhões de idosos para 2040 ou 28%
da população (CAMARANO; KANSO; FERNANDES, 2013). Informações do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam essa trajetória e afirmam que,
até 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2%
para 25,5%. Segundo a pesquisa, a fatia de pessoas com mais de 65 anos alcançará
15% da população já em 2034, ultrapassando a barreira de 20% em 2046 (IBGE,
2018).
No Brasil, o envelhecimento acompanha as mudanças demográficas que
ocorreram em âmbito mundial e a população muito idosa também aumenta, sendo
que o número de centenários tem projeção de aumentar para 2,2 milhões em 2050
(PAPALÉO NETTO et al., 2015).
O envelhecimento do ponto de vista biológico pode ser compreendido por meio
de teorias que foram agrupadas e que tentam explicar os aspectos genéticos,
bioquímicos e fisiológicos do organismo (JECKEL-NETO; CUNHA, 2011). O declínio
gradual da reserva fisiológica ocorre em cada órgão ou sistema de forma
independente, sendo influenciado pela nutrição, condições do meio, hábitos pessoais
e fatores genéticos. Essa variabilidade representa uma realidade heterogênea, com
experiências e trajetórias individuais e coletivas, com formas peculiares de
19
manifestação biológica, sociocultural, psicológica, as quais contribuem para padrões
de envelhecimento normal, patológico ou otimizado (NERI, 2016).
Dentre os aspectos físicos, a composição corporal é uma medida importante,
sendo componente biológico fundamental na saúde, capacidade funcional e qualidade
de vida. Este é um dos aspectos mais importantes no campo da gerontologia, tendo
em vista o impacto metabólico e funcional dos fenótipos de composição corporal
(FALSARELLA et al., 2014), predizendo funcionalidade, cognição, saúde geral, bem-
estar. A dimensão da saúde física relaciona-se à funcionalidade e esta, por sua vez,
representa paradigma relevante no idoso ao considerar a integração entre físico,
cognitivo, habilidades motoras e o ambiente (MORAES, 2012). Há heterogeneidade e
multifatorialidade das variações quantitativas da composição corporal no
envelhecimento, sendo descrita a existência de perfis ou fenótipos de composição
corporal nos idosos, categorizados em sarcopênicos, obesos e obesos sarcopênicos
(FALSARELLA et al., 2014). Considerada como componente metabólico e funcional,
a composição corporal sofre modificações significativas no envelhecimento
(WOODROW, 2009), que se expressam por redução da massa livre de gordura e
variação positiva na massa gorda. As alterações fisiológicas na massa livre de gordura
referem-se a redução da massa muscular e redução da massa óssea (BUFFA et al.,
2011), bem como de água corporal notadamente do componente intracelular. Por
outro lado, a massa gorda subcutânea diminui expressivamente com o avanço da
idade, comparada à gordura visceral (BUFFA et al., 2011).
Há fenótipos de composição corporal (CC) e suas modificações têm impacto
na saúde, capacidade funcional e qualidade de vida (WOODROW, 2009). De acordo
com Bazzocchi et al. (2013), as variações na composição corporal associadas ao
envelhecimento devem ser investigadas sob os seguintes aspectos: redução
progressiva da massa magra e aumento da massa gorda, que podem originar a
sarcopenia e obesidade sarcopênica, redução da altura e densidade mineral óssea
vinculadas às condições de osteopenia e osteoporose, e a redistribuição de massa
gorda, com aumento da gordura central e visceral.
A identificação e diagnóstico de tais alterações constituem instrumento
essencial na avaliação do idoso, visto que essas alterações implicam desfechos
desfavoráveis para o âmbito da saúde (FALSARELLA et al., 2014). A redução da
massa magra e massa óssea influenciam o estado funcional, endócrino e cognitivo
(FALSARELLA et al., 2014), enquanto o sobrepeso e a obesidade são associados ao
20
aumento de risco de morbidade e mortalidade em adultos de meia idade. Poucos
estudos focaram em população idosa, sendo que a redução da densidade óssea, o
aumento da massa gorda e a modificação na distribuição da gordura com aumento de
gordura visceral podem estar fortemente associados a condições adversas, como
síndrome metabólica, inflamação, resistência insulínica, diabetes, doenças
cardiovasculares e câncer (CHANG et al., 2012).
Além dos aspectos endócrinos, hormonais, a inflamação sistêmica (níveis
elevados de interleucina-6 e fator de necrose tumoral alfa) e a redução da estimulação
neuronal para o sistema musculoesquelético estão associadas à variação na
composição corporal (WOODROW, 2009). Os elementos da composição corporal são
de grande importância para os aspectos metabólicos e funcionais (FIELDING et al.,
2011), pois as modificações não acontecem de forma homogênea entre os indivíduos
e decréscimos de massa muscular e massa óssea influenciam o estado funcional,
endócrino e cognitivo.
A baixa massa muscular pode ser indicador de declínio geral da função
biológica. Baixos níveis de força muscular e obesidade são relacionados a declínio
funcional e alterações cognitivas (BRITO, W. et al., 2016). A mensuração da massa
muscular pode ser realizada por diversos métodos, como antropometria,
bioimpedância e métodos de imagem, como tomografia computadorizada (TC),
ressonância magnética (RM) e densitometria corporal total (VALENTE, 2016). A
densitometria é um método atrativo para diferenciar gordura, músculo e osso tanto na
prática clínica quanto em pesquisa.
Vários métodos são utilizados para a caracterização da composição corporal -
como bioimpedância, ultrassonografia (US), TC e RM (CRUZ-JENTOFT et al., 2010).
Atualmente, o método mais recomendado para a avaliação da composição corporal é
a absorciometria de feixe duplo (DEXA), que permite a determinação do percentual
de gordura e massa magra, servindo de ferramenta adicional na avaliação de risco
cardiovascular. Suas vantagens são a praticidade e aquisição de medidas objetivas
em tempo curto de exame (20 a 30 minutos). As medidas antropométricas
representadas pelo IMC, razão cintura-quadril (RCQ), circunferência da panturrilha
(CP) e circunferência abdominal (CA), representam uma maneira racional e eficiente
de se presumir o volume e a distribuição de gordura e da musculatura. Os softwares
de DEXA permitem avaliação regional e global dos elementos da composição
corporal, nos membros superiores e inferiores, corpo, cabeça (SIQUEIRA et al., 2018).
21
A força de preensão palmar está relacionada à força total do corpo e tem se
caracterizado como mecanismo acessível de avaliação da força. Algumas atividades
da vida diária, para serem realizadas com boa funcionalidade, dependem direta ou
indiretamente de força de preensão palmar (REIS, 2003). Pereira et al. (2015)
observaram que grupos com maior massa magra registraram maior escore de força
muscular, mesmo com percentuais de gordura distintos. Epidemiologicamente,
estudos têm destacado que a força de preensão manual é o mais útil marcador de
fragilidade em relação à idade cronológica, e é frequentemente utilizado para
caracterizar a força muscular global (BAUMGARTNER, 2000). Utiliza-se o
dinamômetro manual e existe a técnica adequada e a mensuração.
Embora os membros inferiores sejam mais relevantes que os superiores para
marcha e atividade física, a força palmar tem sido utilizada e apresenta correlação
com redução da força de membros inferiores. Portanto, a força isométrica de preensão
palmar é relacionada à potência muscular de membros inferiores, com a amplitude de
extensão dos joelhos e área seccional da musculatura da panturrilha (VALENTE,
2016). A sua redução é marcador clínico melhor de comprometimento da mobilidade
do que redução da massa muscular. Existe correlação linear entre este parâmetro e a
incapacidade de atividades de vida diária. Trabalhos publicados na literatura
pesquisaram a relação entre qualidade muscular e marcadores de risco
cardiometabólico em idosos. Há evidências indicando associação entre força e
marcadores inflamatórios, em que altos níveis de proteínas inflamatórias são
relacionados a processos catabólicos, que levam à perda de massa e força muscular,
acelerando o processo de sarcopenia e levando à limitação funcional (GAUCHE et al.,
2015).
A maior gordura corporal associa-se com maior gordura intramuscular e menor
qualidade muscular, reduzindo a geração de potência muscular, sendo mais
estreitamente relacionada com capacidade funcional comparativamente à força
muscular (FIELDING et al., 2011). Entre as variáveis antropométricas e funcionais,
circunferência da cintura e a relação circunferência-estatura mostraram-se preditoras
de demência e a maior deposição de gordura central resultou em maior prevalência
de demência (BRITO, W. et al., 2016). O baixo nível de performance física e excesso
de peso são relacionados a isolamento social e, em alguns casos, perda de
independência funcional e doenças neurológicas, afetando a performance cognitiva
(TAKATA et al., 2012).
22
A força de preensão palmar tem relação linear com as atividades de vida diária
(FOREGATO, 2019). Esta medida está sendo utilizada de forma crescente na prática
clínica em idosos (ROBERTS et al., 2011). Baixos níveis de força podem ser
considerados como fator preditivo independente de mortalidade em idosos acima de
85 anos não institucionalizados (TAKATA et al., 2012). Baixos níveis de performance
física, atividade física, estilo de vida e excesso de peso estão relacionados com
redução da mobilidade física, isolamento social e, em alguns casos, levam à perda de
independência funcional e desordens neurológicas, afetando a performance cognitiva,
como observado no estudo por Brito, W. et al. (2016). Silva, Pedraza e Menezes
(2015) verificaram a relação entre desempenho funcional e variáveis antropométricas
e composição corporal em idosos, tendo sido observada associação independente do
índice de massa corpórea, gordura e reserva muscular com a força de preensão
palmar, sendo a composição corporal a variável com melhor associação.
A CCR, mensurada através da ergoespirometria, constitui outro parâmetro
importante dentro dos aspectos físicos do envelhecimento. Modificações estruturais
determinam redução da reserva funcional, limitando o desempenho durante atividade
física e em situações de maior demanda. Alguns determinantes influenciam a função
cardíaca no envelhecimento, como redução da complacência do ventrículo esquerdo,
da complacência arterial, aumento da pressão sistólica, redução do consumo máximo
de O2 (VO2 máximo) por redução da massa ventricular (HELBER; AFIUNE NETO,
2016). Há alterações anatômicas cardíacas, como redução da quantidade e volume
de miócitos, alterações no colágeno, aumento do átrio esquerdo, que se associam a
essas alterações. O consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) pode ser
determinado de acordo com alguns parâmetros, como a exaustão voluntária
(RAVAGNANI; COELHO; BURINI, 2005). Indivíduos ativos conseguem reduzir a
perda da capacidade funcional cardiovascular para 5% quando mantêm níveis de
atividade física e composição corporal constantes (RAVAGNANI; COELHO; BURINI,
2005).
A CCR tem mostrado relação com a saúde cerebral em adultos (DOUGHERTY
et al., 2017). Para Pedrosa e Holanda (2009), perda da independência e baixos níveis
de condicionamento cardiorrespiratório são associados a risco de morbidade e
mortalidade por doenças crônicas. Evidências disponíveis sugerem que o exercício
físico pode trazer benefícios à memória e ao hipocampo. Estudos demonstraram
impacto de atividade física por 12 meses, aumentando o volume hipocampal em
23
idosos, cognitivamente típicos e sedentários (ERICKSON et al., 2011; NIEMANN;
GODDE; VOELCKER-REHAGE, 2014). As relações entre CCR, volume hipocampal
e memória em idosos cognitivamente típicos, sem fatores de risco conhecidos para
demência, permanecem parcialmente elucidadas. Alguns estudos mostram
significativa associação entre CCR e volume hipocampal (ERICKSON et al., 2009).
Em uma coorte de idosos cognitivamente típicos, Dougherty et al. (2017) observaram
diferenças significativas entre os sexos na associação entre CCR, volume hipocampal
e memória episódica: para mulheres, foi observada significativa associação entre CCR
e volume hipocampal; para os homens, entre CCR e memória episódica, sugerindo
que a CCR pode proteger contra atrofia hipocampal em mulheres assintomáticas com
elevado risco de demência. Achados positivos entre CCR e volume hipocampal foram
encontrados em idosos sedentários cognitivamente típicos (BUGG et al., 2012). Em
contraste, Niemann, Godde e Voelcker-Rehage (2014) não observaram associação
significativa entre CCR e volume hipocampal em idosos sem declínio cognitivo. Essa
diferença pode ser explicada parcialmente por fatores ligados à medida do volume
hipocampal e os critérios para CCR.
Estudo de Varma et al. (2015) demonstrou associação positiva entre CCR e
volume hipocampal em mulheres. Em homens, Dougherty et al. (2017) encontraram
associação significativa entre CCR e o teste de aprendizagem auditivo-verbal RAVLT
(Rey Auditory-Verbal Learning Test) para memória episódica. Em idosos, alguns
estudos têm demonstrado associações positivas entre CCR, atividade física e
performance no RAVLT (BOOTS et al., 2014; ZHU et al., 2014). A associação entre
cognição e funções ou aspectos físicos tem sido demonstrada e estudos recentes
(ZAMMIT et al., 2018) têm proposto a integração entre medidas de performance física
e cognitiva em idosos. A capacidade ou status físico associado à saúde foi definido
como estado dinâmico de energia e vitalidade que permite, além de atividades diárias,
a capacidade intelectual e a sensação de bem-estar. A prática de atividade física pode
reduzir a taxa de declínio de funções físicas e aumentar a performance em habilidades
cognitivas (KENNEDY et al., 2017). Alguns estudos sugerem vias que relacionam os
aspectos físicos e cognitivos: CCR foi associada a um aumento de 11% em funções
de atenção visual (LIU-AMBROSE et al., 2010) e redução de 43% do risco de
demências (BARNES, D. et al., 2013).
Estudo de Chariglione et al. (2018), realizado com idosos sem declínio
cognitivo, mostrou associação da performance cognitiva no teste RAVLT, que avalia
24
memória episódica, o ACE-R (Addenbrooke´s Cognitive Examination- Revised), que
avalia a performance cognitiva global, CCR (VO2), que avalia a capacidade
cardiorrespiratória, e Stroop (Stroop color and word test), que avalia a atenção.
Blakenvoort et al. (2013) demonstraram relação entre força, cognição global, funções
executivas medidas por Teste Stroop e testes de planejamento, atenção visual e
motora. Esses dados corroboram que a relação entre os aspectos físicos relacionados
a força e variáveis cognitivas pode ser explicada por vias funcionais, fisiológicas,
hormonais e sistêmicas.
Do ponto de vista funcional, a força permite melhor performance funcional em
atividades relacionadas com autocuidado, independência, interação social,
comunicação e estimulação contínua de habilidades mentais (KRUEGER et al., 2009).
Em relação à massa magra e gordura corporal, alguns trabalhos, como o de
Chariglione et al. (2018), demonstraram que não houve associação entre composição
corporal, massa muscular e performance cognitiva, enquanto outros, como o de
Tyrovolas et al. (2016), encontraram que a massa muscular teve associação com
melhor cognição, ausência de doença e maior engajamento na vida.
A função respiratória tem alterações no envelhecimento. As anormalidades
osteoarticulares interferem no processo de respiração, como a alteração na curvatura
do tórax, reduzindo espaço intercostal, interferindo na expansibilidade pulmonar e
capacidade volumétrica torácica. As alterações musculares resultam em perda de
força e função muscular anualmente após os 50 anos, e isso também repercute em
perdas nas capacidades inspiratória e expiratória. A expansibilidade torácica é
reduzida no idoso, assim como a fração expiratória, em 1 segundo (FEV 1) e
capacidade vital (CV) (HELBER; AFIUNE NETO, 2016).
A CCR é associada a baixas taxas de declínio cognitivo relacionado à idade,
particularmente em córtex pré-frontal, parietal superior e temporal em idosos
cognitivamente típicos (BARNES, J., 2015). Atividade física regular e exercício físico
são protetores cardiovasculares conhecidos, e isso parece se estender ao risco de
demência e alteração cognitiva. Durante o exercício, o fluxo sanguíneo aumenta,
sendo que alguns promovem aumento do fluxo sanguíneo cerebral em conjunto com
aumento do consumo de oxigênio. Esse acréscimo no fluxo sanguíneo cerebral
corresponde a redes neurais associadas com comando central à ativação da
musculatura esquelética e mudanças no sistema nervoso autônomo.
25
2.2 ENVELHECIMENTO CEREBRAL, COGNIÇÃO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS
Há alterações estruturais e neurofisiológicas relacionadas ao envelhecimento
cerebral. O processo natural de envelhecimento (primário), chamado de senescência,
é fenômeno biológico, universal e inevitável. A senilidade é o processo de
envelhecimento associado à doença. A senescência implica redução na capacidade
de homeostasia, podendo haver perda da capacidade de adaptação frente a
sobrecarga, mas sem acarretar perda de autonomia e independência. Na senilidade,
a sobrecarga decorrente de doença somada à perda da capacidade de homeostasia
desencadeia sintomas e sinais e redução na funcionalidade, autonomia e
independência (FARFEL, 2008).
Uma indicação da senilidade cerebral é a ocorrência de demência ou transtorno
cognitivo maior, que resulta em prejuízo nas funções cognitivas e intelectuais, sendo
a Doença do tipo Alzheimer a mais comum. As células nervosas, os neurônios e as
células gliais são susceptíveis a danos no decorrer do processo de envelhecimento
por meio de fatores intrínsecos (genético, metabólico, circulatório) e extrínsecos
(ambientais, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiação). Há heterogeneidade em
variáveis fisiológicas e cognitivas no envelhecimento normal (CANÇADO; ALANIS;
HORTA, 2013). A senilidade ocorre quando os danos acontecem em intensidade
maior, com perdas funcionais e alterações em funções do sistema nervoso central,
especialmente as funções intelectuais, como atenção, memória, raciocínio, juízo
crítico, funções práxicas e gnósicas, fala, comunicação, com repercussões na vida de
relação, personalidade e afetividade (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).
As principais alterações anatômicas do sistema nervoso envolvem alterações
corticais e da substância branca e compreendem: redução do volume cerebral global
(FJELL; WALHOVD, 2010), redução do peso cerebral - a partir da sexta década para
os homens e sétima para as mulheres -, acentuação de sulcos corticais, redução do
volume do córtex cerebral em cerca de 10% entre 40 e 80 anos no córtex para-
hipocampal, hipotrofia cortical mais acentuada nos lobos frontais e temporais, redução
das porções anteriores do corpo caloso (sistema de fibras inter-hemisféricas frontais
e temporais), redução do peso do cerebelo, aumento da neuroglia em alguns locais e
redução em outros (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).
As alterações anatômicas e funcionais da substância branca têm sido
estudadas por métodos de imagem em idosos normais. Rogalski et al. (2012)
26
descreveram redução da substância branca para-hipocampal levando à redução da
função e conexão com hipocampo. O declínio na função da estrutura da substância
branca tem sido estudado por DTI (diffusion tensor imaging), e Sullivan et al. (2001)
mostraram declínio na integridade dos tratos de substância branca mais acentuados
na porção anterior cerebral e associado a déficit em funções executivas. Há redução
da árvore dendrítica, notadamente no neocórtex, com relatos de redução de até 40%
após os 50 anos (ESIRI, 2007) e modificações nas placas proteicas, com maior
deposição após os 70 anos (MALLOY-DINIZ; FUENTES; COSENZA, 2013). Algumas
regiões são mais suscetíveis ao surgimento dos emaranhados neurofibrilares em
decorrência do envelhecimento, como o córtex frontal anterior e temporal (ESIRI,
2007). Os resultados do estudo de Farfel (2008) mostraram que, entre os indivíduos
com cognição típica, 75% não apresentavam achados neuropatológicos típicos de
Doença de Alzheimer ou os apresentavam em graus mínimos. Diversos idosos com
idade acima de 80 anos e cognição normal não manifestavam placas de amiloide no
córtex cerebral ou emaranhados neurofibrilares no hipocampo ou córtex entorrinal
(FARFEL, 2008). Bott et al. (2017), em estudo investigando fatores preditivos nas
trajetórias cognitivas de velocidade de processamento em idosos que foram divididos
em três grupos, encontraram que os idosos do grupo resilient-agers tinham maior
volume do corpo caloso e menores níveis de interleucina-6 e insulina que os
SubAgers.
As alterações cognitivas como processo esperado do envelhecimento são bem
documentadas na literatura científica (BLAKENVOORT et al., 2013; DANG et al.,
2019; HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). Algumas habilidades cognitivas, como
vocabulário, são resilientes no envelhecimento cerebral e podem aumentar com a
idade. Outras, como memória episódica e velocidade de processamento, declinam
com o tempo. Há significativa heterogeneidade entre adultos na taxa de declínio nas
habilidades, como velocidade de processamento (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013).
Há discussão quanto ao início do declínio cognitivo, sendo que alguns autores
sugerem que alterações relacionadas a declínio cognitivo podem começar
relativamente cedo na idade adulta com as tendências em variáveis neurobiológicas
associadas a funcionamento cognitivo, como volume cerebral regional cerebral,
integridade mielínica, espessura cortical, acúmulos de bandas neurofibrilares,
concentração de metabólitos e neurotransmissores (SALTHOUSE, 2009). Há certa
divergência em relação ao período de início de declínio cognitivo, de acordo com o
27
tipo de estudo, sendo transversal ou longitudinal. Estudos longitudinais sustentam que
a maior parte da população idosa não apresenta declínio cognitivo, ou seja, apresenta
trajetória evolutiva estável e benigna. No entanto, declínio cognitivo é observado nos
indivíduos que apresentam diagnóstico de Doença de Alzheimer e naqueles que
evoluirão para a doença no seguimento (CHARCHAT-FICHMAN et al., 2005).
A memória é uma função que reúne capacidade de registro, armazenamento e
evocação de informações (CORRÊA, 2010). Essa habilidade é uma função de alta
complexidade e abrange múltiplos sistemas que se inter-relacionam (CORRÊA, 2010;
MOSCOVICTH et al., 2016).
A memória de longo prazo (MLP) pode ser episódica, semântica e procedural.
A MLP episódica permite a lembrança de eventos ou acontecimentos em contexto
conhecido. A MLP semântica permite o conhecimento geral sobre o mundo, palavras,
conceitos. A MLP procedural compreende as informações ou habilidades
armazenadas sem consciência de aprendizagem (MORAES, 2016; MORAES et al.,
2016). A memória pode, então, ser classificada em dois grandes grupos: as
declarativas (semântica) ou de procedimentos (episódica) (HARADA; LOVE;
TRIEBEL, 2013).
A formação da memória episódica requer a codificação rápida de associações
entre os diferentes aspectos de um evento que, de acordo com esses modelos,
dependem do hipocampo e da consciência. Evidências indicam que o hipocampo
pode ser mediador para o aprendizado associativo rápido, com e sem consciência,
em humanos e animais, para retenção em longo e em curto prazo. A consciência
parece ser um critério insuficiente para diferenciar os tipos de memória declarativa
(explícita) e não declarativa (implícita) (HENKE, 2010).
A memória episódica é um dos tipos de memória declarativa caracterizada por
memória de eventos pessoalmente experienciados que ocorrem em local e tempo
específicos, existindo importantes evidências de que a memória episódica é o sistema
de memória de longo prazo que mais declina no envelhecimento (BELLEVILLE, 2008;
CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013; CHARIGLIONE; JANCZURA; BELLEVILLE,
2018).
A memória de curto prazo declina com a idade e há pouca diferenciação entre
memória de curto prazo visual e verbal (CECCHINI et al., 2016). Enquanto a memória
episódica apresenta declínio ao longo da vida, a memória semântica mostra declínio
tardio na vida (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). A memória episódica é discutida
28
através da perspectiva de conteúdo, a considerar as classificações de memória
relacionadas ao campo declarativo e de longo prazo (MAHR; CSIBRA, 2017).
Estudos longitudinais e em neurociência têm demonstrado as alterações
cognitivas relacionadas ao envelhecimento afetando de maneira diferente as
habilidades cognitivas (CECCHINI et al., 2016). Há declínio gradual das funções
cognitivas, nas quais se incluem atenção, memória, pensamento, raciocínio, resolução
de problemas, linguagem, perceptomotor, cognição social (MORAES, 2016; MORAES
et al., 2016), sendo a redução da memória a que mais se destaca e tem maior
repercussão funcional em idosos (BRITO, T., 2010).
A cognição é fundamental para a manutenção da autonomia juntamente com
os aspectos psicológicos. As diversas funções cognitivas estão localizadas em
determinadas regiões do cérebro e funcionam subscritos em circuitos e conexões
entre diferentes áreas. A localização topográfica é útil na avaliação da neuroimagem
na investigação dos quadros demenciais (tomografia computadorizada, ressonância
magnética, SPECT), facilitando o diagnóstico etiológico. No entanto, as interconexões
são abundantes e fundamentais no processamento cognitivo (MORAES, 2016;
MORAES et al., 2016).
Dentre os subsistemas de memória, os testes mais utilizados são: RAVLT,
CERAD (Consortium to establish a registry for Alzheimer Disease), memória episódica
auditiva e visual e memória prospectiva RBMT (Rivermead Behavioral Memory Test)
(MORAES et al., 2016). A performance no Stroop Test é um dos testes cognitivos
explorados no presente trabalho, que é amplamente utilizado no estudo da
interferência cognitiva ao longo dos processos de envelhecimento. Constitui teste
neuropsicológico utilizado para avaliar atenção seletiva e aspectos das funções
executivas, como flexibilidade cognitiva e susceptibilidade à interferência, podendo
estar relacionadas à disfunção do lobo frontal (KLEIN et al., 2010). O mecanismo
psicológico relacionado à tarefa inclui memória de trabalho, velocidade de
processamento de informação, ativação semântica e habilidade de resistir a uma
resposta característica (TROYER; LEACH; STRAUSS, 2006). A parte da tarefa onde
o efeito Stroop é mais acentuado é baseada na interpretação de cartão, contendo
nomes de cores, as quais estão impressas em cores diferentes do que está escrito,
sendo que o indivíduo deve falar somente as cores da impressão ao invés de ler a
palavra escrita. Indivíduos que realizam essa tarefa de maneira lenta tendem a ter
dificuldade de concentração, incluindo dificuldade em inibir distrações. Tanto as
29
funções executivas quanto a atenção são compostos por diferentes subcomponentes
e dependem de sistemas cerebrais pré-frontais, sobretudo circuitos subcorticais
(DALGALARRONGO, 2008).
Um dos aspectos conceituais relevantes na discussão de cognição é a reserva
cognitiva, que é uma construção dinâmica e deve-se a uma série de variáveis:
genética, escolaridade, trabalho intelectual, estilo de vida, atividades produtivas e de
lazer. Esse constructo pode explicar por que alguns indivíduos cognitivamente típicos
têm altos níveis de neuropatologia semelhante à Alzheimer. Esse aparente paradoxo
demonstra a discrepância entre a neuropatologia cerebral (beta-amiloide e proteína
tau) e desfechos cognitivos. Alguns idosos toleram maior quantidade de patologia na
forma de amiloide e placas neurofibrilares sem manifestação clínica de declínio
cognitivo. A proposição da reserva cognitiva, que corresponde à tolerância do cérebro
à patologia estrutural sem alterações nas funções cognitivas, é feita por Stern (2012).
Indivíduos com alta reserva podem ter moderada patologia estrutural, mas não
considerados como demência.
Por outro lado, indivíduos com baixa reserva cognitiva podem ter patologia
estrutural leve e preencher os critérios diagnósticos de demência. Adultos com maior
volume cerebral e maior reserva cognitiva têm mais mecanismos compensatórios para
lidar com o aumento da patologia estrutural sem efeito na cognição. Fisiologicamente,
o melhor funcionamento cerebral em adultos com maior reserva cognitiva pode ser
devido à neurogênese como função de estímulo cognitivo ou ambiente enriquecido. A
função cardiovascular e reserva cognitiva podem atuar sinergicamente. Em uma
revisão recente, Davenport et al. (2012) propuseram que exercício físico aumenta o
fluxo sanguíneo cerebral em repouso e a reserva cardiovascular, devido a aumento
de fatores neurotróficos, angiogênese, função vascular, que resultam em maior
performance cognitiva e reserva cognitiva.
Os estudos de neuroimagem têm demonstrado que o envelhecimento está
associado a menor ativação de áreas cerebrais em comparação com os mais jovens,
porém, com maior ativação de outras regiões, refletindo mecanismo de compensação
com redes neurais alternativas, por mecanismo de neuroplasticidade, atribuídos a
reserva cognitiva (STERN, 2012).
A intervenção cognitiva, conforme corroboram diversos estudos (BELLEVILLE,
2008; CHARIGLIONE; JANCZURA, 2013), promove benefícios cognitivos e
neurobiológicos. Nos últimos anos, pesquisadores têm elaborado questionários e
30
escalas que procuram avaliar a reserva cognitiva através de participação em
diferentes atividades de lazer em níveis cognitivo, físico e social (SOBRAL; PESTANA;
PAÚL, 2015). A hipótese da reserva cognitiva pressupõe que alguns indivíduos têm
maior habilidade e resiliência para suportar alterações patológicas cerebrais, como
acúmulo de proteína amiloide. A reserva passiva refere-se a características
geneticamente determinadas, como volume cerebral, quantidade de neurônios e
sinapses (HARADA; LOVE; TRIEBEL, 2013). Reserva ativa refere-se ao potencial
cerebral para plasticidade e reorganização do processamento neural, permitindo
compensação para as alterações neuropatológicas (HARADA; LOVE; TRIEBEL,
2013).
Em diversos estudos com RM funcional (CABEZA, 2002), o envelhecimento foi
associado a maior recrutamento de áreas e redes neurais para execução de tarefas,
especialmente para memória de trabalho e episódica, comparativamente aos
controles jovens. O fenômeno da assimetria hemisférica foi denominado HAROLD
(Hemispheric reduction in old adults) por Cabeza (2002), sugerindo que as alterações
neurofuncionais relacionadas com a idade são caracterizadas por redução da
lateralização hemisférica funcional no córtex pré-frontal. Outros estudos evidenciam
maior ativação do córtex pré-frontal durante execução de tarefa cognitiva (FJELL et
al., 2014).
Dos aspectos psicológicos que compõem a avaliação neuropsicológica e se
inter-relacionam com a avaliação cognitiva, destaca-se que a avaliação do humor
deve ser investigada em conjunto com a avaliação cognitiva. O humor é uma função
indispensável para a preservação da autonomia do indivíduo, sendo essencial para a
realização de atividades de vida diária (MORAES, 2016; MORAES et al., 2016). A
avaliação de sintomas psicológicos e comportamentais pertence à avaliação
neuropsicológica e as manifestações frequentemente estão presentes nos quadros
demenciais, no comprometimento cognitivo leve e outros transtornos (ORTEGA et al.,
2016). O espectro das manifestações inclui humor deprimido, ansiedade, apatia,
alucinações, delírio, agressividade, irritabilidade, dentre outros (LINDE et al., 2015). A
depressão e a demência estão entre as mais comuns comorbidades em idosos e
comprometem a qualidade de vida, a funcionalidade e a saúde física (FRANK;
RODRIGUES, 2011).
O domínio psicológico, ligado à percepção subjetiva, aspectos interpretativos,
controle de emoções, inteligência emocional, ansiedade, apatia, agressividade,
31
irritabilidade e alterações comportamentais, pode ser avaliado, por exemplo, através
da Escala de Ansiedade de Beck (BAI), a Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e o
questionário de qualidade de vida WHOQOL (World Health Organization Quality of
Life Group). A GDS é usada para rastreio de quadros depressivos, tendo em vista que
as manifestações em idosos são atípicas. A versão de 15 itens (GDS-15) é a mais
frequentemente utilizada, tendo sido validada no Brasil, sendo que a original é de 30
questões. A GDS oferece medidas válidas e confiáveis para a avaliação dos
transtornos depressivos (MORAES, 2016; MORAES et al., 2016), e fornece medida
confiável da gravidade do quadro depressivo, com boa consistência interna. A
confirmação diagnóstica requer a aplicação dos critérios de depressão maior do
Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014).
Os transtornos depressivos unipolares estão entre as causas importantes de
declínio de saúde e têm relação com declínio cognitivo. Os sintomas depressivos
aumentam de prevalência de acordo com a faixa etária, sendo de 17% para os
maiores de 75 anos, 20% a 25% para os acima de 85 anos e 30% a 50% para os
acima de 90 anos (AZIZ; STEFFENS, 2013). A depressão tem etiologia multifatorial,
incluindo fatores genéticos, biológicos, epigenéticos e ambientais. De maneira geral,
a depressão em idosos apresenta mais anedonia, maior frequência de associação
com doença física, cerebral, maior declínio cognitivo e disfunção executiva (STOPPE,
2015).
A depressão geriátrica tem maior prevalência de demência, com piora no
desempenho de testes neuropsicológicos. Os domínios cognitivos mais afetados com
a gravidade da depressão são a função executiva, a velocidade de processamento e
a memória episódica (FRANK; RODRIGUES, 2011). A síndrome depressiva com
demência reversível, antigamente chamada de pseudodemência, é uma depressão
associada a declínio cognitivo com melhora após tratamento de depressão. Alguns
autores estudaram o ACE-R, uma bateria de testes cognitivos de rastreio que pode
ser recomendado como uma ferramenta apropriada para rastreamento de demência
e diagnóstico diferencial de depressão (ROTOMSKIS et al., 2015).
A ansiedade no idoso pode ser transtorno primário, porém, mais
frequentemente está associada a outras doenças, como neurológicas,
cardiovasculares e sistêmicas (FRANK; RODRIGUES, 2011). A associação de
ansiedade e depressão piora o prognóstico. Nesse sentido, os quadros de ansiedade
mais graves, que podem estar associados à depressão, provavelmente, apresentam
32
repercussões na saúde física e cognitiva. Os transtornos de humor e ansiedade são
caracterizados por variedade de alterações neuroendócrinas, de neurotransmissores
e neuroanatômicas, e há interconectividade entre os neurotransmissores e circuitos
neuronais em sistema límbico, substância branca e áreas corticais (MARTIN et al.,
2009).
Os sintomas de ansiedade estão em parte relacionados à interrupção do
balanço de atividade dos centros emocionais cerebrais e os centros corticais da
cognição (lobo frontal). O córtex pré-frontal é responsável pelas funções executivas,
como planejamento, decisão, compreensão e comportamento social. O córtex
orbitofrontal codifica informações, controle de impulsos e regula humor e o córtex pré-
frontal ventromedial é envolvido em processamento de recompensa e resposta
visceral das emoções. Em um cérebro saudável, o córtex frontal regula controle de
impulsos, emoções e comportamento, inibindo o controle de estruturas relacionadas
ao processamento das emoções que compõem sistema límbico, que inclui córtex
cingulado e insular (MARTIN et al., 2009). O hipocampo é estrutura que faz parte do
sistema límbico e que exerce controle inibitório sobre a resposta hipotalâmica ao
estresse, e tem papel de feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
Relatam, ainda, os autores que o volume hipocampal e neurogênese nessa estrutura
têm sido implicados na sensibilidade ao estresse e resiliência. Esses mecanismos e
conexões cerebrais são responsáveis pela relação entre aspectos psicológicos e
cognitivos, sendo este tópico um dos focos do presente estudo.
As manifestações de ansiedade incluem agitação física, descontrole verbal,
prejuízo de função executiva. Déficits cognitivos têm sido associados a altas taxas de
recidiva de depressão. O idoso com depressão frequentemente se queixa de alteração
cognitiva, confirmada por testes de avaliação de memória, com piora da performance.
A presença de déficit residual em funções mnemônica e executivas pode requerer
maior investigação, uma vez que o déficit cognitivo presente em quadros moderados
a graves de depressão, pode ser fator preditor de demência (KANG et al., 2014).
Pietzrak et al. (2015), em estudo multicêntrico prospectivo em idosos do
Australian Imaging, Biomarkers and Lifestyle (AIBL) Study, avaliaram a associação
entre status de beta-amiloide, alterações cognitivas e o papel de ansiedade e
depressão em relação às alterações cognitivas na fase pré-clínica de Doença de
Alzheimer. Comparativamente ao grupo com baixos níveis de ansiedade e beta-
amiloide positivo, o declínio cognitivo foi maior no grupo com altos níveis de ansiedade
33
e a diferença foi significativa. O aumento dos sintomas de ansiedade e depressão está
relacionado a aumento da deposição de beta-amiloide em idosos típicos, idosos com
declínio cognitivo leve e idosos com demência (LAVRESTKY et al., 2015).
Idosos com elevados níveis de sintomas de ansiedade tiveram maior declínio
em domínios cognitivos, como funções executivas, cognição global, linguagem em
período de 4,5 anos de seguimento (PIETZRAK et al., 2015). Dentre os mecanismos
postulados e que explicam em parte a relação dos aspectos psicológicos e cognitivos,
destacam-se o aumento dos níveis de glicocorticoides, levando a prováveis danos
neuronais como no hipocampo, exacerbando o declínio associado à deposição de
beta-amiloide. Outro estudo sugeriu que há relação dos altos níveis de beta-amiloide
e redução da modulação da atividade cortical entorrinal durante tarefa de memória
episódica em idosos saudáveis, contribuindo para o declínio cognitivo (HUIJBERS, et
al., 2014).
Portanto, fatores biológicos como beta-amiloide, perdas neuronais, alterações
na glicose podem contribuir e interagir com sintomas psicológicos para predizer o
declínio cognitivo, sendo necessárias mais pesquisas para avaliação desta
possibilidade.
2.3 LONGEVIDADE E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
A discussão sobre EBS é relativamente nova, sendo os primeiros estudos
gerontológicos elaborados nas décadas de 1950 e 1960, por pesquisadores europeus.
O conhecimento científico acumulado até o momento permite inferir que há valores e
conceitos em construção e que são difundidos em diferentes contextos do mundo. Em
países desenvolvidos, os mais idosos são os considerados com idade superior a 80
anos. Este subgrupo é a população que mais cresce no mundo e apresenta
características heterogêneas. Enquanto alguns idosos acima de 80 anos apresentam
declínio funcional, outros parecem resistentes aos fatores fisiológicos, emocionais e
ambientais (DIPIETRO et al., 2012).
O EBS é uma perspectiva positiva sobre o envelhecimento, sendo importante
determinar as variáveis associadas. Os estudos de EBS são menos numerosos que
os de demência ou alterações cognitivas no envelhecimento. A definição teve sua
primeira expressão por Havighurst (1961) (KNAPPE et al., 2015). A proposição desse
34
conceito foi uma mudança importante na Gerontologia, incentivando o potencial de
desenvolvimento associado ao envelhecimento.
A necessidade de conhecer melhor os padrões de saúde é um dos fatores
relacionados ao crescimento dos estudos realizados em longevos e centenários em
todo o mundo, na busca de comparar o papel de fatores genéticos e do meio ambiente
na determinação da probabilidade de viver até os limites extremos da vida humana
(TURRA, 2012).
Um dos conceitos mais difundidos de EBS, baseado no estudo norte-americano
Mac Arthur Foundation Study, é o de Rowe e Kahn (1987), que consideram que o EBS
inclui três elementos: baixa probabilidade e incapacidades relacionadas às doenças,
alta capacidade funcional cognitiva e engajamento ativo com a vida. Propõem os
autores que as condições do envelhecimento saudável bem-sucedido e patológico
sejam consideradas trajetórias em um continuum que pode declinar ou não e pode ser
minimizado com intervenções. Não há consenso entre os diversos autores quanto a
uma teoria somente, estando a subjetividade do conceito relacionada às diferenças
socioculturais e individualidades. Sabe-se da importância da integração entre as
funções física e mental, atuando como potencial para a realização de atividades
sociais envolvendo a participação em atividades produtivas e relações interpessoais.
No final da década de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) substituiu
a expressão envelhecimento saudável por ativo, definindo como otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida. Strawbridge, Wallhagen e Cohen (2002) afirmam que o bem-estar
subjetivo é critério essencial para EBS. Para os autores, a integridade da saúde física
e a capacidade funcional são componentes importantes do EBS. Phelan e Larson
(2002) analisaram trabalhos que buscaram definir o EBS e identificar os prováveis
indicadores de sucesso. Há diferentes definições operacionais enfatizando a
capacidade funcional, sendo consideradas: alta capacidade funcional, independência,
adaptação positiva, longevidade, satisfação com a vida, participação social ativa.
Segundo Ritsher e Phelan (2004), a principal característica é a capacidade de
adaptação às mudanças fisiológicas decorrentes da idade.
Baltes e Smith (2003) propõem que o EBS pode ser alcançado por seleção,
otimização, compensação (SOC). A etapa de seleção consiste no direcionamento
eletivo do desenvolvimento, incluindo as escolhas das estruturas para obtenção de
metas. A otimização consiste na potencialização dos meios selecionados para o
35
percurso. A compensação associa-se à otimização e se caracteriza pela aquisição de
novos meios e aprendizados para compensar o declínio. Segundo esse modelo, há
plasticidade sobre as reservas funcionais e representa construto psicossocial
dinâmico com busca contínua e desenvolvimento adaptativo. Alguns autores colocam
como limitação ao modelo SOC a não inclusão de variáveis biológicas, pois a
resiliência e o enfrentamento variam de acordo com a saúde física e cognitiva.
Diversas revisões de literatura têm sido publicadas para avaliar conceitos,
modelos disponíveis e fatores associados (BOWLING, 2007; COSCO et al., 2016;
DEEP; JESTE, 2006; HUNG; KEMPEN; DE VRIES, 2010; PHELAN; LARSON, 2002).
Há dois pilares integrados: perspectiva biomédica e psicossocial. Conforme a
perspectiva biomédica, o EBS é definido sob a ótica da otimização de expectativa de
vida com ênfase na ausência de doenças e manutenção de independência física e
mental. De acordo com a perspectiva social (teorias psicossociais), há ênfase na
satisfação com a vida e participação social, além de aspectos como autoestima,
estratégias para enfrentamento de problemas, senso de controle sobre a vida
(BOWLING; DIEPPE, 2005).
Em diversas regiões do mundo, numerosos estudos vêm sendo realizados para
avaliar o EBS com modelos unidirecional e multidirecional (COSCO et al., 2016;
DOYLE; MC KEE; SHERRIF, 2012; GUREJE et al., 2014). No Brasil, há menor
quantidade de estudos sobre o tema e, sobretudo, sobre os fatores relacionados.
Deep e Jeste (2006) encontraram várias definições operacionais em diversos artigos
e demonstraram que há diferenças referentes aos domínios, variáveis independentes,
instrumentos de medida que preencheram os critérios de EBS. Os componentes da
definição indicaram predomínio de função física e déficit cognitivo. Outros domínios
apresentados foram bem-estar subjetivo, engajamento social, longevidade, doenças
e autoavaliação de EBS. Os resultados da pesquisa de Deep e Jeste (2006)
demonstraram como preditores mais significativos de sucesso: melhor desempenho
nas atividades de vida diária (AVDs), menor idade, ausência de tabagismo e de
osteoartrite. Algumas variáveis tiveram correlação moderada: ausência de depressão
ou déficit cognitivo, frequência alta de contatos sociais, prática de atividade física,
melhor autopercepção de saúde.
A longevidade tem sido considerada como um dos indicadores de EBS, e
alguns autores consideram os centenários o melhor exemplo. A perspectiva ou
modelo multidimensional traz implicações para a saúde pública, uma vez que o
36
envelhecimento não é visto apenas como prevenção de doenças ou promoção de
saúde, e sim, como estímulo a práticas de atividades que promovam qualidade de
vida e construção da participação social ativa na comunidade. No Brasil, há políticas
de atenção e saúde do idoso com participação maior da estratégia de saúde da
família, com medidas de prevenção e incipiente promoção de EBS (KNAPPE et al.,
2015).
Em estudo com idosos (MORAES; SOUZA, 2005), os fatores independentes
que foram correlacionados significativamente com EBS foram: estado de saúde
percebida, capacidade funcional, suporte psicossocial. A manutenção da
independência para AVDs, autonomia e satisfação foram fatores preditores
independentes. Infere-se que o EBS é construto multidimensional e não randômico.
Puts et al. (2006) descreveram os significados de fragilidade e EBS, em cujo
estudo, os idosos informaram que EBS e fragilidade são condições multidimensionais
e multifatoriais. EBS seria considerado o processo de estar saudável e ativo,
considerando-se as dimensões física, cognitiva e social.
A política do envelhecimento ativo da OMS (2005) é um exemplo de
recomendações que valoriza o envelhecimento como processo positivo, enfatizando
que não é apenas uma questão individual, constituindo processo que deve ser
facilitado por políticas públicas e aumento das iniciativas de saúde e sociais.
Para Neri et al. (2013), a boa qualidade de vida vai além dos limites da
responsabilidade individual e deve ser vista sob múltiplos aspectos, sendo resultado
da interação entre pessoas em mudança, vivendo em sociedade, e de suas relações
intra e interpessoais e comunitárias. Os autores sustentam que alguns fatores
estariam envolvidos no bem-estar do envelhecimento: maior perspectiva de
longevidade, bons níveis de saúde física e mental, altos níveis de satisfação com a
vida, controle das dimensões sociais, autoeficácia cognitiva, participação e realização
de atividades sociais, rede de relacionamentos. A percepção do controle sobre os
eventos estressantes aumenta o sentido de competência pessoal e é um dos fatores
associados à qualidade de vida (NERI, 2016). Silva e Gutierrez (2018), ao analisarem
as implicações de participação de idosos em centros de convivência, em aspectos
cognitivos e psicossociais, sugeriram que a motivação para programas sinaliza bom
status cognitivo, altos níveis de satisfação com a vida e baixos índices de sintomas
depressivos. Os autores ressaltam que há diferentes concepções de EBS. Assim,
como sugere Bowling (2007), mesmo na presença de comorbidades e de redução da
37
funcionalidade, há parcela de idosos que refere altos níveis de satisfação e qualidade
de vida. A interlocução interdisciplinar entre estudos de linhas psicológicas,
biomédicas e sociais se faz necessária. A compreensão da resiliência, enfrentamento
do estresse e níveis de plasticidade dos sistemas orgânicos são importantes nas
diferentes concepções do EBS.
Estudo de coorte realizado por Chaves et al. (2009) avaliou aspectos
demográficos, cognitivos e funcionais e definiu EBS como boa condição de saúde,
ausência de incapacidade funcional ou alterações de humor, ausência de déficit
cognitivo. Estes critérios foram confirmados pela revisão de Deep e Jeste (2006).
Camozzato, Godinho e Chaves (2014) avaliaram o efeito do status do
envelhecimento (normal ou EBS) sobre a mortalidade em idosos independentes e
saudáveis, em uma coorte de 12 anos, conforme o estudo PALA (Porto Alegre
Longitudinal Study). Foram avaliadas variáveis sociodemográficas, funcionais,
cognitivas e clínicas no período de seguimento. O EBS foi definido como bom estado
de saúde, ausência de incapacidade funcional ou alteração de humor, assim como de
alteração cognitiva, e mais de 60% da amostra preencheu os critérios para EBS.
Gênero feminino, idade menor, Miniexame do Estado Mental (MEEM) mais elevado
foram os preditores de EBS. A alta performance do MEEM indicaria melhor função
cognitiva e melhores estratégias escolhidas. A definição de EBS pode representar
fator de proteção para mortalidade e fragilidade, sendo isto corroborado pela baixa
incidência de demência e declínio funcional entre os SuperAgers. Variantes do normal
e bem-sucedido são potencialmente modificáveis e susceptíveis a intervenções.
Gondo (2012) propõe modelos ajustáveis para a faixa etária, sendo
considerados modelos biomédicos em idosos mais jovens, uma vez que se encontram
com melhor saúde física, modelos psicológicos em idosos acima de 75 anos e para
os longevos com funcionalidade reduzida, modelos psicológicos não lógicos baseados
em sensação de bem-estar. Nesta faixa, os modelos psicológicos parecem ser os mais
adequados, principalmente os de compensação emocional.
Outro estudo, denominado Pietà (CARAMELLI et al., 2011), investigou o
envelhecimento cerebral bem-sucedido em coorte de idosos muito idosos em Minas
Gerais, tendo sido realizada avaliação clínica, cognitiva, funcional, neurológica e
psiquiátrica. Um subgrupo realizou avaliação neuropsicológica, exames laboratoriais
e ressonância magnética do crânio. Os dados epidemiológicos indicam que a maioria
38
tem nível educacional e status socioeconômico baixos e isso pode ter impactado nos
altos níveis de idosos com alterações cognitivas.
Um estudo sobre EBS em longevos assistidos pelo Programa Estratégia de
Saúde de Família (KNAPPE et al., 2015), no Nordeste, caracterizou componentes do
EBS como categorizados em físicos (ausência de doenças crônicas, independência
funcional e cognitiva), psicológicos (satisfação com a vida, saúde autopercebida) e
social (engajamento com a vida), tendo sido considerado bem-sucedido o idoso que
preencheu três dos cinco critérios. Quatro modelos foram propostos, sendo que um
tinha ênfase em domínio físico, um em domínio psicológico, um como critério de cada
um dos domínios e um com os cinco critérios. A manutenção da capacidade funcional,
assim como a independência cognitiva, é fator considerado importante para avaliação
do EBS. Nesse estudo, mais de 50% dos idosos foram considerados independentes,
segundo escala de Barthel. Em relação aos níveis de satisfação com a vida, a
tendência de elevados níveis é descrita em longevos, apesar de níveis variáveis de
incapacidade funcional. Outro dado é que a visão positiva dos longevos relacionada à
saúde autopercebida pode estar relacionada à manutenção da capacidade cognitiva
e espiritualidade. A proposição de modelos alternativos de EBS é uma tendência
observada em estudos publicados (GONDO, 2012).
Alguns estudos avaliaram a prevalência de EBS entre idosos através de seis
modelos multidimensionais. Os modelos biomédicos possuem limitações para avaliar
o fenômeno entre longevos, pois a própria longevidade seria um marcador de EBS. A
evolução nos paradigmas sobre o desenvolvimento e o envelhecimento traz para a
discussão a questão do envelhecimento vivido com satisfação, saúde e bem-estar e,
por isso, a necessidade de investigação das variáveis relacionadas ao EBS. O
envelhecimento saudável passa a ser resultante da interação multidimensional entre
saúde física, mental, independência de vida diária, integração social, suporte social.
2.4 SUPERAGERS
Diante da perspectiva do contexto de longevidade e do maior crescimento dos
longevos na população mundial e do Brasil, o tema SuperAgers tem desafiado
cientistas e pesquisadores, que são motivados a descobrir o porquê da longevidade e
de terem capacidades cognitivas comparáveis a décadas mais jovens. Os
39
pesquisadores têm empregado anos estudando os SuperAgers para compreender os
aspectos físicos, cognitivos e psicológicos.
Idosos de alta performance foram descritos como SuperAgers (GEFEN, 2015;
HARRISSON et al., 2012, ROGALSKI et al., 2013) ou optimal performers (DEKHTYAR
et al., 2017), sendo designados assim os idosos acima de 80 anos com performance
semelhante aos de 50 a 65 anos, em testes de memória episódica (RAVLT, com
escore acima de 10). A definição operacional envolve idade e funções cognitivas. Há
crescente interesse nas trajetórias cognitivas do envelhecimento bem-sucedido
(sucessful cognitive aging trajectory) (BORELLI et al., 2018b). Os autores também
incluíram avaliação de domínios cognitivos não relacionados à memória, e reforçam
que a avaliação desses idosos não implica somente selecionar uma classe simples
de indivíduos com critérios neuropsicológicos e que deve ser ajustada de acordo com
o nível educacional.
A definição de Rogalsky et al. (2013) é consistente com os critérios utilizados
por pesquisadores do Northwestern University Superaging Project, que têm postulado
que a excelente capacidade de memória em idosos é uma possibilidade biológica. O
estudo de Rogalski et al. (2019) identificou grupo de idosos acima de 80 anos com
desempenho semelhante ou superior aos 20 ou 30 anos mais jovens. Foram
preenchidos critérios através da aplicação de testes cognitivos, questões sobre
personalidade, história médica e familiar, exames laboratoriais e ressonância
magnética de encéfalo. Segundo a pesquisadora, para ser SuperAger é necessário
ter performance individual semelhante aos adultos de 50 a 60 anos no RAVLT, o que
significa ter escore de 9 ou acima ou performar com um desvio acima do padrão para
idade e nível educacional em medidas de funções não mnemônicas (ROGALSKI et
al., 2013).
Trabalho recente de Wright e Onin (2018) mostrou que as performances
metacognitivas dos SuperAgers foram investigadas com aplicação de instrumentos
que envolvem a atenção, memória episódica, função executiva, sendo essas funções
preservadas e com performance superior a dos controles.
Os SuperAgers parecem ser mais resistentes ao declínio cognitivo, resilientes,
e possuem algumas características de personalidade mais positivas. Alguns estudos
(COOK et al., 2017a, 2017b; KRUSE, 2020) mostram maior abertura a experiências
novas devido à função cognitiva preservada, permitindo maior independência e
autonomia. Antes de conclusões definitivas, devem ser realizados estudos maiores
40
em coorte de SuperAgers, englobando resiliência, otimismo, perseverança, que
podem promover mudança no estilo e qualidade de vida. Esse grupo representaria um
fenótipo cognitivo raro com achados únicos. O aspecto psicológico provavelmente
está relacionado com a performance cognitiva em idosos e esta relação teria uma
explicação biológica.
Cook et al. (2017a), em estudo com avaliação de 31 SuperAgers e 19 idosos
cognitivamente típicos, com aplicação de questionário Ryff-42 itens (Psychological
Well-being questionnaire), incluíram na avaliação psicológica seis domínios:
autonomia, relações positivas, crescimento pessoal, senso de propósito,
autoaceitação, domínio do ambiente, e os SuperAgers tiveram altos níveis de relações
positivas comparativamente aos idosos na média. Os SuperAgers e os cognitivamente
na média tiveram altos níveis de bem-estar psicológico, mas os primeiros tiveram
maiores níveis de relações sociais positivas, o que sugere que alta qualidade de
relacionamento social percebida pode ser importante fator em SuperAgers.
Uma investigação preliminar utilizando imagem cerebral revelou espessamento
do córtex cingulado anterior comparativamente aos idosos de 50-65 anos e, portanto,
superior aos idosos na média cognitiva de idade semelhante. Um estudo longitudinal
em neuroimagem em SuperAgers demonstrou significativamente menor atrofia
cortical ao longo de 18 meses, comparativamente à média dos idosos (COOK et al.,
2017b). Esses achados contribuem para a hipótese de que os SuperAgers podem ter
uma fisiologia cerebral única.
Esses dados são corroborados pelas análises histológicas post-mortem do giro
cingulado, que demonstraram maior densidade de neurônios Von Economo e menor
frequência de patologia da Doença de Alzheimer (GEFEN et al., 2015), sendo esses
substratos biológicos importantes. Os neurônios Von Economo são um tipo de célula
nervosa que foi identificada em humanos e espécies filogeneticamente avançadas,
primariamente encontrados no giro cingulado anterior e córtex frontoinsular e há a
hipótese de que estejam envolvidos na cognição social, intuição, facilitação da
comunicação com outras regiões. Os achados sugerem características
neurobiológicas únicas que os distinguem da média dos idosos e podem contribuir
para a resistência às alterações evolucionais na memória.
Sobre os aspectos neuropatológicos, estudo das características dos dez
primeiros casos, através de autópsia no Northwestern Superaging Program,
(ROGALSKI et al., 2019), demonstrou que sete idosos com alta performance tinham
41
degeneração neurofibrilar e, entretanto, tinham neurônios saudáveis sem
degeneração. Áreas neocorticais de cinco casos tinham moderada a alta densidade
de placas neuríticas. Os espécimes post-mortem foram estudados incluindo as
regiões do córtex, caudado, hipocampo, cerebelo e patologias vasculares, corpos de
Lewy, proteína tau. A atrofia cortical significativa não estava presente ou foi leve em
praticamente todos os casos, sendo a leve atrofia hipocampal encontrada na maioria
dos espécimes. Os idosos cognitivamente na média comumente mostram as placas
amiloides e bandas neurofibrilares em quantidades e densidades variáveis. A
astrogliopatia relacionada à proteína tau esteve presente em 90% dos SuperAgers.
Em relação aos aspectos genéticos relacionados a declínio cognitivo e à
Doença de Alzheimer, existe maior volume de evidência sobre o perfil genético
relacionado ao alelo E4, associado a altos níveis de LDL, apolipoproteína B, colesterol
total, inflamação. A proteção cognitiva promovida por ausência do perfil E4E4 é
demonstrada em estudos anteriores. O aspecto genético é importante nesse contexto,
assim como a associação com variações do gene MAP2K3, conforme estudo de
Huentelman et al. (2018), em que é postulado que os SuperAgers têm redução das
atividades desse gene. O gene MAP2k3 tem alta regulação na expressão no giro
temporal médio em pacientes com demência em comparação com indivíduos normais,
sendo que sua ativação por estresse mitogênico e no microambiente resulta em
alterações da memória (HUENTELMAN et al., 2018).
Bott et al. (2017) evidenciaram alta frequência de APOEe4 e CR1AA-AG nos
SuperAgers, alelos que foram associados à potencialização da deposição de beta-
amiloide, risco de demência e declínio cognitivo, indicando prováveis componentes de
fatores neuroprotetores. Estudos recentes não encontraram associação de APOEe4
e CR1 e risco adicional de demência (THAMBISSETY et al., 2013). Dos aspectos
genéticos, destaca-se que fatores neuroprotetivos podem explicar parcialmente a
questão dos SuperAgers, dentre eles, a presença de APOE e2, que reduziria o risco
de demência em aproximadamente 50% (GOLDBERG, 2019).
Altos níveis de bem-estar psicológico têm sido positivamente correlacionados
com a performance cognitiva nos idosos. Pesquisas anteriores mostraram correlação
positiva entre performance na memória episódica, propósito na vida, relações
positivas, suporte social (BOYLE et al., 2010). Níveis elevados de propósito na vida e
engajamento social estão associados com redução de risco de doenças
neurodegenerativas como Alzheimer (BOYLE et al., 2010; MARIONI et al., 2015).
42
Sobre os aspectos neurobiológicos, os idosos com alta performance cognitiva
têm mecanismos estruturais e moleculares que levam à preservação da função
cerebral ao longo da vida. Há duas teorias sobre o envelhecimento cognitivo: reserva
(STERN, 2012) e manutenção cerebral (NYBERG et al., 2012), que foram postuladas
para explicar a variabilidade cognitiva entre idosos. A quantidade de reserva pode
determinar o impacto de alterações patológicas e suas manifestações. No conceito da
teoria da manutenção estrutural e funcional cerebral, a preservação da memória e de
funções cognitivas ocorreria relacionada a esta manutenção.
Borelli et al. (2018a) realizaram revisão sistemática sobre os achados
neurobiológicos associados à alta performance cognitiva, sendo que a maioria dos
estudos comparou SuperAgers com idosos cognitivamente típicos e uma minoria
comparou com grupos de meia-idade. O grupo com alta performance mostrou
achados estruturais e moleculares únicos comparativamente aos idosos típicos, como
a preservação cortical e redução da atrofia relacionada à idade, em concordância com
manutenção cerebral. Os volumes hipocampais foram maiores no primeiro grupo,
relacionando-se com a performance na função de memória episódica. Em relação aos
acúmulos de beta-amiloide, embora fossem semelhantes no grupo de alta
performance e no grupo de idosos típicos, após três anos, aqueles que demonstraram
manutenção cerebral tiveram menor deposição de amiloide e bandas neurofibrilares
no exame baseline.
Em relação às trajetórias cognitivas, que com variação na performance estão
positivamente correlacionadas com idade avançada, há crescente interesse no estudo
dos fatores que influenciam o EBS e os mediadores da alta performance cognitiva.
Importante observar que há dois processos patológicos que são relacionados ao
desenvolvimento de declínio cognitivo e demências: o depósito de beta-amiloide e a
doença cerebrovascular. Idosos com performance superior na memória e presença
de patologia cerebral, como acúmulo de amiloide ou leucoencefalopatia vascular,
devem ser resilientes aos efeitos da patologia. Observou-se que o grupo dos idosos
com alta performance cognitiva permanecem superiores ao longo do tempo
(HARRISON et al., 2018).
Nesse estudo, em que foram realizadas medidas da espessura cortical, volume
hipocampal, análise da substância branca quanto a alterações de sinal (vasculares),
houve diferenças morfológicas entre o grupo dos SuperAgers e os idosos na média,
sendo que nos primeiros observou-se maior espessura cortical e volume hipocampal.
43
Estudo de Sun et al. (2016) demonstrou que as regiões de maior espessura cortical
foram predominantemente localizadas em redes neurais importantes, e tal padrão foi
observado por Harrison et al. (2018), sendo os locais mais comuns: pré-frontal medial,
junção temporoparietal, cíngulo anterior e médio e ínsula. As avaliações de
neuroimagem demonstraram maior volume hipocampal e menor alteração de sinal na
substância branca, sendo o primeiro achado consistente com integridade hipocampal
e performance superior de memória. O segundo achado é novo e pode sugerir
resistência a alterações na substância branca cerebral, contribuindo para melhor
compreensão dos efeitos dos acúmulos de beta-amiloide e da relativa proteção de
declínio cognitivo futuro na presença de baixo volume de doença na substância
branca.
Os estudos de difusão e tractografia na ressonância magnética do encéfalo
podem revelar associações entre a microestrutura da substância branca e a cognição
superior. A velocidade de processamento maior (juvenil) em idosos SuperAgers tem
sido associada ao aumento de volume do corpo caloso, baixo nível de marcadores
inflamatórios, maior nível de atividade física. A trajetória cognitiva nesse grupo de
idosos tem achados únicos, como a velocidade baixa de declínio na performance de
memória, com alguma proteção conferida por maiores volumes cerebrais (HARRISON
et al., 2018).
Dekhtyar et al. (2017) investigaram, em amostra do Harvard Brain Study, os
marcadores de neuroimagem em idosos com alta performance cognitiva, através de
ressonância magnética estrutural (convencional), PET com radiotraçador Pittsburg
Compund B-PIB (substância marcada com carbono 11), sendo este composto
utilizado para marcar o padrão de deposição das placas beta-amiloides. Foi avaliada
a presença de polimorfismos ApoE, através de amostras sanguíneas, sendo que o
alelo E4 é um dos mais fortes fatores de risco conhecidos de Doença de Alzheimer.
Observou-se maior volume hipocampal comparativamente ao grupo de idosos típicos
e menos atrofia relacionada à idade.
A manutenção da performance ótima de memória acima de três anos foi
associada à baixa deposição de amiloide no estudo basal, e esse dado é interessante,
pois, juntamente com os demais achados, sugere que a performance cognitiva pode
estar associada à anatomia mais robusta e favorável, com redução dos fatores de
risco para Alzheimer. Porém, segundo esse estudo, não há diferença significativa
entre os SuperAgers e os idosos típicos quanto ao acúmulo de amiloide. Esse achado
44
é compatível com a fisiopatologia da Doença de Alzheimer, em que a deposição de
amiloide é um evento precoce, o qual iniciaria a cascata de injúria neuronal e declínio
cognitivo. O acúmulo e metabolismo patológico de amiloide levariam a disseminação
da patologia da proteína tau, perda sináptica, neurodegeneração e alterações
cognitivas. Os idosos típicos ou não mantenedores podem representar grupo com
progressão na trajetória pré-clínica comparativamente aos mantenedores.
Gefen et al. (2015) investigaram os achados estruturais e patológicos no córtex
do cíngulo, concordando com a hipótese de que os SuperAgers teriam preservação
da função dessa estrutura. Os achados foram consistentes com investigações
anteriores, observando-se que SuperAgers e controles de idade menor tiveram
medidas comparáveis de espessura cortical na região referida. A trajetória cognitiva,
incluindo múltiplos domínios de cognição, indicou ausência de declínio em testes
neuropsicológicos.
Estudos de função cerebral, utilizando métodos como PET e ressonância
magnética funcional, têm demonstrado mudanças no nível e padrão de atividade com
a idade. De maneira geral, há redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo basal
particularmente no córtex frontal. Por outro lado, maior resposta regional em idosos é
comumente observada. Há componente de PASA (póstero-anterior) onde a resposta
em regiões anteriores cerebrais foi maior em idosos do que em jovens. A maior
resposta cerebral está geralmente associada a melhor performance cognitiva. A maior
associação positiva foi na região frontal, parietal, temporal medial, cíngulo (EYLER;
SHERZAI; KAUP, 2011).
A definição do idoso de alta performance cognitiva baseia-se na avaliação da
memória, em concordância com diversos estudos (BORELLI et al., 2018b). A definição
de HPOA (high performing older adults), como proposta por Cabeza (2002), deve
considerar a performance em memória episódica. Há diversos métodos validados para
a mensuração da memória episódica, sendo que o RAVLT distingue os idosos de alta
performance dos controles e diferentes grupos de acordo com a idade (BORELLI et
al., 2018b). A cognição global deve ser avaliada para selecionar os indivíduos com
excelente performance cognitiva.
BORELLI (2019), em estudo desenvolvido de correlação da neuroimagem
molecular, estrutural e funcional em superidosos investigando espessura cortical,
volumetria (RM estrutural), atividade metabólica (PET com FDG), conectividade
45
funcional (RM funcional) e depósito de placa amiloide (PIB - Pittsburg Compound B),
demonstrou maior espessura do cíngulo anterior e conectividade funcional aumentada
nessa região, sendo que o acúmulo amiloide foi similar entre os grupos de superidosos
e o grupo controle (C80).
Estudo longitudinal (GORBACH et al., 2017) demonstrou que idosos acima de
65 anos, que tinham pouco ou nenhum declínio de memória episódica durante quatro
anos, possuíam menos atrofia hipocampal que indivíduos com declínio de memória
Estudo recente de Dang et al. (2019) utilizou os dados do Australian Imaging,
BIomarkersd and Lifestyle study para explorar a proteção dos SuperAgers da proteína
amiloide (Ab -) associada a doenças neurodegenerativas relativamente a uma coorte
de idosos cognitivamente típicos. O mínimo de idade requerido foi de 60 anos, e não
de 80, no estudo citado. A conceituação de cognição superior é um indicativo de
resiliência e resistência, que se tornam mais significativas. A curva normal do RAVLT,
em função da idade, mostra declínio não linear na memória episódica com a idade.
Seria esperado um declínio de quatro pontos na faixa de 60 a 80 anos em relação à
faixa de 40 a 60. O que permanece sem elucidação completa é o quanto alguns
indivíduos mantêm cognição superior mesmo na presença de amiloide e bandas
neurofibrilares.
Goldberg (2019) reconhece que a performance de memória superior
encontrada no Australian Imaging, Biomarkers and Lifestyle Study não foi associada
com redução dos efeitos do envelhecimento ou beta-amiloide na perda volumétrica
cortical. O autor sugere que fatores ligados ao estilo de vida como educação podem
ser importantes, além do exame do papel de genótipos como APOE e2 e BNDF (fator
neurotrófico cerebral). A performance superior de memória pode refletir parte de
variabilidade normal, sendo que o autor enfatiza que os incrementos nos testes podem
ocorrer com a aplicação repetida de testes semelhantes em idosos cognitivamente
típicos. Estes efeitos práticos poderiam retardar o diagnóstico de declínio cognitivo
leve subclínico
Yu et al. (2019) examinaram os perfis cognitivos e fatores ligados ao estilo de
vida associados à supercognição. Houve adoção de critérios diferentes aos critérios
clássicos dos estudos de SuperAgers e a sugestão do termo supercognição para
definir os idosos com habilidades cognitivas superiores. Os critérios foram os
seguintes: habilidades cognitivas superiores em um ou mais domínios (um desvio-
padrão acima); performance pelo menos na média nos demais domínios cognitivos
estudados; atividades de vida diária mantidas e Clinical Dementia Rating igual a 0.
46
Fatores psicossociais, de estilo de vida e saúde foram investigados. É possível que
esses idosos sejam superiores em determinados domínios cognitivos, ainda que
apresentem performance menor em um ou mais domínios, indicando natureza
multidimensional do envelhecimento cognitivo bem-sucedido.
Cabeza et al. (2018), em uma revisão sobre reserva, manutenção e
compensação à luz do conhecimento da neurociência na cognição do envelhecimento,
demonstram que os termos reserva, manutenção e compensação estão inter-
relacionados e têm sido utilizados para descrição de diferenças qualitativas e
quantitativas na estrutura e função cerebral, assim como para explicar mecanismos
cerebrais no envelhecimento e declínio cognitivo. As diferenças individuais nas
trajetórias cognitivas do envelhecimento têm como uma das proposições a interação
entre os mecanismos de reserva, manutenção e compensação, promovendo relação
entre os fatores genéticos e ambientais. Tem sido proposto que reserva implica
criação de redes neurais que auxiliam o suporte em situação de declínio neural,
enquanto a manutenção suporta o reabastecimento e reparo dos recursos neurais
(anatomia e fisiologia mediadoras dos processos cognitivos, redes neurais,
funcionamento e conectividade).
Enfatiza-se que os mecanismos acima descritos (reserva, manutenção,
compensação) são dinâmicos e modificáveis. A reserva está relacionada com
aumento cumulativo, devido a fatores genéticos e ambientais (educação, atividade
física, atividades intelectuais), de recursos neurais (incluindo densidade sináptica),
que atenuam os efeitos do declínio cognitivo. A manutenção significa preservação dos
recursos neurais e ocorre durante a vida, sendo mais crítica no envelhecimento, e
envolve processos de reparação celular ou molecular e plasticidade, com interação
entre fatores genéticos e ambientais (atividade física, engajamento social e cognitivo).
O termo compensação refere-se a recrutamento de recursos neurais em resposta à
alta demanda cognitiva, sendo, então, relacionado à performance cognitiva. Esse
mecanismo seria efetuado através de regulação, seleção e reorganização contínuas,
em resposta ao declínio neural. A Figura 1 mostra os mecanismos neurais
mencionados.
47
Figura 1. Maintenance, reserve and compensation: the cognitive neuroscience of healthy ageing.
Fonte: Cabeza et al., 2018.
Observa-se que os mecanismos de manutenção, compensação e reserva
atuam de forma conjunta, sendo que podem ser mediados por alguns efeitos da
interação entre genética e ambiente, conforme indicado pela etapa a. A etapa b ilustra
as alterações em recursos neurais e demandas cognitivas que ocorrem ao longo da
vida como resultado de reserva e manutenção. Em um cenário ideal, como mostrado
à esquerda, esses mecanismos neutralizam os efeitos do envelhecimento. Entretanto,
em uma situação típica, os mecanismos de reserva e manutenção apenas atenuam
os efeitos negativos e demandas cognitivas. Reserva e manutenção estão
relacionadas a aumento nos recursos neurais, sendo que a primeira é mais
48
relacionada à densidade e eficácia sináptica e continuaria a ser construída em idade
mais avançada, embora seja principalmente formada durante a fase da infância e
adulto jovem. Os processos de declínio e compensação podem ocorrer
simultaneamente, apesar de, na ilustração, estarem alternados. A etapa c demonstra
a relação entre as demandas cognitivas e os mecanismos de compensação. Em
cenário ideal, o aumento da demanda cognitiva é completamente neutralizado pelo
recrutamento de recursos neurais, enquanto em um cenário típico o recrutamento
neural adicional reduz, mas não elimina a distância entre demanda e recursos.
Uma melhor compreensão dos mecanismos que proporcionam preservação da
memória em idosos pode revelar processos-chave em manutenção cognitiva. Há
lacuna de conhecimento e de estudos que enfoquem o entendimento do
envelhecimento típico e o SuperAgers. São necessários estudos longitudinais com
foco em HOPA (BORELLI et al., 2018a), sendo que o aspecto anatômico é importante,
a exemplo da espessura do córtex cerebral, representando uma das medidas
biológicas nos estudos, porém, há outros aspectos envolvidos, como o genético,
resiliência, reserva cognitiva, fatores psicossociais. Uma das hipóteses é que os
SuperAgers sejam mantenedores ou compensadores, além de terem o mecanismo de
reserva cognitiva interagindo dinamicamente.
49
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a relação entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos
com elevado desempenho cognitivo.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e
psicológicas no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva.
Investigar a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força
muscular no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva.
Verificar as medidas cognitivas que mais se relacionam à alta performance
em idosos.
Verificar as alterações das medidas de desempenho dos idosos em relação
ao tempo.
50
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo refere-se a um recorte do projeto intitulado: “Avaliação de duas
intervenções de memória em medidas fisiológicas, cognitivas e de humor em idosos
do Distrito Federal”, cuja coleta de dados foi iniciada em junho de 2017 e finalizada
em julho de 2019. Esse projeto, assim como, o seu Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (Apêndice A), já se encontram autorizados pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica de Brasília pelo CAAE n°:
67653517.4.0000.0029.
4.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo representa uma pesquisa quantitativa, exploratória e longitudinal. A
pesquisa quantitativa é caracterizada pelo uso da quantificação, tanto na coleta
quanto no tratamento das informações, utilizando-se de técnicas estatísticas
(RICHARDSON, 1999). Objetiva a aquisição de resultados que evitem possíveis
distorções de análise e interpretação e que possibilitem a maximização da margem
de segurança (DIEHL, 2004). De modo geral, a pesquisa quantitativa é passível de
ser medida em escala numérica (ROSENTAL; FRÉMONTIER-MURPHY, 2001).
Conforme Richardson (1999), a pesquisa exploratória aprofunda os
conhecimentos das características de determinado fenômeno para procurar
explicações das suas causas e consequências, utilizando-se dos seguintes objetivos
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013): (i) familiarizar e elevar a compreensão de um
problema de pesquisa em perspectiva; (ii) ajudar no desenvolvimento ou criação de
hipóteses explicativas de fatos a serem verificados em uma pesquisa causal; (iii)
auxiliar na determinação de variáveis a serem consideradas em um problema de
pesquisa; (iv) verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, quais os
métodos utilizados e quais os resultados obtidos, determinar tendências, identificar
relações potenciais entre variáveis e estabelecer rumos para investigações
posteriores mais rigorosas; e (v) investigar problemas do comportamento humano,
identificar conceitos ou variáveis e sugerir hipóteses verificáveis.
Refere-se também a um estudo Longitudinal Prospectivo (estudo com follow
up), onde existe uma sequência temporal conhecida entre uma exposição, ausência
da mesma ou intervenção terapêutica, e o aparecimento da doença ou fato evolutivo.
51
Esse tipo de delineamento destina-se a estudar um processo ao longo do tempo para
investigar mudanças, ou seja, refletem uma sequência de fatos (HADDAD, 2004;
SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).
4.2 AMOSTRA
A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência e composta pelos idosos
do Grupo NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado será de um ano e com três
medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de intervenções. Assim, o N
geral é 85, e contendo até o final de um ano 27 idosos, conforme a Figura 2.
Critério de inclusão: pertencer ao grupo do NeuroCog-Idoso;
Critérios de exclusão: não ter participado de alguma variável analisada e/ou
não ter dado continuidade ao estudo no primeiro ano de intervenções.
Figura 2. Fluxograma do Desenho do Estudo. .
Fonte: Elaborado pelo autor.
Inscrição
N=85
Linha de base
N=58
Após 6 meses
N=46
Após 1 ano
N=27
Desistência
N=12
Desistência
N=27
Desistência
N=12
Avaliações
incompletas
N=07
52
Destaca-se que esses idosos já haviam passado por todos os critérios de
inclusão e exclusão anteriores do projeto que referiam na inclusão ter mais de 60 anos,
ser alfabetizado, demonstrar interesse no estudo e assinar o TCLE. E como critérios
de exclusão: apresentar algum diagnóstico de transtorno cognitivo, déficits visuais,
auditivo e/ou motores que inviabilizassem o entendimento e o desempenho nas
atividades relacionadas às avaliações e às intervenções cognitivas, ter
comprometimentos atuais ou anteriores relacionados ao alcoolismo, uso de drogas
ilícitas, transtornos psiquiátricos ou doenças neurológicas conhecidas. Esses critérios
foram avaliados no primeiro encontro por meio da anamnese e, em caso de
necessidade de confirmação, por meio da avaliação neuropsicológica, no caso dos
diagnósticos de transtornos cognitivos.
4.3 INSTRUMENTOS
Para além da Anamnese, com a verificação de informações sociodemográficas,
de saúde e comportamental (Apêndice B) - o que ajudou a caracterizar a amostra a
ser estudada -, os instrumentos utilizados serão apresentados a seguir em medidas
físicas, medidas psicológicas e medidas cognitivas. As escolhas por essas medidas
deveram-se aos estudos atuais que apresentam essas três variáveis, como preditoras
de um bom envelhecimento e, consequentemente, que podem caracterizam um
SuperAgers.
4.3.1 Medidas Físicas
Teste de controle de força muscular (Pressão palmar) - Os participantes foram
posicionados sentados, estando o ombro em posição neutra, cotovelos fletidos em 90º
e punho na posição neutra. Os sujeitos foram orientados a realizar a contração
isométrica máxima ao comando verbal do examinador. Foram realizadas três
tentativas alternando os membros, com intervalo de 60 segundos. O procedimento foi
realizado respeitando os critérios descritos por Shiratori et al. (2014). Para a avaliação
da força de preensão, a ASHT (American Society of Hand Therapists) recomenda que
o paciente esteja confortavelmente sentado, posicionado com o ombro aduzido, o
cotovelo fletido a 90º, o antebraço em posição neutra e, por fim, a posição do punho
pode variar de 0 a 30º de extensão.
53
Capacidade cardiorrespiratória (Ergoespirométrica - Vo2) - A ergoespirometria
consiste em ferramenta para avaliação de capacidade física ou cardiorrespiratória,
além de ser utilizada para rastreamento de doença coronariana e ser exame
diagnóstico. O exame consiste em determinar variáveis respiratórias, metabólicas,
cardiovasculares através de trocas gasosas pulmonares durante o exercício com
monitoração contínua do eletrocardiograma, somada a medidas seriadas da pressão
arterial. O Vo2 máximo (consumo máximo de oxigênio) e o limiar anaeróbio são
indicativos de aptidão funcional.
Foi realizada avaliação cardiopulmonar, na qual os gases expirados foram
analisados por medição direta do consumo de oxigênio para determinar o limiar
ventilatório. Foram colocados cinco eletrodos em cada participante, posteriormente,
foi posicionada uma máscara facial (Hans Rudolph Inc., EUA) para análise dos gases
expirados. Depois, foi realizada a calibração do equipamento. A velocidade inicial foi
de 3,0 km e a final, de 6,0 km, com inclinação inicial de 4% e final de 14% em um
tempo máximo de 10 minutos, e o teste foi encerrado quando o participante levantava
o braço como sinal para parar. A pressão arterial foi monitorada durante o teste a cada
dois minutos com um esfigmomanômetro manual. Os testes foram realizados em um
laboratório controlado pelo clima. O limiar de ventilação foi avaliado por um
cardiologista e acompanhado por uma técnica de laboratório.
Composição corporal Dual Energy X-ray Absorptiometry - A avaliação da
composição corporal foi medida pelo método DEXA. As medidas por DEXA (modelo
DPX-L, LUNAR Radiation, Madison, WI) foram realizadas em scan de corpo inteiro.
Todos os scans foram analisados por um investigador especializado, utilizando o
programa para análise de composição corporal, LUNAR Radiation versão 1.2i DPX-L.
A avaliação da composição corporal permite quantificar a massa magra (livre de
gordura), a massa gorda e o componente ósseo. Os fenótipos de composição corporal
foram descritos anteriormente, incluindo a caracterização de sarcopenia e obesidade.
4.3.2 Medidas Psicológicas
World Health Organization Quality of Life Group - O WHOQOL-OLD é um
questionário composto por 24 questões, em escala Likert de 1 a 5, divididas em cinco
domínios (Autonomia; Atividades passadas, presentes e futuras; Participação Social;
54
Morte e morrer; Intimidade) (FLECK et al., 2000; FLECK; CHACHAMOVICH;
TRENTINI, 2003).
Inventário de Ansiedade de Beck - O BAI é um questionário de autorrelato com
21 questões de múltipla escolha, utilizado para medir o nível de ansiedade. Seu escore
varia de 0 a 63 pontos, sendo de 0 a 7 pontos considerado o grau mínimo de
ansiedade, de 8 a 15 pontos o grau de ansiedade leve, de 16 a 25 pontos o grau de
ansiedade moderada e de 26 a 63 pontos o grau de ansiedade severa (BECK; STEER,
1990).
Escala de Depressão Geriátrica - GDS é um instrumento de 15 itens adaptado
para a população brasileira por Almeida e Almeida (1999), baseado na escala
originalmente criada por Yesavage et al. (1983) com 30 itens, com o objetivo de
detectar a ausência de sintomas sugestivos de depressão em idosos. Seu escore varia
de 0 a 15 pontos, sendo a partir de 7 pontos sugestivo de depressão.
4.3.3 Medidas Cognitivas
Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada - O ACE-R é utilizado para
avaliar cinco domínios cognitivos em conjunto e apresenta notas parciais para cada
um deles, sendo: Atenção e Orientação (ACE-A), Memória (ACE-M), Fluência (ACE-
F), Linguagem (ACE-L) e Habilidades Visuoespaciais (ACE-V). Adaptado e validado
para o Brasil (CARVALHO, 2009; CARVALHO; CARAMELLI, 2007) como um teste de
rastreio para avaliar as funções cognitivas, sendo sua pontuação máxima de 100
pontos.
Rey Auditory-Verbal Learning Test - Utilizou-se a versão adaptada do RAVLT
para a população idosa brasileira (MALLOY-DINIZ et al., 2007). As 15 palavras do
teste são lidas pausadamente ao avaliando, solicitando-se que ele as repita após a
leitura, de forma independente à ordem em que foram ditas (A1). Repete-se o mesmo
procedimento nas etapas A2, A3, A4 e A5, salientando-se que o sujeito deve sempre
lembrar-se de todas as palavras, inclusive as ditas anteriormente. Aplica-se, então,
uma segunda lista de palavras (B1), distratora, em que se solicita ao avaliando evocar
apenas as palavras desta lista. Pedem-se, então, as palavras da primeira lista (A6),
sem a exposição dela, em uma tarefa de evocação da memória episódica de curto
prazo. Vinte e cinco minutos após tal etapa, o sujeito deve novamente evocar as
palavras da primeira lista (A7), de forma a avaliar a evocação tardia da memória
55
episódica verbal. Por fim, é apresentada uma lista de reconhecimento (REC) contendo
50 palavras, as 15 palavras da primeira lista, as 15 da segunda e 20 outras palavras
semântica ou foneticamente relacionadas com as palavras anteriores, devendo o
sujeito julgar se a palavra era pertencente ou não à primeira lista. Os escores de cada
etapa são computados de acordo com o número de palavras corretamente evocadas,
à exceção de REC, em que se pontuam todos os acertos (palavras corretamente
classificadas) e subtrai-se 35 (total de distratores). A fim de se evitar resultados
negativos nas análises posteriores, nesta foi realizada a subtração dos resultados
negativos, gerando um escore que oscila entre 0 e 50 pontos. Calcula-se também o
total (ΣA1-A5) de acertos nas etapas de aprendizagem (PAULA et al., 2012).
Stroop Test – Utilizou-se a versão Victória (SPREEN; STRAUSS, 1998, p. 213-
218, p. 477-499). Os dados normativos para essa versão foram baseados em uma
amostra de 188 sujeitos canadenses adultos e saudáveis, com idades acima de 17
anos e média de escolaridade de 14,28 anos (DP=±2,29). A versão Victória utiliza-se
de três tarefas com 24 itens cada. É composto de três cartões, contendo seis linhas
com quatro itens: o primeiro composto de tarjetas coloridas (verde, rosa, azul e
marrom); o segundo constituído por palavras neutras escritas com as cores das
tarjetas; e o terceiro com os nomes das cores escritos em cores conflitantes com o da
impressão. Solicita-se ao sujeito que, a cada cartão apresentado, verbalize as cores
impressas de cada cartão o mais rápido possível. Começa-se a contar o tempo logo
após as instruções e registra-se o tempo que o sujeito leva para ler cada um dos
cartões. O sujeito é avaliado segundo a rapidez com que ele executa a tarefa e a
quantidade de erros apresentados. O efeito da interferência é determinado pelo
cálculo de tempo extra requerido para nomear as cores (da impressão) em
comparação ao tempo requerido para nomear cores na primeira tarefa controle-cores
das tarjetas.
4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O desenho metodológico deste estudo perfaz a duração de 12 meses de
acompanhamento e contempla quatro etapas, sendo elas: seleção e recrutamento,
avaliação 1 (linha de base), avaliação 2 (seis meses após) e avaliação 3 (um ano
após).
56
Para o processo de recrutamento e seleção dos participantes, foi realizada a
divulgação da pesquisa em ambientes frequentados pela comunidade, tais como as
unidades básicas de saúde do Distrito Federal e o Centro de Convivência do Idoso da
Universidade Católica de Brasília (UCB). As pré-inscrições foram realizadas
individualmente, e o contato realizado via telefone, propondo o convite de participação
aos interessados para a etapa de apresentação da pesquisa.
A partir da organização da equipe de pesquisa, foi realizado um encontro grupal
dos interessados com o intuito de acolhimento e apresentação da pesquisa para o
público, juntamente com a exposição das atividades que iriam ser realizadas e o
cronograma delas. Ao fim do acolhimento, que aconteceu no auditório de um dos
blocos da universidade e que teve duração de aproximadamente uma hora, a
participação dos idosos foi confirmada, e as inscrições realizadas. Antes da etapa das
avaliações, todos os idosos assinaram o TCLE e estavam cientes da possibilidade de
desistirem do estudo a qualquer momento, assim como, se algo disparasse quaisquer
questões psicológicas e/ou físicas, haveria uma equipe disponível para os mesmos.
Para a avaliação 1, todos os idosos foram avaliados individualmente com a
aplicação da Anamnese e de medidas psicológicas, físicas e cognitivas, conforme
previamente apresentado. Para cada uma dessas etapas, havia um pesquisador
responsável da respectiva área (Psicólogo, Profissional de Educação Física e
Psicólogo ou Gerontólogo) com ajuda de auxiliares de pesquisa, e cada avaliação
durava cerca de 60 min.
As avaliações 2 e 3 seguiram os mesmos procedimentos da avaliação 1, tendo
como intervalo em cada uma das avaliações o período de seis meses. Faz-se
importante destacar aqui que, nesse período, diferentes tipos de intervenções foram
inseridas nas atividades dos idosos, como intervenções cognitivas, intervenções
pedagógicas e atividade física, mas não consistiu em objetivo principal avaliar seus
impactos.
4.5 ANÁLISE DE DADOS
A análise inferencial foi feita através de testes não paramétricos, visto o não
atendimento dos seguintes pressupostos estatísticos: normalidade,
homocedastidade, independência do erro e multicolinearidade. Assim, inicialmente foi
realizada uma análise exploratória do conjunto de dados, onde a amostra foi analisada
57
com médias, desvios-padrão e quartis. Utilizou-se a metodologia de quartil, ou
coeficiente quartílico de assimetria, cujo princípio é semelhante ao da mediana. O
quartil divide a distribuição em quatro partes, cada uma contendo 25% dos dados, de
forma que o primeiro quartil limita os 25% menores valores da distribuição, o segundo,
50%, o terceiro, 75%, e o quarto, corresponde ao último valor. Nesta análise,
consideraram-se os valores acima da média no teste RAVLT, sendo o terceiro quartil
e o quarto quartil como critérios para os SuperAgers.
Para medir associação das variáveis psicológicas com as cognitivas, utilizou-
se o teste de correlação de Kendall, que é uma medida não paramétrica que avalia
correlação entre duas variáveis. Se o valor é zero, significa que não há relação linear
entre as variáveis. Quando o valor é positivo, diz-se que as duas variáveis são
diretamente proporcionais, e o valor negativo indica relação de grandeza
inversamente proporcional entre as variáveis.
A avaliação da associação entre as variáveis psicológicas e cognitivas, assim
como das físicas com as cognitivas, foi realizada através do teste de Wilcoxon
pareado. O teste de Wilcoxon pareado pode ser utilizado quando se deseja comparar
duas amostras relacionadas, amostras emparelhadas ou medidas repetidas (como no
estudo proposto) em uma única amostra para avaliar se os postos médios
populacionais diferem.
Além das avaliações supracitadas, realizou-se uma análise de regressão
logística binária, uma análise eficaz para verificar a relação entre duas ou mais
variáveis no caso específico em que a resposta (Y) é dicotomizada em “acima da
média (Y = 1) e “abaixo da média” (Y = 0). Essa modelagem permitiu a proposição de
um modelo de regressão logística com a proposição das variáveis relacionadas ao
SuperAgers. O software utilizado para as análises foi o R, versão 3.4.3 e utilizando o
nível de significância de p ≤ 0,005.
58
5 ARTIGO: UM ESTUDO LONGITUDINAL SOBRE PERFORMANCE COGNITIVA
E SUAS VARIAÇÕES EM MEDIDAS PSICOLÓGICAS, COGNITIVAS E FÍSICAS
EM IDOSOS COGNITIVAMENTE TÍPICOS E COM COGNIÇÃO SUPERIOR
Um estudo longitudinal sobre performance cognitiva e suas variações em medidas psicológicas, cognitivas e físicas em idosos cognitivamente típicos e com cognição superior A longitudinal study on cognitive performance and its variations in psychological, cognitive and physical measures in cognitively typical and higher cognitive elderly Performance cognitiva em idosos Cognitive performance in the elderly
Resumo
Objetivo: Investigar as medidas cognitivas e suas relações com as medidas físicas e
psicológicas no grupo NeuroCog-Idoso e nos idosos com alta performance cognitiva,
assim como, a composição corporal, a capacidade cardiorrespiratória e a força
muscular. Método: A amostra utilizada neste estudo foi de conveniência, avaliada
longitudinalmente pelo período de um ano. O estudo composto por 27 idosos, com
idade média de 71 anos (DP=±3,59). Foram analisados os aspectos físicos,
psicológicos e cognitivos através das variáveis: composição corporal, capacidade
cardiorrespiratória, força muscular, qualidade de vida, ansiedade, depressão, RAVLT,
ACE-R e Stroop. Resultados: O estudo foi majoritariamente mulheres idosas (N=23,
86,19%). Os idosos estavam distribuídos equitativamente quanto à escolaridade e ao
estado civil. As variáveis físicas foram condizentes às faixas etárias, onde 75% dos
idosos apresentaram sobrepeso, se encontravam dentro dos parâmetros adequados
na escala de ansiedade (M=4,52, DP=±4,24) e depressão (M=2,59, DP=±2,15). As
medidas cognitivas foram boas preditoras no que se refere à performance cognitiva.
Em função do tempo, diversas variáveis tiveram aumento em seus desempenhos,
correlações foram observadas entre as medidas cognitivas e psicológicas, sendo
possível a apresentação de um modelo logístico para as variáveis preditoras para uma
alta performance cognitiva e resiliência ao declínio cognitivo. Conclusão: Entende-se
a importância deste trabalho, na medida em que a saúde cognitiva está se tornando
59
cada vez mais uma questão de saúde pública, sendo necessárias pesquisas sobre a
resiliência cognitiva, SuperAging ou envelhecimento bem-sucedido de memória.
Palavras-chave: Envelhecimento. Cognição. Saúde do idoso. Medidas psicológicas.
Medidas físicas.
Abstract
Objective: To investigate cognitive measures and their relationship with physical and
psychological measures in the NeuroCog-Idoso group and in the elderly with high
cognitive performance, as well as body composition, cardiorespiratory capacity and
muscle strength. Method: The sample used in this study was convenience assessed
longitudinally over a period of one year. The study consisted of 27 elderly, with an
average age of 71 years (SD = ± 3.59). Physical, psychological and cognitive aspects
were analyzed through the following variables: body composition, cardiorespiratory
capacity, muscle strength, quality of life, anxiety, depression, RAVLT, ACE-R and
Stroop. Results: The study was mostly elderly women (N = 23, 86.19%). The elderly
were equally distributed in terms of education and marital status. The physical
variables were consistent with the age groups, where 75% of the elderly were
overweight, were within the appropriate parameters on the anxiety scale (M = 4.52, SD
= ± 4.24) and depression (M = 2.59, SD = ± 2.15). Cognitive measures were good
predictors regarding cognitive performance, as a function of time several variables had
an increase in their performance, correlations were observed between cognitive and
psychological measures, being possible to present a logistic model for the predictor
variables for a high cognitive performance and resilience to cognitive decline.
Conclusion: The importance of this work is understood, as cognitive health is
increasingly becoming a public health issue, requiring research on cognitive resilience,
overaging or successful aging of memory.
Keywords: Aging. Cognition. Health of the elderly. Psychological measures. Physical
measures.
60
INTRODUÇÃO
Segundo Randolph1, a maioria dos estudos publicados na área de cognição,
psicologia e envelhecimento trata de declínio cognitivo e uma minoria enfatiza a
cognição normal ou o aumento da performance cognitiva. Uma nova perspectiva tem
sido considerada no envelhecimento, na área de envelhecimento ativo ou bem-
sucedido, notadamente a relacionada à performance cognitiva, sendo essa uma das
maiores determinantes do envelhecimento saudável2.
O termo SuperAgers foi originalmente operacionalizado no Northwestern
Program, baseado nos seguintes critérios: idade acima de 80 anos; performance de
memória episódica ao menos no nível ou superior a de indivíduos cognitivamente
típicos com 50-60 anos; performance em domínios cognitivos de funções não
mnemônicas no mínimo na média para a idade3,4.
Construtos teóricos sobre os idosos com mais resiliência propuseram a
descrição desses indivíduos como resilient-agers5, cognitively elite6, optimal memory
performers7, tendo sido utilizados critérios validados de psicometria. Em estudo
original, Harrison et al.3 demonstraram que os SuperAgers não exibiam atrofia cortical
significativa e possuíam espessamento do córtex anterior cingulado
comparativamente aos controles. Gefen et al.8 utilizaram o mesmo critério,
documentando achados semelhantes. Bott et al.5 que incluiu idosos acima de 60 anos,
acrescentaram que os resilient-agers tinham mais baixos níveis de insulina,
interleucina-6( marcador inflamatório) e maior nível de atividade física relativamente
aos controles de mesma idade, além de maior volume do corpo caloso no baseline e
alta frequência de APOEe4 e CR1 AA-AG (alelos anteriormente considerados como
risco adicional para demência).
Os indivíduos com alta performance cognitiva potencialmente mantêm a
habilidade de memória na trajetória do envelhecimento similar aos controles com
idade de 50 anos2. O termo HOPA (High Performing Older Adults), primeiramente
citado por Cabeza9 e indicado por Borelli et al.2, promove um conceito expandido,
podendo variar de acordo com as características culturais e sociodemográficas locais.
Os SuperAgers podem ter aspectos biológicos, neurocognitivos e de imagem que
podem diferenciá-los dos demais idosos, conferindo estrutura cerebral resiliente10.
Modelos neuropsicológicos indicam que o declínio cognitivo é uma
consequência do aumento da idade, após os 60 anos11,12. Entretanto, há variabilidade
61
nas trajetórias cognitivas e que aumenta com a idade, indicando que as diferenças
individuais crescem com o avançar da idade13. Algumas dessas diferenças têm sido
explicadas por efeitos, como doença neurodegenerativa pré-clínica, Doença de
Alzheimer em amostras de idosos14, assim como a presença de idosos que parecem
ser resilientes ao declínio cognitivo. Há discussão na literatura científica quanto ao
início do declínio cognitivo, sendo que alguns autores, como Salthouse12, discutem se
o início é mais precoce do que tardio, considerando importante distinguir os estudos
transversais e longitudinais, assim como critérios de inclusão e exclusão.
Algumas teorias cognitivas propostas, como a da reserva cognitiva e
manutenção cerebral15,16, têm buscado explicar as variabilidades nas trajetórias
cognitivas, sendo que alguns idosos começam o declínio antes e outros mantêm a
independência e o bem-estar. As pesquisas em neurociências e com neuroimagem
têm levado a avanços na compreensão dos mecanismos neurais relacionados aos
desfechos cognitivos já descritos por Cabeza et al.17, que propuseram a contribuição
dos mecanismos de reserva, manutenção e compensação na variabilidade individual
das trajetórias cognitivas, sendo que podem ser resultado da interação entre aspectos
genéticos e relacionados ao meio ambiente.
Elucidar os fatores e aspectos que podem contribuir para o envelhecimento
cognitivo bem-sucedido é determinante para promoção de saúde e prevenção de
quadros demenciais, tendo importância na saúde pública. Um modelo de predição foi
construído em idosos acima de 90 anos na Europa (European SuperAgers),
identificando fatores ligados à resiliência e ao declínio cognitivo, incluindo plataforma
EMIF e DPUK18.
Frente a essas informações, este artigo tem por objetivo avaliar a relação e a
trajetória entre aspectos físicos, psicológicos e cognitivos em idosos cognitivamente
típicos e com alta performance cognitiva, participantes de intervenções cognitivas,
físicas e educativas, ofertadas ao longo de um ano, buscando apresentar e discutir
quais características e variáveis poderiam ser preditoras de uma melhor performance
no processo de envelhecer em idosos a partir dos 60 anos de idade.
62
MÉTODO
O estudo retratado apresenta-se dentro de uma abordagem quantitativa,
exploratória e longitudinal. Foi autorizado, assim como o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Católica de Brasília pelo CAAE n°: 67653517.4.0000.0029 e realizado graças ao apoio
e aprovação nº: 0193.001227/2016 da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito
Federal (FAPDF). A coleta dos dados teve início em junho de 2017 e foi finalizada em
julho de 2019.
AMOSTRA
A amostra utilizada neste estudo foi caracterizada como de conveniência e
composta pelos idosos do grupo NeuroCog-Idoso. O recorte aqui apresentado foi de
um ano e com três medidas: linha de base, após seis meses e após um ano de
intervenções. Destaca-se que o estudo iniciou com 85 idosos, mas contabilizadas as
desistências (N=51) e a não participação em alguma das avaliações (N=07) resultou
em N de 27 idosos, com média de idade igual a 71 anos (DP= ±3,59). Os critérios de
inclusão foram: ser alfabetizado, demonstrar interesse no estudo e assinar o TCLE; e
os critérios de exclusão foram: apresentar algum diagnóstico de transtorno, déficits
visuais, auditivo e/ou motores, transtornos psiquiátricos que inviabilizassem o
entendimento e o desempenho nas atividades relacionadas às avaliações e às
intervenções cognitivas, ter acometimentos atuais ou anteriores relacionados ao
alcoolismo, uso de drogas ilícitas, doenças neurológicas conhecidas. Esses critérios
foram avaliados no primeiro encontro por meio da anamnese e em caso de
necessidade de confirmação, por meio da avaliação neuropsicológica, no caso dos
diagnósticos de transtornos cognitivos. Também foram excluídos idosos que não
participaram de alguma variável analisada e/ou não tenham dado continuidade ao
estudo no primeiro ano de intervenções.
Instrumentos
Para além da Anamnese, com a verificação de informações sociodemográficas,
de saúde e comportamental, os instrumentos utilizados serão apresentados a seguir
em medidas físicas, medidas psicológicas e medidas cognitivas.
63
Medidas Físicas: a) o teste de controle de força muscular (pressão palmar),
respeitando os critérios descritos por Shiratori et al.19, tendo sido realizadas três
tentativas alternando os membros, com intervalo de 60 segundos, tendo sido
instruídos ao máximo de contração isométrica após comando verbal; b) o teste de
capacidade cardiorrespiratória (CCR) (Ergoespirométrica – VO2) – na busca de
determinar variáveis respiratórias, metabólicas, cardiovasculares através de trocas
gasosas pulmonares durante o exercício com monitoração contínua do
eletrocardiograma, somada a medidas seriadas da pressão arterial, com objetivo de
determinar o máximo V02, de acordo com o seguinte: QR= VC02-V02 > 1,1; VE >
60% do máximo previsto; presença de platô antes do aumento no esforço; c) a medida
de composição corporal Dual Energy X-ray Absorptiometry - que permite quantificar a
massa magra (livre de gordura), a massa gorda e o componente ósseo(DPX-L) com
avaliação de corpo inteiro, utilizando o programa LUNAR versão 1.2 para esta análise.
Medidas Psicológicas: a) o questionário da World Health Organization Quality
of Life Group - WHOQOL-OLD para a quantificação de seus cinco domínios
(Autonomia; Atividades Passadas, Presentes e Futuras; Participação Social; Morte e
Morrer; Intimidade), segundo Fleck et al.20,21; b) o inventário de Ansiedade de Beck
(BAI) para medir o nível de ansiedade, segundo orientações de Beck e Steer22; c) a
Escala de Depressão Geriátrica (GDS), de 15 itens, adaptada para a população
brasileira por Almeida e Almeida23, com o objetivo de detectar a ausência de sintomas
sugestivos de depressão em idosos.
Medidas Cognitivas: a) o Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada
- O ACE-R é utilizado para avaliar cinco domínios cognitivos em conjunto e apresenta
notas parciais para cada um deles, adaptado e validado para o Brasil como um teste
de rastreio para avaliar as funções cognitivas, tendo o máximo de 100 pontos24,25,
possibilitando avaliação dos seguintes domínios; orientação (ACE-A), orientação
espacial e temporal (ACE-A), função visuoespacial (ACE-V), memória episódica
(ACE-M), linguagem( ACE-L), fluência (ACE-F); b) o Rey Auditory-Verbal Learning
Test – Utilizando-se a versão adaptada do RAVLT para a população idosa brasileira26;
c) o Stroop Test – Utilizando-se a versão Victória27, que se utiliza de três tarefas com
24 itens cada, solicitando-se ao sujeito que, a cada cartão apresentado, verbalize as
cores impressas de cada cartão o mais rápido possível.
64
Procedimentos metodológicos
O desenho metodológico deste estudo perfaz a duração de 12 meses de
acompanhamento (de junho de 2017 e julho de 2018) e contempla quatro etapas: 1)
seleção e recrutamento, 2) avaliação 1 (linha de base), 3) avaliação 2 (seis meses
após) e 4) avaliação 3 (um ano após).
Para o processo de recrutamento e seleção dos participantes, foi realizada a
divulgação da pesquisa em ambientes frequentados pela comunidade, tais como as
unidades básicas de saúde do Distrito Federal e o Centro de Convivência do Idoso da
Universidade Católica de Brasília (UCB). As pré-inscrições foram realizadas
individualmente, e o contato realizado via telefone, propondo o convite de participação
aos interessados para a etapa de apresentação da pesquisa. Antes da etapa das
avaliações, todos os idosos assinaram o TCLE e estavam cientes da possibilidade de
desistirem do estudo a qualquer momento, assim como, se algo disparasse quaisquer
questões psicológicas e/ou físicas, haveria uma equipe disponível para os mesmos.
Para a avaliação 1, todos os idosos foram avaliados individualmente com a
aplicação da Anamnese e de medidas psicológicas, físicas e cognitivas. Para cada
uma dessas etapas, havia um pesquisador responsável da respectiva área (Psicólogo,
Profissional de Educação Física e Psicólogo ou Gerontólogo) com ajuda de auxiliares
de pesquisa, e cada avaliação durava cerca de 60 min.
As avaliações 2 e 3 seguiram os mesmos procedimentos da avaliação 1, tendo
como intervalo em cada uma das avaliações o período de seis meses. Faz-se
importante destacar aqui que, nesse período, diferentes tipos de intervenções foram
inseridas nas atividades dos idosos, como intervenções cognitivas, intervenções
pedagógicas e atividade física, mas não consistiu em objetivo principal avaliar seus
impactos.
Análise de Dados
A análise inferencial foi feita através de testes não paramétricos. Assim,
inicialmente foi realizada uma análise exploratória do conjunto de dados, onde a
amostra foi analisada com médias, desvios-padrão e quartis. A metodologia de quartis
foi utilizada e a distribuição separada em quatro quartis sendo que o primeiro
representa 25% dos dados e os 25% menores valores para a variável em questão.
Considerou-se que os SuperAgers seriam aqueles que preferencialmente estivessem
nos 25% maiores valores do RAVLT.
65
Para medir associação das variáveis psicológicas com as cognitivas, utilizou-
se o teste de correlação de Kendall. A avaliação da associação entre as variáveis
psicológicas e cognitivas, assim como das físicas com as cognitivas, foi realizada
através do teste de Wilcoxon pareado. Além dessas avaliações, realizou-se uma
análise de regressão logística binária, permitindo a proposição de um modelo de
regressão logística com a proposição das variáveis relacionadas ao SuperAgers. O
software utilizado para as análises foi o R, versão 3.4.3 e utilizando o nível de
significância de p ≤ 0,005.
RESULTADOS
Inicialmente, os resultados serão apresentados para uma análise descritiva das
medidas sociodemográficas, por meio de frequências e porcentagens e de medidas
Física, Psicológica e Cognitiva, e de valores mínimos, máximos, média, mediada,
desvios-padrão e quartis. Posteriormente, será apresentada a associação das
medidas físicas e psicológicas com as medidas cognitivas, utilizando o teste de
correlação de Kendall. Em um terceiro momento, um modelo de regressão logística
com respostas binárias foi proposto para a caracterização dos SuperAgers. Por fim,
tomando como ponto de partida a linha de base, foi verificada a performance dos
idosos e função do tempo, nos momentos de 6 meses e um ano após a primeira
avaliação.
Análises Descritivas
Conforme a Tabela 1, cerca de 60% dos participantes da pesquisa possuem
entre 67 e 72 anos de idade, a média de idade foi de 71 anos (DP= ±3,59) e a maior
parte da amostra (85,19%) são mulheres, enquanto somente 14,81% são homens.
66
Tabela 1. Descrição das variáveis sociodemográficas. Brasília, DF, 2020. Variável Categoria Frequência Porcentagem
Idade De 61 a 66 anos De 67 a 72 anos De 73 a 78 anos De 79 a 84 anos
5 16 5 1
18,52% 59,26% 18,52% 3,70%
Sexo Feminino Masculino
23 04
85,19% 14,81%
Escolaridade Fundamental Incompleto Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo
9 2 2 10 1 3
33,33% 7,41% 7,41%
37,04% 3,70%
11,11% Estado Civil Casado
Solteiro Separado/Divorciado Viúvo Outro
11 2 6 1 7
40,74% 7,41%
22,22% 3,70%
25,93% Fonte: Elaborada pelo autor.
A maioria possui ensino médio completo, o que equivale a 37,04% do total de
participantes, e 33,33% possuem fundamental incompleto. Apenas 11,11% têm
superior completo. Além disso, 40,74% da amostra correspondem às pessoas que são
casadas, 22,22% são separadas/divorciadas e 25,93% possuem outro estado civil.
Apenas 7,41% e 3,70% são solteiros e viúvos, respectivamente.
Conforme a Tabela 2, a pressão palmar da mão dominante teve média de 24,11
kgf-cm (DP=±6,52), sendo fortemente relacionada à potência muscular dos membros
inferiores, e marcador clínico de comprometimento da mobilidade, tomando como
referência Shephard28, que refere que a força de preensão manual aos 55 anos é de
34 Kgf, e que aos 75 anos cai para 22 Kgf, e que as medidas da força de preensão
manual de idosos guardam relação diretamente proporcional ao quadro de força
muscular geral.
67
Tabela 2. Descrição das variáveis Físicas, Psicológicas e Cognitivas. Brasília, DF, 2020.
Variável Min 1ºQ Med Méd 3ºQ Máx DP
Medidas Físicas
Pressão Palmar mão
dominante (KG/f)
14,00 19,00 25,00 24,11 29,00 38,00 6,52
Capacidade
Cardiorrespiratória (ml/kg/min)
48% 64% 81% 82% 97% 136% 22%
DMO (gl/cm2) 962 1048 1112 1128 1188 1311 102
DXA (%G) 14,90 32,10 36,70 35,40 40,50 53,30 8,69
Massa gorda (Kg) 9,30 19,20 23,80 25,20 31,20 56,90 9,98
Massa magra (Kg) 30,30 38,50 42,90 44,60 48,70 65,40 8,17
IMC (Kg/m2) 21,20 25,80 28,00 28,90 31,70 45,40 5,11
Medidas Psicológicas
Funções Sensoriais 1,75 2,00 2,25 2,35 2,50 3,50 0,46
Autonomia 2,75 3,38 3,50 3,70 4,00 4,75 0,51
Atividades passadas,
presentes e futuras
2,75 3,50 3,75 3,90 4,25 5,00 0,60
Participação Social 2,75 3,50 3,75 3,90 4,25 5,00 0,60
Morte e morrer 1,0 1,75 2,00 2,17 2,38 4,00 0,73
Intimidade 1,0 3,25 3,50 3,46 4,00 4,75 0,94
Inventário de ansiedade de
Beck
0,00 1,00 3,00 4,52 7,00 16,00 4,24
Escala de Depressão
Geriátrica
1,00 1,00 2,00 2,59 3,50 8,00 2,15
Medidas Físicas
Stroop (tempo) 13,00 23,80 27,00 28,00 31,70 61,30 8,52
ACE-R 44,00 73,00 80,00 78,26 89,50 96,00 13,49
ACE-A 11,00 14,00 17,00 15,60 17,50 18,00 2,24
ACE-M 10,00 14,50 19,00 18,60 23,00 26,00 4,96
ACE-F 3,00 8,00 10,00 9,44 11,00 13,00 2,74
ACE-L 9,00 20,50 24,00 22,00 25,00 26,00 4,10
ACE-V 8,00 12,00 14,00 13,20 15,50 16,00 2,65
Curva de Aprendizagem 26,00 34,50 41,00 42,50 48,00 71,00 10,70
Velocidade Esquecimento 0,78 0,93 1,00 1,09 1,13 2,50 0,32
Interferência Proativa 0,20 0,67 0,80 0,84 1,00 1,75 0,35
Interferência Retroativa 0,29 0,71 0,80 0,78 0,88 1,00 0,18
Fonte: Elaborada pelo autor. Legenda: ACE-R = Exame Cognitivo de Addrenbrooke; ACE-A = Atenção e orientação, ACE-M= Memória; ACE-F = Fluência; ACE-L = Linguagem; ACE-V = Visuoespaciais; Min= Mínimo; 1ºQ = 1º Quartil; Med = Mediana. Méd = Média, 3ºQ = 3º Quartil; Máx = Máximo; DP = Desvio-Padrão.
A composição corporal, medida através de absorciometria de feixe duplo
(DEXA), e a avaliação do IMC (indicador antropométrico) mostraram os seguintes
resultados: 75% dos idosos apresentaram IMC superior a 25,8 (kg/m2), sendo a média
28,9 (DP=±5,11), indicando sobrepeso. A média de massa magra foi de
68
aproximadamente 44,80 kg, enquanto a de massa gorda foi 25,20 kg, sendo o
percentual de gordura em média 35,4%, em acordo com as médias do IMC que
indicaram sobrepeso. Em relação à densidade mineral óssea, a média obtida foi 1,128
kg (DP=±102).
O VO2 máximo foi medido através da ergoespirometria, com quantificação das
relações entre VCO2-VO2 (razão de troca respiratória), entre VO2 avaliado e previsto,
VE (ventilação pulmonar). O valor mínimo obtido na relação entre VO2 previsto e
avaliado foi de 48%, e a média, 82%. O valor máximo obtido foi de 29,41 ml-kg.min.
A relação VO2-FC teve os seguintes resultados: máximo 20 ml-pulso e mínimo 6,5 ml-
pulso.
Como mostrado na Tabela 2, 50% dos idosos tiveram escore médio acima de
3,5 nos constructos atividade presentes, passadas e autonomia do WHOQOL-OLD.
Os escores mais altos do WHOQOL-OLD significam alta qualidade de vida e os mais
baixos, representam qualidade de vida inferior, tendo sido os dados apresentados na
forma de média (1 a 5). Os componentes de participação social, atividades passadas,
presentes e futuras, morte e morrer tiveram média de 3,9, 2 e 17, respectivamente.
Os componentes de autonomia e intimidade tiveram média de 3,7 e 3,46,
respectivamente.
Em relação ao inventário de Beck, em média os idosos possuem BAI de 4,52
(DP=±4,24), sendo, então, inferido que apresentam grau de ansiedade leve. Os
valores máximo e mínimo foram de 0 e 16. No GDS, a média dos idosos apresentaram
escore de 2,59 (DP=±2,15), sendo o escore máximo de 8 e o mínimo de 1,
caracterizando uma amostra com ausência ou baixos índices de ansiedade e/ou
depressão.
De acordo com a Tabela 2, a medida cognitiva média tempo Stroop, utilizada
para avaliar a atenção e funções executivas dos idosos, apresentaram valores entre
13 e 61,30, valor de mínimo e máximo, respectivamente. A média obtida foi de 28,
tendo 75% dos idosos com valores menores ou iguais a 31,70.
Para o ACE-R, de forma geral, foram observados valores entre 44 e 96, valor
de mínimo e máximo, respectivamente, e um valor médio de 78,26. Dentre os testes,
vê-se que o teste de memória (ACE-M) apresenta maior desvio-padrão de 4,96, esse
por sua vez com valores entre 10, valor mínimo, e 26, valor máximo, e apresenta uma
média de 18,6. Os demais testes de atenção e orientação, fluência, linguagem e
69
habilidades visuoespaciais apresentaram como valores médios, respectivamente,
15,6, 9,44, 22,00 e 13,20.
Entre os testes que compõem o Rey Auditory-Verbal Learning Test (RAVLT),
sendo eles, curva de aprendizagem, velocidade de esquecimento, índice de
interferência proativa (IP) e índice de interferência retroativa (IR), os valores médio
foram, respectivamente, de, 48, 1,13, 1 e 0,88. A curva de aprendizagem apresentou
um desvio-padrão relativamente alto (10,70) e os índices de interferência proativa e
retroativa apresentaram valores de mediana iguais de 0,8.
Análises de Correlações
Para avaliar a correlação entre as medidas físicas e cognitivas, foi elaborado
um gráfico (Figura 3), em que as cores representam os valores, o grau de intensidade
da correlação, segundo o coeficiente de correlação Kendall, onde azuis mais escuros
representam correlação forte negativa (inversamente forte), enquanto os mais
vermelhos representam correlação forte positiva. Observou-se que as variáveis físicas
e cognitivas foram fracamente correlacionadas, de acordo com os p-valores (p≥0,005).
Figura 3. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas físicas. Brasília, DF, 2020.
Fonte: Elaborado pelo autor, utilizando o programa Estatístico: Software R versão 3.4.3.
70
Para avaliar a associação das medidas Psicológicas e Cognitivas, foram feitas
as mesmas análises de correlação de Kendall, atendendo aos mesmos pressupostos
supracitados, conforme a Figura 4.
Figura 4. Gráfico de correlação entre as medidas cognitivas e as medidas psicológicas. Brasília, DF, 2020.
Fonte: Elaborado pelo autor, utilizando o programa Estatístico: Software R versão 3.4.3.
Quanto à análise dentro da amostra (analisando apenas o coeficiente),
observou-se que as variáveis IR (memória episódica) e GDS (depressão) estão
correlacionadas inversamente nesta amostra, com coeficiente muito próximo de -0,5,
como se evidencia pela cor. Observa-se que as variáveis com a maior correlação
positiva na amostra são MEM (“Morte e Morrer”) e IP (memória episódica), cujo valor
do coeficiente foi muito próximo de 0,5, como se evidencia pela cor azul forte.
As análises por meio do teste de correlação de Kendall foram realizadas, sendo
os p-valores colocados no gráfico. Sob um nível de significância de 5%, deve-se
rejeitar a hipótese nula de que as variáveis não são correlacionadas, ou seja, existem
evidências estatísticas suficientes para se assumir que as variáveis estão
correlacionadas nos casos: a) IR e GDS; b) IP e BAI; c) IP e MEM; d) Curva de
Aprendizagem e GDS; e) Hab. Visuoespacial e MEM; f) Atenção e Orientação e BAI;
g) Atenção e Orientação e FS.
71
Para todos os outros pares de variáveis, a hipótese nula não pôde ser rejeitada,
ou seja, para esses casos, as variáveis não estão correlacionadas a um nível de 95%
de confiança.
Modelo de Regressão Logística
Com o objetivo de avaliar o impacto das variáveis sobre a probabilidade de um
idoso ser classificado como um SuperAgers, um modelo de regressão logística com
respostas binárias foi proposto. A categorização dos idosos foi feita a partir do teste
RAVLT, onde os 25% maiores resultados foram considerados SuperAgers.
A Tabela 3 apresenta os resultados da estimativa dos parâmetros do modelo.
Tabela 3. Estimativa do Modelo Logístico. Brasília, DF, 2020. Variável Estimativa Erro Padrão Estatística
Z P Valor
Intercepto -7,28307 17,35011 -0,420 0,675 Idade -0,27450 0,28572 -0,961 0,337 Velocidade de Esquecimento 6,12221 5,40332 1,133 0,257 Interferência Proativa -2,26243 2,38149 -0,950 0,342 Interferência Retroativa 20,89394 13,87485 1,506 0,132 Escala de Depressão Geriátrica 0,03760 0,09689 0,388 0,698 Inventário de ansiedade de Beck -0,06886 0,27763 -0,248 0,804
Fonte: Elaborada pelo autor.
Através do sinal das estimativas dos parâmetros é possível ter uma ideia se a
razão de chances de pertencer ao grupo dos SuperAgers aumenta ou diminui quando
o valor da variável aumenta. Conforme a idade aumenta, a chance de pertencer ao
grupo SuperAgers diminui, o mesmo acontece com as variáveis, IP e BAI.
Devido à limitação no número de observações para a construção do modelo, a
estimativa dos parâmetros apresenta uma alta variabilidade. Com isso, optou-se por
não considerar as variáveis físicas, uma vez que, de acordo com a Figura 1, elas não
se revelaram muito associadas com as variáveis cognitivas, categoria considerada
para o agrupamento dos idosos. Também, devido à alta variabilidade causada pela
limitação no número de observações, nenhum parâmetro observado obteve
significância estatística.
Apesar dessa limitação, o modelo apresenta uma boa taxa de predição,
observando não preditos e não observados (N=19), preditos e observados (N=5), não
72
preditos e observados (N=2) e predito e observado (N=1), havendo divergências
apenas nesses três últimos casos.
Análise ao Longo do Tempo
Nesta seção será verificado o comportamento médio das variáveis
longitudinalmente através o teste de Wilcoxon para amostras pareadas, onde o
objetivo do teste será responder se existe diferença nas medidas para um corte de 6
meses e 1 ano, conforme apresentado e discutido na Tabela 4.
Tabela 4. Alterações dos dados físicos, psicológicos e cognitivos ao longo do tempo. Brasília, DF, 2020.
Variável Tempo Estimativa V P Valor
PPMD 6 meses 378,00 0,001* 1 ano 378,00 0,001*
DMO (g/cm²) 6 meses 175,50 1,00 1 ano 104,00 0,042*
Massa magra (g) 6 meses 304,00 0,001* 1 ano 378,00 0,001*
GDS 6 meses 136,00 0,249 1 ano 143,00 0,01
ACE-R 6 meses 108,50 0,091 1 ano 95,55 0,04*
Memória (ACE−M) 6 meses 87,00 0,200 1 ano 23,00 0,002*
CA 6 meses 74,50 0,03* 1 ano 37,50 0,001*
IP 6 meses 245,50 0,178 1 ano 273,00 0,014*
Fonte: Elaborada pelo autor. Legenda: * = p≤0,05; PPMD = Preensão palmar mão dominante; DMO = Densidade Mineral Óssea; GDS = Escala de Depressão Geriátrica; ACE-R = Addenbrooke´s Cognitive Examination- Revised; Memória (ACE-M) = Média de Memória no ACR-R; CA = Curva de aprendizagem; IP = Índice de interferência proativa;
A Tabela 4 apresenta as alterações em função do tempo (seis meses e um
ano), em relação à linha de base. As variáveis retratadas foram as que apresentaram
alterações significativas em pelo menos uma das medidas de tempo, sendo
significativo quando p≤0,005. Dentre as variáveis supracitadas, destacam-se: curva
de aprendizagem, massa magra e preensão palmar na mão dominante, que tiveram
ganhos significativos a cada nova avaliação em relação à linha de base.
73
DISCUSSÃO
No presente estudo, majoritariamente foram analisados dados de idosas,
aspecto conhecido como feminização do envelhecimento29,30. Maccora et al.31
investigaram associações relacionadas ao gênero em SuperAgers utilizando fatores
demográficos, genéticos, físicos, estilo de vida, psicossociais em idosos de uma
coorte australiana originada do PATH (The personality and total health through life
cohort study). Nesse estudo, foi observado maior prevalência de mulheres
SuperAgers (8,6%) e ausência de associação da maioria dos fatores previamente
identificados como associados a declínio cognitivo. Para as mulheres, os fatores
associados foram maior número de anos de educação, alta frequência de atividades
investigativas. Para os homens, associavam-se ano de educação, alta frequência de
atividades sociais e baixos escores na escala de depressão, observou-se, neste
estudo, que a maioria das idosas tinha ensino médio completo (37,4 %) e uma parcela
pouco menor, mas ainda considerável, tinha ensino fundamental incompleto (33,33%).
Estudo atuais corroboram o papel da escolaridade na reserva cognitiva e cerebral,
como o de Josefsson et al.32, que observaram associação de anos de educação com
manutenção da memória episódica maior que a média.
No que se refere aos aspectos físicos, especificamente à força muscular,
Moura33 encontrou, como média de força entre os idosos, 28,11kgf para FPPD (força
de preensão palmar direita) e 25,73kgf para FPPE (força de preensão palmar
esquerda). Naquele estudo, a média obtida pelos idosos do gênero masculino foi
35,69kgf na mão direita e 32,47kgf na mão esquerda. A média feminina foi de 20,55kgf
na mão direita e de 19,03kgf na mão esquerda.
Ao se comparar os resultados deste trabalho, pode-se verificar semelhança
com os resultados obtidos no presente estudo. Contudo, independentemente do perfil
do idoso, estudos sugerem que valores inferiores a 20 kgf representam risco para
dependência futura e baixos níveis de saúde34. Vilaça et al.35, em estudo de densidade
mineral óssea e força muscular em idosos, encontrou média de 30,3 kgf (DP=± 8,40)
em eutróficos. Os resultados aqui apresentados apresentam que a média da força
muscular está acima do ponto de corte em relação ao necessário para as atividades
de vida diárias.
Sobre a composição corporal, observou-se predominância de sobrepeso, de
acordo com IMC, com tendência a aumento em 1 ano e não foi observada redução
74
significativa da massa muscular que indicasse sarcopenia. Buffa et al.36, em estudos
da variação de composição corporal no envelhecimento, destacaram a tendência a
aumento de peso e redução da massa livre de gordura (FFM), além da
heterogeneidade e variabilidade. The Fels longitudinal study estimou um aumento de
peso relacionado à idade de 40 a 66 anos em homens (taxa média anual: peso, 0,3
kg/ano; BMI, 0,11 kg/m2/ano) e mulheres (taxa média anual: peso, 0,55 kg/ano; BMI,
0,22 kg/m2/ano). Entre 60 e 80 anos, pode haver tendência à redução de peso em
mais de 50% dos idosos, mas essa redução não é constante e pode haver oscilações,
como descritas no Health, Aging, and Body Composition Study37.
No que se refere à performance cardiovascular, como demonstrada por alguns
autores38,39, essa pode estar associada à redução do risco de declínio cognitivo em
idosos. Observou-se estabilidade da capacidade cardiorrespiratória em relação ao
tempo de seguimento. Chariglione et al.40 avaliaram as correlações entre variáveis
físicas e cognitivas em mulheres idosas, tendo sido encontrada correlação positiva
entre capacidade cardiorrespiratória com curva de aprendizado no RAVLT,
performance cognitiva global e domínios atenção, linguagem e visuoespacial do ACE-
R. Dougherty et al.41 mostraram correlação entre performance cardiovascular e
volume hipocampal. O consumo máximo de O2 e a frequência cardíaca são os dois
parâmetros mais utilizados na avaliação cardiovascular, assim como na aptidão físico-
funcional.
Não foi observada uma correlação significativa entre os aspectos físicos e
cognitivos, o que pode ser devido ao número reduzido da amostra e por esta se
apresentar relativamente homogênea. Possivelmente, devido a perdas amostrais e
pelo fato de a força muscular estar em níveis aceitáveis para o idoso, não configurando
sarcopenia ou risco à saúde, com valores médios próximos, não se obteve correlação
significativa entre os grupos de variáveis físicas e cognitivas neste estudo.
Em relação às variáveis psicológicas, destaca-se a importância de aspectos
relacionados à qualidade de vida (WHOQOL-OLD), Ansiedade (BAI) e depressão
(GDS) na relação com as medidas cognitivas. Essas observações aqui apresentadas
corroboram estudos importantes dentro da área do envelhecimento cognitivo42-44.
Observou-se correlação inversa entre ansiedade, depressão (BAI e GDS) e
algumas funções cognitivas, como memória episódica (RAVLT) e atenção (ACE-A).
Alguns mecanismos poderiam estar envolvidos nessa correlação, como a associação
de depressão e ansiedade com altos niveis de glicocorticoides e dano neuronal
75
subsequente, assim como maior ativação do sistema límbico em detrimento às áreas
corticais, como sugerido por Martin et al.44. Além disso, postula-se que os maiores
niveis de depressão podem reduzir a participação social e proporcionar abertura a
novas experiências, diminuindo a resiliência psíquica. Cook et al.46,47 observaram, em
amostra composta por 31 SuperAgers e 19 cognitivamente tipicos, avaliada com
questionário Ryff 42 (incluindo seis domínios: autonomia, senso de crescimento
pessoal, propósito, autoaceitação, dominio do ambiente, relações positivas), que os
SuperAgers tinham maiores niveis de relações positivas e esse aspecto psicossocial
pode ter relação com o aumento da espessura do giro cingulado anterior e alta
densidade de neurônios Von Economo documentados nesse grupo de idosos. Pietzrak et al.48 mostraram que maiores níveis de sintomas de ansiedade estão
relacionados a maior depósito de beta-amiloide em idosos normais ou com declínio
cognitivo leve e quadros demenciais, além de redução em alguns subtipos de
memória e das funções cognitivas
Quanto aos aspectos cognitivos, Carvalho e Caramelli25, em estudo sobre a
versão brasileira do ACE-R com amostra de idosos com idade média de 75,4 anos,
encontraram valores mínimo e máximo do escore total 73 e 98, respectivamente,
sendo a média de 83,3 pontos, dados muito próximos aos aqui apresentados. Os
pontos de corte são: acima de 50 para iletrados, acima de 60 para 1-4 anos de
educação, acima de 70 para 5-8 anos de educação e acima de 80 para mais de 9
anos de escola. Os escores mais altos indicam melhor performance cognitiva, e nossa
amostra revelou idosos com esses índices.
O desempenho em testes de aprendizagem auditivo-verbal, como o teste de
Rey (RAVLT), que avalia memória recente, aprendizagem, interferência e memória de
reconhecimento, é significativamente pior em indivíduos idosos que apresentam
queixas de memória. Nitrini et al.49 estudaram a influência de idade e educação em
testes neuropsicológicos e observaram diferenças na performance de memória,
considerando letrados e iletrados. O funcionamento da memória pode ser
particularmente afetado por nível educacional na lista A1, apesar de metanálise
realizada não ter demonstrado que o nível educacional contribuiria significativamente
para a performance nos testes.
Em relação ao teste de atenção, o Stroop obteve, nessa amostra, valor médio
de 28 e os valores mínimo e máximo de 13 e 61,3, respectivamente. Cerqueira et al.50,
em estudo inicial sobre o desempenho de população idosa em testes como RAVLT e
76
Stroop, encontraram valores de 22,89 (cores), 32,5 (palavras) e 42,14 (interferência)
no subgrupo de idosos entre 70 e 88 anos.
Chariglione et al.40, em estudo sobre performance cognitiva e capacidade física
em mulheres idosas, encontraram correlação nas mulheres sem declínio cognitivo,
entre força na mão dominante, atenção e performance em Stroop, performance
cognitiva global e alguns subdomínios do ACE-R. Alguns estudos mostraram dados
que corroboram esses achados, com associação de força muscular, sendo um melhor
indicador de saúde e performance funcional51,52. Kang et al.53 observaram associação
de força muscular e melhor performance cognitiva.
Pesquisas recentes indicam que a melhor performance cognitiva está
associada a melhor performance funcional e saúde52. Baseando-se nos dados obtidos
neste estudo, verificou-se que a associação de variáveis psicológicas e cognitivas se
mostrou significativa com valores de p≤ 0,005. Lin et al.6 investigaram em revisão
sistemática o constructo Resistência mental (mental toughness) e diferenças
individuais em aprendizado, educação, aspectos psicológicos e fatores de
personalidade. Segundo estes autores, a resistência ou resiliência psíquica englobaria
recursos psicológicos importantes nos domínios da saúde mental, e deve estar
associada a traços psíquicos, estratégias mais eficientes e desfechos positivos em
saúde mental, podendo ter componente genético e ambiental. Na revisão sistemática
citada, pesquisadores observaram que os altos níveis de Resistência mental foram
associados a níveis moderados ou menos acentuados de estresse, redução dos
sintomas depressivos e altos níveis de satisfação com a vida.
Embora alguns autores, através de modelos neuropsicológicos, indiquem que
o declínio cognitivo é uma consequência do aumento da idade, após os 60 anos11,12,
esse estudo apresentou indicativos de variabilidade cognitiva, com maior parte dos
idosos resilientes ao declínio, conforme a avaliação longitudinal no período de até 1
ano. Estudo de Fortes et al.54 mostraram uma correlação direta e significativa entre a
Escala de Resiliência e o Miniexame do Estado Mental. Assim, quanto mais altos os
escores de resiliência, maior foi o desempenho cognitivo (orientação para tempo e
espaço, memória, linguagem entre os idosos). Neste estudo, não foi mensurada a
escala de resiliência, mas feita correlação entre aspectos psicológicos envolvidos e
cognitivos.
Sumariamente, os dados de estabilidade e incremento das funções cognitivas
ao longo do tempo, quando analisadas longitudinalmente, têm implicações no
77
contexto do envelhecimento e do estudo de SuperAgers, sendo a perspectiva do
envelhecimento bem-sucedido necessariamente ligada à cognição. Estudo derivado
do National Normative Study of Cognitive Determinants of Healthy Aging (NANOK)
que aconteceu entre 2015 e 2019, utilizou como critérios para SuperAgers: acima de
80 anos, com reconhecimento de, ao menos, nove palavras no RAVLT e ao menos
um desvio-padrão acima nos testes não relacionados à memória demonstrou
estabilidade em 55% dos SuperAgers como definido por Harrison et al.3 ao longo de
três anos.
O presente estudo também se propôs a apresentar um modelo logístico com
medidas físicas, psicológicas e cognitivas, não sendo observado em outros estudos
análises semelhantes, sendo essa uma proposta diferencial em estudos recentes, que
buscam apresentar modelos mais preditivos para o desenvolvimento dos idosos
caracterizados como SuperAgers10.
CONCLUSÃO
Os dados do presente trabalho apresentam os estudos relacionados aos
SuperAgers como um campo promissor e que muito ainda precisa ser
desenvolvimento na literatura internacional, mas especialmente também na literatura
nacional.
Diante dessa realidade do envelhecimento, que demanda atenção,
compreensões e intervenções para uma faixa etária cada vez mais avançada, é
importante repensar e ampliar metodologias de compreensão e atuação que alcancem
as Universidades, mas também os serviços apresentados e disponíveis para esse
público.
Compreender o idoso de maneira multiprofissional deve ser cada vez mais um
campo de atuação importante para a Gerontologia nos próximos anos. Estudos
recentes (especialmente na literatura nacional) sobre octogenários e centenários
progressivamente têm despertado para os declínios e intervenções, mas também para
o desenvolvimento de modelos neuropsicologicos e cognitivos.
Neste estudo, destaca-se a correlação entre os aspectos psicológicos e
cognitivos, com correlações inversas entre ansiedade-depressão e funções
cognitivas. São necessárias mais pesquisas incluindo biomarcadores (B-amiloide, tau,
genética-APOE e4 e e2, inflamação), escalas de resiliencia psiquica e cognitiva,
78
exames de neuroimagem (RM convencional, funcional e PIB) para avaliar as possiveis
diferenças entre os grupos de idosos.
Diante desses fatos, é importante a realização de estudos que investiguem o
perfil desses idosos e os fatores que mais se relacionam à trajetória do
envelhecimento bem-sucedido, com maior número de participantes, em diferentes
contextos e em diferentes faixas etárias.
Dentre as limitações do estudo, destacam-se a representatividade da amostra
de conveniência para a população idosa, o N reduzido no final, assim como a amostra
relativamente homogênea e o tempo de seguimento de um ano, o efeito da aplicação
de testes em idosos cognitivamente típicos, podendo mascarar declínio subclínico e
talvez superestimar incrementos nos testes avaliados. Além disso, medidas de
correlação não fornecem evidências de dependência ou causalidade e modelos
hipotéticos que devem ser confirmados posteriormente por pesquisas dedicadas.
Algumas questões se tornam importantes, como a possível contribuição de
efeitos da intervenção (fatores ambientais modificáveis) nesta amostra, podendo ter
expressão na manutenção cerebral (um dos postulados).
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Apoio e Pesquisa do Distrito Federal, pelo Edital 03/2016 –
Demanda Espontânea, Processo nº: 0193-001-227/2016.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os SuperAgers, as suas caracterizações e modelos preditivos se inserem
dentro de um campo promissor na compreensão da longevidade e do envelhecimento.
O que diferencia esses dois grupos? Qual a compreensão necessária para
profissionais na área da Gerontologia e Geriatria? Existe algum modelo preditivo para
um melhor envelhecer?
Essas respostas são urgentes para um mundo que progressivamente tem se
desenvolvido em termos de números de anos vividos e quantidade de pessoas. O
interesse do autor por essas questões estiveram claras desde a sua chegada ao
Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília
e pelas escolhas realizadas nesse programa. O seu percurso prático e acadêmico o
trouxeram para uma discussão e, acima de tudo, para uma possibilidade de
crescimento enquanto profissional e pesquisador, que agora é compartilhada com
todos.
O desejo de estudar sobre a perspectiva da neuropsicologia cognitiva foi um
campo bastante desafiador para um médico radiologista, mas, acima de tudo
motivador, pelo desejo de aprender e de contribuir em aspectos tão interessantes na
atualidade e, possivelmente, ainda por muitos anos.
O presente estudo se faz importante, pois confirma que o autor buscou um
campo promissor, mas que ao mesmo tempo ainda requer muito desenvolvimento
teórico e acadêmico para que, em um dado momento, possa chegar à população por
meio prático. Embora nem todas as perguntas possam ter sido respondidas de
maneira mais significativa, sendo esse o desejo de todo pesquisador, um caminho foi
construído, que poderá logo apontar outros caminhos para o próprio autor, assim
como para demais pesquisadores da área.
Os resultados também mostraram importantes variáveis que podem
caracterizar o “melhor envelhecer”, como essas se relacionam ou correlacionam e
como hipoteticamente poderiam ser organizar para explicar do que é constituído um
SuperAgers. De maneira alguma desconsideram-se, nesta apresentação, as lacunas,
mas, nesse momento, destacam-se os avanços, sugerindo que haja mais estudos que
abordem questões relativas aos SuperAgers, com biomarcadores, neuroimagem e
fatores relacionados ao estilo de vida, de forma a auxiliar na construção de melhores
compreensões acerca dos mesmos.
86
No que se refere às lacunas, embora a amostra tenha sido significativamente
reduzida no final, sendo essa uma limitação do estudo, foi mostrado que aspectos
psicológicos estão relacionados à cognição, indicando que a melhor performance
cognitiva influencia a qualidade de vida e os aspectos psicológicos. A estabilidade de
funções cognitivas, como a memória episódica, a atenção seletiva, funções
executivas, a cognição global e seus subdomínios, ao longo de um ano, mostra a
tendência à resistência ou resiliência ao declínio cognitivo. Novos estudos e pesquisas
com mais ferramentas, como a RM convencional e funcional, com uma amostra maior
e heterogênea no que se refere às faixas etárias e níveis educacionais, se fazem
necessários.
Nesse sentido, um pouco se contribuiu dentro de um mundo de possibilidades,
que novas perspectivas sejam indicadas, almejadas e alcançadas para que tão logo
outras apareçam e a ciência continue no seu propósito de nunca se estagnar e sempre
se desenvolver na busca de compreensão e soluções.
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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Convidamos o(a) senhor(a) a participar da pesquisa: Avaliação de duas intervenções
de memória em medidas fisiológicas, cognitivas e de humor em idosos do Distrito Federal, sob a responsabilidade da Professora Doutora Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione e das doutorandas Amanda Alves da Silva e Angela Maria Sacramento.
O objetivo desta pesquisa é: comparar duas diferentes intervenções de memória em idosos com mais de 60 anos com diferentes níveis em testes fisiológicos, cognitivos e emocionais em diferentes momentos (pré, entre e pós-intervenção). Esta pesquisa justifica-se, pois se torna importante dar continuidade na investigação referente ao efeito de diferentes tipos de intervenções cognitivas e testes para avaliar os seus benefícios em idosos do DF.
O(A) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome será mantido no mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-la. O(A) senhor(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo.
A sua participação será da seguinte forma: a pré-intervenção será de forma individual e em uma sala reservada onde o(a) senhor(a) poderá responder, a depender da necessidade uma Anamnese, o Miniexame do Estado Mental (MEEM), o Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão revisada, o teste de Rorschach, O teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey (RAVLT), Stroop Neuropsychological Screening Test, Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ), Teste de Percepção Subjetiva de Memória (MAC-Q), a Escala de Ansiedade de Beck (BAI) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS), esses questionários serão respondidos por perguntas diretas feitas pela pesquisadora. Depois, fará o teste de controle de força, capacidade cardiorrespiratória, composição corporal e avaliação genética. Após a análise das medidas pré-intervenção e observados os critérios de inclusão e de exclusão, você será distribuído em um dos três grupos (estimulação, treinamento ou controle). Informo ainda que cada intervenção incluirá seis sessões, distribuídas em um período de seis semanas, sendo uma sessão por semana com duração de duas horas. Na pós-intervenção serão aplicados os mesmos testes da pré-intervenção, com exceção da Anamnese e do MEEM. Ciente de que a pesquisadora responsável terá acesso a todos os dados.
Os resultados da pesquisa serão divulgados para fins científicos podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda da pesquisadora.
Neste estudo o participante pode correr o risco de desencadeamento de algumas questões emocionais sendo garantido que estes interrompam sua participação, bem como retirarem seu consentimento e terá como benefício o encaminhamento à Clínica Escola do Curso de Psicologia (CEFPA) caso haja necessidade, e terão acesso aos resultados dos testes aplicados. Todas as intervenções serão acompanhadas pelos profissionais responsáveis.
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para: Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione, telefone: (61) 985483005, no horário: das 8h às 12h e das 14h às 17h. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.
___________________________________________ Nome / assinatura
___________________________________________ Pesquisador Responsável
Nome e assinatura
104
APÊNDICE B - Anamnese
DATA:___/___/___
INSCRIÇÃO PARA INTERVENÇÕES EM MEMÓRIA
Dados Pessoais do Paciente
Nome:_________________________________________________________________
Telefone:______________________________________________________________
Data de nascimento:___/___/_____
Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Superior Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Superior Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Ocupação/Profissão: _____________________________________________________
Quanto tempo trabalhou?________ anos
Quantas horas por dia trabalhava? _________
Está aposentado? ( ) Sim ( ) Não
Ainda trabalha, mesmo aposentado? ( ) Sim ( ) Não
Quantas horas por dia trabalha? ___________
Se sim, com o que trabalha atualmente? _________________________
Estrutura Familiar
( ) Mora sozinho(a) ( ) Mora somente com os filhos
( ) Mora somente com a(o) esposa(o) ( ) Mora com um cuidador(a)
( ) Mora com a(o) esposa(o) e os filhos
( ) Mora com outras pessoas. Quem? _____________________________________
Número de pessoas que moram na casa: ________
Aspectos Comportamentais
Queixa-se de memória?
( ) Sim ( ) Não
Algum parente se queixa da memória do idoso?
( ) Sim ( ) Não Quem?_________________________________________
Queixa-se de estar deprimido(a)?
( ) Sim ( ) Não
105
Ansioso(a)?
( ) Sim ( )Não
Houve mudança na mobilidade?
( ) Sim ( ) Não
Redução na velocidade?
( ) Sim ( ) Não
Marcha arrastada?
( ) Sim ( ) Não
Dificuldade de se levantar da cadeira?
( ) Sim ( ) Não
Houve quedas frequentes?
( ) Sim ( ) Não
Aspectos de Saúde
( ) Alguma operação? Quantas? _________. Há quanto tempo? ______________________
( ) Alguma anestesia Geral?. Quantas? _________.Há quanto tempo? _________________
( ) Quimioterapia ou radioterapia? Há quanto tempo? __________________________
( ) Traumatismo craniano. Há quanto tempo? ________________________________
( ) Doenças crônicas? Quais e há quanto tempo? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Realiza alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, há quanto tempo? ___________ meses
Quantas vezes por semana? ________
Duração: _________ minutos/dia
Toma medicamentos? Quais? Há quanto tempo?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Responsável pela inscrição:
___________________________________________
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