CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM PACIENTES PORTADORES DE PRÓTESE TOTAL
BIMAXILAR
Vanessa Letícia Antunes Batista
LONDRINA
2018
VANESSA LETÍCIA ANTUNES BATISTA
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM PACIENTES PORTADORES DE PRÓTESE TOTAL
BIMAXILAR
______________________________________________________
Londrina 2018
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgiã-Dentista Orientador: Prof. Dr. Edwin Fernando RuizContreras
VANESSA LETÍCIA A. BATISTA
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM PACIENTES PORTADORES DE PRÓTESE TOTAL
BIMAXILAR
Londrina, ____ de _____________ de ______.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgiã-Dentista
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Edwin Fernando RuizContreras Universidade Estadual de Londrina
_________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Tiossi
Universidade Estadual de Londrina
DEDICATÓRIA
A Deus, pois sem Ele nada seria possível.
Aos meus pais e melhores amigos Leandro Batista e Vanessa Antunes
que sempre me incentivaram a crescer em conhecimento e nunca permitiram que eu
esquecesse os meus sonhos.Por serem meus exemplos de vida, por me amarem
incondicionalmente e formarem o meu caráter.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer àDeus, pois sem Ele nada se faria possível.
Ao Professor e orientador deste trabalho, Dr. Edwin Fernando RuizContreras,
agradeço o tempo, a atenção e gentileza no atendimento,
em todos os momentos necessários, as valiosas correções e sugestões ao longo do
meu percurso acadêmico.
A querida Edilaine, técnica do laboratório de medicamentos, que me ajudou na
realização da pesquisa para desenvolver este trabalho e me deu todo o suporte
técnico necessário.
Aos meus pais Vanessa Antunes e Leandro Batista e meus avós Valter Sanches
Antunes, Terezinha Lisboa Antunes e Maria Tereza Batista que sempre me
apoiaram e estiveram presente durante toda a minha trajetória acadêmica, fazendo
todo o possível para que eu realizasse esse sonho. Em especial , ao meu pai, por
todo o trabalho dedicado à mim e ao meu estudo.
A pessoa mais importante da minha vida acadêmica, a minha companheira de
trabalho e amiga, ValescaTura, que esteve ao meu lado em todos os momentos de
aprendizagem, dificuldades, alegrias e exaustão. Obrigada pela amizade, pelo
conhecimento transmitido e pelas experiências compartilhadas.
Aos meus amigos de curso e da vida por acompanharem de perto o meu
crescimento e sempre acreditarem em mim. Obrigado por se fazerem presentes na
minha vida e estarem ao meu lado em todas as circunstâncias.
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste
trabalho.
EPÍGRAFE
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin).
BATISTA, Vanessa Letícia. Avaliação da eficiência mastigatória em pacientes
portadores de prótese total bimaxilar. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.
RESUMO
A mastigação,cuja função pode ser avaliada por testes de eficiência mastigatória, é a
fase inicial do processo digestivo e está diretamente relacionada à qualidade de vida
do paciente.O objetivo desta pesquisa foi avaliar e comparar a eficiência mastigatória
de pacientes portadores de próteses totais dupla com a de indivíduos portadores de
dentições naturais completas. Para isso, foram selecionados, de forma aleatória,
trinta pacientes (quinze portadores de prótese total bimaxilar, com no mínimo cinco
anos de uso,e,quinze dentados totais).Os pacientes foram divididos em dois
grupos:GPT- paciente com prótese total e GDN- paciente com dentição natural. Os
pacientes GPT foram reabilitados com novas próteses totais. Os pacientes GPT e
GDN tiveram sua eficiência mastigatória avaliada através da trituração de quatro
cápsulas de 1,5g de alimento teste (amendoim), em 15 ciclos mastigatórios.Após, o
conteúdo foi dispensado e peneirado utilizando o método de fracionamento em
tamises.Foi realizada a estatística descritiva e através desta, pôde-se observar que
pacientes GPT apresentavam 80% das partículas trituradas com tamanhos
superiores a2mm de diâmetro (trituração deficiente) contra 20,6% GDN.Além disso,
as partículas menores de 1mm de diâmetro(trituração ideal)corresponderam à 9% no
GPT e a 51,4% no GDN.As partículas intermediárias com diâmetros entre 1 e 2mm
(trituração aceitável) corresponderam a 11% no GPT e a 28% no GDN. Com base
nos resultados obtidos foi possível concluir que as próteses totais convencionais,
apesar de serem muito utilizadas nas reabilitações de pacientes totalmente
edêntulos, apresentam uma grande limitação em relação ao poder de trituração de
alimentos duros quando comparadas à pacientes totalmente dentados.
Palavras chave: Reabilitação bucal, Próteses totais, Força de Mordida, Mastigação,
Qualidade de Vida.
A. BATISTA, Vanessa Letícia. Evaluation of masticatory efficiency in patients
with total bimaxillary prosthesis.Course Completion Work (Graduation in Dentistry)
- State University of Londrina, Londrina, 2017.
ABSTRACT
Chewing, whose function can be evaluated by masticatory efficiency tests, is the
initial phase of the digestive process and is directly related to the quality of life of the
patient. The objective of this research was to evaluate and compare the masticatory
efficiency of patients with total dentures with that of individuals with complete natural
dentitions. For this, thirty patients were randomly selected(fifteen patients with
bimaxillary total prosthesis, with nominimum five years of use, and fifteen total teeth).
The patients were divided into two groups: GPT- patient with total denture and GDN-
patient with natural dentition. GPT patients were rehabilitated with new total dentures.
The GPT and GDN patients had their masticatory efficiency evaluated by grinding
four capsules of 1.5 g of test feed (peanut) in 15 masticatory cycles. After the
contents were dispensed and sieved using the sieve fractionation method.
Descriptive statistics were obtained and, through this, it was observed that GPT
patients presented 80% of the crushed particles with sizes larger than 2mm in
diameter (poor grinding) against 20.6% GDN. In addition, particles smaller than 1mm
diameter (ideal grinding) corresponded to 9% in GPT and 51.4% in GDN.
Intermediate particles with diameters between 1 and 2mm (acceptable grinding)
corresponded to 11% in GPT and 28% in GDN. Based on the results obtained, it was
possible to conclude that conventional total dentures, although they are widely used
in the rehabilitation of fully edentulous patients, present a great limitation in relation to
the crushing power of hard foods when compared to fully dentate patients.
Key Words: Mouth Rehabilitation, Total Prostheses, Bite Strength, Chewing, Quality
of Life.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Índice de perda dentária .................................................. 12
Figura 2 - Amendoim usado na confecção das amostras para o teste
de performance mastigatória.............................................. 18
Figura 3 - Pesagem do alimento teste ................................................ 18
Figura 4 - Luvas usadas para confecção das amostras ...................... 18
Figura 5 - Extremidades das luvas que foram usadas para confeccionar o
invólucro .............................................................................. 18
Figura 6 - Confecção do invólucro ....................................................... 18
Figura 7 - Selamento do invólucro com super bonder ......................... 18
Figura 8 - Sistema de tamises .............................................................. 20
Figura 9 - Material vertido sobre o sistema de tamises ........................ 20
Figura 10 - Partículas separadas após a trituração ................................ 20
Figura 11 - Placas coletoras contendo o alimento triturado .................... 21
Figura 12 - Aparelho vibratório ................................................................. 21 Figura 13 - Balança de alta precisão ............................... 21
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Porcentagem de partículas retidas em cada tamise .......... 22
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1 - Performance mastigatória de pacientes dentados e
desdentados totais ....................................................... 23
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....………………………………………………..........…. 10
2 REVISÃO DE LITERATURA………………………………….................. 12
2.1 O EDENTULISMO ..................................................................... 12
2.2 EFICIÊNCIA E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA ................... 15
3 METODOLOGIA …………………………….........……………………….. 16
3.1 OBJETIVOS ………………………................................…………. 16
3.2 MATERIAIS ............................................……………………....... 16
3.3 DESENHO DA PESQUISA.....…......…......…………………….... 16
3.4 CASUÍSTICA .............................................................................. 16
3.5 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................... 17
3.6 AVALIAÇÃO DA EFECIÊNCIA MASTIGATÓRIA ......................... 19
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................... 22
4. RESULTADOS………………………………………………...........………. 22
5.DISCUSSÃO…………………………………………………………............ 24
6. CONCLUSÃO…………………………………………………........………. 29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………........…… 30
10
1INTRODUÇÃO
A alta incidência de perdas dentárias é uma realidade que a
população brasileira enfrenta apesar de todo avanço da odontologia
(CAVALCANTI; BIANCHINI, 2008).
Segundo uma pesquisa feita pelo IBGE no ano de 2016, 11% da
população total do Brasil se encontra totalmente desdentada, o que
corresponde a um montante de 16 milhões de pessoas. Há uma estimativa,
dentro da faixa etária entre 50 e 74 anos, de que o número de indivíduos
necessitando de prótese total crescerá em torno de 2,0% até 2020. Esse
percentual representa um aumento de aproximadamente 300 mil indivíduos
necessitando de PTs .
A perda dentária compromete todo o sistema estomatognático,
levando a perda da função mastigatória, comprometendo a deglutição, a fala e
a estética, podendo gerar conseqüências negativas na qualidade de vida e na
interação social do indivíduo.
Uma das soluções que retrata a possibilidade de reabilitação oral em
indivíduos desdentados está na confecção de próteses totais, aparelhos
protéticos com a função de repor a ausência total de elementos dentários,
confeccionadas a fim de restabelecer a função mastigatória, a estética e a
fonética (CAVALCANTI; BIANCHINI, 2008).
No decorrer do tratamento odontológico de pacientes desdentados,
a recuperação da função mastigatória é um dos principais objetivos a ser
alcançado, no entanto, é uma tarefa particularmente difícil, pois a perda dos
elementos dentários afeta os aspectos motores e sensoriais do processo
mastigatório (CALDAS JÚNIOR et al., 2005).
A redução perceptual e conseqüente informação neurosensorial
parcial ou imprecisa dificultam a organização do padrão mastigatório, uma vez
que, a textura dos alimentos não é percebida com a mesma precisão que os
indivíduos dentados. Assim, a organização dos ciclos mastigatórios em relação
ao bolo alimentar é consideravelmente reduzida para os usuários de próteses
totais. Estudos ressaltam que a eficiência mastigatória em usuários de prótese
é significativamente reduzida quando comparada a indivíduos com dentição
natural completa. Sugerem, portanto, que as próteses totais forneceriam
substituições funcionais pobres em relação as dentições naturais completa.
11
A saúde oral e as condições dentárias também apresentam grande
influência no estado nutricional dos indivíduos, especialmente nos idosos. A
perda dentária tem sido associada com deficiência nutricional e mudanças na
preferência alimentar (BRODEURET al;1993) . As pessoas com uma dentição
pobre tendem a preferir alimentos macios e facilmente mastigáveis, que são
pobres em fibras e tem baixa densidade nutricional (SHINKAIET al;2002).
Diante da importância da relação entre próteses totais e sua
influência no sistema mastigatório e, dentro do contexto da reabilitação em
pacientes totalmente edêntulos, este trabalho tem como objetivo avaliar a
eficiência mastigatória de pacientes portadores de próteses totais, realizando
uma quantificação comparativa entre estes pacientes e pacientes com dentição
natural, através da realização de testes mastigatórios utilizando como material
teste o amendoim. E, dessa maneira, contribuir para o aprofundamento do
conhecimento da função mastigatória em pacientes reabilitados com próteses
totais dupla e a implicação deste tratamento reabilitador na qualidade de vida
destes pacientes.
12
2REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O EDENTULISMO
O sistema estomatognático é responsável por várias funções
indispensáveis aos indivíduos. Esse sistema é composto por uma variedade de
estruturas, como ossos, músculos, articulações têmporo-mandibulares (ATM),
dentes e suas estruturas de suporte, que necessitam de harmonia entre si para
que sua função seja desempenhada satisfatoriamente, sendo a mastigação
uma das principais funções deste sistema (CAMARGO et al., 2008).
A perda total dos elementos dentários, o edentulismo, é um dos
piores agravos à saúde bucal e compromete todo o equilíbrio funcional desse
sistema.
A Organização Mundial da Saúde considera o edentulismo
conseqüência de uma política de saúde deficiente que afeta a saúde em geral,
bem como a qualidade de vida (MOREIRA ET AL., 2010). A população mais
afetada é a idosa, porém jovens e adultos também sofrem com esta condição.
Figura 1. Índice de perda dentária entre a população acima dos 18 anos.
Fonte: KNOPLOCH, Carol. Brasil tem 11% da população sem
nenhum dente - Jornal O Globo.
As perdas dentárias constituem-se em uma marca de desigualdade
social, diminuem a capacidade mastigatória, dificultando e limitando o consumo
13
de diversos alimentos, afetam a fonação e causam danos estéticos que podem
originar alterações psicológicas. Esse conjunto de repercussões no cotidiano
das pessoas contribui para a redução da qualidade de vida das mesmas
(BARBATO ET AL., 2007).
Os indivíduos portadores de próteses totais apresentam uma função
muscular prejudicada, que acarreta numa redução das forças mastigatórias,
com isso, afetando a fisiologia do processo da mastigação (BUDTZ-
JORGENSEN, 1997).
A falta dos dentes pode afetar os níveis de eficiência e performance
mastigatória, mesmo na presença de próteses totais. Dessa maneira, a
ingestão de alimentos importantes fica prejudicada e, por esse motivo, perdas
nutricionais podem ser observadas nesse grupo populacional (GOTFREDSEN;
WALLS; 2008; HELKIMO, E.; CARLSSON; HELKIMO, M., 1978; SHEIHAM ET
AL., 1999; SLAGTER, 1992).
A perda da dentição natural está associada a uma série de
conseqüências adversas. Ela afeta a habilidade do paciente para mastigar os
alimentos, alterando escolhas alimentares e o processo digestivo, podendo
levar a desnutrição (MOJON et al., 2004; MUSACCHIO et al., 2007). Um
indivíduo com todos os dentes tem uma capacidade de mastigação de 100%.
Com prótese total é de 25% (CALDAS JÚNIOR et al., 2005). O impacto pode
ser ainda mais grave, prejudicando o paladar, a fonética, a estética e muitas
vezes resultando em uma limitada interação social e pessoal.
O edentulismo representa, portanto, um fator de risco para
desnutrição, piora a qualidade de vida e o bem-estar (CALDAS JÚNIOR ET
AL., 2005 ; MOJON et al., 2005 ; MUSACCHIO et al., 2007).
O comprometimento da função mastigatória pode levar os edentados
a adaptar suas escolhas alimentares, evitando os alimentos que consideram
mais difíceis ou alterando a preparação dos mesmos, com o objetivo de lidar
com a perda mastigatória. Outra estratégia utilizada pode ser a de engolir os
alimentos parcialmente mastigados. Esta limitação e inadequação da dieta leva
a deficiência nutricional. A dieta dos desdentados é rica em calorias e gordura
e baixa em fibras e antioxidantes. Além disso, tem um maior consumo de
gordura saturada e colesterol. Essa dieta desequilibrada, com reduzida
ingestão de nutrientes essenciais, pode resultar em um pior estado de saúde
geral e maior susceptibilidade a doenças (ELLIS et al., 2008; MARCENES et
14
al., 2003; OLIVEIRA; FRIGUERIO, 2004). O principal objetivo da reabilitação
com próteses totais é melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, que piora
muito na condição de desdentado.
Os pacientes buscam tratamento para restaurar a função oral e
estética, para que possam comer e falar com mais facilidade e sentir-se melhor
(AWAD; FEINE, 1998). Pensando em saúde como não apenas bem-estar
físico, mas também psíquico e social, pode-se afirmar que as próteses totais
duplas reabilitam a boca do paciente, auxiliando a recomposição do sistema
estomatognático, o bem-estar físico e social (TURANO, 2007). Entretanto,
essas próteses, principalmente a mandibular, muitas vezes apresentam
problemas. Muitos pacientes permanecem insatisfeitos e inda demonstram
problemas relacionados à função. Falta de estabilidade, juntamente com uma
diminuição da capacidade mastigatória são as principais queixas dos pacientes
edentados (MEIJER et al., 1999; POCZTARUK et a., 2009). Eles experimentam
uma variedade de problemas, como incapacidade de mastigar os alimentos
duros ou rígidos, dor na boca e instabilidade (GEERTMAN et al., 1999).
O aspecto psicológico e a qualidade de vida dos edêntulos podem
ser comprometidos quando a perda de dentes afeta a estética e a expressão
facial, uma vez que os dentes são importantes para a comunicação
interpessoal, para a habilidade de falar claramente e para a qualidade vocal
(CALDAS JÚNIOR et al., 2005).
Em nossa sociedade, a aparência é muito valorizada. A perda dos
dentes pode ser sentida como uma taque à identidade social, familiar, bem
como à própria identidade do indivíduo. Quando não se sente dentro do padrão
estético, a pessoa se retrai e podem demonstrar sintomas de isolamento social
e depressão, conseqüências de um estado de desequilíbrio. Os sentimentos
com a perda dentária são muito negativos, os pacientes se sentem
apavorados, envergonhados e têm a sensação de perda irreparável (WOLF,
1998). As pessoas reagem de diferentes formas a essa perda. Podem se
mostrar inconformadas, os sentimentos de impotência, incapacidade e
ansiedade, buscando de todas as formas restaurar a estética perdida. Ou
reagir de maneira conformista e depressiva, mostrando-se passivos diante da
condição e do tratamento (TELLES et al., 2009).
Felizmente, a maioria dos usuários de próteses totais é capaz de se
adaptar e lidar com sua incapacidade eficientemente, sem muita preocupação
15
com sua qualidade de vida. Todavia, outros usuários de próteses totais sofrem
substancialmente de disfunção crônica, dor, baixa auto-estima e qualidade de
vida reduzida (MACENTEE, 2005).
Portanto, o tratamento odontológico deverá alcançar, por meio de
reconstrução da dentição natural e da substituição dos dentes perdidos, uma
função mastigatória aceitável (BORETTI et al., 1995).
2.2 EFICIÊNCIA E PERFORMANCEMASTIGATÓRIA
A função mastigatória pode ser avaliada subjetivamente, por meio de
questionários ou escalas analógicas visuais ou, objetivamente, utilizando teste
de performance mastigatória que medem a capacidade de reduzir os alimentos
a pequenas partículas (BATES; STAFFORD; HARRISON, 1976; CARLSON;
SWEDEN, 1984).
A performance mastigatória pode ser definida como a avaliação da
distribuição do tamanho das partículas de um alimento teste obtida após sua
mastigação por um número fixo de ciclos mastigatórios (BATES; STAFFORD;
HARRISON, 1976; FONTIJN-TEKAMP et al., 2000).
Eficiência e performance mastigatória podem ser avaliadas através
da utilização de alimentos naturais como amendoins (MANLY; BRALEY, 1950;
HIRAI et al., 1994), cenouras (MANLY; BRALEY, 1950; PEYRON et al., 2004),
amêndoas (HELKIMO et al., 1978), entre outros.
A obtenção de um alimento teste universalmente aceito ainda é
considerado um problema (BORETTI; BICKEL; GEERING, 1995).
A função mastigatória está diretamente relacionada com as
condições da dentição. Assim sendo, quando da avaliação da performance
mastigatória, índices máximos são conseguidos por indivíduos com dentição
natural completa e saudável e índices mínimos com sujeitos desdentados
totais, existindo entre esses dois extremos, vários valores e, de acordo com o
estado da dentição e do tipo de tratamento reabilitador presente (MANLY;
BRALEY,1950; KAPUR; SOMAN, 1964; FONTIJN-TEKAMP et al 2000).
16
3METODOLOGIA
3.1 OBJETIVOS: avaliar a função mastigatória de indivíduos adultos
recém habilitados com prótese total (superior e inferior) e indivíduos dentados,
utilizando o teste de eficiência mastigatória.
3.2 MATERIAIS: Para avaliação da eficiência mastigatória foi
utilizado o amendoim como alimento-teste e um sistema de tamises com
peneiras de tamanhos de orifícios diferentes.
.3.3DESENHO DA PESQUISA
O presente estudo é primário, analítico, intervencional, transversal, e
realizado em centro único. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (UEL).Todos os pacientes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
3.4CASUÍSTICA
Durante o período de Abril de 2017 à Setembro de 2017, 15
pacientes desdentados totais, portadores de próteses totais duplas, atendidos
no Centro de Especialidades Odontológica – CEO da Universidade Estadual
de Londrina (UEL) receberam tratamento protético reabilitador através da
confecção de novas próteses totais superior e inferior. Estes pacientes foram
convidados a retornar ao CEO da Universidade para a realização deste estudo,
onde, ao mesmo tempo, se dava a realização do acompanhamento das
próteses confeccionadas e ajustes necessários.
No presente estudo, os indivíduos foram reabilitados com próteses
totais duplas e foram avaliados a respeito da eficiência mastigatória através da
trituração de 1,5 g de alimento teste (amendoim), em 15 ciclos mastigatórios, e
utilizando o método de fracionamento em peneiras.
Para o grupo controle foram selecionados 15 estudantes de
graduação do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina
(UEL), entre 22 e 25 anos, apresentando dentição natural completa. Estes
pacientes foram submetidos ao mesmo teste de avaliação mastigatória.
17
O amendoim foi escolhido como alimento teste devido à facilidade
de acesso, custo e boa consistência para a realização da trituração. A literatura
consultada mostra que vários alimentos são utilizados nos testes de eficiência
mastigatória sendo a cenoura, amendoim e amêndoas, os alimentos naturais
mais empregados (BORETTI, BICKEL; GEERING, 1995; YAMACHITA et al.
2000).
3.5CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS
Foram confeccionadas amostras contendo os grãos de amendoins
torrado e sem pele da marca Santa Helena, com o mesmo lote de fabricação.
Estes amendoins foram pré-selecionados com o intuito de conseguir grãos com
tamanhos semelhantes entre si e foram pesados em balança digital de precisão
0,01g a fim de se obter 1,5g de amendoim para a confecção da amostra
(individual).
Para o encapsulamento do alimento teste foi utilizada a extremidade
dos dedos de luvas de procedimentos Supermax (Suvemax Rep. Com. Prod.
De Hig e Limp. Ltda. – São Paulo). O amendoim foi acomodado no interior do
invólucro, e este foi selado utilizando adesivo a base de cianoacrilato (Super
Bonder 3M do Brasil).
18
Figura 5 - confecção do invólucro a partir
das extremidades das luvas.
Figura 6 - confecção do invólucro.
Figura 2 - amendoim da marca
Grelhaditos usado como alimento teste.
Figura 3 – pesagem de 1,5g do alimento
teste para confecção das amostras.
Figura 4 - luvas da marca Descarpack
usadas para confecção dos invólucros.
Figura 7 - selamento do invólucro com
cianocrilato – “super bonder”.
19
As amostras foram armazenadas em recipiente hermético até o
início da realização do teste.
3.6AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA
Os indivíduos participantes da pesquisa foram divididos em dois
grupos:Grupo GDN: para os indivíduos com dentição natural e; Grupo GPT:
para os indivíduos reabilitados com prótese total convencional.
Os grupos GDN e GPT foram submetidos ao teste para avaliação da
eficiência mastigatória através da trituração de 1,5g de alimento teste
(amendoim).
Para executar esta etapa o paciente foi posicionado
confortavelmente na cadeira odontológica e sua cabeça posicionada em
equilíbrio postural. Antes do início do teste os voluntários foram informados
sobre todos os procedimentos que seriam realizados durante o procedimento.
Os pacientes foram instruídos a mastigar naturalmente quatro
cápsulas de alimento teste com 15 golpes mastigatórios. Duas cápsulas foram
mastigadas nas regiões de molares à direita e as outras duas à esquerda.
O fracionamento do alimento triturado foi realizado em sistema de
tamises formado por 4 compartimentos, divididos por tamises com malhas de
2,0 x 2,0 mm, 1,0 x 1,0 mm e 0,71 x 0,71 mm de abertura e o fundo.
Após a trituração do alimento teste, o invólucro foi aberto e seu
conteúdo totalmente vertido sobre o compartimento superior do sistema de
tamises.
O conjunto foi colocado sobre um equipamento vibratório para
separação dos tamanhos de partículas. O tempo de vibração foi de 20 minutos.
Após a separação, o conteúdo de cada tamise foi separadamente transferido
para placas de Petri previamente taradas e identificadas.
20
Figura 8 - sistema de tamises Figura 9 - material vertido no compartimento
Figura 10 -conteúdo de cada tamise,após separação, transferido para as placas de Petri
correspondentes.
21
As placas juntamente com o conteúdo vertido sobre elas foram
pesadas em balança digital com precisão de 0,001g. Os resultados foram
anexados em uma planilha de controle para posterior análise estatística.
As placas juntamente com o conteúdo vertido sobre elas foram
pesadas em balança digital com precisão de 0,001g. Os resultados foram
anexados em uma planilha de controle para posterior análise estatística.
Figura 11 . placas coletoras contendo o alimento triturado de acordo com os
tamanhos das partículas que ficaram retidas nas malhas das tamises ( partículas >
que 2,00 mm; partículas > que 1,00 mm; partículas > que 0,71 mm; partículas <
que 0,71 mm)
Figura 12 – aparelho
vibratório.
Figura 13 – balança de alta
precisão.
22
3.7ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram analisados por estatística descritiva.
4. RESULTADO
A partir do resultado da análise estatística, foi possível observar que
pacientes GPT apresentavam 80% das partículas trituradas com tamanhos
superiores a2mm de diâmetro (trituração deficiente) contra 20,6% no GDN.
Além disso, as partículas menores de 1mm de diâmetro(trituração
ideal)corresponderam à 9% no GPT e a 51,4% no GDN.
As partículas intermediárias com diâmetros entre 1 e 2mm (trituração
aceitável) corresponderam a 11% no GPT e a 28% no GDN.
Tabela 1.Quantidade em % de partículas retidas em cada tamise após
trituração do alimento teste – amendoim.
Etapa GPT GDN
Inicial 1,467
(100%)
1,438 (100
%)
Partículas
>2mm
1,158
(80,0%)
0,295
(20,6%)
Partículas
>1mm
0,154
(11,0%)
0,400
(28,0%)
Partículas >
0,71mm
0,05
(1,0%)
0,259
(18,1%)
Partículas <
0,71mm
0,100
(8,0%)
0,477
(33,3%)
23
Gráfico 1. Performance mastigatória de pacientes dentados e desdentados
totais (% de partículas trituradas)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
> 2 mm 2- 1 mm < 1 mm
GPT
GDN
Diâmetro das malhas das tamises em mm
24
5. DISCUSSÃO
Ao submeter-se a um tratamento protético, o sujeito pode estar
repondo pela primeira vez os dentes perdidos ou estar substituindo próteses
antigas por novas. Em ambas as situações, poderão surgir problemas de
adaptação, ocasionando ferimentos, fala alterada e dificuldade para mastigar.
Para a maioria dos pacientes esse quadro de desconforto
acontecerá nos primeiros dias, seguindo-se uma acomodação. Porém, há
casos em que os sujeitos deixam de usar as próteses pelas dificuldades e
dores que estas lhes causam, enquanto outros dizem que se acostumaram, o
que não significa que tenha ocorrido uma adaptação fisiológica. De acordo com
MOLINA (1989), algumas adaptações podem ser de natureza patológica,
porque envolvem um padrão muscular adaptado não-funcional.
A dificuldade de adaptação fisiológica pode ser provocada por
fatores morfológicos, funcionais ou relacionados às características das
próteses.
Sabe-se que um indivíduo com dentição natural apresenta um
mecanismo de suporte de forças mastigatórias diferente do indivíduo com
dentição protética. Este fato esta diretamente relacionado com a capacidade
mastigatória dos indivíduos e a redução da eficiência mastigatória em
indivíduos portadores de próteses totais (ZARB et al., 2006).
No caso de portadores de próteses totais, a diminuição da eficiência
mastigatória pode ser explicada pela quebra da homeostase do sistema
estomatognático, no qual, ao substituir a dentição natural pela dentição
artificial, ocorre uma alteração no mecanismo de suporte de forças
mastigatórias, que leva ao comprometimento da integridade do sistema
mastigatório (ZARB et al., 2006).
A função mastigatória está diretamente relacionada à trituração dos
alimentos. Neste processo estão envolvidos os dentes e suas estruturas de
suporte. Para realizar sua função, os dentes devem estar adequadamente
suportados pelo periodonto, que, além de inserir os dentes no osso dos
maxilares, age como um meio de resistência às forças funcionais. O ligamento
periodontal é o responsável por transmitir as forças exercidas no dente ao osso
de suporte. Sua extensão no arco, sua viscoelasticidade e seus mecanismos
sensoriais permitem que haja um ajuste da posição do dente e um suporte das
25
cargas funcionais. Sendo assim, o indivíduo com dentição natural consegue
realizar melhor a função mastigatória, tendo em vista a dissipação de cargas
que são direcionadas ao tecido ósseo pelo ligamento periodontal,
diferentemente do indivíduo que usa uma prótese total e tem ausência do
periodonto. Nestes indivíduos o mecanismo é alterado e o meio de suporte
passa a ser o tecido mucoso que tem menor tolerância, pouca adaptação com
as próteses e área de suporte limitada. Vale ressaltar que quanto mais
reabsorvido estiver o rebordo ósseo, pior será esta relação. (ZARB et al.,
2006).
A quantidade e a qualidade do rebordo alveolar residual também
estão envolvidos no mecanismo funcional das próteses totais. Quando o
processo alveolar se torna edêntulo devido à perda dentária, os alvéolos que
antes continham as raízes são preenchidos por osso, tornando-se o rebordo
residual, que será a base de sustentação das próteses totais. A partir daí,
haverá uma variedade de mudanças neste osso residual. O osso alveolar que
antes suportava os dentes naturais e recebia cargas de tração numa área
extensa do ligamento periodontal passa a ser o rebordo residual, edêntulo, e
que recebe cargas verticais, horizontais, oblíquas, aplicadas pela prótese sobre
uma área de superfície relativamente menor. A pouca adaptação dos tecidos de
suporte frente ao carregamento funcional causado pelo uso da prótese é
acompanhado por uma perda óssea irreversível e progressiva.
Esse suporte comprometido é ainda mais complicado quando as
próteses se movimentam em relação ao osso subjacente durante a função.
Este movimento está relacionado à resiliência da mucosa de suporte e à
instabilidade inerente das próteses durante os movimentos funcionais e para-
funcionais (ZARB et al., 2006).
Outro fator que pode ter corroborado com os resultados encontrados
no presente estudo, tem relação com a maior quantidade de forças gerada
durante o processo de mastigação, que ocorrem principalmente nas regiões de
molares e pré-molares. Estes elementos na dentição natural geralmente
apresentam cúspides altas e sulcos profundos, que permite um movimento de
mastigação predominantemente vertical e com limites bem definidos. Já os
dentes artificiais, estes não tem essas características anatômicas tão bem
definidas e avivadas, até mesmo pelo material plástico dos dentes artificiais
não ter a mesma resistência do esmalte dentário, e acabam por realizar
26
movimentos mastigatórios mais curtos, lentos e com trajetória irregular
(OKESON, J.P; 2008).
A força máxima de mordida varia de acordo com cada indivíduo e
com o gênero. Geralmente os homens apresentam um número de força
máxima superior ao das mulheres. Enquanto um homem tem força máxima
variando entre 53,6 e 64,4kg, e a mulher entre 35,8 e 44,9kg, o paciente que
faz uso da prótese total tem força máxima de 6 à 8kg, sendo de 5 a 6 vezes
menor do que um indivíduo com dentição natural. A força de mordida pode
sofrer variação frente a uma dieta, onde a ingestão freqüente de alimentos
duros levará a uma força de mordida mais forte. O mesmo pode ocorrer em
função da prática de exercícios físicos (OKESON, J.P; 2008).
Outro fator muito importante que para a realização de uma função
mastigatória satisfatória, é a adaptação do paciente frente ao uso das próteses.
Os pacientes deste estudo tiveram sua performance mastigatória avaliada após
15 dias da instalação de suas próteses totais, e ainda se encontravam em
período de adaptação ao uso das mesma. Sabe-se que a prótese total é o
dispositivo protético que causa maior desconforto na cavidade oral e a falta de
adaptabilidade do paciente em relação ao uso da mesma se encontra presente
na maioria dos tratamentos reabilitadores, principalmente nas primeiras
semanas após a instalação em boca.Contudo, geralmente a adaptação da
prótese inferior é mais complicada, porque esta se desloca com muita
facilidade, o que pode ser decorrente da tensão do músculo mentalis
(TALLGREN, 1961);do volume, tensão e mobilidade da língua (TURANO,1988);
do tamanho do rebordo alveolar e do frênulo da língua.
A língua, com o envelhecimento, sofre uma redução da massa
muscular, aumento do tecido conectivo e depósitos de gordura (CAMPBELL-
TAYLOR,1997; GROHER, 1999).Além disso, quando um sujeito fica por um
período sem dentes naturais ou artificiais, a língua interpõe-se aos rebordos
alveolares, para estabilizara mandíbula na deglutição e controlar o fluxo de ar
na fala (FELÍCIO, 1996). Após a instalação das próteses, ela tende a retrair-se
(CUNHA et al., 1999) e se o seu volume for compatível com o espaço oral
disponível, ocorrerá a adaptação. Mas, se a língua estiver volumosa e
alargada, devido a um longo período sem próteses, ou se o sujeito apresentava
uma desordem miofuncional pregressa, ao retrair-se,ela invadirá a orofaringe.
Como esta posição é incompatível com a respiração, a língua realizará
27
esforços para deslocar as próteses, a fim de recuperar o espaço que possuía
na cavidade oral.
Se a língua deslocar a prótese na deglutição ou na fala, poderá
ocorrer uma oposição da musculatura peribucal para contê-la, levando a lesões
e à maior reabsorção óssea (SHEPPARD, 1977).A língua volumosa e alargada
representará um problema para a adaptação das próteses no repouso e nas
diversas funções. Isto porque a forma e curvatura da língua são pré-requisitos
para o conhecimento de sua posição nas várias atividades motoras (GROVER,
CRASKE, 1992) e a reabilitação protética não leva à mudança morfológica e
motora imediata. Sendo assim, exercícios específicos serão necessários para
adequar a sua forma e função (CUNHA et al., 1999; CUNHA, ZUCCOLOTTO,
1999).
Além das diferenças entre dentes naturais e prótese total, a menor
eficiência mastigatória pode ser conseqüência da baixa atividade muscular
após um longo período consumindo alimentos moles, devido à ausência de
dentes ou às condições oclusais desfavoráveis. MATEOS (1999) relatou que os
idosos abandonam progressivamente o consumo de alimentos como, carne,
legumes, verduras e frutas. Esses vão sendo substituídos por uma dieta pobre
em vitaminas, ferro e sais minerais, composta, em geral, por leite, mingau e
sopa que não exigem a mastigação. Contribuindo assim, para atrofia dos
músculos da mandíbula, que cada vez se exercitam menos, criando um círculo
vicioso que dificulta a boa mastigação.
A formação do bolo alimentar relaciona-se com o fluxo salivar, o qual
é induzido pelos alimentos ingeridos e por sua textura, ao mesmo tempo que,
todo sistema digestivo prepara-se para receber o alimento.
A xerostomia pode ser outro fator comprometendo a habilidade
mastigatória.Os pacientes com prótese total perdem em parte as sensações
orais e a eficiência mastigatória é comprometida (BRUNETTI et at., 1998).O
tônus alterado das bochechas também pode afetar a mastigação e a
adaptação, porque a musculatura não se opõe adequadamente às forças
laterais, permitindo deslocamento das próteses e ferimentos.
A porcentagem da performance mastigatória alcançada pelos
pacientes reabilitados por próteses totais muco suportadas em relação à de
indivíduos com dentição natural, verificada por MANLY e BRALEY (1950) foi de
40%, enquanto que um valor menor do que de 16% foi observado por KAPUR
28
e SOMAN (1964), em torno de33,3% por YAMASHIT et al. (2000) e de apenas
5% por Ow;Carlsson; Karlsson (1998). Os valores aqui encontrados neste
estudo reafirmaram a pobre performance mastigatória dos portadores de
prótese total bimaxilar.
A adaptação dos pacientes com suas próteses,influenciada pelo
tempo de uso das mesmas deve ser considerada na compreensão das
diferenças inter-individuais verificadas. Os resultados conflitantes encontrados
na literatura sobre a importância da retenção e estabilidade das próteses na
eficiência mastigatória sugerem que, em conformidade com as observações
feitas por SLAGTER et al. (1992), o clínico não deve superestimar os efeitos
funcionais da melhorada qualidade das próteses e, assim, orientar seus
pacientes no sentido de minimizar expectativas irrealistas sobre os
benefícios de novos tratamentos quanto à melhora de sua performance
mastigatória. Pois a expectativa do paciente frente ao tratamento reabilitador
protético envolve não só os aspectos funcionais do paciente, mas também
aspectos nutricionais e psicológicos, podendo interferir na qualidade de vida e
saúde emocional destes indivíduos. Ao mesmo tempo, é importante também
que o profissional seja responsável, prevenindo a reabsorção da crista óssea
alveolar após extrações (SLAGTER et al., 1992a). E que este também esteja
apto a atender as necessidades do paciente edentulo, frente as diversas
limitações encontradas no decorrer do tratamento, desenvolvendo um
tratamento reabilitador o mais adequado e funcionalmente satisfatório destes
indivíduos.
29
6. CONCLUSÃO
As próteses totais convencionais, apesar de serem muito utilizadas
nas reabilitações de pacientes totalmente edêntulos e serem capazes de
restabelecer uma estética adequada, apresentam uma grande limitação em
relação à função mastigatória e sua capacidade de fragmentar alimentos duros
quando comparadas à pacientes totalmente dentados. Por mais perfeita que
elas pareçam, as próteses totais representam uma dentição artificial e, como
tal, tem suas limitações.
Tendo em vista o crescente número de indivíduos que necessitam de
próteses totais, e as limitações existentes no uso deste dispositivo protético, se
torna evidente a necessidade da manutenção de uma política de saúde pública
que venha a atender essa população e treinar profissionais adequadamente
para oferecerem este atendimento, focando nos procedimentos reabilitadores,
mas principalmente, com ações voltadas para possíveis estratégias de
prevenção as perdas dentárias, a fim de ajudar a diminuir os percentuais de
edentulismo da população em geral.
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