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Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos),Florianópolis, 2012. ISSN 2179-510X
As percepções socioambientais de meninos e meninas do Programa de Formação e Assessoria em Cidadania Infantil Juvenil: O Caderno de Cidadania na era digital
1 Caroline Vieira Ruschel 2Maria de Lourdes Zanatta
3Ana Claudia Capistrano de Oliveira 4Edilson Gonçalves e
Gabriel Vieira Lourenço
Resumo: O Programa de Formação e Assessoria em Cidadania Infantiljuvenil é um projeto de extensão dos cursos de Direito e Relações Internacionais da Universidade do Vale do Itajaí e atua na cidade e na região da AMFRI/Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí. Este projeto atua nas comunidades e nas escolas da região desde 2002 e tem como publicação o livro para crianças/adolescentes chamado CADERNO DE CIDADANIA e o livro para multiplicadores em cidadania infantojuvenil intitulado DIRETRIZES TEORICAS DO CADERNO DE CIDADANIA. Nos anos de 2011/2012, o Programa desenvolveu, com auxílio de crianças e adolescentes, um jogo digital sobre cidadania ambiental, disponível em www.univali.br/portalcidadania, com objetivo de ampliar e auxiliar a educação ambiental nas escolas. Foi aplicado um questionário nas oficinas de inclusão digital nos laboratórios da Univali e das escolas para perceber a visão das crianças sobre o jogo, o meio ambiente, a degradação ambiental e projetos de proteção ambiental e se estas visões eram diferentes entre os meninos e as meninas. Este artigo tem por objetivo demonstrar estas diferentes visões entre meninos e meninas e demonstrar que o trabalho de sensibilização ambiental é entendido de maneira diversa quando da análise sobre as relações de gênero na infância. Palavras-chave: gênero.meioambiente.infância.
O Programa de Formação e Assessoria em Cidadania Infantojuvenil é um projeto de
extensão dos cursos de Direito e Relações Internacionais do Centro de Ciências Jurídicas, Políticase
Sociais/CEJURPS da Universidade do Vale de Itajaí voltado ao público infantojuvenil, cuja atuação
na cidade de Itajaí e região ocorre desde 2002. O projeto executa ações educativas e
socioambientais para o desenvolvimento da cidadania infantojuvenil nos espaços comunitários e
escolares com o Caderno de Cidadania, material paradidático que contém 3 módulos: 1) Cidadania
e direitos humanos; 2) Estatuto da criança e do adolescente e 3) cidadania socioambiental.Com a
publicação do Caderno de Cidadania em 2006, o projeto firmou 20 parcerias e mais de 40 oficinas
de capacitação com a doação de 5.000 exemplares do Caderno de Cidadania para as crianças/alunos
e professores/orientadores das escolas municipais do Vale de Itajaí e região, além de diversas
organizações não-governamentais que atuam na área socioambiental e atendem ao público
infantojuvenil. Na tentativa de inserir o Caderno de Cidadania na era digital, em respeito às
questões ambientais para não ter que reimprimir uma nova tiragem do Caderno, as ações do projeto
em 2011 se dirigiram para a elaboração de um Portal/website no qual o Caderno de Cidadania
1 Professora na Universidade do Vale do Itajaí – Itajaí – SC, Brasil 2 Professora na Universidade do Vale do Itajaí – Itajaí – SC, Brasil 3Professora na Universidade do Vale do Itajaí – Itajaí – SC, Brasil e Coordenadora do Projeto. 4Programa de Formação e Assessoria em Cidadania Infantiljuvenil
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estaria disponível online, bem como um Jogo sobre o tema da Educação e Cidadania
Socioambiental.
Para viabilizar estas ações, firmou-se uma parceria com o Curso de Engenharia de Computação do
CTTMAR - através do Laboratório de Inteligência Artificial/LIA disponível em
www.univali.br/portalcidadania, com objetivo de ampliar e auxiliar a educação ambiental nas
escolas. Foi aplicado um questionário nas oficinas de inclusão digital nos laboratórios da Univali e
das escolas para perceber a visão das crianças sobre o jogo, o meio ambiente, a degradação
ambiental e projetos de proteção ambiental e se estas visões eram diferentes entre os meninos e as
meninas. Ademais, além da equipe técnica houve importante participação das crianças/adolescentes
nas oficinas de preparação do Jogo Digital a fim de promover ações de inclusão digital nas escolas e
entidades parceiras. Paralelo às oficinas dos testes do Jogo com as crianças/adolescentes, o Projeto
desenvolveu um programa de formação em cidadania socioambiental e sociologia da infância a
cargo da equipe do CEJURPS que formou 86 multiplicadores, atendeu 1.710 profissionais e prestou
11 capacitações.
Este artigo tem por objetivo analisar o ponto de vista das crianças a respeito do meio
ambiente considerando as opiniões de meninos e meninas a fim de observar se o trabalho de
sensibilização ambiental é entendido de maneira diversa quando da análise sobre as relações de
gênero na infância. A metodologia aqui analisada consistiu na aplicação de 02 questionários para as
crianças de 4ª. e 5ª. série de duas escolas municipais de Itajaí, contabilizando um total de 78 (setenta
e oito) crianças entrevistadas, com idades entre 9 e 11 anos, dentre as quais 34 meninas e 44
meninos. Os questionários foram aplicados pelos acadêmicos contemplados com a bolsa do Artigo
170 do Estado de Santa Catarina, em cumprimento ao serviço voluntário sob a monitoria dos
bolsistas do Programa. O primeiro questionário possui 02 blocos temáticos: 1) sobre o direito de
participação da criança na sociedade, sendo-lhes perguntado a respeito de onde e como participar e
2) sobre a família, através de um desenho no qual deveriam discutir os papéis de gênero e desenhar
sua própria família. O segundo questionário discute a visão das crianças sobre o meio ambiente, a
degradação ambiental e projetos de proteção ambiental a partir das oficinas nas quais elas jogavam
o Jogo Digital sobre o meio ambiente, e está disponível na página
http://siaiacad30.univali.br/~portalcidadania/index.php?botaoMenu=usuario.
Sobre a participação social das crianças, 53,7% dos meninos e 46,3% das meninas
definiram-se como agentes participativos da sociedade, tanto meninas como meninos não viram
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qualquer dificuldade em afirmarem que as crianças devem participar da sociedade. Para avaliar o
nível de cidadania infantil, provavelmente, o mais lógico a ser feito é perguntar para as crianças
onde e como elas participam. Sobre o primeiro questionamento, as meninas mostraram-se bastante
ligadas ao ambiente escolar e ao bairro (entidades beneficentes e condomínios). O restante das
respostas focou-se na participação relacionada à limpeza e ao cuidado das praias e rios (50%). Os
meninos também declararam a preferência pela participação na escola, no bairro e nas entidades
beneficentes das quais muitos deles e delas participam. O consenso entre os meninos está
relacionado à sua participação na cidade, com destaque na limpeza de praias e rios e na sua
participação em atividades na Prefeitura e Parque Ecológico, lugares que não foram destacados
pelas meninas.
Quadro 1
Onde participar?
Não
sab
e/nã
o re
spon
deu
Esc
ola
Bai
rro
Cid
ade
Prai
a e
rios
Parq
ue D
om B
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es b
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Con
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ínio
Pref
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ra
Parq
ue E
coló
gico
Total
Meninos 51,40% 36,40% 100,00% 50,00% 100,00% 44,40% 10,00% 10,00% 53,70%
Meninas 48,60% 63,60% 50,00% 55,60% 10,00% 46,30%
O diferencial entre os gêneros é que as respostas dos meninos foram mais diversificadas,
ficando um grupo considerável das participações focadas no auxílio à prefeitura, entidades
beneficentes, praias e rios, assim como nas questões ligadas aos parques ecológicos. As meninas
restringiram-se à escola, ao bairro, às praias e entidades. Verifica-se também a ausência de
respostas das meninas em relação à sua participação na cidade, no Parque Dom Bosco, na Prefeitura
e no Parque Ecológico, ficando a dúvida acerca das razões de as meninas não se sentirem
participantes destes espaços. Enquanto os meninos citaram 8 espaços de participação social, as
meninas limitaram-se a 5. Daniela Finco reflete sobre o grande desafio da sociedade em geral, e da
escola em particular, que passa por acomodar e dar resposta à individualidade no seio da
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diversidade e da pluralidade, livre de constrangimentos e de crenças estereotipadas no que diz
respeito ao gênero:
A função social assumida pela escola, nas suas múltiplas relações escolares revela a naturalização das diferenças de gênero instituídas socialmente e historicamente entre meninos. Essa visão predominantemente do que é ser menino e menina está ancorada em estereótipos construídos ao longo do tempo. Todavia, a escola continua imprimindo, sob novas formas, sua marca distintiva, sobre os indivíduos, através de múltiplos e discretos mecanismos, como pequenos gestos cotidianos que chegam a nos passar despercebidos; em reações automáticas, cujos motivos nos escapam e que repetimos sem ter, muitas vezes que os interiozamos no processo educacional, sobretudo, os espaços de educação infantil acabam reforçando habilidades distintas para meninas e meninos depositando nestas expectativas quanto ao tipo de desempenho intelectual e postura considerados pelas convenções sociais “mais adequados” para cada sexo. Assim ambos os sexos recebem educação diferenciada, embora partilhando do mesmo espaço, lendo as mesmas literaturas, ouvindo as mesmas histórias e sendo acompanhados pela mesma professora. Nesse sentido, a diferença está na postura e no tipo de intervenção aparentemente imperceptível e “inocente” quando os educadores interagem com as crianças. (FINCO 2008 apud
SANTOS, 2009, p. 06)
Sobre o questionamento acerca de como participar, as meninas focaram nos seguintes itens:
limpar a natureza/cidade cuidando das praças e rios, e participando através de abaixo-assinados,
quando assim se fizer necessário, e ajudando as pessoas. Cabe lembrar que as opções de
participação foram feitas pelas próprias crianças. Outras opções também foram selecionadas, como
ajudar necessitados e respeitar o próximo, porém com menos expressividade. Os meninos elegeram
respeitar o próximo, seguido da ajuda às pessoas e aos necessitados e o auxílio ao prefeito. As
atividades com pouca expressividade foram aquelas ligadas à natureza, como limpar a cidade ou as
praias/rios, ajudar os idosos e na elaboração do abaixo-assinado, conforme eles já tinham mostrado
certa resistência, ao contrário das meninas, conforme o quadro abaixo:
Quadro 2 Como participar?
Não
sab
e/nã
o re
spon
deu
Lim
par
a ci
dade
Res
peit
ar o
pró
xim
o
Cui
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o p
refe
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Faze
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a pa
ssea
ta
Aju
dar
o id
oso
Total
Meninos 4,90% 12,20% 7,30% 4,90% 9,80% 3,70% 6,10% 2,40% 2,40% 53,70%
Meninas 63,60% 33,30% 100,00% 33,30% 42,90% 46,70% 6,70% 46,30%
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Um ponto que ficou evidenciado na pesquisa é que nenhuma resposta demonstra uma
atividade social puramente de âmbito privado, como auxilio aos pais, o cuidado com a família, o
que conflita com os estereótipos das atividades habitualmente l
sentido, a participação social das crianças está totalmente ligada ao espaço público. As sugestões
que elas deram permitem uma cisão entre o mundo privado, familiar, no qual eles entendem seus
direitos e deveres, e o mundo pú
sinalizam uma total ausência de sua participação no mundo doméstico, predominantemente
adultocêntrico. Outro dado é que as crianças demonstraram que suas atividades de participação
social independem de local. Algumas respostas focaram no auxilio aos necessitados e idosos e no
respeito ao próximo.
Como conclusão deste bloco, pode
nos mais diferentes setores temáticos, sendo que os meninos e
ambiente público, fato que ocorre com menos intensidade nas meninas. Já no quesito de como a
participação é realizada, os dois grupos se apresentam bastante semelhantes, ambos declaram que
exercem atividades ligadas explicit
assinados e ajudar o prefeito, assim como existe uma forte representação de participação não
intimamente relacionada com o local onde a atividade é praticada. Porém, da mesma forma que a
resposta anterior, os meninos citaram 9 possibilidades de participação social enquanto que as
meninas apenas 7.
No segundo bloco, sobre as representações sociais de gênero e família foi analisada a
seguinte imagem:
(socioaprendiz.blogspot.com/2009_02_01_archive..www.google.com)
A provocação da imagem acima sugeria a discussão sobre os papéis tradicionais do
masculino/feminino e que, a partir dela, as crianças discutam as representações de suas famílias
através de um desenho. Com isso, entendemos que toda a discussão sobre cidadania infantil fica
incompleta se não trouxer em seu bojo as relações de gênero. É notório o fato de que houve um
consenso considerável por parte dos meninos em aceitar o modelo representado na f
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Um ponto que ficou evidenciado na pesquisa é que nenhuma resposta demonstra uma
atividade social puramente de âmbito privado, como auxilio aos pais, o cuidado com a família, o
com os estereótipos das atividades habitualmente ligados ao sexo feminino. Neste
sentido, a participação social das crianças está totalmente ligada ao espaço público. As sugestões
que elas deram permitem uma cisão entre o mundo privado, familiar, no qual eles entendem seus
direitos e deveres, e o mundo público, social e político. Podemos inferir que estas sugestões
sinalizam uma total ausência de sua participação no mundo doméstico, predominantemente
adultocêntrico. Outro dado é que as crianças demonstraram que suas atividades de participação
ndem de local. Algumas respostas focaram no auxilio aos necessitados e idosos e no
Como conclusão deste bloco, pode-se entender que elas se veem participantes da sociedade
nos mais diferentes setores temáticos, sendo que os meninos encontram-se bastante ligados ao
ambiente público, fato que ocorre com menos intensidade nas meninas. Já no quesito de como a
participação é realizada, os dois grupos se apresentam bastante semelhantes, ambos declaram que
exercem atividades ligadas explicitamente ao ramo público como limpar praias, fazer abaixo
assinados e ajudar o prefeito, assim como existe uma forte representação de participação não
intimamente relacionada com o local onde a atividade é praticada. Porém, da mesma forma que a
rior, os meninos citaram 9 possibilidades de participação social enquanto que as
No segundo bloco, sobre as representações sociais de gênero e família foi analisada a
(socioaprendiz.blogspot.com/2009_02_01_archive..www.google.com)
A provocação da imagem acima sugeria a discussão sobre os papéis tradicionais do
masculino/feminino e que, a partir dela, as crianças discutam as representações de suas famílias
desenho. Com isso, entendemos que toda a discussão sobre cidadania infantil fica
incompleta se não trouxer em seu bojo as relações de gênero. É notório o fato de que houve um
consenso considerável por parte dos meninos em aceitar o modelo representado na f
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Um ponto que ficou evidenciado na pesquisa é que nenhuma resposta demonstra uma
atividade social puramente de âmbito privado, como auxilio aos pais, o cuidado com a família, o
igados ao sexo feminino. Neste
sentido, a participação social das crianças está totalmente ligada ao espaço público. As sugestões
que elas deram permitem uma cisão entre o mundo privado, familiar, no qual eles entendem seus
blico, social e político. Podemos inferir que estas sugestões
sinalizam uma total ausência de sua participação no mundo doméstico, predominantemente
adultocêntrico. Outro dado é que as crianças demonstraram que suas atividades de participação
ndem de local. Algumas respostas focaram no auxilio aos necessitados e idosos e no
participantes da sociedade
se bastante ligados ao
ambiente público, fato que ocorre com menos intensidade nas meninas. Já no quesito de como a
participação é realizada, os dois grupos se apresentam bastante semelhantes, ambos declaram que
amente ao ramo público como limpar praias, fazer abaixo
assinados e ajudar o prefeito, assim como existe uma forte representação de participação não
intimamente relacionada com o local onde a atividade é praticada. Porém, da mesma forma que a
rior, os meninos citaram 9 possibilidades de participação social enquanto que as
No segundo bloco, sobre as representações sociais de gênero e família foi analisada a
(socioaprendiz.blogspot.com/2009_02_01_archive..www.google.com)
A provocação da imagem acima sugeria a discussão sobre os papéis tradicionais do
masculino/feminino e que, a partir dela, as crianças discutam as representações de suas famílias
desenho. Com isso, entendemos que toda a discussão sobre cidadania infantil fica
incompleta se não trouxer em seu bojo as relações de gênero. É notório o fato de que houve um
consenso considerável por parte dos meninos em aceitar o modelo representado na figura. Num
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total de 34 meninas, 24 concordaram com a imagem, apenas 6 discordaram e 4 abstiveram
responder. Dos meninos, 31 foram favoráveis, apenas 5 discordaram e 8 não responderam.
Quadro 3
Também podemos supor que o fato de um modelo dife
reprovação por parte das crianças, contrariando nossas expectativas como pesquisadores/as, talvez
possa advir de uma determinada situação social: a compreensão delas a respeito do paradigma
social sobre o papel da mulher, de cui
como provedor, pode estar em profunda transformação. Disso decorre o “não
diante do desenho. Por fim, realizou
sua família. Para as meninas, a figura da mãe é mais marcante, ela aparece em quase todos os
desenhos (foram 14 desenhos, apenas em 4 ela não esteve presente, pois em 2 deles as meninas
desenharam-se sozinhas e em 2 apenas escreveram frases de amor à famíl
padrasto apareceu em apenas 7 desenhos e das 34 meninas, 20 não desenvolveram a atividade. Para
os meninos, é importante salientar que 30 deles recusaram
elaborados por eles, a maioria destacou a predo
ela esteve ausente, dando lugar à mãe, aos irmãos ou à própria criança sozinha, conforme quadro
abaixo:
Quadro 4
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total de 34 meninas, 24 concordaram com a imagem, apenas 6 discordaram e 4 abstiveram
responder. Dos meninos, 31 foram favoráveis, apenas 5 discordaram e 8 não responderam.
ambém podemos supor que o fato de um modelo diferente de família não causar
reprovação por parte das crianças, contrariando nossas expectativas como pesquisadores/as, talvez
possa advir de uma determinada situação social: a compreensão delas a respeito do paradigma
social sobre o papel da mulher, de cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos, e o papel do homem
como provedor, pode estar em profunda transformação. Disso decorre o “não
diante do desenho. Por fim, realizou-se uma atividade em que a criança deveria desenhar
sua família. Para as meninas, a figura da mãe é mais marcante, ela aparece em quase todos os
desenhos (foram 14 desenhos, apenas em 4 ela não esteve presente, pois em 2 deles as meninas
se sozinhas e em 2 apenas escreveram frases de amor à família). A figura do pai ou
padrasto apareceu em apenas 7 desenhos e das 34 meninas, 20 não desenvolveram a atividade. Para
os meninos, é importante salientar que 30 deles recusaram-se a desenhar. Dos 14 desenhos
elaborados por eles, a maioria destacou a predominância da figura paterna. Em apenas 6 desenhos
ela esteve ausente, dando lugar à mãe, aos irmãos ou à própria criança sozinha, conforme quadro
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total de 34 meninas, 24 concordaram com a imagem, apenas 6 discordaram e 4 abstiveram-se de
responder. Dos meninos, 31 foram favoráveis, apenas 5 discordaram e 8 não responderam.
rente de família não causar
reprovação por parte das crianças, contrariando nossas expectativas como pesquisadores/as, talvez
possa advir de uma determinada situação social: a compreensão delas a respeito do paradigma
dar dos filhos e dos afazeres domésticos, e o papel do homem
como provedor, pode estar em profunda transformação. Disso decorre o “não-espanto” das crianças
se uma atividade em que a criança deveria desenhar-se junto a
sua família. Para as meninas, a figura da mãe é mais marcante, ela aparece em quase todos os
desenhos (foram 14 desenhos, apenas em 4 ela não esteve presente, pois em 2 deles as meninas
ia). A figura do pai ou
padrasto apareceu em apenas 7 desenhos e das 34 meninas, 20 não desenvolveram a atividade. Para
se a desenhar. Dos 14 desenhos
minância da figura paterna. Em apenas 6 desenhos
ela esteve ausente, dando lugar à mãe, aos irmãos ou à própria criança sozinha, conforme quadro
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O segundo questionário foi aplicado em outras duas escolas municipais e o público alvo
variou um pouco, entre crianças e
as seguintes questões: nome, idade, sexo e questões voltadas ao meio am
que é meio ambiente? 2.O que é degradação ambiental? 3.Você acha que existe degradação
ambiental em sua cidade? Pode dar alguns exemplos? 4.Você conhece algum projeto de proteção
ambiental? Sim ou não 5.O que você faz pelo meio ambiente? O total de alunos que responderam
os questionários foram sessenta e seis (66), sendo que trinta (30) eram meninas e trinta e seis (36)
eram meninos, sendo 10 adolescentes do sexo feminino com 16 anos de idade e 08 meninos com 10
anos de idade para evidenciar a maior participação feminina na idade
participação masculina na infância.
ográfico abaixo:
Através dos questionários dividimos as faixas etárias
masculino àdireita:
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O segundo questionário foi aplicado em outras duas escolas municipais e o público alvo
variou um pouco, entre crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos de idade. O questionário contém
as seguintes questões: nome, idade, sexo e questões voltadas ao meio ambiente: 1.Na sua opinião, o
que é degradação ambiental? 3.Você acha que existe degradação
ambiental em sua cidade? Pode dar alguns exemplos? 4.Você conhece algum projeto de proteção
ambiental? Sim ou não 5.O que você faz pelo meio ambiente? O total de alunos que responderam
ionários foram sessenta e seis (66), sendo que trinta (30) eram meninas e trinta e seis (36)
sendo 10 adolescentes do sexo feminino com 16 anos de idade e 08 meninos com 10
anos de idade para evidenciar a maior participação feminina na idade da adolescência e a maior
participação masculina na infância. Conforme
Através dos questionários dividimos as faixas etárias e os dados do sexo feminino à esquerda e o
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O segundo questionário foi aplicado em outras duas escolas municipais e o público alvo
O questionário contém
biente: 1.Na sua opinião, o
que é degradação ambiental? 3.Você acha que existe degradação
ambiental em sua cidade? Pode dar alguns exemplos? 4.Você conhece algum projeto de proteção
ambiental? Sim ou não 5.O que você faz pelo meio ambiente? O total de alunos que responderam
ionários foram sessenta e seis (66), sendo que trinta (30) eram meninas e trinta e seis (36)
sendo 10 adolescentes do sexo feminino com 16 anos de idade e 08 meninos com 10
da adolescência e a maior
sexo feminino à esquerda e o
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A primeira pergunta busca tabular as noções das
crianças e dos jovens sobre meio ambiente. Procede-se uma análise comparativa sobre as opiniões
que foram detalhadas através de palavras e conceitos chaves, sendo que a palavra pode se repetir na
mesma frase, conforme os gráficos abaixo:
Podemos perceber que o gênero não difere nas opiniões das crianças e dos jovens sobre o que é
meio ambiente, logo, as opiniões dadas são muito parecidas contendo apenas algumas alterações. O
que nos motiva a pensar que nas discussões acerca do meio ambiente as diferenças e desigualdades
nas relações de gênero não são perceptíveis. A segunda questão tenta revelar o que as crianças e
jovens consideram por degradação ambiental, procede a seguir as análises das meninas à esquerda e
a dos meninos à direita:
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A tabulação anterior mostra que as crianças e adolescentes também possuem as mesmas opiniões,
não alterando a percepção de degradação ambiental entre meninos/as.A terceira pergunta
visavaperceber se as crianças e os adolescentes estão atentos ao meio em que eles vivem, sendo
assim, segue a análise dessa percepção, as respostas das meninas à esquerda e a dos meninos à
direita:
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Mais uma vez percebe-se a similaridade entre as respostas dos questionários, com apenas algumas
alterações. Nas respostas analisadas, os problemas se repetem e apontam para problemas comuns na
maioria das cidades, porém, em específico na região de Itajaí o problema com o desmatamento e a
construção irregular de prédios nas proximidades das praias, principalmente apontamentos para uma
região específica da cidade, localizada no Bairro Praia Brava, chamada Canto do Morcego. A quarta
pergunta entra em debate sobre o conhecimento de algum projeto ambiental, independente do local
e da proximidade. Conforme analisamos, segue abaixo as opiniões das meninas à esquerda e a dos
meninos à direita:
Conforme o gráfico acima, as estatísticas sofrem pequenas alterações, e a questão de gênero, nessa
pergunta, também não difere dos resultados. Ambos os grupos apresentam reflexões
socioambientais independente do sexo.
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Considerações finais
A partir das oficinas, percebe-se como o Caderno de Cidadania é entendido como
mediador na efetivação dos direitos e deveres das crianças, para que se possa perceber as crianças
como sujeitos de direitos e também de seus deveres respeitando as identidades de gênero. Nota-se
que as crianças acabam descrevendo um único conjunto de práticas sociais do qual elas querem
fazer parte, consistindo em uma forma de expressar o seu entendimento do mundo, de ser um ator
social. Para os meninos, a questão dos direitos das crianças, educação e meio ambiente foram muito
enfatizadas ao passo que as meninas enfatizaram a família e a educação em suas respostas.
Como ficou explícito nas respostas das atividades, principalmente no que se refere ao direito
de participação, a diferença de gênero fica mais evidente. Porém, nas questões que envolvem
direitos e deveres das crianças não há diferença acentuada de gênero, já que todas as crianças
percebem a educação como principal direito e dever que elas possuem. Quanto à figura em que o
pai cuida dos afazeres domésticos e a mãe chega do trabalho, percebe-se que houve uma aceitação
tanto das meninas quanto dos meninos, não ocorrendo diferente perspectiva quanto ao assunto no
que concerne ao gênero das crianças. É nesse cenário em que as crianças compreendem e constroem
suas experiências de vida. Sobre o direito de participação das crianças na sociedade, pode-se
entender que elas se veem participantes da sociedade nos mais diferentes segmentos, sendo que os
meninos se encontram mais ligados ao ambiente público e as meninas menos, embora isso não as
impeça de sugerir locais e modos de participação que porventura considerem convenientes. Sobre a
família, elas a representaram sem questionar os papéis masculinos e femininos, mas as meninas
privilegiaram em seus desenhos a figura materna enquanto que os meninos a figura paterna,
reforçando assim, os laços sociais que unem as filhas à mãe e os filhos ao pai.
Sobre as questões aplicadas no segundo questionário, com base nas respostas dadas percebe-
se a similaridade dos conhecimentos que as meninas/meninos e os adolescentes possuem a respeito
do tema. As diferenças entre respostas ficam evidentes ao analisarmos os questionários separando-
os pela idade e sexo. Um exemplo disso é a grande repetição de respostas na pergunta: cite
exemplos sobre a degradação ambiental na sua cidade.Grande parte das crianças entre 11 e 14 anos
relataram existir degradação ambiental na cidade de Itajaí e como exemplo citaram a praia
conhecida como Canto do Morcego, região de conflitos no bairro Praia Brava, mesmo sem
conhecimento sobre o tema, elas e eles tem conhecimento do fato, que está em vários jornais da
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região. Já os mais velhos deram outros exemplos de degradação ambiental, explorando ainda mais a
problemática da região.
Pode-se concluir que a cidadania ambiental, trabalhada no projeto em questão, com a
aplicação do CADERNO DE CIDADANIA, vem sendo entendida pelas crianças e adolescentes que
participam do Programa de Formação e Assessoria em Cidadania Infantojuvenil.
Conforme conceito da própria CADERNO DA CIDADANIA,
Antigamente, para ser um cidadão, bastava respeitar as outras pessoas e cumprir com todos os deveres. Mas, muitas pessoas acabaram se esquecendo de respeitar também o meio ambiente, não só o natural, como a água, os animais e planta, mas também o meio ambiente onde vivemos, nossas cidade, escola, rua e até nossa própria casa! Assim, surgiu o cidadão ambiental, com uma nova consciência. (Cartilha da Cidadania, 2006, p. 36)
Tais análises servem como diretrizes à continuidade do projeto, sempre com o objetivo de
aprimorar as formações e encontros com as crianças e jovens, visando o respeito para com o
ambiente desses cidadãos mirins, meninos e meninas em formação e com potencial para ser a
diferença na sociedade.
Referências
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OLIVEIRA, Ana Claudia Delfini Capistrano e outros. Diretrizes Teóricas do Caderno de
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