AS CARACTERÍSTICAS DOS MECANISMOS E SISTEMAS DE
EDIÇÃO GENÔMICA
LISTIK, Eduardo1; CARMO, Ana Carolina Viegas
2
Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz; 1Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
de São Paulo (ICB-USP); 2Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTE)
Resumo: A edição genômica se baseia na aplicação de tecnologias que exploram,
frequentemente, a função de nucleases programáveis, tal como as nucleases dedo de zinco, as
meganucleases, as TALE nucleases e a Cas9 presente no sistema CRISPR-Cas9; de modo a
introduzirem quebras nas fitas duplas de DNA. Os mecanismos de reparo endógeno, tais
como a união terminal não-homóloga ou o reparo direcionado por homologia, podem
condicionar a modificações no DNA (mutações, correções, deleções, inserções, knock outs)
que possuem finalidades terapêuticas em doenças genéticas, ou até mesmo em doenças
imunes ou neurodegenerativas.
Palavras-chave: Edição genômica, Nucleases programáveis, Engenharia genética.
Abstract: Genomic editing is based on technologies that frequently explore the function of
programmable nucleases, such as zinc finger nucleases (ZNF), meganucleases, TALE
nucleases and Cas9, which comprehends the CRISPR-Cas9 system; as a parameter to induce
double strand breaks (DSBs) into the DNA. Mechanisms of endogenous DNA repair, as non-
homologous end-joining (NHEJ) or homology-directed repair (HDR) can prompt DNA
modifications (mutations, corrections, deletions, insertions, knock outs), which have many
therapeutic values in genetic diseases, or even immune- or neurodegenerative-associated
pathologies.
Keywords: Genomic editing, Programmable nucleases, Genetic engineering.
1 OS FUNDAMENTOS DA EDIÇÃO GENÔMICA
As tecnologias baseadas na edição genômica exploram, frequentemente, a função de
nucleases programáveis, como nucleases dedo de zinco, meganucleases, as TALE nucleases e
a Cas9 presente no sistema CRISPR-Cas9 (HOTTA e YAMANAKA, 2015). Tais tecnologias
possibilitam a edição genômica ao introduzirem quebras na fita dupla de DNA (em inglês,
double strand breaks, DSBs) em loci específicos. Tais DSBs envolvem diversos mecanismos
de reparo endógenos como a união terminal não-homóloga (em inglês, non-homologous end-
joining, NHEJ) ou reparo direcionado por homologia (em inglês, homology-directed repair,
HDR) (COX et al., 2015).
Após a formação da DSB, os mecanismos de reparo por HDR ou por NHEJ podem se
suceder. O reparo por HDR (Erro! Fonte de referência não encontrada.D, E) parte do
ponto clivado, mas exige a existência de um modelo para que este reparo seja sucedido
(SZOSTAK et al., 1983). A HDR pode ser empregada para restaurar a funcionalidade de
genes mutados pela sua correção, retomando sua expressão e finalidade fisiológica benéfica.
Neste caso, o emprego de padrões de DNA exógenos que especificam o resultado do reparo
de DSBs-alvo possibilita este emprego de ferramenta de reparo de forma terapêutica
(CHOULIKA et al., 1995).
O reparo em DSBs por NHEJ (Erro! Fonte de referência não encontrada.A–C), por
outro lado está associado com o religamento direto da quebra. Este procedimento, embora
apresente certa acurácia, está associado com eventuais mutações, quer por deleções ou
inserções, os chamados indels (LIEBER et al., 2003). O aspecto mutagênico associado com a
NHEJ elicita possibilidades de explorar as características desta ferramenta de reparo para a
indução da mutagênese, knock out ou deleção de determinados genes de interesse. Em
determinados eventos patológicos, como ocorre na distrofia muscular de Duchenne, a deleção
de genes pode resultar na expressão de proteínas defectivas. Neste caso, a modificação de tais
genes pelos indels a partir da NHEJ direcionada pode restaurar a função de tais proteínas
(OUSTEROUT et al., 2013). Os reparos induzidos pela NHEJ também têm a capacidade
introduzir códons de parada prematuros em genes de interesse, possibilitando o knock out de
tais genes (PEREZ et al., 2008; ARONIN e DIFIGLIA, 2014). Ademais, a indução de duas
DSBs em determinada sessão do DNA pode acarretar na deleção genômica pela NHEJ (XIAO
et al., 2013).
Até este ponto averiguaram-se aspectos da correção, mutação, knock out e deleção de
genes. A inserção de genes é possível mediada quer por HDR ou NHEJ. No caso da HDR, é
possível o uso de um modelo de DNA que apresente transgenes terapêuticos, os quais podem
ser inseridos em determinados loci do genoma, denominados de safe harbor, fato que diminui
os riscos de mutagênese e aumenta a expressão do gene (MOEHLE et al., 2007). Pode-se
adicionar um transgene por NHEJ induzindo a DSB por nucleases de modo a proporcionar
uma clivagem compatível para inserção do transgene como um indel (MARESCA et al.,
2013).
Mecanismos de edição genômica envolvendo NHEJ (A–C) e HDR (D e E). (A) O reparo
por NHEJ pode condicionar à inserção ou deleção (indels) de sequência em genes,
condicionando a formação de códons de parada, promovendo o knock out de tais genes. (B) A
indução de duas DSBs pode promover a deleção de sequências genômicas por NHEJ, de
modo a reparar proteínas mutadas. (C) Transgenes podem ser inseridos por NHEJ em DSBs a
partir de doadores que contenham pontos de reconhecimento. (D) A HDR também pode
condicionar à adição de genes em loci específicos, como os safe harbor loci. A inserção é
condicionada a partir de um modelo de DNA contendo o gene de interesse. (E) Ademais, a
HDR permite corrigir sequências com mutações, necessitando de um modelo corretivo de
DNA para tal.
Figura 1 Mecanismos de Edição Genômica
A) Mutação/Knock out
B) Deleção
C) Inserção (Knock in) por NHEJ
D) Inserção (Knock in) por HDR
E) Correção
2 AS NUCLEASES PROGRAMÁVEIS
Os mecanismos de reparo do DNA quer por NHEJ ou HDR consistem em formas
endógenas de reparo de DSBs. No entanto, tal ferramentário pode ser explorado quando
determinadas DSBs são intencionalmente e direcionalmente realizadas. As possibilidades
terapêuticas neste caso são vastas e abordam as inúmeras técnicas tecidas previamente. De
forma a condicionar DSBs em pontos específicos, tem-se o papel das nucleases programáveis.
2.1 Nucleases dedo de zinco
Os dedos de zinco (em inglês, zinc fingers, ZFs) constituem pequenos domínios proteicos
em que o zinco contribui para a estabilidade térmica e conformacional da estrutura. ZFs estão
presentes em inúmeras proteínas que reconhecem sequências de DNA, atuantes como fatores
de transcrição (KLUG, 2010). Este reconhecimento se faz tanto pela interação entre os
aminoácidos individuais -1, 3 e 6 presentes no ZF e as bases nitrogenadas do DNA, quanto
por potenciais ligações de hidrogênio entre o aminoácido 2 do ZF e a fita complementar de
DNA, numa interação cruzada (em inglês, cross-strand) (PAVLETICH e PABO, 1991;
ISALAN et al., 1997).
Dentre a classificação dos ZFs, os da família C2H2 constituem os mais estudados.
(IUCHI, 2001). Tais ZFs apresentam dois pares de resíduos conservados de cisteínas e
histidinas que quelam o zinco. Estruturalmente, são compostos por um grampo β, associado a
uma hélice em α que se desenvolve em uma unidade ββα (KRISHNA et al., 2003).
As nucleases dedo de zinco (em inglês, zinc finger nucleases, ZFNs) consistem na
associação de séries de ZFs C2H2 com a endonuclease de restrição FokI, a qual apresenta
domínios de ligação no DNA (em inglês, DNA binding domains, DBDs) independentes dos
próprios ZFs (LI et al., 1992). A associação de ZFs com a FokI forma nucleases quiméricas
com novas propriedades e especificidades de ligação (KIM e CHANDRASEGARAN, 1994).
Para gerar a DSB, as ZFNs devem atuar como um dímero na dupla fita (Erro! Fonte de
referência não encontrada.) (SMITH et al., 2000).
Figura 1 Funcionamento das nucleases dedo de zinco. As ZFs Cys2His2 são pequenos
domínios proteicos estabilizados pelo zinco cuja interação direta na fita 3’-5’ (aminoácidos ou
a.a. -1, 3 e 6 do ZF) ou cruzada com a fita 5’-3’ (a.a. 2 do ZF) permitem o reconhecimento de
elementos da fita dupla, especialmente em regiões ricas em guanina (em amarelo, verde e azul
claro). As ZFNs consistem em ZFs associados à FokI, que reconhece a sequência 5’-GGATG-
3’, induzindo à clivagem da fita (região em vermelho). A atuação de dímeros de ZFNs
condiciona à formação de DSBs.
2.2 Meganucleases
Meganucleases, também conhecidas como endonucleases teleguiadas (em inglês, homing
endonucleases, HEs), consistem em endonucleases capazes de reconhecer grandes e
específicas sequências de DNA, normalmente com mais de 14 pares de bases, e clivar a fita
formando DSBs em tais loci (SMITH et al., 2006). O uso de HEs tem se baseado na correção
de determinados genes a partir do reparo por HDR (DONOHO et al., 1998).
As HEs podem ser divididas em cinco famílias com base em sua sequência e motivos
estruturais: His-Cys box, GIY-YIG, HNH, PD-(D/E)XK e LAGLIDADG, sendo esta última a
mais estudada e tendo sido verificada em todos os reinos biológicos. HEs da família
LAGLIDADG possuem, normalmente, a capacidade de facilitar a corte-junção (splicing) de
suas próprias regiões intrônicas; ou de agir como endonucleases altamente específicas,
capazes de clivar a junção exon-exon onde seu intron reside (SILVA et al., 2011).
Dois grupos de HEs da famílias LAGLIDADG largamente empregados são os de único
motivo proteico, I-CreI (Figura 3A), ou de duplo motivo proteico, PI-SceI, que apresentam o
domínio da endonuclease na estrutura αββαββα, a qual promove um centro catalítico
bipartido. No caso da I-CreI, há a formação de um homodímero composto pelos domínios α/β,
ao passo que na PI-SceI, uma HE monomérica, dois domínios estão presentes, em que um
formado por α/β apresenta a função de endonuclease e outro, formado por folhas β, está
associado com modificações transcricionais (DUAN et al., 1997; HEATH et al., 1997).
O que se averigua das HEs é a sua capacidade de identificar, com grande especificidade,
grandes sequências de DNA e promover DSBs. Em HEs sintéticas, busca-se redesenhar tais
endonucleases, de modo a redefinir as sequências de clivagem, mas de modo que a
estabilidade e estrutura terciária das proteínas sejam mantidas. O intuito de tal é promover o
reparo de distintas regiões mutadas do DNA por meio da HDR e proporcionado o aspecto
terapêutico.
Arnould e colaboradores descreveram um método para a obtenção de I-CreI mutantes
capazes de reconhecer sequências de DNA distintas. Em primeira instância, induzem-se
mutações nos distintos DBDs de cada domínio da I-CreI, e posteriormente combinam-se as
regiões mutantes para originar complexos I-CreI homodiméricos mutantes. Pode-se, por fim,
combinar heterodímeros de modo a criar HEs com especificidades completamente
modificadas (
B). (ARNOULD et al., 2007).
Figura 2 Características estruturais e de reconhecimento de meganucleases (A) e princípios
da confecção de HEs mutantes (B). (A) A I-CreI é uma HE da família LAGLIDADG, cuja
estrutura é formada por domínios α/β, permitindo a estrutura em dois DBDs específicos
(marcados de amarelo e verde). A ação da endonuclease é atingida com a estrutura
homodimérica da I-CreI, onde a clivagem ocorre na região destacada em vermelho
(CHEVALIER et al., 2002). (B) Método de síntese de meganucleases mutantes para
reconhecimento de sequências distintas do DNA. Selecionam-se I-CreI com mutações em
regiões específicas (A/A’, B/B’, C/C’ e D/D’), e posteriormente realiza-se a combinação para
formar I-CreI homodiméricas mutantes (AB/B’A’ e CD/D’C’). Por fim, heterodímeros são
confeccionados por co-expressão (AB/D’C’).
2.3 TALE Nucleases
TALENs (em inglês, transcription activator-like effector nucleases) consistem em DBDs
cutomizáveis associadas a uma FokI não-específica. As DBDs, neste caso, consistem em
repetições altamente conservadas derivadas dos efetores pseudo-ativador de transcrição (em
inglês, transcription activator-like effectors, TALEs), proteínas secretadas pela Xanthomonas
(JOUNG e SANDER, 2013).
A forma com a qual as TALEs efetivam o reconhecimento de sequências do DNA se
baseia no pareamento de bases com dois resíduos hipervariáveis, normalmente nas posições
12 ou 13 do domínio (BOCH et al., 2009). Desta forma, sequência de resíduos de asparagina-
isoleucina (NI) reconhece a adenina (A); a de histidina-aspartado (HD) reconhece a cisteína
(C), e assim por diante (MOSCOU e BOGDANOVE, 2009). Uma timina (T), no entanto,
sempre precede as repetições. A repetição de asparagina-asparagina (NN) reconhece
preferencialmente a guanina (G), mas também pode reconhecer A. A repetição de resíduos
hipervariáveis asparagina-histidina (NH) possui uma afinidade levemente maior pela guanina
que NN (STREUBEL et al., 2012) (Erro! Fonte de referência não encontrada.).
Similarmente às ZFNs, TALENs podem ser empregadas para promover edição genômica
por NHEJ ou HDR. Mutações induzidas por NHEJ foram utilizadas para efetuar o knock out
de diversos genes, de modo a originar modelos para enfermidades humanas, ou realizar
deleções e inversos de grandes sequências de DNA em gado (CARLSON et al., 2012). As
correções de mutações genéticas por HDR também podem ser precidas por DSBs geradas por
TALENs (HOCKEMEYER et al., 2011).
Figura 3 Esquema de uma TALE nuclease genérica. A proteína que constitui a DBD do
complexo apresenta sequências repetidas, em que dois resíduos hipervariáveis, normalmente
nas posições 12 e 13, efetuam o reconhecimento de bases nitrogenadas do DNA (NI – A; NG
– T; HD – C e NN/NH – G). Uma timina precede a primeira base associada à repetição da
TALE. A FokI encontra-se em um domínio não-específico para realizar a clivagem e
introduzir DSBs no DNA. Para que isto ocorra, as TALENs devem atuar como dímeros.
2.4 Sistema CRISPR-Cas9
O sistema CRISPR (em inglês, clusteres regularly interspaced short palindromic
repeats)-Cas9 (em inglês, CRISPR-associated 9) consiste num dos sistemas mais simples e
eficientes de aplicação para edição genômica (HAEUSSLER e CONCORDET, 2016). Neste
sistema, DSBs podem ser geradas pela associação da Cas9, uma endonuclease, com o
CRISPR RNA (crRNA) e o crRNA de ativação em trans (em inglês, trans-activating crRNA,
tracrRNA) (Erro! Fonte de referência não encontrada.A). Jinek e colaboradores
demonstraram que a Cas9 pode ser programada com a incorporação de um RNA sintético
como transcrito único, quimérico, o sgRNA (em inglês, single guide RNA), para clivar
sequências de DNA de interesse. O sgRNA consiste nos crRNA e tracrRNA hibridizados com
uma ponte GAAA os unindo (JINEK et al., 2012) (Erro! Fonte de referência não
encontrada.B).
A Cas9 apresenta dois domínios característicos com função de nuclease: a RuvC e a
HNH. O domínio da RuvC apresenta três subdomínios (I-III), em que RuvC I encontra-se na
porção amino-terminal da Cas9, e RuvC II/III circundam o domínio HNH próximo à região
central da proteína. Quando esta não se encontra associado ao DNA alvo ou ao RNA, a
endonuclease se autoinibe, com o domínio da RuvC bloqueando o da HNH (JINEK et al.,
2014). Ademais, a Cas9 está atrelada exclusivamente com o locus da CRISPR do tipo II, o
qual é subdividido em três subtipos (IIA-C). Ao passo que o tipo de locus da CRISPR indica o
tipo de gene da cas, de arranjos de CRISPR e tracrRNA, o subtipo revela a arquitetura e
organização de cada locus da CRISPR. Os locus da CRISPR do tipo II normalmente
apresentam genes da cas9, ca1 e cas2. Os subtipos IIA e B apresentam quatro genes cas, e o
IIC apenas três (CHYLINSKI et al., 2013). Uma característica marcante do sistema Cas9 é o
motivo adjacente ao protoespaçador (em inglês, protospacer adjacent motif, PAM), o qual
flanqueia o terminal 3’ do DNA alvo e consititui o mecanismo de busca da proteína. Embora
o PAM seja específico para cada ortólogo de Cas9, sua especificidade pode ser modificada
com domínios flexíveis como 5’-NGG-3’ (HSU et al., 2014; NISHIMASU et al., 2014).
O sistema CRISPR-Cas9 pode induzir a DSBs a serem reparadas quer por NHEJ ou
HDR. A aplicação de tal sistema mostra-se promissora, quer para criar novos modelos
animais para experimentação, quer para novas possibilidades de terapias. Long e
colaboradores demonstraram que o uso do sistema CRISPR/Cas9 poderia ser utilizado para a
remoção de um éxon de distrofina incorreto, possibilitando o tratamento da distrofia muscular
em camundongos (LONG et al., 2016). Averiguam-se ainda as probabilidades de tratamento
com tal sistema para as doenças de Huntington, associada com a expansão poliQ, e de
Parkinson, que pode estar associada com o gene da α-sinucleína mutante (YANG et al.,
2016). Tal sistema apresenta diversas vantagens em relação às outras nucleases programáveis.
A Erro! Fonte de referência não encontrada. compara vantagens e desvantagens entre os
sistemas de edição genômica discutidos nesta revisão.
Figura 4 Representação do sistema CRISPR-Cas9. (A) O sistema nativo CRISPR do tipo II
envolve a Cas9, uma endonuclease, e duas pequenas sequências de RNA: crRNA (CRISPR
RNA) e tracrRNA (trans crRNA) para mediar a clivagem em regiões específicas do DNA e
promover DSBs. (B) As duas sequências de RNA podem ser unidas em um RNA quimérico
tracrRNA:crRNA unidos por uma ponte GAAA e formando o sgRNA (single guide RNA),
que pode ser sintetizado, de forma a permitir o reconhecimento do sistema a partir de uma
região de 20 nucleotídeos de DNA.
Tabela 1 Quadro comparativo das nucleases programáveis (ZFNs, meganucleases, TALENs
e sistema CRISPR-Cas9), expondo vantagens e desvantagens de cada uma.
Nucleases programáveis Vantagens Desvantagens
ZFNs As DSBs originadas
podem ser usadas para
reparar o genoma por NHEJ
ou HDR. Podem ser
aplicadas em células
somáticas ou células-tronco
pluripotentes.
O desenho é caro e
trabalhoso e requer o uso de
regiões ricas em guanina
(GNN), que ocorrem
raramente na maioria dos
alvos desejados
(BITINAITE et al., 1998).
Meganucleases A menor classe de
nucleases sintéticas,
podendo facilitar seu
transporte. Proporciona a
formação de um gancho na
fita 3’ propício para o reparo
por HDR.
Difícil de separar os
domínios de clivagem das
DBDs. A funcionalidade de
tais nucleases está mais
associada com correção de
genes mutados.
TALENs Similar às ZFNs, as DSBs
originadas podem ser usadas
para reparar o genoma por
NHEJ ou HDR, mas o
domínio da FokI não é
específico e a DBD é mais
customizável.
Dificuldade de se construir
plasmídeos que codifiquem
TALENs, devido ao
tamanho do complexo.
CRISPR-Cas9 O sistema é de simples
confecção e escalonamento,
além de não ser tão caro.
Sistemas de reparo pela
NHEJ e HDR podem ser
explorados.
Pode induzir a mutações e
rearranjos fora do alvo
desejado. Levando a
preocupações quanto a sua
aplicabilidade terapêutica
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ferramentas de edição genômica, como as nucleases programáveis, trouxeram grandes
facilidades e inovações no âmbito da engenharia genética. Busca-se, assim, aprimorar e
enriquecer o arsenal de modelos de doenças, para que estas sejam melhor compreendidas e
prevenidas. Por outro lado, a busca por novas formas terapêuticas também é um objetivo e a
manipulação das ferramentas de edição genômica permite que seja possível grande
flexibilidade para a busca por novos tratamentos.
REFERÊNCIAS
ARNOULD, S. et al. Engineered I-CreI derivatives cleaving sequences from the human XPC
gene can induce highly efficient gene correction in mammalian cells. J Mol Biol, v. 371, n. 1,
p. 49-65, Aug 3 2007. ISSN 0022-2836 (Print)
0022-2836 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17561112 >.
ARONIN, N.; DIFIGLIA, M. Huntingtin-lowering strategies in Huntington's disease:
antisense oligonucleotides, small RNAs, and gene editing. Mov Disord, v. 29, n. 11, p. 1455-
61, Sep 15 2014. ISSN 1531-8257 (Electronic)
0885-3185 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25164989 >.
BITINAITE, J. et al. FokI dimerization is required for DNA cleavage. Proc Natl Acad Sci U
S A, v. 95, n. 18, p. 10570-5, Sep 1 1998. ISSN 0027-8424 (Print)
0027-8424 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9724744 >.
BOCH, J. et al. Breaking the code of DNA binding specificity of TAL-type III effectors.
Science, v. 326, n. 5959, p. 1509-12, Dec 11 2009. ISSN 1095-9203 (Electronic)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19933107 >.
CARLSON, D. F. et al. Efficient TALEN-mediated gene knockout in livestock. Proc Natl
Acad Sci U S A, v. 109, n. 43, p. 17382-7, Oct 23 2012. ISSN 1091-6490 (Electronic)
0027-8424 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23027955 >.
CHEVALIER, B. S. et al. Design, activity, and structure of a highly specific artificial
endonuclease. Mol Cell, v. 10, n. 4, p. 895-905, Oct 2002. ISSN 1097-2765 (Print)
1097-2765 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12419232 >.
CHOULIKA, A. et al. Induction of homologous recombination in mammalian chromosomes
by using the I-SceI system of Saccharomyces cerevisiae. Mol Cell Biol, v. 15, n. 4, p. 1968-
73, Apr 1995. ISSN 0270-7306 (Print)
0270-7306 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7891691 >.
CHYLINSKI, K.; LE RHUN, A.; CHARPENTIER, E. The tracrRNA and Cas9 families of
type II CRISPR-Cas immunity systems. RNA Biol, v. 10, n. 5, p. 726-37, May 2013. ISSN
1555-8584 (Electronic)
1547-6286 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23563642 >.
COX, D. B.; PLATT, R. J.; ZHANG, F. Therapeutic genome editing: prospects and
challenges. Nat Med, v. 21, n. 2, p. 121-31, Feb 2015. ISSN 1546-170X (Electronic)
1078-8956 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25654603 >.
DONOHO, G.; JASIN, M.; BERG, P. Analysis of gene targeting and intrachromosomal
homologous recombination stimulated by genomic double-strand breaks in mouse embryonic
stem cells. Mol Cell Biol, v. 18, n. 7, p. 4070-8, Jul 1998. ISSN 0270-7306 (Print)
0270-7306 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9632791 >.
DUAN, X.; GIMBLE, F. S.; QUIOCHO, F. A. Crystal structure of PI-SceI, a homing
endonuclease with protein splicing activity. Cell, v. 89, n. 4, p. 555-64, May 16 1997. ISSN
0092-8674 (Print)
0092-8674 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9160747 >.
HAEUSSLER, M.; CONCORDET, J. P. Genome Editing with CRISPR-Cas9: Can It Get
Any Better? J Genet Genomics, Apr 24 2016. ISSN 1673-8527 (Electronic)
1673-8527 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27210042 >.
HEATH, P. J. et al. The structure of I-Crel, a group I intron-encoded homing endonuclease.
Nat Struct Biol, v. 4, n. 6, p. 468-76, Jun 1997. ISSN 1072-8368 (Print)
1072-8368 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9187655 >.
HOCKEMEYER, D. et al. Genetic engineering of human pluripotent cells using TALE
nucleases. Nat Biotechnol, v. 29, n. 8, p. 731-4, Aug 2011. ISSN 1546-1696 (Electronic)
1087-0156 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21738127 >.
HOTTA, A.; YAMANAKA, S. From Genomics to Gene Therapy: Induced Pluripotent Stem
Cells Meet Genome Editing. Annu Rev Genet, v. 49, p. 47-70, 2015. ISSN 1545-2948
(Electronic)
0066-4197 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26407033 >.
HSU, P. D.; LANDER, E. S.; ZHANG, F. Development and applications of CRISPR-Cas9
for genome engineering. Cell, v. 157, n. 6, p. 1262-78, Jun 5 2014. ISSN 1097-4172
(Electronic)
0092-8674 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24906146 >.
ISALAN, M.; CHOO, Y.; KLUG, A. Synergy between adjacent zinc fingers in sequence-
specific DNA recognition. Proc Natl Acad Sci U S A, v. 94, n. 11, p. 5617-21, May 27 1997.
ISSN 0027-8424 (Print)
0027-8424 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9159121 >.
IUCHI, S. Three classes of C2H2 zinc finger proteins. Cell Mol Life Sci, v. 58, n. 4, p. 625-
35, Apr 2001. ISSN 1420-682X (Print)
1420-682X (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11361095 >.
JINEK, M. et al. A programmable dual-RNA-guided DNA endonuclease in adaptive
bacterial immunity. Science, v. 337, n. 6096, p. 816-21, Aug 17 2012. ISSN 1095-9203
(Electronic)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22745249 >.
JINEK, M. et al. Structures of Cas9 endonucleases reveal RNA-mediated conformational
activation. Science, v. 343, n. 6176, p. 1247997, Mar 14 2014. ISSN 1095-9203 (Electronic)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24505130 >.
JOUNG, J. K.; SANDER, J. D. TALENs: a widely applicable technology for targeted genome
editing. Nat Rev Mol Cell Biol, v. 14, n. 1, p. 49-55, Jan 2013. ISSN 1471-0080 (Electronic)
1471-0072 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23169466 >.
KIM, Y. G.; CHANDRASEGARAN, S. Chimeric restriction endonuclease. Proc Natl Acad
Sci U S A, v. 91, n. 3, p. 883-7, Feb 1 1994. ISSN 0027-8424 (Print)
0027-8424 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7905633 >.
KLUG, A. The discovery of zinc fingers and their applications in gene regulation and genome
manipulation. Annu Rev Biochem, v. 79, p. 213-31, 2010. ISSN 1545-4509 (Electronic)
0066-4154 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20192761 >.
KRISHNA, S. S.; MAJUMDAR, I.; GRISHIN, N. V. Structural classification of zinc fingers:
survey and summary. Nucleic Acids Res, v. 31, n. 2, p. 532-50, Jan 15 2003. ISSN 1362-
4962 (Electronic)
0305-1048 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12527760 >.
LI, L.; WU, L. P.; CHANDRASEGARAN, S. Functional domains in Fok I restriction
endonuclease. Proc Natl Acad Sci U S A, v. 89, n. 10, p. 4275-9, May 15 1992. ISSN 0027-
8424 (Print)
0027-8424 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1584761 >.
LIEBER, M. R. et al. Mechanism and regulation of human non-homologous DNA end-
joining. Nature Reviews Molecular Cell Biology, v. 4, n. 9, p. 712-720, Sep 2003. ISSN
1471-0072. Disponível em: < <Go to ISI>://WOS:000185061500014 >.
LONG, C. et al. Postnatal genome editing partially restores dystrophin expression in a mouse
model of muscular dystrophy. Science, v. 351, n. 6271, p. 400-3, Jan 22 2016. ISSN 1095-
9203 (Electronic)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26721683 >.
MARESCA, M. et al. Obligate ligation-gated recombination (ObLiGaRe): custom-designed
nuclease-mediated targeted integration through nonhomologous end joining. Genome Res, v.
23, n. 3, p. 539-46, Mar 2013. ISSN 1549-5469 (Electronic)
1088-9051 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23152450 >.
MOEHLE, E. A. et al. Targeted gene addition into a specified location in the human genome
using designed zinc finger nucleases (vol 104, pg 3055, 2007). Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, v. 104, n. 14, p. 6090-6090, Apr 3
2007. ISSN 0027-8424. Disponível em: < <Go to ISI>://WOS:000245657600069 >.
MOSCOU, M. J.; BOGDANOVE, A. J. A simple cipher governs DNA recognition by TAL
effectors. Science, v. 326, n. 5959, p. 1501, Dec 11 2009. ISSN 1095-9203 (Electronic)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19933106 >.
NISHIMASU, H. et al. Crystal structure of Cas9 in complex with guide RNA and target
DNA. Cell, v. 156, n. 5, p. 935-49, Feb 27 2014. ISSN 1097-4172 (Electronic)
0092-8674 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24529477 >.
OUSTEROUT, D. G. et al. Reading frame correction by targeted genome editing restores
dystrophin expression in cells from Duchenne muscular dystrophy patients. Mol Ther, v. 21,
n. 9, p. 1718-26, Sep 2013. ISSN 1525-0024 (Electronic)
1525-0016 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23732986 >.
PAVLETICH, N. P.; PABO, C. O. Zinc finger-DNA recognition: crystal structure of a
Zif268-DNA complex at 2.1 A. Science, v. 252, n. 5007, p. 809-17, May 10 1991. ISSN
0036-8075 (Print)
0036-8075 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2028256 >.
PEREZ, E. E. et al. Establishment of HIV-1 resistance in CD4+ T cells by genome editing
using zinc-finger nucleases. Nat Biotechnol, v. 26, n. 7, p. 808-16, Jul 2008. ISSN 1546-1696
(Electronic)
1087-0156 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18587387 >.
SILVA, G. et al. Meganucleases and other tools for targeted genome engineering:
perspectives and challenges for gene therapy. Curr Gene Ther, v. 11, n. 1, p. 11-27, Feb
2011. ISSN 1875-5631 (Electronic)
1566-5232 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21182466 >.
SMITH, J. et al. Requirements for double-strand cleavage by chimeric restriction enzymes
with zinc finger DNA-recognition domains. Nucleic Acids Res, v. 28, n. 17, p. 3361-9, Sep 1
2000. ISSN 1362-4962 (Electronic)
0305-1048 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954606 >.
SMITH, J. et al. A combinatorial approach to create artificial homing endonucleases cleaving
chosen sequences. Nucleic Acids Res, v. 34, n. 22, p. e149, 2006. ISSN 1362-4962
(Electronic)
0305-1048 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17130168 >.
STREUBEL, J. et al. TAL effector RVD specificities and efficiencies. Nat Biotechnol, v. 30,
n. 7, p. 593-5, Jul 2012. ISSN 1546-1696 (Electronic)
1087-0156 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22781676 >.
SZOSTAK, J. W. et al. The double-strand-break repair model for recombination. Cell, v. 33,
n. 1, p. 25-35, May 1983. ISSN 0092-8674 (Print)
0092-8674 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6380756 >.
XIAO, A. et al. Chromosomal deletions and inversions mediated by TALENs and
CRISPR/Cas in zebrafish. Nucleic Acids Res, v. 41, n. 14, p. e141, Aug 2013. ISSN 1362-
4962 (Electronic)
0305-1048 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23748566 >.
YANG, W. et al. CRISPR/Cas9: Implications for Modeling and Therapy of
Neurodegenerative Diseases. Front Mol Neurosci, v. 9, p. 30, 2016. ISSN 1662-5099
(Electronic)
1662-5099 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27199655 >.
Top Related