ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
TC Cav EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO
Rio de Janeiro 2018
Aquisição de sistemas militares complexos e o
Suporte Logístico Integrado: desenvolvendo um
novo conceito
TC Cav EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO
AQUISIÇÃO DE SISTEMAS MILITARES COMPLEXOS E O SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO: DESENVOLVENDO UM NOVO CONCEITO
Tese de Doutorado apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a qualificação no curso de Pós-graduação Stricto Sensu (Doutorado) em Ciências Militares.
Orientador: Cel (Dr.) Carlos Eduardo De Franciscis Ramos
Rio de Janeiro 2018
P191a Pângaro, Emerson Luís de Araújo
Aquisição de sistemas militares complexos e o Suporte Logístico Integrado: desenvolvendo um novo conceito. / Emerson Luís de Araújo Pângaro. - 2018.
175 f.: il.; 30 cm. Orientação: Carlos Eduardo De Franciscis Ramos Tese (Doutorado em Ciências Militares) - Escola de Comando e Estado-Maior, Rio de
Janeiro, 2018. Bibliografia: f. 139-148.
1. LOGÍSTICA. 2. AQUISIÇÃO DE SISTEMAS MILITARES COMPLEXOS. 3. SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO. I. Título
CDD 355
3
À minha esposa Greice e ao meu filho Rafael, pela
compreensão de que o adiamento das nossas horas
de lazer juntos ocorreu por um motivo nobre.
Aos meus pais, Odilon, que onde quer que esteja
estará sempre vibrando com as nossas conquistas e
me mandando uma energia positiva, e Neide, que
sempre me incentivou e soube compreender o meu
afastamento de casa desde adolescente, apoiando a
busca dos meus ideais.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente e Deus, por ter me permitido viver para realizar este Curso dando
continuidade a um projeto de vida na caserna.
À minha esposa Greice, que foi a primeira pessoa a me incentivar a enfrentar este
grande desafio. Se não fosse você, certamente eu não teria tido forças para concluir o
Doutorado, e ao meu filho Rafael, que é o meu esteio nas horas mais árduas, meu
agradecimento pela compreensão e paciência ao longo desses quatro anos. A ambos,
meu pedido mais sincero de desculpas por não poder ter sido mais participativo nas
atividades de lazer da família, e um esposo e pai mais presente, devido às horas em
que fui absorvido pelo Curso.
Aos meus ex-comandantes, Excelentíssimo Sr General-de-Exército Sinclair James
Mayer e Excelentíssimo Sr General-de-Divisão Adalmir Manoel Domingos, que
sempre me estimularam na carreira e na consecução deste objetivo; os senhores
tornaram possível que eu adquirisse o cabedal de conhecimentos necessário para
realizar esta pesquisa científica.
Ao meu comandante, Excelentíssimo Sr Gen Bda Eugênio Pacelli Vieira Mota, pelo
incentivo e constante apoio no desenvolvimento do trabalho, engajando-se
pessoalmente na participação de Oficiais-Generais e Oficiais QEMA, com larga
experiência nacional e internacional na área desta pesquisa, contribuindo de maneira
decisiva para o aumento qualitativo do estudo.
Meus comandantes, seus exemplos de integridade moral, dedicação, inteligência,
honradez, honestidade e senso de justiça, sempre me servirão de estímulo na carreira
e exemplo de como pautar a vida, como soldado e cidadão.
5
Aos colegas de turma da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME
15/16), pela oportunidade da troca de experiências e contínuo aprendizado com
pessoas de reconhecida e destacada capacidade profissional.
Ao Cel De Franciscis, meu orientador, que apesar da atribulada vida cotidiana aceitou
o desafio desta orientação, contribuindo para o engrandecimento e definindo o correto
rumo de minha pesquisa, com observações sempre corretas e oportundas.
Ao professor João Dalla Costa, que prontamente se engajou na busca de soluções
para que a pesquisa alcançasse os melhores resultados, colaborando em perfeita
harmonia e sinergia com o meu orientador ao longo de toda a pesquisa.
Ao professor Eduardo Atem de Carvalho, pelo incentivo e disponibilidade em ensinar
e trocar ideias, bem como pela disponibilização de material de pesquisa de relevância
para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Cel Migon e TC Rafael Pinheiro, coordenadores do curso de Pós-Graduação
durante meu curso, pelo companheirismo, pela dedicação e esmero com que
desempenharam a função, sempre estando disponíveis e procurando sanar todas as
dificuldades encontradas, com a proposição de soluções objetivas.
Aos professores do Instituto Meira Mattos (IMM), pela oportunidade de crescimento e
engrandescimento intelectual e pelas brilhantes aulas ministradas no Programa de Pós-
Graduação em Ciências Militares, que contribuíram para a formação dos pilares de
sustentação na elaboração deste trabalho..
Às empresas AVIBRÁS, IVECO, Krauss-Maffei Wegmann (KMW) e Rheinmetall
Land Systems (RLS), em especial ao Eng Marcos Agmar de Lima Souza
(AVIBRÁS), Sr Kleber Ribas (IVECO), Sr Markus Schmidt (KMW) e Sr Jörg Uecker
(RLS) pela pronta disponibilidade, paciência, cooperação e apoio à realização desse
6
trabalho. Essas 04 empresas nacionais e estrangeiras, de reconhecida capacidade
técnica, foram parceiras de relevo no desenvolvimento desta pesquisa científica.
Aos Comandantes das seguintes Organizações Militares: TC Stephan, do Parque
Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3); Cel Damaso, do Parque
Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5); Cel Maia Barbosa, do
Parque Regional de Manutenção da 9ª Região Militar (Pq R Mnt/9); Cel Eifler, do
Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP); Cel Fontes, da Escola de Sargentos de
Logística (Es S Log); e Cel Colombo, do Centro de Instrução de Blindados (C I Bld).
Agradeço pelo apoio e contribuição plena na disponibilização e incentivo à participação
de parcela de seus efetivos no grupo amostral, participação essa de caráter
fundamental à condução da pesquisa científica.
A todos os meus irmãos de farda, Oficiais-Generais, Oficiais, Subtenentes e Sargentos,
participantes da pesquisa de campo, pela disponibilidade e contribuição indispensável
ao trabalho. Sua participação permitiu a obtenção da visão de um seleto universo de
militares composto a partir dos mais altos níveis decisórios e com alta capacitação
técnica.
A todos os que se dispuserem a ler este trabalho e as suas conclusões e contribuições,
agradeço à atenção dispensada esperançoso de que gostem do que vão encontrar, e
que os resultados da pesquisa lhes sejam úteis em alguma oportunidade.
7
RESUMO
A transformação na ordem mundial no período pós Guerra-Fria e a atual grande guerra contra o terrorismo, precipitada com os atentados de 11 de setembro, têm desafiado a obtenção da paz e segurança internacional. A crescente evolução no emprego operacional de tropas militares, decorrente de diferentes cenários de emprego, tem conduzido ao uso de sistemas de armas cada vez mais complexos. Alinhada com essa conjuntura, a Política Nacional de Defesa estabeleceu como Objetivo Nacional de Defesa a estruturação das Forças Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os planejamentos estratégicos e operacionais. Nesse contexto, no bojo dos Projetos Estratégicos de Defesa, as Forças Armadas têm desencadeado um processo de transformação, que engloba diversos projetos de aquisição de produtos de defesa, o que indica o crescimento em alta escala das demandas da base logística de defesa. A experiência mostra que a função de combate logística não tem sido capaz de atender, com a eficácia desejada, às necessidades atuais. A insuficiência de recursos orçamentários consubstancia-se como uma das principais razões dessa incapacidade, pois as necessidades do sistema logístico são bastante superiores às capacidades financeiras e operacionais, gerando uma grande demanda reprimida. A dificuldade precípua reside em conseguir o melhor custo-benefício na aquisição de novos sistemas com as exigências tecnológicas atuais, mantendo-os operacionais durante a vida útil estimada. Desse modo, conclui-se pela necessidade da implantação de práticas inovadoras nos processos de aquisição de sistemas militares de alta tecnologia, com os consequentes reflexos na implementação e avaliação das políticas e estratégias relacionadas a esse assunto. Acredita-se que seja recomendável a normatização e validação de um processo que seja capaz de padronizar procedimentos nas aquisições de produtos de defesa, que visem a identificar os parâmetros determinantes da melhor relação custo-benefício e que identifique os riscos no atingimento dos objetivos. O processo delineado como Suporte Logístico Integrado (SLI) abrange o estado da arte referente à logística de material de emprego militar. Nesse contexto, visualiza-se que a inserção da análise de elementos do SLI durante o processo decisório que vise à aquisição de sistemas militares complexos possa fornecer subsídios relevantes ao desenvolvimento e à manutenção das capacidades desses sistemas de armas. Assim, o presente trabalho tem o escopo de verificar a importância dos elementos de Suporte Logístico Integrado como determinantes das decisões estratégicas dos processos de aquisição de sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.
Palavras-chave: 1. Logística. 2. Aquisição de sistemas militares complexos. 3. Suporte Logístico Integrado.
8
ABSTRACT The transformation of the world order in the post-Cold War period and the present great war against terrorism, precipitated by the attacks of 11th September, have challenged the achievement of international peace and security. The growing evolution in operational use of military troops, due to different scenarios of employment, has led to the use of increasingly complex weapons systems. Aligned with this situation, the National Defence Policy established as National Defence Objective structuring the armed forces around capabilities, providing them with personnel and material compliant with the strategic and operational planning. In this context, in the midst of the Defense Strategic Projects, the Armed Forces have unleashed a transformation process, which includes several projects for defense products acquisition, which indicates the full-scale growth of defense logistics base demands. Experience shows that the logistics combat role has not been able to meet the current needs with the desired efficiency. The lack of budgetary resources is consolidated as one of the main reasons for this inability, because the logistics system needs are far above the financial and operational capacity, generating a large restrained demand. The primary difficulty stays in getting the best cost-benefit relationship on purchasing new systems with current technological requirements, keeping them operational during their estimated life cycle. Thus, it can be concluded that there is a need to implement innovative practices in the acquisition process of military high-tech systems, with consequent impacts on the implementation and assessment of policies and strategies related to this issue. It is believed that the standardization and validation of a process that is able to standardize procedures in the procurement of defense products is recommended, aimed to identify the parameters of the best cost-benefit relationship and to identify the risks in achieving objectives. The process outlined as Integrated Logistic Support (ILS) covers the state of the art regarding the logistics of military products. In this context, it seems that the inclusion of ILS elements analysis during the decision making process of complex military systems acquisition can provide significant subsidies for the development and maintenance of the capabilities of these weapon systems. Thus, this study has the scope to verify the importance of the elements of Integrated Logistic Support as determinants of strategic decisions of complex military systems acquisition process in the Brazilian Army.
Keywords: 1. Logistics. 2. Complex military systems acquisition. 3. Integrated Logistics Support.
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RESUMEN
La transformación del orden mundial en el período Posguerra Fría, y la actual guerra contra el terrorismo, desarrollada luego de los atentados de 11 de septiembre, han desafiado la obtención de la paz y la seguridad internacional. La creciente evolución del empleo operacional de las tropas militares, de forma concurrente en diferentes escenarios de empleo, ha ocasionado que se usen sistemas de armas cada vez mas complejos. Alineada con esa coyuntura, la Política Nacional de Defensa estableció como un Objetivo Nacional de Defensa la estructuración de las Fuerzas Armadas basados en capacidades, dotándolas de personal y material compatibles con la planificación estratégica y operacional. En el contexto de los Proyectos Estratégicos de Defensa, las Fuerzas Armadas han desarrollado un proceso de transformación que engloba diversos proyectos de compra de productos de defensa, lo que indica el crecimiento en alta escala de las demandas de la base logística de defensa. La experiencia muestra que la función de combate logística no ha sido capaz de atender las necesidades actuales con la eficiencia deseada. La insuficiencia de los recursos presupuestarios se considera como la principal razón de esa incapacidad, pues las necesidades del sistema logístico son bastante superiores a las capacidades financieras y operacionales, generando una gran demanda reprimida. La principal dificultad consiste en conseguir el mejor costo-beneficio en la adquisición de nuevos sistemas con las exigencias tecnológicas actuales, manteniéndoles operacionales durante la vida útil estimada. De ese modo, se concluye la necesidad de implantación de prácticas innovadoras en los procesos de adquisición de sistemas militares de alta tecnología, con los consecuentes reflejos en la implementación de y evaluación de las políticas y estrategias relacionadas es éste asunto. Se cree que es recomendable la normalización y validación de un proceso que sea capaz de establecer los procedimientos en las adquisiciones de los productos de defensa, que permitan identificar los parámetros determinantes de la mejor relación costo-beneficio y que permita identificar los riesgos en la consecución de este objetivo. El proceso delineado como Apoyo Logístico Integrado (SLI), abarca el estado del arte en relación a la logística del material de empleo militar. En este contexto, se visualiza que la inserción de análisis de elementos de SLI durante el proceso de toma de decisiones, en la compra de sistemas militares complejos pueda proporcionar las herramientas relevantes al desarrollo y el mantenimiento de las capacidades de estos sistemas de armas. Así, el presente trabajo busca verificar la importancia de plos elementos de Apoyo Logístico Integrado como determinantes de las decisiones estratégicas de los procesos de adquisición de sistemas militares complejos en el Ejército Brasileño. Palabras clave: 1. Logistica. 2. Adquisición de sistemas militares complejos 3. Apoyo Logístico Integral.
10
LISTA DE ABREVIATURAS
Análise do Suporte Logístico Integrado ASL
Capacidades Operativas CO
Carro de Combate CC
Comando Logístico COLOG
Compreensão das Operações COMOP
Condicionantes Doutrinárias e Operacionais CONDOP
Direito Internacional dos Conflitos Armados DICA
Disponibilidade Adquirida Da
Disponibilidade Inerente Di
Disponibilidade Operacional Do
Doutrina Militar Terrestre DMT
Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e
Infraestrutura
DOAMEPI
Empresas Militares Privadas EMP
Escritório de Projetos do Exército EPEx
Estado-Maior do Exército EME
Estratégia Nacional de Defesa END
Intervalo de Tempo Entre Falhas ITEF
Intervalo de Tempo Entre Manutenções ITEM
Intervalo de Tempo Entre Manutenções Corretivas ITEMC
Intervalo de Tempo Entre Manutenções Preventivas ITEMP
Intervalo de Tempo Para Reparação ITPR
Intervalo de Tempo Total Provocado por Manutenções ITTPM
11
Krauss-Maffei Wegmann KMW
Livro Branco de Defesa Nacional LBDN
Norma Administrativa Relativa aos Materiais de Gestão da Diretoria
de Material
NARMAT
North Atlantic Treaty Organization NATO
Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN
Planejamento Baseado em Capacidades PBC
Política Nacional de Defesa PND
Produtos de Defesa PRODE
Produto Interno Bruto PIB
Programas de desenvolvimento de submarinos convencionais e de
propulsão nuclear da Marinha do Brasil
PROSUB
Requisitos Técnicos, Logísticos e Industriais RTLI
Revolução em Assuntos Militares RAM
Revolução Técnica Militar RTM
Reunião Decisória RD
Rheinmetall Land Systems RLS
Sistemas e Materiais de Emprego Militar SMEM
Sistema de Monitoramento de Fronteiras SISFRON
Suporte Logístico Integrado SLI
Vetores de Transformação VT
Viatura Blindada de Combate Carro de Combate VBCCC
12
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
1. O problema da visibilidade total dos custos............................................ 20
2. Fatores determinantes da geração de capacidades.............................. 55
3. Elementos básicos de Suporte Logístico Integrado................................ 66
4. Níveis de Gerenciamento....................................................................... 71
5. Áreas e grupos funcionais....................................................................... 76
6. Taxa de falhas......................................................................................... 92
7. Elementos do SLI considerados mais relevantes por segmento............ 111
8. Elementos do SLI considerados menos relevantes por segmento......... 111
9. Elementos do SLI com relevância estatística......................................... 118
10. Itens do Plano de Manutenção............................................................... 120
11. Itens do Ferramental especial e equipamentos de teste e suporte........ 122
12. Itens do Suprimento................................................................................ 123
13. Itens da Documentação Técnica............................................................. 124
14. Itens do Pessoal Especializado.............................................................. 125
15. Itens do Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento................... 126
13
LISTA DE GRÁFICOS
Gráficos Página
1. Compara Tópicos para Militares............................................................. 172
2. Compara Tópicos para Generais............................................................ 172
3. Compara Tópicos para Industria............................................................. 173
4. Compara Itens por Tópico para Militares................................................ 173
5. Compara Itens por Tópico para Industria................................................ 174
6. Compara Militares e Industria por Tópico............................................... 174
7. Compara Ramo de Atividade por Tópico................................................ 175
14
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
1. Comparação da formulação teórica de Birkler, Kent e Neu com as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar...........................................................
59
2. Quadro resumo dos elementos de SLI........................................... 67
3. Fases do desenvolvimento do treinamento.................................... 78
4. Força de trabalho e requisitos de pessoal...................................... 84
5. Fases do desenvolvimento do treinamento.................................... 94
6. Legenda das questões................................................................... 106
7. Comparação entre Tópicos para o Segmento Militar...................... 108
8. Comparação entre Tópicos para Oficiais-Generais....................... 108
9. Comparação entre tópicos para o Segmento Industrial................. 110
10. P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Militar.. 115
11. P-valores da comparação entre tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais............................................................................ 115
12. P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Industrial......................................................................................... 116
13. Compara Itens por Tópico para o Segmento Militar....................... 119
14. P-valores da tabela 13.................................................................... 121
15. Compara Itens por Tópico para o Segmento Industrial.................. 127
16. Compara os Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial........................................................................ 129
17. Compara os itens dos Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial..................................................................... 131
18. Compara Ramo de Atividade por Tópico....................................... 133
19. Sequência de atividades do SLI....................................................... 137
20. Momento de análise dos elementos mais relevantes do SLI........... 138
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO�����������������������... 17 1.1 PROBLEMA��������������������.����... 23 1.2 JUSTIFICATIVA����..������������..������. 23 1.3 OBJETIVO..�����������������.�������... 25 1.4 HIPÓTESE����������...��������������... 25 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA............................................................... 26
2 REFERENCIAL METODOLÓGICO��������������� 27 2.1 VARIÁVEIS........................................................................................... 27 2.1.1 Definição conceitual das variáveis.................................................... 28 2.1.2 Relação entre variáveis...................................................................... 28 2.2 MÉTODO DE ABORDAGEM�����������������... 29 2.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO........................................................ 30 2.4 TÉCNICAS�������������������������. 31 2.5 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO........................................................... 33 2.6 TIPO DE AMOSTRAGEM..................................................................... 36 2.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA........................................................... 39 2.7.1 Teste de Friedman............................................................................... 39 2.7.2 Teste de Wilcoxon............................................................................... 40 2.7.3 Teste de Kruskal-Wallis...................................................................... 41 2.7.4 Teste de Mann-Whitney...................................................................... 42 2.7.5 Intervalo de Confiança para Média.................................................... 43 2.7.6 P-valor.................................................................................................. 44 2.7.7 Legenda................................................................................................ 44 2.7.8 Software............................................................................................... 45
3 REFERENCIAL TEÓRICO����������.��������.. 46 3.1 TRANSFORMAÇÃO MILITAR E O AMBIENTE OPERACIONAL
MODERNO............................................................................................ 47 3.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO E O CICLO DE VIDA DOS
MATERIAIS........................................................................................... 55 3.3 ANÁLISE DO SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO (ASL)................. 61 3.4 SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO.................................................. 62 3.4.1 Definição militar de Suporte Logístico Integrado............................ 62 3.4.2 Definição acadêmica de Suporte Logístico Integrado..................... 65
4 ELEMENTOS DE SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO.................... 69
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS......................... 105 5.1 RESULTADOS...................................................................................... 105 5.1.1 Comparação entre os tópicos para o Segmento Militar.................. 107 5.1.2 Comparação entre os tópicos para o subgrupo de Oficiais-
Generais............................................................................................... 108
5.1.3 Comparação entre os tópicos para o Segmento Industrial............ 110 5.1.4 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Militar 112 5.1.5 Comparação entre os tópicos aos pares para o subgrupo dos
16
Oficiais-Generais................................................................................. 113 5.1.6 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento
Industrial.............................................................................................. 114
5.1.7 Elementos de SLI com relevância estatística................................... 117 5.1.8 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o
Segmento Militar................................................................................. 118
5.1.9 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento Industrial............................................................................
126
5.1.10 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por Elemento do SLI...........................................................................
128
5.1.11 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por itens dos Elemento do SLI...........................................................
130
5.1.12 Comparação dos ramos de atividade do Segmento Militar............ 132
6 CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES..................................................... 134
REFERÊNCIAS���������......������...........���.����.. 139
APÊNDICE A � QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR.................................. 149
CARTA AO ENTREVISTADO���������������������.. 149 SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO���������.. 150 QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR����������������... 151
APÊNDICE B � QUESTIONÁRIO DO SEGMENTO INDUSTRIAL.................... 158
CARTA AO ENTREVISTADO���������������������.. 158 SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO���������.. 160 QUESTIONÁRIO SEGMENTO INDUSTRIAL��������������... 162
APÊNDICE C � GRÁFICOS............................................................................... 172
17
1 INTRODUÇÃO
Exatamente no momento em que se realiza este trabalho, o Brasil enfrenta uma
grave crise econômica. A �economia do Brasil sofreu, no ano passado, a sua pior queda
em um quarto de século, com a queda global das commodities, uma crise política
interna e o aumento da inflação, que forçaram ao corte dos gastos e à redução dos
empregos�12 (ALLEN, 2016), tendo como reflexos o fato de que �as expectativas para o
futuro não são positivas� (IBOPE, 2015, p. 01). Essa crise impacta sobremaneira todos
os projetos em andamento para aquisição de produtos de defesa, em especial: os
programas de desenvolvimento de submarinos convencionais e de propulsão nuclear
da Marinha do Brasil (PROSUB); os projetos Guarani, Astros 2020 e SISFRON do
Exército; e o projeto de aquisição dos caças Gripen NG, da Força Aérea Brasileira.
Tomando-se por base o ambiente regional no qual o Brasil se insere, não restam
muitas dúvidas de que, levando-se em consideração os conflitos interestatais, �a
América do Sul encontra-se dentre as regiões menos violentas do planeta� (ALSINA
JUNIOR, 2009, p.179). Essa aparente condição de estabilidade regional tem levado os
países da região a concentrarem seus esforços nacionais na busca do desenvolvimento
econômico e social, em detrimento aos investimentos na área de defesa, com graves
efeitos para esse setor. Constata-se, assim, que a questão orçamentária desponta
como um dos principais óbices aos projetos de reestruturação das Forças Armadas.
Ainda, no Brasil o grau de importância atribuído ao fomento da estabilidade
regional e da negação de pretensões hegemônicas tem apresentado como reflexo uma
baixa articulação entre as políticas externa e de defesa, com graves prejuízos para esta
última. Alia-se a essa situação a percepção de que a adoção de atitudes mais incisivas
no campo da segurança poderia ser um �fator negativo para o avanço dos interesses
econômico-comerciais brasileiros, ao dar ensejo a ressentimentos e desconfianças nos
Estados vizinhos� (ALSINA JUNIOR, 2009, p. 181).
1 No decorrer do trabalho serão apresentadas diversas citações de obras escritas em idiomas estrangeiros. Todas as passagens serão apresentadas em Português e, quando se acreditou ser conveniente e oportuno, o trecho no original da obra consultada foi apresentado no rodapé. 2 Texto de autoria de Katie Allen, publicado no jornal �The Guardian�, no dia 03 de março de 2016, no original: �Brazil�s economy suffered its worst slump for quarter of a century last year as a global commodity rout, a domestic political crisis and rising inflation forced businesses to slash spending and jobs�.
18
Talvez por essa razão, nota-se que o Brasil tem investido cada vez menos em
defesa. Segundo José Goñi, ex-ministro da Defesa do Chile entre 2007 e 2009, esse
�quadro precisa mudar e a região deve investir mais em pesquisas para aprimorar as
capacidades em defesa e, desse modo, diminuir sua dependência estratégica de
fornecedores externos de tecnologia� (SAINT-PIERRE; PALACIOS JUNIOR, 2014, p.32).
No âmbito do Comando do Exército, o portal da transparência do governo federal
mostra que no ano de 2014, a Força Terrestre foi responsável pela execução
orçamentária de R$ 34,3 bilhões de reais.
Pode-se concluir que o perfil de gastos de defesa do Brasil não permite o
atendimento em quantidade compatível com a demanda e o nível de modernização que
proporcionariam à Força Terrestre a capacidade para ser empregada de forma eficaz.
A Estratégia Nacional de Defesa (END)3 estabelece que o Exército Brasileiro
cumprirá sua destinação constitucional sob a orientação dos conceitos estratégicos de
flexibilidade4 e elasticidade5. Define, ainda, que a flexibilidade inclui o requisito
estratégico de mobilidade (BRASIL, 2012).
É certo que a flexibilidade e a elasticidade somente são atingidas mediante a
operacionalidade plena dos sistemas de equipamentos militares. No caso em análise,
somente com o emprego de recursos de forma econômica e eficiente, os resultados
relativos à operacionalidade plena poderão ser atingidos.
Por sua vez, a Política Nacional de Defesa (PND)6 assevera que:
Torna-se essencial estruturar a Defesa Nacional de modo compatível com a estatura político-estratégica do País para preservar a soberania e os interesses
3 A Estratégia Nacional de Defesa � END � é documento formalizado por Decreto aprovado pelo Presidente da República, mas do qual participaram na sua elaboração um Comitê Ministerial, criado com esta finalidade específica, e consultoria especializada de cidadãos nacionais renomados em conhecimento no assunto, bem como dos Comandantes das três Forças Armadas �Aeronáutica, Exército e Marinha. (CARVALHO DE OLIVEIRA; VIANA e SILVA, 2011, p. 01). 4 A Estratégia Nacional de Defesa define o termo flexibilidade - �capacidade de empregar forças militares com o mínimo de rigidez preestabelecida e com o máximo de adaptabilidade à circunstância de emprego da força� (BRASIL, 2012, p. 75, grifos nossos). 5 A Estratégia Nacional de Defesa define o termo elasticidade - �capacidade de aumentar rapidamente o dimensionamento das forças militares quando as circunstâncias o exigirem, mobilizando em grande escala os recursos humanos e materiais do País� (BRASIL, 2012, p. 77, grifos nossos). 6 A �Política Nacional de Defesa (PND) é o documento condicionante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada essencialmente para ameaças externas, estabelece objetivos e orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil em todas as esferas do Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional�. (BRASIL, 2012, p. 11).
19
nacionais. Assim, da avaliação dos ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais de Defesa:
[�]
XI � desenvolver o potencial de logística de defesa [�] (BRASIL, 2012, p. 29-30).
Para a consecução dos Objetivos Nacionais de Defesa, a Política Nacional de
Defesa estabelece como diretriz estratégica o aprimoramento da logística militar.
Da mesma forma, propõe como Objetivo Nacional de Defesa a estruturação das Forças
Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com
os planejamentos estratégicos e operacionais (BRASIL, 2005).
Tomando-se como referencial a definição contida no manual �Logística - EB20-
MC-10.204� - a logística militar é �o conjunto de atividades relativas à previsão e à
provisão dos recursos e dos serviços necessários à execução das missões das Forças
Armadas� (BRASIL, 2014, p. 1-3).
Importa destacar que os custos de pós-produção, incluindo a logística, excedem
os custos de desenvolvimento e produção em duas ou três vezes (FLINT, 2007;
GEARY; VITASEK, 2008).
No mesmo sentido, Glas e colaboradores (2013) informam que pesquisas
indicam que as �despesas de suporte a um sistema de armas, incluindo as relacionadas
à logística, podem exceder em duas ou três vezes os custos de desenvolvimento e
produção do sistema� (GLAS e colab., 2013, p. 97, tradução nossa).
Da mesma forma, argumentam Gruneberg e colaboradores (2007) que hoje, os
�Estados Unidos da América gastam mais em peças de reposição e na reparação de
sistemas do que na compra de novos equipamentos, o que demanda novas estratégias
para as mudanças recentes� (GRUNEBERG e colab., 2007, p. 692).
Acrescenta-se que, quanto mais complexos os materiais, mais altos serão os
custos estimados de sua manutenção operacional. Quando se trata de produtos de
defesa (PRODE), essa relação tende a se agravar ainda mais, principalmente devido à
especificidade do material e à carência de fornecedores e de consumidores.
Visualizando tal óbice, a OTAN estabelece um instrumento normativo que orienta
a inclusão da ferramenta chamada Suporte Logístico Integrado (SLI) em programas
armamentistas multinacionais, pois as decisões acerca dos �requisitos de suporte têm o
20
maior impacto no desempenho do sistema, no seu custo ao longo da vida útil e na
sustentabilidade, quando tomadas no início do período de concepção de um projeto e
de um sistema� (OTAN, 2011, p. 01).
Este raciocínio foi o mesmo utilizado por Blanchard (2013), ao esquematizar os
custos durante o ciclo de vida de um sistema na forma de �iceberg�, conforme
demonstrado na Figura 8 abaixo:
Em sua divisão, o autor caracteriza o custo da aquisição do item propriamente
dito, como a ponta de um �iceberg�, no qual a porção submersa esconde a maior parte
de seu volume. Segundo ele, para muitos sistemas,
os custos associados ao desenvolvimento, construção, aquisição, e instalação dos equipamentos principais, produção e assim por diante, são relativamente bem conhecidos. Nós negociamos e tomamos decisões normalmente baseados nesses custos; contudo, os custos associados à utilização e manutenção e suporte ao sistema ao longo da sua vida estimada estão, de certa forma, escondidos (BLANCHARD, 2013, p.24, tradução nossa).
Assim, é notável a necessária e efetiva mudança no gerenciamento do processo
de preparação para operações no ambiente do amplo espectro que caracteriza o
emprego militar. Faz-se mister otimizar ao máximo os recursos disponíveis. A
obsolescência dos equipamentos, a complexidade na sua manutenção, a demanda por
Figura 1 - O problema da visibilidade total dos custos Fonte: BLANCHARD, 2013, p. 25
21
qualificação do pessoal (tanto de operação, como de manutenção), assim como outras
diversas variáveis precisam ser consideradas para a tomada de decisões estratégicas
acertadas, que garantam a operacionalidade das Forças Armadas no presente e no
futuro. Há necessidade da busca de soluções modernas, que atuem no sentido da
preparação e desenvolvimento das capacidades necessárias para o desempenho das
suas funções constitucionais, em um ambiente cada vez mais complexo.
Dentro desse panorama, entende-se ser recomendável a sistematização de um
processo que seja capaz de padronizar procedimentos nas aquisições de produtos de
defesa, identificando os parâmetros determinantes da melhor relação custo-benefício e
os riscos no atingimento dos objetivos.
Nesse sentido, o presente trabalho desenvolveu como tema o Suporte Logístico
Integrado (SLI) e teve por objeto de estudo seus elementos integrantes, com o escopo
de identificar quais dentre eles podem ser determinantes das decisões estratégicas dos
processos de aquisição de sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.
A delimitação da pesquisa atende aos seguintes fatores:
1) Para fins deste estudo, produtos e sistemas militares complexos são
definidos como bens de capital, sistemas ou unidades de controle de alto custo e alta
tecnologia (HOBDAY, 2000). A dificuldade na produção, integração e desenvolvimento
deste tipo de produto/sistema é a característica mais emblemática do seu processo
produtivo.
2) As viaturas blindadas de combate são sistemas que, por sua alta
complexidade tecnológica e alto custo de investimento e manutenção, são
representantes fidedignos do universo de sistemas militares complexos;
3) A qualificação da tese é baseada em pesquisa quantitativa (survey) com
quatro indústrias de produtos de defesa, sendo duas nacionais e duas alemãs,
fabricantes de diversos produtos de alta complexidade tecnológica. A pesquisa será
restrita a empresas que aceitaram o convite para participarem do estudo, sendo que o
número de colaboradores com o estudo foi limitado à quantidade disponibilizada pelas
mesmas. Além disso, foram selecionadas apenas empresas fabricantes de viaturas
blindadas de combate em utilização pelo Exército Brasileiro.
22
4) A elaboração de um questionário piloto, enviado via web a um efetivo do
segmento militar - delimitado aos oficiais-alunos do mestrado e doutorado do segundo
ano do Curso de Estado-Maior do Exército (Turma 15/16) - e à empresa Avibrás
(participante do segmento industrial), teve por escopo fornecer subsídios que
permitiram o aperfeiçoamento do questionário final, evitando ambiguidades e
dificuldades de interpretação.
5) A literatura compulsada acerca do Suporte Logístico Integrado demonstra
a existência de concepções de origem militar e acadêmica. A pesquisa utilizará o
referencial teórico acadêmico e trará a visão militar mediante o levantamento de dados
por meio de questionário aplicado no universo de militares do Exército Brasileiro.
Observa-se que o Exército Brasileiro sinaliza as viaturas blincadas de combate
como componente material vital da função de combate movimento e manobra. O
Escritório de Projetos do Exército (EPEx)7, define o postfólio estratégico do Exército
como sendo dividido em três vertentes principais: defesa da sociedade, geração de
força e dimensão humana. O primeiro grupo abrange sete programas estratégicos, dos
quais dois deles correspondem a viaturas blincadas: Guarani e Astros 2020. Isso
demonstra a importância estratégica das viaturas blindadas de combate.
Da mesma forma, os irmãos Carvalho (2016) aduzem que as transformações
atuais trazidas pelos conflitos híbridos apontam para um novo caminho a seguir. O uso
de munições especiais, armas tecnológicas e o combate em ambiente urbano
(multiplicador do poder de combate do oponente pelas características do ambiente
operacional) tornaram a Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBCCC) o
"único tipo de veículo com couraça capaz de sobreviver aos repetidos ataques destas
armas e ainda ser capaz de interditar e negar o livre movimento do inimigo"
(CARVALHO, E.; CARVALHO, R., 2016, p. 66).
Os autores, ilustram o caráter da alta complexidade tecnológica e alto custo de
investimento e manutenção, que tornam as viaturas blindadas um sistema militar
complexo, haja vista que os carros de combate "são os itens terrestres mais caros no
7 O EPEx é o órgão de coordenação executiva do Estado Maior do Exército (EME) para fins de
governança do Portfólio Estratégico do Exército, constituindo-se no escritório de projetos de mais alto nível da Força. Seu domínio na internet pode ser acessado pelo seguinte endereço: http://www.epex.eb.mil.br/.
23
inventário de um exército", sendo premente a solução da sua manutenibilidade. A sua
manutenção exige dedicação quase que exclusiva do pessoal especializado
podendo causar o comprometimento do bom andamento da operação, como recentemente descobriram os britânicos no Iraque, onde os custos associados com o emprego da Força de CCs Challenger 2 ocasionou gastos inesperados e uma taxa de ocupação da linha de suprimentos de cerca de 70% (CARVALHO, E.; CARVALHO, R., 2016, p. 67).
Por fim, a pesquisa utiliza o modelo de gestão do ciclo de vida delineado pelas
Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego
Militar (EB10-IG-01.018), tendo por premissa a aplicação do termo aquisição como
gênero para as seguintes espécies de SMEM:
I - sistema ou material a ser pesquisado e desenvolvido por iniciativa do
Exército;
II - sistema ou material em uso corrente no Exército, em processo de
revitalização, repotencialização ou modernização;
III - sistema ou material em desenvolvimento ou já desenvolvido, por iniciativa
de terceiros, de interesse do Exército.
Dessa forma, o presente estudo é aplicável à obtenção de sistemas militares por
meio da: a) aquisição; b) pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I); c) aquisição e
por PD&I (conjugando a visão temporal e evolutiva das capacidades).
1.1 PROBLEMA
Quais elementos do Suporte Logístico Integrado são requisitos logísticos
determinantes na concepção integrada durante a fase de formulação conceitual da
Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar complexos?
1.2 JUSTIFICATIVA
O que o presente trabalho buscou foi contribuir para a adequação,
sustentabilidade e estabelecimento de estratégias logísticas aplicáveis ao processo
decisório inerente à aquisição de produtos de defesa complexos pelo Exército
Brasileiro.
A pesquisa realizou uma investigação científica sobre o processo de aquisição
de sistemas militares complexos. O objetivo prioritário foi contribuir para a elaboração
24
de processo sistêmico, com a inserção de parâmetros que permitam a que o Exército
Brasileiro adquira produtos de defesa complexos mediante a avaliação prévia de
elementos de Suporte Logístico Integrado mais relevantes.
É notório que se leva um tempo considerável para se realizar o desenvolvimento
e a aquisição de produtos de defesa, muitos dos quais não atingem as expectativas
operacionais em termos de qualidade, desempenho, índice de disponibilidade e custo-
benefício.
Observa-se, por exemplo, que o Exército Brasileiro alinhado nessa direção,
estabeleceu em 10 de fevereiro de 2016 a Diretriz para a Implantação da Diretoria de
Sistemas e Material de Emprego Militar. Como uma das justificativas para a criação
dessa Diretoria, destaca-se:
O Processo de Transformação do Exército levou ao estabelecimento de variados projetos estratégicos e projetos estruturantes, todos eles contemplando a obtenção de sistemas e materiais de emprego militar com elevado grau de complexidade tecnológica. Com intuito de atender a todas estas demandas complexas e, principalmente, de entregar à Força Terrestre capacidades com as qualidades desejadas e nos prazos adequados, torna-se essencial a criação de uma organização altamente especializada e com a competência de estruturar a melhor solução possível, sob o ponto de vista estratégico, operacional, científico-tecnológico e administrativo (BRASIL, 2016, p.36, grifo nosso).
Os benefícios de um efetivo e sustentável Suporte Logístico Integrado �resultam
em um sistema de armas operacional, no aperfeiçoamento funcional do planejamento
estratégico e em custos operacionais reduzidos� (LAMBERT, 2008, p. 12, tradução
nossa). É nesse mesmo azimute que a OTAN estabelece que o processo do SLI deve,
em relação ao ciclo de vida, �começar na fase de concepção do programa armamentista
e continuar ao longo de toda sua vida útil (OTAN, 2011, p. 02, tradução nossa).
Da mesma forma, para Blanchard (2013) a logística deve ser considerada como
um �elemento inerente ao próprio desenvolvimento do sistema, haja vista que ela
constitui a maior atividade a ser desenvolvida na construção e/ou produção do sistema
e de seus componentes� (BLANCHARD, 2013, p. 01, tradução nossa).
25
1.3 OBJETIVO
O presente estudo buscou fornecer subsídios e dados científicos concretos,
como pressuposto teórico para o aperfeiçoamento do processo de aquisição de
produtos de defesa complexos pelo Exército Brasileiro, calcado na definição prévia de
fatores críticos que afetam os sistemas militares, particularmente no pós-venda.
Pretendeu-se, dessa forma, definir um novo conceito que inclua elementos de Suporte
Logístico Integrado diretamente no processo decisório dos altos escalões quando da
formulação conceitual que visa à aquisição de produtos de defesa complexos.
Também se pretendeu colaborar com a Força Terrestre em termos de fornecer
subsídios e, complementarmente instruções, que permitam à complementação das
Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego
Militar (EB10-IG-01.018), em especial no que concerne aos Requisitos Técnicos,
Logísticos e Industriais (RTLI) durante a fase da formulação conceitual.
Adicionalmente, acreditou-se na possibilidade de ilustrar às autoridades civis e
militares, em diferentes níveis, a real necessidade do estabelecimento de um processo
sistematizado de aquisições militares, assim como é realizado em diversas potências
militares do planeta, adotando-se um modelo de gestão pública adequado às
características nacionais e à estatura político-militar do país.
1.4 HIPÓTESE
Acredita-se que a análise dos elementos do SLI, na fase decisória acerca da
aquisição, possa contribuir sobremaneira à seleção dos requisitos técnicos, logísticos e
industriais mais apropriados ao projeto de aquisição específico. Além disso, possibilita a
adoção de um processo sistematizado e a uma correta avaliação do sistema militar que
está em exame para fins de aquisição pelo Exército Brasileiro.
Visualiza-se, portanto, que os elementos do Suporte Logístico Integrado são
altamente relevantes, sendo assim requisitos logísticos determinantes na concepção
integrada durante a fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo de Vida dos
Sistemas e Materiais de Emprego Militar complexos.
26
1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA
A pesquisa foi estruturada em seis capítulos.
A Introdução foi desenvolvida prioritariamente com o propósito de avaliar o
cenário atual dos investimentos em defesa no Brasil e sua influência sobre a gestão dos
materiais de defesa, delinear o tema, seu problema e apresentar as hipóteses de
pesquisa.
No segundo capítulo, onde se abordou o referencial metodológico, foram
explorados o método de abordagem, o método de procedimento, assim como as
técnicas para a coleta de informações. Ainda, foram discriminados o universo da
pesquisa e o tipo de amostragem. Também foi descrita a metodologia estatística
adotada na pesquisa.
O referencial teórico foi explorado no terceiro capítulo, onde se realizou uma
pesquisa exploratória com o objetivo de obter uma clara definição teórica acerca do
Suporte Logístico Integrado.
Os Elementos de Suporte Logístico Integrado foram estruturados e discutidos
no quarto capítulo. Orientou-se a pesquisa de maneira integrada sobre as diversas
variáveis componentes do SLI e como elas podem influenciar o processo de aquisição
de sistemas militares complexos.
Os resultados obtidos na pesquisa de campo foram apresentados e discutidos
no quinto capítulo.
Por fim, o sexto capítulo, entitulado de �Conclusão e Contribuições�, teve o
intuito precípuo de verificar se a hipótese levantada como resposta ao problema
formulado se apresentou válida após a realização da pesquisa, inferindo-se sobre a
importância relativa dos Elementos do Suporte Logístico Integrado para o processo de
aquisição de produtos de defesa complexos.
27
2 REFERENCIAL METODOLÓGICO
2.1 VARIÁVEIS
Segundo Marconi e Lakatos (2014), a toda hipótese corresponde ao menos
duas variáveis, que são conceitos operacionais que contém ou apresentam valores, tais
como quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços, etc. Sendo esse
conceito, por sua vez, um objeto, processo, agente, fenômeno ou problema.
(MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 108).
Na presente pesquisa foram definidas as seguintes variáveis:
a) Suporte Logístico Integrado � variável independente global (X);
b) Fase decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo �
variável dependente (Y); e
c) Elementos do Suporte Logístico Integrado � variáveis componentes (P). São
consideradas as seguintes variáveis como elementos de Suporte Logístico Integrado:
a. Plano de Manutenção;
b. Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte;
c. Suprimento;
d. Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte;
e. Documentação técnica;
f. Instalações e infraestrutura;
g. Pessoal especializado;
h. Treinamento, instrução e suporte;
i. Recursos computacionais;
j. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade;
k. Gerenciamento da configuração;
l. Requisitos operacionais do sistema;
m. Obsolescência; e
n. Descarte.
28
2.1.1 Definição conceitual das variáveis
A variável é um conceito que contém diversos valores admitindo a existência de
uma variável independente e de uma variável dependente. A variável independente,
conforme relata Van Evera, é aquela que enquadra o fenômeno causal de uma teoria,
ou a hipótese. Já a dependente é a que configura o fenômeno causado pela variável
independente (VAN EVERA, 1997).
Para Marconi e Lakatos (2014), �a variável independente é aquela que
influencia, determina ou afeta outra variável�. Assim, consubstancia-se como um fator
determinante, ou uma condição ou, ainda, uma causa para determinado resultado ou
consequência (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 122).
A variável independente global - muito comum nas ciências sociais - é aquela
que engloba diversos elementos, conceitos ou indivíduos, podendo ser caracterizada
por uma pluralidade de dimensões (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 138).
Já a variável dependente �consiste naqueles valores (fenômenos, fatores) a
serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou
afetados pela variável independente� (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 122).
2.1.2 Relação entre variáveis
A pesquisa investigou a influência relativa das variáveis componentes (P) -
elementos de Suporte Logístico Integrado � sobre a variável dependente (Y): fase
decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo.
Na análise da relação entre uma variável independente global (o Suporte
Logístico Integrado) e uma variável dependente (fase decisória do processo de
aquisição de sistema militar complexo) é importante saber qual das variáveis
componentes do conceito global ou quais delas associadas se configuram como o
responsável decisivo pela variável dependente observada. O Suporte Logístico
Integrado é um conceito global, composto por diversos elementos integrantes, que se
caracterizam como sendo os subconceitos ou variáveis componentes na pesquisa.
29
2.2 MÉTODO DE ABORDAGEM
A pesquisa utilizou o método de abordagem indutivo, que tem o propósito de,
partindo de dados particulares suficientemente constatados, inferir uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. O método indutivo é responsável pela
generalização, isto é, parte-se de algo particular para uma questão mais ampla. Assim,
pretende-se partir de premissas e, por meio de um argumento indutivo correto,
sustentando-se sua verossimilhança, chegar a uma conclusão cujo conteúdo seja mais
amplo do que o contido nas premissas.
Nesse sentido, utilizou-se o conceito formulado por Mill (1843), segundo o qual a
indução é �a operação mental pela qual inferimos que aquilo que sabemos ser
verdadeiro em um caso ou casos específicos, será verdadeiro em todos os casos que
se assemelham ao primeiro em certos aspectos designáveis� (MILL, 1843, p. 352,
tradução nossa).
De acordo com o método indutivo, baseando-se na observação e análise dos
fatos e fenômenos, buscar-se-á a sua aproximação a fim de descobrir a relação
constante existente entre eles. Segundo os ensinamentos de Mill (1843), a indução é
�um processo de inferência, que procede do conhecido ao desconhecido� (MILL, 1843,
p. 352, tradução nossa).
Dessa forma, baseando-se em premissas verdadeiras, pretende-se chegar a
uma conclusão que seja sustentável e verossímil quando da generalização dessa
relação.
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam (MARCONI; LAKATOS,
2007, p. 86).
Assim, no raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos
da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações. A presente pesquisa estudou os elementos de Suporte Logístico
Integrado mediante pesquisa bibliográfica e de levantamento de dados (survey). Esta
última utilizou como base referencial, os dados de Suporte Logístico Integrado
aplicáveis a viaturas blindadas de combate, que são uma espécie do gênero sistema
30
militar complexo. Dessa forma, os resultados obtidos para o universo considerado de
viaturas blindadas de combate foram generalizados para os processos de aquisição de
qualquer sistema militar complexo.
2.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO
No que tange ao método de procedimento, o trabalho empregou, de forma
concomitante, os seguintes métodos: comparativo, monográfico e estatístico.
O método comparativo estuda semelhanças e diferenças entre diversos tipos de
grupos e sociedades, realizando comparações com a finalidade de verificar similitudes e
explicar divergências. Esse método �permite analisar o dado concreto, deduzindo do
mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui uma verdadeira
'experimentação indireta'� (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 89).
O trabalho realizou uma análise comparativa, a partir da metodologia
investigativa proposta por Mill (1843), segundo o qual �os mais simples e óbvios
métodos de destaque de circunstâncias dentre as quais precedem ou se sucedem a um
fenômeno, com as quais estão realmente conectadas por uma lei invariável�, são: o
Método da Concordância e o Método da Diferença (MILL, 1843, p. 450, tradução
nossa, grifo nosso).
Nesse sentido, esclarece Skocpol (1985) que:
Existem duas vias principais de procedimento. A primeira consiste em tentar estabelecer que um certo número de casos que tem em comum o fenômeno que se pretende explicar partilham também um conjunto de fatores causais, embora variem de outros modos que possam ter parecido causalmente relevantes. Esta abordagem é aquela a que Mill chamou o �Método da Concordância�. O segundo consiste na contrastação que se pode fazer entre os casos nos quais estão presentes os fenômenos a ser explicados e as suas causas hipotéticas e outros casos que, embora tanto os fenômenos como as causas neles se não verifiquem, sejam, noutros aspectos, tão semelhantes quanto possível aos casos positivos. A este processo interpretativo chamou Mill �Método da Diferença�. [...] Na prática, contudo, é frequentemente possível � e certamente desejável �, harmonizar estas duas lógicas comparativas (SKOCPOL, 1985, p. 49, tradução nossa).
Para constatar a importância relativa dos elementos de Suporte Logístico
Integrado, realizou-se uma análise comparativa entre eles, detectando-se qual ou quais
devem integrar o processo de aquisição de sistemas militares complexos.
31
A pesquisa investigou a importância relativa dos elementos de Suporte Logístico
Integrado em relação às viaturas blindadas de combate, inferindo acerca da importancia
da sua inclusão nos processos de aquisição de sistemas militares complexos
conduzidos no âmbito do Exército Brasileiro. Utilizou-se da análise comparativa da
concepção logística constatada no Exército Brasileiro e nas empresas fabricantes das
principais viaturas blindadas de combate utilizadas no Exército Brasileiro, concluindo-se
sobre práticas a serem mantidas e verificando oportunidades de melhoria.
O método monográfico tem como princípio que o estudo de um caso em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos
os casos semelhantes (GIL, 2008). Assim, no método monográfico se estudam
determinadas condições ou grupos com o fito de se obter generalizações típicas do
método de abordagem indutivo. Na presente pesquisa foram estudados os elementos
de Suporte Logístico Integrado, apresentando-se os delineamentos e diretrizes gerais
passíveis de comporem o processo de aquisição de produtos de defesa complexos pelo
Exército Brasileiro.
Conforme Gil, o método estatístico �se fundamenta na aplicação da teoria
estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em
ciências sociais�. (GIL, 2008, p. 17). O método estatístico permite obter �representações
simplificadas partindo-se de conjuntos complexos e constatar se essas verificações
simplificadas se relacionam (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 90). O presente estudo
verificou a relação de causa e efeito entre a inclusão dos elementos de Suporte
Logístico Integrado no processo de aquisição de sistemas militares complexos no
Exército Brasileiro e a sua adequação operacional, efetividade logística8 e financeira no
pós-venda.
2.4 TÉCNICAS
Para a coleta de informações foram utilizadas as técnicas da documentação
indireta, incluindo a pesquisa documental e bibliográfica. Também realizou-se uma
pesquisa de levantamento (survey), abrangendo a observação direta extensiva de uma
8 Segundo o Manual de Campanha EB20-MC-10.204 - �Logística�, que define o termo �efetividade logística� como sendo a capacidade de produzir e obter resultados desejados de forma continuada por meio de processos eficientes, segundo critérios ou normas estabelecidas.
32
amostra de uma população-alvo, utilizando-se o meio do questionário via web, no intuito
de analisar as variáveis componentes (P), ou seja, os elementos de Suporte Logístico
Integrado e sua influência na variável dependente (Y), qual seja, na fase decisória do
processo de aquisição de sistemas militares complexos.
A opção do meio eletrônico teve por fundamento a vantagem de que permite o
acesso a um número maior de respondentes, além de que possibilita a análise
instantânea dos dados coletados. Além disso, em razão da localização em regiões
geograficamente dispersas e da dificuldade de acesso aos respondentes, inclusive com
empresas localizadas na Alemanha, o questionário por meio eletrônico mostrou-se
como a ferramenta mais útil à pesquisa em tela (VERGARA, 2012).
O questionário é um instrumento de pesquisa que permite a coleta de dados
mediante a elaboração de uma série de perguntas que devem ser respondidas sem a
presença do pesquisador (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 89). Esse método de coleta
de dados no campo investiga as variáveis por meio das questões formuladas pelo
pesquisador, que as orienta no sentido de esclarecer o que pretende investigar
(VERGARA, 2012). Segundo Barbetta (2014), o questionário é o instrumento da
pesquisa de levantamento em que �a observação é feita naturalmente e sem a
interferência do pesquisador� (BARBETTA, 2014, p. 25).
Primeiramente elaborou-se um questionário piloto, que é destinado à realização
de um pré-teste, a fim de que pudessem estar consolidados no questionário final, os
requisitos de fidedignidade, validade e operabilidade. Buscou-se também que o
questionário final possuísse um vocabulário acessível e com significado claro. O
questionário piloto foi precedido de consentimento na adesão à pesquisa.
Posteriormente, foi explanada uma nota de esclarecimento conceitual, que visou a
apontar a importância da pesquisa, despertar o interesse pelo preenchimento do
questionário, assim como permitir ao leitor o esclarecimento técnico do assunto em
análise (VERGARA, 2012).
O questionário piloto foi submetido à aprovação de um júri de avaliação
composto pelos professores doutores: Cel Carlos Eduardo De Franciscis Ramos; João
Marcelo Dalla Costa; e Ricardo Borges Gama Neto.
33
Após aprovação, o questionário piloto foi enviado a uma amostra reduzida do
segmento militar e do segmento industrial. Após a organização, tabulação dos dados e
consolidação dos resultados obtidos, os questionários finais foram validados e
aplicados conforme o universo amostral da pesquisa. Os dados primários coletados
foram avaliados conforme os objetivos pretendidos, a fim de checar as hipóteses
levantadas na presente pesquisa científica.
Teve-se como principal objetivo a realização de inferências a partir de resultados
obtidos em amostras representativas (CERVI, 2008). Assim, pretendeu-se estabelecer
uma relação de causa e efeito, para constatar em que medida os elementos de SLI
podem ser relevantes para o processo de aquisição de sistemas militares complexos
(VENESSON, 2008).
2.5 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO
De acordo com Marconi e Lakatos, universo ou população �é o conjunto de seres
animados ou inanimados que representam pelo menos uma característica em comum�.
As mesmas autoras afirmam ainda que a amostra é �uma porção ou parcela,
convenientemente selecionada do universo (população)� (MARCONI e LAKATOS,
2010, p. 206). No mesmo sentido, Barbetta relata que a �população é o conjunto de
elementos para os quais desejamos que as nossas conclusões sejam válidas [...] uma
parte desses elementos é dita uma amostra� (BARBETTA, 2014, p. 15, grifos do autor).
Na presente pesquisa, considerou-se como população o Segmento Militar e o
Segmento Industrial. O Segmento Militar foi representado por conglomerados de
oficiais, subtenentes e sargentos com conhecimento adequado da área de aquisição,
gerenciamento ou manutenção de sistemas militares complexos, identificados em três
diferentes estratos: a) nível decisório; b) nível técnico; c) ensino9.
Para a fase quantitativa do trabalho, o segmento militar foi estruturado em três
estratos conforme segue:
9 Os dados referentes ao segmento militar foram obtidos na base de dados do Departamento Geral do Pessoal (DGP), órgão central responsável pelo controle de pessoal do Exército Brasileiro.
34
1) Estrato I - nível decisório
Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento de oficiais no
serviço ativo do Quadro de Estado-Maior das Armas (QEMA) do Exército e que
desempenham atualmente funções de assessoria dos altos escalões do Comando do
Exército. Engloba, também, os Oficiais-Generais até o último posto da carreira,
responsáveis diretos pela assessoria na tomada de decisões estratégicas de aquisições
de produtos de defesa de alta tecnologia. Nesse estrato estão presentes, ainda, os
Oficiais-Generais e oficiais do QEMA do Quadro de Material Bélico e oficiais generais e
oficiais do Quadro de Engenheiros Militares, que são os responsáveis no Exército
Brasileiro pelas decisões estratégicas de apoio logístico e manutenção dos
equipamentos militares durante o seu ciclo de vida.
Assim, o estrato é composto por:
a) Oficiais das Armas e do Quadro de Material Bélico (QMB) no serviço ativo,
pertencentes ao Quadro de Estado-Maior das Armas do Exército (QEMA)10, formados
na Academia Militar das Agulhas Negras entre 1977 e 1999; e
b) Oficiais do Quadro de Engenheiros Militares (QEM), com formação
concluída entre 1977 e 1999.
Nesse sentido, a amostra foi composta por 825 (oitocentos e vinte e cinco
militares).
2) Estrato II - nível técnico
Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento dos militares
especialistas que servem em Organizações Militares (OM) responsáveis pela
manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro.
Compõe o estrato o seguinte universo:
- Oficiais e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de viaturas (Mec
Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Mnt Armt) das seguintes Organizações
Militares do Exército:
10 Foram incluídos no universo da pesquisa os alunos que estão cursando o segundo ano da Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), pois os mesmos terão concluído o curso à época da remessa dos questionários e do término deste trabalho.
35
1. Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3); 2. Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5); 3. Parque Regional de Manutenção da 9ª Região Militar (Pq R Mnt/9); 4. Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP).
Nesse sentido, esse estrato foi composto por 131 (cento e trinta e um) militares.
3) Estrato III - nível ensino
Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento dos militares
especialistas em sistemas de alta tecnologia e que servem nas Organizações Militares
(OM) responsáveis pela instrução de manutenção desses equipamentos no Exército
Brasileiro. O universo é composto por:
a) Oficiais instrutores e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de
viaturas (Mec Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Armt) monitores da Escola de
Sargentos de Logística (Es S Log); e
b) Oficiais instrutores e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de
viaturas (Mec Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Armt) monitores do Centro de
Instrução de Blindados (C I Bld).
Este estrato, por sua vez, foi composto por 95 (noventa e cinco) militares.
4) Estrato IV - segmento industrial
O segmento industrial, que compõe o Estrato IV, é constituído por
representantes especialistas em SLI das seguintes empresas:
a) Krauss-Maffei Wegmann (KMW); b) Rheinmetall Land Systems (RLS); c) Avibrás Indústria Aeroespacial S/A; e d) IVECO.
Este estrato foi composto por 09 (nove) especialistas.
O segmento industrial foi definido com base nas principais viaturas blindadas de
combate � sistemas militares complexos - em utilização no Exército Brasileiro:
LEOPARD, GEPARD, ASTROS e GUARANI. Nesse sentido, as empresas alemãs
Krauss-Maffei Wegmann (KMW) e Rheinmetall Land Systems (RLS) foram
selecionadas por serem as fabricantes (OEM � Original Equipment Manufacturer) das
viaturas blindadas carros de combate (VBC) e das viaturas blindadas de apoio da
36
plataforma LEOPARD, além do sistema de defesa antiaéreo GEPARD, veículos que
guarnecem as duas Brigadas Blindadas do Exército Brasileiro (5ª Brigada de Cavalaria
Blindada e 6ª Brigada de Infantaria Blindada). A empresa brasileira Avibrás Indústria
Aeroespacial S/A foi selecionada por ser a fabricante da viatura blindada ASTROS
(sistema de foguetes de artilharia para saturação de área). Já a empresa IVECO é a
fabricante do veículo GUARANI, núcleo do projeto que se encontra em fase de
implantação e cujas primeiras viaturas já foram entregues à Força Terrestre.
A técnica utilizada para a estratificação dos segmentos militar e industrial foi a
amostragem por julgamento, por se mostrar mais adequada ao escopo da pesquisa,
estabelecendo-se estratos que �representem razoavelmente bem a população de onde
foram extraídas� (BARBETTA, 2014, p. 54).
2.6 TIPO DE AMOSTRAGEM
A amostragem é uma etapa de grande importância no delineamento da pesquisa,
capaz de determinar a validade dos dados obtidos. O procedimento de amostragem foi
realizado por meio de amostras aleatórias simples, onde os resultados podem ser
projetáveis para a população total utilizando-se da inferência estatística. Nesse tipo de
amostragem, os elementos da amostra são selecionados aleatoriamente e todos eles
possuem probabilidade conhecida de serem escolhidos (MACHADO, 2012).
Em relação ao erro amostral, que é a diferença entre o valor estimado pela
pesquisa e o verdadeiro valor, estabeleceu-se que o erro amostral máximo admitido
pela pesquisa é 10%. Quanto à probabilidade de que o erro amostral efetivo seja menor
do que o erro amostral admitido pela pesquisa, admitiu-se que o nível de confiança seja
de 95%.
Dessa forma, a fim de calcular o tamanho amostral utilizou-se a seguinte fórmula:
37
Onde:
n � amostra calculada
N � população
Z- variável normal padronizada associada ao nível de confiança
p � verdadeira probabilidade do evento
e - erro amostral
A especificação do erro amostral tolerável deve ser feita sobre o enfoque
probabilístico, pois por maior que seja a amostra, existe o risco de o sorteio gerar uma
amostra com características bem diferentes das características da população de onde
ela está sendo extraída.
Assim, para um nível de confiança de 95%, segundo as populações alvo acima
descritas, obtém-se os seguintes valores para cada erro amostral entre 5% a 15%,
considerando-se que o tamanho amostral estipulado garanta análises estatísticas que
serão fidedignas (SANTOS, 2016):
Considerando o universo do Segmento de Militares, para um efetivo considerado
de 1.051 (um mil e cinquenta e um) militares, admitindo-se um erro amostral de 10%,
obtém-se como resultado uma amostra mínima de 89 militares. Já para o Segmento
Industrial, o efetivo amostral é de 09 (nove) especialistas para o erro amostral
considerado.
A pesquisa obteve o seguinte N-Amostral para cada universo considerado:
Segmento Militar: 269 (duzentos e sessenta e nove); Segmento Industrial: 09 (nove).
Dessa forma, foi garantido o tratamento estatístico para os resultados apresentados
neste trabalho.
Após a coleta das informações do universo amostral, foi caracterizada a
distribuição de frequências11. A seguir, foi conduzida uma análise exploratória de dados
na busca de um padrão ou modelo que pudesse orientar análises posteriores. Por meio
da inferência estatística, a partir do universo amostral em tela, os dados estatísticos
codificados permitiram estimar os parâmetros da população-alvo (AGRESTI; FINLAY,
2012).
11 �A distribuição de frequências compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências dos diferentes resultados observados� (BARBETTA, 2014, p. 16).
38
A inferência estatística foi apresentada por meio de estimação intervalar, ou seja,
�por um conjunto de números em torno da estimativa por ponto dentro do qual o valor
do parâmetro deve estar� (AGRESTI; FINLAY, 2012, p. 131), delimitados em seus
extremos pelo intervalo de confiança que, conforme acima explanado, teve como nível
de confiança 0,95 ou 95%. Além disso, a inferência estatística foi precedida do teste de
significância bilateral para a média, considerando como hipótese nula (H0) que a
variável componente analisada (elemento do SLI) é igual ou inferior a 4,60 e como
hipótese alternativa (Ha), que a variável componente assume valor superior a 4,60 para
a média, conforme abaixo representado:
Ho: µ = µ0 µ0 ! 4,60 (µ0 ! ¾ x Média das Amostras); e
Ha: µ " µ0 µ0 > 4,60 (µ0>¾ x Média das Amostras).
A hipótese alternativa considera que os elementos de SLI são altamente
relevantes somente quando apresentam grau de relevância superior a 4,60, em uma
escala de 1 a 5. Esse valor representa o limite de corte do Q3 (o terceiro quartil -
percentil 75%) de todas as médias (42 no total) das amostras consideradas. Assim,
tendo em vista o rigor científico, considera-se determinante apenas a variável (elemento
de SLI) que apresenta média situada no quartil (25%) superior dos segmentos
analisados.
A pesquisa realizou a comparação dos segmentos militar e industrial mediante a
técnica da comparação dos grupos pela razão dos parâmetros observados para cada
variável componente da variável independente global (Suporte Logístico Integrado).
Assim, quanto à amostragem, foi utilizada a classificação de Marconi e Lakatos
(2010). Nesse sentido, os questionários fechados foram empregados segundo uma
abordagem quantitativa, a técnica de amostragem empregada foi a probabilista
estratificada proporcional � a amostragem foi aleatória nos estratos.
O critério para a formação dos estratos teve por finalidade evitar distorções na
composição da amostra. Em virtude de se obter as amostras de forma aleatória, a
amostragem probabilista permitiu o tratamento estatístico nesta fase. A forma
estratificada permite que o pesquisador constitua os estratos, segundo as necessidades
de seu estudo. Em cada estrato levantado pode-se retirar aleatoriamente amostras
39
proporcionais à população total contida em cada um deles, constituindo, assim, o
critério de amostragem probabilista estratificado proporcional (MARCONI e LAKATOS,
2002).
2.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA
2.7.1 Teste de Friedman
O Teste de Friedman é um teste não paramétrico para se verificar se os
tratamentos aplicados junto aos indivíduos surtiram efeito ou não. Esse teste é utilizado
quando há dados pareados e se tem a necessidade de comparar três ou mais variáveis
simultaneamente. Além disso, é um teste utilizado para variáveis quantitativas e
ordinais (como é o caso do estudo conduzido nesta pesquisa). O teste de Friedman é
definido em base da seguinte hipótese:
îíì
diferença. alguma Existe :H
efeito. temnão os tratamentOs :H
1
0
Para se fazer o teste de Friedman, deve-se proceder do seguinte modo:
a) Calcular a estatística de teste
( )( )å
=
+-+
=K
j
j KbRKbK
T1
2 131
12
Onde:
b = tamanho da amostra;
K = número de tratamentos;
Rj = soma dos postos do tratamento j.
b) Obter da tabela Qui-quadrado, o valor 2
ac com (K-1) graus de liberdade tal
que ( ) acc a => 22P
c) Se 2
ac>T , rejeita-se 0H .
40
2.7.2 Teste de Wilcoxon
O Teste de Wilcoxon também é um teste não paramétrico utilizado para se
verificar se o tratamento aplicado junto aos indivíduos surtiu efeito ou não. Esse teste
não paramétrico é utilizado quando se pode determinar tanto a magnitude quanto a
direção dos dados (como é o caso do estudo conduzido nesta pesquisa) e tem-se a
necessidade de comparar as variáveis duas a duas. O teste de Wilcoxon é definido em
base da seguinte hipótese:
îíì
grupos). os entre diferença (há efeito têmos tratamentOs :H
grupos). os entre diferença há (não efeito temnão os tratamentOs :H
1
0
Para fazer o teste de Wilcoxon, deve-se proceder do seguinte modo:
a) Para cada par, calcular iii yxd -= (diferença entre os dois tratamentos);
b) Atribuir postos ( ip ) ao valor absoluto destas diferenças. No caso de empate,
atribuir a média dos postos empatados. (Não se atribui posto a diferenças
iguais a zero);
c) Se 0<id , então o posto ( ip ) assumirá o valor negativo, isto é, ip- ;
d) Obter J = número de observações com postos negativos;
e) Obter L = número de observações com postos positivos;
f) Obter T = soma dos postos com sinal menos freqüente;
g) Obter N = número de diferenças ( ip ) diferentes de zero;
h) Calcular:
Para calcular o teste utiliza-se a seguinte fórmula:
T
Tcal
TZ
sm-
= Onde: ( )
4
1+=
NNTm
( )( )24
121 ++=
NNNTs
Da mesma maneira deve-se concluir que:
- Se 22
aa ZZZ cal ££- , não se pode rejeitar 0H , isto é, a um determinado risco a ,
pode-se dizer que não existe diferença entre os grupos.
41
- Se 2
aZZcal > ou 2
aZZcal -< , rejeita-se 0H , concluindo-se, com risco a , que há
diferença entre os dois grupos.
2.7.3 Teste de Kruskal-Wallis
O Teste de Kruskal-Wallis é aplicado quando há a mesma configuração de dados
do Teste de Mann-Whitney, porém aqui a diferença está em que são comparadas mais
de duas variáveis simultaneamente, ou seja, mede-se apenas se existe diferença entre
os grupos, mas não há conclusão em qual grupo está a diferença. A hipótese para este
teste é a seguinte:
îíì
diferentes são médias das uma menos pelo :
iguais são populaçõesk de médias As :
1
0
H
H
Tratamentos
Elemento da
Amostra 1 2 3 K
in
M
2
1
kknnnn
k
k
xxxx
xxxx
xxxx
L
MMMM
L
L
321 321
2322212
1312111
Procedimento:
1) Ordenar todas as observações independentemente a qual amostra pertença e
atribuir postos (classificação ordinal).
2) Somar os postos das observações de cada amostra.
3) Calcular:
4) )1(3)1(
12
1
2
0 +-+
= å=
Nn
R
NNT
k
i i
i
Onde:
atamentosulações/trgrupos/pop de número K
nN
i amostra da tamanho n
i amostra da postos dos soma
1
i
=
+++=
=
=
k
i
nn
R
K2
42
5) Obter da tabela Qui-Quadrado, o valor 2
ac com (k-1) graus de liberdade tal que
acc a => )( 22P .
6) Se ,2
0 ac>T rejeita-se 0H .
2.7.4 Teste de Mann-Whitney
O Teste de Mann-Whitney é um teste não paramétrico (utilizado em baixas
amostragens). Esse teste é usado quando há amostras independentes e tem-se a
necessidade de comparar sempre duas-a-duas as variáveis. Assim, ele é composto
pela seguinte hipótese:
îíì
diferentes populações de são amostras duas As
população única uma de proveêm amostras duas As
:
:
1
0
H
H
Procedimento:
a) Ordenar todas as observações independentemente a qual amostra pertença e
atribuir postos;
b) Obter
2 grupo ao espertencent sobservaçõe das postos dos soma P
1 grupo ao espertencent sobservaçõe das postos dos soma
2
1
=
=P
( )2
1111
+-=
nnPT
c) Calcular
( )12
1
2
2121
21
0++
-=
nnnn
nnT
T
onde:
2 amostra da tamanho n
1 amostra da tamanho
2 =
=1n
d) Obter na tabela normal padrão, o valor 2
aZ tal que ( )22
aa => ZZP e
( )22
aa =-< ZZP
43
e) Se 2
0 aZT > ou 2
0 aZT -< , rejeite 0H
2.7.5 Intervalo de Confiança para Média
O intervalo de confiança para a Média é uma técnica utilizada quando se quer ver
o quanto a média pode variar numa determinada probabilidade de confiança. É um tipo
de estimativa por intervalo de um parâmetro populacional desconhecido, calculado a
partir de observações, e que pode variar de amostra para amostra. Uma certa
frequência (nível de confiança) inclui o parâmetro de interesse real não observável.
Como os dados observados são amostras aleatórias da população, o intervalo de
confiança construído a partir dos dados também é aleatório. Entretanto, o intervalo de
confiança calculado a partir de uma amostra particular não inclui necessariamente o
valor real do parâmetro. Quando se tem 99% de confiança de que o valor real do
parâmetro está no intervalo de confiança, significa que 99% dos intervalos de confiança
observados têm o valor real do parâmetro. Tomando�se qualquer amostra particular, o
parâmetro populacional desconhecido pode ou não pode estar no intervalo de confiança
observado.
O nível de confiança é a frequência com a qual o intervalo observado contém o
parâmetro real de interesse quando o experimento é repetido várias vezes. Em outras
palavras, o nível de confiança seria a proporção de intervalos de confiança construídos
em experimentos separados da mesma população e com o mesmo procedimento que
contém o parâmetro de interesse real. Em geral, refere�se a intervalo de confiança
quando as duas extremidades de estimativa intervalar são finitas.
O nível de confiança desejado é determinado pelo pesquisador, não pelos dados.
Se um teste de hipótese for realizado, o nível de confiança é o complemento do nível de
significância. Isto é, um intervalo de confiança de 95% reflete um nível de significância
de 0,05.
Essa técnica é descrita da seguinte maneira:
as
ms
aa -=÷÷ø
öççè
æ+££- 1
22 nZx
nZxP
44
Onde:
x = média amostral;
2aZ
= percentil da distribuição normal;
s = variância amostral (estatística não viciada da variância populacional);
m = média populacional;
a = nível de significância.
2.7.6 P-valor
Lembra-se que o resultado de cada comparação possui uma estatística chamada
de p-valor. Esta estatística é que ajuda a concluir sobre o teste realizado.
Primeiramente, estabelece-se a hipótese nula ( 0H ) de nenhuma diferença
estatística entre os grupos e a hipótese alternativa ( 1H ) de uma diferença estatística.
Em seguida, seleciona-se um teste estatístico para computar uma estatística de teste,
que é uma medida numérica padronizada da diferença entre os grupos. Sob a hipótese
nula, espera-se que o valor da estatística de teste seja pequeno, mas há uma pequena
probabilidade que essa seja grande, somente por acaso. Uma vez calculada a
estatística de teste, a utiliza-se para calcular o p-valor. O p-valor é definido como a
probabilidade de se observar um valor da estatística de teste maior ou igual ao
encontrado. Tradicionalmente, o valor de corte para rejeitar a hipótese nula ( 0H ) é de
0,05, o que significa que, quando não há nenhuma diferença, um valor tão extremo para
a estatística de teste é esperado em menos de 5% das vezes.
Quando se utiliza um valor de corte de 0,05 para o p-valor, caso o resultado de
p-valor encontrado seja maior que o nível de significância adotado (erro ou a ), concluir-
se-á, portanto, que a hipótese nula ( 0H ) é a hipótese verdadeira, caso contrário,
concluir-se-á que a hipótese alternativa ( 1H ) é a verdadeira.
2.7.7 Legenda
Para fins de interpretação das tabelas demonstrativas dos resultados estatísticos,
utilizou-se a seguinte legenda:
45
1) p-valores: considerados estatisticamente significativos perante o nível de
significância adotado.
2) p-valores: que por estarem próximos do limite de aceitação, são considerados
que tendem a ser significativos (até 5 pontos percentuais acima do valor do alfa
adotado).
3) aaaaaaa: valores que atendem à Hipótese Alternativa.
4) aaaaaaa: Valores que atendem à Hipótese Nula e são menos relevantes.
5) - x -: quando não foi possível utilizar a estatística, nós colocamos estes símbolos.
2.7.8 Software
Para a analise estatística foram utilizados os softwares: SPSS V20, Minitab 16 e
Excel Office 2010.
46
3 REFERENCIAL TEÓRICO
A ordem internacional foi profundamente transformada em razão de dois
acontecimentos detonadores � o final da Guerra Fria e o 11 de Setembro � que
conduziram a alterações substanciais na estrutura de poder mundial. O
desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991
significou o advento de um novo recorte geopolítico mundial, atualmente caracterizado
por um modelo complexo e original na estrutura de poder que pode ser designado por
uni-multipolar. O paradigma do pós-Guerra Fria é caracterizado por uma ordem
multifacetada e complexa, com a coexistência de dois vastos movimentos geopolíticos e
geoestratégicos:
[...] a �grande guerra� contra o terrorismo, a proliferação das armas de destruição massiva e os Estados Párias; e o jogo de �contenções múltiplas� entre a pressão hegemónica dos EUA e os que se batem no sentido de conter ou mesmo contrariar essa hegemonia (TOMÉ, 2003, p. 77, grifos do autor).
A concretização cada vez mais patente do fenômeno da globalização tem
relativizado os conceitos de soberania e autodeterminação. A nova estrutura do poder
mundial altera a relação entre os Estados-Nação, antes alinhados sob o manto das
ideologias capitalista (bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos da América) e
comunista (bloco oriental liderado pela URSS).
Segundo Croft (2008), �o terrorismo global ou a religião são a novidade nos
estudos de defesa e segurança como fatores de segurança internacional�. Não é por
menos que é comprovada a aparição de novos desafios, materializados, por exemplo,
por conflitos regionais, terrorismo e migrações em massa gerando pressões
demográficas, e que têm desafiado a obtenção da paz e segurança internacionais
(CROFT, 2008, p. 502).
Há que se observar que o advento da �Era da Informação� maximiza a
complexidade e a volatilidade das relações do mundo contemporâneo, trazendo consigo
ameaças à segurança e à paz internacional, ainda desconhecidas na sua plenitude, o
que impacta diretamente a Política de Defesa dos Estados. Cabe ao Estado, por meio
da Política, fixar os objetivos políticos por ordem de prioridade, orientando a aplicação
das expressões do Poder Nacional e alocando os recursos para atingi-los. Essas
nuances indicam a necessidade de ajuste e transformação das Forças Armadas, que
47
devem se organizar para o desenvolvimento de novas capacidades, que permitam
torná-las eficientes, em um ambiente operacional extremamente complexo.
A busca da obtenção de novas capacidades passa necessariamente pela
aquisição de novos equipamentos, não só decorrente da evolução natural dos mesmos,
mas também pela suscetibilidade aos ataques da obsolescência, porque no final do seu
ciclo de vida, devido ao desgaste dos materiais, uma taxa de falhas crescente se
associa ao período de mortalidade senil do equipamento. Neste período as falhas se
tornam inevitáveis por perda na resistência dos materiais, originadas por corrosão,
fadiga, trincas, deterioração mecânica, elétrica ou química, causando a baixa
disponibilidade e o aumento exponencial dos custos de manutenção (SELLITTO, 2005).
Com orçamentos cada vez mais limitados e necessidades operacionais
crescentes, �os comandantes militares têm que utilizar os seus limitados recursos de
forma eficiente, combinando fatores como armamento, pessoal e unidades militares
para �produzir� segurança e proteção� (HARTLEY, 2012 p. 01, tradução nossa).
É nesse sentido que Blanchard (2013) assevera ser necessário ter um bom
entendimento do ambiente operacional atual como um pré-requisito para a
determinação dos parâmetros logísticos e requisitos correlacionados. As características
do ambiente devem ser inter-relacionadas e necessitam ser avaliadas de forma
conjunta, a fim de que se possam determinar os requisitos operacionais para o sistema
militar e para a logística e infraestrutura de manutenção (BLANCHARD, 2013 p. 02).
3.1 TRANSFORMAÇÃO MILITAR E O AMBIENTE OPERACIONAL MODERNO
Segundo Sloan (2008) as �origens intelectuais da transformação militar podem
ter seu lastro na �Revolução Técnica Militar (RTM)12 e na Revolução em Assuntos
Militares (RAM)13�. A progressão intelectual começou com a �RTM nos anos 80 e início
dos anos 90, depois prosseguiu para a RAM em meados e final dos anos 90, e
finalmente fez a transição retórica para a transformação militar em torno da virada do
século� (SLOAN, 2008, p. 01-02, tradução nossa).
12 Do Inglês, Military Technical Revolution (MTR). 13 Do Inglês, Revolution in Military Affairs (RMA).
48
O Exército Norte-Americano conduziu pesquisa e desenvolvimento em
tecnologias militares avançadas ao longo da década de 1980, que foram
experimentadas por meio de jogos de guerra e exercícios de simulação. Contudo, essas
tecnologias só puderam ser efetivamente testadas em combate, em 1991, durante a
Guerra do Golfo. Essas tecnologias, que foram cruciais para o sucesso das forças de
coalizão na Guerra do Golfo, �incluindo o desenvolvimento nas áreas de comando e
controle, comunicações, inteligência e sensores de vigilância, munições guiadas com
precisão e a supressão dos sistemas de defesa aérea inimiga� (SLOAN, 2008, p. 02,
tradução nossa).
A revolução tecnológica da Guerra do Golfo chegou a permitir ao Escritório de
Pesquisa do Pentágono14, à realização de uma analogia com o período entre guerras,
quando a Alemanha combinou novas tecnologias que acabaram de emergir nos últimos
estágios da �Primeira Guerra Mundial com as novas mudanças doutrinárias e
organizacionais para produzir sua revolucionária �Blitzkrieg15�, durante a Segunda
Guerra Mundial� (SLOAN, 2008, p. 03, tradução nossa).
Apesar dos grandes avanços trazidos, as Forças Armadas Norte-Americanas
�tiveram que ir além da Revolução Técnica Militar, e olhar mais amplamente para as
mudanças doutrinárias e organizacionais que a acompanham, o que traria uma
Revolução em Assuntos Militares� (SLOAN, 2008, p. 03, tradução nossa).
A crescente evolução experimentada nos equipamentos militares, munições
guiadas com precisão; inteligência, vigilância e reconhecimento, comando e controle,
processamento de comunicações e computação, influenciaram o ciclo de tomada de
decisão em operações, dando origem à Revolução em Assuntos Militares. Nesse
sentido, foi necessária uma modificação no processamento da informação. O chamado
ciclo �observar, orientar-se, decidir e agir (OODA)�16, sofreu uma rápida e profunda
transformação. Com efeito, os �avanços tecnológicos nos anos entre a Guerra do Golfo
e o conflito no Afeganistão foram tais, que em alguns cenários o ciclo OODA foi
14 Aqui se refere ao �Office of Net Assessment�, que é o escritório que serve como o "think tank interno" do Pentágono, que projeta o futuro das forças armadas armericanas para 20 ou 30 anos, muitas vezes com a ajuda de empresas contratadas externas, e produz relatórios sobre os resultados de suas pesquisas. O Diretor do �Office of Net Assessment� é o principal assistente do Secretário de Defesa norte-americano em matéria de projeção de cenários. 15 Forma inovadora de guerra utilizada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. 16 Tradução do conceito do ciclo em Inglês: observe-orient-decide-act (OODA).
49
reduzido de dois ou três dias para menos de trinta minutos (SLOAN, 2008, p. 05,
tradução nossa).
Os irmãos Carvalho (2016) apontam que os conflitos modernos (híbridos)
passaram para um novo patamar, onde "os tempos nos campos de batalha se tornaram
curtos e determinados pela magnitude e sucesso da ofensiva midiática do oponente"
(CARVALHO E.; CARVALHO R., 2016, p. 18).
Indicam, os citados autores, que
a tecnologia passa a ser cada vez mais fator preponderante para aumentar a coordenação entre os meios e dar poder decisório aos escalões inferiores, enquanto que se mantém as ações no campo alinhadas aos objetivos estratégicos (CARVALHO E.; CARVALHO R., 2016, p. 18).
Assim, foram necessárias mudanças na doutrina militar norte-americana. Para o
cenário estadunidense, foi necessário fazer a mudança dos maciços, pesados e mais
estáticos exércitos da Guerra Fria, que estavam localizados na Europa e lá lutariam,
para tropas �mais leves, operativas, expedicionárias, e que, embora localizadas na
Europa ou na América do Norte, seriam empregadas em diferentes teatros de operação
ao redor do mundo� (SLOAN, 2008, p. 05, tradução nossa).
Há diferentes e numerosas perspectivas na definição do que compõe a
transformação militar. A concepção varia desde um ponto de vista restrito, em como a
tecnologia pode impactar o cenário de guerra, até noções mais amplas, que buscam
incorporar em um mesmo contexto as �mudanças de natureza tecnológica, doutrinária e
organizacional, ou ainda, em como a transformação pode auxiliar as Forças Armadas
na sua adaptação aos desafios surgidos no pós 11 de setembro� (SLOAN, 2008, p. 01,
tradução nossa).
Nesse mesmo sentido, Da Silva (2013) relata que Covarrubias concebe os
processos de transformação das Forças Armadas enquadrando-os como: adaptação,
modernização e transformação. Dessa forma,
a adaptação se restringe a adequar a estrutura já existente, sem mudança nas tarefas previstas; a modernização consiste no aprimoramento de capacidades para o melhor cumprimento da missão, ainda sem mudanças de tarefas previstas; e transformação se trata do desenvolvimento de capacidades para o cumprimento de novas missões e/ou funções (DA SILVA, 2013, p. 35).
Assevera, ainda, Da Silva (2013), que a "transformação é a concretização de
uma mudança de profundas repercussões, com alcance nos níveis técnico (tanto nas
50
capacidades materiais como na doutrina), tático (no concernente à doutrina),
estratégico e político (DA SILVA, 2013, p. 35).
Kugler (2008) ensina que, apesar da ideia de transformação ter sua origem na
década de 90, os maiores esforços na sua implementação nos Estados Unidos
ocorreram a partir de 2001, com o início da guerra ao terrorismo. Kugler assim define
transformação:
O propósito central da transformação da defesa era tomar vantagem das redes de informação, munições precisas, equipamentos de ilusão de radares e outras novas tecnologias, sistemas de armas, doutrinas e estruturas, com o fim de realizar grandes mudanças nas Forças Armadas dos Estados Unidos, de maneira que produzissem incremento substancial nas suas capacidades de combate para conduzir operações da Era da Informação, com poderes de rede, e para reforçar a superioridade militar sobre adversários (KUGLER, 2008, p. 09, tradução nossa).
O próprio Kugler (2008) descreve que o plano principal dos Estados Unidos era
estabelecer a total integração das suas funções de combate: comunicações,
inteligência, operações e logística. Com isso, haveria um �grande acréscimo na
velocidade do fluxo de informações, criando a consciência situacional17 comum a todos
os escalões envolvidos e aos respectivos serviços componentes� (KUGLER, 2008, p.
09).
Em pesquisa conduzida pela National Security Research Division (RAND)18,
Asch e Hosek (2004) chegaram à conclusão de que o propósito do esforço de
transformação militar é assegurar que a força militar �tenha as capacidades necessárias
a defender os Estados Unidos contra um espectro desconhecido e incerto de ameaças�
(ASCH; HOSEK, 2004, p. 02, tradução nossa).
Nos meios militares e acadêmicos dos Estados Unidos, transformação significa a
passagem de um modelo atual para um modelo futuro de Forças Armadas (OLIVEIRA,
2009). Neal e Wells (2011) ressaltam que �muitas das capacidades que podem ser
17 O Manual �Doutrina Militar Terrestre - EB20-MF-10.102� assim define o termo consciência situacional: Em todos os níveis, os comandantes necessitam obter uma percepção atualizada e que reflita a realidade sobre o ambiente e a situação de tropas amigas e oponentes. A consciência situacional contribui com a decisão adequada e oportuna em qualquer situação de emprego, permitindo que os comandantes possam se antecipar aos oponentes e decidir pelo emprego de meios na medida certa, no momento e local decisivos, proporcionalmente à ameaça (BRASIL, 2014, p 7-3). 18 RAND é uma instituição sem fins lucrativos, existente há mais de 70 anos, com estabelecimento em 46 países e um efetivo de aproximadamente 1.800 pessoas,que presta suporte no aperfeiçoamento da política e no auxílio ao processo de tomada de decisão por meio da pesquisa e análise. Para maiores informações acessar o link: http://www.rand.org/about.html.
51
aplicadas em diferentes contingentes, podem ser desenvolvidas a custos relativamente
baixos� (NEAL; WELLS, 2011, p. 02, tradução nossa).
A transformação militar nos Estados Unidos ganhou maior vulto a partir do
governo Bush (2001), que reforçou sua promessa de campanha em dar suporte a um
longo programa de transformação. A ênfase na inteligência em tempo real, nas
munições de alta precisão e nos sucessos operacionais dos protótipos de
equipamentos, como os veículos aéreos não-tripulados [no Inglês unmanned aerial
vehicles (UAV), mais conhecidos como �Drones�] deram o impulso necessário ao
compromisso do governo norte-americano em expandir os nascentes programas
tecnológicos (DOMBROWSKI e colab., 2002, p. 523, tradução nossa).
Hamilton assim define o termo �transformação�:
[...] é um termo surgido na administração Bush para descrever uma total reorganização da política de defesa norte-americana e prioridades em resposta àquilo que o governo acreditava serem as ameaças do século XXI. Bush utilizou o termo pela primeira vez em um discurso em 1999 na cidade de Citadel, Carolina do Sul para descrever como ele iria mudar as Forças Armadas americanas se ele fosse eleito presidente (HAMILTON, 1999, p. 03, tradução nossa).
No mesmo sentido Farrel e colaboradores (2013) asseveram que, �na melhor de
todas as expressões, transformação reforça a eficácia e conduz à vitória estratégica�
(FARREL e colab., 2013, p. 192, tradução nossa). Assim, o termo representa algo
significativo, que imponha uma mudança radical na capacidade de obter resultados,
obtendo-se o máximo de eficiência.
O estabelecimento de programas de transformação que visem ao aumento da
capacidade militar torna-se imperioso para as Forças Armadas ao redor do planeta. �O
desenvolvimento dessa capacitação será valorosa contribuição em benefício do
enfrentamento do que se espera do futuro próximo, permeado pelo caos, complexidade
e surpresa� (NEAL;WELLS, 2011, p. 02).
Assim, as Forças Armadas ao redor do planeta buscaram adaptar-se às rápidas
evoluções do combate moderno seja por meio de novos equipamentos e sistemas de
armas, seja por transformações em suas estruturas organizacionais.
Alinhado com a tendência internacional, o Brasil, consubstanciou na Política
Nacional de Defesa, como Objetivos Nacionais de Defesa, a manutenção de �Forças
Armadas modernas, integradas, adestradas e balanceadas, e com crescente
52
profissionalização, operando de forma conjunta e adequadamente desdobradas no
território nacional�. Ainda, a PND determinou que a sua estruturação deve ser baseada
�em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os
planejamentos estratégicos e operacionais� (BRASIL, 2012, p. 29-30).
O Brasil, em função da sua importância geopolítica regional, amplia cada vez
mais sua participação no cenário internacional, o que impõe novos desafios e metas
para o país e, por consequência, para suas Forças Armadas.
Com aprovação da primeira edição da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008,
o Exército Brasileiro (EB) iniciou o estabelecimento de programas para a
implementação de um Processo de Transformação, �mediante um planejamento
orientador consubstanciado no Projeto de Força do EB e no Manual de Transformação
do Exército� (PROFORÇA, p.13). A implantação se desenvolve nos dias atuais em
consonância com o estabelecido nesses documentos e visa à preparação da Força
Terrestre para o ambiente operacional até o ano de 2030.
O Manual de Transformação (2015) é o documento no qual o Estado-Maior do
Exército (EME) dá partida ao "Processo de Transformação� da Força Terrestre. Da
mesma forma que os norte-americanos, percebe-se que adotou a concepção mais
ampla de transformação, segundo a categorização proposta por Elionor Sloan (2008),
acima explanada, conforme se observa abaixo:
Transformação é o processo de desenvolvimento e implementação de novos conceitos e capacidades operacionais conjuntas, modificando o preparo, o emprego, as mentes, os equipamentos e as organizações, para atender às demandas operacionais de um ambiente sob evolução continuada (BRASIL 2015, p. 46)
Desse modo, essas aproximações colocam ênfase diferenciada nos seguintes
elementos:
a) mudança organizacional radical;
b) importância de inovações tecnológicas;
c) natureza integradora das mudanças implementadas;e
d) necessidade de desenvolvimento de novas capacidades.
Percebe-se que o vocábulo �capacidade� é o núcleo do termo �transformação�,
que é concebida como a aquisição de novas capacidades de emprego operacional. As
53
outras variáveis orbitam ao redor da aquisição de novas capacidades, como inovação
tecnológica, integração, reforma estrutural, etc.
O desenvolvimento de capacidades necessárias para cumprir missões ou
desempenhar novas funções, não se resume apenas em aquisições ou
desenvolvimento de materiais, mas em um processo amplo, que inclui diversas
variáveis que, integradas, permitem a aquisição de um novo paradigma de poder de
combate.
A fim de que possam cumprir suas missões, os militares devem ter uma certa
capacidade que seja a representação das possibilidades que cada força possui. As
capacidades militares permitem aos países a defesa contra ameaças externas e
internas, ao mesmo tempo em que permitem que os Estados atinjam objetivos definidos
pela política governamental.
De acordo com Peter Paret (2000):
o poder militar expressa e implementa o poder do Estado em uma variedade de maneiras e além das fronteiras, e é também um dos instrumentos com o que o poder político é originalmente criado e permanentemente mantido (PARET, 1989 apud TELLIS e colab., 2000, p.133)
Uma definição sobre capacidade militar é como sendo �o nível resultante do
poder nacional consubstanciado na premissa de que organizações militares do Estado
recebem recursos nacionais e os transformam em capacidades de combate
específicas� (TELLIS e colab., 2000, p. 134).
Assim, a capacidade militar é o produto resultante dos recursos que são providos
à expressão militar do poder nacional e que são transformados em efetivas
capacidades operacionais. É importante mencionar que a capacidade militar não é
avaliada em termos de soma de recursos, ou de quantidade de efetivos ou viaturas,
mas sim de possibilidade do desenvolvimento de tarefas específicas19.
Portanto, em se tratando da expressão militar, o que se busca é a associação e
integração de todos os meios militares - pessoal, equipamentos, tecnologia, viaturas,
mísseis, sistemas de armas, etc. - por meio do desenvolvimento da doutrina e tática de
emprego, do treinamento intensivo, da manutenção e desenvolvimento dos preceitos da
19 Como comprovação histórica cita-se a Guerra do YomKippur, em que o pequeno efetivo das forças israelenses derrotou os exércitos sírio e egípcio bem mais numerosos e com maior quantidade de meios.
54
disciplina, da hierarquia e da liderança, tendo como resultado o desenvolvimento de
capacidades.
O manual Doutrina Militar Terrestre descreve, ainda, que o �Processo de
Transformação do Exército busca dotar a Força Terrestre de novas capacidades,
objetivando preparar suas tropas para o cumprimento de missões e tarefas na Era do
Conhecimento� (BRASIL, 2014, p. 3-5, grifos nossos).
Nesse sentido, o manual da Doutrina Militar Terrestre assevera que com �a
necessidade premente de desenvolver capacidades completas, o Exército Brasileiro
passa a adotar a geração de forças por meio do Planejamento Baseado em
Capacidades (PBC)� (BRASIL, 2014, p. 3-3), e assim define o termo:
Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura � que formam o acrônimo DOAMEPI. Para que as unidades atinjam o nível máximo de prontidão operativa, é necessário que possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude (BRASIL, 2014, p. 3-3, grifos nossos).
A geração de capacidades exige o atendimento integrado dos seus fatores
determinantes, também designados como Vetores de Transformação (VT): Doutrina
(D), Organização (e/ou processos) (O), Adestramento (A), Material (M), Educação (E),
Pessoal (P) e Infraestrutura (I) (BRASIL, 2014, p. 3-3).
Assim, os Vetores de Transformação (VT) compreenderão os estudos, os
diagnósticos, as concepções, os planejamentos, os processos, as ferramentas, os
recursos humanos, as capacitações e os meios necessários (BRASIL, 2015, p. 30).
Conforme representa a figura abaixo:
55
Figura 2 � Fatores determinantes da geração de capacidades Fonte: BRASIL, 2014, p. 3-3
Percebe-se, como se verá adiante, que os Elementos de Suporte Logístico
Integrado podem ser considerados como parte integrante dos Vetores de
Transformação.
Nesse sentido, passa-se a descrever as atividades inerentes ao processo de
transformação das Forças Armadas, segundo o conceito teórico concebido por Birkler,
Kent e Neu (1998).
3.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO E O CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS
Para Birkler, Kent e Neu (1998) um processo de transformação das Forças
Armadas deve seguir 04 principais atividades, realizadas de forma coordenada e
consecutiva: a) planejadores estratégicos estabelecem as demandas para as
capacidades militares; b) formuladores especialistas concebem opções; c) tomadores
de decisão de alto escalão escolhem dentre as opções possíveis; d)
implementação das decisões tomadas (BIRKLER, e colab., 1998, p. 03-07, tradução
nossa, grifo nosso).
Como primeira atividade do processo, os planejadores estratégicos devem definir
as principais missões que devem ser desempenhadas pelas Forças Armadas. No
Brasil, o Presidente da República, na condição de comandante supremo das Forças
Armadas, assessorado pelo Ministro de Estado da Defesa e pelo Conselho Militar de
Defesa, �é responsável pelo emprego dos meios militares e pela condução estratégica
das forças� (BRASIL, 2012, p. 153).
56
No âmbito do Ministério da Defesa, a Secretaria de Produtos de Defesa
(SEPROD) é responsável por normalizar e supervisionar �as ações relativas ao controle
das importações e exportações de produtos de defesa�, além de representar o
�Ministério da Defesa perante outros ministérios, em fóruns nacionais e internacionais
que envolvam produtos de defesa e nos assuntos ligados a ciência, tecnologia e
inovação� (BRASIL, 2012, p. 62).
Os tomadores de decisão podem ser auxiliados por especialistas militares e
analistas e os resultados finais desse processo devem ser: a) a orientação estratégica
das Forças Armadas; b) a descrição da visão dos objetivos operacionais que devem ser
atingidos pelas Forças Armadas; c) estabelecimento das características das
capacidades militares julgadas mais relevantes para enfrentar os desafios futuros (os
requisitos operacionais); d) identificar deficiências operacionais que devem ser
atendidas prioritariamente (BIRKLER e colab., 1998, p. 4, tradução nossa).
Na segunda etapa, o esforço estará direcionado em como atender a demanda
fixada no passo anterior e no �entendimento das tecnologias emergentes, da realidade
dos ambientes operacionais enfrentados pela força militar, e do ambiente estratégico
definido pelos planejadores� (BIRKLER e colab., 1998, p. 5, tradução nossa). Em razão
da envergadura e alta complexidade, essa etapa deve ser realizada por equipes
multidisciplinares compostas por especialistas militares e técnicos, que irão buscar a
formulação de conceitos que atinjam a criação das capacidades desejadas. Nesse
momento, o planejamento não está sujeito a restrições de qualquer ordem (Ex:
orçamentárias, pessoal, etc.). Após a avaliação do potencial técnico e operacional,
algumas formulações serão merecedoras de maior aprofundamento conceitual. O
produto dessa etapa do processo de transformação é uma �série de formulações que
são tecnicamente viáveis, operacionalmente relevantes e estão prontas para o
desenvolvimento� (BIRKLER e colab., 1998, p. 5, tradução nossa).
Percebe-se que nessa etapa é que serão consolidados de forma conceitual, os
fatores determinantes da geração de capacidades: Doutrina (D), Organização (e/ou
processos) (O), Adestramento (A), Material (M), Educação (E), Pessoal (P) e
Infraestrutura (I).
57
Na terceira etapa, com o assessoramento de especialistas técnicos e
operacionais, os tomadores de decisão escolhem quais dentre as formulações deverão
ser implementadas. Nessa etapa, segundo os autores, �os custos de desenvolvimento e
aquisição, a demanda de pessoal adicional, treinamento e especialização, a
infraestrutura necessária�, deverão ser levados em consideração (BIRKLER e colab.,
1998, p. 6, tradução nossa). Frequentemente programas serão descartados devido às
restrições impostas. Os tomadores de decisão normalmente terão que combinar os
requisitos estabelecidos pelos planejadores estratégicos e as concepções formuladas
para poderem optar pelos programas que mais se aproximam e atendem ao
desenvolvimento das capacidades desejadas.
Na última etapa, o processo de transformação é completado pela implementação
das decisões tomadas. Nesse momento serão disparados os projetos de cada
programa: doutrina de emprego, reestruturação organizacional, aquisição do material,
infraestrutura, treinamento, cadeia logística, etc .
No Exército Brasileiro, os principais processos, atividades e eventos que
envolvem a gestão dos produtos de defesa foram regulamentados pelas Instruções
Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar
(EB10-IG-01.018). Essa norma estabelece a sistemática para as atividades e os
eventos que ocorrem durante o ciclo de vida dos Sistemas e Materiais de Emprego
Militar (SMEM), atribuindo as responsabilidades aos diversos órgãos envolvidos.
Essa norma aplica-se aos sistemas militares complexos, objeto desta pesquisa,
pois abrange os seguintes tipos de Sistemas de Materiais de Emprego Militar:
I - sistema ou material a ser pesquisado e desenvolvido por iniciativa do Exército; II - sistema ou material em uso corrente no Exército, em processo de repotencialização ou modernização; III - sistema ou material em uso corrente no Exército em processo de revitalização; IV - sistema ou material em uso corrente no Exército; V - sistema ou material em desenvolvimento ou já desenvolvido, por iniciativa de terceiros, de interesse do Exército; [...] (BRASIL, 2016, p. 05).
O modelo do ciclo de vida é a base para o entendimento de como os sistemas
são concebidos, desenvolvidos, testados, produzidos ou adquiridos e utilizados. Entre
as ações previstas, estão compreendidas às ligadas à aquisição do sistema, e de todo o
montante necessário à sua operação, seu acompanhamento durante a vida útil e seu
58
destino final, seja a simples alienação, sua repotencialização ou modernização.
Para isso, agrupa os blocos de atividades, dividindo o ciclo de vida em 04
(quatro) fases:
a. 1ª Fase: formulação conceitual.
b. 2ª Fase: obtenção.
c. 3ª Fase: produção utilização e manutenção.
d. 4ª Fase: desativação.
A fase de formulação conceitual inicia-se pela elaboração da Compreensão das
Operações (COMOP), documento que traduz uma ou mais �Capacidades Operativas
(CO) em informações necessárias para �orientar a concepção integrada de SMEM,
tais como: a missão, o ambiente operacional, os tipos de operações, as funcionalidades
a serem executadas e as intenções (desempenho esperado)� (BRASIL, 2016, p. 06,
grifos nossos).
Durante essa fase, é considerada a:
Transição de determinada capacidade ao longo do tempo (curto, médio e longo prazo), passando de uma situação de lacuna de capacidade para outra de manutenção da capacidade existente, chegando até a uma etapa de transformar, degradar ou extinguir uma capacidade excedente (BRASIL, 2016, p. 06, grifos nossos).
Assim, pode-se perceber claramente a correlação existente entre a gestão do
ciclo de vida dos materiais, na fase de formulação conceitual, com o processo de
transformação do Exército que, conforme anotado acima, estabeleceu a �necessidade
premente de desenvolver capacidades completas�, e �passa a adotar a geração de
forças por meio do Planejamento Baseado em Capacidades (PBC)� (BRASIL, 2014,
p. 3-3, grifos nossos).
Como uma subfase (ou etapa) teórica da formulação conceitual, as Instruções
Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar
(EB10-IG-01.018) definem a concepção integrada do SMEM. Nessa etapa procura-se
traduzir, da forma mais ampla possível, conceitual e quantitativamente, os possíveis
sistemas e materiais, correntes e futuros, que �preencherão as lacunas de
capacidades existentes no Exército Brasileiro. Serão definidos o emprego doutrinário
dos futuros SMEM (Condicionantes Doutrinárias e Operacionais - CONDOP) e outros
conceitos, como os Requisitos Operacionais (RO), Requisitos Técnicos, Logísticos e
59
Industriais (RTLI), Mapa de Tecnologias (MAPATEC) e dos projetos conceituais de
materiais de emprego militar (corrente e/ou futuro).
Percebe-se que as três primeiras etapas concebidas no fluxograma delineado
por Birkler, Kent e Neu (1998) estão contidas na fase de formulação conceitual da
gestão do ciclo de vida das Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos
Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018).
Desse modo, de forma a ilustrar esquematicamente a concepção teórica
formulada por Birkler, Kent e Neu (1998) em comparação às Instruções Gerais para a
Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-
01.018), tem-se o seguinte quadro:
Birkler, Kent e Neu EB10-IG-01.018
1ª Etapa Definição das principais missões que devem ser desempenhadas
1ª Fase Formulação
conceitual
Diretriz de Iniciação de Projeto - elaboração da Compreensão das Operações (COMOP)
2ª Etapa Formulação de conceitos que atinjam a criação das capacidades desejadas
Concepção integrada
do SMEM
3ª Etapa
Tomadores de decisão escolhem quais dentre as formulações deverão ser implementadas
1ª Reunião Decisória - determinará o prosseguimento ou não do ciclo de vida para a fase de obtenção
4ª Etapa Implementação das decisões tomadas
2ª Fase Obtenção
Ordem emanada na 1ª RD para que seja dado prosseguimento à obtenção dos SMEM
Tabela 1: Comparação da formulação teórica de Birkler, Kent e Neu com as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar Fonte: elaborado pelo autor
Na Tabela 1, foram destacados os campos da 2ª Etapa do modelo conceitual
de Birkler, Kent e Neu e a etapa da concepção integrada da Fase de Formulação
Conceitual às Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e
Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018).
O que se verifica, é que a criação conceitual das capacidades, que levarão à
transformação militar, é concomitantemente planejada com a fase de formulação
conceitual do sistema ou material de emprego militar.
60
No mesmo sentido aludido por Blanchard (1998), que destaca a importância
vital da logística para o sistema, admite-se que ela deva influenciar de maneira
determinante o processo decisório de aquisição de produtos militares. Nesse sentido,
acredita-se que, no contexto da definição dos Requisitos Técnicos, Logísticos e
Industriais (RTLI), a avaliação dos elementos de Suporte Logístico, na etapa da
concepção integrada da fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo de Vida
dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar, seja o momento e a forma mais
adequados para se definir as condicionantes logísticas para as aquisições de
produtos de defesa complexos, possibilitando as melhores condições para o
desenvolvimento e a manutenção das capacidades necessárias ao cumprimento
das missões constitucionais pelo Exército Brasileiro.
No mesmo sentido, discursa Blanchard (2013) que os requisitos logísticos, vistos
por uma perspectiva integrada, incluem atividades ao longo de cada fase do ciclo de
vida do sistema. Ressalta, ainda, que os requisitos logísticos devem ser considerados
por ocasião do desenvolvimento ou concepção de um novo sistema, �a fim de
assegurar a apropriada confiança, possibilidade de manutenção, sustentabilidade,
produtividade e descarte� (BLANCHARD, 2013, p. 15).
Para Blanchard (1998) a logística desempenhada no setor comercial pode ser
realizada de diversas formas ou perspectivas, sendo observada mais comumente a que
�leva em consideração as funções de aquisição, fluxo de material, transporte,
instalações, distribuição e atividades associadas relacionadas ao gerenciamento da
cadeia de suprimento�. Diversamente, no setor da defesa, a orientação da logística para
o ciclo de vida de sistemas grandes, complexos e altamente sofisticados, como é o
caso das viaturas blindadas de combate, �é realizada de uma forma mais completa e
sofisticada� (BLANCHARD, 1998, p. 01, tradução nossa).
Por fim, Blanchard (1998) confirma que as atividades logísticas:
[...] poderiam ser integradas e consideradas como um �elemento� principal do sistema; [...] a infraestrutura logística e de suporte seja concebida como uma parte inerente do processo de engenharia do sistema, aplicada no
61
desenvolvimento de sistemas desde o início20. (BLANCHARD, 1998, p. 08, tradução nossa, grifos nossos).
Tendo por base essas premissas teóricas, o presente trabalho buscou fornecer
subsídios de forma a complementar as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de
Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar, formulando estratégias aplicáveis à
concepção integrada dos sistemas militares complexos. Teve-se como objetivo definir
quais elementos de Suporte Logístico Integrado que podem ser inseridos, aproveitados
ou indicadores dos requisitos logísticos determinantes a serem conceituados
durante a fase de formulação conceitual para aquisição de sistemas militares
complexos.
Buscou-se, enfim, descobrir se o Suporte Logístico Integrado deve ser
sistematicamente utilizado como ferramenta de apoio à decisão, apta a subsidiar os
processos de aquisição de produtos ou sistemas militares que, devido à sua
complexidade tecnológica, requerem um suporte controlado, sinérgico, eficiente e
economicamente aceitável durante seu ciclo de vida.
3.3 ANÁLISE DO SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO (ASL)
A aquisição de um sistema militar exige que os requisitos logísticos sejam
avaliados de forma oportuna, fato que exige um processo delineado para assegurar sua
correta configuração logística durante a fase de aquisição do produto (S3000L, 201021).
A Análise do Suporte Logístico Integrado (do Inglês Logistics Support Analysis -
LSA) é um processo disciplinado e estruturado que visa a analisar, definir e quantificar
os requisitos de suporte logístico, de modo a aumentar a eficiência da manutenção e a
reduzir os custos durante o ciclo de vida do sistema.
A ASL é, em suma, um processo que visa a �integrar a concepção/aquisição de
um sistema com os seus requisitos de suporte e avalia a sua sustentabilidade e
requisitos de disponibilidade�. As informações logísticas relevantes consistem na
20 No original: �could be integrated and considered as a major "element" of the system; [�] the logistics and support infrastructure be addressed as an inherent part of the systems engineering process, applied in the development of systems from the beginning� (BLANCHARD, 1998, p. 08). 21 S3000L é uma norma elaborada pela Liga das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa Europeia e Norte-Americana, que foi desenvolvida com o fito de estabelecer uma especificação global do processo da Análise de Suporte Logístico, definindo os requisitos gerais para o gerenciamento da configuração do Suporte Logístico Integrado de um sistema.
62
�identificação, otimização e rastreamento dos recursos de SLI (Ex: peças, força de
trabalho, pessoal, treinamento, ferramental especial e equipamentos de testes, meios
de instrução, infraestrutura, e documentação técnica)� (S3000L, 2010, p. 06).
De forma geral, a ASL é dividida nas seguintes fases:
a) determinação inicial e estabelecimento dos critérios logísticos, como funções
que implicam na aquisição ou design do sistema militar;
b) avaliação dos diversos sistemas militares disponíveis para aquisição ou
desenvolvimento;
c) identificação dos elementos de Suporte Logístico Integrado;
O desenvolvimento de uma ASL nas fases iniciais de aquisição de um sistema
militar definirá, de forma qualitativa os requisitos de suporte ao sistema, gerando a
melhor relação custo-benefício a um nível mais alto de disponibilidade.
3.4 SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO
O Suporte Logístico Integrado22 (SLI) surgiu da necessidade pela busca de
soluções modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção
de equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida.
3.4.1 Definição militar de Suporte Logístico Integrado
Impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela natureza de emprego e
evolução do teatro de operações, demandam tecnologias cada vez mais avançadas, as
Forças Armadas foram as predecessoras no �estabelecimento de uma nova sistemática
que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas, limitadas pela
redução dos orçamentos destinados às Forças Armadas� (NEIVA, 2005, p. 108).
Nesse panorama, em 1955 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da
América (DoD) emitiu a Diretriz 3232.1, cujo escopo era estabelecer normas que
contribuíssem para a eficiência econômica e operacionalidade da cadeia logística.
Desde aquele momento, já ficava patente a preocupação com o rápido crescimento da
complexidade dos equipamentos e o seu impacto na operacionalidade das Forças
Armadas (BABBITT, 1976).
22 No Inglês �Integrated Logistics Support (ILS)�.
63
O seguinte trecho traduz a noção do problema visualizado àquela época:
O Departamento de Defesa está adquirindo e utilizando progressivamente quantidades maiores de material de crescente complexidade e custos. Os Departamentos Militares responsáveis por atividades de manutenção altamente desenvolvidas, reconheceram, em larga escala, o impacto dessas significantes mudanças além de suas capacidades (BABBITT, 1976, p. 04, tradução nossa).
Após isso, grandes esforços foram realizados pelas três Forças Armadas norte-
americanas, no sentido da busca de soluções para o problema, e que foram
desenvolvidas e implantadas em diversos programas de aquisição de equipamentos
militares ao longo de cerca de 10 anos.
A primeira consolidação ocorreu em 1964, com a emissão da Diretriz DODD
4100.35 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América estabelecendo,
pela primeira vez de forma institucionalizada, um conceito de Suporte Logístico
Integrado. Nesse sentido:
O objetivo primário desta Diretriz é assegurar um suporte logístico eficiente para sistemas e equipamentos que seja sistematicamente planejado, adquirido e gerenciado como um todo (pela interligação dos elementos de suporte logístico) para obter o máximo de operacionalidade do material a um ótimo custo-eficiência (BABBITT, 1976, p. 05, tradução nossa).
Portanto, a padronização consolidada em uma Diretriz emitida pelo DoD resultou
da necessidade de consolidar, padronizar e enfatizar práticas logísticas que
aumentassem a eficiência, mantendo os custos em níveis aceitáveis.
A definição do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (DoD)
para essa nova atividade é a seguinte:
Suporte Logístico Integrado é o conjunto de todas as considerações necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um sistema/equipamento durante seu ciclo de vida (DOD DICTIONARY, 2010, p. 128, tradução nossa).
Nessa mesma linha de raciocínio, a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) � sigla traduzida do original em Inglês �North Atlantic Treaty Organization
(NATO)� � descreve o conceito de SLI em seu guia sobre Suporte Logístico Integrado
para programas multinacionais de armamento:
Suporte Logístico Integrado é o gerenciamento e o processo técnico por meio do qual as considerações de soluções ao suporte logístico do material (hardware ou software) são integradas desde os estágios iniciais e por todo o ciclo de vida de um programa de armamento e pelo qual todos os elementos de
64
suporte logístico são planejados, adquiridos, implementados, testados e providos de forma tempestiva, eficiente e a um custo economicamente viável (OTAN, 2011, p. 01, tradução nossa).
A definição mais recente proposta pelo Exército Estadunidense está disposta
no Ato de Revisão Rápida23 ao marco regulatório do Suporte Logístico Integrado, a
�Army Regulation 700-127�:
Suporte Logístico Integrado é o processo que facilita o desenvolvimento e integração de todos os elementos de suporte logístico para a aquisição, testes, operação e suporte aos sistemas do Exército. Desde os primeiros estágios dos sistemas, a estratégia de aquisição e o plano de sustentabilidade para o ciclo de vida assegurarão que os requisitos para cada um dos elementos do SLI foram apropriadamente planejados, estimados e implementados. Estas ações habilitarão ao sistema adquirir a capacidade operacional requerida pelo combate durante o cilco de vida, de forma tempestiva (RAR, 2012, p. 12, tradução nossa).
Segundo a definição do Exército dos Estados Unidos, o Suporte Logístico
Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre os seus elementos
logísticos. Os principais elementos de um SLI relacionados a todo o ciclo de vida de um
sistema operacional são (RAR, 2012, p. 13, tradução nossa):
1. Plano de Manutenção;
2. Pessoal e força de trabalho;
3. Suprimento;
4. Equipamentos de suporte e de testes;
5. Dados técnicos;
6. Treinamento e suporte ao treinamento;
7. Suporte e recursos computacionais;
8. Instalações;
9. Embalagem, depósito, manuseio e transporte; e
10. Parâmetros de influência relacionados à logística.
Da mesma forma, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
atualmente define que o natural fortalecimento ao modelo de suporte logístico
desenvolvido desde a II Guerra Mundial é o Suporte Logístico Integrado. Assim, dispõe:
O SLI procura maximizar a eficiência de qualquer sistema tanto da perspectiva operacional como econômica, através de um conceito para toda a vida útil, assegurando que o sistema esteja pronto para o uso pelo máximo período de
23 Do Inglês �Rapid Action Revision-RAR�.
65
tempo ao mesmo tempo que usa o mínimo de montante de recursos� 24(OTAN,
2016, tradução nossa).
O Guia de Suporte Logístico Integrado da OTAN para Programas de Armas
Multinacionais enumera como elementos constituintes:
a. Plano de Manutenção b. Suprimento c. Pessoal d. Equipamentos de teste e de suporte e. Influência da concepção/interface f. Documentação técnica g. Treinamento e suporte à instrução h. Instalações e infraestrutura i. Embalagem, manuseio, depósito e transporte (OTAN, 2011, p.3-6, tradução nossa).
Essa mesma norma estabelece que o processo do SLI pode ser aplicado na sua
totalidade a programas que envolvam sistemas miltares complexos, envolvendo a
incorporação de novas tecnologias, desenvolvimento, integração e produção (OTAN,
2011).
3.4.2 Definição acadêmica de Suporte Logístico Integrado
Na literatura acadêmica diferentes concepções sobre Suporte Logístico
Integrado são encontradas e geralmente estão associadas à engenharia e à indústria.
Para Blanchard, o Suporte Logístico Integrado é:
a função gerencial que provê o planejamento inicial, o custeio, e controles que ajudam a assegurar que o consumidor final (ou usuário) receberá um sistema que não apenas atenderá aos requisitos de desempenho, mas que possa ser suportado rápida e economicamente ao longo do seu ciclo de vida programado. O maior objetivo do SLI é assegurar a integração dos vários elementos de suporte (por exemplo, equipamentos de teste e de suporte, componentes reparáveis e de reposição, etc.) 25. (BLANCHARD, 1992, p. 13, tradução nossa).
Blanchard ilustra ainda, que os elementos de Suporte Logístico Integrado podem ser esquematicamente inseridos em seus grupos funcionais da forma abaixo:
24 No original: �ILS seeks to maximise the effectiveness of any system from both the operational and financial perspective, through a total life cycle concept, by ensuring that the system is ready for use for the maximum amount of time whilst using the minimum amount of resources� (OTAN, 2016). 25 No original: �management function that provides the initial planning, funding, and controls which help to assure that the ultimate consumer (or user) will receive a system that will not only meet performance requirements, but one that can be expeditiously and economically supported throughout its programmed life cycle. A major ILS objective is to assure the integration of the various elements of support (i.e., test and support equipment, spare/repair parts, etc� (BLANCHARD, 1992, p. 13).
66
Figura 3 � Elementos básicos de Suporte Logístico Integrado Fonte: Blanchard, 1998, p. 06
No mesmo sentido, Lambert (2008) considera que o SLI consiste de planos, que
incluem manutenção, pessoal e força de mão-de-obra, além de treinamento e
equipamentos, embalagem, manuseio, depósito e transporte. Abrange também a
infraestrutura e recursos computacionais para o gerenciamento dos dados e para o
adequado suporte de suprimento (consumíveis e peças de reparação). Por fim, �o SLI
inclui também a documentação técnica, o gerenciamento da configuração e
confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade do sistema� (LAMBERT, 2008, p. 13).
Já na concepção delineada por Jones (2006), um dos mais destacados autores
sobre o tema, �o Suporte Logístico Integrado consiste em um gerenciamento unificado
de todas as atividades para o desenvolvimento e suporte a um sistema, que o tornem
DOCUMENTAÇÃO
TÉCNICA
RECURSOS
COMPUTACIONAIS
TREINAMENTO E
SUPORTE
EMBALAGEM,
MANUSEIO,
ARMAZENAGEM E
TRANSPORTE
FERRAMENTAL E
EQUIPAMENTOS
DE TESTE
INFRAESTRUTURA
DE MANUTENÇÃO
PESSOAL
ESPECIALIZADO
DE MANUTENÇÃO
SUPRIMENTO
MANUTENÇÃO E
PLANEJAMENTO
DO SUPORTE
SUPORTE
LOGÍSTICO
67
capaz de alcançar seus objetivos, a um custo aceitável�26 (JONES, 2006, p. 10,
tradução nossa).
O Suporte Logístico Integrado, quando adequadamente compreendido e
aplicado, pode fornecer os meios para identificar e resolver problemas de logística, com
frequência antes que eles se apresentem (HUTCHINSON, 1987).
Tomando-se por base a tabela elaborada por Lambert (2008), e atualizando-a
com o conceito trazido pela OTAN (OTAN, 2011), com publicações mais recentes de
Jones (2006) e a atualização do Army Regulation 700-127 (2012), tem-se que
(LAMBERT, 2008, p. 113):
Autor/Fonte
Elementos do SLI
Nato
Guid
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Inte
grate
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011)
Arm
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700
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7)
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d (
199
2)
Jone
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006)
Lam
ber
t (2
008)
Plano de Manutenção X X X X X X Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte
X X X X X -
Suprimento X X X X X X Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte X X X X X X Documentação técnica X X X X X X Instalações e infraestrutura X X X X X X Pessoal especializado X X - X X X Treinamento, instrução e suporte X X X X X X Recursos computacionais - X - X X X Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade - - X X X X Gerenciamento da configuração - - - X X X Requisitos operacionais do sistema - - - X X - Parâmetros de influência relacionados à logística - X - - - - Obsolescência - - X X X X
Descarte - - - X X X
Influência da concepção/interface X - - - - - Tabela 2- Quadro resumo dos elementos de SLI Fonte: Elaborado pelo autor
26
No original: �is the disciplined and unified management of all activities necessary to produce a supportable system design and a reasonable support capability to achieve a predetermined set of measurable objectives within an acceptable cost of ownership� (JONES, 2006, p. 10).
68
Assim, o Suporte Logístico Integrado é uma aproximação interativa e unificada
para o gerenciamento de atividades técnicas necessárias à gestão de materiais. Essas
atividades são necessárias para influenciar a operacionalidade e requisitos dos
equipamentos bem como para delinear as especificações de um suporte logístico
adequado. Nesse sentido, Lambert (2008) ressalta que o Suporte Logístico Integrado e
sua metodologia podem ser usados em países em desenvolvimento, �especialmente
onde os recursos e os fundos são escassos e os sistemas são utilizados além do seu
ciclo de vida estimado� (LAMBERT, 2008, p. 14, tradução nossa).
Em suma, o SLI define os requisitos de suporte logístico melhores relacionados
ao sistema, com o escopo de prover um apoio adequado visando à eficiência e à
operacionalidade em alto nível, obtidas ao mais baixo custo possível. Para fins deste
estudo, utilizou-se como elementos de Suporte Logístico Integrado o modelo teórico
formulado por Blanchard (1992) e Jones (2010), por ser o mais completo.
69
4 ELEMENTOS DE SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO
O gerenciamento científico de Frederick Taylor (1911) (ou gerenciamento de
tarefas) está preocupado com a realização de uma tarefa de forma científica e de uma
maneira específica. Taylor sublinhou a importância de garantir operações internas são
tão racionais, previsíveis e eficientes quanto possível. O autor propõe que �o principal
objetivo do gerenciamento é obter o máximo de sucesso27 para o empregador e o
empregado� (TAYLOR, 1911, p. 41, tradução nossa)
A "ideia da tarefa" é �o elemento mais importante na gestão científica� (HANDEL,
2003, p 27, tradução nossa). O gerenciamento das tarefas é relevante no Suporte
Logístico Integrado onde as ações de manutenção são orientadas por tarefas,
considerando que recursos específicos deverão ser alocados para tarefas específicas.
Henri Fayol (1949) foi pioneiro nos princípios da gestão do planejamento,
organização, comando, coordenação e controle. Ele também propôs 14 princípios para
sustentar seu sistema de pensamento gerencial. Fayol usou o termo
"Departamentação", que classifica os recursos organizacionais com base em
processos, objetivos, área geográfica, clientes e etc (CARDULLO, 1996, p. 222).
Fayol (1949) descreve uma organização burocrática, onde a especialização na
função e a divisão do trabalho permite que as pessoas dominem com proficiência e
conhecimento suas respectivas tarefas. Para Fayol, o gerenciamento denota olhar para
o futuro, implicando que o planejamento e a previsão são elementos centrais para os
negócios. Os princípios de Fayol são:
pertinentes ao Suporte Logístico Integrado onde as ações de manutenção são planejadas em detalhes (em alguns ambientes, mesmo aos minutos e segundo), estas ações planejadas são organizadas por plano de manutenção (ou seja, inspeções mensais, manutenção preventiva anual), e os recursos são alocados a essas tarefas, seja pessoal, equipamentos ou peças sobressalentes. Esses itens são gerenciados para controlar o tempo, custo e esforço que esses recursos gastam (LAMBERT, 2009, p. 19, tradução nossa, grifo nosso).
A contribuição de Woodward (1958) para o gerenciamento operacional foi na
forma das estruturas organizacionais para diferentes categorias de produção. Tais
estruturas se concentram em cadeias e níveis de comando dentro da hierarquia
organizacional. �Os processos de produção incluem a produção unitária, a produção em 27
O autor utiliza a expressão �prosperidade máxima�.
70
massa e a produção em processos, cada um desses processos de produção divididos
ainda em sub-categorias�. A pesquisa de Woodward envolveu empresas de
manufaturas entre 1953 e 1957. A contribuição de Woodward é evidente em empresas
de engenharia e organizações que realizam manutenção onde existe pequena
hierarquia (LAMBERT, 2009, p. 20, tradução nossa).
De acordo com Woodward (1958), a tecnologia é o principal determinante da
estrutura das empresas de fabricação. Woodward concluiu que a estrutura
organizacional difere entre "unidade e lotes pequenos", "grande produção e produção
em massa" e "processo de produção". Cadeias de comando eram mais longas e as
hierarquias mais altas na produção e processos tecnológicos (PUGH; HICKSON, 2007,
p. 21, tradução nossa). As conclusões de Woodward acerca das estruturas
organizacionais �são aplicáveis ao Suporte Logístico Integrado, onde as organizações
envolvidas no desenvolvimento de sistemas complexos de alta tecnologia possuem
certas estruturas organizacionais, dependendo do produto que elas projetam e
fabricam� (LAMBERT, 2009, p. 20, tradução nossa).
Para Hutchinson (1987) a ferramenta do gerenciamento da manutenção é um
dos primeiros passos a serem efetuados no contexto do Suporte Logístico Integrado.
Para Hutchinson, �gerenciamento é a arte de se obter as coisas realizadas por meio de
outros. Os gerentes apoiam os objetivos traçados organizando o trabalho dos outros�
(HUTCHINSON, 1987, p. 217, tradução nossa).
Hutchinson (1987) define, conforme ilustra a Figura 11 abaixo, três níveis de
gerenciamento: a) gerenciamento de primeira linha (ou primeiro nível); b)
gerenciamento intermediário; c) gerenciamento de alto nível.
71
Figura 4 � Níveis de Gerenciamento Fonte: HUTCHINSON, 1987, p. 218
O gerenciamento de primeiro nível é diretamente responsável pela produção e
serviços proporcionados pela organização. Este nível representa a transição entre o
gerenciamento e o não-gerenciamento. Por esse motivo neste nível há uma grande
mistura entre as habilidades gerenciais e as técnicas, requerendo um especial
conhecimento de todas as atividades diretamente realizadas pelos especialistas. O
gerenciamento intermediário é envolvido nas estratégias globais e políticas
desenvolvidas pelo gerenciamento de alto nível e as traduz em planos específicos de
ação para implementação pelo gerenciamento de primeiro nível. Já o gerenciamento de
alto nível é responsável pelas ações globais e pelo estabelecimento dos planos e das
políticas da instituição (HUTCHINSON, 1987, p. 217).
Nesse contexto, a filosofia de manutenção ditada pelo gerenciamento de alto
nível é usada para gerar um conceito de manutenção, que por sua vez sirva de base
para a concepção de um plano de manutenção. Essa filosofia representa as
perspectivas da organização em relação aos objetivos que devem ser alcançados pela
manutenção. A filosofia de manutenção para um sistema militar complexo conterá uma
política sobre manutenção preventiva e corretiva e sobre reparação e descarte de itens
(LAMBERT, 2009, p. 114).
Um conceito de manutenção abrange as tarefas a serem realizadas nos
diferentes níveis de manutenção, as políticas de reparo para os níveis de manutenção,
72
o planejamento das tarefas de manutenção, as responsabilidades organizacionais,
elementos de suporte, ambientes de manutenção e de suporte, requisitos de eficácia e
disponibilidade de recursos. O ponto culminante no processo de planejamento da
manutenção é o �desenvovimento de um plano de manutenção detalhado que
documenta exatamente como a manutenção será cumprida para o sistema� (JONES,
2006, p. 14.4).
No que tange a ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte, os
sistemas e subsistemas normalmente requerem o uso de equipamentos adicionais para
prestar o suporte à sua operação e manutenção. Qualquer item do equipamento que
seja destinado ao suporte é categorizado genericamente como equipamento de
suporte.
Para Jones (2006), o equipamento de suporte pode ser um item especialmente
desenhado para um uso específico, ou ter uso múltiplo. �Os equipamentos adicionais
necessários para o apoio à operação do sistema são chamados de equipamentos de
suporte à operação� (JONES, 2006, p. 17.1, tradução nossa).
Os equipamentos militares, principalmente em razão da sua utilização em
situações críticas, em que estão expostos ao limite da capacidade de resistência e
desempenho, requerem manutenções periódicas, serviços e reparos que exigem
redobrada atenção para que seja mantida sua disponibilidade..
Para a consecução dessas atividades de manutenção, notadamente as de maior
complexidade, normalmente são utilizados vários tipos de equipamentos de testes e
ferramentas especiais, que podem ser desenvolvidos para atender às seguintes
finalidades e condicionantes: a) operação em ambientes operacionais específicos; b)
adequação às capacidades operacionais requeridas pelo material; c) capacidade e
habilitação do pessoal de operações e de manutenção.
Jones (2006) fornece um lista de equipamentos de suporte comumente
observados em relação a sistemas complexos: a) ferramentas manuais e de medição;
b) �kits� de ferramentas; c) equipamentos de suporte; d) equipamentos de suporte à
manutenção; e) equipamentos de teste eletrônico de uso geral; f) equipamentos de
teste eletrônico de uso especial; f) equipamento de teste automático; g) equipamento de
73
teste de fábrica; h) equipamentos de manuseio de materiais; i) equipamentos de
suporte e testes móveis; j) equipamentos de suporte e testes instalados.
O planejador deve ter em mente que equipamentos de suporte e ferramental
especial tendem a ter um custo elevado, tanto no curto quanto no longo prazo. Como
exemplo de equipamentos de suporte e testes especial cita-se estações eletrônicas de
testes de componentes e subsistemas do sistema de armas Leopard e do Gepard,
recentemente adquiridos pelo Exército Brasieiro. O valor adquire proporções ainda
maiores quando não há a possibilidade do uso dual (uso civil e militar) do equipamento
de suporte.
Importa mencionar que equipamentos de testes e de suporte, além do
ferramental especial, quando instalados em infra-estrutura que adquiram funções
voltadas para manutenções de nível mais elevado, tendem a ter uma complexidade
maior, o que demanda um suporte logístico mais aperfeiçoado. Dessa forma, requerem
suprimento, pessoal especializado para realizar a sua própria manutenção, calendário
de manutenções preventivas e equipamentos de testes, aferição e certificação.
A manutenção do equipamento tem impacto significativo no cálculo a ser
realizado para o custo do ciclo de vida útil do sistema ou produto de defesa. O conceito
de manutenção aqui evocado inclui a manutenção preventiva, a corretiva e a
modificadora.
Conceitua-se manutenção preventiva como o conjunto de procedimentos
periódicos, envolvendo ações sistemáticas, visando a reduzir ou a evitar falhas ou
queda no desempenho do material e, ainda, reduzir a possibilidade de avarias e
degradações, através de inspeções, testes, reparações ou substituições (BRASIL,
2003, p. 9-3).28
A manutenção corretiva destina-se à reparação ou recuperação do material
danificado para repô-lo em condições de uso, podendo ser planejada ou não. A
planejada ocorre quando visa à correção do desempenho menor que o esperado, por
decisão técnica, baseada em acompanhamento preditivo. Já a corretiva não planejada
28
Apesar de revogado pelo Manual de Campanha EB 20-MC-10.204, o Manual de Campanha C 100-10 - Logística Militar Terrestre apresenta conceitos fundamentais para a logística militar e que não foram reproduzidos ou atualizados pela norma em vigor. Por esses motivos, o presente trabalho adota indistintamente os conceitos de manutenção expressos em ambos manuais.
74
visa à correção da falha, ocorrida de maneira aleatória, quando não há tempo para a
preparação do serviço, o que, normalmente, implica elevação de custos de manutenção
e maiores prejuízos para as operações (BRASIL, 2003, p. 9-3).
Por fim, a manutenção modificadora consiste nas ações destinadas a adequar
o equipamento às necessidades ditadas pelas exigências operacionais, logísticas e/ou
técnicas de acordo com os parâmetros de desempenho estabelecidos segundo a
doutrina de emprego do material. As exigências logísticas caracterizam-se pela
necessidade de solucionar problemas de suprimento ou, ainda, para simplificar tarefas
e otimizar os trabalhos da própria manutenção. Já as exigências técnicas surgem
quando o material apresenta elevado índice de panes, configurando um problema
crônico, caso em que são conduzidas ações, juntamente com o fabricante, visando a
reduzir a quantidade de serviços de manutenção ou a maximizar a eficiência do
material. Como consequência, investigam-se as causas das falhas, ao invés de apenas
repará-las, alterando, se necessário, seu projeto, seus padrões de operação e de
manutenção (BRASIL, 2003, p. 9-3).
Neste ponto, importa mencionar o conceito de manutenção preditiva, que não é
um substituto para os métodos e conceitos de manutenção acima explanados. É,
segundo Mobley (2002), um método adicional, que visa ao atingimento de um plano de
manutenção completo e abrangente. A manutenção preditiva consiste no
monitoramento regular das condições atuais e da eficiência operacional do sistema
militar, com o fito de: "assegurar o máximo intervalo de tempo entre as manutenções;
minimizar o o número e o custo de interrupções não programadas criadas por falhas no
sistema; e aumentar a disponibilidade do equipamento" (MOBLEY, 2002, p. 60,
tradução nossa).
Diferentemente da manutenção preventiva, baseada em intervalos de tempo pré-
determinados, a manutenção preditiva tem como parâmetro as condições operacionais
do sistema29. Assim, a manutenção preditiva compreende o monitoramento do
desempenho e dos parâmetros significativos do sistema, com base em condições
técnicas de medição da degradação de itens, indicando a substituição antecipada de
conjuntos ou subsistemas que apresentem risco de falha (FURCH, 2010).
29
Conforme Furch (2010), manutenção preventiva (schedule based) e manutenção preditiva (condition based).
75
Desse modo, a manutenção preditiva é baseada em avaliações periódicas das
condições técnicas dos subsistemas monitorados, mediante a aplicação, no sistema
militar complexo, de mecanismos tecnológicos de aferição e diagnóstico (FURCH,
2010).
Os benefícios advindos da manutenção preditiva podem variar desde o
monitoramento para prevenção de acidentes, até o seu uso como ferramenta de
gerenciamento (com significativa "otimização pela redução de falhas em mais de 30%")
da manutenção de um sistema complexo (MOBLEY, 2002, p. 60-61, tradução nossa).
Assim, o foco do programa de manutenção preditiva deve ser
eliminar paralizações de manutenção desnecessárias, ambas preventiva ou corretiva; eliminação de tarefas de manutenção preventivas e corretivas; extenção da vida útil de sistemas críticos; e redução dos custos ao longo do ciclo de vida útil desses sistema (MOBLEY, 2002, p. 61, tradução nossa)
Em consequência, "os custos de manutenção do sistema ao longo do seu ciclo
de vida são muitas vezes menores que os da manutenção preventiva e corretiva".
Contudo, importa mencionar que os custos iniciais para a aquisição dos sistemas
diagnósticos é relativamente alto. Dessa feita, é necessário considerar se o custo de
"aquisição dos equipamentos técnicos diagnósticos, somados aos custos de
manutenção do sistema militar, não serão maiores que os custos de manutenção sem o
uso desses equipamentos de manutenção preditiva" (FURCH, 2010, p. 115). Ou seja,
mister se faz availar o sistema complexo no momento da sua concepção, para fins de
avaliação do seu ciclo de vida útil, para se decidir sobre o uso da manutenção preditiva.
É fundamental lembrar, que para a consecução da manutenção, em qualquer
das suas formas e concepções, há necessidade da disponibilização de suprimento,
outro elemento do Suporte Logístico Integrado. Para a Marinha dos EUA, a definição de
suprimento inclui o sistema de suporte para �identificar, documentar, adquirir,
armazenar e distribuir as peças necessárias para realizar a manutenção de
componentes� (NAVSEA, 2018).
No Exército Brasileiro, de acordo com o Manual de Logística EB20-MC-10.204, a
Logística divide-se em áreas funcionais de apoio ao pessoal, de apoio de material e de
apoio de saúde. O �apoio de material� consiste no:
76
planejamento e na execução das atividades relacionadas: à previsão, provisão e manutenção de materiais às forças apoiadas; ao movimento de pessoas e cargas por diversos modais e à adequação da infraestrutura física, instalações e benfeitorias necessáriasnao apoio logístico (BRASIL, 2014, p. 3-1).
A Norma Administrativa Relativa aos Materiais de Gestão da Diretoria de Material
� NARMAT assim esquematiza as áreas funcionais de apoio
Figura 5 - Áreas e grupos funcionais Fonte: NARMAT, 2017, p. 7
Nesse contexto, o grupo funcional suprimento refere-se ao conjunto de
atividades que trata da �previsão e provisão de todas as classes de material e peças de
reparação usadas nos equipamentos necessários ao apoio logístico à Força Terrestre�
(BRASIL, 2014, p. 3-1).
Jones (2006) destaca que a determinação do alcance (número e variedade de
itens) e profundidade, ou escala (quantidade de cada item), do suprimento a ser
adquirido em suporte à manutenção é �o fator mais importante para o atingimento do
nível aceitável de disponibilidade� (JONES, 2006, p. 18.1, tradução nossa).
Dessa forma, mister se faz a identificação da demanda de suprimentos para o
atendimento às necessidades de manutenção. Lança-se mão de projeções estatísticas,
baseadas na experiência passada no uso do equipamento, assim como o perfil de
utilização do usuário, que permitem uma sinalização da quantidade de suprimento.
Contudo, é certo que diversos fatores influenciam a manutenção dos equipamentos,
com impacto direto na demanda de suprimento, tais como: idade e modo de uso do
equipamento, condições ambientais, infraestrutura de transporte, energia e
telecomunicações.
77
Desse modo, o suprimento inclui os métodos, práticas e procedimentos de
gestão utilizados na determinação dos requisitos de bens e serviços e sua aquisição,
recebimento, armazenamento, emissão e disposição final.
Observa-se, ainda, que os requisitos de embalagem, manuseio, armazenagem e
transporte precisam ser determinados para que peças, sobressalentes e componentes
de reparação possam ser disponibilizados, em boas condições de utilização, para as
atividades de manutenção.
Sua finalidade é eliminar ou reduzir danos e proteger o item, seja de condições
ambientais e de transporte adversas, seja proporcionando segurança na armazenagem.
Mecanismos de manipulação adequados precisam ser usados para mover o item,
manual ou mecanicamente. Além disso, o item deve ser armazenado em um ambiente
controlado que o preserve, por um certo período de tempo. Finalmente, o item precisa
ser transportado para chegar ao seu destino em boas condições de utilização.
Nesse sentido, Hutchinson (1987) adverte que uma característica fundamental
da cadeia logística é a necessidade de uma suave e ordenada progressão do fluxo de
suprimento, sendo que �a função primordial dos depósitos é aumentar a eficiência do
fluxo logístico, proporcionando-o em tempo e espaço úteis� (HUTCHINSON, 1987, p.
88, tradução nossa).
Dessa forma, os depósitos representam um fator importante em termos de
instalações necessárias à logística integrada, proporcionando �uma redução global nos
custos de distribuição e melhorando o serviço ao usuário� (HUTCHINSON, 1987, p. 90,
tradução nossa).
Porém, Hutchinson adverte que �os depósitos, por sua natureza, representam
uma interrupção do fluxo de suprimento ao longo da cadeia logística�. Isso porque o
fluxo é interrompido toda vez que os itens são armazenados para posterior transporte.
Toda estocagem (interrupção) determina que o manuseio dos itens de suprimento seja
necessário, tornando-se parte integrante do processo logístico, pois toda vez que
precisam ser removidos dos caminhões e transferidos para depósitos, há necessidade
de que o suprimento seja manuseado (HUTCHINSON, 1987, p. 88, tradução nossa).
O �manuseio do suprimento é uma atividade logística concernente à recepção,
transferência, seleção e transporte do material� que é crítica na rede de distribuição e
78
tem como objetivo primordial a manutenção do fluxo da carga, dentro da cadeia
logística (HUTCHINSON, 1987, p. 89, tradução nossa).
No mesmo sentido, Blanchard (2013) afirma que o transporte constitui uma
�atividade que permeia várias facetas da infraestrutura de suporte logística e de
manutenção� (BLANCHARD, 2013, p. 94, tradução nossa).
Adverte, ainda, Hutchinson (1987) que �o manuseio dos itens de suprimento é
necessário, contudo deve ser minimizado�, pois representa um custo adicional e
materializa as imperfeições no fluxo de suprimento (HUTCHINSON, 1987, p. 88,
tradução nossa).
Nesse sentido, a figura abaixo sumariza observações importantes relativas à
embalagem, manuseio, armazenagem e transporte:
Elemento SLI Atividade Observações
Embalagem, manuseio,
armazenagem e transporte
Utilização ideal do espaço disponível
O espaço requerido para o armazenamento de suprimento varia significativamente de acordo com a eficiência na alocação e na armazenagem dos itens. Deve ser considerada a necessidade de construção de novas instalações e novos equipamentos a fim de superar ineficientes depósitos que tendem a causar atrasos na disponibilização de itens, acarretando interrupções no fluxo de suprimento.
Redução de danos e perdas
Neste ponto encontra-se a maior oportunidade para a redução de custos, haja vista que danos e perdas acarretadas no suprimento são responsáveis pelo alto impacto na tabela de custos da cadeia logística.
Aumento da eficiência
Também produz grande redução de custos. A economia na transferência de material entre as áreas de armazenagem até o usuário final diminui o tempo médio para a entrega às atividades de manutenção, aumentando assim a produtividade.
Aperfeiçoamento das condições de
trabalho
O manuseio do suprimento é a atividade logística mais intensa e trabalhosa. A confiança dos funcionários no local de trabalho é fundamental para a produtividade. Desse modo, um local limpo, arejado, bem iluminado e seguro é necessário para o aumento da eficiência e, consequentemente, para a redução de custos.
Tabela 3 � Fases do desenvolvimento do treinamento Fonte: elaborado pelo autor
79
Não há dúvidas que a documentação técnica, outro item do SLI, compreende
uma grande variedade de materiais destinados a fornecerem informação sobre um
equipamento ou produto. Entende-se que o termo documentação técnica �não está
limitado a um livro ou manual contituído de páginas impressas. Ao contrário, ele se
refere a toda mídia (microfilme, vídeo, arquivos digitais, etc) que tem o propósito de
informar� (HUTCHINSON, 1987, p. 160, tradução nossa).
A documentação técnica deve ser desenvolvida de acordo com as necessidades
do usuário. Ela disponibiliza a um público definido, a assistência necessária para a
realização de determinadas tarefas ou a fim de que sejam atingidos determinados
objetivos, de forma a que uma pessoa inexperiente possa levar a cabo atividades
desempenhadas por pessoal especializado. A preparação de um manual técnico é
realizada por meio de um processo de coleta de informações de todas as atividades de
operação e manutenção necessárias para o suporte a um equipamento, para depois
organizá-la de modo a torná-la de fácil uso e entendimento.
Os dados técnicos e documentação técnica incluem todas as informações
relativas a um sistema específico, bem como todas as informações de suporte e
equipamento de teste, documentação de treinamento, manuais técnicos, etc. Incluem,
mas não se limitam a, todo o software e itens de mídia, documentação, manuais
técnicos, especificações, desenhos, documentação de projeto e listas de materiais.
No mesmo sentido, Jones (2006) assevera que o termo �documentação técnica�
se refere à serie de documentos que �proporcionam instruções ao usuário em como
instalar, operar e manter o equipamento. Dessa forma, os manuais técnicos são �um
dos mais importantes documentos que são produzidos pelo fabricante�. Por isso, deve
propiciar aos operadores ou ao pessoal da manutenção toda a informação necessária,
por meio de �narrativas e desenhos descritivos acerca dos procedimentos de operação
e manutenção, equipamentos de testes e ferramental necessários, informação de
referência, e identificação de componentes e reparáveis� (JONES, 2006, p. 19.1,
tradução nossa).
80
Segundo Jones (2006), a história do desenvolvimento dos manuais técnicos
difere significativamente entre cada ramo militar30. Dessa forma, como cada vez mais
evolui a �necessidade de manuais para o suporte a equipamentos crescentemente
complexos, cada serviço criou seu próprio método de preparação de manuais para
preencher requisitos específicos�. Esse processo de evolução culminou tendo como
resultado que, entre os diferentes ramos militares, haja diferentes exigências para o
conteúdo e o formato dos manuais técnicos, o que torna cada vez mais difícil para os
fabricantes produzirem uma documentação técnica que atenda à expectativa do usuário
(JONES, 2006, p. 19.1, tradução nossa).
Nesse sentido, há inúmeras formas de produção, formatação, redação
organização e impressão da documentação técnica. Cada equipamento deve ser
examinado com profundidade a fim de que sejam determinados com o máximo de
precisão os requisitos necessários para os manuais técnicos.
Ao desenvolver documentação técnica de manutenção e de operação, o autor
precisa ter em mente os níveis de habilidade do pessoal que o utilizará o sistema militar
complexo. Esses documentos precisam ser escritos de maneira que o pessoal de
manutenção e operação possa entender seu conteúdo, o que inclui clareza de
linguagem e desenhos claramente compreensíveis.
Jones (1995) cita que os dados técnicos e a documentação técnica incluem as
instruções de operação e de manutenção do sistema, e recomenda que
O usuário do equipamento precisa de instruções sobre como operar e manter o sistema. A documentação técnica é preparada pela disciplina de publicações técnicas que acompanha o sistema. Esta documentação descreve todas as ações necessárias para a operação e manutenção do sistema (JONES, 1995, p. 1.5, tradução nossa).
Jones (2006) cita, ainda, que na preparação e desenvolvimento de manuais
técnicos, tem-se observado comumente a divisão em três grupos básicos: �manuais do
operador, manuais de manutenção e manuais de componentes. Cada tipo de
manual tem seu propósito e escopo específico� (JONES, 2006, p. 19.1, grifo nosso,
tradução nossa).
30
No Exército Brasileiro, a Linha Militar Bélica compreende 7 ramos militares: Arma de Infantaria, Arma de
Cavalaria, Arma de Artilharia, Arma de Engenharia, Arma de Comunicações, Serviço de Intendência e Quadro de
Material Bélico.
81
O manual do operador, de modo geral, deve �conter toda a informação que o
operador (ou tripulação) necessita para operar e manter um item do equipamento�
(JONES, 2006, p. 19.1, tradução nossa). Já os �manuais de manutenção são
preparados para o uso de cada escalão de manutenção que proporciona o suporte a
um sistema� (JONES, 2006, p. 19.27, tradução nossa).
Destaca-se que a capacidade de um sistema militar desempenhar bem suas
missões depende fundamentalmente de como o sistema é operado e manutenido, e
essas atividades não podem ser realizadas adequadamente sem uma documentação
técnica útil, de fácil entendimento e eficiente.
No mesmo sentido, também se verifica que as instalações e a infraestrutura
possibilitam ao usuário de determinado sistema ou equipamento que o armazene, utilize
ou realize a sua manutenção da forma apropriada. O sucesso da logística integrada a
um sistema militar complexo requer a construção e aquisição de estruturas
especialmente desenvolvidas para que a função logística possa ser desempenhada na
sua plenitude, com eficiência e oportunidade. �Essas estruturas ou construções
abrangem uma grande variedade de formas e tipos e servem para múltiplas funções�
(HUTCHINSON, 1987, p. 74, tradução nossa).
Como já visto acima, os depósitos servem para a armazenagem de suprimentos
e equipamentos destinados à manutenção do sistema. No Exército Brasileiro, é comum
também, as garagens e os depósitos serem utilizados para a guarda dos sistemas
durante a fase de recebimento técnico, normalmente a cargo dos Parques de
Manutenção e Batalhões Logísticos.
Adicionalmente, instalações adequadas também são necessárias para dar
suporte às atividades inerentes ao treinamento e instrução. Assim, tanto o pessoal de
manutenção como o de operação de um sistema militar complexo é normalmente
treinado em um equipamento desenvolvido pelo fabricante, em uma instalação
especialmente projetada para essa atividade.
Ainda, outras instalações podem ser especialmente desenvolvidas para
propiciarem suporte às atividades de manutenção do sistema. Um fator importante a ser
destacado neste ponto, é a avaliação da necessidade de estocagem de suprimento (e
82
muitas vezes munição31, que pode ser considerada como um suprimento necessário à
manutenção operativa do sistema, por exemplo). A profundidade do estudo no
dimensionamento do volume, peso e características do suprimento - muitas vezes
sujeito a restrições ambientais - de acordo com o perfil de utilização do usuário,
conduzirá à correta mensuração das instalações de apoio logístico ao sistema
considerado.
Segundo Jones (2006), as instalações podem ser classificadas quanto (JONES,
2006, p. 21.2, tradução nossa).
- Função de Suporte ao Sistema Militar
a. Armazenagem
b. Operações
c. Suprimento
d. Treinamento
e. Distribuição
f. Administração
g. Alojamento
h. Manutenção
- Tipo
a. Permanente
b. Móvel
c. Especial ou de uso geral
d. Compartilhada
e. Dedicada
- Características da construção
a. Prédio, abrigo móvel, doca, subterrânea, módular, etc.
b. Básica
c. Com capacidades específicas
d. Com equipamentos específicos 31
Munição é um item de suprimento que deverá ser levado em consideração com especial atenção. Isso pode ser afirmado tendo em vista as restrições ao transporte e armazenamento desse item de suprimento, que trazem impacto significativo na infraestrutura logística de apoio a um sistema militar.
83
É importante notar que as instalações tèm uma participação altamente relevante
no custo relativo à aquisição de um sistema militar, representando um investimento de
longo prazo que deve ser muito bem avaliado. Por essas razões, normalmente são
utilizadas por mais de um produto, além do que a terceirização para o setor privado
também tem sido uma opção.
Sistemas militares complexos podem requerer requisitos de infraestrutura
específicos. As instalações permanentes, que proporcionam maior suporte ao produto
com altos parâmetros tecnológicos, são críticas e essenciais �para assegurar que o
sistema seja capaz de cumprir sua missão ao melhor custo ao longo do seu ciclo de
vida� (JONES, 2006, p. 21.2, tradução nossa).
Além disso, todo sistema militar requer pessoal para sua operação e
manutenção. Segundo Jones (2006), o pessoal �é o fator mais caro no custo de um
sistema�. Assim, o planejamento logístico a um sistema tem que ser minudentemente
executado para propiciar o �conhecimento da utilização de pessoal, determinação das
necessidades de pessoal, e em como um programa de aquisição de um sistema pode
afetar os recursos de pessoal� (JONES, 2006, p. 16-1, tradução nossa).
Nesse sentido, Jones estabelece uma classificação de pessoal empregado em
um sistema militar complexo, e que foi categorizada conforme tabela abaixo32:
TIPO CATEGORIA
Operação
ü Operadores
ü Tripulação
ü Suporte à Operação
ü Supervisão
ü Comando e Controle
Suporte ü Infraestrutura de manutenção
ü Infraestrutura de suprimento
Treinamento
ü Operação
ü Suporte
ü Supervisão
32 A tabela apresentada foi concebida para sistematizar de maneira a facilitar o entendimento da tipologia apresentada por Jones (2006) e adequá-la à classificação baseada em um sistema militar complexo.
84
ü Controle tático
ü Instrutores e monitores
Tabela 4 � Força de trabalho e requisitos de pessoal Fonte: JONES, 2006, p. 16-2 (tradução nossa)
Em relação a custos de formação de pessoal, algumas considerações são
relevantes, pois esse fator tem impacto determinante na estrutura de manutenção do
Exército, sendo um dos pilares de sustentação do sistema logístico.
A formação de pessoal especializado requer tempo e alto investimento, tendo
uma relação diretamente proporcional à complexidade tecnológica do material. E isso
se refere não somente à ocasião da implantação de um novo sistema, mas também à
sua manutenção em grau compatível com a demanda durante todo o ciclo de vida do
equipamento.
Um fator a ser considerado e que tem impacto não só no Exército Brasileiro, mas
também pode ser observado em várias Forças Armadas de países com grande tradição
militar, é alta rotatividade de pessoal nas funções. Esse efeito é decorrente da situação
normal de transferências entre unidades e que são típicas em efetivos militares, como é
o caso do Exército Brasileiro. Em que pese os efeitos benéficos gerados pela
rotatividade de pessoal na Força Terrestre, via de regra eles causam impactos
negativos para a logística, haja vista a perda de pessoal especializado no desempenho
da função logística de manutenção.
Conforme acima mencionado, a formação de pessoal requer tempo e alto grau
de investimento, o que na maioria das vezes, é incompatível com o alto índice de
transferências que ordinariamente se observa nas Unidades Militares. Alia-se a esse
fato, que a perda de pessoal especializado na função de manutenção também pode ser
gerada por outros fatores, como: a) envelhecimento e perda da capacidade para
desempenho da função ou morte; b) aposentadoria; c) evasão mediante a contratação
pelo mercado privado que, muitas das vezes, oferece salários mais vantajosos; e d)
desvio de função.
Os dois primeiros fatores são decorrentes do decurso normal do tempo, e fazem
parte dos cálculos normais dos planos de substituição do pessoal especializado.
Contudo, os dois últimos fatores causam uma evasão anômala e prematura do sistema,
85
gerando reflexos negativos para toda a estrutura de manutenção do equipamento ou
sistema considerado.
O terceiro fator indica, além da questão de política salarial e plano de carreira, a
necessidade de permanente mapeamento e contato com o pessoal especializado, com
o intuito de possibilitar a formação de grupos de estudos para a solução de questões
relacionadas ao sistema considerado, além da mobilização, em caso de necessidade.
A fim de minimizar os impactos da evasão para a iniciativa privada, visualiza-se,
por exemplo, a adoção de medidas de compensação pecuniária para quem trabalhe na
função logística do equipamento (decorrente da longa permanência na função ou pelo
desgaste físico decorrente da atividade), no mesmo formato que já ocorre com outras
tropas de natureza especial no Exército Brasileiro, como a Aviação por exemplo.
Já o desvio de função, que é caracterizado quando um militar especialista é
retirado da sua área para o desempenho de outras atividades na Organização Militar
(normalmente administrativas), pode ser combatido com políticas e diretrizes dos
órgãos de pessoal e de material do Exército, que visem a coibir essa prática que é
extremamente danosa ao sistema de manutenção da Força Terrestre.
A cada período de 02 anos em que se perde pessoal no sistema de manutenção,
o nível de conhecimento no Exército tende a permanecer baixo e cada vez mais
distante da iniciativa privada, pois se inicia um novo ciclo de formação em períodos de
tempo muito curtos.
As Forças Armadas ao redor do planeta têm como meta o atingimento do mais
alto índice de operacionalidade. Para alcançar esse fim, muito se questionaou se
somente com a capacidade plena em mão-de-obra e infraestrutura para realizar a
manutenção completa (preventiva e corretiva) dos produtos de defesa33, os altos níveis
de eficiência operacional poderiam ser atingidos e mantidos.
Em razão dos altos custos associados ao estabelecimento e manutenção da
autossuficiência, a terceirização tem sido uma saída que, além da redução dos custos,
ainda pode agregar a melhoria dos resultados e o aumento da eficiência. Nesse
sentido, tem-se observado o movimento progressivo de diversas Forças Armadas no
33 Normalmente, somente a manutenção reparadora de alta complexidade ficava sob o encargo da indústria ou, em alguns casos, por meio de uma parceria desenvolvida entre a Força Armada e o parceiro privado.
86
sentido da terceirização das atividades de manutenção ao setor privado, ocasião em
que empresas são contratadas para executar serviços que, a priori, seriam executados
pelos próprios militares. Essa tendência retrata também a necessidade de adaptação à
crescente evolução, diversidade e especificidade tecnológica dos materiais complexos
utilizados pelos militares, à redução dos efetivos militares e do orçamento de defesa.
Com efeito Hartley (2015) sintetizou que o Ministério da Defesa e as Forças
Armadas têm que decidir entre assumir as atividades �in house� ou comprar as
mercadorias e serviços no mercado privado, isto é, uma decisão de �fazer ou comprar� �
(HARTLEY, 2015, p. 01, tradução nossa).
Foi nesse contexto que, a partir de 1983, o Ministério da Defesa Britânico,
buscando uma maior eficiência e uma melhor relação de custo-benefício, desenvolveu
uma iniciativa na �contratação de serviços de suporte, que poderiam ser realizados de
forma mais econômica pelo setor privado e sem perda da capacidade operacional�
(HARTLEY, 2015, p. 01, tradução nossa).
A gestão logística e as estratégias de negócios também se tornaram um foco
significativo dentro do Departamento de Defesa Norte-Americano, na tentativa de
aumentar a flexibilidade de produção e aumentar a economia. �Com prioridades
conflitantes e recursos limitados, não é surpresa que o Departamento de Defesa esteja
focado em métodos para melhorar a relação custo-eficácia da Base Industrial de Defesa
dos Estados Unidos� (McKenna, 2002, p. 02, tradução nossa).
Um dos principais aspectos que surgem quando se trata da possibilidade de
terceirização da manutenção por parte de uma Força Armada é a perda de capacidade
operacional. Isso porque ao terceirizar, ou seja, ao passar à iniciativa privada as tarefas
de manutenção de equipamentos que normalmente seriam executadas nas unidades
militares, invariavelmente perde-se o conhecimento, a habilitação e a qualificação do
pessoal militar para a realização dessas atividades. Por outro lado, a terceirização libera
efetivos militares para outras atividades, inclusive operacionais.
Além disso, importa mencionar que há diferenças substanciais entre a produção
ou aquisição de um sistema ou equipamento e a contratação de serviços. Por exemplo,
�serviços não podem ser inventoriados, requerem o contato do cliente, e uma atuação
conjunta, e têm requisitos específicos do cliente�. Além disso, observa-se que a falta de
87
tangibilidade, a dificuldade definição e mensuração, tornam ainda mais difícil a
avaliação da qualidade e o desempenho dos serviços contratados (FERRER e colab.,
2006, p. 01, tradução nossa).
Acrescenta-se ainda, que os serviços compreendem uma vasta gama de
atividades, sendo algumas mais diretamente relacionadas à atividade-fim das Forças
Armadas, e outras, afetas à atividade-meio. Uma classificação teórica dos serviços
passíveis de terceirização é apresentada por McKenna (2002):
1) Aqueles diretamente ligados ao combate e melhor realizado pelas Forças
Armadas. Nessas áreas, o Ministério de Defesa investirá em processos e tecnologia
para melhorar o desempenho.
2) Ações ou processos indiretamente ligados à capacidade de combate que
podem ser compartilhados pelos setores público e privado. Nessas áreas, o Ministério
da Defesa procurará definir novos métodos de parcerias público-privadas para melhorar
desempenho.
3) Tarefas não ligadas ao combate e melhor desempenhadas pelo setor
privado. Nessas áreas, o Departamento de Defesa buscará privatizar ou terceirizar
funções ou definir novos mecanismos de parcerias com empresas privadas ou outras
agências públicas.
Ressalta-se que, após o fim da Guerra Fria, tem sido observada a crescente
participação de Empresas Militares Privadas (EMP) em conflitos internacionais
(SINGER, 2003). Muitas vezes, os próprios Estados que estão em um dos lados do
conflito são os responsáveis por contratar tais empresas. Há, assim, a substituição dos
exércitos nacionais por exércitos privados formados por sujeitos das mais diversas
nacionalidades e culturas, unidos por um contrato estabelecido.
Com efeito, durante a Guerra do Golfo, os EUA terceirizaram a manutenção de
equipamentos e os contratados trabalharam como técnicos juntamente com militares
americanos, como Mc Kenna assim retrata:
rotineiramente os contratados voaram com os militares em missões de vigilância e reconhecimento, em aeronaves-radar de aquisição de alvos, e até mesmo realizaram incursões em áreas avançadas dentro Iraque e Kuwait com as forças de combate americanas. (McKENNA, 2002, p. 08, tradução nossa).
88
Dessa maneira, empresas civis têm aumentado sua participação em recentes
operações militares norte-americanas, como a participação na �Somália, Macedônia e
Ruanda, bem como as advindas dos furacões Andrew e Iniki e numerosos outros
desastres naturais domésticos e internacionais� (McKENNA, 2012, p. 08, tradução
nossa).
Essa terceirização das Forças Armadas no Teatro de Operações traz à baila
importantes questões como os direitos, deveres e limitações destas empresas privadas
perante o Direito Internacional, com especial destaque ao Direito Internacional dos
Conflitos Armados (DICA) e à Proteção Internacional dos Direitos Humanos; ao papel
do Estado como um ator internacional; e à própria legitimidade para a atuação do setor
privado como parte no conflito. No entanto, essas questões, ultrapassam o objetivo
deste trabalho, que, neste tópico, visa a apresentar a terceirização como uma
ferramenta em apoio à logística militar.
O setor privado rotineiramente conduz revisões de suas práticas de negócios na
área de gerenciamento de logística. A demanda pela terceirização de muitos processos
de manutenção (preventiva e reparadora) e fornecimento de suprimento para as Forças
Armadas é o resultado da necessidade de criar um modelo de gestão logística mais
eficaz para conservar recursos humanos, materiais e econômicos.
Contudo, a depender da complexidade e da quantidade das ações terceirizadas,
a consequência resultante desse processo a médio e longo prazos, tende a ser o
comprometimento na realização das atividades de manutenção, com reflexos negativos
na operacionalidade da Força Terrestre. Além disso, diferentemente da iniciativa
privada, �a logística militar deve estar apta continuamente a manter a prontidão para o
combate de todos os processos envolvendo tropas militares empregadas em qualquer
ambiente operacional� (GLAS, 2013, p. 98, tradução nossa).
Nesse ponto, cita-se que, a terceirização de atividades logísticas no Teatro de
Operações, demonstrou a dificuldade de adaptação dos contratados às normas
militares, os problemas de comunicação advindos da diversidade de idiomas e a perda
de flexibilidade. Considera-se que a liberdade de um comandante e sua capacidade de
�improvisar ou de se adaptar rapidamente através de táticas, emprego de armas e
89
emprego de tropas, há muito tempo é considerado essencial para a vitória no combate�
(McKENNA, 2002, p. 12, tradução nossa).
No Brasil, a terceirização é bastante comum e tem aumentado com a evolução
da logística. No período de 1998 a 2003, a terceirização brasileira ampliou-se em 47%,
passando de 41% para 60% o índice de terceirização logística brasileiro (FIGUEIREDO,
2004).
As principais iniciativas de terceirização observadas nas Forças Armadas
brasileiras, no que tange a aspectos da atividade-fim, dizem respeito, basicamente, a
(MARQUES, 2014):
- reparo e manutenção de materiais de emprego militar (viaturas, aeronaves; e
embarcações);
- transporte de materiais diversos (materiais de emprego militar, ferramental,
simuladores, suprimento, etc); e
- fornecimento direto às Organizações Militares, de diversas categorias de
material, como gêneros, suprimentos e medicamentos � com vantagens
preponderantes na redução de estoques.
Cita-se como exemplos relevantes da terceirização na história recente das
Forças Armadas Brasileiras: o Suporte Logístico da Frota de helicópteros EC-725; o
Suporte Logístico Integrado das Viaturas Blindadas de Combate Leopard 1A5 BR; o
transporte de todo o material para a implantação do Projeto Leopard no Brasil.
Assim, a situação teoricamente desejável, de que uma Força Armada pudesse
realizar todas as atividades de manutenção com pessoal e equipamentos próprios
(autossuficiência), pois seria a única forma de possuir o �know how� que é mantido em
tempo de paz e que será o mesmo utilizado no tempo de conflito, tornando-se
totalmente independente da iniciativa privada, atualmente se afasta da realidade.
Mister lembrar que a finalidade do investidor privado é o lucro, enquanto que a
de uma Força Armada é prestar um serviço à Nação, planejando, coordenando e
conduzindo o movimento e a manutenção de suas tropas empregadas em missão.
O setor privado atua em condições relativamente estáveis que permitem ajustar e definir processos e interfaces com um objetivo maior: a lucratividade. Em contraste, cooperação em um contexto militar significa agir possivelmente em condições de combate extremamente instáveis e perigosas, ao mesmo tempo tentando alcançar múltiplos objetivos militares, políticos e econômicos (GLAS, 2013, p. 98, tradução nossa).
90
Na execução dos seus trabalhos, ambos têm suas rotinas, mas a pressão pela
busca do lucro, otimiza as rotinas e aumenta a eficiência do setor privado, interferindo
em sua cultura organizacional e na sua visão institucional. Para as Forças Armadas, a
ausência de pressão na obtenção do lucro e pela otimização de processos,
estabelecem uma cultura, uma visão e uma rotina organizacionais que se apresentam
mais duradouras e estáveis, porém com prejuízos à presteza, eficiência e efetividade.
É de se ressaltar que a opção da terceirização traz como ponto de partida a
definição dos limites de até onde e quais atividades terceirizar? Ou seja, até que ponto
uma Força Armada estará disposta em otimizar custos e eficiência abdicando parcial ou
totalmente da sua autossuficiência.
Essa é uma decisão que ultrapassa os objetivos deste trabalho, haja vista que,
além de fatores de ordem técnica, também envolve questões que permeiam os níveis
tático, político e estratégico. Ressalta-se, ainda, que em um país de dimensões
continentais, caracterizado pela concentração industrial no eixo Centro-Sul, a distância
pode se constituir como fator limitador para a terceirização em lugares mais
remotos.
Contudo, há parâmetros técnico-objetivos que poderão delinear a decisão pela
terceirização a fim de torná-la uma realidade factível e válida. Cita-se aqui a estimativa
do ciclo de vida do sistema de armas e os custos com formação de pessoal
especializado.
De acordo com as Instruções Reguladoras da Sistemática para
Elaboração/Revisão de Condicionantes Doutrinárias e Operacionais do Exército
Brasileiro (CONDOP), ciclo de vida é:
o conjunto de procedimentos que abrange a identificação de uma necessidade ou carência, seu atendimento por intermédio de um sistema ou material, a confrontação deste com a concepção operativa e os requisitos estabelecidos, a avaliação técnica e operativa, a oportuna revitalização, repotencialização ou modernização e o desfazimento do referido sistema ou material (BRASIL, 2014, p. 21)
A visualização preliminar do período de adoção, que corresponde a um mínimo
de vida útil, englobando a fase de utilização prevista no ciclo de vida projetado para o
sistema ou material, incluindo uma vida suplementar, decorrente de possíveis
revitalizações, repotencializações ou modernizações, é fator de fundamental
91
importância para a definição da parcela de terceirização ou de aquisição de
capacidade autônoma por parte da Força Armada.
Isso porque, há uma relação diretamente proporcional entre o ciclo de vida e o
montante de recursos empregados em um determinado produto de defesa. Estima-se
que aproximadamente 70% do total de gastos realizados com um sistema de armas é
usado para a logística e manutenção (BERKOWITZ e colab., 2004).
Observa-se que os gastos decorrentes da implantação da infra-estrutura,
ferramental especial e da formação de pessoal especializado, que são evidentemente
maiores no início de cada projeto, necessitam ser compensados e diluídos ao longo do
ciclo de vida do equipamento. Ressalta-se o aumento exponencial dos custos de acordo
com a complexidade do material.
Alia-se a esse fato o comportamento da taxa de falhas do equipamento. Segundo
Sellitto (2004) essa taxa é decrescente no período inicial, também chamado de período
de �mortalidade infantil� ou de falhas prematuras do equipamento Neste período as
falhas são atribuídas mais a deficiências iniciais do projeto e dos componentes, sendo
sanadas à medida em que são identificadas. Posteriormente, uma taxa de falhas
constante se associa ao período de maturidade do equipamento. Neste período
ocorrem falhas pouco previsíveis, puramente aleatórias. Finalmente, uma taxa de falhas
crescente se associa ao período de mortalidade senil, no final do ciclo de vida, por
desgaste dos materiais. Neste período as falhas se tornam inevitáveis por perda na
resistência dos materiais, indicando-se uma política de reposição preventiva.
Segundo Sellitto (2006), a análise do comportamento da taxa de falha de um
equipamento ao longo do tempo pode ser representada por uma curva que possui a
forma de uma banheira, a curva da banheira (bathtube curve), como na figura abaixo. A
curva representa as fases da vida características de um sistema: mortalidade infantil ou
falhas prematuras, maturidade ou vida útil e mortalidade senil ou fim da vida útil.
92
Figura 6 � Taxa de Falhas Fonte: SELLITTO, 2006
Assim, para o caso de produtos com ciclos de vida curtos, a terceirização tende a
ser a melhor opção. Isso ocorre quando a Força Terrestre opta, por exemplo, pela
adoção de materiais como uma solução ínterim (apenas pelo prazo em que se finaliza o
desenvolvimento ou aquisição de outro produto), ou quando um equipamento em breve
entrará em fase de desmilitarização e desfazimento, ou seja, já se encontra em fase
terminal.
Cumpre ressaltar que a obsolescência dos itens de suprimento e ferramental
especial essenciais, em razão da contínua evolução dos sistemas de armas, que
invarialvelmente são substituídos por outros mais modernos, torna cada vez menos
atrativa, ao setor privado, a assunção de contratos de serviços para a manutenção e
suporte de sistemas ou materiais de emprego militar com idade avançada. Acrescenta-
se nesse período, ainda, o fato da taxa de falhas aumentar exponencialmente,
diminuindo a lucratividade e afastando a iniciativa privada. Assim, equipamentos em
fase senil tendem a tornar a terceirização extremamente onerosa e inviável
economicamente.
Quanto mais longo o ciclo de vida, mais a terceirização adquirirá, em relação aos
custos, uma tendência à estabilização e equilíbrio em relação ao conceito da
autossuficiência.
Dessa forma, conclui-se que quanto menor o ciclo de vida estimado, maior a
possibilidade e melhor a relação custo-benefício da terceirização.
93
Em relação ao treinamento, a instrução e o suporte, verifica-se que proporcionam
as condições necessárias para a correta utilização e operação dos equipamentos e
sistemas por parte dos usuários e do pessoal de manutenção, permitindo máximo
aproveitamento e o aumento da vida útil dos materiais.
Esse elemento abrange todas as técnicas de treinamento, processos e
equipamentos de suporte ao treinamento que são usados para apoiar o sistema militar
adquirido. Conforme define Galloway (1996), são:
os processos, procedimentos, técnicas, dispositivos, equipamentos de treinamento usados para treinar funcionários e terceirizados para operar e dar suporte ao sistema, incluindo: treinamento individual e em grupo; inicial, formal e on-the jpb training34; e o apoio logístico necessário para sustentá-lo (GALLOWAY, 1996, p. 27, tradução nossa).
No mesmo sentido, Finkelstein e Guertin (1988) definem o treinamento como
todos os processos, procedimentos, técnicas, dispositivos e equipamentos usados para
�treinar o pessoal civil e militar na operação e suporte de um novo produto. Isso inclui
treinamento individual e em grupo; treinamento de novos equipamentos; treinamento
inicial, formal e �on-the-job training�; e treinamento de suporte logístico (FINKELSTEIN;
GUERTIN, 1998, p. 133).
Jones (2006) divide o treinamento em quatro categorias: a) treinamento de
operação; b) treinamento de manutenção; c) treinamento de supervisão; d) treinamento
dos instrutores. Define, ainda, que essas categorias podem ser subdivididas em duas
fases: inicial e sustentabilidade. Apesar de que o treinamento conduzido para formar
pessoal possa ser idêntico em ambas as fases, os métodos de condução e os
propósitos podem variar ao longo do tempo. Conclui que �o desenvolvimento de um
programa de treinamento e identificação dos equipamentos necessários para seu
suporte são conduzidos mediante análise como parte do SLI�. Acrescenta, ainda, que
as �empresas contratadas devem apresentar o �currículum� de treinamento ao pessoal
militar� (JONES, 2006, p. 20.1, tradução nossa).
34 On-the-job training é um método muito utilizado atualmente onde o indivíduo recebe o seu treinamento participando da rotina no próprio posto de trabalho, em contato direto com os funcionários na execução rotineira das suas tarefas diárias. No Exército Brasileiro, esse método foi utilizado para a formação dos mecânicos especialistas das Viaturas Leopard e Gepard, em que os militares brasileiros foram formados nas empresas alemãs KMW e RLS.
94
A figura abaixo demonstra quando cada fase do treinamento é normalmente
planejada, preparada e conduzida:
FASES DA AQUISIÇÃO DO EQUIPAMENTO
CONCEPÇÃO DESENVOLVIMENTO DETALHAMENTO PRODUÇÃO EMPREGO
Planejamento Inicial do Treinamento Preparação Condução Condução
Planejamento da Sustentabilidade Preparação
Tabela 5 � Fases do desenvolvimento do treinamento Fonte: JONES, 2006, p. 20.1.
O treinamento inicial tem o propósito de treinar os operadores e o pessoal
especializado em manutenção, que são os militares que irão operar e manter o sistema
ou material de emprego militar, �durante o momento que precede e durante o
recebimento do equipamento� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).
Os militares selecionados para esta fase, normalmente devem pertencer às
unidades que serão responsáveis pelo novo equipamento, tanto em relação à sua
operação quanto às unidades de manutenção.
Essa fase, em virtude do desconhecimento, da falta de conhecimento técnico e
de experiência no manuseio do euipamento, é caracterizada normalmente por ser �mais
flexível e detalhada do que a fase de treinamento posterior, quando o equipamento já
está em uso pelos militares� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).
Essa falta de conhecimento técnico e operacional também deve ser levada em
consideração em conjunto com a falta de uma base histórica de treinamento e
operação, que determina o perfil do usuário. Esses fatores deverão ser
continuamente monitorados e uma base de dados deve ser formada desde o início da
adoção do sistema, de forma ao levantamento de dados que visam a aperfeiçoar o
treinamento durante o ciclo de vida útil do equipamento.
Lembra-se aqui, que o perfil do usuário será um dos importantes fatores a serem
considerados quando de um eventual contrato de Suporte Logístico Integrado, haja
vista que é um item que causa forte impacto sobre o suprimento. Há uma relação direta
de causalidade entre um alto perfil de uso e o aumento da necessidade de itens de
suprimento, como suconjuntos, peças e reparáveis.
95
O perfil do usuário inclui tanto as atividades operacionais, como as atividades de
formação e treinamento. Como no início, o comprador muitas vezes não dispõe de
informações suficientes para determinar o perfil do usuário em relação ao treinamento,
deverá solicitar uma proposta de perfil para o treinamento à empresa desenvolvedora,
ou recorrer a outras Forças Armadas amigas, que já possuam o equipamento em uso,
sempre que haja essa possibilidade.
O propósito da fase de sustentabilidade é proporcionar a adequada substituição
do pessoal às unidades que operam e mantêem o novo equipamento. Os militares que
recebem o treinamento durante essa fase, normalmente devem recebê-lo antes da sua
designação, nomeação (transferência) para postos ou funções que envolvam o sistema
militar correspondente.
Essa fase �tende a ser mais rígida e menos flexível do que a fase inicial, contudo,
ela é personalizada e adequada aos dados já obtidos na fase anterior e durante as
operações como o novo sistema de armas� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).
Ressalta-se que essa fase se inicia logo após a inicial e se entende por todo o
ciclo de vida útil do sistema militar, sendo uma das ferramentas que além do
manutenção da disponibilidade do equipamento em altos índices, também corrobora
diretamente para a segurança na sua operação.
O termo �recursos computacionais� como elemento do Suporte Logístico
Integrado é definido de forma variada. Biedenbender e colab. (1993) o descrevem
incluindo todos os recursos necessários para operação e suporte de software
incorporado e definem o suporte de recursos computacionais como incluindo �[...] todo o
equipamento de informática, software, documentação, pessoal e suprimentos
necessários para operar e dar suporte a todos os softwares incorporados�
(BIEDENBENDER e colab., 1993, p. 281).
Galloway (1996), no mesmo sentido, também define recursos computacionais
como a utilização dos recursos para a operação e o suporte de "sistemas
informacionais incorporados" e define esse elemento como �[...] instalações, hardware,
software, mão-de-obra e habilidades necessárias para operar e dar suporte a sistemas
computacionais incorporados" (GALLOWAY, 1996, p. 27).
96
Langford (1995) usa o termo "subsistema" em vez de "sistema", mencionando
ainda os "suprimentos" necessários para a operação. Contudo ele não menciona o
suporte para o sistema de software. Sua definição deste elemento do Suporte Logístico
Integrado inclui "[...] todas as instalações com destinação informacional, equipamentos,
software, firmware, documentação associada, pessoal qualificado e suprimentos
necessários para operar um subsistema computadorizado incorporado"
(LANGFORD,1995, p. 453).
A definição mais recente proposta pelo Exército Estadunidense está disposta no
Ato de Revisão Rápida (do Inglês, Rapid Action Revision-RAR) ao marco regulatório do
Suporte Logístico Integrado, a �Army Regulation 700-127� que assevera que o software
associado a um sistema é um componente integral desse sistema, e que o suporte ao
software será abordado através do programa SLI. A �modernização do sistema envolve
atualizações ou mudanças de software, e os custos de suporte ao software pós-
implantação podem ser significativos ao longo da vida do sistema�. A eficácia do
software do sistema tem um impacto direto na prontidão do sistema (RAR, 2012, p. 43,
tradução nossa).
A �Army Regulation 700-127� define recursos computacionais como:
hardware, instalações, documentação, pessoal, software e mão-de-obra necessários para dar suporte e operar sistemas de computadores e recursos informacionais, que também incluem sistemas integrados e autônomos (RAR, 2012, p. 43, tradução nossa).
Para Blanchard (2013) os recursos computacionais abrangem todos os
�computadores, software associado, componentes de conexão, redes e interfaces
necessárias para suportar o fluxo de informações do dia-a-dia para todas as funções de
logística�. Inclui ainda, as atividades de manutenção programadas e não programadas e
requisitos especiais de monitoramento e relatórios, tais como os que pertencem ao
acesso a dados, à implementação de programas de monitoramento de condições e o
suporte de capacidades de diagnóstico do sistema (BLANCHARD, 2013, p. 13).
Assim, os recursos computacionais são necessários para dar suporte à operação
e ao monitoramento do sistema militar complexo em todos os níveis de manutenção,
fornecendo as condições necessárias para o atingimento da máxima operacionalidade
ao longo do ciclo de vida útil, com a melhor relação custo-benefício.
97
Em relação a outro elemento do SLI, a confiabilidade, disponibilidade e
sustentabilidade, nota-se que, embora existam várias definições para o termo
"confiabilidade", Finkelstein e Guertin (1988), consideram-no como sendo as
características de desempenho dos sistemas que refletem a capacidade para executar
sua função primária dentro de um ambiente específico durante uma intervalo de tempo
considerado. A confiabilidade tem natureza quantitativa e probabilística, e pode ser
definida como a "[...] probabilidade de operações bem sucedidas por um período de
tempo delimitado em condições e ambientes operacionais específicos ".
(FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 53, tradução nossa).
Hutchinson (1987) também considera a confiabilidade como probabilística,
sustentando que o sistema irá desempenhar sua função durante um período específico
em condições ambientais específicas.
De uma perspectiva de gerenciamento do conhecimento, Awad e Ghaziri (2004)
definem confiabilidade como a entrega, pelo sistema militar complexo, de informações
confiáveis, precisas e consistentes, ou seja, '[...] o quão bem o sistema entrega a
informações ou soluções com consistência, precisão e integridade�. Isso também
significa detecção e remoção de anomalias (como redundância, ambivalência e
deficiência) (AWAD; GHAZIRI, 2004, p. 217, tradução nossa).
Jones (2006) define a confiabilidade de um sistema militar complexo no sentido
daquele que executa sua função primária, em condições predefinidas e sem falhas. A
confiabilidade é o resultado de projeções e cálculos estatísticos de fallhas, o que, em
suma, é "a probabilidade de um sistema militar complexo executar sua missão sem
falhas, assumindo que seja utilizado dentro das condições para as quais foi projetado�
(JONES, 2006, p.4.1, traduçao nossa).
Da mesma forma, existem variadas definições para o termo "disponibilidade".
Jones (2006), por exemplo, visualiza-o como a probabilidade de o sistema militar
complexo estar em um estado operável (em prontidão), em um momento específico no
tempo. Em outras palavras, o sistema precisa estar operacional quando necessário.
De outra banda, Langford (1995) vê a disponibilidade como a prontidão do
sistema para cumprir sua finalidade principal, a missão precípua para a qual foi
concebido. A disponibilidade pode ser considerada como a probabilidade de um sistema
98
estar operacional em um determinado momento no tempo para desempenhar uma
missão ou função.
Moubray (1991) define a disponibilidade (tempo de atividade), como "[...] uma
medida da quantidade de tempo em que o equipamento ou sistema é capaz de estar
operacional" (MOUBRAY, 1991, p. 254, tradução nossa). No mesmo sentido Blanchard
afirma que disponibildade é o grau de medida em que um sistema está em estado
operacional no início de uma missão quando a mesma é desencadeada em um
momento desconhecido e de forma aleatoria (BLANCHARD, 1992, p. 22).
Apresenta-se a seguir três definições de disponibilidade, que são: disponibilidade
inerente, alcançada e operacional.
a. Disponibilidade inerente (Di)
Percentual líquido do tempo em que �o sistema deveria, teoricamente, estar
disponível para a sua missão pretendida� (JONES, 1995, p. 5.2, tradução nossa).
Di = ITEF / (ITEF + ITPR)
ITEF � Intervalo de Tempo Entre Falhas
ITPR - Intervalo de Tempo Para Reparação
b. Disponibilidade adquirida (Da)
É a probabilidade de que �um sistema ou um equipamento, quando usado sob
condições pré-estabelecidas, em um ambiente de suporte ideal, operará de modo
satisfatório a qualquer momento" (BLANCHARD, 1992, p. 70, tradução nossa).
Da = ITEM / (ITEM + ITEMC + ITEMP) (Jones, 1995, p. 5.2, tradução nossa).
ITEM � Intervalo de Tempo Entre Manutenções
ITEMC - Intervalo de Tempo Entre Manutenções Corretivas
ITEMP - Intervalo de Tempo Entre Manutenções Preventivas
c. Disponibilidade operacional (Do)
É a probabilidade de �um sistema ou equipamento, quando usado sob
determinadas condições em um ambiente operacional atual, operará satisfatoriamente
toda vez que necessário� (BLANCHARD, 1992, p. 70, tradução nossa).
Do = ITEM / (ITEM + ITTPM) (Jones, 1995, p. 5.3, tradução nossa).
99
ITEM � Intervalo de Tempo Entre Manutenções
ITTPM � Intervalo de Tempo Total Provocado por Manutenções
Igualmente, existem numerosas definições para o termo "sustentabilidade",
dependendo do histórico dos autores e do contexto de aplicação. Finkelstein e Guertin
(1988) vêem a sustentabilidade como a capacidade de resposta no reparo de um item
defeituoso ao seu estado operacional:
[...] a facilidade e rapidez com que um item defeituoso pode ser restaurado à sua condição operacional. É decorrente da concepção do projeto do sistema, disponibilidade de pessoal especializado, equipamentos de teste e manutenção adequados e ambiente operacional (FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 72, tradução nossa)
Hutchinson (1987) vê a sustentabilidade como uma ocorrência probabilística, o
reparo de um sistema com falha dentro de um período de tempo específico. No mesmo
sentido, para Jones (2006) a sustentabilidade é uma previsão estatística, que é
influenciada por condições ambientais e disponibilidade de recursos, podendo ser
definida como a "probabilidade de um item defeituoso poder ser reparado em um
período de tempo específico, utilizando-se de um conjunto específico de recursos
disponíveis" (JONES, 2006, p. 4.18, tradução nossa).
Langford (1995), assim como Jones (2006), assinala uma medida quantitativa à
definição de sustentabilidade, a de que o sistema será restaurado à sua prontidão
operacional, dentro de um período de tempo especificado, usando vários recursos.
Assim, Langford define a sustentabilidade como �a medida da capacidade de um
sistema ser restaurado a um nível específico de prontidão operacional, dentro de
intervalos definidos, com o uso de recursos de pessoal, instalações e equipamentos"
(LANGFORD, 1995, p. 55, tradução nossa).
Blanchard (2004) vê a sustentabilidade como a capacidade de manutenção do
sistema, incluindo características de projeto expressas por meio do custo de
manutenção, intervalos de tempo de manutenção e fatores de freqüência de
manutenção.
Como elemento do SLI, o gerenciamento da configuração no que se refere a
sistemas militares complexos é discutido nesta seção. Mais uma vez, numerosas
definições do termo "gerenciamento da configuração" são encontradas na literatura
100
científica sobre o tema. O gerenciamento da configuração envolve a identificação das
características físicas e funcionais dos itens (seja equipamento, subsistema, conjunto,
peças, etc.), que executam uma função específica, conforme definido no seu desenho
técnico ou outra documentação relevante, incluindo seu controle ao longo de seu ciclo
de vida. Isto é, o gerenciamento de configuração pode ser considerado como a linha de
base para a rastreabilidade.
Finkelstein e Guertin (1988) definem o gerenciamento da configuração como
sendo a �[�] sistemática abordagem que estabelece e mantém a identificação, o
controle e as contas da configuração de produtos selecionados e partes componentes�
(FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 91, tradução nossa). Apontam, ainda, que o
gerenciamento de configuração pode fornecer uma descrição atual de um sistema de
hardware ou software em desenvolvimento e fornecer rastreabilidade a configurações
de padrão desse item.
Do ponto de vista da engenharia de sistemas, Langford (1995) define o
gerenciamento da configuração como o processo de identificação e do controle de
mudanças das características físicas e funcionais de um item em todo o seu ciclo de
vida.
Blanchard (2004) entende o gerenciamento da configuração a partir de uma
perspectiva de gerenciamento, onde as características físicas e funcionais de um item
são identificadas no início de seu ciclo de vida e para as quais o controle de mudanças
é aplicado durante seu ciclo de vida. Para Blanchard, o gerenciamento da configuração
pode ser definido como uma técnica de gerenciamento usada para �identificar as
características funcionais e físicas de um item nas fases iniciais de seu ciclo de vida,
controlar as mudanças nessas características e registrar e relatar o seu processamento
e o status de implementação". Acrescenta o autor, ainda, que o gerenciamento de
configuração é a linha de base do gerencimento do sistema militar complexo, pois inclui
o monitoramento e controle das alterações nas configurações inicialmente definidas no
projeto do sistema, que influenciam diretamente o seu suporte logístico, com
consequências diretas no custo de manutenção ao longo da sua vida útil
(BLANCHARD, 2004, p. 39, tradução nossa).
101
O modelo conceitual dos sistemas e materiais de emprego militar (MEM) tem
início com a sua concepção de operação. Esta guarda estreita relação com a Doutrina
Militar Terrestre (DMT) vigente ou em evolução, permitindo a definição das
características operativas necessárias para o desempenho de determinada capacidade.
Antes que qualquer sistema militar complexo possa ser suportado e mantido, os
requisitos operacionais do sistema devem ser conhecidos, incluindo sua missão, seus
parâmetros de desempenho, ambiente operacional de emprego, ciclo de vida útil,
condições ambientais, perfi de utilização do usuário, etc.
Os requisitos operacionais do sistema indicam o tipo e a complexidade das
atividades de manutenção e equipamentos de suporte que serão necessários para
manutenção do equipamento. No Exército Brasileiro, o tema está regulamentado pelas
Instruções Reguladoras para o Processo de Concepção das Condicionantes
Doutrinárias e Operacionais � CONDOP (EB20-IR-10.005). Nessa Norma estão
consubstanciadas as diretrizes que determinam os parâmetros de emprego e o
desempenho esperado de determinado sistema militar, considerando a Doutrina Militar
Terrestre (DMT).
Segundo Blanchard (2004), os requisitos operacionais incluem a missão do
sistema, seus parâmetros de desempenho, emprego operacional, ciclo de vida,
requisitos de utilização, fatores de eficácia e ambiente operacional. Esses requisitos
operacionais são importantes, pois determinam o tipo e a complexidade das tarefas de
manutenção e os recursos necessários para dar suporte e manter o sistema.
Antes que os requisitos operacionais possam ser definidos, a função do sistema
deve primeiramente ser estabelecida. Tais aspectos, incluem questões ambientais, o
perfil de utilização do usuário (taxa de uso do sistema), os riscos do sistema para o
meio ambiente (por exemplo, eliminação de resíduos), suporte, custo total de
desenvolvimento, desempenho e a infraestrutura de apoio (JONES, 2006, p. 2.1-2.7).
Finkelstein e Guertin (1988) argumentam que o conceito de manutenção é
desenvolvido concomitantemente aos requisitos operacionais do sistema. Além disso, o
ciclo de vida útil, o ambiente operacional e o desempenho do sistema precisam ser
definidos pois são determinantes para o sucesso da missão do sistema militar
complexo.
102
Sob um ponto de vista militar, o Departamento de Administração de Sistemas de
Defesa dos Estados Unidos (1986) define que os requisitos operacionais dos sistemas
incluem a distribuição e o emprego operacional, o cenário ou perfil da missão, os
parâmetros de desempenho, ambientes operacionais onde será utilizado, requisitos de
eficácia e vida útil operacional do sistema.
Em relação a outro elemento do SLI, a obsolescência de equipamentos e
componentes, nota-se que o planejamento para essa eventualidade é importante, pois é
muito provável que o sistema militar complexo, no final do seu ciclo de vida, passe à
situação do descomissionamento e descarte. Essa situação avulta de importância em
países como o Brasil, que tendem a comprar produtos de defesa de alta tecnologia de
�segunda mão� das potências militares e que passam, normalmente, à situação de
usuário final desses equipamentos.
A obsolescência é o estado em que um componente, uma peça ou um conjunto
não está mais disponível para aquisição junto ao fabricante original. É o ponto no ciclo
de vida de um sistema em que peças sobressalentes e de reparo apresentam
descontinuidade na sua produção. Essa falta pode ser devida a vários motivos, como o
fato de o fornecedor não estar mais no negócio ou ter parado a produção de um item
específico. Segundo Howard (2002), a obsolescência também afeta componentes não
eletrônicos, embora o efeito possa não ser aparente por alguns anos, uma vez que
sistemas não eletrônicos podem ser sustentáveis por mais tempo. Boyle (2005)
argumenta que os fabricantes tiveram que lidar com a obsolescência desde o início da
indústria manufatureira.
A obsolescência afeta muitos sistemas com ciclos de vida longos e, embora seja
tradicionalmente ligada ao gerencimento da indústria de defesa, atualmente também
tem sido uma preocupação de outras indústrias, como as nucleares, médicas, de
energia, telecomunicações, ferrovias e petroquímicas. A obsolescência também pode
ser considerada quando há a diminuição das fontes de fabricação e a escassez de
material devido à descontinuidade na produção.
Haub (1997) argumenta que a obsolescência não afeta apenas todos os
equipamentos e produtos, mas também ferramental especial, equipamentos de teste e
software de apoio aos sistemas. Normalmente, se um componente se tornar obsoleto, o
103
mesmo acontece com o conjunto do qual ele faz parte. Assim, é usual que sistemas
antigos e sistemas militares complexos sintam mais fortemente os efeitos da
obsolescência. Tradicionalmente, as respostas à obsolescência têm sido de forma
reativa (Burrows, 2003).
Finkelstein e Guertin (1988) afirmam que a obsolescência também ocorre devido
ao novo design do equipamento do fabricante, ou devido a equipamentos desgastados
que são reprojetados para encorajar as vendas, em um perído de tempo menor do que
o esperado pelo usuário.
Os custos associados à obsolescência incluem a deterioração de itens em
estoque e itens obsoletos sendo substituídos por um produto tecnologicamente mais
avançado. De acordo com Hutchinson (1987), tais custos devem ser abordados com
cautela, pois podem ter alto impacto no ciclo de vida do material.
Para alcançar um custo total mais baixo, o gerenciamento da obsolescência
durante o ciclo de vida de um equipamento precisa ser implementado contratualmente,
e deve ser considerado nos mais altos níveis de gerenciamento de um sistema militar
complexo. É importante a concepção de um plano de obsolescência, no qual sejam
considerados a identificação, o momento e a maneira pela qual um equipamento ou
conjunto deve ser descomissionado.
Por fim, destaca-se que todos os equipamentos militares terminam seu ciclo de
vida e necessitam ser descartados. Em se tratando de sistemas militares complexos, a
questão do descomissionamento e descarte tornam-se ainda mais relevantes, em razão
dos materiais e substâncias dos componentes.
Em certos casos, após o término do seu ciclo de vida útil e entrada na fase de
descarte, o sistema militar complexo pode ser designado para ser �canibalizado�. A
�canibalização� de sistemas militares é um termo mundialmente conhecido entre os
militares e uma atividade comumente executada nas Forças Armadas. Consiste na
retirada de componentes e subsistemas de um equipamento para serem reutilizados em
outros sistemas militares ainda ativos, permitindo o aumento da disponibilidade dos
materiais e a redução nos custos de manutenção, já que não há compra de novos
equipamentos.
104
Para Jones (2006), a eliminação implica que o sistema seja retirado de operação,
descartando-o ou salvando-o, a fim de preservar os recursos que são necessários para
o suporte de um sistema similar ou um novo. O referido autor sustenta que a
eliminação de equipamentos ou um sistema é um elemento cujo custo é
freqüentemente ignorado. No entanto, o sistema ou equipamento pode possuir um valor
de revenda ou salvamento compensando o custo de descarte. Jones indica que os
custos típicos de eliminação são a remodelagem, reciclagem, descarte do sistema,
arquivamento e gerenciamento de dados, encerramento do inventário, desmilitarização,
gerenciamento de resíduos (eliminação de materiais perigosos) e embalagem,
manuseio, armazenamento e transporte.
Blanchard (2004) afirma que as atividades de Suporte Logístico Integrado são
necessárias na fase de reciclagem de sistemas militares ou durante a fase de
descomissionamento e eliminação do sistema. Elas incluem a remoção de itens
obsoletos do inventário, reciclando-os para reutilização em outros aplicativos e a
desagregação e eliminação dos itens que não podem ser reutilizados. Importância
fundamental deve ser dada ao descarte sem degradação do meio ambiente, ou seja,
sem contaminação da água, ar ou solo e sem geração de poluição sonora, radiação ou
lixo sólido.
Finalmente , conforme Blanchard (2004), o descarte é o estágio final dentro do
ciclo de vida do sistema militar complexo. Todo equipamento, sistema ou componente
precisa ser projetado tendo-se em conta seu descarte, e os procedimentos devem ser
implementados usando-se os recursos do Suporte Logístico Integrado. Deve-se garantir
que esses métodos e seus resultados estejam de acordo com os requisitos ecológicos,
políticos, sociais, ambientais e de segurança e economicamente viáveis.
105
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 RESULTADOS
Define-se para este trabalho um nível de significância (quanto se admite errar
nas conclusões estatísticas, ou seja, o erro estatístico que se está cometendo nas
análises) de 0,05 (5%). Lembra-se também que todos os intervalos de confiança
construídos ao longo do trabalho, foram construídos com 95% de confiança estatística.
Ressalta-se que são utilizados testes estatísticos não paramétricos, pois mesmo
a amostragem sendo bem superior a 30 sujeitos, o que pelo Teorema do Limite Central,
garante que a distribuição tende a uma distribuição Normal, no caso da pesquisa
observa-se a ocorrência basicamente de variáveis ordinais e não continuas. Além disso
a normalidade foi testada e a mesma não foi assegurada.
Ilustra-se a seguir a legenda adotada ao longo do trabalho para os Elementos do
Suporte Logístico Integrado (definidos como tópico). Os itens de cada Elemento do SLI
considerado representam atividades relacionadas ao tópico e que também são objeto
desta pesquisa científica:
Tópico Item 1 Item 2 Item 3
Plano de Manutenção
Estabelecimento da relação homem/hora para as
atividades de manutenção preventiva em cada escalão
Definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão
Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra
e indústria
Definição dos escalões de manutenção
Ferramental especial,
equipamentos de suporte e de testes
Padronização da instrução e do treinamento na operação
do ferramental especial e equipamentos de testes
Definição dos requisitos logísticos necessários para o
ferramental especial e equipamentos de teste
Definição das necessidades de
ferramental especial e equipamentos de teste
e suporte de acordo com os escalões e
níveis de manutenção
Suprimento Pré-posicionamento de
suprimento para as atividades de manutenção
Definição dos testes e procedimentos de aceitação do
suprimento
Definição do nível mínimo de estoque
Embalagem, manuseio,
armazenagem e transporte
Suporte e recursos computacionais compatíveis
e adequados ao gerenciamento do suprimento
em estoque
Instalações adequadas para armazenagem do suprimento
(espaço, volume, meio ambiente, condições de
umidade, etc)
Condições de embalagem, manuseio
e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento
Documentação técnica
Padronização da documentação técnica por
níveis de manutenção e operação
Manuais de operação e de manutenção de fácil
entendimento
Manuais de operação e de manutenção
adequados ao material
Instalações e infraestrutura
Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às
condições ambientais
Adequação das instalações e infraestrutura às atividades
operacionais e de manutenção (piso, garagens, talhas,
Adequação das instalações de
manutenção e depósito para a distribuição e
106
(controle de temperatura e umidade, controle de
resíduos, etc)
depósitos, etc) fluxo do suprimento
Pessoal especializado
Normatização do plano de movimentação do pessoal
especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na
movimentação, etc)
Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a
atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal
qualificado para operar e manter sistema
Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de
especialização do pessoal de operação e
de manutenção
Treinamento, instrução e suporte
ao treinamento
Reaproveitamento do pessoal especializado para o
novo sistema adquirido
Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível
de especialização dos instrutores e monitores
Adequação dos equipamentos de
treinamento e meios auxiliares de instrução
Suporte e recursos computacionais
Teste e verificação da precisão e eficiência do
software
Identificação dos requisitos de software para apoio à operação
e manutenção do sistema
Definição da política de proteção de dados e
dos direitos autorais do software
Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade
Identificação de peças e conjuntos com excessivo
número de falhas
Definição do nível de disponibilidade operacional
desejado
Condução de análises de confiabilidade,
manutenção e disponibilidade
Gerenciamento da configuração
Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros
de emprego
Adaptação ou integração de novos subsistemas
Adaptação contínua em função das experiências
operacionais
Requisitos operacionais do
sistema
Definição dos parâmetros de rendimento do sistema
Definição do ciclo de vida do sistema
Definição das necessidades
operacionais de emprego do sistema
Obsolescência Monitoramento das
condições dos fornecedores de produtos críticos
Definição da obsolescência de ferramental especial e software
Definição contratual do gerenciamento da
obsolescência
Descarte
Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros
produtos
Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a
melhor relação custo-benefício
Adequação da reciclagem,
reaproveitamento ou descarte em
atendimento aos requisitos ambientais e
ecológicos
Tabela 6: Legenda das questões Fonte: elaborado pelo autor
A mediana é uma medida de posição, ela divide a amostra ao meio, ou seja, 50%
dos indivíduos estão acima do valor da mediana e 50% estão abaixo. Esta é uma
estatística analisada em relação à média, pois quanto mais próximo seu valor for em
relação à média, mais simétrica será a distribuição e uma distribuição assimétrica
possui uma grande variabilidade.
A variabilidade é medida pelo desvio padrão. Quanto mais próximo (ou maior)
esse valor for em relação à média, maior será a variabilidade, o que é ruim, pois assim
não há uma homogeneidade dos dados.
107
A moda é uma estatística que mostra simplesmente o valor que mais ocorre na
amostra. O intervalo de confiança (IC) ora somado e ora subtraído da média, mostra a
variação da média segundo uma probabilidade estatística. Também aqui, esses limites
não têm nada a ver com o calculo de mais ou menos um desvio padrão em relação à
média. Lembrando que o IC é mais confiável, pois há uma probabilidade estatística
associada em seu cálculo.
Deve-se ressaltar que o teste não paramétrico não faz a comparação dos grupos
pela média e sim pela posição dos dados. Mesmo não tendo utilizado a média para a
comparação, pode-se utilizá-la como estatística descritiva para que haja o entendimento
do que ocorre nos resultados.
Inicia-se a seguir a análise dos resultados comparando-se os tópicos, que são
os Elementos do Suporte Logístico Integrado. Como as variáveis são pareadas (mesmo
sujeito é pesquisa e controle dele mesmo), utiliza-se o teste de Friedman. Assim,
compara-se os tópicos em dois grupos: Segmento Militar e Segmento Industrial.
Também, em virtude da importância do nível decisório para a aquisição de
sistemas militares complexos, realiza-se a análise para um subgrupo especial do
segmento militar: os Oficiais-Generais. Destaca-se a participação ao todo de 26 (vinte e
seis) Oficiais-Generais, assim distribuídos:
a) General-de-Exército: 05 b) General-de-Divisão: 07 c) General-de-Brigada: 14
5.1.1 Comparação entre os tópicos para o Segmento Militar
Militares Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Plano de Manutenção
4,61 5 0,67 5 233 0,09
<0,001
Ferramental 4,58 5 0,63 5 232 0,08
Suprimento 4,78 5 0,52 5 234 0,07
Embalagem 3,76 4 0,82 4 232 0,11
Documentação 4,53 5 0,71 5 230 0,09
Instalações 4,36 4 0,72 5 233 0,09
Pessoal Esp. 4,78 5 0,54 5 233 0,07
Treinamento 4,69 5 0,54 5 233 0,07
Suporte 4,08 4 0,74 4 232 0,09
Confiabilidade 4,42 5 0,66 5 234 0,08
Ger. Configuração 4,04 4 0,74 4 231 0,10
Req. Operacionais 4,22 4 0,76 4 233 0,10
108
Obsolescência 3,86 4 0,78 4 231 0,10
Descarte 3,53 4 0,93 4 232 0,12
Tabela 7: Comparação entre Tópicos para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor
Analisando-se os resultados obtidos para o Segmento Militar, verifica-se que
existe diferença estatisticamente significante entre todos os Elementos de Suporte
Logístico Integrado, haja vista que o p-valor entre eles foi inferior a 0,001, o que resulta
em alta relevância estatística entre os Elementos do SLI.
Conclui-se, ainda, que há 04 (quatro) Elementos de Suporte Logístico Integrado
com média relevante, superior a 4,60, que são: Suprimento (4,78), Pessoal
Especializado (4,78), Treinamento (4,69) e Plano de Manutenção (4,61).
Ressalta-se nesse ponto, que os Elementos do SLI considerados mais
relevantes (maior média) observados para o Segmento Militar são Suprimento e
Pessoal Especializado.
Observou-se, também, que há 03 (três) Elementos do SLI com média menos
relevante, sendo inferior a 4,00, que são: a) Obsolescência (3,86); b) Embalagem,
manuseio, armazenagem e transporte (3,76); c) Descarte (3,53).
5.1.2 Comparação entre os tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais
Generais Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Plano de Manutenção
4,54 5 0,86 5 26 0,33
<0,001
Ferramental 4,65 5 0,63 5 26 0,24
Suprimento 4,81 5 0,49 5 26 0,19
Embalagem 3,88 4 0,86 4 26 0,33
Documentação 4,54 5 0,65 5 26 0,25
Instalações 4,23 4 0,71 4 26 0,27
Pessoal Esp. 4,85 5 0,46 5 26 0,18
Treinamento 4,85 5 0,37 5 26 0,14
Suporte 4,12 4 0,82 4 26 0,31
Confiabilidade 4,42 4,5 0,64 5 26 0,25
Ger. Configuração 4,31 4 0,62 4 26 0,24
Req. Operacionais 4,42 5 0,81 5 26 0,31
Obsolescência 3,92 4 0,74 4 26 0,29
Descarte 3,54 3,5 1,03 3 26 0,40
Tabela 8: Comparação entre Tópicos para Oficiais-Generais Fonte: elaborado pelo autor
109
Em relação ao subgrupo de Oficiais-Generais, igualmente se verificou que existe
diferença estatisticamente significante entre os Elementos de Suporte Logístico
Integrado, haja vista que o p-valor entre eles foi inferior a 0,001, o que resulta em alta
relevância estatística entre os Elementos do SLI.
Da mesma forma que ocorre no Segmento Militar, conclui-se também que há 04
(quatro) Elementos de Suporte Logístico Integrado considerados mais relevantes, com
média superior a 4,60: Pessoal Especializado (4,85), Treinamento (4,85),
Suprimento (4,81) e Ferramental (4,65).
Contudo, somente em 03 (três) Elementos do SLI considerados mais relevantes,
há igualdade entre o subgrupo de Oficiais-Generais em relação ao apresentado pelo
Segmento Militar como um todo, que são: Suprimento, Pessoal Especializado e
Treinamento.
A diferença ocorreu em relação quarto tópico mais relevante. Para os Oficiais-
Generais, o quarto Elemento do SLI com maior relevância é o Ferramental. Já para o
Segmento Militar como um todo, o quarto elemento mais relevante é o Plano de
Manutenção.
Outra constatação relevante é o fato de que tanto para o Segmento Militar, como
para o subgrupo dos Oficiais-Generais, o Elemento do SLI considerado mais
relevante, e no qual os dois universos apontam de forma uníssona, é o Pessoal
Especializado.
Da mesma forma que se observou em relação ao Segmento Militar, para os
Oficias-Generais também há 03 (três) Elementos do SLI considerados menos
relevantes, com média inferior a 4,00, que são: a) Obsolescência (3,92); b)
Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte (3,88); c) Descarte (3,54).
Uma segunda observação em relação aos itens considerados menos relevantes,
é que tanto para o Segmento Militar como um todo, como para os Oficiais-Generais, a
ordem de importância é a mesma. Assim, o item considerado com uma significância um
pouco maior é a obsolescência, sendo que o Elemento de SLI mesmo relevante, para
os dois grupos, é o descarte.
110
5.1.3 Comparação entre os tópicos para o Segmento Industrial
Industria Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Plano de Manutenção
4,11 4 0,93 5 9 0,61
<0,001
Ferramental 4,56 5 0,53 5 9 0,34
Suprimento 4,44 5 0,73 5 9 0,47
Embalagem 2,89 3 0,93 3 9 0,61
Documentação 4,78 5 0,44 5 9 0,29
Instalações 4,11 4 0,78 4 9 0,51
Pessoal Esp. 4,00 4 1,00 4 9 0,65
Treinamento 4,67 5 0,71 5 9 0,46
Suporte 3,11 3 0,78 3 9 0,51
Confiabilidade 4,11 4 0,60 4 9 0,39
Ger. Configuração 4,11 4 0,60 4 9 0,39
Req. Operacionais 4,11 4 0,78 4 9 0,51
Obsolescência 3,78 4 1,20 5 9 0,79
Descarte 3,11 3 0,78 3 9 0,51
Tabela 9: Comparação entre tópicos para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor
Em relação ao Segmento Industrial, também se observa que existe diferença
estatisticamente significante entre os Elementos de Suporte Logístico Integrado, haja
vista que o p-valor apresentado foi inferior a 0,001.
De forma diferente do que foi constatado em relação ao Segmento Militar e ao
subgrupo dos Oficiais-Generais, há apenas 02 (dois) Elementos do Suporte Logístico
Integrado considerados com alta relevância, com média superior a 4,60:
Documentação técnica (4,78) e Treinamento (4,67).
Assim, o único item do SLI com relevância estatística e que apresenta
uniformidade em relação aos três universos considerados, é o Treinamento.
Constata-se, também que, da mesma forma que se observou em relação ao
Segmento Militar e ao subgrupo dos Oficias-Generais, aqui também há 03 (três)
Elementos do SLI considerados menos relevantes, com média inferior a 4,00, e que se
repetem nos três universos considerados, que são: a) Obsolescência (3,78); b)
Descarte (3,11); c) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte (2,89).
A única diferença aqui, reside no fato de que o item considerado menos
relevante de todos não é o Descarte, mas sim a Embalagem, manuseio,
armazenagem e transporte.
111
Desse modo, a fim de facilitar a interpretação dos dados observados para os três
universos considerados, representa-se no Diagrama de Venn abaixo os Elementos de
SLI considerados mais relevantes, para cada universo analisado:
Figura 7: Elementos do SLI considerados mais relevantes por segmento Fonte: elaborado pelo autor
De igual modo, ilustra-se abaixo, também pelo Diagrama de Venn, os Elementos
do SLI considerados menos relevantes:
Figura 8: Elementos do SLI considerados menos relevantes por segmento Fonte: elaborado pelo autor
112
Como há muitos tópicos e houve significância estatística, há necessidade de
utilizar o teste de Wilcoxon para comparar todos os tópicos aos pares, a fim de que
possa ser determinado entre quais tópicos a diferença observada é estatisticamente
relevante.
Os p-valores são mostrados nas tabelas a seguir, que demonstram entre quais
tópicos a diferença pode ser considerada relevante e para quais Elementos do SLI a
diferença não é estatisticamente relevante, considerando-se o Segmento Militar, o
subgrupo dos Oficiais-Generais e o Segmento Industrial.
5.1.4 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Militar
Para o Segmento Militar, conforme já estudado, 04 (quatro) Elementos do SLI
apresentaram média relativamente alta, indicando a relevância desses tópicos:
Suprimento (4,78), Pessoal Especializado (4,78), Treinamento (4,69) e Plano de
Manutenção (4,61).
Esses itens foram analisados aos pares, entre si e com todos os outros Elementos
do SLI na Tabela 10. Para fins de entendimento do estudo e interpretação da Tabela,
foram destacados em amarelo os 04 tópicos citados e todos os p-valores que
indicaram que há diferença estatisticamente relevante, ou seja, que estão abaixo do
valor de corte de 0,05 para o p-valor.
Observa-se que os dois tópicos Suprimento e Pessoal Especializado, que
apresentaram a maior média de 4,78, em todos os cruzamentos esses dois Elementos
de SLI apresentaram que são estatisticamente diferente de todos os demais, mas
são iguais entre si (p-valor = 0,890). Tal fato comprova que Suprimento e Pessoal
Especializado são os mais importantes, pois têm a maior média, e não são iguais a
nenhum outro Elemento do SLI, tendo importância estatística tecnicamente igual
entre si.
Por outro lado, em relação aos outros 02 tópicos relevantes, Treinamento e Plano
de Manutenção, se observa que Treinamento é estatisticamente diferente de todos
os demais tópicos, mas tecnicamente não apresenta diferença estatística relevante
em relação ao Plano de Manutenção (p-valor = 0,158). Já o Plano de Manutenção
tecnicamente não apresenta diferença de relevância estatística também em relação a
Ferramental (p-valor = 0,424) e Documentação técnica (p-valor = 0,133).
113
Ao se estudar os itens Ferramental e Documentação técnica, observa-se que o
item Ferramental é estatisticamente diferente de todos os demais, mas
tecnicamente de igual relevância a Documentação técnica (p-valor = 0,335). E, por sua
vez, o item Documentação técnica só não apresenta diferença estatisticamente
relevante, além do tópico Ferramental, também em relação ao Plano de Manutenção (p-
valor=0,133) � que já é um item considerado relevante.
Desse modo, tendo-se em conta que o N-amostral do Segmento Militar é alto (231
a 234), permite-se concluir, mediante uma interpretação extensiva, que podem ser
considerados como tópicos de relevância estatística para o Segmento Militar, além de
Suprimento, Pessoal Especializado, Treinamento e Plano de Manutenção, também
Ferramental e Documentação técnica.
5.1.5 Comparação entre os tópicos aos pares para o subgrupo dos Oficiais-Generais
Para o subgrupo de Oficiais-Generais, conforme já estudado, 04 (quatro)
Elementos do SLI apresentaram média relativamente alta, indicando a relevância
desses tópicos: Pessoal Especializado (4,85), Treinamento (4,85), Suprimento (4,81)
e Ferramental (4,65).
Observa-se, segundo os p-valores apresentados na Tabela 11, que o tópico
Pessoal Especializado, em todos os cruzamentos, à exceção de Ferramental (p-
valor=0,248), Suprimento (p-valor=0,783) e Treinamento (p-valor=1,000), apresentou-se
estatisticamente diferente de todos os demais.
Já o item Treinamento, não apresentou diferença estatisticamente relevante em
relação a somente um item ainda não considerado estatisticamente relevante: Plano de
Manutenção (p-valor=0,107).
Para o item Ferramental, observa-se a igualdade de relevância estatística em
relação aos seguintes itens ainda não considerados de alta importância: Documentação
técnica (p-valor=0,477), Confiabilidade (p-valor=0,277), Gerenciamento da
Configuração (p-valor=0,132) e Requisitos Operacionais (p-valor=0,311).
Em relação a Suprimento, constata-se que não apresentou diferença
estatisticamente relevante em relação aos seguintes itens ainda não considerados
114
estatisticamente relevantes: Plano de Manutenção (p-valor=0,223) e Documentação
Técnica (p-valor=0,124).
Contudo, devido ao N-amostral para o subgrupo de Oficiais-Generais ser baixo
(26), não se permite para fins deste estudo científico, que se realize uma interpretação
extensiva no sentido de incluir outros itens além de Pessoal Especializado,
Treinamento, Suprimento e Ferramental, como Elemento do SLI de alta relevância.
5.1.6 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Industrial
No Segmento Industrial, os Elementos de SLI mais importantes foram
Documentação técnica (4,78) e Treinamento (4,67). Segundo os p-valores
apresentados aos pares na Tabela 12, o tópico Documentação técnica não apresenta
diferença estatísticamente relevante em relação a: Treinamento (p-valor = 0,317),
Ferramental (p-valor = 0,317) e Suprimento (p-valor = 0,257).
Já o item Treinamento não apresentou diferença estatisticamente relevante,
além de Documentação técnica, como acima verificado, também em relação a mais os
seguintes itens: Requisitos operacionais (p-valor=0,129), Plano de Manutenção (p-
valor=0,129), Ferramental (p-valor=0,655) e Suprimento (p-valor=0,480).
Para o Segmento Industrial, devido ao N-amostral ser baixo (9), também não se
permite para fins deste estudo científico, que se realize uma interpretação extensiva no
sentido de incluir outros itens além de Documentação técnica e Treinamento, como
Elemento do SLI de alta relevância.
Denota-se, portanto, que para o Segmento Industrial, os itens Documentação
técnica e Treinamento são considerados altamente relevantes e apresentam
tecnicamente a mesma significância estatística entre si.
.
115
Militares Plano Manutenção
Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal
Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade
Ger. Configuração
Req. Operacionais
Obsolescência
Ferramental 0,424
Suprimento 0,001 <0,001
Embalagem <0,001 <0,001 <0,001
Documentação 0,133 0,335 <0,001 <0,001
Instalações <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,001
Pessoal Esp. 0,001 <0,001 0,890 <0,001 <0,001 <0,001
Treinamento 0,158 0,014 0,015 <0,001 0,002 <0,001 0,013
Suporte <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Confiabilidade 0,001 0,007 <0,001 <0,001 0,080 0,238 <0,001 <0,001 <0,001
Ger. Configuração <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,600 <0,001
Req. Operacionais <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,025 <0,001 <0,001 0,014 <0,001 0,002
Obsolescência <0,001 <0,001 <0,001 0,137 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Descarte <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Tabela 10: P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor
Generais Plano Manutenção
Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal
Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade
Ger. Configuração
Req. Operacionais
Obsolescência
Ferramental 0,714
Suprimento 0,223 0,102
Embalagem <0,001 0,004 <0,001
Documentação 0,851 0,477 0,124 0,004
Instalações 0,127 0,008 0,001 0,161 0,033
Pessoal Esp. 0,098 0,248 0,783 0,001 0,075 <0,001
Treinamento 0,107 0,190 0,739 <0,001 0,059 0,002 1,000
Suporte 0,008 0,035 0,005 0,272 0,032 0,490 <0,001 0,001
Confiabilidade 0,477 0,227 0,039 0,020 0,572 0,244 0,001 0,005 0,021
Ger. Configuração 0,109 0,132 0,014 0,008 0,206 0,672 0,002 0,002 0,197 0,317
Req. Operacionais 0,366 0,311 0,075 0,006 0,512 0,454 0,017 0,019 0,046 1,000 0,317
Obsolescência 0,006 0,004 0,001 0,816 0,002 0,157 <0,001 <0,001 0,260 0,011 0,018 0,012
Descarte <0,001 0,001 <0,001 0,116 0,001 0,014 <0,001 <0,001 0,009 <0,001 0,001 0,001 0,031
Tabela 11: P-valores da comparação entre tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais Fonte: elaborado pelo autor
116
Industria Plano Manutenção
Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal
Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade
Ger. Configuração
Req. Operacionais
Obsolescência
Ferramental 0,157
Suprimento 0,453 0,655
Embalagem 0,026 0,006 0,006
Documentação 0,084 0,317 0,257 0,007
Instalações 0,931 0,157 0,083 0,016 0,034
Pessoal Esp. 0,783 0,102 0,102 0,031 0,053 0,655
Treinamento 0,129 0,655 0,480 0,011 0,317 0,059 0,058
Suporte 0,014 0,010 0,016 0,414 0,007 0,024 0,039 0,006
Confiabilidade 1,000 0,102 0,257 0,014 0,014 1,000 0,785 0,059 0,024
Ger. Configuração 1,000 0,157 0,366 0,026 0,034 1,000 0,763 0,096 0,024 1,000
Req. Operacionais 1,000 0,206 0,317 0,016 0,063 1,000 0,792 0,129 0,030 1,000 1,000
Obsolescência 0,454 0,068 0,131 0,084 0,041 0,414 0,480 0,039 0,131 0,380 0,317 0,546
Descarte 0,047 0,006 0,005 0,414 0,007 0,011 0,033 0,011 1,000 0,014 0,024 0,047 0,058
Tabela 12: P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor
117
5.1.7 Elementos de SLI com relevância estatística
Assim, pode-se inferir, após a interpretação dos dados observados para os três
universos considerados, e mediante a constatação de relevância estatística realizada
aos pares entre todos os tópicos, que podem ser considerados com relevância
estatística, os seguintes Elementos de Suporte Logístico Integrado:
a) Elementos de SLI com relevância estatística para o Segmento Militar
Ø Pessoal Especializado
Ø Treinamento
Ø Suprimento
Ø Ferramental
Ø Documentação técnica
Ø Plano de Manutenção
b) Elementos de SLI com relevância estatística para o subgrupo de Oficiais
Generais:
Ø Pessoal Especializado
Ø Treinamento
Ø Suprimento
Ø Ferramental
c) Elementos de SLI com relevância estatística para o Segmento Industrial:
Ø Documentação Técnica
Ø Treinamento
Igualmente, a fim de facilitar a interpretação dos dados observados para os três
universos considerados, representa-se no Diagrama de Venn abaixo os Elementos de
SLI considerados mais relevantes, para cada universo analisado:
118
Figura 9: Elementos do SLI com relevância estatística Fonte: elaborado pelo autor
Pode-se constatar que o Segmento Militar como um todo contém todos os
Elementos do SLI considerados relevantes pelo subgrupo de Oficias-Generais e pelo
Segmento Industrial.
5.1.8 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento Militar
A seguir passa-se a comparar os itens descritos na Tabela 6, que representam
atividades relacionadas a cada Elemento do SLI considerado no Segmento Militar.
Tendo em vista que os tópicos considerados com relevância estatística para o
Segmento Militar, já foram demonstrados no capítulo anterior, serão abordados:
Pessoal especializado, Treinamento, Suprimento, Ferramental, Documentação
Técnica e Plano de Manutenção.
Como as variáveis são pareadas (mesmo sujeito é pesquisa e controle dele
mesmo), utiliza-se novamente o teste de Friedman.
119
Militares Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Plano Manutenção
Item 1 1,96 2 0,92 1 232 0,12
0,510 Item 2 1,98 2 0,77 2 232 0,10
Item 3 2,06 2 0,75 2 232 0,10
Ferramental
Item 1 1,88 2 0,84 1 231 0,11
<0,001 Item 2 1,85 2 0,76 2 231 0,10
Item 3 2,27 2 0,78 3 231 0,10
Suprimento
Item 1 1,93 2 0,84 1 229 0,11
0,005 Item 2 1,90 2 0,80 1 229 0,10
Item 3 2,17 2 0,79 3 229 0,10
Embalagem
Item 1 1,87 2 0,86 1 229 0,11
0,031 Item 2 2,11 2 0,83 3 229 0,11
Item 3 2,02 2 0,74 2 229 0,10
Documentação Técnica
Item 1 1,86 2 0,85 1 230 0,11
0,022 Item 2 2,04 2 0,85 3 230 0,11
Item 3 2,10 2 0,73 2 230 0,09
Instalações
Item 1 1,79 2 0,86 1 227 0,11
<0,001 Item 2 2,14 2 0,84 3 227 0,11
Item 3 2,07 2 0,70 2 227 0,09
Pessoal Esp.
Item 1 1,80 2 0,81 1 227 0,11
0,001 Item 2 2,15 2 0,80 3 227 0,10
Item 3 2,05 2 0,80 2 227 0,10
Treinamento
Item 1 1,86 2 0,86 1 228 0,11
0,004 Item 2 1,97 2 0,88 1 228 0,11
Item 3 2,17 2 0,68 2 228 0,09
Suporte
Item 1 1,83 2 0,75 2 229 0,10
0,005 Item 2 2,10 2 0,87 3 229 0,11
Item 3 2,07 2 0,80 3 229 0,10
Confiabilidade
Item 1 1,89 2 0,87 1 228 0,11
0,001 Item 2 1,90 2 0,83 1 228 0,11
Item 3 2,21 2 0,71 2 228 0,09
Ger. Configuração
Item 1 1,95 2 0,88 1 225 0,12
<0,001 Item 2 1,80 2 0,76 1 225 0,10
Item 3 2,26 2 0,73 3 225 0,10
Req. Operacionais
Item 1 1,67 1 0,79 1 226 0,10
<0,001 Item 2 2,09 2 0,78 2 226 0,10
Item 3 2,24 2 0,77 3 226 0,10
Obsolescência
Item 1 1,84 2 0,82 1 226 0,11
<0,001 Item 2 1,96 2 0,78 2 226 0,10
Item 3 2,21 2 0,81 3 226 0,11
Descarte
Item 1 1,75 2 0,79 1 227 0,10
<0,001 Item 2 2,02 2 0,84 3 227 0,11
Item 3 2,23 2 0,75 3 227 0,10
Tabela 13: Compara Itens por Tópico para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor
120
Ao se observar a Tabela 13, percebe-se que, à exceção dos itens relativos ao
Plano de Manutenção, para todos os demais Elementos do SLI existe significância
estatística entre seus itens componentes.
Desse modo, conclui-se que para o Segmento Militar, pode-se considerar que
não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados
pertencentes ao Plano de Manutenção, que são: item 1) estabelecimento da relação
homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão; item 2)
definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de
Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria; item 3) definição dos escalões de
manutenção.
A correlação entre o Elemento de SLI Plano de Manutenção e seus itens pode
ser melhor entendida na esquematização abaixo:
Figura 10: Itens do Plano de Manutenção Fonte: elaborado pelo autor
121
Como para todos os demais Elementos de SLI os itens componentes
apresentaram diferença estatística relevantes entre si, utiliza-se o teste de Wilcoxon
para se realizar a comparação dos itens aos pares, e determinar com precisão entre
quais itens ocorre a diferença, dentro de cada tópico considerado, cujo resultado é
apresentado na Tabela 14:
Item 1 Item 2
Plano Manutenção
Item 2
Item 3
Ferramental Item 2 0,521
Item 3 <0,001 <0,001
Suprimento Item 2 0,620
Item 3 0,007 0,003
Embalagem Item 2 0,021
Item 3 0,104 0,264
Documentação Técnica
Item 2 0,104
Item 3 0,004 0,495
Instalações Item 2 0,001
Item 3 0,002 0,514
Pessoal Esp. Item 2 <0,001
Item 3 0,009 0,337
Treinamento Item 2 0,419
Item 3 <0,001 0,032
Suporte Item 2 0,003
Item 3 0,004 0,851
Confiabilidade Item 2 0,847
Item 3 <0,001 0,001
Ger. Configuração
Item 2 0,032
Item 3 <0,001 <0,001
Req. Operacionais
Item 2 <0,001
Item 3 <0,001 0,121
Obsolescência Item 2 0,387
Item 3 <0,001 0,019
Descarte Item 2 0,006
Item 3 <0,001 0,025
Tabela 14: P-valores da tabela 13 Fonte: elaborado pelo autor
Na Tabela 14 observa-se somente os p-valores destas comparações, onde basta
cruzar a linha com a coluna para encontrar o p-valor necessário.
Para o Elemento de SLI Ferramental especial, equipamentos de suporte e de
testes, observa-se que há relevância estatística do item 3, que tem a maior média
(2,27), quando comparado com o item 1 (p-valor=<0,001) e ao item 2 (p-valor=<0,001).
122
Já entre os itens 1 e 2, não há diferença estatisticamente relevante (p-valor=0,521).
Desse modo, conforme descrito na Figura 22, o item 3 (definição das necessidades
de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os
escalões e níveis de manutenção), é o mais importante e estatisticamente
relevante face aos outros dois: item 1) padronização da instrução e do treinamento
na operação do ferramental especial e equipamentos de testes; item 2) definição dos
requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste.
Figura 11: Itens do Ferramental especial e equipamentos de teste e suporte Fonte: elaborado pelo autor
Para o Elemento de SLI Suprimento também se observa a relevância
estatística do item 3, que tem a maior média (2,17), quando comparado com o item 1
(p-valor=0,007) e ao item 2 (p-valor=0,003). Já entre os itens 1 e 2, não há diferença
estatisticamente relevante (p-valor=0,620). Desse modo, o item 3 (Definição do nível
mínimo de estoque), é o mais importante e estatisticamente relevante face aos
outros dois: item 1) pré-posicionamento de suprimento para as atividades de
manutenção; item 2) definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento.
123
Figura 12: Itens do Suprimento Fonte: elaborado pelo autor
Para o Elemento de SLI Documentação técnica igualmente se observa a
relevância estatística do item 3, que tem a maior média (2,10), quando comparado
apenas com o item 1 (p-valor=0,004). Contudo, apresenta igualdade técnica ao item 2
(p-valor=0,495), que, por sua vez, também não apresenta diferença estatisticamente
relevante em relação ao item 1 (p-valor=0,104). Desse modo, pode-se considerar que
não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados
pertencentes à Documentação técnica, que são: item 1) padronização da
documentação técnica por níveis de manutenção e operação; item 2) manuais de
operação e de manutenção de fácil entendimento; item 3) manuais de operação e de
manutenção adequados ao material.
124
Figura 13: Itens da Documentação Técnica Fonte: elaborado pelo autor
Para o Elemento de SLI Pessoal especializado se observa a relevância
estatística do item 1, que tem a menor média (1,80), quando comparado com o item 2
(p-valor=<0,001) e 3 (p-valor=0,009). Já entre os itens 2 e 3, não há diferença
estatisticamente relevante (p-valor=0,337). Desse modo, o item 1 (Normatização do
plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade
na movimentação, etc)), é o menos importante e estatisticamente diferente face aos
outros dois: item 2) Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e
manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal
qualificado para operar e manter sistema; item 3) Definição da quantidade, requisitos,
habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção.
125
Figura 14: Itens do Pessoal Especializado Fonte: elaborado pelo autor
Para o Elemento de SLI Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento
também se observa a relevância estatística do item 3, que tem a maior média (2,17),
quando comparado com o item 1 (p-valor=<0,001) e ao item 2 (p-valor=0,032). Já entre
os itens 1 e 2, não há diferença estatisticamente relevante (p-valor=0,419). Desse
modo, o item 3 (Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de
instrução), é o mais importante e estatisticamente relevante face aos outros dois:
item 1) Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido; item
2) Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos
instrutores e monitores.
126
Figura 15: Itens do Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento Fonte: elaborado pelo autor
5.1.9 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento
Industrial
A seguir passa-se a comparar os itens descritos na Tabela 6, que representam
atividades relacionadas a cada Elemento do SLI considerado no Segmento Industrial.
Tendo em vista que os tópicos considerados com relevância estatística para o
Segmento Industrial, já demonstrados no capítulo anterior, serão abordados:
Treinamento e Documentação Técnica.
Como as variáveis são pareadas (mesmo sujeito é pesquisa e controle dele
mesmo), utiliza-se novamente o teste de Friedman.
127
Industria Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Manutenção
Item 1 1,89 2 0,93 1 9 0,61
0,717 Item 2 2,22 2 0,83 3 9 0,54
Item 3 1,89 2 0,78 2 9 0,51
Ferramental
Item 1 1,67 1 0,87 1 9 0,57
0,368 Item 2 2,33 2 0,71 2 9 0,46
Item 3 2,00 2 0,87 3 9 0,57
Suprimento
Item 1 2,33 2 0,71 2 9 0,46
0,121 Item 2 1,44 1 0,53 1 9 0,34
Item 3 2,22 3 0,97 3 9 0,63
Embalagem
Item 1 2,25 2 0,71 2 8 0,49
0,687 Item 2 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
Item 3 1,88 2 0,83 1 8 0,58
Documentação Técnica
Item 1 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
0,687 Item 2 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
Item 3 1,88 2 0,64 2 8 0,44
Instalações
Item 1 1,88 2 0,83 1 8 0,58
0,882 Item 2 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69
Item 3 2,00 2 0,76 2 8 0,52
Pessoal Esp.
Item 1 2,00 2 0,93 3 8 0,64
0,882 Item 2 1,88 2 0,83 2 8 0,58
Item 3 2,13 2 0,83 3 8 0,58
Treinamento
Item 1 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69
0,687 Item 2 2,13 2 0,83 3 8 0,58
Item 3 1,75 2 0,71 2 8 0,49
Suporte
Item 1 2,13 2 0,64 2 8 0,44
0,882 Item 2 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
Item 3 2,00 2 0,93 1 8 0,64
Confiabilidade
Item 1 2,50 2,5 0,53 3 8 0,37
0,223 Item 2 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
Item 3 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
Ger. Configuração
Item 1 2,38 3 0,92 3 8 0,63
0,034 Item 2 2,38 2 0,52 2 8 0,36
Item 3 1,25 1 0,46 1 8 0,32
Req. Operacionais
Item 1 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
0,607 Item 2 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
Item 3 2,00 2 0,76 2 8 0,52
Obsolescência
Item 1 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
0,417 Item 2 1,63 1,5 0,74 1 8 0,52
Item 3 2,13 2 0,83 3 8 0,58
Descarte
Item 1 2,00 2 0,93 1 8 0,64
0,135 Item 2 1,50 1 0,76 1 8 0,52
Item 3 2,50 2,5 0,53 2 8 0,37
Tabela 15:Compara Itens por Tópico para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor
128
Ao se observar a Tabela 15, percebe-se que, à exceção dos itens relativos ao
Gerenciamento de Configuração (p-valor=0,034), para todos os demais Elementos do
SLI não existe significância estatística entre seus itens componentes.
Desse modo, conclui-se que, para o Segmento Industrial, pode-se considerar
que não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados
pertencentes à Documentação Técnica e ao Treinamento.
Assim, para o Elemento do SLI Documentação Técnica, apresentaram
resultados estatísticos de relevância com igualdade técnica: item 1) padronização da
documentação técnica por níveis de manutenção e operação; item 2) manuais de
operação e de manutenção de fácil entendimento; item 3) manuais de operação e de
manutenção adequados ao material.
E para o Elemento do SLI Treinamento, instrução e suporte ao treinamento,
também apresentaram resultados estatísticos com a mesma significância, os três itens:
item 1) reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido; item
2) definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos
instrutores e monitores; item 3) adequação dos equipamentos de treinamento e meios
auxiliares de instrução.
Conclui-se, por fim, que há diferença estatisticamente significante entre os itens
constituintes dos Elementos do SLI, somente para o Segmento Militar e em relação
aos seguintes tópicos: a) Ferramental especial, equipamentos de suporte e de
testes, b) Suprimento, c) Pessoal Especializado; d) Treinamento, instrução e
suporte ao treinamento.
5.1.10 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por
Elemento do SLI
Prosseguindo, compara-se na Tabela 16 o Segmento Militar e o Segmento
Industrial para cada Elemento de SLI considerado, utilizando-se o teste de Mann-
Whitney.
129
Tópicos Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Manutenção Industria 4,11 4 0,93 5 9 0,61
0,051 Militares 4,61 5 0,67 5 233 0,09
Ferramental Industria 4,56 5 0,53 5 9 0,34
0,675 Militares 4,58 5 0,63 5 232 0,08
Suprimento Industria 4,44 5 0,73 5 9 0,47
0,043 Militares 4,78 5 0,52 5 234 0,07
Embalagem Industria 2,89 3 0,93 3 9 0,61
0,005 Militares 3,76 4 0,82 4 232 0,11
Documentação técnica Industria 4,78 5 0,44 5 9 0,29
0,325 Militares 4,53 5 0,71 5 230 0,09
Instalações Industria 4,11 4 0,78 4 9 0,51
0,279 Militares 4,36 4 0,72 5 233 0,09
Pessoal Esp. Industria 4,00 4 1,00 4 9 0,65
<0,001 Militares 4,78 5 0,54 5 233 0,07
Treinamento Industria 4,67 5 0,71 5 9 0,46
0,826 Militares 4,69 5 0,54 5 233 0,07
Suporte Industria 3,11 3 0,78 3 9 0,51
0,001 Militares 4,08 4 0,74 4 232 0,09
Confiabilidade Industria 4,11 4 0,60 4 9 0,39
0,120 Militares 4,42 5 0,66 5 234 0,08
Ger. Configuração Industria 4,11 4 0,60 4 9 0,39
0,874 Militares 4,04 4 0,74 4 231 0,10
Req. Operacionai Industria 4,11 4 0,78 4 9 0,51
0,602 Militares 4,22 4 0,76 4 233 0,10
Obsolescência Industria 3,78 4 1,20 5 9 0,79
0,958 Militares 3,86 4 0,78 4 231 0,10
Descarte Industria 3,11 3 0,78 3 9 0,51
0,166 Militares 3,53 4 0,93 4 232 0,12
Tabela 16: Compara os Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor
Concluí-se que existe diferença estatisticamente significante entre os grupos
para: Suprimento; Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte; Pessoal
especializado e Suporte e recursos computacionais (todos com p-valores abaixo de
0,05). Nota-se que, dos Elementos do SLI relevantes (assinalados em amarelo), a
média do Segmento Militar só não é maior que a do Segmento Industrial para o tópico
Documentação Técnica.
Para os Elementos Suprimento e Pessoal Especializado, o Segmento Militar,
apresenta média maior do que da Indústria e tem um p-valor abaixo do valor de corte,
ou seja, são significativamente mais importantes para os Militares do que para a
Indústria.
130
5.1.11 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por itens
dos Elementos do SLI
Continuando com a comparação entre os dois segmentos, analisa-se agora os
resultados para os itens em cada um dos tópicos, utilizando-se o teste de Mann-
Whitney, cujo resultado é apresentado na Tabela 17:
Itens Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Manutenção
Item 1 Industria 1,89 2 0,93 1 9 0,61
0,834 Militares 1,96 2 0,92 1 232 0,12
Item 2 Industria 2,22 2 0,83 3 9 0,54
0,364 Militares 1,98 2 0,77 2 232 0,10
Item 3 Industria 1,89 2 0,78 2 9 0,51
0,500 Militares 2,06 2 0,75 2 232 0,10
Ferramental
Item 1 Industria 1,67 1 0,87 1 9 0,57
0,438 Militares 1,88 2 0,84 1 231 0,11
Item 2 Industria 2,33 2 0,71 2 9 0,46
0,062 Militares 1,85 2 0,76 2 231 0,10
Item 3 Industria 2,00 2 0,87 3 9 0,57
0,325 Militares 2,27 2 0,78 3 231 0,10
Suprimento
Item 1 Industria 2,33 2 0,71 2 9 0,46
0,151 Militares 1,93 2 0,84 1 229 0,11
Item 2 Industria 1,44 1 0,53 1 9 0,34
0,104 Militares 1,90 2 0,80 1 229 0,10
Item 3 Industria 2,22 3 0,97 3 9 0,63
0,771 Militares 2,17 2 0,79 3 229 0,10
Embalagem
Item 1 Industria 2,25 2 0,71 2 8 0,49
0,192 Militares 1,87 2 0,86 1 229 0,11
Item 2 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
0,457 Militares 2,11 2 0,83 3 229 0,11
Item 3 Industria 1,88 2 0,83 1 8 0,58
0,594 Militares 2,02 2 0,74 2 229 0,10
Documentação
Item 1 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
0,993 Militares 1,86 2 0,85 1 230 0,11
Item 2 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
0,487 Militares 2,04 2 0,85 3 230 0,11
Item 3 Industria 1,88 2 0,64 2 8 0,44
0,363 Militares 2,10 2 0,73 2 230 0,09
Instalações
Item 1 Industria 1,88 2 0,83 1 8 0,58
0,720 Militares 1,79 2 0,86 1 227 0,11
Item 2 Industria 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69
0,989 Militares 2,14 2 0,84 3 227 0,11
Item 3 Industria 2,00 2 0,76 2 8 0,52
0,768 Militares 2,07 2 0,70 2 227 0,09
Pessoal Esp. Item 1 Industria 2,00 2 0,93 3 8 0,64
0,523 Militares 1,80 2 0,81 1 227 0,11
131
Item 2 Industria 1,88 2 0,83 2 8 0,58
0,348 Militares 2,15 2 0,80 3 227 0,10
Item 3 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58
0,802 Militares 2,05 2 0,80 2 227 0,10
Treinamento
Item 1 Industria 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69
0,418 Militares 1,86 2 0,86 1 228 0,11
Item 2 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58
0,624 Militares 1,97 2 0,88 1 228 0,11
Item 3 Industria 1,75 2 0,71 2 8 0,49
0,096 Militares 2,17 2 0,68 2 228 0,09
Suporte
Item 1 Industria 2,13 2 0,64 2 8 0,44
0,236 Militares 1,83 2 0,75 2 229 0,10
Item 2 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69
0,491 Militares 2,10 2 0,87 3 229 0,11
Item 3 Industria 2,00 2 0,93 1 8 0,64
0,813 Militares 2,07 2 0,80 3 229 0,10
Confiabilidade
Item 1 Industria 2,50 2,5 0,53 3 8 0,37
0,044 Militares 1,89 2 0,87 1 228 0,11
Item 2 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
0,598 Militares 1,90 2 0,83 1 228 0,11
Item 3 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
0,107 Militares 2,21 2 0,71 2 228 0,09
Ger. Configuração
Item 1 Industria 2,38 3 0,92 3 8 0,63
0,183 Militares 1,95 2 0,88 1 225 0,12
Item 2 Industria 2,38 2 0,52 2 8 0,36
0,029 Militares 1,80 2 0,76 1 225 0,10
Item 3 Industria 1,25 1 0,46 1 8 0,32
<0,001 Militares 2,26 2 0,73 3 225 0,10
Req. Operacionais
Item 1 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61
0,797 Militares 1,67 1 0,79 1 226 0,10
Item 2 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
0,556 Militares 2,09 2 0,78 2 226 0,10
Item 3 Industria 2,00 2 0,76 2 8 0,52
0,354 Militares 2,24 2 0,77 3 226 0,10
Obsolescência
Item 1 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61
0,174 Militares 1,84 2 0,82 1 226 0,11
Item 2 Industria 1,63 1,5 0,74 1 8 0,52
0,236 Militares 1,96 2 0,78 2 226 0,10
Item 3 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58
0,751 Militares 2,21 2 0,81 3 226 0,11
Descarte
Item 1 Industria 2,00 2 0,93 1 8 0,64
0,416 Militares 1,75 2 0,79 1 227 0,10
Item 2 Industria 1,50 1 0,76 1 8 0,52
0,084 Militares 2,02 2 0,84 3 227 0,11
Item 3 Industria 2,50 2,5 0,53 2 8 0,37
0,367 Militares 2,23 2 0,75 3 227 0,10
Tabela 17: Compara os itens dos Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor
132
Foram significantes apenas o Item 1 de Confiabilidade e os Itens 2 e 3 para
Gerenciamento de Configurações. Verifica-se, assim, que existem poucas diferenças
estatisticamente significantes entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial para
os itens dos Elementos do SLI.
5.1.12 Comparação dos ramos de atividade do Segmento Militar
Nesta seção, analisa-se o Segmento Militar, utilizando-se como ferramenta o
teste de Kruskal-Wallis, a fim de verificar a relevância estatística entre os ramos de
atividade militar considerados na pesquisa, para cada Elemento de Suporte Logístico
Integrado.
Média Mediana Desvio Padrão
Moda N IC P-valor
Manutenção
Decisório 4,60 5 0,66 5 162 0,10
0,664 Ensino 4,56 5 0,78 5 41 0,24
Técnico 4,73 5 0,52 5 30 0,19
Ferramental
Decisório 4,57 5 0,64 5 161 0,10
0,591 Ensino 4,66 5 0,62 5 41 0,19
Técnico 4,57 5 0,63 5 30 0,22
Suprimento
Decisório 4,80 5 0,53 5 163 0,08
0,171 Ensino 4,78 5 0,47 5 41 0,15
Técnico 4,67 5 0,55 5 30 0,20
Embalagem
Decisório 3,78 4 0,84 4 161 0,13
0,644 Ensino 3,80 4 0,71 4 41 0,22
Técnico 3,63 4 0,85 4 30 0,30
Documentação
Decisório 4,52 5 0,72 5 161 0,11
0,957 Ensino 4,55 5 0,68 5 40 0,21
Técnico 4,55 5 0,74 5 29 0,27
Instalações
Decisório 4,37 4 0,70 5 162 0,11
0,941 Ensino 4,37 4 0,73 5 41 0,22
Técnico 4,30 4 0,79 5 30 0,28
Pessoal Esp.
Decisório 4,78 5 0,57 5 162 0,09
0,688 Ensino 4,76 5 0,49 5 41 0,15
Técnico 4,77 5 0,50 5 30 0,18
Treinamento
Decisório 4,68 5 0,57 5 163 0,09
0,444 Ensino 4,78 5 0,42 5 40 0,13
Técnico 4,63 5 0,49 5 30 0,18
Suporte
Decisório 4,06 4 0,74 4 161 0,11
0,765 Ensino 4,15 4 0,73 4 41 0,22
Técnico 4,13 4 0,73 4 30 0,26
Confiabilidade
Decisório 4,43 5 0,64 5 163 0,10
0,981 Ensino 4,39 5 0,70 5 41 0,22
Técnico 4,40 5 0,72 5 30 0,26
Ger. Configuração
Decisório 4,01 4 0,72 4 160 0,11 0,425
Ensino 4,15 4 0,82 4 41 0,25
133
Técnico 4,07 4 0,74 4 30 0,26
Req. Operacionais
Decisório 4,24 4 0,72 4 162 0,11
0,384 Ensino 4,29 4 0,81 4 41 0,25
Técnico 4,03 4 0,89 4 30 0,32
Obsolescência
Decisório 3,89 4 0,77 4 161 0,12
0,656 Ensino 3,83 4 0,75 4 40 0,23
Técnico 3,73 4 0,91 4 30 0,32
Descarte
Decisório 3,58 4 0,93 4 161 0,14
0,296 Ensino 3,49 3 0,81 3 41 0,25
Técnico 3,27 3 1,11 3 30 0,40
Tabela 18: Compara Ramo de Atividade por Tópico Fonte: elaborado pelo autor
Da análise da Tabela 18, conclui-se que não existe diferença estatisticamente
significante entre os ramos de atividades militares � nível decisório, nível técnico e
nível ensino - em relação aos Elementos de Suporte Logístico Integrado.
134
6 CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES
Ao concluir o presente estudo, observa-se que existem desafios significativos para
o apoio e manutenção de um sistema militar complexo, com conseqüências relevantes
no processo decisório para a aquisição desse tipo de equipamento.
Isso torna-se especialmente evidente, haja vista que o Brasil é um país que
tradicionalmente investe pouco em defesa. Em conseqüência, resulta no fato de que,
usualmente, as Forças Armadas brasileiras têm adquirido sistemas militares complexos
de países desenvolvidos (equipamentos de segunda mão), por falta do incentivo à
pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias nacionais.
Tem-se como reflexo o fato de que o Brasil é, normalmente, o usuário final desses
equipamentos de alta tecnologia que se encontram na fase final do seu ciclo de vida.
Dessa forma, tais sistemas tendem a apresentar uma alta taxa de falha e são mais
suscetíveis à obsolescência.
Torna-se evidente a necessidade pela busca de soluções modernas com maior
efetividade na aplicação dos recursos públicos, a fim de que seja atingido o melhor
custo-benefício na aquisição de novos sistemas militares com as exigências
tecnológicas atuais, mantendo-os operacionais durante a vida útil estimada.
Verificou -se a necessidade da implantação de práticas inovadoras nos processos
de aquisição de sistemas militares complexos, com os consequentes reflexos na
implementação e avaliação das políticas e estratégias relacionadas a esse assunto
Chegou-se à conclusão de que a normatização e validação de um processo �sui
generis�, adequado à realidade do Exército Brasileiro, que seja capaz de padronizar
procedimentos, e que vise a identificar os parâmetros determinantes da melhor relação
custo-benefício, é uma ferramenta relevante no apoio à decisão para as aquisições de
sistemas militares complexos.
Nesse contexto, o processo delineado como Suporte Logístico Integrado (SLI),
que abrange o estado da arte referente à logística de material de emprego militar, foi o
alvo da investigação do presente estudo científico. Buscou-se verificar se a inserção da
análise de elementos do SLI durante o processo decisório que vise à aquisição de
sistemas militares complexos, poderia fornecer subsídios relevantes ao
desenvolvimento e à manutenção das capacidades desses sistemas de armas.
135
Nesse sentido, conclui-se que existe diferença estatisticamente significante entre
todos os Elementos de Suporte Logístico Integrado nas três comparações realizadas:
Segmento Militar, Subgrupo de Oficiais-Generais e Segmento Industrial.
Tal constatação prova a importância da investigação científica realizada no
presente trabalho, no sentido de investigar a influência relativa das variáveis
componentes (P) - elementos de Suporte Logístico Integrado � sobre a variável
dependente (Y): fase decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo.
Por meio da pesquisa científica realizada, constatou-se que apenas algumas
variáveis componentes do conceito global do SLI se configuram como
responsáveis decisivas pela variável dependente considerada: fase decisória do
processo de aquisição de sistema militar complexo.
Assim, para o Exército Brasileiro, apenas alguns Elementos do Suporte Logístico
Integrado têm importância relativa considerável e estatisticamente relevante para
influenciar o processo de tomada de decisão de um sistema militar complexo.
Este estudo científico buscou verificar quais variáveis componentes do conceito
global do Suporte Logístico Integrado se configuram como responsáveis decisivas pela
variável dependente considerada: a fase decisória do processo de aquisição de sistema
militar complexo.
Nesse sentido, a pesquisa considerou que o resultado de significância estatística
constatado pelo Segmento Militar e pelo Segmento Industrial devem receber tratamento
igualitário, a fim de que processo decisório seja completo, incluindo todas as variáveis
de relevância científica encontradas.
Assim, pode-se inferir que os Elementos de Suporte Logístico Integrado que
possuem importância relativa considerável e estatisticamente relevante, atuando
como Vetores de Transformação (DOAMEPI), capazes para influenciar o ciclo de
vida dos materiais, e, por conseqüência, o processo de tomada de decisão de um
sistema militar complexo pelo Exército Brasileiro, são:
Ø Pessoal Especializado
Ø Treinamento
Ø Suprimento
Ø Ferramental
136
Ø Documentação técnica
Ø Plano de Manutenção
Concluiu-se, também, que não existe diferença estatisticamente significante
entre os ramos de atividades militares � nível decisório, nível técnico e nível
ensino - em relação aos Elementos de Suporte Logístico Integrado.
O estudo também permitiu concluir que o Segmento Militar e o Segmento
Industrial consideram que há 03 (três) Elementos do SLI considerados com menor
relevância estatística, que são: a) Obsolescência; b) Descarte; c) Embalagem,
manuseio, armazenagem e transporte.
O presente trabalho também avaliou atividades relacionadas a cada Elemento do
SLI, a fim de estabelecer um escalonamento de prioridade entre elas quando da
aquisição de sistemas militares complexos.
Verificou-se que existem poucas diferenças estatisticamente significantes
entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial para os itens considerados dos
Elementos do SLI.
Para o Segmento Militar, houve diferença estatística relevante entre parte dos
itens apresentados, o que permite ao presente estudo apresentar uma sugestão em
relação ao estabelecimento de prioridades em futuros processos de aquisição de
sistemas militares complexos. Assim, para os seis elementos do SLI considerados com
relevância estatística, sugere-se a seguinte sequência de atividades a serem
desenvolvidas, em ordem de prioridade:
Plano de Manutenção Prioridade
1ª
- Estabelecimento da relação homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão
- Definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria
- Definição dos escalões de manutenção
Ferramental Especial, Equipamentos de Suporte e de Testes Prioridade
1ª - Definição das necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção
137
2ª
- Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes
- Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste
Suprimento Prioridade
1ª - Definição do nível mínimo de estoque
2ª - Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção
- Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento
Documentação técnica Prioridade
1ª
- Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação
- Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento
- Manuais de operação e de manutenção adequados ao material
Pessoal Especializado Prioridade
1ª
- Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema
- Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção
2ª - Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)
Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento Prioridade
1ª - Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução
2ª
- Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido
- Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores
Tabela 19: Sequência de atividades do SLI Fonte: elaborado pelo autor
Esses 06 Elementos do SLI - Plano de Manutenção; Ferramental Especial,
Equipamentos de Suporte e de Testes; Suprimento; Documentação Técnica; Pessoal
Especializado; Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento - devem ser avaliados
na etapa da concepção integrada da fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo
de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018), momento em
que possibilitará as melhores condições para o criação, desenvolvimento e manutenção
138
das capacidades, que levarão à transformação militar, necessária ao cumprimento das
missões constitucionais pelo Exército Brasileiro, conforme ilustrado na Tabela 20
abaixo:
EB10-IG-01.018
1ª Fase Formulação conceitual
Diretriz de Iniciação de Projeto - elaboração da Compreensão das Operações (COMOP) Concepção integrada do SMEM
1ª Reunião Decisória - determinará o prosseguimento ou não do ciclo de vida para a fase de obtenção
2ª Fase Obtenção Ordem emanada na 1ª RD para que seja dado prosseguimento à obtenção dos SMEM
Tabela 20: Momento de análise dos elementos mais relevantes do SLI Fonte: elaborado pelo autor
Assim, o presente trabalho identificou quais Elementos de Suporte Logístico
Integrado são determinantes das decisões estratégicas dos processos de aquisição de
sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.
_______________________________________ EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO - TC
139
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149
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR
CARTA AO ENTREVISTADO Nota de envio de e-mail Prezado senhor, Atualmente estou cursando o Doutorado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica que é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. O senhor foi selecionado por pertencer a um ou mais dos seguintes universos da pesquisa: a) tomador de decisão ou assessor dos altos escalões do Comando do Exército; b) especialista servindo em Organização Militar (OM) responsável pela manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro; c) especialista servindo em Organização Militar (OM) responsável pela instrução de manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro. A sua participação é muito importante para a validação do processo da pesquisa. O prazo final para o preenchimento da pesquisa é 14 AGO 17!! Link da pesquisa: [LinkDePesquisa] Cordialmente
Tenente Coronel PANGARO
150
SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO Prezado entrevistado, Atualmente estou cursando o Doutorado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica para a minha tese por meio do questionário anexo. Este é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. Eu ficaria extremamente agradecido se o Senhor pudesse dispensar uma parcela do seu valioso tempo para responder e completar o questionário a fim de que possam ser obtidos dados para a pesquisa empírica. A pesquisa empírica diz respeito ao Suporte Logístico Integrado em veículos blindados. A solução completa ao questionário não deve tomar mais do que 15 minutos do seu tempo. A pesquisa busca determinar em que medida os elementos de Suporte Logístico Integrado, devido à sua importância, podem ser determinantes das decisões estratégicas no âmbito dos processos de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. Solicito que sejam respondidas todas as questões com a maior atenção e veracidade possível, usando a sua experiência pessoal e profissional acerca do Suporte Logístico Integrado para veículos blindados. A resposta será útil se enviada até 30 de julho de 2017. Agradeço muitíssimo pela sua paciência, cooperação e apoio à realização desse trabalho. Sinceramente Emerson Luís de Araújo Pângaro � Ten Cel
151
QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO
Ao responder esse questionário, declaro para todos os fins ter sido orientado quanto ao seu teor e compreendido a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.
Concordo*
*A sua não aceitação inabilitará a participação e conclusão deste questionário Solicito a gentileza de responder às questões abaixo, marcando com um �X� a opção que melhor retrate o seu posicionamento acerca do questionado. SEÇÃO A: INFORMAÇÃO GERAL � somente para fins estatísticos Embora as perguntas dentro desta seção possam ser pessoais, solicito que preencha as opções, pois todas as informações serão mantidas em sigilo. A informação poderá ser utilizada apenas para fins demográficos estatísticos. Sua identidade será totalmente preservada. 1) Gênero Masculino Feminino 2) Em qual ramo é sua atividade principal de atuação atual
Tomador de decisões ou assessor de alto nível decisório
Técnico Instrução/Ensino
3) Qual a sua formação básica
Curso de Oficiais de Cavalaria (AMAN)
Curso de Oficiais do Quadro de Material Bélico (AMAN)
Curso de Oficiais do Quadro de Engenheiros Militares (IME)
Curso de Oficiais da AMAN (outra Arma)
Curso de mecânico de armamento (Mec Mnt Armt)
Curso de mecânico de viaturas (Mec Vtr Auto) 4) Qual o seu ano ou turma de formação
1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2014 2015 2016
5) Qual o seu posto ou graduação
General de Exército
General de Divisão
General de Brigada
Coronel
Tenente-Coronel
Major Capitão Primeiro Tenente
152
Segundo Tenente
Aspirante a Oficial
Subtenente Primeiro Sargento
Segundo Sargento
Terceiro Sargento
Cabo Soldado
6) Se oficial, marque os cursos que possui
AMAN EsAO IME CAEM CPEAEx Mestrad
o em Operações Militares
Mestrado em Ciências Militares
Mestrado do IME ou outra Instituição de Ensino Superior
Doutorado em Ciências Militares
Doutorado do IME ou outra Instituição de Ensino Superior
7) Qual sua Organização Militar (OM)
Pq R Mnt/3
AGSP Pq R Mnt/9
Es S Log
C I Bld
COLOG EME AMAN EsAO ECEMEOutra
______________________
SEÇÃO B: NOTA DE ESCLARECIMENTO CONCEITUAL
O Suporte Logístico Integrado (SLI) surgiu da necessidade da busca de soluções
modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção de
equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida.
As Forças Armadas, impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela
natureza de emprego e evolução do teatro de operações, requerem tecnologias cada
vez mais avançadas, foram as predecessoras no estabelecimento de uma nova
sistemática que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas.
Após longo debate doutrinário, atualmente há o consenso comum de que o
Suporte Logístico integrado é a solução que engloba todas as considerações
necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um
sistema/equipamento durante seu ciclo de vida.
O Suporte Logístico Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre
os elementos logísticos de um sistema. Os principais elementos de um SLI relacionados
a todo o ciclo de vida de um sistema operacional são:
1. Plano de Manutenção;
153
2. Pessoal especializado;
3. Suprimento;
4. Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes;
5. Documentação técnica;
6. Treinamento, instrução e suporte ao treinamento;
7. Suporte e recursos computacionais;
8. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade;
9. Gerenciamento;
10. Requisitos operacionais do sistema;
11. Instalações e infraestrutura;
12. Embalagem, armazenagem, manuseio e transporte;
13. Obsolescência e descarte.
A presente pesquisa visa à análise dos elementos acima, constituintes do
Suporte Logístico Integrado, para constatar sua importância relativa, concluindo-se
sobre aqueles que podem influenciar decisivamente o processo de aquisição de
viaturas blindadas de combate e outros sistemas militares complexos pelo Exército
Brasileiro.
SEÇÃO C: SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO
Por favor, avalie a importância dos seguintes itens com relação aos elementos de
suporte logístico integrado e como eles influenciam o processo decisório de
aquisição de viaturas blindadas de combate, em uma escala de 1 a 5, onde "5" é o
mais importante e "1" é o menos importante.
OBS: Após selecionar um item, caso o Sr deseje alterar sua resposta, basta selecionar outro item que o Sr avalie mais adequado. Só é possível marcar uma alternativa por questão. As questões são independentes, portanto a prioridade atribuída a uma questão poderá ser repetida nas demais.
8a) Plano de Manutenção 1 2 3 4 5
154
8b) Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte
1 2 3 4 5
8c) Suprimento 1 2 3 4 5
8d) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte
1 2 3 4 5
8e) Documentação técnica 1 2 3 4 5
8f) Instalações e infraestrutura 1 2 3 4 5
8g) Pessoal especializado 1 2 3 4 5
8h) Treinamento, instrução e suporte ao treinamento
1 2 3 4 5
8i) Suporte e recursos computacionais 1 2 3 4 5
8j) Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade
1 2 3 4 5
8k) Gerenciamento da configuração 1 2 3 4 5
8l) Requisitos operacionais do sistema 1 2 3 4 5
8m) Obsolescência 1 2 3 4 5
8n) Descarte 1 2 3 4 5
Na sua opinião, por favor classifique em ordem de importância as opções para cada elemento do SLI considerado, em uma escala de 1 a 3, em que: a mais importante = "3� e a menos importante = "1". OBS: ao clicar e atribuir uma prioridade a uma assertiva, o sistema ordenará automaticamente as outras 02. Contudo, o Sr poderá ordenar a segunda e a terceira assertivas, bastando para isso atribuir a prioridade desejada a cada uma delas.
9) Plano de Manutenção
Definição dos escalões de manutenção
Estabelecimento da relação homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão
Definição dos niveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria
155
10) Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes
Definição das necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção
Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes
Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste
11) Suprimento
Definição do nível mínimo de estoque
Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento
Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção
12) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte
Instalações adequadas para armazenagem do suprimento (espaço, volume, meio ambiente, condições de umidade, etc)
Condições de embalagem, manuseio e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento
Suporte e recursos computacionais compatíveis e adequados ao gerenciamento do suprimento em estoque
13) Documentação técnica
Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento
Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação
Manuais de operação e de manutenção adequados ao material
14) Instalações e infraestrutura
Adequação das instalações e infraestrutura às atividades operacionais e de manutenção (piso, garagens, talhas, depósitos, etc)
156
Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às condições ambientais (controle de temperatura e umidade, controle de resíduos, etc)
Adequação das instalações de manutenção e depósito para a distribuição e fluxo do suprimento
15) Pessoal especializado
Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção
Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema
Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)
16) Treinamento, instrução e suporte ao treinamento
Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido
Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores
Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução
17) Suporte e recursos computacionais
Identificação dos requisitos de software para apoio à operação e manutenção do sistema
Definição da política de proteção de dados e dos direitos autorais do software
Teste e verificação da precisão e eficiência do software
18) Confiabilidade, Condução de análises de confiabilidade,
157
disponibilidade e sustentabilidade
manutenção e disponibilidade
Definição do nível de disponibilidade operacional desejado
Identificação de peças e conjuntos com excessivo número de falhas
19) Gerenciamento da configuração
Adaptação contínua em função das experiências operacionais
Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros de emprego
Adaptação ou integração de novos subsistemas
20) Requisitos operacionais do sistema
Definição dos parâmetros de rendimento do sistema
Definição do ciclo de vida do sistema
Definição das necessidades operacionais de emprego do sistema
21) Obsolescência
Definição contratual do gerenciamento da obsolescência
Definição da obsolescência de ferramental especial e software
Monitoramento das condições dos fornecedores de produtos críticos
22) Descarte
Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a melhor relação custo-benefício
Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros produtos
Adequação da reciclagem, reaproveitamento ou descarte em atendimento aos requisitos ambientais e ecológicos
158
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SEGMENTO INDUSTRIAL
CARTA AO ENTREVISTADO
Nota de envio de e-mail Dear respondent Prezado senhor, As contact already established, your company was willing to collaborate with the empirical research that I am conducting to verify the importance of the Integrated Logistic Support (ILS) elements in the acquisition process of complex military systems. Conforme contato já estabelecido, a sua empresa se dispôs a colaborar com a pesquisa empírica que estou conduzindo para verificar a importância dos elementos do Suporte Logístico Integrado (SLI) no processo de aquisição de sistemas militares complexos. You were selected because you are an ILS specialist and belong to one of the following companies participating in the research: - German Industries:
a) Krauss-Maffei Wegmann (KMW); and b) Rheinmetall Landsysteme (RLS)
- Brazilian Industries:
a) AVIBRÁS; e b) IVECO
O senhor foi selecionado por ser especialista em SLI e pertencente a uma das seguintes empresas participantes da pesquisa: - Indústrias Alemãs: a) Krauss-Maffei Wegmann; e b) Rheinmetall Landsysteme (RLS). - Indústrias Brasileiras: a) AVIBRÁS; e b) IVECO. Your participation is very important for the validation of the research process and to allow the research to identify opportunities for improvement the acquisition process of complex military systems by the Brazilian Army. A sua participação é muito importante para a validação do processo da pesquisa e para permitir à pesquisa identificar oportunidades de melhorias no processo de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro.
159
The deadline for completing this survey is 10th SEPT 17!! O prazo final para o preenchimento da pesquisa é 10 SET 17!! Cordially, Cordialmente, LtCol / Tenente Coronel PANGARO
160
REQUEST TO ANSWER A QUESTIONNAIRE SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO
Dear respondent, Prezado entrevistado I am currently an enrolled student for the Doctor of Military Sciences Degree at Brazilian Army General Staff School (Meira Mattos Institute). I am conducting empirical research for my thesis via the attached questionnaire. This is in partial fulfillment of the requirements for this Degree. Atualmente estou cursando o Doutorado em Ciências Militares na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica para a minha tese por meio do questionário anexo. Este é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. I would be extremely grateful if you would take some of your valuable time to respond and complete the attached questionnaire in order that I may obtain data for the empirical research. The empirical research being conducted concerns to Integrated Logistics Support of Armored Combat Vehicles. The questionnaire should not take more than 15 minutes of your time to complete. Eu ficaria extremamente agradecido se o Senhor pudesse dispensar uma parcela do seu valioso tempo para responder e completar o questionário anexo a fim de que possam ser obtidos dados para a pesquisa empírica. A pesquisa empírica diz respeito ao Suporte Logístico Integrado em veículos blindados. A solução completa ao questionário não deve tomar mais do que 15 minutos do seu tempo. The scope of this study is to determinate in what extent the Integrated Logistics Support elements, due to their relevance, can influence the strategic decision regarding complex military system acquisition process in the Brazilian Army. A pesquisa busca determinar em que medida os elementos de Suporte Logístico Integrado, devido à sua importância, podem ser determinantes das decisões estratégicas no âmbito dos processos de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. It is very important to mention that all questions shall be answered with all your attention and as truly as possible, using your personal and professional experience about Integrated Logistics Support for armored vehicles. Solicito que sejam respondidas todas as questões com a maior atenção e veracidade possível, usando a sua experiência pessoal e profissional acerca do Suporte Logístico Integrado para veículos blindados. Your answer will be useful if sent till 10th September 2017. A resposta será útil se enviada até 10 de Setembro de 2017.
161
I thank you a lot for your patience, cooperation and support to the accomplishment of this work. Agradeço muitíssimo pela sua paciência, cooperação e apoio à realização desse trabalho. Sincerely yours, Sinceramente Emerson Luís de Araújo Pângaro � Lt Col/Ten Cel
162
QUESTIONNAIRE � INTEGRATED LOGISTICS SUPPORT INDUSTRY
QUESTIONÁRIO - SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO INDÚSTRIA
In answering this questionnaire, I declare for all purposes that I have been instructed as to the content of all mentioned here and understood the nature and purpose of the study, I manifest my consent to participate, being fully aware that there is no economic value, received or paid for my participation. Ao responder esse questionário, declaro para todos os fins ter sido orientado quanto ao seu teor e compreendido a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.
I agree / Concordo*
*If you do not agree, you will not be able to participate and conclude this questionnaire *A não aceitação inabilitará a participação e conclusão deste questionário
SECTION A: GENERAL INFORMATION � only for statistical purposes SEÇÃO A: INFORMAÇÃO GERAL � somente para fins estatísticos Although the questions in this section may be personal, I kindly ask you to fill them out, since all information will be kept in secret. The information will be used only for demographic statistical purposes. Your identity will be entirely preserved. Embora as perguntas dentro desta seção possam ser pessoais, solicito que preencha as opções, pois todas as informações serão mantidas em sigilo. A informação poderá ser utilizada apenas para fins demográficos estatísticos. Sua identidade será totalmente preservada. 1) Gender/Gênero Male/Masculino Female/Feminino 2) In which direction is your basic training? Qual a sua formação básica?
Engineering Engenharia
Financial Finanças
Management Gerenciamento
3) Age/Idade 4) Organization
name Organização
5) Current main system/project involved with
163
Principal sistema ou projeto em que está envolvido SECTION B: CONCEPT CLARIFICATION NOTE SEÇÃO B: NOTA DE ESCLARECIMENTO CONCEITUAL Integrated Logistic Support (ILS) arose from the need to search for modern and creative solutions which call for the reduction of maintenance costs of technologically complex equipment throughout its life cycle. O Suporte Logístico Integrado (SLI) surgiu da necessidade da busca de soluções modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção de equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida. Various Armed Forces, driven by demand of equipment that by the nature of employment and development of theater of operations, increasingly require advanced technologies, were the forerunners in establishing a new system that would suit contemporary logistic demands. Diversas Forças Armadas, impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela natureza de emprego e evolução do teatro de operações, requerem tecnologias cada vez mais avançadas, foram as predecessoras no estabelecimento de uma nova sistemática que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas. After long doctrinal debate, currently there is common consensus that the Integrated Logistic Support is the solution that encompasses all the considerations necessary to ensure the effective and economically viable support for a system / equipment during its life cycle. Após longo debate doutrinário, atualmente há o consenso comum de que o Suporte Logístico integrado é a solução que engloba todas as considerações necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um sistema/equipamento durante seu ciclo de vida. Integrated Logistic Support is characterized by harmony and coherence between the logistical elements of a system. The main elements of an ILS related to the entire life cycle of an operating system are: 1. Maintenance Plan; 2. Specialized personnel; 3. Supply; 4. Special tooling, support equipment and testing; 5. Technical Documentation; 6. Training, education and training support; 7. Support and computing resources; 8. Reliability, availability, and sustainability; 9. Management;
164
10. System operational requirements; 11. Facilities and infrastructure; 12. Packaging, storage, handling and transportation; 13. Obsolescence and disposal. O Suporte Logístico Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre os elementos logísticos de um sistema. Os principais elementos de um SLI relacionados a todo o ciclo de vida de um sistema operacional são: 1. Plano de Manutenção; 2. Pessoal especializado; 3. Suprimento; 4. Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes; 5. Documentação técnica; 6. Treinamento, instrução e suporte ao treinamento; 7. Suporte e recursos computacionais; 8. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade; 9. Gerenciamento; 10. Requisitos operacionais do sistema; 11. Instalações e infraestrutura; 12. Embalagem, armazenagem, manuseio e transporte; 13. Obsolescência e descarte. This research aims to analyze the elements above, Integrated Logistic Support constituents, to find their relative importance, concluding on those who can decisively influence the acquisition process of armored combat vehicles and complex military systems by the Brazilian Army. A presente pesquisa visa à análise dos elementos acima, constituintes do Suporte Logístico Integrado, para constatar sua importância relativa, concluindo-se sobre aqueles que podem influenciar decisivamente o processo de aquisição de viaturas blindadas de combate e de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. SECTION C: INTEGRATED LOGISTICS SUPPORT SEÇÃO C: SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO
Please evaluate and rate the SIGNIFICANCE of the following items, as they relate to the Integrated Logistics Support and how they influence the decision making process of armored combat vehicles acquisition. Rate on a scale of 1 to 5, where "5" is the most necessary and "1" is least necessary. NOTE: After selecting an item, if you wish to change your answer, simply click again on the selected item to deselect it, and after that, select one that you rate more appropriate.
165
You can mark only one alternative per question. The questions are independent, so the priority given to a question may be repeated in the other.
Por favor, avalie a importância dos seguintes itens com relação aos elementos de suporte logístico integrado e como eles influenciam o processo decisório de aquisição de viaturas blindadas de combate, em uma escala de 1 a 5, onde "5" é o mais importante e "1" é o menos importante. OBS: Após selecionar um item, caso o Sr deseje alterar sua resposta, basta selecionar outro item que o Sr avalie mais adequado. Só é possível marcar uma alternativa por questão. As questões são independentes, portanto a prioridade atribuída a uma questão poderá ser repetida nas demais.
6a) Maintenance Plan/Plano de Manutenção 1 2 3 4 5
6b) Special Tools and Test Equipment (STTE) /Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte
1 2 3 4 5
6c) Supply/Suprimento 1 2 3 4 5
6d) Packing, packaging, handling, storage and transportation/Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte
1 2 3 4 5
6e) Technical documentation/Documentação técnica
1 2 3 4 5
6f) Facilities and infrastructure/Instalações e infraestrutura
1 2 3 4 5
6g) Qualified personnel/Pessoal especializado 1 2 3 4 5
6h) Training, instruction, and training support /Treinamento, instrução e suporte ao treinamento
1 2 3 4 5
6i) Computer resources and support/Suporte e recursos computacionais
1 2 3 4 5
6j) Reliability, availability and sustainability/ Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade
1 2 3 4 5
6k) Management configuration/Gerenciamento da configuração
1 2 3 4 5
166
6l) System requirement/Requisitos operacionais do sistema
1 2 3 4 5
6m) Obsolescence/Obsolescência 1 2 3 4 5
6n) Disposal/Descarte 1 2 3 4 5
In your opinion, please rank the assertives related to each considered ILS Element in order of significance, on a scale of 1 to 3, where "3" is the most important and "1" is least important. NOTE: after choosing one priority to one assertive, the system will automatically give one priority to the other two options. Nevertheless, you will be able to classify the second and the third statements according to your understanding, just choosing their priority selecting the corresponding number in the selection box. Na sua opinião, por favor classifique em ordem de importância as opções para cada elemento do SLI considerado, em uma escala de 1 a 3, em que: a mais importante = "3� e a menos importante = "1". OBS: ao clicar e atribuir uma prioridade a uma assertiva, o sistema ordenará automaticamente as outras 02. Contudo, o Sr poderá ordenar a segunda e a terceira assertivas, bastando para isso atribuir a prioridade desejada a cada uma delas.
7) Maintenance Plan/Plano de Manutenção
Definition of Maintenance Echelons/Definição dos escalões de manutenção
Definition of man-hour relationship to preventive maintenance activities related to each echelon/Estabelecimento da relação homem-hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão
Definition of maintenance levels for: Unit, Logistic Batallion, Maintenance Park, Arsenal, Industry/Definição dos niveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e Indústria
8) Special Tools and Test Equipment (STTE) /Ferramental especial,
Special Tools and Test Equipment (STTE) needs according to echelons and maintenance levels/Definição das
167
equipamentos de suporte e de testes
necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção
Instruction and training standardization for the operation of Special Tools and Test Equipment (STTE)/Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes
Logistics requirements necessary for Special Tools and Test Equipment (STTE)/ Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste
9) Supply/Suprimento
Definition of minimum stock level/Definição do nível mínimo de estoque
Definition of procedures and acceptance tests of supply/Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento
Supply pre-positioning for maintenance activities/Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção
10) Packing, packaging, handling, storage and transportation/Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte
Appropriate facilities for supply storage (space, volume, enviroment, humidity conditions, etc)/Instalações adequadas para armazenagem do suprimento (espaço, volume, meio ambiente, condições de umidade, etc)
Packing conditions, handling and transportation appropriate to type, dimensions and weight of supply/Condições de embalagem, manuseio e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento
168
Support and IT resources compatible and appropriate to suppy management in stock/Suporte e recursos computacionais compatíveis e adequados ao gerenciamento do suprimento em estoque
11)Technical documentation /Documentação técnica
Operation and Maintenance Manuals readable and easy understanding/Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento
Technical documentation standardization by levels of maintenance and operation/ Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação
Operation and Maintenance Manuals appropriate to material/Manuais de operação e de manutenção adequados ao material
12) Facilities and infrastructure/Instalações e infraestrutura
Adaptation of facilities and infrastructure to operational and maintenance activities (ground, garages, cranes, depots, etc)/ Adequação das instalações e infraestrutura às atividades operacionais e de manutenção (piso, garagens, gruas, depósitos, etc)
Definition of facilities and infrastructure requirements associated to enviromental conditions (temperature and humidity control, waste control, etc)/Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às condições ambientais (controle de temperatura e umidade, controle de resíduos, etc)
Facilities and infrastructure adequacy to distribution and supply flow/Adequação das instalações de manutenção e depósito para a distribuição e fluxo do suprimento
13) Qualified personnel/ Definition of quantity, requirements,
169
Pessoal especializado qualifications and level of specialization of operation and maintenance personnel/ Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção
Development of a personnel policy that aims to atract and retain, for a reasonable period, qualified personnel to operate and maintain the system/ Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema
Standardization of qualified personnel moving plan (minimum period in a location, moving priority, etc)/Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)
14) Training, instruction, and training support /Treinamento, instrução e suporte ao treinamento
Reutilization of specialized personnel to a new system procured/Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido
Definition of quantity, requirements, qualifications and level of specialization of instructors/Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores
Adequacy of training and auxiliary equipment/Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução
15) Computer resources and support/Suporte e recursos computacionais
Identification of software requirements to support system operation and maintenance/Identificação dos requisitos de software para apoio à operação e
170
manutenção do sistema
Definition of data protection and copyright policy of the software/Definição da política de proteção de dados e dos direitos autorais do software
Testing and checking software accuracy and efficiency/Teste e verificação da precisão e eficiência do software
16) Reliability, availability and sustainability/ Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade
Conduction of reliability, maintenance and availability analysis/Condução de análises de confiabilidade, manutenção e disponibilidade
Setting the desired operational availability percentage/Definição do nível de disponibilidade operacional desejado
Identification of parts and assemblies with excessive number of failures/Identificação de peças e conjuntos com excessivo número de falhas
17)Management configuration/Gerenciamento da configuração
Continuous adaptation based on operational experiences/Adaptação contínua em função das experiências operacionais
Assessment of the operational requirements of the system according to the future employment scenarios/Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros de emprego
Adaptation or integration of new subsystems/Adaptação ou integração de novos subsistemas
18) System requirement /Requisitos operacionais do sistema
Definition of the system performance parameters/Definição dos parâmetros de rendimento do sistema
Definition of system life cycle/Definição do
171
ciclo de vida do sistema
Definition of system operational needs /Definição das necessidades operacionais de emprego do sistema
19)Obsolescence/ Obsolescência
Contractual definition of obsolescence management/Definição contratual do gerenciamento da obsolescência
Definition of obsolescence of special tooling and software/Definição da obsolescência de ferramental especial e software
Monitoring the conditions of critical product suppliers/Monitoramento das condições dos fornecedores de produtos críticos
20) Disposal/Descarte
Preparation of the system for disposal in order to achieve the best cost-benefit ratio/ Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a melhor relação custo-benefício
Reuse or recycling of subsystems and components in other products/ Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros produtos
Adequacy of recycling, reuse or disposal in compliance with environmental and ecological requirements/ Adequação da reciclagem, reaproveitamento ou descarte em atendimento aos requisitos ambientais e ecológicos
172
APÊNDICE C - GRÁFICOS
Gráfico 1: Compara Tópicos para Militares Fonte: Elaborado pelo autor
Gráfico 2:Compara Tópicos para Generais Fonte: Elaborado pelo autor
173
Gráfico 3:Compara Tópicos para Industria Fonte: Elaborado pelo autor
Gráfico 4: Compara Itens por Tópico para Militares Fonte: Elaborado pelo autor
174
Gráfico 5: Compara Itens por Tópico para Industria Fonte: Elaborado pelo autor
Gráfico 6: Compara Militares e Industria por Tópico Fonte: Elaborado pelo autor
175
Gráfico 7: Compara Ramo de Atividade por Tópico Fonte: Elaborado pelo autor
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