ETEC “Cel. Raphael Brandão”
Curso Técnico em Química
Aproveitamento de Biogás em Aterros Sanitários
para a Geração de Energia
Nome dos componentes do grupo: Bruno Camargo;
Marco José Rocha Carvalho;
Paulo Henrique da Cunha;
Barretos/SP
2011
Bruno Camargo;
Marco José Rocha Carvalho;
Paulo Henrique da Cunha;
Aproveitamento de Biogás em Aterros Sanitários
para a Geração de Energia
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso Técnico em Química, ETEC “CEL. Raphael
Brandão”, com requisito a obtenção do grau de
Técnico em Química.
Orientadora: Profª Daniela A. G. Moraes Gerardi.
Barretos/SP
2011
Índice
1. Introdução ............................................................................................. 15
2. Estado do biogás .................................................................................. 17
2.1 Histórico do biogás .......................................................................... 17
2.2 Formação do biogás ........................................................................ 19
2.2.1 Fatores que influenciam a formação do biogás ............... 19
2.2.1.1 Aspectos químicos ........................................... 20
2.2.1.2 Aspectos físicos ............................................... 20
2.2.1.3 Aspectos microbiológicos ................................ 21
2.2.1.4 Vazão de biogás em aterros sanitário ............. 23
2.2.2 Principais gases que constituem o biogás e suas principais
características ................................................................ 25
2.3 Aspectos físico-químicos do biogás .............................................. 27
3. Aspectos Técnicos ............................................................................... 28
3.1 Aterros Sanitários ........................................................................... 28
3.1.1 Classificações dos Resíduos Sólidos ............................. 31
3.1.1.1 Tempo de Decomposição dos Resíduos ........ 34
3.2 Tecnologias aplicadas á Extração .................................................. 35
3.3 Tecnologias para conversão do biogás em energia elétrica e
mecânica ........................................................................................ 38
3.3.1 Turbinas a gás ................................................................ 39
3.3.2 Motores de combustão interna ....................................... 40
3.3.3 Motor de ciclo diesel ....................................................... 40
3.3.3.1 Funcionamento do motor ciclo diesel ............. 41
3.3.4 Energia térmica .............................................................. 41
3.3.5 Combustível .................................................................... 42
3.3.5.1 Uso em veículo automotor .............................. 43
4. Aspectos ambientais ............................................................................ 46
4.1 Impactos na litosfera, hidrosfera, atmosfera, e biosfera ................. 46
4.2 Crédito de carbono ......................................................................... 48
5. Utilização do biogás como fonte de energia – Viabilidade ................... 49
5.1 Vantagens e desvantagens, barreiras existentes ..................... 49
5.1.1 Vantagens ...................................................................... 49
5.1.2 Desvantagens ................................................................. 49
5.1.3 Barreiras existentes ........................................................ 50
5.2 Políticas para implantação dessa fonte de energia .................. 50
6. Conclusões .......................................................................................... 51
7. Referências biográficas ....................................................................... 52
Índice de Figuras
Figura 1: Represetação da decomposição microbiológica anaeróbia dos
resíduos orgânicos .............................................................................. 23
Figura 2: Aterro sanitário da Demlurb em Juiz de Fora - RJ ............... 29
Figura 3: Esquematização de um aterro sanitário .............................. 31
Figura 4: Resíduos domiciliares e Urbanos ......................................... 32
Figura 5: Resíduos comerciais ............................................................ 33
Figura 6: Resíduos industriais ............................................................. 33
Figura 7: Poços de extração vertical ................................................... 36
Figura 8: Tubos de coleta do biogás ................................................... 37
Figura 9: Tubos de coleta do biogás ................................................... 37
Figura 10: Compressor para a sucção do biogás: ............................... 38
Figura 11: Esquematização da turbinas a gás de ciclo aberto ............ 40
Figura 12: Esquematização do ciclo diesel ......................................... 41
Figura 13: Reservatório de biogás em Kristianstad na Suécia ........... 43
Figura 14: Veiculo movido a biogás (Bio - Bug) desenvolvido pela
Geneco ................................................................................................. 44
Figura 15: Posto de abastecimento de biogás para ônibus municipais
em Kristianstad – Suécia ..................................................................... 45
Figura 16: Peixes mortos devido à poluição ....................................... 48
Índice de Tabelas
Tabela 1: Propriedades físicas do metano, dióxido de carbono e acido
sulfídrico .............................................................................................. 27
Tabela 2: Tempo de degradação dos resíduos sólidos ....................... 35
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Evolução do lixo domiciliar no Rio de Janeiro – RJ ............. 24
Gráfico 2: Composição do lixo no Rio de Janeiro – RJ ........................ 25
Gráfico 3: Proporção de metano, dióxido de carbono e outros gases . 26
Lista de Siglas
ABNT: Associação Brasileira de Normas e Técnicas;
CENBIO: Centro Nacional de Referencia em Biomassa;
RSU: Resíduos Sólidos Urbanos;
CETESB: Companhia de Saneamento Básico de São Paulo;
PEAD: Polietileno de Alta Densidade;
IBGE: Índice Brasileiro de Geografia e Estatística;
PET: Politereftalato de etileno;
ANP: Agencia Nacional de Petróleo;
PROINFA: Programa Nacional de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica;
Dedicatória
Dedicamos este trabalho a todos que nos aconselharam, participaram no
planejamento deste tanto de forma direta como indireta, como o professor
Altino Barbosa Junior, o professor André Giacometti.
A nossa coordenadora de curso e orientadora de TCC, a professora
Daniela Gerardi, que nos ajudou ativamente no processo de desenvolvimento
desse.
Agradecimentos
Primeiramente a Deus, que nos da o dom de vivermos a cada dia, com
saúde enfrentando os obstáculos da vida sem desistirmos.
Em um modo geral a todos os professores que dão ou em algum dia já
deram aula para todos, nos ajudando nas duvidas e corrigindo as nossas
falhas, nos enriquecendo e dando sabedoria a cada minuto em suas
presenças, tanto no campo profissional como no campo social.
Aos nossos familiares, e amigos que sempre nos apoiaram, dando
incentivo para que concluíssemos este curso, e nos aturando em momentos de
tensão.
"A natureza não faz milagres; faz revelações"
Carlos Drummond de Andrade
Resumo:
Com o decorrer do tempo a necessidade e a dependência pela energia
tornam-se inevitável, com o aumento populacional a geração de resíduos
sólidos é muito grande e uma opção é a utilização desses resíduos para a
obtenção do biogás, uma fonte alternativa de energia.
Com a construção de aterros sanitários só temos a ganhar, menos
poluição do meio ambiente, redução no efeito estufa e geração de energia.
Os aterros sanitários funcionam como reservatórios de matérias
orgânicas, que são armazenadas e preservadas de um contato com o meio
externo. Esses aterros apresentam dutos para a captação do gás que é obtido
através da ação de microrganismos sobre a matéria orgânica em presença
anaeróbica. O gás é encaminhado para reservatório aonde vai ser sequenciado
por vários processos de purificação, para utilizar em fins diversos como a
geração de energia elétrica através da combustão controlada em geradores ou
encaminhada para distribuição doméstica para fins de aquecimento, cozer ou
simplesmente ser utilizado como combustível para veículos automotores.
A finalidade deste trabalho é mostrar que através de matérias
descartadas, sem mais nenhuma utilidade para o ser humano pode-se gerar
novas fontes de energia que lhe favorece e resolve vários problemas como a
questão de novas fontes de energia que pode ser explorada diminuindo a
dependência de energias fósseis e mais poluentes.
Abstract:
With the passage of time dependence and the need for energy becomes
inevitable, with the population increase the generation of solid waste is very
large and one option is to use these residues for obtaining biogas, an
alternative source of energy.
With the construction of landfills only have to win, less environmental
pollution, reduction in greenhouse gas emissions and power generation.
Landfills function as reservoirs of organic materials, which are stored and
preserved from contact with the external environment. These landfills have
ducts to capture the gas that is obtained through the action of microorganisms
on the organic matter in the presence anaerobic. The gas is routed to tank
where it will be sequenced by various purification procedures, for use in various
purposes such as generating electricity through controlled combustion in
generators or forwarded to domestic distribution for heating, cooking or simply
be used as fuel automotive vehicles.
The purpose of this paper is to show that through discarded materials, no longer
can any use for the human being generate new sources of energy which favors
and solves many problems like the question of new sources of energy that can
be exploited by reducing the dependence fossil fuel and more pollution.
1. Introdução;
O uso de energias não renováveis no mundo atual é o que move a
nossa economia e a economia mundial. Essas fontes de energias, também
conhecidas como energia fóssil, não se renovam, um grande problema para a
economia, e para a população mundial, que com a falta de energia entrará em
colapso gerando uma crise econômica e desencadeando uma serie de
problemas.
Nos dias de hoje, um conceito que vem ganhado destaque é o biogás,
uma fonte de energia renovável, que é obtida através da decomposição
anaeróbia de matéria orgânica, essa matéria orgânica são os matérias que não
utilizamos mais, são os resíduos sólidos, restos das atividades humanas,
considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis,
podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não
seja passível de tratamento convencional (ABNT).
Esses resíduos sólidos são eliminados sem nenhum tratamento
especifico, e se decompõe a céu aberto, eliminando gases altamente tóxicos,
como o metano, o principal gás que compõe o biogás. Segundo analistas o gás
metano polui cerca de 21 vezes mais que o dióxido de carbono em mesma
quantidade, gerando o aceleramento do aquecimento global (CENBIO, 2000).
Com a eliminação correta desses resíduos, é possível captar o biogás, tratar e
converter em energia limpa e menos poluente. Se todos os resíduos sólidos
fossem coletados e armazenados corretamente não necessitaria de tantas
usinas hidrelétricas, usinas nucleares ou de energia fóssil, que são muito
polêmicas e arremetem o meio ambiente.
A utilização do biogás é diversa, pode-se utilizar em aquecedores,
caldeiras, fogões, combustível para veículos automotores com a queima direta
ou a converter o biogás em energia elétrica, enfim isso significa que o biogás
permite a produção de energia elétrica e térmica. O principal problema não é a
utilização do biogás, e sim o armazenamento irregular dos resíduos, os
famosos “lixões”, não são adequados para a captação do biogás, para isso é
necessário à construção de aterros sanitários com sistemas de captação e
armazenamento do gás com segurança.
O processo de produção do biogás e geração de energia a partir do
biogás consiste em quatro processos, primeiramente a coleta e
armazenamento dos resíduos sólidos em aterros sanitários, captação do gás
formado e armazenagem, o processamento e conversão do gás que promove a
limpeza (remoção de partículas em suspensão e outros contaminantes), e por
fim a conversão em energia elétrica ou distribuição para utilização como
combustível para veículos, fogões, caldeiras, aquecedores e etc.
2. Estado do biogás;
2.1 Histórico do biogás;
Atribui-se o nome de biogás à mistura gasosa, resultante da fermentação
anaeróbica da matéria orgânica. A proporção de cada gás na mistura depende
de vários parâmetros, como o tipo de digestor e o substrato a digerir. De
qualquer forma, esta mistura é essencialmente constituída por metano (CH4) e
por dióxido de carbono (CO2), estando o seu poder calorífico diretamente
relacionado com a quantidade de metano existente na mistura gasosa.
O biogás é composto principalmente por metano (CH4) e gás carbônico
(CO2) e foi descoberto por Shirley, em 1667. No entanto, foi só um século mais
tarde que Alessandro Volta reconheceu a presença de metano no gás dos
pântanos. Já no século XIX, Ulysse Grayon, aluno de Louis Pasteur, realizou a
fermentação anaeróbia de uma mistura de estrume e água, a 35ºC, conseguindo
obter 100 litros de gás por m3 de matéria (NOGUEIRA, 1986). Em 1884, Louis
Pasteur, ao apresentar à Academia das Ciências os trabalhos do seu aluno,
considerou que esta fermentação podia constituir uma fonte de energia para
aquecimento e iluminação, devido a presença de metano, o hidrocarboneto de
menor cadeia (1 átomo de carbono), principal componente do gás natural e de
elevado poder calorífico.
Inicialmente, o termo biogás estava associado aos diversos nomes
atribuídos a ele, como: gás dos pântanos, de aterros sanitários, de digestor e
da fermentação, entre outros. Atualmente, o termo refere-se, de forma geral,
àquele gás formado a partir da degradação anaeróbia da matéria orgânica.
Atualmente, esse processo vem se difundindo como uma forma de
tratamento de resíduos por vários países. A recuperação de energia gerada
pelos processos anaeróbios teve grande impulso com a crise do petróleo onde
diversos países buscaram alternativas para a sua substituição. Entretanto, como
descrevem as soluções para os problemas de desenvolvimento devem ser
apropriadas às necessidades, às capacidades e recursos humanos, aos
recursos financeiros e à cultura. Assim, o impulso recebido no período de crise
não chegou a constituir um sólido movimento de substituição dos recursos não
renováveis por outras fontes renováveis.
O primeiro documento relatando a coleta de biogás de um processo de
digestão anaeróbia ocorreu em uma estação de tratamento de efluentes
municipal da Inglaterra, em 1895, sendo que o primeiro estudo de
aproveitamento em uma pequena planta, com uso de estrume e outros
materiais remontam de 1941, na Índia. Desde então, o processo anaeróbio tem
evoluído e se expandido ao tratamento de resíduos industriais, agrícolas e
municipais.
Sobre a digestão anaeróbia, discute-se que na natureza existem vários
ambientes favoráveis ao desenvolvimento desse processo, sendo
representados pelos pântanos, estuários, mares e lagos, usinas de carvão e
jazidas petrolíferas (VILLEN, 2001).
Esses sistemas possuem concentrações baixas de oxigênio, facilitando
a ocorrência desse fenômeno. Da observação casual desses ambientes, o ser
humano tomou ciência da possibilidade de produzir gás combustível a partir de
resíduos orgânicos ao observar a combustão natural desse gás na superfície
de regiões pantanosas.
Posteriormente, passou-se a desenvolver e utilizar esse processo
fermentativo para o tratamento de esgoto doméstico, objetivando,
principalmente, a destruição da matéria orgânica. O gás produzido era
destinado à iluminação.
No começo do século XX, ocorreu na Índia e na China, o início do
desenvolvimento de digestores ou mais conhecido como biodigestores para a
produção de gás metano a partir de esterco de animais, principalmente
bovinos. Somente a partir de 1960, a digestão anaeróbia passou a ser
pesquisada com caráter mais científico, havendo então grandes progressos
quanto à compreensão dos fundamentos do processo e também de projetos de
digestores e equipamentos auxiliares.
A composição do biogás é difícil de ser definida, pois depende do
material orgânico utilizado e do tipo de tratamento anaeróbio que sofre.
Contudo, em linhas gerais, o biogás é uma mistura gasosa composta por
diversos gases.
2.2 Formação do biogás;
A formação do biogás se deve a digestão anaeróbica realizada por
bactéria, esse processo fermentativo tem como finalidade a degradação da
matéria orgânica, e tem como produto final o biogás e o biofertilizante.
A formação do biogás pode ocorrer de forma em que o homem não
precise interferir, por ação de microorganismo, mas também podem ser
produzido pelo homem através de biodigestores, aterros sanitários, utilizando
diversos tipos de matérias orgânicas como estrumes de animais, lodo de
esgoto, resíduos domésticos entre outras matérias orgânicas. Quando se tem a
intenção de capturar o biogás a sua obtenção é feita sobe planejamentos e
propósito de utilizar a energia química do biogás para obtenção de novas
fontes de energia. Alguns exemplos de novas fontes de energia são a elétrica
através de conversão energética, a cinética através da combustão controlada
em motores de veículos adaptados e energia luminosa também através da
combustão do gás.
A composição do biogás pode variar dependendo de pressão,
temperatura, pH do ambiente onde está ocorrendo o processo. Os principais
gases obtidos nesse processo são o metano, dióxido de carbono, hidrogênio,
nitrogênio, amônia, acido sulfídrico, monóxido de carbono, aminas voláteis e
oxigênio.
2.2.1 Fatores que influenciam a formação do biogás;
Para a obtenção de bons produtos, necessita-se de que o processo
ocorra normalmente, sem que nada interfira nesse processo e o prejudique-o,
isso não é diferente na formação do biogás. A digestão anaeróbia é bastante
exigente e necessita de controle de alguns fatores para que haja um melhor
aproveitamento do sistema de digestão e dos seus produtos.
Esses fatores que influência a formação do biogás são fatores químicos
como composição dos resíduos utilizados, o pH, fatores físicos como
quantidade de água, temperatura e também fatores microbiológicos como as
condições em que as bactérias estão presentes nos locais onde ocorreram a
decomposição anaeróbica. Os quais estão de acordo com Vanessa PECORA
(2006).
2.2.1.1 Aspectos químicos;
Os principais aspectos químicos aplicados à formação do biogás são o
pH, composição dos resíduos entre outros segundo.
O pH do local influencia indiretamente na formação do biogás,
mas o pH varia dependendo da fase em que se encontra, existe fase mais
acidas como a fase 2 (acidogênese – fase em que é metabolizado a matéria
orgânica e transformada em ácidos orgânicos, cetonas, alcoóis, NH3, H2 e
CO2).O pH deve-se estar na faixa dos 6 aos 8, não estando pode minimizar a
produção do biogás.
A composição dos resíduos é fundamental, pois esses resíduos
que se transformará em biogás, a composição desses devem ser
principalmente de carbono, nitrogênio e sais orgânicos. Quanto maior a
quantidade de matéria orgânica maior a produção e vazão de metano. Deve-se
ter uma proporção especifica de carbono e nitrogênio, a proporção deve ser
mantida respectivamente entre 20:1 a 30:1. A principal fonte de nitrogênio é
dejeções humanas e por animais e de carbono o resto de cultura humana.
2.2.1.2 Aspectos físicos;
Os principais aspectos físicos aplicados a formação do biogás são
temperatura, teor de água entre outros.
A temperatura do processo é importante para as atividades
enzimáticas, havendo constantes mudanças de temperaturas causam um
desequilíbrio nas culturas envolvidas. Temperaturas menores que 10 °C
diminui a atividade metabólica e maiores que 65 °C obstrui as enzimas pelo
calor. A temperatura deve variar de 32 a 37 °C para bactérias mesofílicas1 e 50
a 60 °C para bactérias termofílicas2.
O teor de água deve estar na faixa dos 60 a 90% da quantidade
total de matéria a ser submetida ao processo.
2.2.1.3 Aspectos microbiológicos;
Todos os aspectos são de muita importância, mas os aspectos
microbiológicos são mais do que fundamentais, são essenciais para a
formação dos microorganismos que realizarão a decomposição da matéria
orgânica. Os fatores microbiológicos são impermeabilidade ao ar, entre outros.
A impermeabilidade ao ar é totalmente ligada ao produto da
decomposição, os microorganismos que fazem a decomposição da matéria
orgânica podem ser tanto anaeróbios facultativos quanto obrigatórios, mas os
seus produtos poderão ser diferentes. Caso o processo opere em contato com
o ar (oxigênio) não desenvolvera bactérias metanogênicas3, e sim outros tipos
1 Bactérias mesofílicas são microorganismos que cresce melhor em
temperaturas moderadas, nem muito quente nem muito fria, tipicamente entre
25 e 40 °C.
2 Bactérias termofílicas são microorganismos que suportam temperaturas mais
elevadas, temperaturas entre 45 e 122 °C.
3 Bactérias metanogênicas são bactérias que através da digestão anaeróbia
produzem metano (CH4);
de microorganismos que realizaram a decomposição, mas o produto formado
será o CO2. Para que desenvolva bactérias metanogênicas é essencial a
matéria não ter contato com o ar (oxigênio), caso estiver nessas conformidades
o principal produto será o CH4.
Em relação aos aspectos microbiológicos entra-se também o principal
processo de obtenção do biogás, que é as fases realizadas pelos
microorganismos. Segundo FORESTI (1999) estas fases estão divididas em 4
fases as quais são, hidrolise (primeira fase), acidificação (segunda fase),
acetogênese (terceira fase) e metanogênese (quarta fase). E nestas fases
consistem em:
1. A primeira fase é conhecida como hidrólise, nela as partículas
maiores, e mais complexas que não são capazes de penetrarem na célula
bacteriana sofrem ação enzimática das mesmas, essa ação pode ser
considerada como uma pré digestão, uma digestão extracelular.
2. A segunda fase é conhecida como acidificação, nela as partículas
já de tamanhos suficiente a passarem pela membrana citoplasmática que
passa por dois modos, por difusão passiva ou transporte ativo, essas já dentro
das células bacteriana são metabolizadas por ácidos orgânicos cetonas,
alcoóis, entre outros. As fases da hidrólise e da acidificação são totalmente
distintas do ponto de vista bioquímico. Esta fase também se caracteriza pela
produção compostos orgânicos simples de alta solubilidade que são
principalmente ácidos graxos voláteis.
3. A terceira fase é a fase da acetanogênese, nela bactérias são
capazes de converter matéria orgânica com 2 carbonos em ácidos acéticos.
4. A quarta e última fase denominada metanogênese, é a fase
aonde é produzido o metano e o gás carbônico os principais constituintes do
biogás. Essa produção ocorre por ação das bactérias metanogênicas,
preferencialmente com pH próximos da neutralidade, entre 6,8 a 7,4.
O fluxograma abaixo ilustra o processo microbiológico em que passa a
matéria no processo de decomposição.
Figura 1: Represetação da decomposição microbiológica anaeróbia dos
resíduos orgânicos.
Fonte: Autoria própria.
2.2.1.4 Vazão de biogás em aterros sanitário;
A vazão de biogás em um aterro sanitário esta diretamente ligada aos
fatores mencionados à cima tais como; químicos, microbiológicos e físicos. Se
Metano, dioxido de carbono, ácido súlfidrico...
Ácido acético
Fase 4: Metanogênese
Compostos orgânicos simples
Fase 3: Acetogênese
Matérias orgânicas soluvél
Fase 2: Acidogênese
Matéria orgânica sólida
Fase 1: Hidrólise
os fatores tiverem em maior conformidade com certeza a produção de biogás
será maior.
Mas de nada adianta se os resíduos forem os melhores, a temperatura a
ideal, e muitos outros fatores que necessitam para se obter um bom produto.
Deve-se ter uma quantidade grande desses resíduos sólidos urbanos (RSU)
para que supra a demanda de biogás para manter o sistema em funcionamento
e tenha um vida longa, para não se ter perdas como um gasto elevado para a
montagem da infraestrutura e posteriormente não ter mais utilidade por falta de
RSU.
Os graficos abaixo mostram a evoluçao do lixo domiciliar, a composição
desses na cidade do Rio de Janeiro - RJ.
Gráfico 1: Evolução do lixo domiciliar no Rio de Janeiro – RJ.
Fonte: Comlurb.
1.478.809
1.506.670
1.463.643
1.439.5261.425.175
1.451.955
1.385.930
1.445.4891.465.993
1.515.792
1300000
1350000
1400000
1450000
1500000
1550000
Toneladas
Gráfico 2: Composição do lixo no Rio de Janeiro – RJ.
Fonte: Comlurb.
2.2.2 Principais gases que constituem o biogás e suas principais
características;
O biogas é uma composição de diversos gases, os quais se destacam o
metano (CH4), o dioxido de carbono (CO2), o hidrogênio (H2), o nitrogênio (N2),
o ácido sulfidrio (H2S), monóxido de carbono (CO) entre outros (WEREKO-
BROBBY; HAGEN, 2000). A quantidade equivalente de cada gás é diretamente
ligado aos fatores mensionados anteriormente.
Nos aterros sanitários brasileiros caracteriza-se uma concentração acima
55% de metano e acimas de 30% de dióxido de carbono e outros gases, em
menores quantidades.
Matéria Orgânica 61,40%
Vidros2,70%
Outros6,40%
Papel/Papelão
14,80%
Plasticos 14,70%
Gráfico 2: Proporção de metano, dióxido de carbono e outros gases.
Fonte: Autoria própria.
Principais gases e suas principais caracteristica do biogás:
O metano (CH4) é o principal gás que constitui o biogás,
possui alto poder calorífico. O metano é considerado um perigo para o
efeito estufa, ele pode poluir 21 vezes mais que o monoxido de carbono ,
considerando a mesma quantidade em um periodo de 100 anos.
O dióxido de carbono (CO2) é o segundo principal gás obtido
através da digestão anaerobia, é um dos principais causadores do efeito estufa
atualmente, mesmo causando prejuizos a todos é conciderado essencial para a
vida no planeta pois somente com ele as plantas realiza a fotossintese que as
quais são a base da teia alimentar.
O ácido súlfidrico (H2S) é um gás de odor desagradavél (cheiro de
ovo podre) e altamente tóxico e explosivo.
A tabela abaixo exibe algumas propriedades do mentano, dioxiodo de
carbono e ácido sulfidrico:
Metano
Dioxido de carbono
Outros gases
Propriedades Metano Dióxido de
carbono
Ácido
sulfídrico
Peso
molecular 16,042 g/mol 44,010 g/mol 34,082 g/mol
Poder
calorifico 13,268 kcal/kg 0 kcal/kg 4,633 kcal/kg
Tabela 1: Propriedades físicas do metano, dióxido de carbono e acido
sulfídrico.
Fonte: Autoria própria.
2.3 Aspectos físico-químicos do biogás;
O biogás não possui características próprias e nem propriedades, pois
as suas características estão ligadas a diversos fatores relacionados à sua
formação, exemplos de fatores são à composição dos resíduos, teor de água,
temperatura entre outros. Todas as características do biogás estão ligadas aos
seus gases que o constitui, as suas concentrações e etc.
3. Aspectos Técnicos;
3.1 Aterros Sanitários;
De acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), os
aterros sanitários são definidos como; aterros sanitários de resíduos sólidos
urbanos consistem na técnica de disposição dos resíduos sólidos urbanos no
solo, gerados pela população, sem causar riscos ou danos à saúde publica e à
segurança, tendo como finalidade minimizar os impactos ambientais, este
método exige e utiliza padrões e princípios de engenharia para o confinamento
dos resíduos sólidos no menor volume possível, ou seja fazendo a cobertura
correta com uma camada de terra a cada dia no final da jornada de trabalho
diária ou em intervalos menores quando necessário.
Os aterros sanitários no Brasil são definidos como aterros de resíduos
sólidos, tendo que atender adequadamente a recepção dos resíduos de origem
doméstica gerados pela população, exemplos os de limpeza das ruas,
residenciais e comércios. Já os resíduos de procedência industriais devem ser
destinados a aterros de resíduos sólidos industriais onde receberam o
tratamento adequado, resíduos esses que são tratados como, perigosos a
população em caso de disposição incorreta do mesmo, tudo de acordo com as
normas técnicas da ABNT 10004/2004 – “Resíduos Sólidos – Classificação”.
Figura 2: Aterro sanitário de Juiz de Fora - MG.
Fonte: Demlurb.
Os aspectos técnicos para implantação de um aterro sanitário envolvem
diretamente um planejamento especifico e eficiente, para que todas as
exigências de órgãos competentes como a ABNT sejam cumpridas de acordo
com as leis vigentes.
Nos itens abaixo estão expressos todos os pontos que envolvem a
implantação de aterros sanitários.
Elaboração do projeto: Obras de engenharia, viabilidade do
terreno disponível custo beneficio etc.
Licenciamentos ambientais: De acordo com a norma técnica da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o aterro deve ser
construído a 200 metros de cursos de rios ou efluentes, ter distancia de 1,5
metros entre a superfície e a camada do lençol freático, estando livre de
inundações, assim o aterro ira possuir risco praticamente nulo de interdição
pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Limpeza do terreno: O terreno utilizado para a implantação do
aterro em questão devera passar por uma limpeza onde, em seguida serão
efetuadas as obras de nivelamento ou terraplanagem do mesmo.
Obras de terraplanagem: O terreno devera ser nivelado para
melhor acessibilidade, tanto para as maquinas que trabalha no local quanto
para o descarrego dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), assim o terreno terá
melhor acesso em seu interior.
Acessos: O aterro devera conter vias de fácil acesso, tanto em
seu interior, quanto nas redondezas para locomoção dos veículos que fazem o
descarrego dos lixos e para as maquinas que ali operarem na rotina do aterro.
Impermeabilização do solo: O aterro deve ser coberto ou
impermeabilizado para que não aja a contaminação do lençol freático,
normalmente essa impermeabilização é feita por um Geomembrana de PEAD
(Polietileno de alta densidade) ou argila com espessura de 1,5 metros.
Drenagem: O aterro devera ter sistemas de drenagem de liquido
tóxico ou chorume, (Material que reúne todas as impurezas liquidas e tóxicas
do lixo), devera ter também poços de captação ou drenagem do biogás.
Obras de construção civil: Sempre que necessário o aterro devera
ser reestruturado conforme a necessidade de ampliação do mesmo.
A imagem a seguir mostra a planta de um aterro sanitário, de como de
estar disposto.
Figura 3: Esquematização de um aterro sanitário.
Fonte: Eng. Carol Daemon.
3.1.1 Classificações dos Resíduos Sólidos;
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os
resíduos sólidos são definidos como sólidos ou semi-sólidos provenientes de
atividades da comunidade, podem ser classificados como de origem domestica,
comercial ou industrial.
Resíduos domiciliares: Os resíduos domiciliares são provenientes
das atividades diárias em residências, constituídos em muitas das vezes por
restos de alimentos, jornais e revistas, embalagens, papel higiênico e muitos
outros decorridos do uso diário da população em questão residência. Pode ser
também considerado os resíduos públicos, descartados nos lixos das vias
públicas.
1
2
Figura 4: Resíduos domiciliares (1) e Urbanos (2).
Fonte: Meu Planeta Minha Casa (1) e Gestão Global de Resíduos (2).
Resíduos comerciais: Os resíduos comerciais geralmente são
provenientes de estabelecimentos comerciais de acordo com a atividade de
cada uma. Normalmente é constituído dos mesmos itens encontrados nos lixos
domésticos, porem na maioria dos casos em proporções maiores.
Figura 5: Resíduos comerciais.
Fonte: TITECH.
Resíduos industriais: São provenientes de atividades industriais,
apresentando características diversificadas, pois dependem do produto
produzido de cada empresa, podendo ser exemplificados por óleos, plásticos,
papel, madeira, borracha, metal, vidros, fibras etc.
Figura 6: Resíduos industriais.
Fonte: Cenibra.
3.1.1.1 Tempo de Decomposição dos Resíduos;
No Brasil de cada 100 habitantes, 75 habitantes moram nas cidades e o
restante mora em zona rural. Devido ao aumento da migração da zona rural
para as grandes cidades ocorre o desequilíbrio do gerenciamento do lixo,
fazendo com que as prefeituras sejam forçadas a correrem contra o tempo para
disponibilizar lugares onde possam ser feita a disposição correta dos resíduos
sólidos urbanos ou RSU.
De acordo com o IBGE, 2000, diz que a disposição final do lixo no Brasil
é feita de forma desproporcional entre a forma correta e incorreta do lixo, pois
parte deste lixo não é coletada permanecendo nas ruas e residências ou sendo
descartados em lugares públicos, terrenos baldios ou cursos de água.
O lixo destinado de forma incorreta é prejudicial ao meio ambiente. A
tabela a seguir mostra o tempo que a natureza leva para decompor alguns
materiais presentes na composição do lixo, quando há condições favoráveis
para este processo de decomposição.
Tempo de degradação dos resíduos sólidos
Material Tempo de Degradação
Papel 3 a 6 meses
Madeira pintada 13 anos
Filtro de cigarro 5 a 10 anos
Chiclete 5 anos
Pano 6 meses a um ano
Fralda descartável comum 600 anos
Fralda descartável biodegradável 1 ano
Copos plásticos 50 anos
Sacos plásticos 30 a 40 anos
Isopor 8 anos
Garrafa PET 100 a 200anos
Pneus Indeterminado
Vidro Indeterminado
Tabela 2: Tempo de degradação dos resíduos sólidos.
Fonte: Portal São Francisco.
3.2 Tecnologias aplicadas á Extração;
Uma das tecnologias para uso e extração do biogás é feitas através de
poços de extração ou captação do biogás nos aterros sanitários, esses poços
são instalados verticalmente nos aterros na forma de tubos que são chamados
tubos coletores do biogás onde o gás coletado será levado através deste tubo
para a superfície e em seguida para ser tratado de acordo com a imagem a
seguir:
Figura 7: Poços de extração vertical.
Fonte: CENBIO.
A coleta do biogás geralmente é feita depois que uma parte do aterro é
fechada. Cada uma das pontas do tubo é conectada em uma tubulação lateral
que transporta o gás para um coletor principal de acordo com as figuras a
seguir:
Figura 8: Tubos de coleta do biogás.
Fonte: CENBIO.
Figura 9: Tubos de coleta do biogás.
Fonte: CENBIO.
Os poços são ligados em um tubo principal que percorre todo o aterro.
Com um sistema de compressão é feita a sucção do gás dos poços através de
um compressor que são utilizados para comprimir o gás antes de entrar no
sistema de recuperação energética, os tipos de compressores utilizados neste
processo dependem do fluxo de gás e compressão desejado que é feito por um
equipamento de conversão energética (TOLMASQUIM, 2003) de acordo com a
figura a seguir:
Figura 10: Compressor para a sucção do biogás.
Fonte: CENBIO.
Após a coleta e antes da utilização do biogás no processo de conversão
de energia, o biogás é tratado para que haja a remoção de impurezas.
Para uso em caldeiras e requerido um tratamento mínimo, já nos
gasodutos é feito um tratamento extensivo para remoção do CO2. Em casos de
geração de energia pode-se utilizar filtros para remoção de impurezas do
biogás para que não ocorra danos de componentes de motores ou das turbinas
para que todo o processo seja eficiente.
3.3 Tecnologias para conversão do biogás em energia elétrica e
mecânica;
A tecnologia para a conversão energética do biogás ocorre no processo
de transformação da energia química das moléculas através de combustão
controlada, em energia mecânica que será em seguida convertida em energia
elétrica.
As tecnologias de transformação do biogás envolvem turbinas a gás e os
motores de combustão interna.
Basicamente para que se obtenham novas fontes de energia é
necessário que queime o biogás, em sua combustão, do seu principal
constituinte o metano, resume-se na seguinte formula:
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O + energia.
3.3.1 Turbinas a gás;
Uma das tecnologias utilizadas no processo de conversão do biogás é a
chamada turbina a gás de ciclo aberto.
O fluido de trabalho é comprimido no compressor elevando- se a
pressão do mesmo, onde neste processo não há nenhum calor adicionado,
assim o compressor nas condições ideais irá operar em condições adiabático,
fazendo com que o trabalho de compressão aumente a temperatura do ar. O
mesmo então entra em uma câmara de combustão quando em contato com o
combustível, reage, por sua vez dando o inicio de queima. Os gases
decorrentes da combustão à elevada temperatura expandem-se na turbina
gerando energia mecânica acionando o compressor onde a energia mecânica
produzida através do processo de combustão do biogás pode ser também
convertida em energia elétrica onde são utilizados geradores para
armazenamento de eletricidade obtida através do processo de conversão do
gás em energia mecânica convertida em energia elétrica. Podemos dizer então
que o processo da turbina a gás de ciclo aberto é o processo real de
combustão interna (MORAN; SHAPIRO, 2002).
A figura mostra o funcionamento do funcionamento da turbina a gás de
ciclo aberto:
Figura 11: Esquematização da turbinas a gás de ciclo aberto.
Fonte: CASTRO.
3.3.2 Motores de combustão interna;
Os motores de combustão interna têm como finalidade queimar uma
mistura de vapor e combustível dentro de um cilindro onde é gerado o trabalho
mecânico com a transformação do movimento retilíneo do pistão em circular
por meio de um virabrequim. É um mecanismo bastante utilizado, por ser um
processo muito pratico de grande durabilidade (CORREA, 2003).
3.3.3 Motor de ciclo diesel;
Um dos motores utilizados nos aterros são os motores de ciclo diesel,
onde o combustível é injetado no final da compressão do ar. Como a pressão
do combustível é maior que a do ar aquecido, ocorre então à combustão por
auto-ignição. Este processo não é limitado apenas á combustíveis líquidos,
atualmente são produzidos os motores de combustível misto que utilizam gás
como combustível no processo diesel (PEREIRA, 2006).
3.3.3.1 Funcionamento do motor ciclo diesel;
No primeiro estagio (A) o ar é aspirado através de uma válvula de
entrada para o interior do cilindro, em seguida o pistão sobe comprimindo (com
taxa muito elevada) o ar do cilindro durante o segundo estagio (B) assim a
temperatura é elevada. A injeção do combustível a alta pressão acontece no
estagio (C), onde ao entrar em contato com o ar comprimido a alta temperatura
faz com que aconteça a combustão espontânea e força o pistão para baixo. No
ultimo estagio (D) os gases são liberados pela válvula de exaustão pelo
movimento de subida do pistão.
A imagem a seguir mostra o funcionamento esquemático do motor ciclo
diesel:
Figura 12: Esquematização do ciclo diesel.
Fonte: CASTRO.
3.3.4 Energia térmica;
Para o uso do biogás em energia térmica existem algumas tecnologias
para a sua conversão, e uma delas são os chamados, ciclo de vapor rankine.
Os sistemas deste ciclo a vapor consistem em caldeira, turbina,
condensador e bomba.
Neste ciclo o calor obtido pelo processo de combustão do biogás ocorre
em uma caldeira, para geração de vapor podendo ser usada na forma de
aquecimento ou energia térmica ou em energia elétrica onde será acionada
uma turbina a vapor. Os calores na forma de vapor não são facilmente
transportados por grandes distanciam, por isso as unidades geradoras
precisam estar perto de instalações que utilizam energia térmica.
Para o controle de umidade do gás são utilizadas linhas de condensado,
desta forma impedindo danos nos equipamentos e problemas na operação das
caldeiras.
3.3.5 Combustível;
O biogás pode ser usado em qualquer aplicação quando destinada ao
gás natural, para que possa ser usada na forma de combustíveis automotores
é necessária a remoção de alguns compostos químicos assim como a
umidade, acido sulfídrico (H2S), dióxido de carbono (CO2) e partículas.
Figura 13: Reservatório de biogás em Kristianstad na Suécia.
Fonte: MyBeloJardim – High - Tech Para Você.
3.3.5.1 Uso em veículo automotor;
No uso veicular é necessário o processo de purificação do biogás com a
retirada do CO2 para que o percentual do metano fique aproximadamente ao
do gás natural e assim para que seja utilizado como forma de combustível
automotor. De acordo com a ANP (Agencia Nacional de Petróleo) a
porcentagem mínima de metano no gás natural para uso veicular deve ser de
86 e máxima de CO2 de 5%.
Uma das vantagens da utilização do biogás na forma de combustível
serve abastecer os próprios caminhões que operam nos aterros e coletas
seletivas, assim reduzir gastos com combustíveis fósseis, exemplo o diesel.
Com a utilização do biogás na forma de combustível renovável poderemos
obter pouco impacto ambiental com a redução de emissões poluentes na
atmosfera, e segundo estudos a redução da emissão é de até 80% de CO2.
Figura 14: Veiculo movido a biogás (Bio - Bug) desenvolvido pela Geneco.
Fonte: Aguarella desentupidora.
Na cidade de Kristianstad usa seus carros municipais, ônibus e
caminhões com biogás, evitando a necessidade de adquirir cerca de 1,85
bilhões de litros de diesel ou de natural gás a cada ano.
As operações na unidade de biogás e as instalações de aquecimento
trazem dinheiro, porque as fazendas e fábricas deixam de pagar taxas
de coleta dos seus resíduos e as usinas de energia renovável vendem o calor,
eletricidade e combustível do carro que eles geram.
O próximo desafio são os carros de transporte locais que respondem
atualmente por 60% da utilização de combustíveis fósseis. Os planejadores da
cidade querem que os motoristas utilizem carros movidos a biogás na cidade
como os veículos municipais já fazem. Isso exigirá aumento da produção do
combustível renovável.
A cidade sueca está planejando a construção de mais usinas de biogás
em áreas satélites e zonas periféricas, como também, expandir sua rede de
tubulações subterrâneas de biogás para permitir a construção de mais postos
de abastecimento.
Exemplos como o de Kristianstad, na Suécia, mostram que o uso
planejado de todas as fontes de geração de energia renovável pode ser um
fator importante na independência e substituição de petróleo fóssil tanto a nível
local como em comunidades.
Figura 15: Posto de abastecimento de biogás para ônibus municipais em
Kristianstad – Suécia.
Fonte: MyBeloJardim – High - Tech Para Você.
4. Aspectos ambientais;
A intensificação das atividades humanas nas últimas décadas tem
gerado um acelerado aumento na produção de resíduos sólidos (lixo),
tornando-se um grave problema para as administrações públicas. O aumento
desordenado da população e o crescimento sem planejamentos de grandes
núcleos urbanos dificultam as ações de manejo dos resíduos além de que, o
uso de lixões nos grandes centros urbanos ainda é muito comum, o que
acarreta problemas de saúde e ambientais. A decomposição da matéria
orgânica promove a liberação do biogás, cujos principais constituintes são o
gás carbônico e o metano, que corresponde a cerca de 50% e é um gás de
efeito estufa, cuja emissão favorece o aquecimento global. Além disso, gera
odores desagradáveis e oferece riscos de explosão. Os aterros sanitários são
considerados atualmente uma das alternativas mais interessantes para
geração do biogás, visto que podem dispor de técnicas de captação dos gases
liberados através de dutos de captação e queima posterior em flares, onde o
metano, principal constituinte do biogás, será transformado em gás carbônico,
que possui um potencial de aquecimento global cerca de 21 vezes menores, ou
seja, polui a atmosfera menos que o metano. Nestes aterros também existem
dutos para captação do chorume, líquido proveniente da decomposição de
resíduos orgânicos que se não for devidamente coletado, acarreta poluição dos
recursos hídricos (PROJETO APOEMA, 2006). Além da oportunidade de reduzir
os danos ambientais é possível utilizar o biogás como combustível, gerando
energia elétrica e até mesmo iluminação a gás, geração de energia elétrica
através de geradores ou também como combustível para veículos automotores.
Em um modo generalizado os impactos gerados em aterros sanitários
são normalmente devido a omissões humana, por não ter uma fiscalização de
órgãos públicos ligadas ao meio ambiente para que constate a irregularidade e
embargue o funcionamento deste.
Caso estiver em funcionamento irregular, também provavelmente ilegal
os impactos podem ser diverso no solo, na água, no ar e nos seres vivos.
4.1 Impactos na litosfera, hidrosfera, atmosfera, e biosfera;
Os impactos tanto os na litosfera, hidrosfera, atmosfera, e biosfera
podem ser generalizados em termos do que gera esses, todos são resultantes
de algum descuido, imprudência tanto de funcionários do aterro ou de órgãos
responsável que fiscalizam esses aterros.
Dentre os impactos causados eles podem não ser totalmente iguais,
mas acarretam um serie de consequências entre os impactos que acaba
atingindo uns aos outros.
Caso um aterro em inconformidade com as normas estabelecidas pode
acarretar sérios problemas, como se não utilizar as geomembranas de PEAD
ou mantas de PEAD, argila com espessura e compactação impostas
contaminam primeiramente o solo, posteriormente pode contaminar os lençóis
freáticos, mananciais e o ar. Com essas contaminações a diversas perdas
como da vida microbiológica, peixes, animais de pequeno porte, plantas entre
outras, há um desequilíbrio no ecossistema local. Caso o aterro não tenha a
captação correta do metano e deixe esse gás sair livremente para a atmosfera,
ele causa impactos catastróficos, como o aquecimento global, pois ele contribui
cerca de 21 vezes mais que o gás carbônico com isso a o derretimento do gelo
nos extremos norte e sul, aumentado o nível dos oceanos e tudo isso também
posteriormente causa o desequilíbrio no ecossistema.
Figura 16: Peixes mortos devido a poluição.
Fonte: Projects by Students for Students (Projetos de Alunos para
Alunos).
4.2 Crédito de carbono;
Surgido a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, o mercado de crédito
de carbono foi a forma encontrada pelas 189 nações signatárias para acelerar
as metas de redução das emissões dos gases de efeito estufa. O objetivo final
era chegar a níveis inferiores aos de 1990. Saiba um pouco mais sobre esse
mercado bilionário que é um sistema que funciona com a compra e venda de
unidades correspondentes à redução da emissão de gases que causam o
efeito estufa. Os créditos são obtidos com o corte das emissões por países ou
empresas.
5. Utilização do biogás como fonte de energia – Viabilidade;
Existem diversas maneiras de utilização do biogás, como combustível
para veículos automotores, combustível para geradores de energia, turbinas,
aquecedores domésticos e entre outros, mas antes que se coloquem aterros
sanitários em funcionamento ou montagem deve-se ter um projeto em que
avalie as vantagens e as desvantagens do projeto.
Para que aja uma viabilidade deve-se ter também a disponibilidade do
biogás, operação regular garantia de compra do biogás ou da energia gerada
pelo próprio, incentivar a melhores praticas de obtenção, e conscientização
ambiental (ABREU, 2011).
5.1 Vantagens e desvantagens, barreiras existentes;
5.1.1 Vantagens;
De um modo geral para a obtenção do biogás possui as seguintes
vantagens segundo ABREU (2011):
Baixo custo de implantação;
Elevada sustentabilidade do sistema;
Simplicidade operacional, de manutenção e controle;
Baixos custos operacionais;
Possibilidade de recuperação de subprodutos (biogás, ou
biofertilizante no caso de biodigestores);
5.1.2 Desvantagens;
As desvantagens em geral, são muitas vezes geradas a partir de falhas
técnicas as quais são:
Riscos de acidentes,
Risco de contaminação de corpos d’água, solo;
Segundo a CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental) a análise de risco é a identificação precoce de elementos e
situações em uma instalação que possam gerar uma condição de risco para
quem nela trabalha e para o público em geral.
5.1.3 Barreiras existentes;
Para a implantação de novas fontes de energia enfrentam-se três tipos
de barreiras segundo ALTOMONTE, (2003).
1. Política: Falta de apoio político, para que tenha novas propostas,
que favoreça a empresa desse ramo.
2. Financeira: falta de regulamentação clara para diminuir os riscos e
incentivar o investidor privado a financiar as fontes renováveis. A
desestruturação do setor energético em vários países tem dificultado esta
inserção.
3. Econômica: dificuldade de concorrência com as fontes fósseis
dentro de um mercado liberalizado.
5.2 Políticas para implantação dessa fonte de energia;
Para a implantação dessa fonte de energia não existe leis especificas,
mas existem programas que incentivam o desenvolvimento de fontes
alternativas de energia, nas quais o biogás se encaixa. Um desses programas
são o PROINFA (Programa Nacional de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica) que estabelece que se instalem no sistema brasileiro fontes
de energia renovável que gere 3.300 MW de energia elétrica sendo de fontes
eólicas, biomassa ou pequenas centrais de energia.
Deve-se também adequar à política, incentivo de formação de
cooperativas, do uso da energia gerada nos aterros, de pesquisa e
melhoramento de técnicas, entre muitas outras maneiras de colaboração para
se ter um sucesso na produção do biogás.
6. Conclusões;
A tecnologia apresentada do aproveitamento de biogás para fins
energéticos tem um grande âmbito, pois com a implantação de aterros
sanitários seguindo métodos adequados trás muitos benefícios, tais com o
aproveitamento do gás para geração de energia independente da sua
aplicação, diminuição do efeito estufa que preocupa o mundo todo, pois o
metano que é gerado, um dos principais gases do biogás e polui cerca de 21
vezes mais que o dióxido de carbono, e a independência das energias fosseis
que um dia acabara e restara somente as fontes de energia alternativas.
Os impactos ambientais causados por um aterro é praticamente nulo
porque para que esse aterro contamine algo é necessário ele estar irregular, e
se ele esta irregular em funcionamento é porque algum órgão competente não
fiscalizou o aterro e autorizou o funcionamento.
Enfim, a implantação de aterros sanitários trás diversos benefícios, e sua
vida útil é longa, mesmo que as cidades não para de gerar resíduo o que só faz
aumentar esses aterros gerando cada vez mais biogás. Concluímos que a
implantação de aterros sanitários não é somente viável para o meio ambiente,
mas também poderá trazer lucros para os investidores dessa tecnologia.
7. Referências bibliográficas;
Livros:
ABREU, Fábio Viana de. Biogás de lixo em aterros sanitários: uma analise da
viabilidade técnica e econômica de seu aproveitamento energético.
São Paulo, SP. Blucher Acadêmico, 2011.
ICLEI - Brasil - Governos Locais pela Sustentabilidade. Manual para
aproveitamento do biogás: volume um, aterros sanitários. ICLEI - Governos
Locais pela Sustentabilidade, Secretariado para América Latina e Caribe,
Escritório de projetos no Brasil, São Paulo, 2009.
Normas técnicas:
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Resíduos Sólidos – Classificação.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. NBR 15849/2010 -
Aterros Sanitários - Classificação.
Artigos da Internet:
PECORA, Vanessa. Implementação de uma Unidade Demonstrativa de
Geração de Energia Elétrica a partir do Biogás de Tratamento do Esgoto
Residencial da USP: estudo de caso. Vanessa Pecora; orientador José Roberto
Moreira. São Paulo, 2006.
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Paulo, 1986.
CENBIO – Centro Nacional de Referência em Biomassa. Medidas mitigadoras
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Dupligráfica Editora. Brasília, 2000.
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Tratamento biológico de efluentes. Biotecnologia Industrial. Vol. 3. São Paulo.
Editora Edgar Blucher, 2001.
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