MATERIAL SOBRE CROMÁTICOS:
Escala cromática é aquela escala que procede por 1/2 tons sucessivos, em qualquer direção.
C C# D D# E F F# G G# A A# B
Essa escala compreende todas as 12 notas disponíveis na musica ocidental. Culturas orientais
utiliza-se de microtons, o que não vem ao caso.
A escala cromática não pertence a 1 tonalidade, ela é comumente usada como um efeito.
É comum que, a principio, usemos os cromáticos no tempo fraco, ou seja, no contra-tempo,
mas isso é apenas uma questão de sonoridade.
Apesar da escala cromática ser uma escala a parte, eu gosto de começar falado de cromatismo
usando a blues note da escala pentatônica.
PENTATÔNICA COM BLUE NOTE:
A escala pentatônica, que é formada por 5 notas (T b3 4 5 b7), tem a possibilidade de
acrescentar em sua estrutura a nota #4 (blue note), dessa maneira, criando uma linha
cromática entre o 4 e 5, ficando : 4 #4 5.
A blue note é um som característico do Blues, porém, pode ser usado em muitos outros
contextos.
O primeiro passo seria aprender muito bem a Blue note em todos os modelos da escala
pentatônica, pois cada modelo vai proporcionar um approach diferenciado na Blue note.
Exercícios:
1) Suba e desça a escala pentatônica no mesmo modelo. Depois mova para o próximo
modelo passando pelos 5 modelos propostos. Faça isso em todas as tonalidades,
começando sempre pelo modelo mais grave disponível.
Use o ciclo de quartas para esse fim:
Am Dm Gm Cm Fm Bbm Ebm Abm Dbm Gbm Bm Em
Use também o playalong que também usa o ciclo de quartas, porém começando de Cm.
Cm Fm Bbm Ebm etc....
2) Suba num modelo e desça no outro, passando por todos os 5 modelos. Faça isso
também em todos os tons.
3) Estudo horizontal: Vamos agora trafegar por 3 modelos, dessa maneira estaremos
usando a blue note para usar a técnica de slide, que é algo que funciona muito bem.
Observe os 4 exemplos propostos abaixo na tonalidade de A menor.
PENTATÔNICA COM BLUE NOTE E SEXTA MAIOR:
Vamos acrescentar a sexta maior na pentatônica, dessa maneira chegamos à penta dórica, ou
seja, a sexta maior caracteriza essa pentatônica como sendo o segundo grau da escala maior
(modo dórico).
Podemos usar essa pentatonica dórica em vários contextos, tanto em acordes menores
estáticos como acordes menores com função dórica, ou seja, onde o acorde menor é segundo
grau do campo harmônico.
T b3 4 #4 5 6 b7
Você não precisa aprender 5 novos modelos, apenas acrescente a sexta no modelo que você
aprendeu.
Veja algumas frases nos exemplos 1 e 2
Agora vamos acrescentar a nona nessa escala, portanto agora teremos uma escala
dórica com a blue note: T 2(9) b3 4 #4 5 6 b7
A nona é uma tensão bem vinda no acorde menor, a não ser que seja um acorde frígio.
Observe que o que estamos aplicando sobre o dórico pode ser aplicado sobre o grau
eólio que ficaria: T 2(9) b3 4 #4 5 b6 b7, sobre a menor melódica: T 2(9) b3 4 #4 5 6 7
ou sobre a menor harmônica: T 2 b3 4 #4 5 b6 7.
Nos exemplos 3 e 4 passo duas pequenas frases usando o dórico com a blue note.
CROMATIZANDO A ESCALA:
Existem vários tipos de cromáticos. Eles podem ser aplicados na escala ou nos arpejos.
O primeiro passo foi o cromático da Blue note. Agora que estamos trabalhando a escala,
iremos usar o cromático para aproximar as notas da escala.
Nossa escala em questão continua sendo a escala dórica com a blue note, mas lembre-
se que poderia ser outra escala qualquer. O bacana dessa escala é que todas as notas
são boas para estacionar (T 2 b3 4 #4 5 6 b7), com exceção a blue note que, a princípio,
deve ser usado como nota de passagem, dependendo do contexto pode ser usada como
nota de tensão, mas não é o caso aqui.
Portanto, tirando a blue note, que já utilizamos como nota cromática, todas as outras
notas da escala serão alvo do cromático que poderá vir de cima ou de baixo.
O primeiro exercício é dos cromáticos livres sobre a escala dórica. Todos os espaços
entre as notas da escala são cromáticos que vão caminhar ½ tom abaixo ou acima de
uma nota da escala.
Vamos pegar a tônica de A dórica por exemplo, a nota A (lá). Podemos aproximarmos da
mesma vindo ½ de baixo G# -> A ou então ½ tom de cima Bb -> A.
No exemplo 5 estou começando usando a aproximação do A pelo G#.
No exemplo 6 começo com a aproximação contrária, de cima para baixo, ou seja, de Bb
para A.
No exemplo 7 estou usando o cromático ½ tom acima, ½ tom abaixo resolvendo no alvo,
no caso a nota A.
Mais a frente veremos muitos tipos de cromáticos que podem ser aplicados tanto nas
escalas quanto nos arpejos, porém, são mais funcionais quando aplicados sobre as
tríades e sobre as tétrades.
Exercício: Por enquanto experimente tocar livremente sobre a escala dórica usando as 4
possibilidade de cromáticos que vimos até agora. Veja abaixo um exemplo com algumas
dessas aproximações.
12 TIPOS DE CROMÁTICOS:
Para exemplificar melhor os cromáticos, escolhi a nota Dó como alvo, porém, na
prática, você poderá utilizar qualquer outra nota do arpejo ou da escala como alvo. Nesse
momento iremos utilizar os cromáticos dentro das tríades, mas você pode utilizar o mesmo
pensamento sobre as tétrades e sobre as escalas.
Vamos aplicar agora cada um dos cromáticos acima. Será necessário experimentar cada
cromático nas 4 qualidades de tríades (maior, menor, aumentada e diminuta) e em pelo
menos 2 modelos diferentes. Cromático a) (½ tom acima indo para o alvo).
Agora vamos aplicar o cromático b) (1/2 abaixo indo para o alvo) em todas as qualidades
de tríades. Lembre-se de colocar também em outras regiões. No final estou dando uma
frase da aplicação em Cm. Você não precisa necessariamente tocar os cromáticos em
todos os graus do arpejo, mas é interessante praticar dessa maneira.
Agora vamos aplicar o cromático c) (1 tom cromático acima indo para o alvo) em todas
as qualidades de tríades.
Agora vamos aplicar o cromático d) (1 tom cromático abaixo indo para o alvo) em todas
as qualidades de tríades.
Agora vamos aplicar o cromático e) (1 tom cromático acima e ½ tom abaixo indo para o
alvo) em todas as qualidades de tríades. O meu cromático preferido.
Agora vamos aplicar o cromático f) (1 tom cromático abaixo e 1 tom acima indo para o
alvo) em todas as qualidades de tríades. Esse tipo de cromático ajuda a disfarçar
bastante a tríade porque até a chegada do alvo se tocam 4 notas. É um tipo de
cromático muito usado na era bebop.
Cromático g) (1/2 tom abaixo e ½ tom acima indo para o alvo). Particularmente é um
dos cromático que eu mais gosto de usar.
Agora 2 frases usando o cromático em uma situação ascendente e outra descendente.
Todas no tom de Dó menor usando apenas tríade.
Cromático h) (½ tom acima e ½ abaixo indo para o alvo) Funciona de forma oposta ao
anterior. Outro tipo de cromático que eu particularmente gosto muito.
Uma frase usando o cromático acima. A frase vai nas 2 direções.
Cromático i) (1 tom acima e ½ abaixo indo para o alvo).
No final, quebrando um pouco o padrão das tríades, criei uma frase simples usando essa
padrão sobre a tétrade de Cm7.
Cromático j) (1 tom abaixo e ½ acima indo para o alvo).
Muitas vezes o cromático compromete um pouco a qualidade da tríade, mas isso faz
parte da proposta do cromático mesmo, maquiar um pouco a estrutura inicial da tríade
ou da tétrade.
O cromático l) (1 tom abaixo cromatizando, 1 tom acima cromatizando para o alvo) é
um tipo de cromático que eu gosto bastante exatamente por colocar 4 notas antes do
alvo e tirar bastante o foco da tríade ou tétrade.
Por fim, o ultimo cromático de letra m) (1 tom acima cromatizando, 1 tom abaixo
cromatizando para o alvo), exatamente o cromatismo oposto do anterior, porém,
mantendo a mesma concepção de 4 notas antes de acertar o alvo.
Continua....
FRASES COM CROMÁTICOS SOBRE TRÍADES E TÉTRADES:
Já aprendemos todos os 12 cromáticos básicos. Não esqueça de praticar também sobre
as tétrades.
Agora vamos partir para algumas frases misturando o conceito de todos os 12
cromáticos que aprendemos anteriormente. Não se detenha a usar apenas 1 tipo de
cromático dentro de um arpejo, muito pelo contrário, fique livre para combiná-los.
Experimente usar mais intensamente os cromáticos que tem o maior apelo para você
para que possa logo entrar no seu vocabulário.
Vamos tentar manter as tonalidades com menos acidentes apenas para que fique mais
fácil visualizar na partitura os alvos, porém, nunca esqueça de praticar em 12
tonalidades.
Abaixo seguiremos o padrão de uma frase sobre tríade e o outra sobre a tétrade sempre
no tom de Dó. Estou usando mais de um modelo de arpejo.
Use os playalongs e lembre-se que o objetivo não é fazer com que você memorize as
frases, mas apenas que você entenda o mecanismo de desenvolvimento das mesmas,
possibilitando que você crie as suas próprias.
CROMÁTICOS SOBRE NOTAS DA ESCALA E TENSÃO:
Os cromáticos também podem ser usados dentro da escala, portanto, disponibilizando
as notas de tensão. Vamos ver agora algumas frases onde o alvo, além das notas do
arpejo, também estão contidas as notas da escala e as tensões disponíveis na mesma.
As frases foram criadas com ritmos de fácil assimilação, mas devem ser interpretadas.
Frases 1 e 2:
Cm7 dórico -> Notas do arpejo -> C Eb G Bb.
Tensão 9 (D) e 11 (F).
Nota característica do modo dórico: 13 (B)
Frases 3 e 4:
C7 mixo -> Notas do arpejo -> C E G Bb.
Tensão 9 (D) e 13 (A).
Nota característica do modo mixolídio: b7 e 4 (como “nota de passagem”)
Frases 5 e 6:
C7M iônico -> Notas do arpejo -> C E G B.
Tensão 9 (D) e 13 (A).
Nota característica do modo iônico: 7 e 4 (como “nota de passagem”)
Frases 7 e 8:
Cm7b5 -> Notas do arpejo -> C Eb Gb Bb.
Tensão 11 (F).
Nota característica do modo lócrio: b5
Frases de IIm7 V7 I7M usando cromáticos:
As frases foram criadas com ritmos de fácil assimilação, mas devem ser interpretadas.
Frases de IIm7b5 V7(alt) Im7 usando cromáticos:
Cromáticos em arpejos sobrepostos:
Um assunto que já falei exaustivamente em aulas anteriores (aulas sobre tríades e aulão
de arpejos), portanto, vou apenas pincelar sobre o tema.
Vamos usar algumas sobreposições de tríades, portanto, podemos usar tudo o que
vimos anteriormente de tríades e tétrades sobre outros acordes.
No exemplo 1 vamos ver o uso da tríade do quinto (G) grau sobre o acorde maior, no
caso C7M. Quando usamos a tríade de G sobre Dó geramos as notas: G B D. A nota D
sobre C gera tensão nove.
No exemplo 2 vamos tocar a tétrade de Em7b5 sobre o acorde C7. Quando tocamos a
tétrade de Em7b5 sobre o acorde C7 geramos as seguintes notas E (terça de C), G
(quinta de C), Bb (b7 de C) e D (nona de C).
No exemplo 3 estou tocando a tríade de Bb sobre Cm7. Bb contem as notas Bb D F que
sobre Cm7 geram respectivamente: b7 9 11.
Tente outras sobreposições usando os conceitos aprendidos nas aulas de arpejos.
Cromáticos dentro da proposta Rock e Blues rock:
Obviamente que você pode e deve utilizar os cromáticos aprendidos nessa aula em
todos os estilos, não crie barreiras psicológicas quanto a isso. Minha intenção aqui é
apenas mostrar alguns cromáticos mais utilizados dentro deste estilo, que,
naturalmente, estão dentro dos cromáticos propostos anteriormente.
A primeira parte da aula onde falamos sobre penta com blue também é um prato cheio
nesse sentido.
Cromáticos sobre Cm:
O exemplo 1, 2 e 3 esta sobre o acorde de Cm e basicamente estou usando blue note e
cromático direto, na mesma direção, algo que é mais comum no estilo, pois não vamos
muitos cromáticos ao ponto de maquiar a tonalidade.
Cromáticos sobre C7:
Sobre um acorde dominante, intensivamente visto no Blues (No blues maior, mesmo
que o acorde seja apenas uma tríade, subentendemos que esse acorde é um dominante.
Veja a vídeo aula sobre Blues maior).
Algo que já falei mais profundamente sobre acordes dominantes (vídeo aula sobre
dominantes), é que o mesmo aceita a escala pentatônica menor do próprio tom, ou
seja, no caso do acorde C7, podemos tocar a pentatônica de Cm, dando dessa maneira a
intenção do Blues.
Nas frases abaixo demonstro como aplicar os cromáticos sobre os acordes dominantes
usando a tétrade dominante de C7: C E G Bb e a penta de Cm: C Eb F G Bb.
Cromáticos sobre C iônico e lídio:
É bem incomum encontrarmos acordes com sétima maior no rock e blues, mas toda vez
que tivermos um acorde maior cuja função seja a de primeiro ou quarto grau dentro do
campo harmônico, podemos utilizar a sétima maior do arpejo, que esta contida dentro
da escala maior, seja iônica ou lídia.
Nas frases abaixo exemplifico as ideias basicamente sobre o arpejo de C7M.
Cromáticos sobre Cdim:
Os acordes diminutos aparecem vez ou outra no rock e no blues rock. Nas frases abaixo
eu abordo basicamente a tétrade diminuta de C: C Eb Gb Bbb(A)
Cromáticos pessoais:
Vou fechar esse material de estudos sobre cromático mostrando mais alguns exemplos
de cromáticos. Alguns tipos de cromáticos que eu venho desenvolvendo ao longo dos
anos.
Minha intenção principal é fazer com que meus cromáticos não soem tanto bebop, mas
que ao mesmo tempo traga algo da sonoridade dessa era.
Abaixo 2 tipos de cromáticos intervalares. Coloquei cada cromático sobre os acordes
C7M e Cm7, mas obviamente que você pode adaptar a ideia para qualquer outra
qualidade de acorde.
Para o entendimento pleno dessa apostila é necessário que você veja a vídeo aula, pois
este material é meramente um complemento da mesma.
O material também é complementado com 5 playalongs nas sequintes tonalidades:
Playalongs:
1) Groove estático em Cm7. Pode ser usado para: Cm tríade e tétrade Cm7. Dórico,
eólio ou ate mesmo usar escala menor melódica ou harmônica.
2) Groove estático em C7M. Pode ser usado para: C tríade e tétrade C7M. Iônico ou
lídio
3) Groove estático em C7. Deve ser usado sobre C tríade ou C7 tétrade. Dó
mixolídio.
4) Groove estático em Cdim. Deve ser usado sobre C diminuto ou tétrade
diminuto.
5) Groove estático em Cm7b5. Deve ser usado sobre tríade diminuta ou tétrade
meio diminuta e lócrio.
6) Groove estático em C+. Pode ser usado tanto para tríade aumentada como para
tétrade aumentada com sétima maior ou tétrade aumentada com sétima menor.
No playalong a sétima não foi tocada exatamente para deixar em aberto a
possibilidade de se usar em ambos cenários.
7) Groove estático sobre a progressão Dm7 (1 compasso) G7 (1 compasso) C7M (2
compassos).
8) Groove estático sobre a progressão Dm7b5 (1 compasso) G7(alt) (1 compasso)
Cm7 (2 compassos).
Obrigado a todos por adquirirem o meu
material didático.
Que o nosso Senhor e salvador Jesus Cristo te
encha de sabedoria para tirar o máximo de
proveito do material aqui proposto.
Não deixe de visitar meu site e acompanhar
novos lançamentos de vídeo aulas, dicas e
material gratuito.
www.mateusstarling.com.br
Mateus Starling
Agosto de 2012, Rio de Janeiro, Brasil.
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