Apontamentos de Economia Politica 1
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NDICE
NOTA INTRODUTRIA .................................................. Erro! Indicador no definido.
1 ECONOMIA COMO CINCIA ...................................................................................... 5 1.1 Objecto de estudo da cincia econmica .................................................................. 5
A Importncia da Dimenso Econmica no Social ........................................................ 6 1.2 Diviso da Economia ................................................................................................ 8 1.3 Mtodos de Investigao Econmica...................................................................... 11
1.3.1 Mtodo Dedutivo ............................................................................................. 11 1.3.2 Mtodo Indutivo............................................................................................... 11 1.3.3 Mtodo abstracto .............................................................................................. 12
1.4 Relao da Economia com outras Cincias ............................................................ 12 1.4.1 A Economia e as Cincias Sociais ................................................................... 13 1.4.2 A Economia e as Cincias Exactas ................................................................. 14
1.5 Actividade Econmica e Agentes Econmicos ...................................................... 15 1.5.1 Actividade econmica ...................................................................................... 15
1.6 Necessidades Econmicas ...................................................................................... 16 1.6.1 Classificao das Necessidades: ..................................................................... 17 a) Quanto importncia: ........................................................................................... 17
1.6.2 Classificao dos Bens ................................................................................ 18
1.7 Problemas Econmicos Fundamentais ................................................................... 19 1.7 Fronteira das Possibilidades de Produo .......................................................... 19
2. Teoria do mercado ........................................................................................................ 22 2.1 Determinantes da Procura ....................................................................................... 22 2.2 Determinantes da Oferta ......................................................................................... 23
2.3 Equilbrio de mercado ............................................................................................. 24 5.3 Estruturas de Mercado ............................................................................................ 25
3. Teoria do consumidor ................................................................................................... 27 3.1 Lei da utilidade marginal ........................................................................................ 27 3.2 Curva de indiferena ............................................................................................... 27
4. TEORIA DO PRODUTOR........................................................................................... 34 4. 1. A Funo da Produo .......................................................................................... 34
4.1.1 Lei dos Rendimentos decrescentes .................................................................. 35
5. TOERIA DE CUSTOS ................................................................................................. 37 5.1 Racionalizao da produo ................................................................................... 44
6. Macroeconomia............................................................................................................. 47 6.1 Principais Correntes Macroeconmicas .................................................................. 48
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6.1.1 Escola Clssica................................................................................................. 48
6.1.2 Escola Keynesiana ........................................................................................... 49
7. O Estado .................................................................................................................... 51
O Estado liberal e o Estado intervencionista ................................................................ 51 7.1 Estado liberal .......................................................................................................... 52 7.2 Estado intervencionista ........................................................................................... 53 7.3 Funes do Estado .................................................................................................. 55
7.3.1 Funes polticas .............................................................................................. 56
7.3.2 Funes Socais ................................................................................................. 56 7.3.3 Funes Econmicas ........................................................................................ 56 7.3.4 Sector empresarial do Estado ........................................................................... 58
7.4 Oramento do Estado .............................................................................................. 59
7.5 Polticas de interveno do Estado ......................................................................... 59 7.5.1 Polticas econmicas ........................................................................................ 59
Sectoriais ................................................................................................................... 61 Em areas especficas ................................................................................................. 61
7.5.2 Polticas sociais ................................................................................................ 62
8. MOEDA E SUAS FUNES ...................................................................................... 63
8.2. Evoluo da moeda ................................................................................................ 64 8.3 Desmaterializao da moeda................................................................................... 68
8.4 Funes da moeda ................................................................................................... 69 8.5 Noo de Inflao ................................................................................................... 70 8.6 Consequncias da inflao ...................................................................................... 72
9. COMRCIO INTERNACIONAL ................................................................................ 73 9.1 Taxas de Cmbio..................................................................................................... 77
BIBLIOGRAFIA: ............................................................................................................. 78
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INTRODUO
Economia poltica foi um termo originalmente introduzido por Antonie de Montchrtien em 1615, e
utilizado para o estudo das relaes de produo, especialmente entre as trs classes principais da
sociedade capitalista ou burguesa: capitalistas, proletrios e latifundirios. Em contraposio com as
teorias do mercantilismo, e, posteriormente, da fisiocracia, nas quais o comrcio e a terra,
respectivamente, eram vistos como a origem de toda a riqueza, a economia poltica props (primeiro
com Adam Smith) a teoria do valor-trabalho, segundo a qual o trabalho a fonte real do valor. No final
do sculo XIX, o termo economia poltica foi paulatinamente trocado pelo economia, usado por aqueles
que buscavam abandonar a viso classista da sociedade, repensando-a pelo enfoque matemtico,
axiomtico e valorizador dos estudos econmicos actuais e que concebiam o valor originado na utilidade
que o bem gerava no indivduo.
Actualmente o termo economia poltica utilizado frequentemente para referir-se a estudos
interdisciplinares que se apoiam na economia, sociologia, direito e cincias polticas para entender como
as instituies e os contornos polticos influenciam a conduta dos mercados. Dentro da cincia poltica,
o termo se refere principalmente s teorias liberais, marxistas, que estudam as relaes entre a economia
e o poder poltico dentro dos Estados. Economia poltica internacional um ramo da economia que
estuda como o comrcio, as finanas internacionais e as polticas estatais afectam o intercmbio
internacional e a poltica monetria e fiscal.
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1. ECONOMIA COMO CINCIA
A economia uma cincia que estuda a forma como a sociedade utiliza os recursos escassos com uso
alternativo para produzir, distribuir, trocar e consumir bens pelos membros desta sociedade.
1.1 Objecto de estudo da cincia econmica
A economia, como cincia social, tem como objecto real a anlise da realidade social
Qual ser, ento, o cdigo de leitura da realidade que nos propes a Economia? Qual ser o seu objecto
cientfico?
O economista ocupa-se com a anlise de processos que ocorrem na sociedade e que se relacionam com
o problema bsico da actividade econmica a produo e distribuio de bens e servios escassos numa
sociedade, ou seja, explicitando um pouco melhor: a Economia interessa-se pelo estudo da aplicao
eficiente de recursos escassos para satisfazer necessidades virtualmente ilimitadas. Em suma, a essncia
do estudo da economia a escassez.
Convm, notar, no entanto, que o objecto da cincia econmica no se tem mantem ao longo do tempo,
pois ns podemos abstrair da poca em que os fenmenos ocorrem, uma vez que as condies sociais e
econmicas esto em constante mutao.
Em 1890, Marshall props a seguinte definio: a Economia uma cincia que examina a parte da
actividade individual e social essencialmente consagrada a atingir as condies materiais do bem-estar.
Mas hoje em dia, a economia tem por objecto, no s a anlise das condies necessrias para a
universalizao do bem-estar material, mas tambm a pesquisa das causas da expanso e das crises, bem
como o estudo dos problemas decorrentes da escassez de recursos face ao carcter ilimitado das
necessidades.
De facto, se os recursos no fossem escassos no surgiriam os problemas econmicos, pois no haveria
praticamente custos. Por exemplo, o ar, que um bem que no escasso, no tem custo, o seu consumo
, por isso, livre. No entanto, a grande maioria dos bens so escassos e portanto a sua produo acarreta
custos.
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Por outro lado, as necessidades dos indivduos crescem constantemente, isto porque para alm das
necessidades primrias (alimentao, vesturio, habitao, etc.) surgem necessidades decorrentes do
progresso econmico (cultura, lazer etc.) cada vez mais sofisticadas.
Porque Estudar Economia
Muitas das vezes, na nossa vida somos confrontados com uma questo porque estutadr economia? A
resposta para esta questo pode no ser nica, isto , so vrias respostas para a mesma questo mas que se
resume em uma e nica, aquela que est associada ao seu objecto de estudo (a escassez).
A Economia um ramo do saber que, actualmente, esta presente no quotidiano de qualquer individuo e
no apenas no dos economistas. Basta ligar a televiso ou abrir um jornal para que os problemas
econmicos nos surjam como centro da vida social.
Desde sempre o homem precisou de fazer face a algumas das suas necessidades mais prementes:
alimentao, vesturio, habitao, defesa etc. Para satisfazer estas necessidades, o homem consome bens
que nem sempre esto directamente ao seu dispor, por isso ele necessita de as produzir. O homem
assim, um agente imprescindvel produo e ao consumo, actividades fundamentais de qualquer
Economia.
Podemos, ento, dizer que a Actividade econmica todo o esforo desenvolvido pelo homem para
obter os bens de que necessita para satisfazer as suas necessidades, os quais existem em quantidades
limitadas.
Por outro lado, os grandes problemas actuais da humanidade (desemprego, crise industrial, instabilidade
monetria, dvida do terceiro mundo, fome...) tm origem na actividade econmica e simultaneamente
reflectem-se nessa actividade.
Todos ns necessitamos, assim, de possuir razoveis noes de economia para compreender o efectivo
funcionamento da sociedade, bem como para poder fazer opes face s diferentes solues que nos so
proposta para os problemas sociais econmicos.
A Importncia da Dimenso Econmica no Social
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Os problemas econmicos so complexos e o seu estudo interliga-se com outras Cincias Sociais (como
a Geografia, a Histria, a Cincia Poltica, a Sociologia) e esto, cada vez mais no centro das
preocupaes contemporneas. Por exemplo, um governo julgado, principalmente, pelos resultados
conseguidos no domnio econmico. A reflexo econmica tem, assim, uma importncia crescente e tem
que ser continuamente prosseguida, uma vez que problemas como desemprego, as crises econmicas, o
endividamento dos pases pobres, a fome no mundo, ainda no tiveram uma soluo satisfatria.
A dimenso econmica assume, sem dvidas, um papel cada vez mais importante na anlise e
perspectivao da realidade social na qual o homem esta inserido.
Mas qual a causa deste interesse crescente pelos problemas econmicos mundiais na actualidade?
As guerras mundiais e as crises econmicas que abalaram a primeira metade do sculo XX obrigaram o
poder poltico a prestar uma ateno cada vez maior aos problemas econmicos. Isto porque:
a grande depresso de 1929/30, que teve repercusses a nvel mundial, provocou uma crise
econmica e conflitos sociais (falncia de empresas, despedimentos, desemprego, quebra de
produo, subida de preos, misria, fome...) cuja soluo s foi possvel graas a utilizao de
novos instrumentos de anlise econmica. Com efeito, a reflexo sobre os factores que
determinam o equilbrio econmico, passou a constituir uma prioridade dos governos, recebendo
um forte impulso com a publicao, em 1936, da obra Teoria geral de Emprego, do juro e da
moeda, do economista ingls J.M. Keynes. Este preconizava uma interveno do estado na
economia, atravs de um conjunto de meios (Oramento do Estado, taxas de juro, Criao de
moeda...) por forma a corrigir os desequilbrios econmicos;
As guerras mundiais exigiram que os esforos do poder poltico e dos economistas se
conjugassem para que o desenvolvimento econmico acompanhasse o esforo de guerra.
Finalmente, no perodo posterior 2 guerra Mundial (1939-45), o esforo de recuperao da
economia dos pases afectados pela guerra, foi preocupao fundamental dos economistas.
Mas, nas ltimas dcadas, os problemas econmicos continuaram a estar no centro das atenes.
O desenvolvimento dos meios de comunicao permitiu pr em evidncia a pobreza em que ainda vivem
cerca de 2/3 da populao mundial. Ora, o esforo para ultrapassar essa situao e permitir o
desenvolvimento econmico dessas populaes, outra das preocupaes dos economistas. Com efeito,
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o desenvolvimento desses pases est muito longe de ser alcanado e, nalguns pases o fosso que separa
o mundo subdesenvolvido do desenvolvido agravou-se na ltima dcada.
Mais recentemente, a crise econmica dos pases do Leste Europeu e a sua integrao na economia de
mercado, so outros desafios lanados capacidade de resposta da economia.
1.2 Diviso da Economia
A economia uma cincia complexa e dada a sua preponderncia na vida das sociedades, urge a
necessidade de melhor entende-la o que torna necessrio a sua decomposio, dando origem as seguintes
classificaes:
Quanto aos Resultados
Economia Positiva
A economia positiva o ramo da economia que se preocupa com a descrio e explicao dos fenmenos
econmicos (Wong, 1987, p. 920). Ela foca no fatos observveis e nas relaes de causa e efeito e inclui
o desenvolvimento e teste de teoria econmicas. Expresses mais antigas eram economia livre-de-valor
(value-free economics) e seu equivalente germnico economia wertfrei. Essas expresses foram
desafiadas por serem persuasivas e no descritivas.
A economia positiva como cincia (Robbins, 1932) se preocupa com o comportamento econmico. Uma
definio-padro de economia positiva como uma coleco de teoremas embudos de significado
operacional pode ser encontrada em 1947 de Paul Samuelson. A economia positiva, enquanto tal, evita
juzos de valor econmicos. Por exemplo, uma teoria econmica positiva pode descrever como o
crescimento da oferta monetria afecta a inflao, mas no fornece nenhuma instruo quanto a que
poltica deveria ser adoptada.
Ainda assim, a economia positiva e comummente julgada necessria para o escalamento de polticas ou
resultados econmicos quanto a aceitabilidade (Wong, 1987, p. 921), o que constitui a economia
normativa. A economia positiva algumas vezes definida como a economia "do que ", enquanto a
economia normativa discute o que "deveria ser". A distino foi exposta por John Neville Keynes (1891)
e elaborada por Milton Friedman em um influente ensaio de 1953.
A base metodolgica para a distino positiva/normativa tem suas razes na distino fato/valor em
filosofia, sendo que os principais proponentes dessa distino so David Hume e G. E. Moore. A base
lgica para tal relao ser considerada uma dicotomia tem sido debatida na literatura filosfica. Tais
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debates se reflectem nas discusses sobre cincia positiva e especificamente em economia, onde crticos,
como Gunnar Myrdal (1954), McCloskey (1986) e Prsio Arida (1986) discutem a ideia de que a
economia pode ser completamente neutra e livre de ideologias.
Dentro da economia Positiva distingue-se a economia descritiva e a teoria econmica, que no nada
mais do que um conjunto de fundamentos, concepes ou leis princpios, consideradas coerentes e que
podem explicar a realidade econmica.
Economia Normativa
Na economia normativa, os economistas prescrevem como o mundo deveria ser.
Por exemplo: O Banco Central deveria reduzir a quantidade de moeda emitida. Neste caso, envolve
questes como valores, tica e poltica.
Quanto ao mbito distingue-se:
1) Microecomia o ramo da economia que se preocupa com o estudo do comportamento das
componentes individuais de um sistema (empresas, industrias e famlias).
A Microeconomia definida como um problema de alocao de recursos escassos em relao a uma
srie possvel de fins. Os desdobramentos lgicos desse problema levam ao estudo do comportamento
econmico individual de consumidores, e firmas bem como a distribuio da produo e rendimento
entre eles. A Microeconmica considerada a base da moderna teoria econmica, estudando suas
relaes fundamentais.
As famlias so consideradas fornecedores de trabalho e capital, e demandantes de bens de consumo. As
firmas so consideradas demandantes de trabalho e factores de produo e fornecedoras de produtos.
Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um oramento determinado. As firmas maximizam
lucro a partir de custos e receitas possveis.
A microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem preos
relativos entre os produtos e servios, alocando de modos alternativos os recursos dos quais dispe
determinados indivduos organizados numa sociedade.
A microeconomia preocupa-se em explicar como gerado o preo dos produtos finais e dos factores de
produo num equilbrio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em:
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Teoria do Consumidor: Estuda as preferncias do consumidor analisando o seu comportamento, as suas
escolhas, as restries quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa teoria se determina a
curva de demanda.
Teoria da Firma: Estuda a estrutura econmica de organizaes cujo objectivo maximizar lucros.
Organizaes que para isso compram factores de produo e vendem o produto desses factores de
produo para os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto competitivas quanto monopolsticas.
A partir dessa teoria se determina a curva de oferta.
Teoria da Produo: Estuda o processo de transformao de factores adquiridos pela empresa em
produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relaes entre as variaes dos factores de produo
e suas consequncias no produto final. Determina as curvas de custo, que so utilizadas pelas firmas
para determinar o volume ptimo de oferta.
2) Macroeconomia, que se preocupa com o estudo da economia como um todo.
Macroeconomia o estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais
tendncias (a partir de processos microeconmicos) da economia no que concerne principalmente
produo, gerao de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos preos, e ao comrcio exterior.
Os objectivos da macroeconomia so principalmente: o crescimento da produo e consumo, o pleno
emprega, a estabilidade de preos, o controle inflacionrio e uma balana comercial favorvel, em suma
estuda a economia como um todo.
Um conceito fundamental macroeconomia o de sistema econmico, ou seja, uma organizao que
envolva recursos produtivos, A estrutura macroeconmica se compe de cinco mercados:
Mercado de Bens e Servios: Determina o nvel de produo agregada bem como o nvel de preos.
Mercado de Trabalho: Admite a existncia de um tipo de mo-de-obra independente de caractersticas,
determinando a taxa de salrios e o nvel de emprego.
Mercado Monetrio: Analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central que
determina a taxa de juros.
Mercado de Ttulos: Analisa os agentes econmicos superavitrios que possuem um nvel de gastos
inferior a sua renda e deficitrios que possuem gastos superiores ao seu nvel de renda.
Mercado de Divisas: Depende das exportaes e de entradas de capitais financeiros determinada pelo
volume de importaes e sada de capital financeiro.
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1.3 Mtodos de Investigao Econmica
1.3.1 Mtodo Dedutivo
Denomina-se mtodo dedutivo a modalidade de raciocnio lgico que faz uso da deduo para obter uma
concluso a respeito de determinada(s) premissa(s).
No corpo da lgica clssica, a induo pode ser reduzida deduo.
Essencialmente, os raciocnios dedutivos se caracterizam por apresentar concluses que devem,
necessariamente, ser verdadeiras caso todas as premissas sejam verdadeiras.
O mtodo dedutivo surgiu na Grcia antiga, com o silogismo do filsofo Aristteles.
Entretanto, importante frisar que a deduo (e, consequentemente, o mtodo dedutivo) no oferece
conhecimento novo, uma vez que sempre conduz particularidade de uma lei geral previamente
conhecida. A deduo apenas organiza e especifica o conhecimento que j se possui. Ela tem como ponto
de partida o plano do inteligvel (ou seja: da verdade geral, j estabelecida) e converge para um ponto
interior deste plano.
Exemplos
Todo vertebrado possui vrtebras. Todos os cavalos so vertebrados. Logo, todos os cavalos tm vrtebras.
Todo metal conduz electricidade. O mercrio um metal. Logo, o mercrio conduz electricidade.
Nos exemplos apresentados, as duas premissas so verdadeiras, portanto a concluso verdadeira.
1.3.2 Mtodo Indutivo
Mtodo indutivo aquele que parte de questes particulares at chegar a concluses generalizadas. Este
mtodo est cada vez mais sendo abandonado, por no permitir ao autor uma maior possibilidade de
criar novas leis, novas teorias.
Prprio das cincias naturais tambm aparece na Matemtica atravs da Estatstica. Utilizando como
exemplo a enumerao, trata-se de um raciocnio indutivo baseado na contagem.
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Exemplo
Retirando uma amostra de um saco de arroz, observa-se que aproximadamente 80% dos gros so do tipo extrafino. Conclui-
se ento que o saco de arroz do tipo extrafino.
1.3.3 Mtodo abstracto
A definio de um mtodo compreende especificao (a sua assinatura) e implementao (o seu corpo).
H situaes em que possvel afirmar que uma classe deve ter um mtodo com determinada
especificao mas nada pode se afirmar sobre seu comportamento. Para esses casos, possvel definir
que a classe tem esse mtodo como abstracto.
A classe que tenha pelo menos um mtodo abstracto no pode ser instanciada e tambm deve ser
declarada como abstracta. A definio desse mtodo dever ser completada em uma classe derivada
dessa que contm o mtodo abstracto, usando o mecanismo de redefinio de mtodos.
1.4 Relao da Economia com outras Cincias
A economia entendida, muitas das vezes, no apenas como uma cincia, mas tambm sob outras
perspectivas. Assim, por exemplo, na linguagem do uso comum fala-se em economia enquanto poltica
econmica a economia deste governo... ou emprega-se este termo no seu sentido de pensamento ou
doutrina a economia neo-liberal... - ou ainda, com um carcter descritivo a economia
europeia.....
necessrio, ento, delimitar o sentido de economia enquanto disciplina cientfica.
A economia uma cincia social e como tal o seu objecto de estudo a anlise da realidade social, dos
fenmenos sociais e, em especial, dos fenmenos econmicos. difcil fazer a distino entre estes dois
tipos de fenmenos, pois, o facto das cincias sociais estudarem a realidade social no significa que
esta se possa compartimentar em diferentes campos (realidade econmica, histrica, etc.) ou que os
fenmenos sociais se possam separar (fenmenos sociais, histricos, etc.). Antes pelo contrrio, a
realidade social indivisvel e os fenmenos sociais so fenmenos sociais totais, quer isto dizer que
so (...) fenmenos que seja na sua estrutura prpria, seja nas suas relaes e determinaes tm
implicaes, simultaneamente, em vrios nveis e em diferentes dimenses do real-social, sendo portanto
Apontamentos de Economia Politica 13
susceptveis, pelo menos potencialmente, de interessar a vrias, quando no a todas as Cincias Sociais
.
Se tomarmos, como exemplo, um fenmeno social como o desemprego, que tantas repercusses tm na nossa
sociedade, podemos observar facilmente algumas dessas dimenses que interessam s cincias Sociais. Assim,
um economista pode interessar-se, entre outros aspectos, pelas alteraes verificadas no mercado de trabalho e
respectiva influncia na procura de bens essenciais; um demgrafo pode avaliar quantas pessoas so atingidas por
este fenmeno e qual a sua distribuio etria e espacial; o historiador procura estabelecer os ciclos e a
especificidade deste fenmeno.
Mas, debruando-se as diferentes cincias Sociais sobre a mesma realidade a realidade social e sobre o mesmo
tipo de fenmenos os fenmenos sociais o que que efectivamente as distinguir?
A distino provm do facto das Cincias Sociais interrogarem de forma diferente a realidade social, elaborando,
assim, teorias, mtodos e tcnicas prprias e, consequentemente, construindo objectos cientficos que propem
cdigos de leituras do real-concreto diferenciados.
Cada uma das cincias sociais fornece-nos, ento, um cdigo de leitura da realidade social que nos d uma viso
parcial e incompleta dessa mesma realidade, pois a sua riqueza e complexidade no se esgotam na explicao
dada por uma nica Cincia Social.
1.4.1 A Economia e as Cincias Sociais
A interdependncia entre a Economia e a Poltica bem visvel, na actualidade, pois os sistemas
econmicos e polticos esto de tal forma integrados que no faz sentido o estudo isolado de cada um
deles. Por exemplo, o regime poltico democrtico esta associado economia de mercado. Por outro, a
Histria permite localizar no tempo e no espao, as actividades econmicas descobre o passado e
permite compreender o presente.
A Geografia caracteriza as condies do meio ambiente, to importante para o desenvolvimento
econmico. Assim, permite que o economista conhea as condies fsicas e naturais onde se ir
desenvolver a actividade econmica, isto , informa-o sobre concentraes espaciais de energia, de
matrias-primas, da populao...Mas, sendo o Homem o principal agente da actividade econmica, os
factores demogrficos iro influenciar essa actividade; da a importncia da demografia. Com efeito, a
actividade econmica ir depender da estrutura da populao (Volume, composio etria e por sexo,
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etc.), pois a populao simultaneamente produtora e consumidora. Da que a sua estrutura tenha
necessariamente reflexos nestas duas actividades: Produo e Consumo.
A interveno do Estado na actividade econmica (que se acentuou aps a grande crise econmica de
1929/30), teve como consequncia a criao de um conjunto de instituies que restringiram o poder e
a liberdade individual de interveno na actividade econmica, isto , a ordem econmica natural foi
substituda pela ordem natural judicialmente determinada. Esta nova ordem justifica a interdependncia
entre o Direito e a economia; uma vez que compete lei jurdica situar o homem, a empresa e a
sociedade diante do poder poltico (...), definindo os seus direitos e as suas responsabilidades e tambm
fixando os limites dentro dos quais poder ser exercida a liberdade de aco de cada um desses agentes
da actividades econmica.
Finalmente tambm importante destacar as ligaes que se estabelecem entre a Sociologia e a
Economia. De facto, a Sociologia fornece o conhecimento indispensvel relativo ao quadro social
dentro do qual se efectua a actividade econmica e tem por tarefa precisar em que condies histricas
e estruturais as diferentes leis econmicas so chamadas a agir e, portanto, a dar Economia,
simultaneamente, escolha e eficcia.
1.4.2 A Economia e as Cincias Exactas
Os mtodos quantitativos a Matemtica e a Estatstica so instrumentos de anlise muito teis para
os economistas, pois permitem justificar e quantificar alguns dos fenmenos econmicos.
Com efeito, as observaes econmicas, sempre que possam ser quantificados, podero ser apresentados
sob a forma de modelos matemticos. Assim, a Estatstica desempenha um duplo papel no
desenvolvimento da economia. Em primeiro lugar, os economistas recorrem s observaes do mundo
real, quantificando-as tanto quanto possvel para comporem teorias econmicas elaboradas. Em segundo
lugar, procuram deduzir dos dados recolhidos as correlaes existentes entre as variveis econmicas
relevantes, recorrendo assim estatstica.
No sendo a Economia uma cincia experimental de laboratrio, atravs das tcnicas de anlise
estatstica (desde que se realize um nmero suficiente de observaes) que se torna possvel provar a
falsidade ou no das hipteses tericas formuladas
Apontamentos de Economia Politica 15
Esta ligao da Economia com os mtodos quantitativos permitiu o desenvolvimento, em especial nos
ltimos anos, de um ramo da Cincia Econmica: a Econometria que abordado nos nveis superiores
nas faculdades de Economia.
1.5 Actividade Econmica e Agentes Econmicos
1.5.1 Actividade econmica
Actividade econmica uma actividade que gera rotatividade econmica, no valendo-se,
necessariamente, de lucros. So actividades que so geradas dentro de uma economia de um determinado
pas, ou ainda;
Actividade Econmica pode ser entendida como um conjunto de relaes que os homens estabelecem
com os bens e servios e com os recursos disponveis visando a satisfao das necessidades e a resoluo
dos problemas econmicos.
A nossa vida quotidiana identifica-se com a actividade econmica, visto que a maioria das tarefas e
realizaes do homem visam a satisfao das necessidades. Essa actividade econmica porque produz
bens e servios utilizando convenientemente os recursos escassos. O funcionamento da actividade
econmica exige a realizao e a dinamizao de vrias actividades: o Consumo, a Produo, a
Distribuio, a Repartio do rendimento e a Acumulao.
A venda da produo gera um conjunto de rendimentos que so repartidos pelos vrios intervenientes
sob a forma de salrios, lucros, rendas e juros.
1.5.2 Agente Econmico
Um agente econmico qualquer entidade que pertence e actua num determinado sistema econmico.
Pode ser uma pessoa, tomada individualmente, ou uma pessoa colectiva - (empresa, cooperativa, rgo
governamental, etc. Os agentes econmicos so: as Famlias(que tm o objectivo de satisfazer suas
necessidades) As Empresas(que tm o objectivo de maximizar seus lucros) e o Governo(que tem o
objectivo de ampliar o bem-estar social). A funo de todos os Agentes Econmicos fornecer e pagar
bens e servios.
Conceito: Qualquer individuo ou entidade que intervm na actividade econmica exercendo pelo menos
uma funo econmica
Apontamentos de Economia Politica 16
Famlias: cuja principal funo consumir;
Empresas: cuja grande funo a produo de bens e servios;
Estado: sendo a sua principal funo a satisfao das necessidades da colectividade;
Resto do Mundo: engloba o conjunto de operaes econmicas entre os residentes de uns pas e
os residentes noutros pases.
Todavia quando observamos o comportamento dos agentes econmicos, podemos faz-lo de acordo com
duas perspectivas:
Microeconomia: estuda o comportamento dos agentes econmicos como unidades individuais
Macroeconomia: estuda o comportamento dos agentes econmicos em grandes agregados.
Cada um dos agentes econmicos utiliza os rendimentos recebidos para efectuar os seus consumos ou
constituindo uma poupana.
Necessidades e Consumo
Todos ns sentimos uma multiplicidade de necessidades que pretendemos satisfazer, para isso utilizamos
bens ou servios. O acto de utilizar um bem ou servio com vista satisfao de uma necessidade
(consumo).
Utilidade: Aptido de que os bens se revestem para satisfazer as nossas necessidades.
1.6 Necessidades Econmicas
Conceito
Necessidade - o desejo de acabar ou prevenir uma insatisfao ou aumentar uma satisfao.
Corresponde a um estado de carncia que sentimos e desejamos ver satisfeito.
Consumo um acto de satisfazer uma necessidade recorrendo utilizao de bens ou servios, os
quais possuem uma aptido para satisfazer a necessidade, atravs da sua utilizao, ou seja, a sua
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utilidade, ou simplesmente o acto de utilizar um bem material ou servio com vista satisfao das
necessidades.
Caractersticas:
multiplicidade: so ilimitadas pois sentimos um nmero variado de necessidades e no apenas
uma ou duas. Alm disso, elas renovam-se, ou seja, no basta satisfaz-las uma nica vez, mas
sim um processo contnuo (p.e. a alimentao e novidades tecnolgicas). Assim, as necessidades
tm um carcter relativo;
Saciabilidade: medida que satisfazemos uma necessidade, a intensidade sentida vai diminuindo
progressivamente at desaparecer (p.e. quando bebemos gua);
Substituibilidade: uma necessidade pode ser substituda por outra (princpio da substituio).
Alm destas caractersticas, importar notar que as necessidades variam no tempo e no espao.
1.6.1 Classificao das Necessidades:
a) Quanto importncia:
Primrias (indispensvel) fundamentais e prioritrias e que podem pr em risco a nossa
sobrevivncia, se no forem satisfeitas: (alimentao, habitao, sade)
Secundrias (necessrio) satisfeitas depois das primrias, pois caso no as satisfaamos no
colocamos a nossa vida em risco. Referem-se ao que necessrio, mas no indispensvel, mas
se as satisfizermos podemos aumentar a qualidade de vida: ir ao cinema, ler um livro...
Tercirias (suprfluo) tudo aquilo que, numa determinada sociedade e determinado momento,
considerado um luxo: perfumes e roupas de marca, jias caras...
b) Quanto a sua natureza:
No econmicas se no temos de despender de moeda ou trabalho para satisfaz-las, pois a
natureza permite a sua satisfao livre e gratuita: respirar, tomar banho no mar...
Apontamentos de Economia Politica 18
Econmicas - se temos de despender moeda ou trabalho para satisfaz-las: ir ao teatro, andar de
metro...
c) Quanto ao modo de vida:
Colectivas as que derivam do facto do Homem viver em grupo, atingindo todos os elementos
da comunidade: necessidade de policiamento, justia, regras de trnsito..
Individuais as que dizem respeito a cada um de ns, em funo das caractersticas da pessoa.
No nosso quotidiano, sentimos uma diversidade de necessidades. Para satisfazer estas necessidades
utilizamos bens ou servios, ou seja, consumimos.
Bem
Em economia, bem tudo aquilo que satisfaz directa ou indirectamente os desejos e necessidades dos
seres humanos. Os bens podem ser classificados segundo seu carcter, natureza ou funo. Na
microeconomia podem ainda ser classificados quando ao seu comportamento em um grfico de
demanda.
1.6.2 Classificao dos Bens
a) Segundo o carcter
Bens econmicos - so caracterizados pela utilidade, escassez e por serem transferveis.
Bens livres - so aqueles cuja quantidade suficiente para satisfazer a todos, como por exemplo
o ar.
b) Segundo a natureza
Bens de capital - no atendem directamente s necessidades.
Bens de consumo - destinam-se satisfao directa de necessidades. Eles ainda so subdivididos
em duradouros, que permitem um uso prolongado e no-duradouros que acabam com o tempo.
c) Segundo a sua interveno no processo produtivo.
Bens intermedirios - devem sofrer novas transformaes antes de se converterem em bens de
consumo ou de capital.
Bens finais - j sofreram as transformaes necessrias para seu uso ou consumo.
Apontamentos de Economia Politica 19
d) Segundo a classificao microeconmica
Bens normais - so aqueles que seguem a risca as leis da microeconomia; quanto menor o preo
maior a demanda, por exemplo;
Bens Superiores: os bens para os quais um aumento do rendimento determina um aumento
mais do que proporcional do consumo;
Bens inferiores - um bem cuja quantidade demandada varia inversamente ao nvel de renda do
consumidor.
Um caso especifico de bem inferior, so os bens de giffen. Esses bens so caracterizados por terem um
efeito renda negativo, maior (em mdulo) do que o seu efeito substituio, resultando um efeito total
negativo.
e) Quanto a sua relao
Bens sucedneos os que se substituem mutuamente, so os que satisfazem uma mesma
necessidade e que para isso podem ser substituidos por um ou outro (coca-cola e Pepsy-cola);
Bens complementares os que s tem utilidade, se forem utilizados asssociados com outros.
(sapato direito e sapato esquerdo, carro e gasolina, CD e CD player, Isqueiro e cigarro etc)
1.7 Problemas Econmicos Fundamentais
A escassez gera problemas econmicos semelhantes em toda parte. A forma de enfrent-la, porm,
varia dependendo da organizao da actividade econmica adoptada.
Qualquer que seja a organizao da produo, trs problemas fundamentais precisam ser resolvidos:
o que, quanto e quando produzir;
como produzir, ou seja, com que recursos e com qual tecnologia;
para quem produzir, ou seja, como devem ser repartidos os bens entre os indivduos que
participam da produo.
1.7 Fronteira das Possibilidades de Produo
A fronteira de possibilidades de produo representa as quantidades mximas de produo que podem
ser conseguidas numa determinada economia dadas as tecnologias e as quantidades dos factores
Apontamentos de Economia Politica 20
produtivos de que dispe. Devido s limitaes de recursos e de tecnologias, as quantidades de
produo tambm so limitadas.
Numa economia imaginria em que sejam produzidos apenas dois bens, se todos os recursos fossem
utilizados para produzir um deles, conseguir-se-ia produzir uma determinada quantidade mxima
desse mesmo bem e nada do outro. De igual forma, se os recursos fossem transferidos na sua totalidade
para o outro bem, seria conseguida uma determinada quantidade mxima de produo desse mesmo
bem e no se produziria nada do primeiro. Alm destas duas possibilidades extremas, existem
inmeras situaes intermdias de repartio dos recursos para a produo dos dois bens e que
resultam em diferentes quantidades mximas de produo de cada um deles.
Para facilitar a sua compreenso, a fronteira de possibilidades de produo pode ser representada num
grfico. Para isso, em cada um dos eixos representada a quantidade de cada um dos bens: o conjunto
de todos os pontos mximos de produo representa a fronteira de possibilidades de produo; os
pontos exteriores fronteira de possibilidades de produo so inatingveis dada a tecnologia e a
quantidade de factores produtivos disponveis; pontos interiores representam ineficincia produtiva,
ou seja, quantidades que esto abaixo das possibilidades da economia.
Por exemplo os pases no podem ter quantidades ilimitadas de todos os bens. Esto limitados pelos
recursos e pela tecnologia. A necessidade de escolha entre oportunidades limitadas torna-se ainda mais importante em tempo de guerra. Consideremos uma economia que produz apenas dois bens: espingardas
e manteiga.
Apontamentos de Economia Politica 21
Possibilidades Manteiga Espingardas
A 0 15
B 1 14
C 2 12
D 3 9
E 4 5
F 5 0
A fronteira das possibilidades de Produo
A fronteira das possibilidades de produo FPP representa as quantidades mximas de produo que
podem ser obtidas por uma economia, dados o seu conhecimento tecnolgico e a quantidade de factores
de produo disponveis.
Um pas pode produzir tanto bens de consumo como de investimento. Suponha que 3 pases tm a mesma
FPP. O pas 1 no investe para o futuro, o pas 2 investe moderadamente e o pas 3 investe fortemente.
Apontamentos de Economia Politica 22
2. TEORIA DO MERCADO
Em economia, a Lei da Oferta e Procura , tambm chamada de Lei da Oferta e da Demanda a lei que
estabelece a relao entre a demanda de um produto - isto , a procura - e a quantidade que oferecida,
a oferta. A partir dela, possvel descrever o comportamento preponderante dos consumidores na
aquisio de bens e servios em determinados perodos, em funo de quantidades e preos. Nos
perodos em que a oferta de um determinado produto excede muito procura, seu preo tende a cair. J
em perodos nos quais a demanda passa a superar a oferta, a tendncia o aumento do preo.
A estabilizao da relao entre a oferta e a procura leva, em primeira anlise, a uma estabilizao do
preo. Uma possvel concorrncia, por exemplo, pode desequilibrar essas relaes, provocando
alteraes de preo.
Ao contrrio do que pode parecer a princpio, o comportamento da sociedade no influenciado apenas
pelos preos. O valor de um produto pode ser um estmulo positivo ou negativo para que os
consumidores adquiram os servios que necessitam, mas no o nico.
2.1 Determinantes da Procura
O prprio senso comum demonstra-nos que a quantidade procurada de determinado bem depende do
seu preo. De facto, quanto maior o preo do bem, menor a quantidade procurada desse mesmo
bem. Da mesma forma, quanto menor for o preo, maior ser a quantidade procurada.
Contudo, o preo no a nica determinante da procura. Na verdade so diversos os factores que
contribuem para aumentar ou reduzir a procura dirigida a determinado bem, nomeadamente:
- As preferncias dos consumidores - as preferncias (ou gostos) representam uma grande
variedade de influncias culturais, sociais, histricas; podem reflectir necessidades fsicas
ou psicolgicas permanentes ou temporrias e podem ser influenciadas artificialmente, por
exemplo atravs de tcnicas comerciais e de marketing;
- O rendimento mdio dos consumidores - geralmente, quanto maior o rendimento dos
consumidores, maior ser a procura dirigida ao bem. Existem, contudo, determinado bens
cujo comportamento da procura diferente quando o rendimento aumenta: o caso dos
Apontamentos de Economia Politica 23
chamados bens inferiores cuja procura que lhe dirigida diminui quando o rendimento dos
consumidores aumenta (ex: margarina);
- A dimenso do mercado - quanto maior o nmero de consumidores maior a procura de
bens. Se numa determinada economia se registar um aumento repentino da populao,
natural que a procura dirigida generalidade dos bens aumente na mesma proporo;
Os preos dos bens relacionados - existem dois tipos de relacionamento entre dois bens relacionados:
ou so substitutos ou so complementares. Dois bens so substitutos quando, atravs do seu consumo,
possvel satisfazer a mesma necessidade. So complementares quando, para satisfazer determinada
necessidade, for necessrio consumir os dois bens em simultneo.
fcil assim de compreender que quando o preo de um bem substituto aumenta a procura dirigida
a esse mesmo bem diminui sendo essa procura transferida para o seu substituto. Pelo contrrio, se o
preo de um bem complementar aumentar, a procura dirigida a esse mesmo bem diminui levando
tambm a uma reduo da procura dirigida ao bem seu complementar.
2.2 Determinantes da Oferta
O principal objectivo dos produtores quando oferecem os seus produtos o de maximizarem os seus
lucros. portanto, natural que quanto mais elevado o preo, maior ser a quantidade que os produtores
querem vender. Pelo contrrio, quanto mais baixo o preo, menor a quantidade de produtos que as
empresas querem vender.
Alm do preo, outro importante determinante da oferta so os custos de produo. Quando os custos
de produo baixam, torna-se mais lucrativo produzir mais pelo que a oferta aumenta. Os principais
factores que determinam os custos de produo so os custos dos factores produtivos e a tecnologia:
quanto maior for o preo das matrias primas, da energia, dos equipamentos ou do trabalho, maior
sero os custos de produo; por outro lado, quanto melhor forem as tcnicas de produo e os
processos tecnolgicos mais eficiente ser a produo e, portanto, menores sero os custos de
produo.
Como determinante da oferta destacam-se ainda algumas influncias especficas como sejam as
condies meteorolgicas que influenciam a agricultura, as pescas ou o turismo. As polticas
Apontamentos de Economia Politica 24
governamentais, tais como as polticas de regulamentao ambiental a poltica fiscal, entre outras,
que podem afectar os custos de produo e assim influenciar a oferta.
2.3 Equilbrio de mercado
O mercado de um produto encontra-se em equilbrio quando as quantidades oferecidas desse produto
so iguais s quantidade procuradas. O preo para o qual as quantidades oferecidas vo ser iguais s
quantidades procuradas o preo de equilbrio. A quantidade de equilbrio a quantidade em que tanto
a procura como a oferta so iguais. Quando a oferta maior que a demanda, ocorre liquidao por parte
das empresas como forma de reduzir seus estoques.
Quando a demanda maior que a oferta, as empresas aumentam a quantidade ofertada e,
consequentemente, os preos dos produtos, fazendo assim com que a demanda diminua. Nesses dois
casos, o objectivo da empresa levar o mercado para o preo e quantidade de equilbrio.
Apontamentos de Economia Politica 25
5.3 Estruturas de Mercado
Tipos de Estruturas de Mercado
Tipo de Mercado Nmero de
produtores
Tipo de produto Entrada no
mercado
Controlo sobre o
preo
Exemplos de
Mercados Reais
Monoplio Um
produtor
No tem substituto prximo Difcil Total (excepto se
o Governo
intervir)
-Electricidade de
Moambique
-guas de
Moambique
Oligo
plio
Diferencia
do
Poucos
produtores
Produto diferenciado Difcil Limitado, sendo
dificultado pela
interdependncia
entre as empresa
-Automveis
No
diferenciad
o
Poucos
produtores
Pouca ou nenhuma diferena Difcil -Cimentos
Concorrncia
Monopolista
Muitos
produtores
Produto diferenciado,
nomeadamente atravs de servios
complementares, marcas, etc.
Fcil Pouco -Perfumes
-Confeces
Concorrncia
Perfeita
Muitssimos
produtores
Produto no diferenciado Fcil Nenhum -Produtos agrcolas
-Produtos do
comrcio a retalho
-etc.
O nmero de participantes num mercado afecta, assim, significativamente, modo como se determina o
preo.
De facto, quando o mercado caracterizado pela existncia de muitos compradores e de muitos
vendedores e nenhum deles, isoladamente, tem controlo sobre a fixao do preo, dizemos que estamos
num mercado de concorrncia perfeita.
Por outro lado, quando alguns compradores ou vendedores so suficientemente grandes para influenciar
os preos, isto , quando tem poder de mercado, estamos perante um mercado de concorrncia
imperfeita.
Os principais tipos de mercados so, em sintse:
Mercados de Concorrncia
perfeita
-Monoplio
Mercados de concorrncia -Oligoplio
Imperfeita -Concorrncia
monopolista
Iremos de seguida o modo de funcionamento de mercado de concorrncia perfeita.
Apontamentos de Economia Politica 26
Condies de concorrncia perfeita
Os economistas do sculo XIX analisaram as condies necessrias a uma situao de concorrncia
perfeita partindo do estudo de um certo nmero de mercados, nomeadamente os mercados agrcolas.
Assim, teoricamente, as condies necessrias para que um mercado seja considerado de concorrncia
perfeita so as seguintes:
Condies Caractersticas
Atomicidade Grande nmero de empresas produtoras e grande nmero de
compradores. Assim, devido pequena importncia de cada, estes
no conseguem influenciar quer a produo, quer o preo do produto.
Homogeneidade Os produtos no tem diferenas significativas, isto , todas as
empresas fabricam produtos homogneos.
Transparncia A todo o momento, compradores e vendedores so informados das
condies gerais de mercado (nvel real da oferta e da procura,
preos, etc.), o que permite a adaptao dos agentes econmicos a
situaes imprevistas.
Permeabilidade Existe livre entrada no mercado, ou seja, possvel, em qualquer altura,
entrar ou sair do mercado, pois no existe barreiras de qualquer tipo.
Mobilidade As empresas podem mudar de actividade ou deixar de produzir um produto
e passar a produzir outro.
Mas, os pressupostos deste modelo so hoje em dia mais tericos que reais. Na economia moderna a
realidade afasta-se bastante do modelo terico, nomeadamente porque:
10. os produtos no so homogneos, pois atravs da publicidade, por exemplo, o vendedor procura
mostrar o seu produto como diferente dos outros aos olhos do consumidor;
11. a modalidade dos factores nem sempre fcil porque, por exemplo, a evoluo tecnolgica dificulta
a mudana de uma actividade para outra;
12. nem sempre existe uma transparncia de mercado.Com efeito, muitas vezes a informao no
completa e total sobre os preos e condies praticados.
Apontamentos de Economia Politica 27
3. TEORIA DO CONSUMIDOR
A Teoria do consumidor, ou Teoria da escolha, uma teoria microeconmica, que busca descrever como
os consumidores tomam decises de compra e como eles enfrentam os tradeoffs e as mudanas em seu
ambiente. Os factores que influenciam as escolhas dos consumidores esto basicamente ligados a sua
restrio oramentria e preferncias.
Os principais instrumentos para a analise e determinao de consumo so a curva de indiferena e a
restrio oramentria
Para a teoria do consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da
utilidade que ele lhe proporciona.
3.1 Lei da utilidade marginal
A Lei da utilidade marginal expressa que em uma relao econmica a utilidade marginal decresce
medida que se consome mais uma unidade.
A utilidade total de um bem cresce quando se consome maiores quantidades dele, mas seu incremento
da utilidade marginal cada vez menor.
O consumidor tem satisfao com um bem, mas a unidade seguinte j no lhe proporciona tanto prazer
como a anterior.
O chamado paradoxo da gua e do diamante ilustra a importncia do conceito de utilidade marginal. Por
que a gua, mais necessria to barata, e o diamante, suprfluo, tem preo to elevado? Ocorre que a
gua tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal ( abundante), enquanto o diamante, por
ser escasso, tem grande utilidade marginal.
3.2 Curva de indiferena
Uma curva de indiferena um grfico de uma funo que mostra combinaes de bens, na quantidade
que torna o consumidor indiferente. Assim, ele no tem preferncia entre uma combinao contra a
outra, j que cada uma prov um mesmo nvel de satisfao (utilidade no muda). As curvas de
indiferena so muito utilizadas para representar as preferncias do consumidor.
Apontamentos de Economia Politica 28
Na curva de indiferena so colocados diversos pontos onde, cada um deles, representa a quantidade de
um bem frente ao outro. Em todos os pontos ao longo da curva de indiferena o consumidor no tem
preferncia nem por um produto e nem por outro.
As curvas de indiferena jamais se interceptam e nem podem estar inclinadas para cima. Elas so
levemente inclinadas para a direita.
Agora entenderemos o porqu das curvas de indiferena no se cruzarem. Se considerarmos uma curva
u1, temos que o consumidor indiferente s cestas A e B. E se considerarmos uma curva u2, temos que
o consumidor indiferente s cestas A e C, sendo A o ponto de interseco entre as duas curvas. Isso
equivaleria a dizer que o consumidor indiferente s cestas B e C. Entretanto, isso iria contra a premissa
de que o consumidor sempre ir preferir mais mercadorias a menos. Logo, as curvas de indiferena no
podem cruzar-se.
Se a renda do consumidor ficar menor, sua curva diminui. A restrio oramentria que define sua
curva de indiferena.
Propriedades da curva de indiferena
Curvas de indiferena representando nveis distintos de preferncias no se podem cruzar;
Declive negativo;
Preferncias convexas
Uma abordagem alternativa do comportamento do consumidor pode ser feita atravs das curvas de
indiferena, com os mesmos resultados.
Vejamos o grfico seguinte onde se encontram representadas as possibilidades de consumo de dois bens:
alimentao e vesturio.
No grfico encontra-se desenhada uma curva de indiferena, que formada por pontos que representam
combinaes de diferentes quantidades de bens de alimentao e de vesturio, combinaes essas
relativamente s quais o consumidor indiferente, porque qualquer das combinaes dos dois bens lhe
proporciona a mesma utilidade.
Apontamentos de Economia Politica 29
Quando ocorre uma deslocao ao longo da curva, por exemplo do ponto A para o ponto B, o consumidor
prescinde de uma certa quantidade de bens de vesturio em troca de uma certa quantidade de bens
alimentares. A perda de utilidade pela diminuio de bens de vesturio igual ao acrscimo de utilidade
pelo aumento de bens alimentares. A utilidade conjunta dos dois bens mantm-se igual, e por isso
indiferente ao consumidor estar em qualquer ponto ao longo da curva.
A relao de troca entre os dois bens numa curva de indiferena designa-se como taxa marginal de
substituio (TMS). No grfico seguinte verificamos que, para passar do ponto A para o ponto B, o
consumidor prescinde da quantidade x de vesturio em troca da quantidade y de alimentao. A relao
x / y representa a taxa marginal de substituio entre os dois bens. A taxa marginal de substituio
igual ao declive da recta que passa pelos pontos C e D.
De uma forma geral, a taxa marginal de substituio num ponto igual ao declive da curva nesse ponto.
As curvas de indiferena so convexas em relao origem porque quanto mais escasso um bem,
maior o seu valor relativo de substituio. Vejamos a figura seguinte. Para passar do ponto C para o
Apontamentos de Economia Politica 30
ponto D, necessria uma quantidade menor de bens de alimentao (mais escasso nesse ponto, portanto
com maior utilidade marginal) para igualar a utilidade da quantidade que se perde de bens de vesturio
(mais abundante, portanto com menor utilidade marginal).
Contudo, para passar do ponto E para o ponto F, necessria uma quantidade maior de bens de
alimentao (mais abundante nesse ponto, portanto com menor utilidade marginal) para igualar a
quantidade que se perde de bens de vesturio (mais escassa, portanto com maior utilidade marginal).
Outro modo de caracterizar esta situao verificar que a taxa marginal de substituio entre os pontos
C e D maior que entre os pontos E e F. Ou seja:
A curva de indiferena da figura inicial foi construda a partir de uma dada combinao de dois bens.
No entanto poderemos considerar outras combinaes desses bens, e construir outras curvas de
indiferena, conforme representado na figura seguinte.
Apontamentos de Economia Politica 31
Nas curvas referidas, as deslocaes ao longo da curva apresentam sempre o mesmo significado: trata-
se de combinaes possveis que apresentam a mesma utilidade ao longo de cada curva.
No entanto, cada uma das curvas apresenta uma utilidade diferente: as curvas mais direita (ou curvas
de ordem superior) representam combinaes de maior utilidade do que as curvas esquerda, porque
representam maiores quantidades de um, ou de ambos os bens. A curva de indiferena 2 representa uma
utilidade maior do que a curva 1, e a curva 3 representa uma utilidade maior do que a curva 2.
Poderamos construir um grande nmero de curvas de indiferena, representando todas as combinaes
possveis. A esse conjunto de curvas de indiferena d-se o nome de mapa de indiferena.
fcil de compreender que o consumidor prefere as curvas de ordem superior (mais direita) porque
representam maiores quantidades dos bens.
No entanto existe uma limitao quantidade de bens de que um consumidor pode usufruir, e que
estabelecida pela limitao do rendimento de que cada consumidor pode dispor para despesas de
consumo. Esta limitao pode ser traduzida graficamente pela restrio oramental ou recta oramental,
da qual j falmos na Lei da procura, e que pode ser vista no grfico seguinte, onde se representam as
hipteses de aquisio de bens de alimentao e/ou de vesturio, para um dado nvel de rendimento.
Agora j podemos concretizar o comportamento do consumidor, atendendo a estas duas realidades:
preferncia pelas curvas de indiferena de ordem superior;
impossibilidade de se situar direita da restrio oramental
Apontamentos de Economia Politica 32
Juntando as duas linhas no mesmo grfico obtemos a figura seguinte:
A concluso que se pode retirar da figura anterior a de que o consumidor faz a sua aquisio no ponto
onde a recta tangente curva de indiferena de ordem superior, ou seja, no ponto onde os declives (da
recta e dessa curva) so iguais.
No ponto U o declive da curva de indiferena representa a seguinte relao entre as utilidades marginais
(UMa):
Este mesmo ponto representa a seguinte relao entre os preos (P) dos mesmos bens:
Matematicamente, os dois quocientes so iguais. Podemos portanto igualar as duas equaes:
Podemos agora substituir o denominador da primeira fraco pelo numerador da segunda fraco:
Apontamentos de Economia Politica 33
E obtemos desta forma a mesma igualdade entre as utilidades marginais por unidade monetria que
deduzimos no captulo anterior. Podemos igualmente concluir que, desta forma, o consumidor iguala as
utilidades marginais do ltimo cntimo gasto na aquisio de cada um dos bens.
As curvas de indiferena tambm nos permitem analisar o que ocorre quando aumenta ou diminui o
rendimento do consumidor. Vejamos, na figura seguinte, o caso de uma diminuio de rendimento: a
linha de restrio oramental desloca-se para a esquerda, e o ponto de cruzamento entre a recta
oramental e a curva de indiferena de ordem superior desloca-se do ponto A para o ponto B. No ponto
B o consumidor adquire menores quantidades de ambos os bens.
Vejamos agora o que se passa quando aumenta ou diminui o preo de um bem. Na figura seguinte
encontra-se representada a diminuio do preo de bens alimentares. Com o preo mais elevado o
consumidor adquiria apenas 5 unidades de alimentao; com a descida de preo o consumidor passou a
poder adquirir 7 unidades. A restrio oramental sofreu uma deslocao, e o ponto de cruzamento com
a curva de indiferena de ordem superior passou do ponto A para o ponto B.
Apontamentos de Economia Politica 34
Este ltimo grfico tambm nos permite deduzir a curva da procura a partir das curvas de indiferena:
diminuindo o preo de um bem, aumenta a procura desse mesmo bem, e vice versa.
A anlise que efectumos neste captulo restringiu-se a dois bens. No entanto podemos considerar a
anlise vlida para qualquer nmero de bens. O recurso a grficos do tipo que utilizmos no permite
mais que duas (ou no mximo 3) variveis, mas com recurso linguagem matemtica isso seria
perfeitamente acessvel.
4. TEORIA DO PRODUTOR
4. 1. A Funo da Produo
De certo modo, quando falamos de produo e produtividade j vimos que existe uma certa relao a
produo realizada e e os factores de produo empregues. Com efeito, precisamente a funo da
produo que define a relao entre a utilizao de factores ( input) e a produo realizada ( output).
Esta relao pode ser representada atravs da seguinte funo:
P = f (K,L) funo de produo
Sendo: P as quantidades produzidas;
L as quantidades de trabalho realizadas;
K as quantidades de capital utilizadas.
Deste modo, para aumentar ou reduzir esta produo, o empresrio pode fazer variar um s factor, ou os
dois factores simultaneamente, desde que estes sejam substituvel.
Com efeito, a curto prazo, supe-se que a tecnologias invarivel e, neste caso, apenas se pode fazer variar
o factor trabalho. Portanto, a funo de produo ser Y = f (L).
A longo prazo, pode fazer-se variar ambos os factores, isto , pode escolher-se entre tcnicas de capital
intensvo ( investimento tecnolgico ) e/ ou tcnicas de trabalho intensivos. Logo, a funo de produo
ser Y = f (L,K).
Para realizar uma determinada produo pode escolher-se entre vrias combinaes de factores
produtivos.
Apontamentos de Economia Politica 35
No entanto, a utilizao excessiva de um dos factores de produo, pode conduzir ineficcia dessa
mesma produo.
Combinao dos factores de produo a curto prazo
Para estudarmos a combinao dos factores produtivos a curto prazo,temos de nos baseiar, por
convenncia do raciocnio, em algumas hipotesessimplificadora da realidade, tais como:
- O empresrio no tem nenhum poder na fixao dos preos de mercado.
- O emprsrio actua de formaracional com o objectivo de atingir o lucro mximo.
- A curto prazo, a tecnologia invarivel.
Iremos, seguidamente, analizar a combinao dos factores a curto prazo, e que apenas o factor trabalho
vai variar ( lei dos Rendimentos Decrescentes ).
4.1.1 Lei dos Rendimentos decrescentes
Vamos supor que numa dada produo o capital se mantm constante, ou seja, a produo vria em
funo do factor trabalho (L), sendo, ento, a funo de produo representada por: Y = f (L).
A variao do factor trabalho poder dar origem a aumentos na produo total.
Por hiptese, vamos supor que a produo de cenouras por hectare varia em funo da mo-de-obra
utilizada, como esta expresso no quadro que segue:
Factor de produo
(L-n de trabalhadores)
Produo total
(Y)
Produtividade
do trabalho
Y/L
Produtividade
marginal Y
L
L = 0
L = 1
L = 2
L = 3
L = 4
L = 5
L = 6
L = 7
Y = 0
Y1 = 10
Y2 = 26
Y3 = 60
Y4 = 76
Y5 = 85
Y6 = 90
Y7 = 89
-
10
13
20
19
17
15
12,7
-
10
16
34
16
9
5
-1
Apontamentos de Economia Politica 36
Se representarmos graficamente a funo de produo Y = f (L) e a produtividade marginal do trabalho
Y teremos:
L
A partir da observao do grfico, podemos verificar que:
A produtividade marginal do trabalho cresce at atingir um mximo ( L = 3 e
Y = 34 ), comeando depois a decrescer aceleradamente;
L
a funo produo cresce medida que se aumenta o nmero de trabalhadores,
atingindo o seu ponto mximo quando a podutividade marginal igual a zero
a produo diminui o seu ritimo de crescimento quando a produtividade marginal
atinge seu ponto mximo ( Y = 60 e Y = 34 ).
L
Estas variaes permitem enunciar uma lei fundamental, a chamada lei dos rendimento decrescentes
:
Quando se aumenta em quantidade um factor de produo, ficando o outro constante, a partir
de um certo limite a produtividade marginal deste factor torna-se decrescente.
No entanto, esta lei s pode ser verificada tendo em conta as hipteses simplificadoras da realidade
consideradas anteriormente ().
Esta lei foi verificada pelo economista ingls David Ricardo no sec. XVIII no mbito do sector agrcola,
mas aplica-se tambm nos outros sectores de produo.
-20
0
20
40
60
80
100
0 5 10
Y
L
F (y)
Y L
Apontamentos de Economia Politica 37
No entanto, para que a produo seja eficaz, necessrio ter em conta no s as produtividades marginais
dos diferentes factores, mas tambm os preos dos factores produo.
S assim se poder, pelo menos teoricamente, de terminar a combinao ptima dos factores de
produo.
Dai a importncia do estudo dos custos de produo.
5. TOERIA DE CUSTOS
Os custos totais de produo variam com os custos dos factores de produo. Por outro lado, os custos
unitrios, ou seja, os custos por unidade de produo variam em funo:
das quantidades produzidas;
do processo de produo;
da dimenso da empresa.
Iremos de seguida estudar os custos totais e os custos unitrios.
A Custos totais
O custo total ( Ct ) igual a soma de todas as despesas efectuadas pela empresa para realizar a sua
produo. Podemos dividir esses custos totais em:
Custos fixos ( C) estes custos so independentes das quantidades produzidas ( ex.:
o custo do edifcio, maquinaria, etc.).
Custos variveis (Cv) So os que variam constante as quantidades produzidas. Por
Exemplo, o custos das matrias-primas, das matrias subsidirias e de quaisquer outros factores
envolvidas no processo produtivo, mas que dependam da quantidade produzida.
Assim teremos: Ct = C + Cv
Apontamentos de Economia Politica 38
B Custos unitrio
Podemos considerar os custos unitrios em dois grupos: o custo mdio e custo marginal.
O custo mdio ( Cm) ou custo total mdio corresponde ao custo total por cada undade
produzida,isto :
Cm = Ct sendo Y a quantidade produzida.
Y
Mas, como Ct = C + Cv , o cuso mdio pode ainda subdividir-se em:
- Custo varivel mdio - Cvm = Cv
Y
- Custo fixo mdio - Cm = C
Y
O custo marginal (Cmg), definido como sendo o acrscimo do custo que se verifica na produo de
mais uma unidade do produto, isto : Cmg = Ct
Y
Vejamos agora, o ttulo de exemplo, os custos de produo referentes a uma determinada unidade de produo:
(Y)
Unidades
Produzidas
(1)
Custos totais Custos Unitrios
(Cf)
Custo
Fixo
(2)
(Cv)
Custo
Varivel
(3)
(Ct)
Custo
Total
(4) = (2) +(3)
(Cfm)
Custo
Fixo mdio
(5) =(2): (1)
(Cvm)
Custo
Varivel mdio
(6)=(3): (1)
(Cm)
Custo
Mdio
(7)=(4): (1)
(Cmg)
Custo
Marginal
(8)= Ct : Y
0 35 - 35 - - - -
1 35 24 59 35 24 59 24
2 35 40 75 17,5 20 38 16
3 35 60 95 11,5 20 32 20
4 35 85 120 8,5 21 30 25
5 35 115 150 7 23 30 30
6 35 155 190 5,5 26 32 40
7 35 210 245 5 30 35 55
Apontamentos de Economia Politica 39
Fazendo a representao grfica dos Custos totais
Podemos concluir de anlise do grfico que:
os custos fixos no se alteram em funo da quantidade de unidades produzidas,da a sua
representao atrves de uma recta;
os custos variaveis totais aumentam, mas no em pro[ores constantes;
a diferena entre a curva do custo total e a recta do custo fixo total, corresponde ao valor do custo
varivel.
De facto se Ct = Cf + Cv, ento Cv = Ct Cf
Representando graficamente os custos unitrios, teremos:
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8
Cu
sto
s
Unidades Produzidas
Cf
Cv
Ct
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5 6 7
Cu
sto
s
Unidades produzidas
Cfm -
Cvm -
Cm -
Cmg -
Cmg
Cvm
Cm
Apontamentos de Economia Politica 40
Interpretando o grfico chegaremos as seguintes concluses:
- Os custos unitrios so sempre representados por curvas U;
- A curva do custo fixo mdio sempre decrescente;
- A curva do custo marginal intercepta a curva do custo varivel mdio no seu ponto mnimo
Combinao dos factores de produo a longo prazo
Na perspectiva de longo prazo teremos de considerar a variao dos dois factores de produo:
- capital
- trabalho
Nos factores trabalho e capital podem ser combinados de diferentes maneiras, para obter a mesa
quantidade de produto.
Ento a funo de produo ser:
Po = f (K, L)
Sendo: Po quantidade de produto
K Capital varivel
L Trabalho
Consideremos, por exemplo, a seguinte combinao de factores :
Produo
10 unidades 12 unidades
Trabalho
(unidades)
Capital
(unidades)
Trabalho
(unidades)
Capital
(unidades)
1 5 2 4
2 3 4 3
5 1 6 2
Atravs deste quadro verificamos que se obtm diferentes produes ( 10 ou 12 unidades) utilizando
combinaes diferentes de factores produtivos.
Apontamentos de Economia Politica 41
Se representarmos graficamente a diferentes combinaes de factores, relativas mesma quantidade de
produo, obtemos um grfico de isoquantas.
Cada curva de isoquanta indica todas as combinaes possveis dos dois factores, trabalho e capital, que
permitem obter a mesma quantidade de produto Po, isto , o mesmo nvel de produo.
Da anlise do grfico podemos constatar que quanto mais afastada da origem estiver a isoquanta, maior
ser a quantidade de produo que ela representa.
A combinao ptima dos factores de produo ser aquela que permitir realizar a produo a um custo
mnimo.
Assim, se considerarmos, por exemplo, o custo unitrio do trabalho a 10 contos e o custo unitrio do
capital a 30 contos, podemos verificar quais as combinaes de capital e de trabalho que atingem o
mesmo custo total, conforme se apresenta no seguinte quadro:
Custos
Totais
(1) + (2)
Quanti
dade
Preo Custos
(1)
Quanti
dade
Preo Custos
(2)
0 10 0 2,66 30 80 0 + 80 = 80
Ct = 80 5 10 50 1 30 30 50 + 30 = 80
8 10 80 0 30 0 80 + 0 = 80
0 10 0 3,66 30 110 0 + 110 = 110
Ct =110 11 10 110 0 30 0 110 + 0 = 110
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5 6 7
Ca
pit
al (K
)
Trabalho (L)
P=10
P = 12
Apontamentos de Economia Politica 42
Atravs da representao grfica destes valores podemos traar as rectas de isocustos, isto , as rectas
que representam as combinaes de factores que empresrio poder realizar e que so susceptveis de
atingir mesmo custo total.
Assim, a combinao ptima (mais eficaz ) dos factores, determina-se graficamente atravs da
justaposio do grfico das isoquantas com o dos isocustos.
A partir deste grfico podemos, ento, concluir que a combinao de factores que melhor resulte, para a
produo de 10 unidades, ser aquela que corresponde ao ponto de tangncia entre a curva de isoquanta
e a recta de isocustos, ou seja, a combinao ptima de produo. Com efeito, qualquer outro ponto
da curva representar custos de produo mais elevados, para se obter a mesma quantidade de produo.
Economia de Escala
A dimenso de uma empresa est relacionada com a sua capacidade produtiva, de facto, quando aumenta
a dimenso de uma empresa, aumenta a sua capacidade produtiva, pois sero utilizadas maiores
quantidades dos factores trabalho e capital. Deste modo, se utilizarmos duas vezes mais quer o factor
trabalho, quer o factor capital e se a quantidade produzida aumentar mais que duas vezes, ento dizemos
que estamos perante uma economia de escala.
P = 10
Ct = 110 Ct = 80
Apontamentos de Economia Politica 43
Como j vimos anteriormente, a dimenso da empresa um dos factores de que dependem os custos
unitrios. Nas economias de escala verifica-se a diminuio do custo e produo unitrio, devido a um
aumento da dimenso da empresa..
De uma maneira geral, verificamos que as empresas de pequena dimenso se registam custos unitrios
mais elevados. Este facto normalmente atribudo exiguidade dos capitais existentes, s dificuldades
de acesso ao crdito e dificuldade da utilizao de novas tecnologias entre outros factores.
Mas, se estivermos perante uma empresa de grande dimenso, ento verificamos que os custos mdios
diminuem. Entre outros factores que contribuem para essa diminuio, citaremos os seguintes:
Uma melhor organizao do trabalho e da direco;
Uma melhor especializao e acesso a equipamentos tecnologicamente mais avanados;
Maior facilidade de acesso ao financiamento;
Economia no que se refere comercializao dos produtos.
No entanto, se continuarmos a aumentar a dimenso da empresa, at atingirmos uma empresa de muito
grande dimenso, verificamos que os seus custos mdios so elevados. Neste caso, o aumento dos custos
mdios resultou, nomeadamente dos seguintes factores:
Dificuldades de gerir racionalmente os recursos
Dificuldades de coordenao do trabalho na empresa, o que provoca aumento de custos;
Falta de motivao dopes trabalhadores;
Desperdcio de recursos
Aumento de tenses sociais.
Representando graficamente as situaes atrs descritas, teremos:
Assim, da anlise do grfico verificamos que nas economias de escala diminui o custo mdio.
Apontamentos de Economia Politica 44
5.1 Racionalizao da produo
A racionalizao da produo consiste em organizar a produo de acordo com as regras da lgica e da
eficincia. Assim, para alcanar este objectivo necessrio uma utilizao ptima de factores envolvidos
na produo: trabalho e capital.
Como j vimos, a eficcia do trabalho dependeu, em grande parte, da diviso do trabalho e,
posteriormente, da sua racionalizao. Quanto ao factor capital, a sua rentabilizao deveu-se, sobretudo,
s constantes inovaes tecnolgicas. Vejamos, ento, de que modo o desenvolvimento tecnolgico tem
contribudo para aumentar a eficincia da produo.()
Com o processo de industrializao, a introduo das mquinas no processo produtivo permitiu
incrementar a eficincia da produo porque:
a produo diversificou-se e o seu volume aumentou;
os custos de produo do factor trabalho reduziu-se devido a utilizao de trabalhadores no
qualificados que recebiam salrio muito baixos e tinham um horrio de trabalho de muitas horas
dirias;
a diviso de trabalho aprofundou-se em consequncia de aparecimento de novas tarefas
associadas maquinizao da industria (veja-se p. 73).
Assim, o desenvolvimento tecnolgico e a crescente especializao do trabalho ( de que foi exemplo, o
Taylorismo), contriburam para uma maior racionalizao da produo.
Alis, no presente, a eficincia da produo tem vindo, mais uma vez, a ser incrementada devido s
recentes inovaes tecnolgicas:
informatizao;
automatizao.
Informatizao
A informatizao da sociedade esta associada difuso dos computadores ao nvel dos servios (Bancos,
Seguros,etc.), bem com as aplicaes especificas dos computadores na produo industrial.
Nos sectores de escritrios, as novas tecnologias de informao viemos alterar significativamente todos
os segmentos desta actividade, nomeadamente:
Apontamentos de Economia Politica 45
a colheita de informaes ( processadores de textos, terminais de entrada de dados);
o seu armazenamento e pesquisa
as comunicaes, transmisses e sadas de dados ( redes de transmisso, telex, fax, impressora,
etc.).
Com efeito, a utilizao de computadores permitiu a obteno de algumas vantagens, tais como:
uma maior rapidez de execuo;
uma melhor qualidade de produo; e,
consequentemente, uma reduo dos custos de produo.
Automao
Por seu lado, a automao essencialmente aplicada na produo industrial. Assim, os sistemas de
automao da produo industrial consiste a instalao de dispositivo automtico,capaz de funcionar
sem interveno humana ao nvel da execuo a aco, mas no ao nvael da sua concepo. Por exemplo
, a pintura dos autmoveis pode ser realizada sem a interveno directa do Homem.
A aplicao destes dispositivos automticas na produo industrial pode assumir varias formas, das quais
poderemos destacar a utilizao de robs e a produo assistida por computadores.
Mas vejamos ento, alguns dos principais contributos da automao para aumentar a eficcia da
produo industrial:
a utilizao de robs, ao reduzir o nmero de trabalhadores necessrios a produo, fez baixar
os custos de mo-de obras;
utilizao de mquinas automticas controladas por computadores ( que reconhecem e aplicam
de imediatas instrues transmitidas ) permitiu flexibilizar a produo ().
Assim, os produtos podero ser mais variados e a sua qualidade poder ser melhorada,
os prazos da produo podero ser programados e, por isso, mais facilmente cumpridos, etc.;
o controlo informtico permitiu uma maior racionalizao da produo, na medida em que
possibilitou uma adaptao mais rpida procura e uma melhor utilizao dos stocks ( estes so
reduzidos ao mnimo).
Apontamentos de Economia Politica 46
Acumulao
Em sentido lato considera-se acumulao a criao de condies que permitem que se atinja um aumento
de produo. A acumulao abranger, ento, no apenas o aumento de stock de mquinas, edifcios,
equipamento, etc. , mas tambm a aquisio de novos conhecimentos cientficos e tcnicos, e melhora
de qualificao da m-de- obra e de todas as transformaes na organizao de trabalho que possam dar
origem a um aumento de produo.
A acumulao de capital raliza-se, assim, atravs da canalizao de uma parcela de esforos produtivos
para obter novos bens de produo.
As economias desenvolvidas, nomeadamente as da Europa, devem o seu desenvolvimento acumulao
que praticaram no decurso das revolues industriais.
Na verdade, essa acumulao foi possvel devido ao aumento de produo e ao esforo de poupana
realizado sacrificando o consumo), o que lhes permitiu elevados nveis de investimento na formao de
capital.
Com efeito, o investimento constituiu o motor do desenvolvimento econmico e depende em grande
parte da poupana realizada pelo pas. Hoje em dia, um dos grandes problemas das economias do terceiro
Mundo, reside precisamente na dificuldade que estas tm em realizar poupanas, devido ao seus baixos
rendimentos.
As fontes de acumulao de capital de que podem dispor as economias dos diferentes paises, podem ser
internas e externas, consoante so gerados, respectivamente, dentro ou fora do pas.
Nos pises mas desenvolvidos os investimentos realizam-se fundamentalmente, a custa, das fontes
internas de acumulao . Com efeito, a poupana privada ( das famlias e das empresas ) e a poupana
pblica ( da administrao pblica), do origem, respectivamente, ao investimento privado e ao
investimento pblico, que constituem as fontes de acumulao de capital mais importante dessas
economias.
J nos paises subdesenvolvidos o investimento realiza-se, fundamentalmente, custa das fontes externas
de acumulao. Destas, podemos destacar investimentos privados em capital de risco () ( feitos
Apontamentos de Economia Politica 47
normalmente por empresas multinacionais), as ajudas oficias dos governos e organizaes internacionais
e os emprstimos e financiamentos provenientes de naes desenvolvidas.
Na anos 70 e inicio dos anos 80, os pises subdesenvolvidos recorreram em grande escala aos
emprstimos e financiamentos externos. Esses emprstimos so grandemente responsveis pelo grave
problema da dvida externa co que se debatem actualmente esses paises.
Na verdade, factores vrios, entre eles o aumento das taxas de juro internacionais, provocaram
incomportveis custos financeiros para os pases devedores.
6. MACROECONOMIA
Macroeconomia o estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais
tendncias (a partir de processos microeconmicos) da economia no que concerne principalmente
produo, gerao de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos preos, e ao comrcio exterior.
Os objectivos da macroeconomia so principalmente: o crescimento da produo e consumo, o pleno
emprego, a estabilidade de preos, o controle inflacionrio e uma balana comercial favorvel.
Um conceito fundamental macroeconomia o de sistema econmico, ou seja, uma organizao que
envolva recursos produtivos, A estrutura macroeconmica se compe de cinco mercados:
Mercado de Bens e Servios: Determina o nvel de produo agregada bem como o nvel de preos.
Mercado de Trabalho: Admite a existncia de um tipo de mo-de-obra independente de caractersticas,
determinando a taxa de salrios e o nvel de emprego.
Mercado Monetrio: Analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central que
determina a taxa de juros.
Mercado de Ttulos: Analisa os agentes econmicos superavitrios que possuem um nvel de gastos
inferior a sua renda e deficitrias que possuem gastos superiores ao seu nvel de renda.
Mercado de Divisas: Depende das exportaes e de entradas de capitais financeiros determinada pelo
volume de importaes e sada de capital financeiro.
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Principais Conceitos:
balana de pagamentos
taxa de cmbio
banco central
inflao
moeda
poder de compra
poltica monetria
produto interno bruto
6.1 Principais Correntes Macroeconmicas
6.1.1 Escola Clssica
Foi com Adam Smith (1723-1790) que houve a separao entre poltica econmica e economia poltica,
esse mesmo autor considerado pai da economia poltica. O pensamento clssico se desenvolve na
segunda metade do sculo XVIII e no sculo XIX. Compreendem o capitalismo como pertencente a uma
dinmica do processo produtivo, trazidas pela Revoluo Industrial.
Adam Smith afirma que no a quantidade de bens valiosos como prata e ouro que determina a riqueza
de uma nao, mas o trabalho que da origem a prosperidade. Em conseqncia desse pensamento,
qualquer mudana que permita melhores resultados das foras produtivas torna a nao mais rica. A
principal delas - alm da mecanizao - a diviso social do trabalho, um pilar para idia de rendimentos
crescentes.
A escola tambm aborda as causas das crises econmicas, as implicaes do crescimento populacional
e a acumulao de capital. Acreditam, entre outras coisas, no pleno emprego; nos axiomas da
ergodicidade (que os eventos quando repetidos podem ser previstos matema